Capítulo 1
Born To Die
“Feet, don’t fail me now. Take me to the finish line. Oh, my heart, it breaks every step that I take, but I’m hoping at the gates, they’ll tell me that you’re mine…”
(Pés, não me falhem agora, me levem até a linha de chegada. Oh, meu coração, ele se parte a cada passo que dou, mas estou esperando nos portões, eles me dirão que você é meu).
POV:
Eu corria eufórica. Por mais rápido que estivessem meus passos, a minha mente visualizava tudo como em câmera lenta: o movimento dos meus cabelos soltos esvoaçando com o vento frio que me atingia a face. A mochila em minhas costas que sacudia e batia contra meu corpo à medida que eu corria… A estrada asfaltada deixava cada vez mais a minha casa distante, e eu não olhava para trás.
Alcancei o ponto de ônibus que ficava há quase um quilômetro, das ruas de região de casas, onde eu morava com os meus pais. E mesmo estando claro, a noite começava a surgir gradualmente naquele entardecer. O som dos freios do ônibus ao parar quando fiz o sinal, foram sincronizados ao meu pesado suspiro ao olhar para trás. Certamente, em poucas horas meus pais chegariam em casa e não me encontrariam. Caminhei até os últimos lugares do ônibus e com a cabeça recostada à janela, fechei meus olhos na tentativa de dormir enquanto aquela última lágrima escorria.
Cerca de duas horas depois, eu estava descendo no centro da cidade. Maria já devia estar à minha espera há algum tempo. É claro que eu me senti mal por estar fugindo de casa daquela maneira, deixando apenas um bilhete — e para meus pais, sem dúvida, zero motivos para eu agir assim —, mas aquela era a grande chance da minha vida! Eu precisava arriscar tudo. Tudo o que nem sabia que tinha.
No auge dos meus dezenove anos, eu, que havia terminado o colégio e optei por não cursar uma faculdade, dedicava-me ao seu sonho: ser cantora. Desde um pouco mais nova, eu cantava em bandas colegiais, eventos da nossa cidade pequena, festinhas dos amigos, porém eu almejava mais. Até que Maria havia me dito que estava se mudando para uma cidade grande com um grupo de amigos. Ela também tinha o sonho de viver da música, havia conseguido um emprego de duplo turno para ela, e se eu quisesse, também haveria espaço para mim. E seus parceiros , Steve e Cody que também eram músicos, tinham uma oportunidade boa de carreira no início. Maria não cantava, era uma baixista de mão cheia e não gostava de vocal, mas eu, sua melhor amiga de colégio sim. E foi desta forma que ela me convidou para aquilo que poderia ser a oportunidade de nossas vidas.
Ao contrário de mim, nenhum dos demais integrantes da banda havia fugido de casa. Não era necessário aquilo e entre todos, eu era a mais nova e mais cismada de que o conservadorismo dos meus pais não me permitiria partir. Tudo por que eles queriam que eu me formasse em qualquer área que pudesse dar ao meu futuro o mínimo de estabilidade, nem que fosse no ramo da música. Eles achavam que um diploma me permitiria uma segurança. Mas, eu não acreditava e nem via sentido naquilo. Por que não aproveitar a juventude e correr atrás do meu sonho? A imaturidade, a sede de sonhos e a falta de diálogo foi o que me levaram ao destino de nunca mais ver os meus pais.
A cidade agitada era totalmente o oposto da cidadezinha onde eu havia crescido e, lógico, fiquei rapidamente deslumbrada. Entre Cody, Steve e , o último — também chamado por seu apelido — era o mais próximo de um irmão mais velho para mim. Aos poucos descobrimos sermos muito parecidos, e não demoramos a nos aproximar como grandes amigos. Maria e Cody namoraram, tornando-se o casal mais fofo daquela república, onde nós cinco morávamos juntos.
Nos primeiros meses de mudança, a rotina foi muito louca. Eu e Maria trabalhávamos em uma lanchonete conceito, onde jovens e pessoas de todos os tipos frequentavam. Era desgastante! e Steve trabalhavam em uma transportadora e Cody em um bar. Bar este, em que passamos a tocar todas as noites.
Na primeira semana em que cheguei a Los Angeles, eu telefonei para os meus pais, já que eu sabia que o bilhete era algo muito pouco e muito infame como uma explicação justa. Mamãe quase infartou e papai igualmente, mas mesmo comigo dizendo-lhes estar tudo bem, e que não precisavam se preocupar, eles não acreditavam. Mesmo eu lhes dizendo que iria em breve vê-los, naquela época eu não dizia onde estava para eles. Não que eu não quisesse dizer, mas senti medo de que eles me impedissem de ao menos tentar viver aquela aventura. E mesmo com meus pais falando para mim que não se preocupariam, eles se preocuparam.
“Walking through the city streets, is it by mistake or design? I feel so alone on a Friday night. Can you make it feel like home if I tell you you’re mine? It’s like I told you, honey”.
(Andando pelas ruas da cidade, é por engano ou vaidade? Me sinto tão sozinha em uma sexta à noite. Você pode fazer eu me sentir em casa se eu disser que você é meu? É como te disse, querido…)
E foi em uma dessas tragédias que ninguém espera, que eu recebi uma chamada desconhecida em um dia frio de trabalho na lanchonete. Um acidente de carro, na estrada a caminho dali. foi a primeira pessoa a quem procurei e o primeiro do meu grupo de amigos a chegar prontamente comigo ao local. Reconheci o corpo dos meus pais, ouvi a explicação da polícia, também ouvi o relato de um amigo policial da minha cidade, ele quem havia entregue aos meus pais as pistas do meu paradeiro. Carl me explicou que eles estavam indo até mim. Desde então, assumi que tudo aquilo era minha culpa e não fui capaz de me perdoar nunca.
Depois que havia perdido meus pais por uma estupidez jovem em buscar meus sonhos, eu prometi a mim e à memória deles, que iria honrá-los ao me realizar e ser feliz. Prometi que não iria jamais desistir, mesmo quando tudo fosse difícil. Mesmo quando o Cody começou a beber demais e a usar drogas, sendo um problema da banda. Mesmo quando a Maria engravidou e Steve decidiu que precisaria arcar com a responsabilidade e os dois desistiram voltando para trás. Mesmo quando Cody ficou a encargo de e eu, com todos os seus vícios e inconsequências, até que quase morreu por conta daquilo. O Cody foi demitido e quase assassinado por dívidas de tráfico. Ele só aceitou se internar quando eu e já não podíamos fazer mais nada. E diante tudo isso, eu não desisti mesmo quando sobraram apenas o e eu, naquele apartamento pequeno, mas caro demais para bancarmos apenas nós dois com nossos medíocres salários. não queria mais dividir com ninguém uma casa, e eu àquela altura já era bem mais inconsequente com a vida. Então mudamos para um lugar menor, e continuamos firmes no bar do Roger. Continuamos firmes com a nossa amizade fraternal, apoiando-nos um no outro. Continuamos firmes com nossos sonhos. era o que eu poderia definir como a minha família, o meu lar e o apoio cego.
“Don’t make me sad, don’t make me cry. Sometimes love is not enough and the road gets tough, I don’t know why. Keep making me laugh, let’s go get high. The road is long, we carry on, try to have fun in the meantime”.
(Não me deixe triste, não me faça chorar. Às vezes o amor não é o bastante e a estrada fica difícil, não sei o porquê. Continue me fazendo rir, vamos ficar chapados. A estrada é longa, nós seguimos adiante, tente se divertir nesse meio tempo…”
Mas todas as coisas na vida tem um tempo e a companhia de e eu sobre o mesmo teto também. Foi quando conhecemos, respectivamente, um cara e uma garota. O namorou aquela modelo, Georgia, a quem fez o que pôde para que ele trabalhasse em sua agência com ela. Ele, com uma beleza única, de descendência indígena americano, e com seus cabelos pretos compridos e lisos e até mesmo com suas tatuagens tão bem feitas, faria sucesso em trabalhos fáceis. E fez. não gostava muito daquela onda de fotografar, desfilar e ser exibido por aí, mas amava a Georgia, se divertia com ela e tirava uma grana boa com aquilo.
Já eu, namorei um cara, que… Eu não tinha muita certeza do que ele fazia. Mas, era louco. Adam era o tipo de jovem inconsequente como eu vinha me tornando também. Não era o tipo de homem que meus pais gostariam de ver ao meu lado, mas era o tipo de homem com dores e mistérios que não me enchia o saco. O lance entre nós, não era tão sério, tão romântico e tão cúmplice como era com Georgia e , mas à nossa maneira, a gente se entendia.
“Come and take a walk on the wild side, let me kiss you hard in the pouring rain. You like your girls insane. Choose your last words, this is the last time. ‘Cause you and I, we were born to die…”
(Venha e dê uma volta no lado selvagem, deixe-me te beijar intensamente na chuva. Você gosta de suas garotas loucas. Escolha suas últimas palavras, esta é a última vez, porque você e eu, nascemos para morrer).
O compromisso de aluguel estava mais caro tanto para mim, quanto para o e com isso, nós dois iríamos mudar novamente para outro lugar mais em conta e voltar a viver juntos, se não fossem nossos namorados que insistiram para que vivêssemos em casal. Então, o foi morar com a Georgia. E eu com o Adam. Mas com o tempo, eu percebi que o Adam era um pé no saco. Bom de cama, e só. Bom de beque, e só. Bom de não se envolver, e só. Não que eu quisesse me envolver, mas eu me irritei e me cansei de me sustentar sozinha com um cara que não fazia nada além de trazer despesas e alguns orgasmos, às vezes. Eu poderia, até, ter me tornado uma jovem transviada, mas, eu era uma boa garota. Tinha minimamente a minha cabeça no lugar: no meu sonho e na morte dos meus pais a quem eu precisava honrar com aquilo.
Foi Jenna, minha colega de trabalho e melhor amiga desde que Maria havia ido embora, quem me acolheu em seu apartamento de aluguel. Era modesto, pequeno, mas organizado e confortável para nós duas. Jenna era tão boa amiga quanto Maria, até ali eu sabia escolher amizades, e era tão parecida em algumas coisas quanto eu. Nós duas nos divertíamos, nos apoiávamos e quando fui morar com ela, o sentiu-se mais tranquilo.
Desde então, há algum tempo tudo estava tranquilo: eu trabalhava e pagava as minhas contas comumente, mas sem muita ostentação. E aprimorava a minha voz cada vez mais, ao lado de que tocava comigo. Passei a escrever algumas músicas, mas as deixava escondidas. Somente o as conhecia.
E para ele as coisas continuavam tranquilas também: o trabalho de modelo lhe rendia economias preciosas que ajudavam na compra de equipamentos musicais novos para nós, por mais que eu não aceitasse não o ajudar, o que o fazia aceitar também o meu investimento em equipamentos. O trabalho na transportadora era importante para o , já que complementava a renda com a qual ele ajudava a pagar as contas com Georgia em seu apartamento, e viverem tranquilos. E de noite ele fazia o que amava: tocava e assistia a sua melhor amiga talentosa seduzir as almas com minha voz.
“Lost, but now I am found. I can see, but once I was blind. I was so confused as a little child tried to take what I could get, scared that I couldn’t find all the answers, honey…”
(Perdida, mas agora me encontrei. Posso ver, mas uma vez já fui cega. Estava tão confusa, feito uma criancinha, tentei pegar o que podia, com medo de não conseguir encontrar todas as respostas, querido).
Um tempo depois, terminou o namoro com Georgia, mas ainda estava morando com ela até que encontrasse um lugar. Eu ajudava o meu amigo a procurar algo, porque enquanto morasse com Jenna, eu não poderia convidá-lo para ir lá em casa, afinal não tinha tanto espaço assim. Nós dois conseguimos encontrar em uma vizinhança até tranquila, um senhor que alugava a sua garagem. O senhor Sloan, viúvo e aposentado, sem filhos, com uma casa grande e uma garagem inutilizada. Ele não pretendia alugar a casa para qualquer pessoa, mas quando viu o casal de amigos animados e brincalhões andando em sua rua atrás da casa que avistaram pelo anúncio, Sloan não precisou de muito para saber que seria uma boa ideia. Depois, quando conversou com o , o senhor percebeu o quão responsável ele era. O senhor Sloan me disse uma vez, que também me achou responsável naquela conversa, gostando de e eu de cara, mas que perto de , eu lhe pareci mais extrovertida e maluquinha.
— Vocês irão morar juntos? — O senhor Sloan perguntou.
— Nós já moramos, mas dessa vez é só o . E eu posso atestar, senhor Sloan, que o senhor terá o melhor inquilino do mundo!
não precisava da minha defesa para o convencer, pois, o senhor Sloan realmente quis alugar para ele. E foi assim que , ou melhor, , passou a morar na garagem do senhor Sloan. Ele, Jenna, eu e alguns amigos dele, fizemos sua mudança mobiliando o lugar como podíamos com móveis usados e alguns customizados. A garagem tinha um banheiro e um tanque que transformou em pia de cozinha, colocando uma pia restaurada e instalando uma extensão do cano. No final, a garagem parecia um
loft simples, rústico e arrumadinho.
Até ali, já haviam se passado três anos desde que nós dois embarcamos em uma aventura no escuro, nos conhecemos e éramos os melhores amigos um do outro e parceiros de música. Eu estava com vinte e três anos quando apareceu em minha vida, e o estava com trinta e três anos quando eu invadi a vida dele.
Capítulo 2
Blue Jeans
“Blue jeans, white shirt, walked into the room, you know, you made my eyes burn. It was like James Dean, for sure. You so fresh to death, and sick as ca-cancer…”
(Jeans azul, camisa branca, entrou no cômodo, sabe, você fez meus olhos queimarem. Era como James Dean, sem dúvidas. Seu estilo era inigualável e doentio como câncer…).
POV: Narrador, tempo passado.
— Um cara chamado Chandler, ! Roger me passou o endereço, e é uma puta boate! Coisa de carinhas riquinhos e seus papais safados.
informou ao amigo enquanto esperava a pipoca estourar no micro-ondas. estava dedilhando seu violão, o afinando, sentado no sofá de sua garagem e encarava , preocupado.
— , não acho seguro. Já ouvi falar dessa
Bubbs. O lugar não é apropriado para garotas decentes.
— Larga a mão de ser careta, ! E outra, quem disse a você que sou uma garota decente? — Ela riu atrevida despejando a pipoca em uma tigela e indo até o amigo.
— Você é maluca, mas é decente e sabe disso. Eu
tô falando que o lugar não é um clube de riquinhos… É um antro de drogados! — respondeu ainda mantendo a postura de preocupação.
— E daí? É trabalho, ! Então eu não vou cantar nos inferninhos dessa vida só porque vão ter marmanjos chapados e vadias nuas?
— Eu não vou poder ir com você ! Sabe que não dá para deixar o Roger na mão. Não assim, do nada, sem avisar ou dar um jeito… O Roger ajudou e continua nos ajudando
pra caralho!
— , você não entendeu… — falou jogando pipoca dentro da boca, sacudindo a cabeça de um lado ao outro e explicando ao se aproximar do amigo — Eu não estou te pedindo. Estou te informando que amanhã eu não vou ao Roger, porque ele mesmo me indicou este trabalho. E tem mais, é para mulheres, cantoras. Você não poderia tocar, portanto, não é uma apresentação para nós dois.
— Você que sabe… Eu te deixo lá quando estiver indo para o
Dolly Roger, mas não vai dar para eu te buscar,
‘cê sabe.
— Se tudo der certo, eu não volto cedo.
Ela beijou o rosto do amigo que deixou o violão de lado e recostou-se ao sofá puxando para si e ambos comeram a pipoca enquanto o filme começava.
— Porra, a gente tem que parar de fazer pipoca nessa garagem fechada… — murmurou pelo cheiro.
Aquela era a deixa para se levantar e abrir o portão todo. Ele gostava de fazer aquilo quando estava por lá de dia, e o dia estava bonito. A vizinhança já era acostumada a ver a casa-garagem de quando passavam na calçada. E todos gostavam do rapaz, não tinha como não gostar.
••
— Show ao vivo? Isso aqui é uma boate, Chandler, e não um
pub.
respondeu ríspido ao seu gerente e direcionou-se ao ponto que gostava de sua boate: o mezanino VIP. Isso tudo, minutos antes da garota com quem Chandler havia fechado, chegar. Mas, tudo bem… Era erro de Chandler que deveria ter visto aquilo antes, mas apostou que era uma boa atração para a boate depois que viu a mulher de timbre sensual cantando no
Dolly Roger. deixou a amiga na calçada da boate e advertiu-lhe a telefoná-lo se fosse preciso. Jenna queria ter ido, mas estava cheia de trabalhos da faculdade para fazer. Quando chegou na portaria e indicou que estava ali para uma entrevista com Chandler, o segurança confirmou em um rádio liberando a entrada dela e a moto de desapareceu pela rua.
O lugar era lindo, todo na paleta do azul ao lilás com decoração forte. adentrou aos poucos, sendo guiada por uma garota que o próprio segurança havia indicado até um escritório na parte de trás do palco, em um andar superior.
— O Chandler já vem. — A mulher informou enquanto apreciava o lugar e prestava atenção nas músicas que tocavam.
Ela sorriu agradecida e depois que entrou na sala, notou que o tal Chandler já tinha sido visto por ela no
Dolly Roger. — Ei! Você me assiste às vezes! — Ela falou animada o cumprimentando.
— Claro, você é maravilhosa! — Chandler sorriu simpático a cumprimentando e a convidando para se sentar em uma poltrona: — Mas, eu tenho más notícias.
— Ahn… Cancelamento? — perguntou com receio.
Chandler apenas murmurou afirmativo com expressão de pena.
— Foi mal, mas o chefe veio hoje e não achou atrativa a ideia de ter uma cantora, sabe?
— Tudo bem, Chandler. Eu realmente achei que não casaria uma apresentação vocal assim neste lugar, depois que entrei.
— Penso que com Juliet, a nossa DJ, sua voz sedutora seria uma atração e tanto.
— Essa galera fritando lá embaixo não está nessa vibe, sabe… — comentou com humor — Mas obrigada pelo convite e por apreciar o meu trabalho.
— Me desculpe novamente! Irei assisti-la em breve para compensar, e sabe… Você já deve ter perdido sua noite, então se quiser pode curtir por conta da casa hoje.
Chandler estendeu uma pulseira VIP para . Não só lhe dava acesso ao mezanino como a permitia beber o que quisesse sem gastos extras. Ela não seria louca de sair dali e correr para cantar no
Dolly Roger. Nunca em sua vida assalariada teria banca de pagar uma entrada VIP naquele lugar.
Cumprimentou Chandler de novo, agradecida, e desceu as escadas do escritório já pensando em beber tudo o que poderia! Enquanto caminhava, ela buscou um ponto menos agitado para se encostar e avistou o mezanino mais seleto. Que se foda, ela tinha uma pulseira! Subiu as escadas e teve sua passagem liberada na portinha de vidro, então observou atenciosa: estava no andar dos riquinhos filhinhos de papai com suas lolitinhas. Como sabia que estava deslocada ali, mesmo com sua roupa de show, se direcionou ao balcão do bar e fez seu pedido.
havia se acomodado há pouco ali em cima desde que havia chegado e discutido com Chandler que, a ideia dele sobre uma cantora era estapafúrdia. avistou alguns conhecidos e fez média na pista até subir para o mezanino VIP. Estava sentado no grande sofá confortável, onde alguns dos seus amigos também estavam e já se divertiam, e o garçom se aproximou com sua bebida na hora exata em que subia. Ele achou no mínimo, suspeita, a garota que nunca havia estado ali em cima e com uma expressão de espanto e admiração. Sabia que ela não era carta daquele baralho, apesar de suas roupas provocantes e aparência bonita.
— Descubra quem é aquela mulher.
ordenou ao garçom e observou-o ir em direção à garota que se sentava ao balcão.
— Senhorita, com licença. O que vai beber?
— Ah, pode ser um uísque
cowboy e duplo.
— Certo. — Ele estranhou o pedido grosseiro da dama e perguntou-lhe: — É a sua primeira vez aqui?
— Está na minha cara ou foi pelo meu pedido? — devolveu a pergunta risonha.
— Sou a garota que o Chandler chamou para cantar hoje, mas cancelou minutos atrás.
— Entendo, lamento pelo cancelamento. Providenciarei o seu pedido. Tenha uma noite divertida e aproveite.
O rapaz simpático a cumprimentou educadamente e sabia que se havia notado-a o fazendo perguntar a seu respeito, a garota do
cowboy duplo iria se divertir naquela noite.
Assim que lhe entregou o pedido, o garçom retornou à direção de já com outra bebida, afinal, ele era de todos ali, o que nunca poderia ficar sem uma dose, garrafa, ou fosse lá, o que estivesse bebendo.
— Senhor , ela disse que veio a convite de Chandler para cantar, mas parece que ele cancelou.
agradeceu-lhe e o garçom voltou ao trabalho. Durante um bom tempo o dono da boate mais badalada ficou observando a garota. misturou todas as bebidas possíveis e degustou quantos camarões podia e queria. Estava sentindo-se no paraíso. Ela deu uma volta pelo andar do
mezanino observando tudo como uma turista, analisando as pessoas e não deixou de reparar no homem lindo e incrível ao sofá. Ela já estava bêbada, mas com certeza ele estava pior. Até porque, o que não faltava na mesa onde ele estava, eram drogas. Em um cantinho onde não pudesse chamar atenção, ela continuava observando a todos e bebendo, mas decidiu parar para contemplar
aquele homem.
Estava vestido despojadamente. Não era como os outros engomadinhos, mais parecia que havia saído de um filme do James Dean com aquele cabelo tão impecável, e a camiseta branca despojada por baixo de uma jaqueta jeans. De todos ali, era ele o mais surrado. E parecia ser o mais poderoso também. percorreu o olhar pelos braços fortes dele, na medida certa. Nada exagerado. E ele tinha um olhar lânguido de embriaguez e distopia entorpecente, fora o sorriso cafajeste que faria não resistir nenhum pouco.
Ela retornou ao balcão, um pouco frustrada por estar tão deslocada. Até poderia flertar e se jogar na pista como os outros, mas a verdade é que estava cansada do dia de trabalho e experimentar aquele mundo, era errado. Errado porque ela não pertencia a nada daquilo e uma vez que você prova uma droga pode se viciar nela. Então, manteria os pés no chão. Já estava cansada, bêbada, satisfeita de usufruir degustações caras e pensava em ir embora, quando
ele apareceu ao seu lado.
— Qual o nome da cantora que impedi de trabalhar hoje?
olhou para o homem ao seu lado, muito próximo, apoiado no balcão por um dos braços e totalmente atento, com olhos vidrados nela.
— Espero que tenha ao menos aproveitado as bebidas.
— Eu queria ter cantado. Você se surpreenderia comigo, mas, o Chandler viajou, eu confesso… Então o mínimo que eu poderia fazer era aproveitar tudo o que posso já que você me empatou, não é? — Ela respondeu em tom de brincadeira e provocação.
— E você já aproveitou tudo o que queria?
— Na verdade, eu acho que poderia aproveitar mais… — sorriu sacana.
iria foder com ela. Ele havia decidido aquilo logo que a viu, mas ali, bem de frente um para o outro, sabia que não mudaria de ideia nunca com uma mulher como ela. Jovem, transparecendo ingenuidade com aquele rosto angelical, mas destilando veneno pelos poros, olhares, sorriso e palavras. . Até seu nome exalava sensualidade.
— Posso te fazer aproveitar muitas coisas hoje… — se aproximou do ouvido dela sorrindo e sussurrou.
não se fez de difícil, não poderia negar que desde a hora que pusera os olhos em , sabia que o queria.
“You were sorta punk rock, I grew up on hip hop, but you fit me better than my favourite sweater. And I know, that love is mean, and love hurts, but I still remember that day… We met in december, oh baby!”.
(Você era meio punk rock, eu cresci no hip hop, mas você combina mais comigo do que meu suéter favorito. E eu sei, esse amor é vil, e o amor machuca, mas eu ainda me lembro daquele dia… Em que nos conhecemos em dezembro, oh, querido!) Eles não conversaram muito além daquilo, após implícito interesse dos dois. A mão grande de tomou rapidamente a nuca de e os dois roçaram seus lábios de um modo sensual e provocante. segurou a gola da camiseta dele o puxando para mais perto, e começaram um beijo selvagem interrompido por , que pegou a mão dela e a guiou ao seu escritório. entrou devagar, observando cautelosa ao local, em madeira e decoração escuras. não deu muito tempo para ela pensar, empurrou o corpo dela contra a parede e beijou sua nuca enquanto se esfregava às costas dela e apertava seus glúteos bem marcados na calça de vinil. soltou um sorriso de êxtase e começou a descer o zíper de sua blusa decotada. Ele mal a tocou e ela já se sentia molhada. Assim que abriu seu corpete, ela começou a retirá-lo e virou-se de frente ao , com seus seios empinados para ele. puxou os bicos dos seios, apertando-os em seus dedos e sorrindo cheio de malícia. estava tão louca de tesão que apenas atacou a boca dele. Em seguida, ele abocanhou e massageou mais com mais atenção aos seios da mulher. E com outra mão esfregava a intimidade de por cima da calça.
— Vou continuar a menos que você peça para eu parar. — Ele falou arrastado em sua orelha: — Mas você não vai pedir, não é?
Até que o empurrou e sorrindo começou a caminhar para perto da mesa dele. De costas a ele, o olhando pelos ombros, desceu lentamente as próprias calças, arrebitando sua bunda e deixando a cena provocante para que arrancasse aquela calcinha com os dentes. Mas ele se controlou. Aproximou-se e estapeou a bunda dela, a puxou bruscamente pela cintura, virando seu corpo e beijando com ainda mais desejo. Sentou-se no sofá grande e largo de couro que havia ali, e colocou a mulher em seu colo.
— Vai me deixar continuar? — Ele perguntou.
murmurou manhosa que sim e sentiu, na mesma hora, os dedos firmes de invadirem a sua intimidade enquanto ele sugava mais forte os seus seios. E a cada vez que ele movimentava os dedos dentro dela, a sua respiração falhava mais, e mais mole ela ficava. De repente, ele retirou suas mãos de dentro da vagina e ordenou que ficasse em pé, com uma perna sobre o sofá. afastou a coxa dela e a sugou, mas não estava na menor condição de se aguentar em pé enquanto sentia a língua dele em seu clitóris.
— Você está muito amolecida… — Ele riu e se deitou no sofá ordenando: — Vem, senta na minha cara.
ficou imóvel e surpresa com a ordem porque, ela não só recuperava o seu fôlego como não imaginava que ele fosse tão tranquilo quanto a proporcionar prazer oral a uma mulher. Mas não tinha muita paciência, então, antes que ela se movesse ele a puxou e caiu literalmente de boca em seu clitóris. Depois, a colocou deitada ao seu lado, naquele sofá. Ele lambia os lábios e sorria observando a figura já fraca de . Se posicionou acima dela beijando seu pescoço e continuando a dar ordens como gostava.
— Apoie-se em seus cotovelos. — ordenou e ela obedeceu.
o encarou, curiosa, e então, com um sorriso muito malicioso, posicionou-se à altura do rosto da mulher pedindo:
— Abre a boquinha linda para eu te foder.
, sem que ela o tocasse, a fez masturbá-lo com uma penetração oral que o próprio comandava. Aquilo foi sujo, foi baixo. Foi extremamente chulo. E gostou. Não era agressivo, mas era pontual e instigante. De onde aquele homem havia saído? Ela não fazia a menor ideia, mas sabia que seria difícil evitá-lo.
Naquela mesma noite, a fez gritar mais do que em todos os pesadelos que ela já havia tido em toda sua vida. E em outras vezes seguintes, foram cada vez melhores, numa escala crescente de super prazer que não sabia se teria limite.
••
estava ofegante em seu sofá de couro, nu e suado, e se levantou de seu colo devagar, se colocando a pegar as roupas espalhadas e vestir.
— Aonde você vai? — Ele perguntou.
— Embora. Era para eu cantar essa noite e acabei com a boca em outro microfone. — Ela disse.
riu e observou-a atencioso. Estava cansado, o efeito de exaustão da droga pós-adrenalina do sexo aparecia, mas ele estava muito satisfeito!
— Aposto que foi uma boa troca, huh!?
— Sem dúvidas, . Mas, eu tenho mesmo que ir e estou cheirando a sexo.
— Vamos continuar em outro lugar, então! — Ele falou se levantando e se aproximando, colando seu corpo ao dela, de costas.
— Sem chance! — riu recebendo os beijos dele em seu pescoço — Eu realmente tenho que ir, e você está prestes a ter uma descarga cardíaca de tanto esforço misturado às drogas!?
— Você não sabe do que eu dou conta! — sussurrou batendo na bunda de e entrou rapidamente com uma mão pela calcinha dela, a estimulando de novo.
— Ah… Cachorro, filho da puta… Para cara, eu tenho mesmo que ir… — pediu entre suspiros e grunhidos.
— Só mais uma chupadinha?
guiou-na até o sofá, estimulando o clitóris assim que a viu assentir sem falar nada. Logo que a colocou sentada ali, ele começou a chupar e lamber toda a genitália dela, fazendo os gemidos em seu nome, grunhidos e gritinhos de ecoarem de novo por seu escritório.
“I will love you till the end of time, I would wait a million years. Promise you’ll remember that you’re mine. Baby can you see through the tears?Love you more than those bitches before…Say you’ll remember. Oh baby, say you’ll remember I will love you till the end of time…” (Eu vou te amar até o fim dos tempos, eu esperaria um milhão de anos. Prometa que se lembrará de que você é meu. Querido, você consegue ver através das lágrimas? Te amo mais do que aquelas suas vadias de antes…Diga que você se lembrará.Oh, querido, diga que você se lembrará, oh, querido, eu vou te amar até o fim dos tempos…) Quando abriu os olhos, estava em sua cama, nua. Não se lembrava ao certo como deu conta de chegar sozinha, mas enrolou-se no seu robe e saiu pela casa à procura de Jenna.
— Ainda bem que hoje é a nossa folga, sua putinha! — A amiga falou enquanto fazia as unhas.
— Jen, como cheguei em casa?
— De táxi, esforçando-se para ficar acordada e cheirando a álcool e sexo selvagem.
— O não parou de me ligar preocupado com você! Ele não se tocou ainda que é apaixonado por você, não?
— Para com isso! e eu somos só amigos!
saiu para tomar um banho e avisar que estava bem ao seu amigo preocupado. Durante o banho se lembrou da noite anterior, e riu consigo. Jenna continuava a fazer as unhas quando ela saiu do banheiro, sorridente e faminta, com uma toalha enrolada nos cabelos.
— Vamos lá! Trabalho com nomes! — A amiga não demorou a inquirir.
— !? — Jenna arregalou os olhos — O empresário milionário!?
— Sim, ele é dono da
Bubbs, mas…
Jenna gargalhou e associou após interromper , atestando:
— Garota! Tirou a sorte grande! Ele é um herdeiro milionário!
— Não brinco com coisa séria! — Jenna deu de ombros, sorrindo com a sorte da amiga e perguntou ainda mais curiosa: — Mas, então, qual o lance?
— Nenhum. Foi só uma foda de uma noite.
O que não imaginava é que não seria uma foda de uma noite. Ela não podia imaginar que apareceria semanas depois no
Dolly Roger, acompanhado de Chandler para vê-la cantar, e que eles transariam uma segunda vez.
Depois do show que ele havia acabado de assistir no
Dolly Roger, os dois foram ao camarim furreca do bar.
— Tira a roupa, seu cachorro! — murmurou no ouvido dele.
se afastou e puxou a camisa de uma vez, deixando sua regata branca em qualquer parte do cômodo, que não poderia dizer já que foi atraída por seu abdômen definido. Ela retirou o restante da calça e seu salto alto enquanto ele tirava o cinto e a própria calça.
— Eu termino! — falou se aproximando antes que ele tirasse o restante.
Apertou o volume sob a cueca dele e soltou um risinho gemido e safado que fizera atacar o pescoço dela em um chupão atrevido. massageou o pênis dele devagar enquanto descia depositando beijos em seu abdômen, e retirou a cueca dele o suficiente para ter só o membro de para fora. Masturbou-o com mãos e lábios, e quando ereto o suficiente, enfiou-no de uma vez em sua boca, proporcionando um sexo oral de enlouquecer . Quanto mais ela o chupava e apertava as unhas nos glúteos dele, mais a forçava até quase engasgar. Esporrou na boca dela e o lambeu por inteiro com uma expressão, que para , só poderia ser do próprio demônio luxurioso. era facilmente o novo vício dele.
— Eu quero te foder naquela mesa de todos os jeitos possíveis! — Ele falou encarando-a quando puxou seus cabelos para cima.
— Começa agora então! — falou soltando-se do aperto dele após dar um tapa em seu rosto.
não estava pronto para aquilo, mas ao ver a mulher sentar risonha sobre a mesa, arreganhando as pernas para ele enquanto se apoiava nos cotovelos, soube que definitivamente foder seria a melhor escolha da sua vida.
também não poderia adivinhar que ele conseguiria seu telefone e a convidaria para um jantar que culminaria novamente em sexo. Nem que depois ele iria surgir na sua casa a convidando para um passeio de iate com muita nudez. E como ele soube de seu endereço? Ela não fazia ideia. Nunca soube, em todos aqueles anos. A primeira experiência de com uma mulher a masturbando foi culpa de e seu fetiche, onde o mesmo observava a cena para depois acabar com ela da melhor forma.
Ela também não iria prever o dia em que ele a convidou para conhecer a mansão dele, e que depois daquilo os dias seriam cada vez mais sensuais, quentes, e apaixonados por parte dela. Com , conheceu uma droga nova. E conheceu também a cocaína que poucas vezes, duas ou três, ela se aventurou a experimentar, mas a melhor droga era ele. era a sua cocaína. E se ela não havia se tornado dependente de nenhuma outra, dele, estava cada vez mais, à beira de um caminho sem volta.
Contudo, sempre deixou uma coisa muito clara:
“Eu não prometo o que não posso oferecer”, e para uma garota fodida pela vida há alguns anos, chega uma hora que sexo, drogas, bebidas, um
suggar daddy te bancando e nenhum amor não bastam mais. nunca prometeu amor, ele sabia disso. Mas foi inevitável por parte de esperar uma mudança.
Nota final: Boa leitura e aguardo seu comentário, tá?
Capítulo 3
Off to the Races
“My old man is a bad man, but I can’t deny the way he holds my hand. And he grabs me, he has me by my heart. He doesn’t mind I have a Las Vegas past. He doesn’t mind I have a L.A. crass way about me. He loves me with every beat of his cocaine heart…”
(O meu velho é um homem mau, mas não posso negar o modo como ele segura a minha mão. E ele me agarra, ele me possui pelo coração. Ele não se importa de eu ter um passado em Las Vegas. Ele não se importa de eu ter o jeito grosseiro de Los Angeles. Ele me ama com cada batida do seu coração de cocaína…)
POV: , 2001.
— , você precisa se casar. Eu não pretendo deixar a empresa no comando da Lexie, ou de quem quer que seja o interesseiro que se casar com ela.
— Eu não preciso me casar para ser bem-sucedido nos negócios, pai. — Respondi ao meu pai impaciente com aquele assunto de novo. Ele insistia há anos naquela história de matrimônio do seu principal herdeiro.
— Você será o presidente da empresa, mas uma empresa tem mais do que um presidente, . Existem os acionistas. E estes, garoto, devem ser bem cuidados ou você pode colocar tudo a perder.
— Eu não pretendo falir a sua empresa, senhor . Pode não acreditar, mas eu, faço bons negócios e vou triplicar a fortuna da família , pode ter certeza.
Meu pai suspirou pesadamente me encarando com desconfiança. Ele não acreditava no meu potencial, apesar de estar eu, no meu auge da juventude, administrando os negócios da família ao lado dele e muito bem.
— Ótimo. É animador que você tenha esta ambição , e seria melhor ainda se você fizesse tudo isso que promete, comigo em vida.
— Eu já estou fazendo a minha parte, não se preocupe.
POV: , 2011.
Meu pai achava que eu precisaria me casar para me tornar um homem. O que ele não sabia é que eu passaria boa parte da vida sem uma esposa. Em minha opinião, mulheres não serviam para direcionar o foco de um homem milionário como eu. Na verdade, as mulheres mais tiravam o meu foco do trabalho, do que qualquer outra coisa. Por isso, eu não havia me casado. E nem pretendia.
Há dez anos, eu estava com trinta anos e havia começado o meu próprio negócio. Era diretor da mineradora da família e como herdeiro, meu pai dizia ser aquele o melhor
trainee que eu poderia ter. O que ele também não sabia é que eu era o presidente do meu próprio império que crescia aos poucos.
Toda a trajetória do meu próprio império começou em 1990, quando eu estava com vinte anos. Eu saí da maconha para as drogas sintéticas como um usuário. Não era difícil conseguir, ainda mais dada a minha posição social. Andy, meu amigo de adolescência, foi quem me apresentou à melhor fuga dos problemas — naquela nossa idade — e por muito tempo, eu realmente fugi nos entorpecentes. Mas, uma hora, é impossível fugir: quando o seu pai coloca todo o seu trabalho nas mãos do herdeiro.
O senhor Peter jamais desconfiaria que o filho fosse um usuário contido das mais diversas drogas, pois, o trabalho inconsumível nunca o deixava participar da vida doméstica. Nora, — primeiramente babá e, depois da morte de minha mãe, governanta da família — foi a responsável por puxar a minha orelha toda vez que eu, desatento, deixava brechas do meu vício. Mas foi graças à Lexie, que até mesmo a Nora afrouxou comigo. Quem diria que minha irmã caçula chamaria tanta atenção para si em sua adolescência ao ponto do jovem focar nos estudos e no trabalho com a empresa?
Mulheres nunca me faltavam e talvez, por isso, eu não tivesse me casado. Mas a maior verdade é que não combinava comigo aquela história de “se apaixonar”.
Aos meus vinte e cinco anos, conheci o Richard. Ele era funcionário da empresa da minha família e, por isso, trabalhamos juntos e estreitamos os laços. Richard descobriu que eu usava drogas em uma noite pós-trabalho, em que fomos a uma boate que eu havia comprado. Aquele era o início dos meus negócios. Lembro-me de Richard me repreender por usar drogas. Dizia que eu estava pensando pequeno demais com aquilo de ser dono de uma boate.
— , garoto… — Richard se referia a mim como se fosse muito mais velho e sábio do que eu, e estas foram as suas palavras:
— Você tem muito a aprender ainda! Comprar uma boate para divertir meia dúzia de filhinhos de papai? E vir aqui beber, assisti-los torrando a grana com litrinhos de uísque enquanto você fica fodido de droga na cabeça? Ora, , meu garoto… Não é sobre usar drogas, é sobre lucrar com elas… Eu detestava que Richard parecia ser mais esperto do que eu, porém, pouco tempo depois, eu descobri que ele estava certo. Richard, a contar daquele dia, havia três anos que investia na produção ilícita e distribuição de entorpecentes. Mas quem era o Richard em Wall Street? Quem era Richard em qualquer lugar? Apenas um bem-sucedido
pseudo empresário dentro da
“ Corporation”. Richard não tinha cacife o suficiente para crescer nem mesmo no ramo ilícito. Mas, eu sim. E foi ali que iniciei o meu império da cocaína: a
Florida Kilos. Eu investi com dinheiro em refinarias ocultas e até mesmo na linha de produção. Com pouco mais de cinco anos, não havia narcotraficante colombiano que batesse o meu mercado e não sucumbisse a estar em minhas mãos.
Aos trinta e cinco anos de idade, eu me tornei o principal produtor de cocaína da América. E não, eu não sou narcotraficante. Não, eu não sou um bandidozinho, um fora da lei qualquer. Eu sou um homem de negócios, um homem de visão, assim como tantos outros. Sempre pensei desta forma: por que um produtor de vinhos ou outras refinadas bebidas alcoólicas, não era considerado um bandido? Afinal, eram drogas também. A resposta está em uma única palavra que nos separava:
ilicitude. Então, também uma única palavra me separaria dos outros:
produtor. Narcotraficante, não. Eu que determinava a minha moralidade e em um mundo aonde o dinheiro tem a razão, isso não era difícil.
Para o meu pai, Peter , quando anunciei que estava gerenciando meu próprio negócio, ele queria saber do que se tratava e a minha negativa de partilhar o segredo foi, por ele, considerada, uma ofensa. Peter não acreditava que eu falava a verdade e então decidiu investigar pelas minhas costas. Lexie foi quem me avisou que papai estava desconfiado das minhas recentes aquisições: a mansão particular em uma ilha privativa, o iate, entre outras ostentações que um homem de trinta e cinco anos, imprudentemente, gosta de exibir.
— , papai não é idiota! Ele sabe que as suas movimentações financeiras altíssimas não estão sendo custeadas pelo aporte financeiro da família. Andou me perguntando quais são os negócios dessa sua empresa que você faz segredo… Lexie estava preocupada, eu sabia pelo modo como ela cruzava os braços e soltava a fumaça de seu cigarro a me dar uma bronca, olhando de lado.
— Ele realmente achou que você saberia alguma coisa sobre mim? — Ironizei
— Papai está mesmo precisando descansar, sua mente está dando sinais de insanidade. — Não fale uma merda dessas! — Lexie ficou brava, ela odiava aquele tipo de brincadeira com a saúde do velho.
— Conte para ele, ! Conte o que quer que você esteja fazendo, porque se ele descobrir de outro jeito não vai te perdoar! — Se o pai descobrir, então ele é afundado em questões perigosas… — debochei.
Lexie apagou o cigarro no cinzeiro, do escritório da casa, e com mágoa de mim, proferiu:
— Eu sabia que você estava metido com coisa criminosa! E já imagino com o quê seja! — Lexie falou alto e, ao mesmo tempo que a porta se abriu revelando o nosso pai, ela olhou ao Peter e em seguida para mim, despejando antes de sair da sala:
— Não só eu estou decepcionada, como aposto que Nora, aonde quer que esteja, também, . Ela lutou tanto para você sair disso… Lexie não me deixou responder. Larguei a caneta com a qual assinava papéis ao ouvir o falatório da minha irmã caçula, e encarei a bronca dela e o olhar incendiado de raiva do meu pai.
Antes que ele me perguntasse aos gritos, eu só esperei a porta bater após a saída de Lexie e declarei:
— Meu império, é a Florida Kilos, uma refinaria de cocaína. Meu império é o das drogas, pai. Peter ficou pálido e não disse muita coisa. Encarou-me com decepção, a qual eu já esperava, e disse:
— Eu sempre soube que você era um viciadinho, . Nora realmente sofreu muito para me auxiliar a te criar depois da morte da sua mãe… E eu falhei de novo. Falhei com a nossa amiga e governanta, com a sua mãe, e sobretudo com você. Gastar meu dinheiro e acabar com a sua saúde com essas merdas… Eu até havia jogado a toalha, mas… Ser responsável pela desgraça de outras famílias… — Peter suspirou cansado e sacudindo as mãos em negação me respondeu
— Vo-você é um egoísta! Um narcisista, sem limites! Sei que não sou a moralidade em pessoa, é claro que nós também andamos um pouco fora da linha, afinal, por isso somos milionários, mas… Alimentar o narcotráfico… Meu filho um… — Não sou um traficante. Produzo drogas que ainda não são lícitas como o álcool, e não tenho nada a ver com as escolhas de merda que as pessoas fazem pai. O mercado está aí, estou sendo apenas um homem de negócios e visão. Peter respirava ofegante, sentia-se culpado pela minha escolha, eu sabia. No entanto, ele não foi mesmo o melhor exemplo de pai e homem. Tinha as mãos sujas também com corrupção entre outras coisas. No entanto, eu nunca faltaria ao respeito com o meu velho. E ele sabia disso.
— Saber desse seu investimento é como se você jogasse meu nome na lama, . Estou muito desapontado, mas você não é criança, tem seus 35 anos e deverá lidar com o que vier disso. — Peter falou e me deu as costas e informou antes de sair do escritório:
— Estou indo para a Toscana, e não sei se ou quando volto. — Boa viagem pai, nos vemos em breve. — Foi tudo o que pude dizer.
Assisti o meu pai sair desapontado e a imagem de suas costas, em uma postura elegante que ele nunca perdia, se afastando, é a minha última memória dele vivo. Três dias depois, Peter sofreu um infarto fulminante na Itália. Lexie sempre me culpou um pouco por aquilo.
Havia completado um ano e meio da morte do meu pai, quando conheci a .
2011. O dia em que e se conhecem.
— Show ao vivo? Isso aqui é uma boate, Chandler, e não um pub.
Eu disse ao meu gerente que havia inventado de chamar uma cantora para fazer alguns
shows. Ainda se fosse um DJ, eu até pensaria no caso. Mas que tipo de merda se passava na cabeça daquele idiota?
A boate, aos meus trinta e sete anos de idade ganhou uma utilidade maior
— o que me tirou a vergonha de ter aplicado o meu dinheiro de forma “pequena” como dizia Richard — quando o lance das drogas ganhou força ali dentro. Era o inferninho perfeito: acima de qualquer suspeita, sem absolutamente uma ponta solta que indicasse o tráfico e que atendia ao público elitista da melhor estirpe.
Não que eu tivesse algum medo de ser pego. Desde que a primeira refinaria foi aberta, eu tinha as pessoas certas na minha mão para livrar-me de qualquer fiscalização. Fazia parte dos negócios ter uma boa parcela de subornos e investimentos de segurança para manter o negócio sem a menor sombra de riscos. Como eu costumava dizer: o dinheiro é um cartão magnético que abre qualquer porta.
Após discutir brevemente com Chandler sobre a negativa de uma ideia estúpida daquelas, eu fui me divertir no
mezanino vip da boate. De lá, eu poderia ver todo o movimento abaixo e não ser visto. Logo que me acomodei e o garçom trouxe a minha bebida, eu vi uma garota subindo os últimos degraus da escada de boca aberta, observando o lugar. Ela parecia uma carta totalmente fora do baralho.
— Descubra quem é aquela mulher. — ordenei para o garçom que pouco tempo após me servir, ofereceu a ela uma bebida e trocou palavras com a garota que agradeceu e sentou-se ao balcão do bar.
— Senhor , ela disse que veio a convite de Chandler para cantar, mas parece que ele cancelou.
Com a resposta do garçom, eu fiquei um bom tempo observando-a. Continuei em meu lugar atento a ela, mas também atento ao meu divertimento. E lá pelas tantas, devido ao meu juízo deturpado pelos químicos, eu me aproximei da garota que parecia frustrada o suficiente, dada a condição de embriaguez em que se encontrava.
— Qual o nome da cantora que impedi de trabalhar hoje?
— . — Ela falou o seu nome logo que perguntei.
Que tipo de conversa tivemos, ou como eu consegui convencê-la a ir comigo ao escritório, embora não fosse difícil para ela ser convencida, eu não lembro. Só me lembro de ter uma das transas mais sujas e gostosas que eu havia tido ali desde o último ano, repleto de estresse e trabalho. E lembro de no dia seguinte, ter certeza de que eu iria querer mais daquela garotinha.
Ela não era inocente, mas era bem obediente ao que eu comandava e eu gostava daquilo. A nossa primeira vez com certeza foi marcante para ambos. Se não, eu não saberia explicar o fato de tê-la comigo nas vezes seguintes até eu finalmente levá-la à minha casa.
2011. Dois meses depois de e saírem juntos pela primeira vez.
Achei que era hora de levar para minha mansão. Estava gostando de como a jovem era discreta, visto que, estávamos saindo esporadicamente em encontros casuais e nada havia sido alvo de fofocas. Ela sabia se comportar bem para ser a coelhinha de um milionário, e eu estava satisfeito em não ter que procurar uma mulher que me faria pagar pelo seu silêncio sempre que eu quisesse.
Depois que transamos na boate, levei a para outros lugares públicos, mas discretos, para que pudéssemos nos divertir. Porém, eu estava certo de que a garota estava gostando do nosso caso, para além de alguma ambição. não me pedia nada. Ela era até bastante ingênua dadas as mil possibilidades que tinha em sua mão. Apesar de julgá-la daquele modo, eu, pouco, ou melhor, nada, sabia sobre ela e tampouco ela sobre mim. Como se lembrasse da voz do meu pai me dizendo que
“até um grande homem precisa de uma mulher de confiança, mesmo que ela não seja mais do que um caso fixo”, me peguei avaliando que observar o comportamento de ao entrar um pouco mais na minha vida provada era necessário. Naquele momento eu não tinha intenções nenhuma com a mulher, a não ser, matar uma curiosidade que surgia a cada vez que ficávamos juntos.
— Uau. — Foi o que ela disse sorridente assim que entrou no
hall da minha mansão.
Fiquei escorado ao batente da porta que dava acesso à área externa da piscina enquanto a observava dar passos perdidos e circulares, com a boca aberta ao observar a casa.
— Quer beber o quê? — Perguntei indo ao barzinho da sala.
— Leite. — Ela disse maliciosa com uma voz de garotinha travessa e eu não evitei gargalhar.
— Vamos começar com álcool,
ninfetinha. — anunciei pegando meu copo de drinque e ela respondeu normalmente, ainda observando a tudo com olhos curiosos.
— Ah, então o que você for beber, .
Servi para ela uma dose de uísque e sentei em uma poltrona, observando-a em pé próxima ao quadro com fotografia da minha família.
— Esta casa é sua ou dos seus pais?
— Minha. — respondi sabendo que viria um interrogatório.
— Casa.… Melhor dizer, mansão! — Ela me olhou e riu. — E onde estão eles?
— Meus pais já faleceram e a minha irmã Lexie anda pelo mundo dizendo ser
influencer, ou seja lá, o que ela realmente faz.
— Vocês não se falam?
— Às vezes ela faz contato. — Aproveitei a entrada nos assuntos pessoais e quis também saber dela: — E você? Conte-me quem é a garotinha que seduzi.
— Eu poderia dizer que é mais o contrário, mas… — Ela olhou ao redor. — Acho que fui mesmo seduzida.
Sentou-se no sofá à minha frente e depois de um gole da bebida, ela brincou com o copo, passando os dedos sobre ele como se lembrasse do próprio passado.
— Eu sou só uma garota comum de vinte e cinco anos criada em uma família bem tradicional, mas com muito amor. Uma garota que fugiu de casa aos dezenove anos de idade para trabalhar e só retornou para o enterro dos pais.
— Lamento por sua tragédia. — Falei verdadeiramente. — Foi algum tipo de briga que os afastou?
— Não. Eu só queria sair da bolha, encarar o mundo e meus pais não achavam que eu estava pronta, então eu saí. Meu pai era bombeiro militar e minha mãe, dona de casa. Os dois faleceram em um acidente de carro enquanto me procuravam.
— E você tem família?
— Tenho , claro. — Ela riu, debochada. — Mas são parentes distantes. Aquele tipo de gente que não é muito família além do que a genética afirma. A única pessoa que eu realmente posso dizer que tenho é o . Ele é meu amigo e parceiro de trabalho. Nós nos conhecemos há algum tempo e estamos ao lado um do outro desde que perdi os meus pais. Trabalhamos juntos em uma transportadora e cantamos nos bares à noite.
— Hm… — Murmurei curioso com a discrepância absurda das nossas realidades. Eu tinha certeza de que era o tipo de mulher que sabia valorizar a própria vida e, talvez por isso, ela não fosse durar tanto ao meu lado. Mas, naquele momento, eu não queria pensar em quanto tempo ela ficaria por perto. Eu só queria curtir a jovialidade transviada que ela exalava e, talvez, ajudá-la. E não sei por qual razão eu senti que precisava ajudá-la, tê-la próxima. — E seus pais deixaram bens para você?
Ela riu alto e me encarou muito divertida um pouco depois.
— Eu não sou um bom partido para você, . — Afirmou e em seguida, murmurou baixinho, olhando a piscina: — Se bem que… Será que existe alguma mulher que seja bom partido o suficiente para um homem que tem uma mansão como esta?
Sorri. Tão ingênua.
— Muitas posses mais e também uma frota de iates. Entre outras coisas… — Fiz piada, convencido.
— Iates!? Uau… Isso está ficando interessante! — Ela sorriu se levantando para caminhar à minha volta e eu a acompanhei.
— Podemos andar de iate qualquer dia, se é isso que me faz interessante para você. — Comentei observando se aproximar de mim com uma expressão divertida.
— Podemos, mas não é pelos iates que eu nem sabia existirem, que estou aqui… — Ela respondeu sedutora aos meus ouvidos: — A não ser, é claro, que você chame de iate isso que você tem entre as pernas.
Roçou os lábios nos meus e eu a peguei em meu colo imediatamente, assustando-a.
— Chega de conversa, você me deixou animado.
Gargalhávamos à medida que subíamos as escadas longas da mansão até minha suíte. E foi daquele jeito que, pouco a pouco, foi sendo envolvida na minha vida. Até o dia em que ela tentou sair da minha vida, dizendo que cansou do pouco, que eu tenho a dar, diante ao muito que ela descobriu que merece.
Continua
Eu não tava esperando o Jamie nesse nível de envolvimento com as dorgas. :O
Eu não consigo imaginar um cenário em que esses dois façam bem ao outro e estou me agarrando ao Booboo para ser alguma influência positiva na vida deles – da Lana.
Vai me dizer que ele também tem um passado dark e cheio de traumas. POR FAVOR, NÃO. ELE É PRECIOSO DEMAIS PRA SOFRÊNCIA.
Jamie é terrível mana. Eles não fazem mesmo, e o Booboo será a parte leve da vida dela sim. <3