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Tell Me a Story

   encarava aquele caderno um tanto surrado que fora deixado em sua porta por alguém que, após tocar a campainha, sumira de vista rapidamente.
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  A garota a princípio pensou ser um trote, já que no colégio era motivo de chacota, mas percebeu que o caderno, apesar de gasto, estava bem conservado. Ela o recolheu do chão e olhou ao seu redor mais uma vez para se certificar de que não havia ninguém por ali. Fazia um dia gostoso e por mais que não se sentisse a vontade na varanda de sua própria casa, sentou-se nos degraus da mesma para folhear o caderno.
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  Não precisou ir muito além para reconhece-lo. Era o seu caderno.
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  Suspirou tentando se livrar das lembranças nada reconfortantes de duas semanas atrás, quando um de seus colegas de classe aproveitou-se de um momento seu de descuido para roubar o caderno de escritas de sua mesa. ficou desesperada para ter seu pertence de volta e mais desesperada ainda quando o garoto que lhe roubara começou a ler em voz alta um de seus textos.
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  - Uuuh, por que ele não olha pra mim? – o garoto leu com tom de zombaria e continuou lendo o parágrafo inteiro até chegar à última palavra: Phillip.
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   ficou horrorizada com a reação de sua turma, como podiam ser tão infantis e bestas naquela idade?
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  Desde então ela era motivo de piada entre os alunos do colegial, sempre fazendo brincadeirinhas de criancinhas que acabaram de descobrir o que é gostar de alguém. Era irritante, e o que a deixava mais magoada: Phillip era um dos babacas detestáveis.
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   respirou fundo para deixar a raiva baixar. Como pôde ter sido tão iludida com o queridinho do colégio? É claro que por trás de tanta aparente perfeição haveria o arrogante, o exibido, o convencido Phillips.
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  A garota tentou apagar os pensamentos mal-educados que queriam surgir e passou a folhear seu caderno, já que percebia-se de longe que ele havia sido “reformado” por alguém. A capa que antes era de um preto discreto, agora tinha a cor azul chamativa em seu lugar. As folhas internas eram as mesmas, ela podia perceber, já que em dezenas de páginas sua própria caligrafia era visível. Porém, mais para o final das páginas, ela pôde notar uma caligrafia diferente da sua, o que lhe chamou a atenção, e por um instante a irritou um pouco mais: Além de roubarem seu caderno, ainda ousavam escrever nele?
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  Manteve a calma enquanto procurou pelas páginas o lugar onde as letras diferentes começavam.
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O início

  Era o que estava escrito em grandes letras garrafais em uma página inteira.
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  “Era início do ano letivo quando nos vimos pela primeira vez: eu achava que ela era mais uma garota estranha no mundo, e ela – pelo jeito que me encarava às vezes – achava que eu era mais um babaca entre os garotos.
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  Claro que eu não me importava! Ou pelo menos eu achava isso.
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  Não sei bem como nem quando aconteceu, mas num dia qualquer depois de uma longa aula sem utilidades, me peguei encarando ela. Ela tinha os olhos voltados para a carteira, de certo ângulo poderia até parecer que estava tirando um cochilo, mas eu podia ver bem que ela tinha os olhos hipnotizados em um livro. Vez ou outra ela sorria ou fazia uma careta, mas o que mais me intrigou foi perceber que ela movia os lábios acompanhando a leitura silenciosa, e que eu tentava entender o que eles diziam.”
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   parou a leitura bruscamente com a sobrancelha erguida. Aparentemente alguém havia colocado um novo ponto de vista na história em que havia começado a escrever ali. Estava desconfiada demais com aquilo, mas decidiu continuar lendo.
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  “Era estranho como eu passava os meus dias nas aulas. Sempre sentado a uma distância segura dela, mas perto o bastante para poder ter uma boa visão de seu rosto. Todas as vezes em que ela achava uma matéria desinteressante, eu a via lendo – e algumas vezes escrevendo em seu inseparável caderninho preto -, e me via tentando decifrar o que ela lia. Muitas semanas depois, percebi que estava ficando bom com leituras labiais, às vezes aproveitando para “ouvi-la” contar histórias para mim, mesmo que ela não soubesse que o fazia.”
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   ficara confusa com aquelas linhas. Seria aquilo mais uma brincadeira de mau gosto de algum “coleguinha” de classe? Ou será que alguém realmente lera o que ela havia escrito e estava dando um segundo ponto de vista sobre tudo aquilo?
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  Por mais que ainda tivesse suas dúvidas, sua curiosidade conseguiu vencer. Precisava terminar de ler aquelas páginas. Sua história original não tinha um fim, será que o anônimo a finalizara?
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  “Era final do ano e eu permanecia em minha rotina que consistia em participar um pouco das aulas e passar o resto do tempo observando ela. Naquele momento ela escrevia freneticamente em seu caderninho, apenas desviou sua atenção quando foi chamada por uma amiga. Um único instante de distração fora o bastante para que um babaca qualquer da turma pegasse o caderninho e começasse a lê-lo em voz alta para que todos pudessem ouvir.
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  O babaca fazia chacota e ria com o restante da turma às custas dela, que bravamente segurava o choro de raiva – ao menos eu estaria me segurando – e tentava pegar o que lhe pertencia de volta.
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  A história no caderno era de uma garota e um garoto que a primeira vista não haviam se encantado um com o outro, mas gradativamente as opiniões mudaram. Era tudo tão perfeitamente detalhado e realista que diria que aquilo era um diário disfarçado. Demorei um bom tempo até perceber que aquela história falava de mim. De nós.”
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   arregalou os olhos após ler aquele parágrafo. De nós. O que aquilo queria dizer? Não podia ser o que ela pensava. Não com o grande babaca que Phillip Phillips era.
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  Respirou fundo como se fosse enfrentar o maior desafio de sua vida e então voltou a ler o texto que restava.
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  “O caderno de capa preta finalmente chegou em minhas mãos, os meus colegas de classe babacas disseram que eu merecia ficar com aquilo, já que a história era minha. A primeiro momento simplesmente achei a ideia ridícula, porém, logo me vi indo e voltando naquelas páginas.
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  Droga! O que ela pensaria de mim? Eu não havia feito nada para impedir que aquela brincadeira estúpida parasse. Ela com certeza concluiria que sou o babaca mesquinho que ela pensara que eu era no início.
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  Não! Não podia ficar assim!
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  Mas com que cara eu surgiria para falar com ela?
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  Eu não tinha uma. E tampouco tinha a coragem de ir lá lhe dizer algo. A única coisa que eu sabia era que aquele caderno – agora com a capa caindo aos pedaços – deveria voltar à sua dona. Talvez eu ainda tivesse esperanças de que ela continuaria com nossa história e que nos daria um final feliz.
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  Então eu decidi. Eu devolveria aquele caderno. E diria à ela que aquela história poderia dar certo. Diria que era uma ótima história. Que ela era minha escritora favorita. Diria que…”
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  - Sinto muito. – ouviu e se sobressaltou ao perceber a presença de Phillip agachado à sua frente.
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  A garota estava prestes a murmurar algo em resposta quando o rapaz se inclinou e selou seus lábios suavemente. Não passara de um selinho – um pouco mais longo que o considerado normal -, mas foi o suficiente para que ela sentisse as borboletas no estômago voltarem a bater suas asas. A única coisa que conseguiu fazer foi sorrir, o que fez Phillip sorrir juntamente de imediato.
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  Talvez aquela história pudesse, afinal, dar certo. As linhas seguintes ainda eram um pouco incertas, mas algo dizia que todas tomavam o caminho em direção ao “Felizes para sempre”.
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Fim

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