Take Me To Church
Música tema da história: Take Me To Church – Hozier
Os pés nos pedais da bicicleta soavam a velocidade que aumentava progressivamente. tinha os pulmões ardendo pela hiperventilação e a adrenalina que corria em seu sangue. A bicicleta descia as ruas cercadas de florestas virgens, da região interiorana e afastada de Londres. já havia pegado a caixa de madeira pequena na cabana e passou sobre ela uma corrente com cadeado, do qual só teria a chave e saiu para o quintal da frente, o lugar era afastado e escondido pela floresta, então era minimamente seguro estar ali. cavou e enterrou a caixa, quando chegou ali, soltou a bicicleta de qualquer jeito e foi em direção ao outro que havia terminado. Abraçou mais aliviado.
— Já enterrou? – perguntou.
— Sim, e agora?
— Vamos até o lago…
Um pouco distante da cabana, entre os limites da floresta e da cidade, havia um lago que se iniciava entre pedras altas e cortava-as em direção ao centro da pequena Kemble. Os dois pararam em cima de algumas pedras e o silêncio presumia um pouco de paz no meio da confusão que tinham se metido. abaixou e pegou algumas pedras lançando-as na água e fez o mesmo logo depois.
— Foi mal, cara… Eu te coloquei nessa roubada… – disse com pesar.
— Você não me colocou em nada, eu que quis viver isso tudo com você. Não poderia ser diferente.
— Poderia sim se eu fosse um cara melhor.
— Você já é o melhor.
pronunciou sem olhar para , que largou as pedras e se aproximou subitamente o beijando. Embora pego de surpresa, se entregou. Sabia que aquela talvez fosse a última a vez. segurou o rosto de em suas mãos, encarou os olhos castanhos escuros do melhor amigo e amor da sua vida, e aprofundou outro beijo.
— Vamos sair daqui, alguém pode ver a gente – disse preocupado.
Sabia que estavam atrás deles e agora todo cuidado era pouco frente às ameaças. pegou a mão do outro e os dois seguiram para o local onde antes enterrava a caixa. Entraram na cabana que havia ali e se encontravam escondido.
retirou o gorro surrado, assim como o moletom também surrado e fez o mesmo, os dois corpos se uniram em um abraço apertado, mas não demorou para que empurrasse o corpo de no colchão velho da cama barulhenta. Os dois encaravam os olhos um do outro, e os gestos bruscos se transformaram em carinhos amenos. puxou a nuca de o tomando em beijo, e o outro não esperou mais para desabotoar as calças que vestia.
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Do outro lado da cidade, um homem reunia seu grupo numa viela escura e dava as ordens:
— Eu vou encontrá-los hoje e, ao meu sinal, vocês preparem a fogueira da inquisição – o líder gangster, Hank, informou aos outros três homens parados à sua frente.
— Você sabe onde achá-los, Hank? – perguntou um deles.
— Eles devem estar escondidos perto da mata.
— Jack sabe onde eles se encontram – afirmou Travor.
— Ótimo. Ao meu sinal, reúnam o pessoal.
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e saíam da cabana, tranquilos e tristonhos. Caminharam em direção à cidade, passando por um atalho da floresta que saía atrás do campo de futebol de um grande instituto escolar. Quando chegaram ao campo, parou um tempo encostado na grade.
— O que você vai fazer?
— Fugir. … Nós não podemos ficar juntos nessa aldeia… Se Hank nos pega…
— Em pensar que a gente cresceu juntos, aqui… – O outro sorriu nostálgico. — Lembra-se de nós jogando futebol aqui nesse campo?
— Lembro, e lembro também que Hank já me odiava.
ajeitou o gorro de que estava torto, os dois sorriram e continuaram andando para fora do campo. Hank os viu e encarou os dois com raiva no olhar, puxou o celular do bolso e enviou a mensagem que Jack esperava.
“Achei. Vamos começar pela casa dele. Agora”.
e não poderiam passar mais tempo juntos em público no último dia em que tinham para estarem juntos. Atravessaram um estreito caminho de cercas que delimitava a área do campo e o lago, sentaram à beira do lago e fumaram o último cigarro.
— Hey… Você cuida do velho? – perguntou mencionando o próprio pai.
— Ele já sabe que você vai fugir?
— Não, mas ele vai saber quando eu tiver ido.
concordou silencioso soltando a fumaça do trago.
— Eu cuido – respondeu e deu dois tapinhas em suas costas.
Um avião passou no céu e os dois imediatamente olharam na direção dele.
— Quando eu chegar, te mando um postal – falou reflexivo.
— Para onde vai?
— É melhor você não saber por enquanto, .
— Eu vou dar um jeito de ir te encontrar. Tenho certeza que seu pai também.
— Por um tempo é bom vocês manterem distância de mim.
não queria aceitar aquilo, mas nada poderia fazer. Os dois estavam sendo perseguidos há um tempo, mas as coisas pioraram muito desde que o conteúdo da caixa foi descoberto pela gangue de Hank.
e ele levantaram após terminarem o cigarro e caminharam rumo às ruas da pequena aldeia de Kemble. Fizeram o caminho de volta em silêncio e, em um determinado ponto, tiveram que se despedir.
— Vou voltar para a cabana… Acabei esquecendo a pá no quintal – falou rompendo o silêncio.
— Eu vou pra casa, e logo que fazer minha mochila eu parto. – disse e encarou o olhar tristonho do amigo.
conseguia ser muito mais frio do que , e seu companheiro já disfarçava o choro com o embargo na garganta. Estavam ainda próximos do instituto e , a fim de facilitar para , só estendeu a mão para que ele batesse em cumprimento. O cumprimento que faziam desde a infância. E o único toque que poderiam dar naquele local público. Quando se virou, rapidamente correu para a casa.
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Hank e sua gangue já se aproximavam da casa e o pai de os percebeu pela janela. Assustado, abriu rapidamente e um dos capangas lhe desferiu um soco, o homem mais velho caiu ao chão e Hank o encarou frio dizendo:
— Cadê o viadinho do seu filho?
— Não chame assim! – A resposta dada pelo pai do rapaz foi o suficiente para Hank bater-lhe até que desacordasse.
— O velho protege o gay – Jack falou para Hank que, com ainda mais ódio, batia no corpo já desfalecido.
Destruíram toda a casa, reviraram cada cômodo e esconderam o corpo do pai na garagem. Não encontraram ou vestígios da merda que ele fazia. Hank mandou seus caras prosseguirem para a segunda caçada e, com uma estopa em chamas, ateou fogo na garagem.
subiu as escadas de sua casa tão veloz que não notou a sala revirada. Chegando a seu quarto, percebeu a invasão e rapidamente fez a sua mochila. Desceu as escadas correndo e procurou pelo pai. Olhou o relógio na parede da cozinha e o calendário, tranquilizou-se por saber que naquele dia e horário o pai estaria na hemodiálise, então subitamente se deu conta de que, se Hank esteve ali e destruiu tudo, talvez não estivesse seguro. Saiu novamente correndo pelas ruas de sua vizinhança, que se assemelhava a um gueto londrino, e não sentiu o cheiro da fumaça abafada que saía das portas fechadas na garagem.
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Hank e seus aliados caminhavam apressados pela trilha da mata em direção à cabana, onde Jack suspeitava que estivesse, e assim que chegaram lá, viram o garoto sair pela porta limpando as lágrimas do rosto.
— Pegue ele! – Hank ordenou.
não conseguiu fugir, os capangas o seguraram e perguntaram onde estava, mas o rapaz mantinha-se calado e se debatia tentando se soltar. A gangue entrou na cabana e revirou tudo novamente, buscavam algo que comprovaria as suas suspeitas. mantinha-se calado.
— Fala onde ele está de uma vez, aberração! – gritou Hank segurando firme o rosto do rapaz.
O olhar assustado de para a direção onde havia escondido a caixa não deixou de ser notado por Travor, atrás de Hank. Ele começou a cutucar a terra e a notou, recém-mexida.
— Pegue uma pá. – Travor ordenou a um dos homens e Hank observou atento.
Não foi difícil encontrar o objeto. gritava para ser solto e se debatia ainda mais. descia as ruas da cidade veloz e com medo, temia por chegar tarde demais. Seus pulmões queimavam muito mais do que antes, quando o vento frio da velocidade na bicicleta lhe cortava o peito. O final da tarde já se transformava em noite escura.
— O que tem nessa caixa? – Hank perguntou para .
O rapaz calou-se ainda mais e chutou o peito de Hank, conseguiu se soltar brevemente, mas logo os capangas o pegaram e seguiram o arrastando pela floresta. Quanto mais escuro ficava, mais ele era arrastado.
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chegou à cabana e viu que Hank já havia passado por ali, tudo estava revirado. Procurou desesperado por qualquer sinal de e não encontrou. Ao sair da cabana, viu que o local onde haviam enterrado a caixa havia sido cavado. Correu de novo para dentro da mata, orando para que conseguisse chegar a tempo de salvar de qualquer mal que poderiam lhe fazer.
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Jack segurou o corpo de apontando uma faca em seu pescoço, enquanto as labaredas da fogueira alta eram acesas e lambiam o espaço em altura. Hank segurou a caixinha e sacudia-a na cara de a fim de fazê-lo falar, mas era inútil.
— Está aqui, não é? A merda da grana das drogas que ele traficou pelas minhas costas, não é?! – Hank gritava e continuava mudo. — Você deve mesmo achar que vai fugir com o seu viadinho e com o meu dinheiro! FALA LOGO, ONDE ELE ESCONDEU A GRANA!
pertencia à gangue de Hank. traficava para Hank. Mas, há algum tempo, ele vinha dando a volta nos negócios ilegais e juntou um bom dinheiro e escondeu. Deixou com as senhas do cofre onde estava uma parte da grana, as chaves do armário onde escondeu a outra parte, e as coordenadas de quem deveria procurar depois que ele partisse.
— Não vai falar? – Hank perguntou impaciente e sem obter reposta, afirmou: — Eu vou arrombar a porra dessa caixinha e depois vou te matar.
Hank forçou um metal contra as correntes e cadeados, gritava pedindo para que ele parasse afirmando que contaria tudo, que não tinha dentro da caixa nada sobre as drogas. Implorou por sua vida e então Hank percebeu que o desespero demasiado de deveria significar algo muito mais importante do que as coordenadas de onde estava o dinheiro. Ele iria falar.
— Devem ser as provas das coisas nojentas que eles fazem que estão aí dentro, Hank – Jack afirmou com voz asquerosa.
Hank olhou para o prisioneiro, em seguida para a caixa e a lançou na fogueira.
— Agora você vai falar!
— Eu não vou falar nada, seu otário.
tinha dentro daquela caixa a única esperança de conseguir salvar e o rever um dia. E por isso, ele escondeu as provas em outro lugar. Não importava o que fariam com a caixa, desde que não conseguissem arrancar dele a verdade. E isso, eles não conseguiriam. Porque nem saberia.
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Quando encontrou o local, denunciado pela fuligem e pelas labaredas, o corpo de sendo espancado no chão o fizera entrar em desespero. Não havia mais o que fazer, aquele era um corpo morto que não reagia aos chutes.
Levou as mãos à cabeça, arrependido, culpado, desesperado, e depois que Hank e seus capangas saíram dali deixando o corpo, se aproximou e abraçou o homem que amava, aos prantos.
não era de chorar. Mas chorou. Por todas as vezes em que chorou sozinho.
Fim
Nota de autora: Olá amoras, muito obrigada por acompanharem a leitura até aqui. Aguardo ansiosa ao seu comentário. Com afeto, Ray. ♥
Ok, agora eu quero fazer uma fanfic dessa história só pra dar um final terrivelmente doloroso para o Hank 😀
Eu achei que a história se passava na idade média de tão arcaica é a cabeça desse grupinho #carinha de nojo#
Queria saber o que tinha na caixa :O
Meu eu obscuro clama por vingança ;—; HPOASDHASOPDHAOPSD
Hey Lelen!!! Essa fic na verdade foi escrita há muito tempo como especial MV dessa música, noutro site. Aí retirei ela, e decidi repostar hoje heheh. Então as cenas , o enredo tem toda a vibe caótica do clipe. Eles são muito hom0f0b1c0s diabólicos. Eu acho que Hank e Cia. merecem mesmo uma vingança do Brian. Quem sabe eu não escreva isso? Mas se eu não fizer fica a vontade! Seja maligna e me avisa que eu vou ler também hehehe No fim, a caixa estava vazia. O Henry trocou o que tinha dentro de lugar (eram as coisas deixadas por Brian a ele).
Poxa, eu já sabia que seria triste assim que comecei a ler, mas ainda assim o final partiu meu coração 🥺 eu amo essa música, e tu fez jus à ela e a história do vídeo com essa história linda. ❤️
Oi Fê! Muito obrigada pela sua leitura e comentário, viu? Então, eu AMOOOOOO essa música, e quando vi a letra eu já sabia que se escrevesse algo um dia com ela, seria uma pegada mais dramática, porém, quando vi o clipe… A história dele já estava pronta praticamente, né? Fico feliz que você gostou! ♥