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Stars of Christmas

  Haia, Randstad – Holanda do Sul: 24 de Dezembro de 2024

  O som da música clássica podia ser ouvido do corredor que dava para o grande salão do hotel Grand Lumière. As notas suaves do piano se misturavam ao burburinho elegante dos convidados, que já se acomodavam para a ceia da véspera de Natal.
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   ajeitou a lapela do paletó escuro e soltou um suspiro discreto antes de continuar caminhando. A cada passo, o brilho quente das luzes douradas refletia em suas feições serenas, mas seus olhos denunciavam uma certa distância — como se estivesse ali apenas de corpo presente, enquanto sua mente vagava por lembranças que há muito tentava esquecer.
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  Ao dobrar o corredor, o salão finalmente se revelou diante dele. Lustres imponentes pendiam do teto alto, espalhando uma luz acolhedora sobre a decoração impecável em tons de vermelho e dourado. Mesas elegantemente postas, taças reluzindo sob o brilho das velas, e uma grande árvore de Natal no centro, decorada com enfeites cintilantes, davam ao ambiente um ar mágico que contrastava com o vazio que ele sentia.
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  Ele nunca fora um grande entusiasta do Natal, mas desde que perdera aquela que um dia fora sua razão de sorrir, a data se tornara apenas mais uma noite solitária, disfarçada de comemoração. Ainda assim, ali estava ele, cruzando a entrada do salão sem saber exatamente o que esperava encontrar naquela noite. Aliás, ele se perguntou o que estava fazendo ali naquele salão todo decorado e cheio de luzes, com famílias e casais que pareciam totalmente felizes e entregues à magia que aquela data parecia oferecer. O que definitivamente não era o caso dele. Seungcheol o pagava!
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  Ele já estava prestes a reconsiderar sua decisão de comparecer quando um homem vestido de smoking preto se aproximou com um sorriso profissional.
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  — Boa noite, senhor. Bem-vindo ao Grand Lumière Hotel. O senhor tem reserva?
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   desviou o olhar para o salão mais uma vez antes de voltar a encarar o maître.
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  — Tenho, sim — respondeu, com um aceno discreto.
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  O funcionário conferiu rapidamente a lista em seu tablet e fez um gesto cortês.
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  — Mesa para quantos, senhor?
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  Por um instante, hesitou. A pergunta, tão simples, carregava um peso que ele não queria admitir. Ele nunca gostara de passar datas importantes sozinho, mas a vida o empurrara para esse caminho. Inspirou fundo antes de soltar um suspiro resignado.
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  — Somente eu.
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  O maître manteve a expressão impecável, mas percebeu a mínima pausa antes do homem acenar educadamente.
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  — Claro. Por favor, me acompanhe.
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  Ele seguiu pelo salão, ignorando o aperto incômodo no peito enquanto passava por mesas repletas de taças tilintando em brindes e sorrisos genuínos. Talvez aquela noite fosse apenas mais uma que precisaria suportar… Ou talvez, sem que ele soubesse, o destino tivesse outros planos.
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🎄🎄🎄

   ajustou os brincos delicados, observando o reflexo no espelho com um olhar distante. As pequenas pedras brilhavam sob a luz suave do quarto, mas seus olhos não carregavam o mesmo brilho.
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  Ela soltou um suspiro leve e pegou o frasco de perfume sobre a penteadeira, borrifando uma nuvem suave na pele. O aroma envolvente se espalhou pelo ambiente, trazendo uma sensação efêmera de conforto.
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  Por um momento, apenas encarou a própria imagem, os dedos deslizando distraidamente pelo colo exposto pelo vestido elegante. Deveria estar animada para aquela noite, mas, assim como em todos os anos anteriores, o Natal não passava de uma lembrança do que já tivera e perdera.
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  Ainda assim, ali estava ela, pronta para descer até o grande salão, rodeada por uma atmosfera festiva que parecia pertencer a todos — menos a ela.
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  O leve som da música natalina tocava suavemente pelos alto-falantes do elevador enquanto observava os números do painel se alternarem.
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  Ela soltou um suspiro, sentindo a hesitação pesar sobre seus ombros. Será que deveria mesmo ter mudado de ideia? Até poucos minutos atrás, seu plano era o mesmo de todos os anos: passar a noite em seu quarto, dormindo, fingindo que o Natal não existia. Desde que perdera o grande amor de sua vida, essa data se tornara apenas mais um lembrete do vazio que nunca parecia diminuir.
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  Mas, por algum motivo, naquela noite, algo a fizera sair do quarto e entrar naquele elevador.
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  Ainda assim, uma nova preocupação surgiu em sua mente. E se não houvesse mesas disponíveis? Ela sequer havia feito uma reserva, sequer havia planejado de verdade estar ali. Talvez aquele fosse um sinal para voltar antes que fosse tarde demais.
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  O elevador deu um leve solavanco ao chegar ao andar do grande salão, e as portas se abriram lentamente.
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   engoliu em seco. Já era tarde.
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  O som suave do piano e as vozes animadas dos convidados encheram os ouvidos de assim que ela cruzou a entrada do salão. O brilho das luzes douradas refletia no chão impecavelmente polido, e a grande árvore de Natal no centro do ambiente parecia brilhar ainda mais intensamente do que ela se lembrava dos anos anteriores.
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  Ela hesitou por um momento antes de seguir em frente, sendo prontamente abordada pelo maître, que a cumprimentou com a mesma elegância profissional de sempre.
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  — Boa noite, senhorita. A senhorita tem reserva?
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   umedeceu os lábios e balançou a cabeça.
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  — Não, mas… estou sozinha.
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  O maître manteve a compostura enquanto verificava a lista em seu tablet, deslizando o dedo pela tela com atenção. Após alguns segundos, ergueu os olhos para ela, com uma expressão levemente indecisa.
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  — Me receio que todas as mesas individuais já estejam ocupadas no momento… A não ser — ele hesitou por um instante antes de continuar — que a senhorita não se importe em dividir a mesa com outra pessoa que também está sozinha.
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   piscou, surpresa com a sugestão. Não era exatamente o que tinha em mente, mas a alternativa de voltar para o quarto e passar a noite sozinha de novo também não parecia mais tão convidativa.
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  — E… essa pessoa aceitaria dividir? — perguntou, incerta.
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  — Posso verificar — o maître respondeu com um sorriso profissional. — Um momento, por favor.
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   o observou se afastar e caminhar até uma mesa próxima à janela. Lá, um homem de terno escuro, traços refinados e expressão distante encarava o salão sem muito interesse, mexendo distraidamente na taça de vinho à sua frente.
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  O maître se inclinou levemente ao lado dele e começou a falar, gesticulando discretamente em direção a .
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  Ela prendeu a respiração. Talvez aquela noite fosse mais inesperada do que imaginava.
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🎄🎄🎄

  O maître se aproximou da mesa onde estava, mantendo o tom discreto e a postura impecável. O homem parecia alheio à movimentação ao seu redor, girando a taça de vinho lentamente entre os dedos, como se estivesse em qualquer outro lugar, menos ali.
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  — Senhor , me desculpe incomodá-lo — o maître começou, esperando até que erguesse os olhos para continuar. — Há uma senhorita que também está sozinha esta noite e, como não temos mais mesas disponíveis, gostaríamos de saber se o senhor se importaria em dividir sua mesa com ela…
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   piscou lentamente, assimilando a informação. Sua primeira reação foi de relutância. Dividir a mesa? Com uma desconhecida? Ele havia planejado passar a noite sem interações desnecessárias, apenas jantando em silêncio antes de voltar para o quarto e fingir que o Natal não existia.
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  Seu olhar deslizou pelo salão lotado, passando pelos casais sorridentes e pelas famílias reunidas em conversas animadas. Sozinho em meio à multidão. Era algo que já deveria ter se acostumado, mas que sempre parecia pior em datas como essa.
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  Soltou um suspiro discreto antes de finalmente responder:
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  — Tudo bem.
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  O maître sorriu educadamente.
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  — Excelente, senhor . Muito obrigado. Vou trazê-la até aqui.
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   voltou a segurar sua taça de vinho, mas, agora, sua mente já não estava tão desligada quanto antes. Ele sequer sabia por que havia aceitado. Talvez pelo incômodo de parecer insensível ao negar, ou talvez porque, no fundo, estivesse cansado de passar por essa noite da mesma forma todos os anos.
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  Ele endireitou a postura e desviou o olhar para a entrada do salão. Poucos segundos depois, viu o maître retornando, acompanhado por uma mulher.
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  Seu vestido fluía suavemente enquanto ela caminhava, e, mesmo à distância, ele percebeu que havia algo nela… Um olhar carregado de algo familiar.
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  E foi ali, antes mesmo que ela se aproximasse por completo, que soube: essa noite seria diferente.
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🎄🎄🎄

  O maître caminhou com passos leves, guiando até a mesa onde a esperava. Ao chegarem, ele manteve o sorriso cortês, posicionando-se entre os dois.
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  — Senhor , esta é a senhorita — apresentou o maître, fazendo um gesto gentil na direção dela. — Senhorita , este é o senhor .
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   ofereceu um sorriso educado, tentando ignorar o leve constrangimento que sentia.
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  — Muito prazer, senhor . Espero não estar incomodando.
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   levantou-se ligeiramente, um reflexo de sua educação, e retribuiu o sorriso dela com um aceno sutil.
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  — De forma alguma. É um prazer conhecê-la, senhorita .
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  O maître, satisfeito com a interação inicial, puxou a cadeira para se sentar e, em seguida, fez uma leve reverência.
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  — Se precisarem de algo mais, por favor, me avisem.
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  Com isso, ele se afastou, deixando-os à sós na mesa decorada com uma pequena vela que lançava uma luz suave sobre eles.
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  Por um momento, o silêncio pairou entre os dois, enquanto cada um processava a peculiaridade da situação. foi o primeiro a quebrar o silêncio, sua voz calma e gentil.
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  — Parece que este hotel está mais cheio do que eu imaginava.
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   soltou uma risada leve, relaxando um pouco.
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  — Sim, parece que todos decidiram comemorar o Natal aqui este ano.
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  Ele inclinou a cabeça levemente, estudando-a com curiosidade.
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  — E o que trouxe você para cá, senhorita ?
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  Ela desviou o olhar por um instante, os dedos brincando com a borda da taça à sua frente.
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  — Talvez… o mesmo que trouxe você.
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  Os olhos de brilharam com uma faísca de reconhecimento. Não precisavam dizer mais nada para entender que, naquela noite, ambos buscavam algo que havia muito tempo deixaram de encontrar.
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  O silêncio entre os dois se prolongou, mas não era desconfortável. Pelo contrário, parecia carregado de uma compreensão silenciosa, como se ambos soubessem que aquele encontro inesperado tinha mais camadas do que aparentava.
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   observava discretamente o homem à sua frente, perguntando-se o que o teria levado a passar a véspera de Natal sozinho. Havia uma melancolia discreta em seu olhar, um peso invisível que ela reconhecia bem, porque também o carregava.
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  , por sua vez, se perguntava o mesmo sobre ela. Havia algo na forma como mexia distraidamente no tecido da mesa, como se estivesse perdida em pensamentos, que o fazia imaginar que ela, assim como ele, tinha suas próprias razões para estar ali, cercada de pessoas, mas completamente só.
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  Sem quebrar o silêncio, ergueu a mão e fez um discreto sinal para um garçom que passava por perto. O funcionário prontamente se aproximou, inclinando-se levemente em respeito.
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  — Uma taça para a senhorita, por favor — ele disse, sem sequer precisar perguntar se aceitava.
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  Ela ergueu as sobrancelhas, ligeiramente surpresa, antes de soltar um sorriso suave.
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  — Obrigada.
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   apenas assentiu, voltando a apoiar as mãos sobre a mesa enquanto o garçom se afastava. Ainda sem muitas palavras trocadas, eles apenas se olharam por um breve momento, como se estivessem tentando decifrar um ao outro.
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  Talvez aquela noite fosse, de fato, diferente.
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  — Você toma vinho branco, senhorita ? — piscou, ligeiramente surpresa, tanto pela fluidez impecável do inglês dele quanto pela forma como seu nome soou em sua voz. Por um instante, quase perguntou se ele não era americano, mas conteve a curiosidade.
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  — Tomo, sim — respondeu, um pequeno sorriso brincando em seus lábios. — Mas confesso que sou mais fã de vinho tinto.
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   assentiu lentamente, como se analisasse a resposta.
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  — Então, talvez eu devesse ter perguntado antes de pedir a taça.
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  Ela balançou a cabeça, a expressão tranquila.
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  — Está tudo bem. Acho que essa noite é sobre sair da rotina, não é?
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  Houve um brilho sutil nos olhos dele. Sair da rotina. Sim, aquilo definitivamente não fazia parte dos seus planos para a noite, mas, de alguma forma, não parecia errado.
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  O garçom retornou com a taça e a colocou diante de , enchendo-a com o vinho branco que estava na mesa antes de se retirar discretamente.
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  Ela pegou a taça entre os dedos, observando o líquido dourado sob a luz suave da vela.
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  — Então… um brinde? — sugeriu, erguendo a taça levemente.
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   arqueou uma sobrancelha, pegando sua própria taça e encontrando os olhos dela antes de perguntar:
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  — E brindaremos a quê?
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   pensou por um instante, um suspiro quase imperceptível escapando de seus lábios antes de dizer, baixinho:
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  — Ao inesperado.
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   segurou o olhar dela por um momento a mais, então assentiu, tocando sua taça na dela com um leve tilintar.
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  — Ao inesperado.
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  E, com isso, ambos levaram o vinho aos lábios, como se, por um instante, permitissem que aquela noite os surpreendesse.
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  Depois do brinde, o silêncio confortável se instalou novamente enquanto ambos observavam o salão ao redor. O hotel tinha se esforçado para criar uma atmosfera natalina perfeita: luzes douradas piscavam discretamente entre guirlandas de pinheiro, um grande lustre brilhava no centro do salão, e um imponente pinheiro decorado com enfeites vermelhos e dourados ocupava um canto estratégico, onde as pessoas paravam para tirar fotos.
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  As mesas estavam cheias de famílias rindo, casais trocando olhares apaixonados e crianças empolgadas com a promessa dos presentes que viriam depois da ceia. O ambiente era aquecido pelo murmúrio das conversas e pelo som suave da música clássica tocando ao fundo.
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   apoiou o queixo sobre a mão, observando uma garotinha que ria animadamente enquanto tentava pendurar um biscoito em forma de estrela na árvore de Natal. Um sorriso involuntário apareceu em seus lábios.
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  — Parece uma cena de filme, não é? — comentou, sem desviar o olhar.
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   seguiu o olhar dela e deu um pequeno sorriso, mas havia algo irônico na expressão dele.
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  — Para alguns, talvez.
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  Ela voltou a encará-lo, notando a sombra sutil em seus olhos.
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  — Você não gosta do Natal?
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  Ele girou a taça entre os dedos antes de responder:
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  — Já gostei.
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  Houve um instante de silêncio entre eles, carregado de significados não ditos.
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  — Acho que entendo — disse, enfim.
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   arqueou levemente as sobrancelhas.
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  — Entende?
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  Ela assentiu, soltando um suspiro leve.
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  — Quando se perde algo ou alguém importante, o Natal perde um pouco do brilho, não é?
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  Ele não respondeu imediatamente. Apenas observou por um momento, como se tentasse decidir se deveria perguntar mais. Então, bebeu um gole do vinho antes de dizer:
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  — Parece que temos mais em comum do que apenas uma mesa.
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   riu de leve, mas havia um toque melancólico em seu olhar.
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  — Talvez o destino tenha planejado isso.
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   inclinou a cabeça levemente, analisando-a.
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  — Você acredita nisso?
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  Ela pensou por um instante antes de responder, com um pequeno sorriso nos lábios:
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  — Não sei. Mas esta noite está me fazendo questionar algumas coisas.
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  Ele sustentou o olhar dela, sentindo que, pela primeira vez em muito tempo, talvez o espírito natalino não estivesse completamente perdido para ele.
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🎄🎄🎄

   recostou-se levemente na cadeira, ainda segurando a taça de vinho entre os dedos. Ele observou por um instante, como se a analisasse sob uma nova perspectiva.
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  — Então, se não acredita exatamente no destino, o que te trouxe aqui hoje?
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   soltou um pequeno suspiro, brincando com a haste da taça.
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  — Impulso, talvez. Ou cansaço.
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  — Cansaço?
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  Ela assentiu, desviando o olhar para o salão.
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  — De passar o Natal trancada no quarto fingindo que é só mais um dia qualquer.
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   não disse nada de imediato, mas um sorriso discreto surgiu em seus lábios.
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  — Bom, nesse caso, estamos empatados.
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   ergueu as sobrancelhas.
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  — Você também ia ficar no quarto?
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  — Até que meu sócio e amigo decidiu que eu precisava de um pouco de “vida social” e reservou essa mesa para mim já que eu estou hospedado aqui.
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  Ela soltou uma risada baixa.
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  — Eu mesma tive que me convencer. Acho que nunca fui muito boa nisso.
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  — Em socializar?
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  — Em fingir que está tudo bem.
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  Houve um instante de silêncio, onde apenas os ruídos das conversas ao redor preenchiam o espaço entre eles. Então, quebrou a pausa, inclinando levemente a cabeça.
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  — E você sempre passa o Natal assim?
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  Ela hesitou por um momento antes de responder:
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  — Desde que perdi alguém muito importante.
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   não precisou perguntar mais nada. Ele entendia. Entendia perfeitamente.
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  — Também perdi alguém — disse, a voz um pouco mais baixa. — E o Natal nunca mais foi o mesmo depois disso.
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   olhou para ele, surpresa pela confissão espontânea.
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  — Quem?
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  Ele bebeu um gole de vinho antes de responder:
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  — O amor da minha vida. — A voz de saiu baixa, mas firme.
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   piscou, surpresa.
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  — Você… também?
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  Ele assentiu, girando a taça de vinho em mãos sem realmente prestar atenção nela.
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  — Estávamos juntos há anos. Eu achava que nada poderia nos separar, até que… o destino decidiu o contrário.
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  — Como aconteceu?
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   hesitou por um momento antes de responder.
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  — Um acidente de carro. Rápido, inesperado… e irreversível.
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  O silêncio que se seguiu foi pesado. conhecia bem aquela sensação de impotência, o vazio que nenhuma palavra conseguia preencher.
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  — No meu caso, foi uma doença. — Sua voz saiu mais baixa do que pretendia. — Passamos meses lutando, acreditando que o tempo estava ao nosso favor… mas não estava.
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  Os dois se encararam por um instante, como se finalmente compreendessem o que tinham em comum. Não era apenas a descrença no espírito natalino, nem a solidão naquela noite específica. Era a ausência de alguém que um dia tornou aquela data especial.
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  — Depois disso, o Natal nunca mais significou nada para mim — confessou .
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  — Para mim também não. — soltou um suspiro, desviando o olhar para as luzes douradas que piscavam pelo salão. — Na verdade, acho que eu nunca odiei tanto essa época quanto agora.
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   assentiu devagar.
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  — Quanto tempo faz?
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  Ele passou os dedos pela borda da taça, hesitante.
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  — Um ano. Fez no começo de dezembro.
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  Ela percebeu a tensão em seu maxilar, o modo como suas mãos pareciam rígidas ao redor do vidro.
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  — Deve estar sendo difícil — comentou em um tom compreensivo.
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   soltou uma risada sem humor.
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  — Difícil? Eu nem sei dizer o que é pior: o fato de que já passou um ano e parece que foi ontem, ou o medo de que, daqui a um tempo, pareça que nunca aconteceu.
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   sentiu um aperto no peito.
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  — Eu te entendo.
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  Ele ergueu os olhos para ela, esperando que continuasse.
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  — Faz um ano e meio pra mim. — Ela respirou fundo antes de continuar. — Foi em novembro.
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   franziu o cenho, compreendendo o que aquilo significava.
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  — Então o Natal veio logo depois, assim como para mim.
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  Ela assentiu.
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  — Sim. E foi como se o mundo inteiro estivesse celebrando enquanto eu…
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  Sua voz falhou, e ela desviou o olhar. Ele entendeu. Não precisava de palavras para saber o que vinha depois daquela frase.
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  — Todos seguem em frente como se nada tivesse mudado — completou ele, num tom amargo.
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   soltou uma risada breve, sem alegria.
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  — Exatamente. Eu via as ruas iluminadas, as músicas tocando, as pessoas fazendo listas de presentes… e tudo que eu conseguia pensar era como o tempo não parou nem por um segundo para reconhecer o que eu tinha perdido.
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   passou a língua pelos lábios, pensativo.
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  — Eu também achei que o tempo fosse parar. Pelo menos um pouco. Mas não parou. Nem diminuiu o ritmo. Pelo contrário…
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  — Só seguiu em frente. — concluiu, e ele assentiu.
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  Os dois ficaram em silêncio, observando o salão ao redor. As famílias rindo, os casais trocando olhares apaixonados, as crianças correndo entre as mesas como se a felicidade fosse a única coisa possível no mundo.
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  — Às vezes, eu me pergunto se um dia vou conseguir olhar para essa época do ano sem sentir que falta um pedaço de mim.
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  — Eu também — murmurou. — Mas, sinceramente? Não sei se quero.
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   virou o rosto para ele, intrigada.
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  — Como assim?
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  Ele deu de ombros, apoiando um dos braços na mesa.
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  — Parece errado. Como se, ao seguir em frente, eu estivesse esquecendo. E esquecer…
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  — Seria o mesmo que apagar tudo o que viveram.
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   assentiu devagar.
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  — E eu não quero isso.
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   sentiu um nó na garganta. Porque, pela primeira vez desde que tudo aconteceu, alguém colocava em palavras exatamente o que ela sentia.
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  O silêncio entre eles não era desconfortável, mas era denso. Carregado.
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   girou a taça entre os dedos, observando o vinho refletir a luz suave do salão. Sentia um peso familiar no peito, aquele que parecia nunca se dissipar completamente. Mas, ao mesmo tempo, algo diferente começava a surgir ali — um alívio sutil, quase imperceptível. Como se, pela primeira vez em muito tempo, ele não precisasse carregar tudo aquilo sozinho.
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   sentiu algo parecido.
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  Era estranho. Era contraditório.
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  O vazio ainda estava lá, como sempre esteve, mas por um instante, foi como se uma fresta de luz tivesse se infiltrado por entre as rachaduras. Não mudava nada. Não fazia a dor desaparecer. Mas tornava tudo… menos insuportável.
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  Ela nunca tinha conseguido colocar em palavras o que sentia sem parecer amarga. Nunca tinha conseguido explicar a alguém por que evitava o Natal sem receber olhares piedosos ou conselhos vazios sobre “seguir em frente”. Mas não ofereceu nada disso. Ele apenas entendeu.
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  E aquilo a aquecia e doía ao mesmo tempo.
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  Porque, no fundo, não era justo que ele entendesse tão bem.
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  Que alguém como ele — alguém que, de alguma forma, parecia tão forte e ao mesmo tempo tão perdido — também carregasse um luto que fazia tudo parecer mais cinza.
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  Os olhos de vagaram pelo salão, pela alegria espalhada em cada mesa, cada olhar, cada riso solto no ar. Por um instante, ela sentiu que não pertencia àquele lugar. Mas quando voltou a encarar , percebeu que ele também estava olhando ao redor com a mesma expressão vazia.
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  Eles não pertenciam ali.
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  Mas, de alguma forma… pertenciam um ao outro naquele momento.
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  E isso era, ao mesmo tempo, reconfortante e devastador.
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  Os garçons começaram a circular pelo salão, equilibrando com destreza as bandejas prateadas com as entradas do jantar natalino. O aroma envolvente de especiarias, queijo derretido e ervas frescas pairava no ar, misturando-se ao leve tilintar de talheres e ao burburinho de conversas animadas.
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  Quando um dos garçons parou ao lado deles e colocou os pratos à mesa, respirou fundo. A conversa anterior ainda pairava entre os dois como uma névoa densa, e ela sentiu que precisava de um desvio, mesmo que temporário.
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  — Parece que o jantar começou oficialmente — comentou, pegando os talheres e analisando o prato à sua frente.
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   assentiu, também aceitando a mudança de assunto.
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  — Você costuma passar o Natal viajando? — perguntou, enquanto experimentava a primeira garfada.
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  — Não. Na verdade, esta é a primeira vez que decido sair do meu casulo nessa época do ano.
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  Ele ergueu uma sobrancelha, curioso.
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  — E por que resolveu mudar isso?
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   hesitou por um segundo antes de dar de ombros.
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  — Acho que me dei conta de que ficar trancada no quarto não mudaria nada.
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   assentiu lentamente, compreendendo o que ela queria dizer.
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  — Então posso dizer que somos dois em uma tentativa falha de fingir que essa data ainda significa alguma coisa.
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  — Talvez — ela concordou, com um pequeno sorriso. — E você? O que fez sair do seu casulo?
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  Ele pousou os talheres por um momento, pensativo.
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  — Foi uma decisão de última hora. Um impulso, talvez. Achei que… estar cercado de pessoas faria alguma diferença.
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   observou a expressão dele, vendo a mesma incerteza que ela carregava.
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  — E está fazendo?
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   soltou um leve suspiro, desviando o olhar para o salão iluminado.
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  — Ainda não tenho certeza.
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  Ela sorriu de leve, voltando a atenção para o prato.
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  — Pelo menos a comida parece boa.
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  Ele soltou um riso baixo.
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  — Sim, pelo menos isso.
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  E, por enquanto, aquilo era o suficiente.
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🎄🎄🎄

  O jantar continuava, e aos poucos o clima ao redor deles se tornava menos pesado. Não era exatamente leve, mas havia uma naturalidade estranha no jeito como conversavam, como se já tivessem feito isso antes.
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   empurrou a taça de vinho devagar sobre a mesa antes de perguntar:
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  — E então, senhorita … o que você faz quando não está tentando fingir que o Natal não existe?
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  Ela soltou um pequeno riso nasalado, apreciando o tom casual da pergunta.
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  — Trabalho com restauração de livros antigos.
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  Os olhos dele brilharam com um interesse genuíno.
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  — Sério? Isso parece fascinante.
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  Ela deu de ombros, brincando com a borda da taça.
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  — Para mim é. Sempre gostei de histórias, sempre fui obcecada pela ideia de preservar algo que já teve importância para alguém. Cada livro tem um passado, uma história dentro da história.
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   inclinou a cabeça levemente, refletindo sobre o que ela disse.
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  — Nunca tinha pensado por esse ângulo… mas faz sentido.
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  Ela ergueu a sobrancelha, curiosa.
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  — E você? O que faz da vida?
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  — Fotografia.
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  — Ah, então você também preserva histórias — observou , e ele sorriu de lado.
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  — De certa forma, sim. Mas, ao contrário de você, eu capturo o presente, o instante.
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  Ela assentiu devagar.
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  — Isso explica por que você parece sempre estar observando tudo ao redor.
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  — Hábito profissional. E um pouco de personalidade também.
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  O garçom recolheu os pratos vazios e serviu outra rodada de vinho.
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  — Você trabalha com fotografia artística?
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   negou com um leve balançar de cabeça.
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  — Fotojornalismo. Já passei por algumas partes do mundo cobrindo histórias que nem sempre são bonitas de se contar.
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   franziu o cenho.
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  — E isso não pesa em você?
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  Ele suspirou, olhando de relance para o salão antes de voltar a encará-la.
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  — Pesa. Mas eu prefiro contar as histórias do que fingir que elas não existem.
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  Houve um silêncio breve entre os dois, um entendimento compartilhado.
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  — E você, ? Sempre quis trabalhar com livros?
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  Ela hesitou por um momento, bebendo um gole do vinho antes de responder:
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  — Sempre. Mas no começo eu queria escrever. Quando era criança, passava horas inventando histórias. Meu sonho era ser uma grande autora um dia.
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  — O que aconteceu?
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  Ela sorriu de leve, mas havia um resquício de melancolia ali.
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  — A vida aconteceu.
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   não pressionou. Ele entendia.
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  — Ainda escreve?
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  — Não como antes… Mas de vez em quando.
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  Ele observou-a por um instante e então disse:
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  — Acho que você deveria voltar a escrever.
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   piscou, surpresa com a afirmação.
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  — Por quê?
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  — Porque sua forma de ver as histórias é especial. Você enxerga significado nas coisas. E isso é algo que o mundo precisa.
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  Ela não soube o que responder. Por um momento, apenas o encarou, sentindo algo diferente dentro de si. Uma faísca. Pequena, mas existente.
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  Talvez, depois de tanto tempo, ela estivesse voltando a se enxergar de uma maneira diferente. E talvez, só talvez, aquele encontro inesperado tivesse algo a ver com isso.
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🎄🎄🎄

  — Você é de onde, senhor ? Desculpe a pergunta… — ela perguntou depois de terminar de mastigar e engolir o queijo que havia levado aos lábios.
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  — Por favor, me chame de ! — Ele sorriu de leve, repousando a taça sobre a mesa antes de responder. — Nasci e cresci na China, mas me mudei para os Estados Unidos há alguns anos… mas por causa do trabalho, estou sempre viajando.
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   assentiu, interessada.
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  — Pensando bem, isso do jornalismo fotográfico explica seu olhar observador.
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   ergueu as sobrancelhas, surpreso.
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  — Meu olhar observador?
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  — Sim. — riu de leve. — Você parece analisar tudo ao seu redor… Como se estivesse estudando cada detalhe, como se quisesse entender as histórias por trás das coisas.
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  Ele ponderou por um instante antes de assentir.
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  — Acho que faz sentido. E você, senhorita ? De onde vem?
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  — Me chame só de , também! Londres — respondeu, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Mas moro em Nova Iorque há alguns anos.
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  — E o que trouxe você para cá?
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  Ela deu um sorriso pequeno, mas não respondeu de imediato. Em vez disso, pegou a taça e bebeu um gole do vinho, como se estivesse escolhendo as palavras certas.
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  — Talvez… a tentativa de sair da rotina.
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   notou o jeito que ela desviou o olhar, e por um instante, sentiu que havia mais por trás daquela resposta. Ele não insistiu, mas guardou a informação.
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  — Nova Iorque é um lugar interessante… agitado, intenso.
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  — Sim… — soltou um suspiro leve. — Mas, às vezes, até mesmo na cidade que nunca dorme, a solidão encontra um jeito de nos alcançar, não é?
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  Houve um breve silêncio. a observou por um momento antes de concordar com um aceno sutil.
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  — Sim… encontra.
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  O garçom se aproximou da mesa com um sorriso cordial.
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  — Está tudo ao gosto dos senhores?
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   e trocaram um olhar rápido antes de assentir.
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  — Sim, tudo ótimo — respondeu , repousando o guardanapo sobre o colo.
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  — Perfeito — acrescentou, levantando a taça de vinho e girando o líquido de leve.
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  — Fico feliz. Caso precisem de algo, é só chamar — disse o garçom antes de se afastar para atender outra mesa.
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   serviu mais vinho para os dois, e quando pegou a taça, seus dedos roçaram sutilmente os dele. Um detalhe pequeno, mas que os fez trocar olhares por um instante.
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  — Você trabalha com restauração de livros, certo? — Ele retomou a conversa enquanto apoiava o cotovelo na mesa e repousava o queixo sobre a mão.
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  — Sim — ela sorriu, animada por falar sobre o que gostava. — Eu restauro livros antigos e manuscritos raros, principalmente de arquivos históricos. Acho fascinante dar nova vida a algo que, de outra forma, se perderia no tempo.
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   a observou com interesse, absorvendo cada palavra.
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  — É curioso… Eu trabalho de maneira parecida, mas com imagens.
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  — Sim! — arregalou os olhos, surpresa. — Você mencionou que trabalha com fotojornalismo, não foi?
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  — Exato. Sempre gostei de contar histórias através de imagens, capturar momentos que, de outra forma, poderiam ser esquecidos. Mas, ultimamente, tenho me concentrado mais na restauração de fotografias antigas… — Ele girou a taça entre os dedos. — Tem algo especial em trazer de volta algo que o tempo tentou apagar.
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   sorriu, sentindo um estranho senso de familiaridade naquela conversa.
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  — Então nós dois trabalhamos para preservar memórias.
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  — Parece que sim. — inclinou levemente a cabeça, intrigado com aquela nova descoberta.
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  Ela riu de leve, balançando a cabeça.
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  — Isso é estranho. Nunca conheci alguém que entendesse tão bem essa sensação… de querer segurar o passado com as mãos.
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  Ele a encarou por um instante, sentindo uma conexão silenciosa entre eles.
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  — Talvez porque sabemos o que significa perder algo que nunca poderá ser recuperado.
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  O sorriso dela vacilou, e por um momento, os dois se perderam naquelas palavras. Era verdade. Eles entendiam a dor da perda mais do que gostariam.
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  O vinho suavizou o silêncio, mas o ar entre eles estava diferente agora. Havia um entendimento mútuo ali, algo que os fazia sentir que, pela primeira vez em muito tempo, não estavam tão sozinhos quanto imaginavam.
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🎄🎄🎄

   pousou a taça de vinho na mesa e inclinou levemente a cabeça, observando com curiosidade.
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  — Você mencionou mais cedo que tem um sócio… Por que ele não está aqui com você?
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   soltou um riso breve, quase sem humor, antes de tomar mais um gole de vinho.
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  — Ele ficou nos Estados Unidos com a família. Nós dois tínhamos alguns projetos para finalizar antes do fim do ano, mas eu decidi viajar sozinho.
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  — E escolheu justamente um hotel lotado para passar o Natal? — Ela arqueou uma sobrancelha, uma leve provocação em sua voz.
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  Ele sorriu de canto, girando a taça entre os dedos.
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  — Pois é… Talvez não tenha sido a melhor escolha.
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  — Ou talvez tenha sido — ela disse, sem pensar muito, e então desviou o olhar para o ambiente ao redor.
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   a observou por um instante, ponderando aquelas palavras. Se alguém lhe dissesse algumas horas atrás que ele acabaria tendo uma conversa tão envolvente naquela noite, teria duvidado. Mas ali estava ele, sentado diante de , descobrindo pequenas coincidências e sentindo um tipo de conexão que há muito tempo não experimentava.
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  — E você? — Ele quebrou o breve silêncio. — O que a fez mudar de ideia e sair do quarto hoje?
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   abriu um pequeno sorriso, mas havia algo melancólico em seu olhar.
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  — Talvez o mesmo motivo que te trouxe aqui.
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  Os dois se encararam por alguns segundos, sem precisar dizer mais nada.
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🎄🎄🎄

  O som suave de um violão preencheu o salão, seguido pelo timbre agradável da vocalista, que começou a cantar uma versão acústica de uma clássica canção natalina. O burburinho de conversas se tornou mais ameno à medida que os convidados passavam a prestar atenção na apresentação.
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   e desviaram o olhar para o pequeno palco montado em um canto do salão, onde uma banda tocava com uma formação simples: violão, contrabaixo acústico e percussão leve. A atmosfera ficou mais intimista, e não pôde evitar um pequeno sorriso ao reconhecer a melodia.
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  — Eu gosto desse arranjo — comentou, girando a taça de vinho entre os dedos.
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  — Você gosta de música ao vivo? — perguntou, a voz baixa para não interferir no momento.
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  — Muito. Especialmente esse estilo mais acústico. Na verdade, prefiro versões assim a gravações de estúdio. Gosto quando a música parece mais… orgânica.
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  Ele assentiu, interessado.
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  — Concordo. Sempre achei que a música ao vivo tem uma emoção diferente. Cada apresentação pode ser única.
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  — Exato! — Ela sorriu, empolgada por encontrar alguém que entendia seu ponto de vista. — Eu costumava frequentar alguns bares de jazz e folk, sempre buscando esse tipo de experiência.
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  — Jazz e folk? — Ele arqueou uma sobrancelha, parecendo surpreso. — Então imagino que sua playlist tenha um pouco de blues também.
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  Ela soltou um riso breve.
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  — Como adivinhou?
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  — Digamos que tenho um palpite. — Ele recostou-se na cadeira, um leve sorriso no rosto. — Sempre gostei desses gêneros também. Na verdade, comecei a fotografar shows quando ainda era estudante.
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  — Sério?
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  — Sim. Eu era aquele cara que ficava no fundo das casas de show, com uma câmera na mão, tentando capturar a emoção dos músicos e do público.
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  — Isso é incrível. Você ainda faz esse tipo de trabalho?
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  — Quando tenho oportunidade, sim. Mas hoje em dia, com o fotojornalismo, acabo fotografando mais eventos e reportagens.
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  Ela pareceu refletir por um momento antes de continuar:
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  — Nunca fui boa com câmeras, mas sempre admirei quem tem esse olhar para capturar momentos.
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  — E eu sempre admirei quem trabalha com livros. Restaurar histórias… deve ser fascinante.
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   sorriu, tocada pela forma como ele falou.
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  — Parece que temos mais em comum do que imaginávamos.
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  — Parece que sim.
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  Eles trocaram um olhar significativo enquanto a banda começava uma nova música. A conversa fluía naturalmente, e pela primeira vez naquela noite, o peso da solidão parecia um pouco menos sufocante.
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  A conversa entre e continuou fluindo com uma leveza que nenhum dos dois esperava. O vinho ajudava a deixar as palavras mais soltas, mas havia algo mais ali: uma sintonia curiosa, uma sensação de familiaridade inesperada.
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  — E então, além da música, tem mais algum passatempo secreto? — perguntou, apoiando o cotovelo na mesa enquanto girava suavemente a taça entre os dedos.
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  — Hm… deixa eu ver. — Ele fingiu pensar. — Sou péssimo em esportes, mas gosto de correr de manhã. Não por diversão, mas porque me ajuda a organizar os pensamentos.
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  Ela ergueu as sobrancelhas, interessada.
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  — Engraçado, eu faço ioga pelo mesmo motivo.
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  — Mais uma coincidência.
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  — Definitivamente.
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   sorriu e tomou mais um gole de vinho antes de perguntar:
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  — E você? Algum hobby além dos livros?
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  — Acho que cozinhar conta?
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  — Se você gosta de cozinhar, com certeza conta.
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  — Gosto bastante, especialmente receitas antigas. Sempre me fascinou o fato de que a comida também pode contar histórias.
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  Ele inclinou a cabeça levemente, impressionado.
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  — Nunca pensei por esse ângulo, mas faz sentido. Algumas das minhas melhores lembranças da infância são ligadas à comida.
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  — O que me lembra… Qual o seu prato favorito?
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  — Não consigo escolher um só. Mas se tivesse que escolher algo que sempre me traz conforto, seria uma sopa caseira. Minha mãe fazia uma incrível nos invernos frios.
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  Ela riu.
  — Ótima escolha. Mas, preciso dizer, minha avó fazia uma torta de maçã que poderia mudar vidas.
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  — Sério?
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  — Absolutamente.
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  Os dois sorriram, e por um momento, ficaram em silêncio, apenas absorvendo a música suave ao fundo. O salão estava tomado por uma aura aconchegante, com luzes cintilantes refletindo nos copos e talheres. O burburinho das conversas se misturava ao som da banda, criando um ambiente acolhedor.
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  Então, o aroma delicioso dos pratos quentes começou a se espalhar pelo salão. Os garçons surgiram trazendo travessas fumegantes, começando a servir a ceia de Natal.
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  — Parece que estamos prestes a provar se essa comida faz jus ao requinte do hotel — comentou, observando enquanto os pratos eram colocados à mesa.
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  — Espero que sim — respondeu, pegando os talheres.
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  E com isso, o jantar começou, acompanhado de mais sorrisos, trocas de olhares e a crescente sensação de que aquela noite não era apenas mais um Natal solitário.
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🎄🎄🎄

  Depois que a sobremesa foi servida e o jantar de Natal chegou ao fim, o salão começou a esvaziar aos poucos. Casais saíam de mãos dadas, famílias seguiam animadas rumo aos quartos ou ao lounge do hotel, ainda envoltas pelo espírito da noite.
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   e caminharam lado a lado até a saída do salão, sem pressa, como se nenhum dos dois quisesse encerrar aquele momento. O brilho quente das luzes natalinas refletia em seus rostos, e, por um breve instante, o silêncio entre eles pareceu mais significativo do que qualquer palavra.
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  Cada um, perdido nos próprios pensamentos.
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   se perguntava o que, exatamente, estava acontecendo ali. Ela não costumava baixar a guarda, muito menos compartilhar suas dores com um estranho. Mas não parecia um estranho. Ele entendia. E isso era assustadoramente confortável.
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  , por sua vez, nunca tinha imaginado passar aquela noite na companhia de alguém que não apenas o entendia, mas também o fazia sentir que, talvez, o peso da solidão não precisasse ser permanente.
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  Foi ele quem quebrou o silêncio primeiro:
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  — E se déssemos uma volta?
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  Ela franziu a testa levemente.
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  — Uma volta?
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  — Sim. Vamos caminhar um pouco pela cidade. Ver as luzes de Natal.
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   hesitou por um segundo. Mas então olhou para ele e percebeu algo nos olhos de que refletia exatamente o que ela mesma sentia: uma necessidade inexplicável de prolongar aquela noite, de não voltar tão cedo para a solidão do quarto de hotel.
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  — Tudo bem — ela disse, finalmente. — Vamos ver as luzes.
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  E juntos, sem saber exatamente para onde aquela caminhada os levaria, eles caminharam até a recepção do hotel, prontos para encararem a noite fria de Natal.
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  Assim que saíram para a rua, o vento frio da noite de Natal os envolveu, fazendo estremecer instintivamente. Reflexo automático, ela levou as mãos até os ombros, como se pudesse se proteger do frio apenas com o próprio toque.
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   percebeu o gesto imediatamente. Sem dizer nada, começou a tirar o paletó que vestia.
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  — Aqui — disse, estendendo-o para ela.
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  — Você vai sentir frio.
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  — Eu estou acostumado — ele deu de ombros, oferecendo um pequeno sorriso. — Aceite. Considere um presente de Natal.
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  Ela hesitou por um instante, mas a brisa gelada fez a escolha por ela. Com um aceno de cabeça, pegou o paletó e o vestiu, sentindo o calor sutil que ainda restava do corpo dele no tecido.
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  — Obrigada — murmurou, puxando a peça um pouco mais contra si.
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   apenas assentiu e colocou as mãos nos bolsos da calça.
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  — Por onde começamos? — ele perguntou, olhando para as ruas iluminadas à frente.
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   inspirou fundo e então apontou para um lado da avenida, onde as luzes piscavam com mais intensidade.
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  — Que tal por ali?
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  — Perfeito.
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  E, lado a lado, os dois começaram a caminhar pela cidade silenciosa, envolta no brilho das luzes natalinas.
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🎄🎄🎄

  Enquanto caminhavam lado a lado, os passos sincronizados sem que percebessem, o silêncio entre eles não era desconfortável, mas sim contemplativo. As ruas estavam enfeitadas com luzes cintilantes, vitrines decoradas exibiam cenas natalinas, e um coral infantil cantava uma melodia suave em um dos cantos da praça. Mas nada disso parecia alcançar o vazio que ambos carregavam.
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  Foi quem rompeu o silêncio primeiro.
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  — Eu evito sair nessa época do ano. — Sua voz saiu baixa, quase como uma confissão. — Eu provavelmente estaria trancada no meu quarto, dormindo. Tenho achado mais fácil assim.
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   desviou o olhar das luzes coloridas e fixou nele.
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  — Eu entendo.
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  Ela soltou uma risada sem humor.
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  — Honestamente, acho que poucas pessoas entendem o que é perder alguém e sentir como se uma parte sua tivesse sido arrancada junto.
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  Ele respirou fundo, assentindo.
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  — Faz um ano. — Sua voz saiu um pouco rouca, carregada de lembranças. — Um ano que eu tento não pensar nisso, mas, ao mesmo tempo, penso o tempo todo.
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   o observou por um momento, vendo no olhar dele um espelho do próprio sofrimento.
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  — Em novembro, eu praticamente nem saio de casa.  Então, quando chega dezembro… — Ela fez um gesto vago com a mão. — O Natal se tornou apenas uma lembrança dolorosa.
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   desviou o olhar para o chão por um momento, processando aquelas palavras.
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  — Eu achava que, com o tempo, ia doer menos. Mas parece que certas ausências só se tornam mais pesadas com o passar dos dias.
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   assentiu, abraçando o paletó dele um pouco mais contra si.
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  — Sim… Como se o mundo inteiro seguisse em frente e você ficasse preso no mesmo lugar.
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  Ele suspirou, encarando o céu noturno.
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  — Você ainda sonha com essa pessoa?
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  Ela demorou um instante para responder, como se ponderasse se deveria ser sincera. Mas algo nele a fazia querer ser.
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  — Sim. Algumas noites são piores que outras. E você?
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  — Também. — Ele apertou os lábios por um segundo antes de continuar: — Às vezes, sonho que ainda está aqui. Acordo e, por alguns segundos, esqueço que tudo mudou. Aí a realidade volta como um golpe.
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   engoliu em seco.
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  — Exatamente assim.
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  Eles se entreolharam, e por um instante, o peso daquela conversa parecia insuportável. Mas, ao mesmo tempo, havia um tipo de conforto em saber que alguém entendia. Alguém que não tentava dizer que “o tempo curava tudo” ou que “era hora de seguir em frente”.
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  Era apenas… real.
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  E, pela primeira vez em muito tempo, talvez não estivessem tão sozinhos quanto pensavam.
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  O vento frio cortava a noite, fazendo se encolher um pouco mais no paletó de . Ele percebeu o gesto e, sem pensar muito, subiu a gola da peça sobre seus ombros, como se quisesse protegê-la um pouco mais.
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  — Obrigada — ela murmurou, lançando-lhe um olhar rápido.
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  — Você ainda está tremendo — ele notou, franzindo o cenho. — Quer entrar em algum lugar? Um restaurante, talvez?
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  Ela balançou a cabeça devagar.
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  — Não… Eu gosto do frio. — Um sorriso pequeno surgiu nos lábios dela. — Me faz sentir viva.
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  Ele a observou por um instante, absorvendo aquelas palavras, e então desviou o olhar para as luzes piscando ao redor.
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  — Às vezes eu também preciso sentir algo que me lembre que ainda estou aqui — confessou.
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   sentiu um aperto no peito.
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  O que estava acontecendo ali?
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  Não era apenas a melancolia compartilhada. Havia algo mais. Algo silencioso, mas presente.
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  Quando ele olhou para ela de novo, demorou um pouco mais do que deveria. Os olhos se encontraram, e dessa vez nenhum dos dois desviou.
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   abriu um pequeno sorriso, o primeiro que via nele naquela noite.
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  — Acho que te entendo mais do que deveria.
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  Ela sorriu de volta, sentindo um calor estranho se espalhar por seu peito.
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  Talvez fosse o vinho.
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  Ou talvez fosse algo que ela não estava pronta para nomear ainda.
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  — Quer continuar andando? — perguntou ele, ainda a olhando.
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   assentiu, e então, sem perceber, seus passos se tornaram mais próximos.
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  Quase imperceptivelmente, suas mãos se esbarraram.
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  E nenhum dos dois se afastou.
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🎄🎄🎄

  A praça estava lindamente decorada, com luzes piscando entre os galhos das árvores e guirlandas penduradas nos postes. Um grande trenó vermelho brilhava no centro, cercado por figuras de renas iluminadas. Turistas tiravam fotos animadamente, alguns posando em frente à enorme árvore de Natal enfeitada com bolas douradas e fitas cintilantes.
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   e pararam perto de um dos bancos, observando a cena ao redor.
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  — Interessante como as pessoas querem registrar tudo — ele comentou, vendo um casal tirar várias selfies em frente à árvore.
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  — Talvez seja o jeito delas de guardar a felicidade — respondeu suavemente.
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  Ele refletiu sobre isso. Fazia tempo que não via felicidade como algo digno de ser guardado. Nos últimos meses, felicidade parecia uma lembrança distante, algo que pertencia a outra vida.
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  O silêncio se instalou entre eles, mas não era desconfortável.
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   virou um pouco o rosto e observou de perfil. As luzes douradas refletiam em seus olhos e destacavam a suavidade de seus traços. A forma como ela olhava para a decoração, com um brilho quase nostálgico, a fez parecer ainda mais bonita.
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  E isso o atingiu como um soco.
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  Ele não deveria estar pensando nisso.
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  Não deveria estar achando alguém bonita, não deveria estar sentindo esse calor inesperado dentro do peito. Seu coração ainda pertencia ao passado, ainda doía, ainda não estava pronto para nada disso.
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  Ele desviou o olhar rapidamente, apertando os lábios em culpa.
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  , alheia ao conflito interno de , virou-se para ele e, pela primeira vez naquela noite, percebeu realmente os detalhes de seu rosto. A forma como sua expressão ficava séria quando estava perdido em pensamento. A suavidade do contorno de sua boca. O brilho contido nos olhos escuros.
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  E então sentiu um leve aperto no estômago.
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  Ela inspirou fundo e afastou o olhar.
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  O que estava acontecendo com ela?
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  Não podia ser atração. Não podia ser nada. Eles só estavam conversando, compartilhando uma dor semelhante. Isso não significava que algo além da compreensão mútua deveria acontecer.
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  Ela cruzou os braços, abraçando-se de leve, e olhou para o céu escuro.
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  O Natal nunca mais tinha significado nada para ela.
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  Então por que, naquele momento, tudo parecia diferente?
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🎄🎄🎄

  Eles continuaram caminhando, as mãos enfiadas nos bolsos, os passos lentos e sem pressa, como se estivessem prolongando o momento sem nem perceber. A cidade estava viva naquela noite, apesar do frio. O Natal parecia pulsar em cada rua iluminada, nos sorrisos das pessoas, no som distante de músicas alegres que escapavam dos estabelecimentos.
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  Foi então que passaram por um barzinho de esquina, pequeno e aconchegante, com luzes quentes penduradas na fachada. A porta estava aberta, deixando escapar o som de risadas e de uma música animada que tocava ao fundo. Lá dentro, algumas pessoas bebiam e conversavam alto, algumas dançavam despreocupadamente perto do balcão, embaladas pela atmosfera festiva.
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   parou por um instante, observando a cena. fez o mesmo ao seu lado.
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  — Engraçado, não é? — ela comentou, observando um grupo de amigos brindando alegremente. — Como algumas pessoas conseguem seguir em frente… seguir vivendo, independente do que tenham passado.
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  — Talvez seja mais fácil para algumas delas — murmurou. — Ou talvez só estejam fingindo muito bem.
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  Ela assentiu devagar.
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  Por um instante, trocaram um olhar silencioso. Não precisavam dizer nada. Ambos entendiam o que o outro sentia.
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  Então, quase ao mesmo tempo, soltaram um suspiro.
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  — Vamos entrar? — ele sugeriu, inclinando levemente a cabeça para o bar.
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  Ela hesitou por um momento, mas depois deu um meio sorriso e concordou.
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  — Vamos.
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  Sem pensar muito, os dois atravessaram a porta do bar, sentindo o calor agradável do ambiente os envolver. Era um calor diferente do vinho e das luzes natalinas lá fora. Talvez fosse só o efeito do momento. Ou talvez fosse algo mais…
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  O bar era aconchegante, com paredes de tijolos aparentes e um balcão de madeira rústico. Algumas luzes de Natal estavam penduradas ao longo das prateleiras repletas de garrafas coloridas. No fundo, um pequeno espaço servia de pista improvisada, onde algumas pessoas dançavam ao som de uma banda que tocava versões acústicas de músicas populares.
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   e caminharam até o balcão e se sentaram em dois bancos altos. O bartender, um homem simpático de meia-idade, logo veio atendê-los.
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  — O que vão querer?
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   olhou para , como se esperasse que ele escolhesse primeiro.
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  — Whisky duplo, sem gelo — ele respondeu, e então virou-se para ela. — E você?
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  Ela pensou por um instante, depois sorriu de leve.
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  — O mesmo.
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   ergueu as sobrancelhas, surpreso, mas não disse nada. Apenas observou enquanto o bartender preparava os dois copos e os entregava.
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  — Um brinde? — ele sugeriu.
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  Ela inclinou a cabeça, curiosa.
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  — A quê dessa vez?
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   pensou por um instante antes de responder.
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  — Aos que se perderam. E aos que continuam.
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   prendeu a respiração por um segundo. Havia algo naquela frase que a atingiu mais do que deveria.
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  Mas ela apenas assentiu, tocando seu copo no dele.
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  — Aos que continuam.
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  Ambos beberam ao mesmo tempo, sentindo o calor do álcool descer pela garganta.
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  Por um momento, o silêncio se instalou entre eles outra vez. Aqueles silêncios não incomodavam, eles eram quase como um entendimento tácito.
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  O clima do bar era leve, envolvente, e quando a banda começou a tocar uma melodia mais animada, alguns casais se levantaram para dançar. observou a cena por alguns instantes, e então sentiu o olhar de sobre ela.
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  — Você dança? — ele perguntou, sua voz soando mais baixa, como se estivesse testando a reação dela.
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   soltou uma risada curta, balançando a cabeça.
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  — Faz tempo que não danço.
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  — Eu também.
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  Um novo silêncio se instalou, mas dessa vez algo parecia diferente.
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  Era sutil, mas estava ali.
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  Eles se encararam por um pouco mais de tempo do que o necessário.
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  E então, sem dizer nada, estendeu a mão.
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  — Vamos tentar?
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  Ela hesitou por um segundo, o coração acelerando sem que pudesse evitar.
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  Mas então, contra todas as expectativas, pousou a mão na dele.
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  E juntos, sem pressa, caminharam até a pista.
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  A música tinha um ritmo suave, com acordes de violão e uma percussão leve que tornava fácil se deixar levar. guiou para o meio da pista, entre outros casais e pequenos grupos de amigos que riam e se moviam despreocupadamente.
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  No início, os dois estavam hesitantes. manteve uma distância segura, seus movimentos cuidadosos, como se estivesse pisando em terreno desconhecido. , por sua vez, tentava manter o toque leve, sem ultrapassar nenhuma linha invisível.
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  Mas, conforme a melodia fluía ao redor deles e o álcool aquecia seus corpos, algo mudou.
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  Os passos tornaram-se mais naturais, e, em algum momento, as mãos de deslizaram para a cintura de . Foi um movimento instintivo, quase imperceptível, mas ela sentiu o impacto. Seus olhos subiram para encontrá-lo, e ali estavam eles outra vez, se encarando por mais tempo do que deveriam.
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  O coração de bateu forte no peito.
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  Ela não sabia explicar o que estava acontecendo, mas sentia o calor da presença dele de uma forma que há muito tempo não sentia por ninguém.
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  E então veio a culpa.
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  Como se aquele instante fosse errado. Como se aquele momento de leveza não lhe pertencesse.
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  Mas, ao mesmo tempo, era impossível ignorar o jeito como a segurava. Como os dedos dele estavam firmes, mas gentis, como se temesse que ela desaparecesse.
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  Ela desviou o olhar, tentando se concentrar na música, mas ele notou.
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  — O que foi? — perguntou, a voz baixa, carregada de um tom que era difícil de decifrar.
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   mordeu o lábio, sacudindo a cabeça.
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  — Nada… Só faz tempo que não me sinto assim.
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  Ele entendeu imediatamente.
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  — Para mim também.
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  A confissão pairou no ar entre eles, carregada de um peso invisível.
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  Eles estavam ali, vivendo aquele momento. Mas, ao mesmo tempo, uma parte de ambos estava presa no passado.
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  Nos amores que perderam.
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  Nos vazios que nunca conseguiram preencher.
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  A música mudou para algo ainda mais lento, e por um instante, pensou em se afastar. Em agradecer pela dança e voltar para o bar, onde o ambiente era menos perigoso.
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  Mas então a puxou um pouco mais para perto, e ela não teve forças para recuar.
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  Foi ali, no silêncio entre uma batida e outra, que ela percebeu:
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  Eles estavam assustados.
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  Assustados com o que aquilo significava.
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  Assustados com o que aquilo poderia se tornar.
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  E, talvez, assustados por quererem sentir algo novamente.
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   observava em silêncio, sentindo o próprio peito subir e descer com mais intensidade do que deveria. A música, os risos ao redor, as luzes suaves do bar… tudo parecia distante. O que importava era a maneira como ela o olhava, como se estivesse travando a mesma batalha interna que ele.
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  Ele sabia que devia manter a distância. Sabia que aquele momento, por mais efêmero que fosse, não deveria significar nada além de uma dança entre dois estranhos. Mas, por alguma razão, ele se permitiu baixar a guarda.
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  Lentamente, com uma hesitação que não combinava com ele, levou as mãos de até sua própria nuca.
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  Os dedos dela roçaram sua pele, deslizando até a base de seu pescoço, e um arrepio percorreu sua espinha.
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   hesitou por um segundo, surpresa com o gesto, mas então cedeu. Não havia lógica naquilo, não havia explicação. Mas havia um entendimento.
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  Seus dedos se entrelaçaram levemente nos fios da nuca dele, e suspirou, inclinando-se um pouco mais para perto.
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  Ela sentiu a respiração quente contra sua pele.
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  Foi um instante de vulnerabilidade compartilhada.
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  Não havia pressa. Não havia um passo seguinte definido.
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  Apenas o peso da dor que ambos carregavam e o alívio inesperado de encontrar alguém que entendia.
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   fechou os olhos por um breve momento, absorvendo a sensação.
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  E … pela primeira vez em muito tempo, não se sentiu sozinho.
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  Os olhos de permaneceram fixos nos dela, como se procurasse uma resposta que nem ele mesmo sabia formular. estava tão perto que ele podia sentir a respiração dela contra sua pele, um contraste quente contra o frio que ainda pairava no ar.
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  O som abafado da música e as risadas ao redor pareciam diminuir, tornando-se apenas um pano de fundo para o que realmente importava ali: a conexão silenciosa entre os dois.
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   umedeceu os lábios, hesitante. Seus dedos ainda estavam na nuca dele, e a proximidade entre seus corpos era mínima.
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  — Seria errado se nos beijássemos? — ela perguntou, sua voz baixa, quase um sussurro.
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   sentiu o estômago se revirar. Parte dele queria dizer sim. Queria se agarrar à culpa, ao luto, à promessa silenciosa que havia feito a si mesmo de que nunca mais se permitiria sentir algo assim.
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  Mas então havia a outra parte… aquela que ansiava por algo que ele achava que nunca mais experimentaria.
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  Ele engoliu em seco, os olhos descendo até os lábios dela por um breve momento antes de voltarem a encontrar os dela.
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  — Eu não sei… — ele admitiu, num sussurro rouco.
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   não se afastou.
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  E também não.
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  O silêncio entre eles se prolongou, carregado de algo que nem um nem outro ousava nomear. não recuou, e tampouco. Ainda estavam próximos, tão próximos que ele podia sentir o cheiro suave do perfume dela misturado ao aroma do vinho que haviam bebido.
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  Ele queria negar. Queria dizer que sim, seria errado. Mas as palavras não saíram.
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   inclinou levemente a cabeça, seus dedos roçando contra a pele quente da nuca dele. Ela não o pressionaria, sabia que não podia, mas, ao mesmo tempo, não conseguia ignorar aquela faísca estranha que pulsava entre eles.
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  — Eu também não sei — ela murmurou, sua voz quase se perdendo no barulho ao redor.
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   soltou um suspiro longo, seus olhos ainda fixos nos dela. Ele deveria dar um passo atrás. Deveria soltar suas mãos, romper a distância. Mas não o fez.
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  Então, com uma hesitação palpável, ele ergueu uma das mãos e a levou até o rosto de , seus dedos roçando de leve a lateral da bochecha dela. Um toque tímido, incerto.
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  — Talvez… — ele começou, mas parou, engolindo em seco.
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   fechou os olhos por um breve momento ao sentir o toque dele, sua respiração vacilante. Ela não sabia dizer se era o vinho, a música suave ao fundo ou o peso da solidão que ambos carregavam, mas, pela primeira vez em muito tempo, sentia algo diferente. Algo vivo.
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  Quando abriu os olhos de novo, encontrou o olhar de ainda sobre si. Ele parecia tão confuso quanto ela, mas não se afastou.
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  A dúvida estava lá. O medo também.
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  Mas, naquele instante, talvez o desejo de sentir algo além da dor fosse maior.
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  — Você provavelmente também não beijou ninguém desde então, estou certo? — engoliu seco.
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   assentiu devagar, seus olhos presos nos de . Nenhum dos dois se movia, mas a tensão entre eles era quase palpável. A música ao fundo parecia distante, abafada pelo próprio silêncio carregado que os envolvia.
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  As pontas de seus narizes se tocaram, e sentiu o coração acelerar. O calor das mãos dele ainda em sua cintura, o cheiro cítrico do perfume dele, a forma como ele respirava fundo, como se estivesse tentando encontrar o controle.
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  — Eu nunca mais senti vontade… — ela murmurou, a confissão escapando de seus lábios sem que pensasse muito.
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   inclinou a cabeça levemente, absorvendo aquelas palavras. Sua própria respiração tornou-se mais pesada, e seu polegar traçou um pequeno círculo na cintura dela, como se estivesse se dando permissão para sentir.
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  — E sentiu comigo? — a voz dele saiu rouca, carregada de algo que não saberia descrever.
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  Ela não respondeu de imediato. Não precisava. O olhar que trocavam já dizia tudo.
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  O silêncio entre eles se alongou, mas não era desconfortável. Pelo contrário. Era carregado de expectativa, de uma tensão que queimava entre seus corpos como uma brasa prestes a inflamar.
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   sentia o coração martelando dentro do peito, a respiração rasa e irregular. O calor das mãos de em sua cintura era um contraste à brisa fria da noite que passava por eles. Ela não se afastou. Ele também não.
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   deslizou os dedos devagar, como se estivesse testando até onde poderia ir. A ponta do nariz ainda roçava na dela, e quando fechou os olhos, sentindo o próprio corpo se render àquele instante, ele se aproximou mais.
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  Os lábios dele tocaram os dela de leve, num roçar hesitante, quase uma pergunta.
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   suspirou, e foi o suficiente para que tomasse aquilo como um convite. Seus lábios se moldaram aos dela com mais firmeza, encaixando-se como se fossem feitos para estarem ali.
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  Era um beijo tímido no começo, um reconhecimento cuidadoso, como se ambos ainda tivessem medo de que aquilo fosse um erro. Mas conforme os segundos se arrastavam, conforme cedia e deixava suas mãos deslizarem até a nuca dele, os dedos se entrelaçando nos fios escuros de seu cabelo outra vez, algo dentro deles pareceu se partir.
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   segurou a cintura dela com mais firmeza e aprofundou o beijo. O sabor do whisky ainda estava ali, misturando-se ao calor de suas bocas. sentiu um arrepio percorrer sua espinha quando ele deslizou a mão lentamente pelas suas costas, trazendo-a para mais perto.
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  Ela arfou contra os lábios dele, e isso só o fez puxá-la ainda mais para si. Não havia mais espaço entre os corpos, só o calor que crescia entre os dois, a eletricidade que percorria seus nervos como um incêndio que não poderia ser contido.
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  O beijo era intenso, mas também delicado, como se ambos estivessem caminhando na linha tênue entre o desejo e a culpa. Como se estivessem se permitindo sentir pela primeira vez em muito tempo, mas ao mesmo tempo temessem as consequências daquilo.
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  Quando finalmente se afastaram, foi devagar, como se nenhum dos dois quisesse realmente romper o contato. abriu os olhos e encontrou os de — havia algo ali, uma mistura de confusão, desejo e medo.
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  Eles estavam respirando rápido, ainda próximos demais.
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  E então veio a pergunta que nenhum dos dois queria fazer, mas que pairava no ar entre eles.
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  O que aquilo significava?
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   manteve os olhos fixos nos dela, a respiração ainda acelerada. Ele sabia que, se permitisse que a razão falasse mais alto, tudo desmoronaria. Haveria culpa. Haveria arrependimento. Mas, por agora, ele não queria nada disso.
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  — Acho que não devemos pensar muito nisso — sua voz saiu rouca, carregada de emoção. — Sem questionamentos, . Vamos só… sentir. Por favor?
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  Os olhos dela brilharam, refletindo a mesma luta interna que se passava dentro dele. Mas, no fim, ela apenas assentiu. Porque, naquele momento, sentir parecia muito mais fácil do que tentar entender.
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  E então, como se um fio invisível os puxasse um para o outro, os lábios voltaram a se encontrar.
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  O beijo dessa vez foi mais urgente, menos hesitante. envolveu a cintura dela, guiando-a sem perceberem para fora do bar, para a rua fria, e então para dentro do hotel. As mãos de exploravam as costas dele por cima da camisa, os dedos pressionando a musculatura firme enquanto caminhavam sem olhar para onde iam, guiados apenas pelo desejo.
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  Quando alcançaram o corredor do quarto dele, ainda grudados um no outro, ela riu contra os lábios dele ao perceber que estavam perdidos, tateando cegamente pelas paredes.
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  — Onde… onde é o seu quarto? — murmurou entre um beijo e outro, as palavras saindo entrecortadas pela respiração ofegante.
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   sorriu contra a boca dela, os dedos deslizando pela lateral do corpo dela antes de finalmente encontrar o bolso do casaco e puxar o cartão-chave.
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  — Aqui… — murmurou, tentando passar o cartão na fechadura sem afastar os lábios dos dela.
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   mordeu o lábio inferior dele, fazendo-o suspirar pesadamente. A porta se abriu com um clique, e antes mesmo de terem tempo para pensar, tropeçaram para dentro, ainda colados, sem querer soltar um ao outro.
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  O quarto os envolveu na penumbra, a única luz vindo do reflexo da cidade através da janela. Mas nada disso importava. Não agora.
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  Tudo o que importava era o toque, o calor, e a forma como, pela primeira vez em muito tempo, eles não estavam pensando no passado. Apenas vivendo o presente.
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  A porta mal havia se fechado quando puxou para mais perto, seus corpos colidindo suavemente no calor do desejo crescente. As mãos dele deslizaram pelo tecido do paletó dele que ela usava, afastando-o dos ombros delicadamente antes de deixá-lo cair no chão.
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  Os lábios dela se abriram contra os dele, e um suspiro escapou quando os dedos de traçaram um caminho lento por suas costas, como se memorizassem cada curva, cada pequeno detalhe. correspondeu, deslizando as mãos pela camisa dele, sentindo o calor da pele por baixo antes de começar a desabotoá-la com dedos ágeis.
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  O tecido foi afastado, e as palmas dela encontraram o peito dele, quente e firme sob seu toque. puxou o ar com dificuldade, como se cada carícia roubasse um pouco de sua sanidade. Ele deslizou os lábios até a mandíbula dela, descendo para a linha do pescoço, onde pressionou beijos demorados, provocando arrepios na pele sensível.
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   se entregou ao momento, deixando que ele explorasse, saboreasse. Mas não ficou para trás. Seus dedos percorreram as costas dele, traçando caminhos que faziam os músculos de contraírem sob seu toque.
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  O quarto era silencioso, exceto pelas respirações entrecortadas e pelo som abafado dos beijos que se aprofundavam cada vez mais.
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  As peças de roupa continuaram a ser removidas lentamente, com beijos depositados em cada novo pedaço de pele exposto. O frio da noite foi esquecido, substituído pelo calor que emanava dos corpos que se encaixavam com uma naturalidade assustadora.
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  Era intenso.
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  Era novo.
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  E, ao mesmo tempo, despertava lembranças adormecidas de sensações que ambos achavam que nunca mais experimentariam.
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  E então, entre toques e sussurros, eles se perderam um no outro, apagando qualquer dúvida, qualquer receio.
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  Naquela noite, não havia passado.
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  Não havia dor.
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  Apenas o agora.
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  O silêncio no quarto era preenchido apenas pelas respirações ainda desacelerando. descansava a cabeça no peito de , sentindo o ritmo constante do coração dele contra sua bochecha. O calor do corpo dele a envolvia, e, pela primeira vez em muito tempo, ela não se sentia sozinha.
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  Nenhum dos dois falou por alguns minutos. Talvez estivessem temendo quebrar o momento, ou simplesmente absorvendo o que acabara de acontecer.
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  Foi quem falou primeiro, sua voz soando calma, mas cheia de significado:
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  — Não achei que voltaria a sentir algo assim.
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   ergueu a cabeça levemente, apoiando o queixo no peito dele, observando seu rosto à meia-luz.
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  — Eu também não… — ela admitiu, mordendo levemente o lábio. — Por tanto tempo, eu simplesmente parei de acreditar que pudesse sentir de novo. Como se algo dentro de mim tivesse sido apagado.
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   deslizou os dedos pela coluna dela, um toque suave, quase reconfortante.
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  — Eu entendo. A vida perde as cores, as coisas que antes significavam tanto… de repente, parecem vazias.
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   assentiu, fechando os olhos por um momento.
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  — Foi exatamente assim. Eu não via mais sentido no Natal, em sair para ver as luzes, em brindar… em conhecer alguém. Mas agora…
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  Ela hesitou, e levou uma das mãos até o rosto dela, afastando delicadamente uma mecha de cabelo.
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  — Agora parece diferente?
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  — Parece. — Ela abriu os olhos e encontrou os dele. — Você sente isso também?
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  Ele assentiu devagar, seus olhos castanhos brilhando com algo que poderia ser esperança.
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  — Talvez… — ele começou, escolhendo as palavras com cuidado — talvez a gente não esteja tão perdido assim.
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   respirou fundo, sentindo o peito se aquecer com algo novo e assustadoramente familiar.
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  — Eu gosto da ideia de não estarmos.
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  Um pequeno sorriso tocou os lábios de , e ele se inclinou, roçando um beijo suave na testa dela.
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  — Então, talvez, essa noite tenha sido mais do que apenas um momento.
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   entrelaçou os dedos aos dele, apertando de leve.
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  — Talvez tenha sido a faísca que a gente precisava.
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  Ele a encarou por mais um instante, antes de puxá-la para mais perto, como se quisesse absorver aquele momento, aquela sensação.
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  E, pela primeira vez em muito tempo, o Natal não parecia mais tão frio.
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Lelen
Admin
1 mês atrás

Uma história de Natal é sempre bem-vinda HAHAHAH
Adorei ver esses dois reencontrando o amor e a magia do Natal <3


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