Show Them
Capítulo Único
“We were staying in Paris
To get away from your parents
And I thought “Wow, if I could take this in a shot right now
I don’t think that we could work this out”
— Será que você vai demorar ou podemos sair, ?
encarou o relógio em seu pulso pela décima vez, suspirando ao som de The Amity Affliction. Enquanto aguardava, resolveu se sentar na bancada, pondo seus olhos na rua movimentada que era mostrada por uma pequena janela. Ele seguia calmamente a trajetória de algumas pessoas, ficando instigado com os seus verdadeiros destinos, e o mais importante, suas histórias. Conforme perdia sua mente nisso, mal sentia a mão fina de passando por seus cabelos, e após alguns segundos, observou a morena a sua frente, trajando um vestido e seus velhos all star. Ela continha um sorriso preenchido por dentes brancos e um tom avermelhado de seu batom favorito, e isso provocava em a certeza de que havia feito uma boa escolha. Na verdade, em qualquer lugar que estivesse com , estaria satisfeito.
— Anda pensando em quê,
pumpkin¹? — A menina ajeitou-se entre as pernas do rapaz, mexendo em seu rosto. — Ela volta, você sabe.
depositou um beijo na testa dela e procurou as chaves, achando-as em cima da cama que estava bagunçada com roupas e papéis espalhados. Arrumou o casaco e desceu o degrau ímpar, esticando suas mãos até a cintura de , levantando a mesma que nem uma criança para que pudesse chegar ao chão sem tropeçar, como de costume. Entrelaçaram os dedos e iniciaram uma caminhada até a primeira parada: Cemitério
Père Lachaise. Desde que fugiram para Paris, traçou uma lista com os lugares que queria visitar, que iam de museus conhecidos até pequenas praças que achara fazendo uma busca na internet. E o número um do pedaço de papel era o famoso cemitério onde diversos artistas haviam sido enterrados, o que fez com que o local subisse da décima posição – a qual tinha posto – para o topo. Como estacionaram relativamente perto, não demoraram para entrar no cemitério, onde encontrava-se inúmeros turistas com suas câmeras penduradas e celulares prontos para os cliques. não era diferente, porém sua íris lia atenciosamente as lápides, tanto na escrita quanto em seus moldes. Quando escolheu ir para lá, gostaria de ter um contato com os artistas que admirava, mesmo que só houvesse suas peles e ossos em desintegração. No começo, quis evitar, não era o maior fã de cemitérios, isso o remetia à sua mãe, mas, ao ver que significava bastante para sua , decidiu acompanhá-la.
E não era só isso que o moreno queria evitar.
“Out on the terrace
I don’t know if it’s fair but I thought
“How could I let you fall by yourself
While I’m wasted for someone else”
complicava sua cabeça toda vez que surgia nela, ou seja, sempre. Os dois eram uma incógnita, não qualquer uma, eram a mais paradoxal possível e tinham plena consciência disso. Por mais que tentassem, acabavam conhecendo outras pessoas e deixavam a interrogação de lado, a fim de não se machucarem mais profundamente. E Beadles estava no meio de um furacão sem fim, bêbado de algum sentimento bom por outra garota. Talvez fosse melhor assim, ambos pensavam.
E também pensaram em como um cemitério poderia fazê-los relembrar de coisas como essas. Estranho, mas, surpreendente.
“If we go down then we go down together”
Paris mantinha sua temperatura a 8 graus, mas nem isso fazia as pessoas desistirem de ver a sua beleza de perto, explorando seus pequenos detalhes. Conforme voltavam para o trailer, e fotografavam quase tudo que viam pela frente, e algumas coisas fixavam na memória, prometendo um ao outro que contaria o que não era registrado e o motivo. Tinham esse costume, e dentro do universo que compartilhavam, hábitos em conjunto era uma das coisas mais importantes para os próprios.
“They’ll say you could do anything
They’ll say that I was clever”
lembrava o que a fez se mudar, a querer viver coisas novas e a ter uma vida como a que sempre sonhou. Tudo aconteceu rápido demais, um dia estava em casa trancada em seu quarto, noutro terminava de pôr a bagagem no trailer e engatava uma viagem à Paris. Todos a diziam que ela herdaria os negócios da família, que não precisaria fazer uma faculdade e nem se preocupar com dinheiro, afinal, seus pais eram tão influentes que teria uma vida de realeza. E esse fator a incomodava, o que mais almejava era poder construir a sua trajetória, sem se preocupar com cinquentas pessoas curiosas com seus passos e ideias. Não gostava de ser monitorada, nem de se sentir presa, sendo marionete daqueles altos cargos que compunham sua família, inclusive por eles não aceitarem , julgando que ele foi esperto por ter começado a conversar com .
Eles estavam errados. Muito errados.
“If we go down then we go down together
We’ll get away with everything”
— Por quê minha está tão calada? Geralmente eu tenho que te comprar com chocolate para que você descanse sua voz,
hummingbird². — a observou minuciosamente e esperando que entendesse o que se passava com ela.
— Eu só estava pensando no que eu deixei para trás, em como eles nos subestimavam por sermos jovens e não tinham esperanças em nada além de contratos e mais contratos. A vida deles é triste,
pumpkin, como meus pais queriam o mesmo futuro para mim? Não é justo!
— Ei,
hummingbird, agora somos só nós dois e uma cidade maravilhosa, estamos construindo o nosso futuro, esqueceu? — Ele segurou o rosto dela gentilmente — Vamos mostrar a eles que somos melhores, .
“Let’s show them we are better”
— Eu amo você, sabia? — tocou o nariz dela, rindo em seguida.
— Sabia, sim! — Riu — Amo mais,
pumpkin.
“We were staying in Paris
To get away from your parents”
— O que você acha que meus pais devem estar fazendo, ?
— Não sei, mas, eu sei o que iremos fazer agora. Além de continuar fugindo deles, baby. — caminhou até um banco, subindo em cima — Aproxime-se, Cordei, venha!
— Qual a próxima parada, capitão? — se juntou ao amigo, atraindo olhares curiosos de quem passava pela praça.
— O terraço! E depois ao pub, mas, primeiro, o nosso local, !
abraçou fortemente o rapaz, que a segurou e iniciou a andar com ela pendurada em seu pescoço. Ele sabia o quão feliz aquele espaço a deixava, já que o mesmo tinha grande significado para ambos. Em uma das viagens da família Cordei, eles aceitaram a condição da menina em levá-lo, e quando houve uma festa de negócios, os dois correram pelos corredores do prédio até acharem o terraço. Lá, beberam o champanhe que pegaram da cozinha – com muita reclamação do chefe –, dançaram músicas lentas que tocavam em suas mentes e observaram as estrelas. Ah, e também teve o beijo e a primeira noite em que transaram. Por isso a imensidão desse universo que fora criada no terraço, havia muito mais do que bons momentos, ali continha uma parte de ambos corações e o mais importante, de suas almas.
“You look so proud standing there with the flower
And the cigarette
Posting pictures of yourself on the internet”
Não demoraram muito para chegarem ao local, talvez uns vinte minutos, mas realmente não ligava. Durante o percurso se preocupou somente em sentir o frio batendo contra sua pele e de bisbilhotar por alto a revista do senhor que compartilhava o assento do ônibus consigo, sendo quase pega uma vez ou outra. Ao descer, encarou apaixonadamente para o prédio a sua frente, desejando estar dentro dele o mais rápido possível. Puxou pela mão, fazendo com que ele tropeçasse no próprio cadarço e caísse, a levando junto. Os dois gargalhavam da situação e continuaram estirados no chão, um sob o outro. reclamava que sua barriga doía de tanto rir, enquanto se colocava de pé indo em direção à escada que lhes dariam acesso ao terraço. Após subirem, a morena não tardou em correr até a sacada e pegar seu celular para registrar o momento. Ao meio das fotos, a fitava com um sorriso orgulhoso estampado, percebia que estava orgulhosa de estar ali com ele e na cidade que tanto gostava. A flor que mantinha atrás de sua orelha era um dos acessórios que mais saiam em suas fotos postadas em todas as redes sociais, perdendo apenas para a felicidade em forma de fotografia que era a garota. Ou a poesia em forma de ser humano, como dizia Beadles.
“Out on the terrace
We breathe in the air of this small town”
Ventava pouco comparado ao restante da semana, mas o ar continuava gélido e ia se misturando com a fumaça que saía dos lábios entreabertos de . A garota ouvia a melodia que tocavam no salão principal e pôs seu corpo a acompanhar as batidas lentas, entrando em transe com tudo aquilo.
“On our own couldn’t pass for the thrill of it”
estava feliz e satisfeita, porém, acima de tudo, o sentimento de gratidão pulsava em seu coração. Sabia que sozinha seria bem mais difícil conseguir escapar daquele pesadelo, e quando realizou que teria ao seu lado, teve a certeza de que iriam mais longe.
“Getting drunk on the bus we were living in”
—
Pumpkin, lembra de quando ficamos bêbados?
— Qual das vezes,
hummingbird?
— A do trailer, não tem como esquecer o jeito que você ficou cantarolando Just The Way You Are totalmente embolado. — A risada de preenchia o local, sendo acompanhada pelo o rapaz que se aproximava.
— E você não acha que me esqueci de como você subiu na nossa cama e começou a dançar Work, não? — retrucou.
— Ei, vai dizer que não foi uma boa performance, hein? Sou a mestra do twerk!
— É, sim, , e eu sou um ótimo cantor!
— Mas você é,
pumpkin, só nunca levou a sério. Não só isso, não é… — O olhar dela caiu sob Beadles, que entendeu perfeitamente o que ela queria dizer.
— Eu levo isso aqui a sério, e é o que mais importa para mim, . Não duvide, nunca. Tá bem, baby? — Ele a puxou para perto.
— Por que tínhamos que ser uma incógnita, ?
— Hum… Talvez porque nós dois adoramos um desafio, que tal?
“Let’s show them we are”
— Pensa pelo lado menos complicado: nenhum dos dois está embriagado por outras pessoas,
hummingbird. Não mais.
— E isso nos dá um passe livre para ficarmos bêbados juntos e partirmos nossos corações, certo?
— Nem tanto, ainda não tentamos o outro lado dessa incógnita, . — observava a paisagem conforme o vento bagunçava seus cabelos enrolados.
— Talvez ainda estivéssemos presos aos medos que introduziram em nossas vidas, . Mas, agora, eu sei que estamos melhores.
“Show them we are”
A noite em Paris caía gradativamente, trazendo consigo um céu com estrelas tímidas que brotavam aos poucos. O terraço ficava escuro, sendo iluminado apenas pela lua que era testemunha de seus segredos. e olhavam a rua movimentada com calma, debruçados no concreto e deixando seus corpos caírem um pouco para fora da zona de segurança. Algumas pessoas reparavam neles e umas até davam um “tchau” com a mão, que eram retribuídas calorosamente pelos dois. A cidade havia algo de especial que acendia dentro deles a enorme vontade de viver, viver algo novo todos os dias. Eles não podiam prever o futuro, mas o que o presente estava a proporcionar, era o que e almejavam desde que fugiram dos parentes da morena.
“Show them we are”
Liberdade.
“Show them we are”
Aventura.
“Show them we are”
Cumplicidade.
E a certeza de que o amor que sentiam provocava a sensação de que estavam melhores.
E eles mostrariam isso a todos.
“Let’s show them we are better”
¹Pumpkin: abóbora
²Hummingbird: beija flor
Fim
Nota: Relouuu! Tudo bom com vocês?
Espero que gostem dessa Songfic! <3
Awwwwn uma história que n partiu meu coração, que linda <3
Comentário originalmente postado em 22 de Março de 2017
Nhaaa, obrigada! <3
Comentário originalmente postado em 26 de Março de 2017
Eu queria continuação, na verdade JAHAHAHAHAH
Adorei a história, aqueceu o coração <3
Comentário originalmente postado em 24 de Junho de 2020
Aaaah, obrigada!!!
Fico feliz que tenha gostado, talvez ela ganhe uma continuação, hahaha!
<3
Comentário originalmente postado em 25 de Junho de 2020