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Capa por Julia N.

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School 2021

1 – Welcome to Princeton University

  Eu estava num misto de insegurança e euforia. 
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  Era minha primeira vez longe de casa. Morar sozinha sempre foi meu sonho, mas em outro estado seria um desafio e tanto para mim. Me mudar de Middleton, uma pequena cidade com menos de 20 mil habitantes em Wisconsin, para a Universidade de Princeton em New Jersey, foi minha escolha mais radical até o momento. E mesmo com meu pai dizendo que eu poderia fazer veterinária ou biomedicina na Universidade de Wisconsin, eu não queria passar a minha vida administrando a fazenda da família ou em algum laboratório das empresas locais. Isso eu deixaria por conta do meu irmão, Joseph.
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  Minha recepção começou assim que desembarquei no aeroporto local da cidade, um garoto de óculos e sarda nas bochechas, camisa xadrez acompanhado de um suéter bege, estava segurando uma placa com meu nome. Será que ele era um monitor ou algo assim?
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  — ?! — perguntou ele, assim que me aproximei.
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  — Sim. E você? — tentei disfarçar minha análise que fazia de seus movimentos.
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  — Prazer, eu sou Matt, seu guia do campus. — Ele deu um sorriso envergonhado. — Me disseram na secretaria para te buscar.
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  — Agradeço a preocupação deles. — Sorri de volta e olhei para minha única mala. — Você me ajuda?
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  — Ah, claro, deixa que eu levo para você. — Ele pegou a mala e saiu puxando na frente.
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  Um táxi nos aguardava do lado de fora e nos levou ao campus. Ao descer do carro, fiquei admirada com o fluxo de calouros e veteranos pelo lugar. Grupos de amigos se encontrando após as férias e muita animação com o primeiro dia do ano letivo. Início do outono e todos animados para mais um semestre cheio de estudos, festas e agitação. Matt me levou até a república que haviam me instalado, guiando-me até meu quarto e deixando a mala ao lado da minha cama. Ele me entregou a chave e antes de se despedir, me entregou alguns folhetos com os eventos que teria na primeira semana de recepção. Ele parecia ser um jovem bem simpático, além de muito educado e cavalheiro, um pouco tímido também.
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  — Uau! — disse assim que fechei a porta e olhei com mais atenção para meu novo quarto. — Finalmente estou aqui.
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  Só então notei que o dividiria com outra pessoa. O lado direito era meu, e o outro já estava totalmente decorado e não muito organizado. Seu estilo era um misto de Gossip Girl e cheerleader fora do comum. Eu me aproximei da minha mala e coloquei em cima da cama, abri e logo retirei minha colcha de patchwork, presente da vovó por ter conseguido minha bolsa de estudos. Ao estender a minha colcha sobre a cama, comecei a retirar as poucas roupas da mala e guardar no pequeno guarda-roupas de duas portas que estava aos pés da cama. Fiquei feliz por não ter levado muita coisa, pois não caberia naquele espaço tão pequeno. 
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  Não demorou muito até que minha desconhecida colega de quarto apareceu. 
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  — Uau. — Ela paralisou por instantes. — Colega de quarto?
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  — Sim. — Eu sorri de leve. — Prazer, meu nome é .
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  — Bem-vinda a Princeton, eu sou Margareth, mas pode me chamar de Marg. — Ela sorriu de volta. — Já conheceu o campus?
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  — Ainda não, um menino chamado Matt ficou de passar aqui para me mostrar. — Respondi.
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  — Ah não, aquele nerd não é nem um pouco divertido. — Ela pegou em minha mão. — Você vem comigo, eu serei sua guia hoje.
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  — Tudo bem. — Não contestei e só a segui.
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  Marg parecia conhecer muito bem o campus. Visivelmente melhor que Matt, já que ele me fez entrar pela porta da cozinha, por ter errado o caminho. Dividi minha atenção entre ouvir as mais diversas histórias das quatro realezas de Princeton, as fraternidades mais importantes dali e mais rivais também, e apreciar a paisagem que se misturava à arquitetura local. Uma cidade grande era totalmente diferente da minha pacata Middleton.
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  — E agora, vamos correndo comprar nossos ingressos para a festa de boas-vindas. — Disse ela ao pisar no gramado seguindo para o leste. — Bem, nunca foi uma festa de boas-vindas, é mais um evento para avaliar o potencial dos calouros.
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  — Do que está falando? — perguntei ela.
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  — Fire Party. — Respondeu prontamente. — A festa de recepção oferecida pela Delta Pi, a fraternidade dos gatos, e eu como uma cat anfitriã, vou te levar como minha convidada. 
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  — Nossa… — aquilo me impressionou. — Nem sei o que dizer.
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  Ela nem me conhecia direito e já agia como se fôssemos íntimas.
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  — Você é a anfitriã e vai comprar o ingresso? — disse em análise ao que ela tinha dito anteriormente à explicação.
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  — Nós compramos para dar bom exemplo, e porque a arrecadação será revertida em doação para o orfanato local que a Delta Pi apadrinhou recentemente. — Explicou ela.
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  — Que legal, sua fraternidade parece ser bem caridosa. — Eu a olhei impressionada.
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  — Isso conta muitos pontos e méritos acadêmicos, cola na gente e se entrar para Delta Pi, será muito bem-vinda, menina de Wisconsin. — Disse ela soltando uma risada rápida.
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  — Como sabe de onde eu sou? — perguntei curiosa.
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  — Achou mesmo que eu iria ficar na inocência sobre minha colega de quarto? Precisava saber se você não era psicopata. — Brincou ela soltando uma gargalhada maldosa. — Agora vamos que os ingressos são limitados.
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  — Ok.
  Ela segurou em minha mão e saiu me puxando consigo. Assim que entramos no prédio de engenharia, seguimos até o laboratório de informática B. Carlton já estava de posse dos ingressos vendendo para os alunos seletos. A festa ser para os calouros não significava que todos poderiam ir, somente os convidados por membros das fraternidades e com alto potencial para serem aceitos. Eu me afastei por um momento de Marg, caminhando aleatoriamente pelo corredor movimentado. Até que esbarrei em uma pessoa.
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  — Me desculpe. — Disse num tom baixo.
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  — Tenha mais cuidado. — Disso o rapaz, ao me segurar para que não caísse.
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  Eu precisava de um desconto, o chão estava escorregadio naquela parte por um garoto ter jogado água em outro. Eu poderia ter me machucado, mas só esbarrei em uma pessoa.
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  — Ah! Você está aqui. — Disse Marg ao me encontrar de repente, e olhando para o rapaz. — Oh, Alpha.
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  — Cuide da sua convidada. — Disse ele num tom mais rígido.
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  — No problem. — Retrucou ela, me pegando pelo braço novamente e me puxando consigo.
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  — O que aconteceu? — perguntei a seguindo. — O que eu fiz agora? Quem era ele?
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  — Miga, aquele é Baker, o aluno mais promissor de Princeton. — Explicou ela, apontando discretamente para um grupo de pessoas reunidas perto da árvore próximo à entrada. — E presidente da fraternidade Alpha Omega, a mais famosa e seleta do campus.
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  — Seleta? — eu voltei meu olhar para a árvore e vi se aproximando do grupo de pessoas e os cumprimentando, até que uma garota se aproximou dele de forma mais sensual.
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  — E aquela é a futura primeira dama, Louise. — Continuou sem ouvir minha indagação. — Ouvi dizer que seus pais são amigos de longa data, e suas famílias, as fundadoras da fraternidade, mas ele nunca deu chance pra ela. 
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  — Você é bem informada. — Comentei.
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  — Minha função é essa, saber tudo sobre todos, foi assim que fui aceita na Delta Pi, após ser rejeitada pela Alpha Omega. — Ela riu com certa amargura. — Além do mais, curso jornalismo, preciso ser uma pessoa bem informada.
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  — Marg, como ele sabia que eu era sua convidada?! — perguntei curiosa.
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  — Uma caloura com um veterano de fraternidade só pode ser convidada, é bem óbvio por aqui. — Respondeu ela com naturalidade.
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  — E como ele sabe que você é veterana? — tudo aquilo me impressionava.
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  — Por isso. — Ela enfatizou o colar em seu pescoço com um pingente de gato. — Todo mundo tem sua forma de identificação, quando não é muito popular.
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  — Você é a garota da informação, pensei que já fosse popular aqui. — Brinquei.
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  — Quem me dera, ainda estou subindo meus degraus. — Ela seguiu na minha frente. — Mas um dia eu chego lá.
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  Eu ri dela e desta vez a arrastei comigo para uma cafeteria que tinha visto no caminho até a universidade. Estava com fome e precisava de um cappuccino para me manter alerta a todas as fofocas fornecidas por ela.
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  — O que você quis dizer com a Alpha Omega ser seleta? — perguntei assim que pegamos nosso pedido e nos sentados ao lado da vidraça lateral.
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  — Está interessada neles? Vai me abandonar? — ela me olhou meio ofendida e indignada. 
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  — Não, não é isso, me sinto honrada por teoricamente já ter uma vaga na Delta Pi. — Acalmei ela segurando o riso. — Mas estou curiosa pelos intocáveis.
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  — Intocáveis? Esse apelido foi bom. — Ela riu um pouco. — Bem, digamos que se você não for de uma família muito rica ou do meio social privado deles, jamais vai entrar. Nós, meros mortais não somos dignos disso.
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  Ela parecia frustrada por ter sido rejeitada por eles. 
  — Nem a Molly, filha do prefeito, foi aceita e olha que ela nasceu em berço de ouro. — Continuou comentando. — Imagina eu, bolsista e filha de um entregador de correspondência.
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  — Você também ganhou uma bolsa. — Fiquei impressionada, Marg não tinha jeito de nerd estudiosa e nem aluna aplicada, parecia mais uma patricinha sem recursos financeiros.
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  — Minhas notas não me dão orgulho, mas sou mestre em redações, foi assim que fui aceita pelo coordenador do meu curso. — Revelou, sem vergonha. — Em troca, sou estagiária no jornal do campus. 
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  — Boa troca. — Comentei.
  — Também achei. E James, o editor chefe, é um gato, apesar de não ser da minha fraternidade. Mas leão também é um felino, então tá valendo. — Ela deu uma piscada maliciosa.
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  — Leão? Me explica essa. — Eu ri e tomei um gole do cappuccino.
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  — As quatro mais influentes fraternidades de Princeton possuem um animal que a representa além do brasão. — Respondeu ela. — Nós da Delta Pi somos os gatos; os Theta Nu Gama, de onde James é, são os leões; as garotas da sororidade, Tau Sigma, são as cobras, não se envolva com elas, são as cheerleaders mais traiçoeiras e safadas do campus; e por último, os lobos da Alpha Omega.
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  — E eu vou me lembrar de tudo isso amanhã de manhã? — brinquei fazendo-a rir.
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  — Fique tranquila, com o tempo você se acostuma.
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  Me acostumando ou não com a hierarquia de Princeton, eu manteria meu foco no futuro acadêmico que sempre sonhei para mim. Cursar e me formar em design, conseguir um estágio e provar para meu pai que ser criativa também dava futuro. Após sair da cafeteria Coffee House próxima ao campus, me perdi de Marg assim que ela foi parada na rua pelo famoso James. Não quis segurar vela, então usei minha estratégica saída à francesa, e voltei a caminhar pelo campus. 
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  Logo à noite, me arrumei para a tal Fire Party que seria recepcionada na mansão da fraternidade Delta Pi. Eu tinha questionado Marg, o motivo dela não morar na mansão com os outros, e a resposta foi meio óbvia, ela era bolsista e não teria dinheiro para pagar as contribuições mensais. Claro que o capitalismo sempre reinava entre qualquer sociedade, principalmente no meio acadêmico. Fiquei indecisa no que vestir, já que meus looks básicos da fazenda não faziam fama entre a moda atual de Princeton.
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  — Agora sim, você não vai me matar de vergonha. — Marg abriu um sorriso ao ver suas roupas modernas em meu corpo.
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  Eu me olhei no espelho dela e foquei no vestido apertado azul que nada combinava comigo.
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  — Eu te agradeço amiga, mas prefiro meus jeans rasgados. — Ri de leve e retirei o vestido, colocando minha roupa novamente.
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  Minha ideia inicial era jeans surrado, regata branca e um suéter cinza porque a noite estava fria. Não me importava se era simples, básico ou pouco chamativo e nada atraente. Eu só almejava algo confortável e que não me custasse dores nas pernas. Por isso, finalizei com meu all star preto. 
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  — Agora sim. — Me olhei novamente no espelho. — Mais eu.
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  — Miga, você é tão sem graça. — Reclamou ela bufando de leve. — O vestido te valorizava mais.
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  — Não gosto de chamar atenção. — Ri dela. — Vamos, amiga, quem quer ser popular aqui é você.
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  — Isso é verdade. — Ela se levantou da cama e ajeitou o vestido sensual que usava, pegou sua carteira e sorriu. — Estou pronta para causar.
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  — Vamos lá. 
  Nós saímos do quarto em risos.
  Observei algumas calouras, como eu, me olharem com desdém e certa inveja. Segundo Marg, estavam assim por não terem sido convidadas por nenhum veterano. Tentei relevar isso e continuei seguindo-a, enquanto ouvia as histórias da festa do ano passado. Fatos que tinham causado muitos comentários ao longo do ano todo. A mansão da fraternidade Delta Pi era bonita e glamorosa, muito bem decorada pela presidente Joy Tenebrae do curso de arquitetura, e havia passado por uma reforma recente nas férias. Era de deixar qualquer hotel de cinco estrelas no chinelo.
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  — Aqui é… Uau. — Não conseguia escolher os adjetivos para classificar tamanho bom gosto.
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  — Não é… Por isso é caro morar aqui. — Traços de frustração soaram dela. — Enfim, você está com o bracelete de convidado, vou te deixar aproveitar um pouco sem mim.
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  — Vai correr atrás do seu felino? — brinquei.
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  — Preciso ir à luta. — Ela piscou de leve e deu um sorriso malicioso. — Hoje a noite será longa para mim.
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  — Boa sorte. — Ri de leve observando-a se afastar de mim.
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  Seria complicado sobreviver à minha primeira vez sem ela, mas não iria embaçar a noite da minha nova amiga. Andei pelo lugar observando as pessoas em minha volta, não procurava algo específico. Até que parei na mesa de comida e me perdi um pouco em meus pensamentos.
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  — , não é?! — perguntou um veterano ao se aproximar de mim.
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  — Depende de quem você seja. — Retruquei mantendo o mistério.
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  — Eu vi você hoje mais cedo com a Marg. — Comentou ele.
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  — Você conhece a Marg? Achei que ela não fosse popular. — Cruzei os braços intrigada por suas palavras.
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  — Digamos que eu precise saber quem é a garota que dorme com meu irmão todas as noites. — Ele riu baixo.
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  — Está explicado. — Disfarcei o riso e voltei meu olhar para o outro lado.
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  Avistei encostado na parede conversando com outros veteranos, porém seu olhar permanecia em minha direção.
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  — Hum… Parece que eu não sou o único interessado. — Comentou o veterano.
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  Voltei meu olhar para ele e vi que sua atenção também estava em .
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  — Você o conhece? — perguntei.
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  — O que eu ganho se responder? — retrucou sorrindo de canto.
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  — Você não é daqueles homens que adoram uma barganha, não é?! — perguntei voltando meu olhar para a mesa de comidas.
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  — E se eu for? — ele riu. — Devo confessar que sou bastante competitivo.
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  — Eu já vi esse filme, então já devo lhe informar que não serei o troféu de disputa de ninguém. — Afirmei com segurança.
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  — Nossa, Fletcher, desse jeito eu apaixono à primeira vista. — Brincou ele me fazendo rir.
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  — Que pena. — Peguei um prato e comecei a me servir com os aperitivos. — Saiba que só estou aqui pela comida então.
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  — É uma indireta para que eu lhe convide para jantar? — insistiu ele de forma descontraída. — Posso ser o prato principal.
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  Eu não me contive em soltar uma gargalhada daquilo. Aquele veterano era insistente, mas sabia ser mais divertido que os rapazes da minha cidade em Wisconsin.
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  — Tentador, mas terei que recusar. — Sorri de leve e me virei para frente.
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  — Você não é fácil de conquistar mesmo. — Ele riu.
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  — Se conhecesse os garotos da minha cidade, saberia que sou PhD em ouvir cantadas baratas. — Brinquei.
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  — Ah, eu não te cantei, ainda. — Ele se colocou em minha frente. — Só te convidei para sair.
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  — E eu neguei. — Ri um pouco. — Nem mesmo sei o seu nome, como aceitaria? Pior, o fato de ter me abordado assim sabendo tudo sobre mim, só me faz pensar que é um psicopata. 
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  — Nossa, agora pegou pesado. — Ele colocou as mãos nos bolsos da calça. — Dominos.
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  — Boa noite, . — Eu me afastei dele segurando o riso e preocupada em apreciar meus aperitivos.
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  Estava com fome e comida grátis não se dispensa.
  Enquanto a maioria aproveitava a noite para beber, dançar, beijar ou fazer coisas mais proibidas para menores, eu aproveitaria a distração de todos para explorar o lugar e observar mais a pequena sociedade que compunha Princeton. Foi assim durante um longo tempo, até que em um dos corredores da parte leste da mansão encontrei uma porta entreaberta, não me contive de curiosidade e espiei um pouco. 
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  Se a pupila dos meus olhos dilataram com a cena, eu não sei, mas fiquei estática por um tempo. estava quase se fundindo a uma garota. Seria outra caloura, uma mais iludida do que eu? De repente, sem querer meu celular começou a tocar. O volume era baixo, mas serviu para que o casal da biblioteca parasse o que estava fazendo. Dei alguns passos para trás e saí correndo, na pressa, trombei em uma pessoa que surgiu do nada no corredor e quase a fiz cair. Eu deveria ter pedido desculpas, mas estava tão assustada que continuei correndo até chegar no prédio do meu dormitório.
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  — Uau… Que corrida. — Comecei a rir automaticamente. — Acho que tive muita aventura pra uma noite só. 
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  Me espreguicei sentindo um leve cansaço, o dia foi cheio e não estava acostumada a ficar até tarde acordada. É claro que a partir desse primeiro dia, minha rotina mudaria radicalmente.
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– x –

  — Como se atreve a ficar popular antes de mim? — disse Marg quase aos berros ao entrar no quarto.
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  Não era exatamente assim que eu esperava ser acordada na manhã seguinte. Mas foi assim que aconteceu.
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  — Marg?! — descobri meu rosto e a olhei ainda com os olhos semicerrados — Bom dia para você também.
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  — Não me venha com cordialidades e me conte tudo. — Ela se sentou em minha cama.
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  — Contar o que? — ergui meu corpo.
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  Logo notei que ela não vestia suas roupas, mas estava com uma blusa de moletom masculina no corpo.
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  — Você dormiu aqui? — perguntei.
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  — Claro que não. — Ela sorriu com malícia. — Mas minha vida não vem ao caso e sim a sua.
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  — Do que está falando?
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  — Da famosa garota de Wisconsin, despertando interesse nos lordes do campus.
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  — O quê?! — eu soltei uma gargalhada. — Você me viu ontem, como posso ter feito isso, e olha que eu voltei para o dormitório antes das onze.
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  — Achou mesmo que não te veriam conversando com Dominos? — ela cruzou os braços e arqueou a sobrancelha direita.
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  — Ah, tá falando dele. — Ri novamente. — Fica tranquila que ele logo superou meu fora com outra caloura na biblioteca.
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  — Sério? Que babado é esse?
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  — Pensei que soubesse, a garota informada aqui é você. — Retruquei com ironia.
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  — Eu estava ocupada. — Ela se levantou. — Mas não muda o fato de todos estarem falando sobre você.
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  — Logo passa. — Me espreguicei.
  — Imagina se tivesse ficado com ele.
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  — Aí não estariam falando de mim, eu seria só mais uma pra estatística. — Me levantei e fui até o armário. — Meu nome só está rodando porque dei um fora nele, aposto.
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  — Me diz que não foi proposital.
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  — Não foi. — Garanti voltando meu olhar para ela. — Eu realmente só estou focada nos meus estudos.
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  Aquilo era a máxima verdade sobre ter ido para Princeton.
  — Está falando assim tão naturalmente porque não sabe quem é Dominos. — Retrucou minha amiga.
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  — Descobri que ele é irmão do seu felino James. — Comentei.
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  — Ele é o presidente da Theta Nu Gama, lion king, amiga, é quase o Mufasa de tão charmoso e atraente. — Explicou ela enfatizando as palavras.
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  — Só isso tudo? Está mais para Scar do que Mufasa. — Brinquei fazendo-a rir junto.
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  — Garota, você terá que se decidir até amanhã de manhã. — Alertou ela de forma enigmática.
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  — Me decidir com o que? — terminei de escolher minhas roupas e a olhei novamente.
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  — Lobo contra leão sempre foi a maior rivalidade no campus, querida, e você despertou o interesse de ambos os lordes. — Respondeu ela.
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  — E como sabe que ambos estão interessados por mim? — coloquei a mão na cintura e observei seus movimentos.
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  Ela se sentou na cama e me olhou curiosa.
  — Há boatos que seu nome foi indicado na reunião dos lobos de hoje cedo. — Minha amiga era mesmo uma fofoqueira. — Indicação direta do alpha, parece que o dono da matilha também está interessado.
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  — É alcateia. — A corrigi. — Matilha é o coletivo de cães.
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  — E daí, um late e o outro uiva, é tudo igual. — Ela deu de ombros. — No fim, os felinos são os melhores.
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  Nós rimos.
  — Já percebi sua preferência, espero que não seja por causa da rejeição.
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  — Já superei esse passado. — Garantiu.
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  — Vou tomar um banho. — Juntei minhas roupas e peguei minha toalha, então parti para o banheiro.
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  Foi estranho ser o centro das atenções e cochichos enquanto passava pelo corredor. Ao chegar no banheiro, me tranquei no box que tinha vazio e tomei meu banho. Mantive silêncio todo o tempo, ouvindo as fofocas atravessadas com meu nome, sobre o mais novo motivo de rivalidade entre lobos e leões. 
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Você é linda, minha deusa
Mas você está fechada, sim, sim
Eu vou bater, então, você irá me deixar entrar?
Irei te dar uma emoção escondida
– Monster / EXO

2 – Closer Party

  — Marg!? — disse ao entrar repentinamente em nosso quarto, cheia de perguntas na cabeça. — Ops!
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  Me deparei com minha amiga aos beijos em sua cama com James. Algo que eu não esperava presenciar naquela hora do dia.
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  — Me desculpem. — Me encolhi um pouco constrangida pela cena.
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  — Ouh. — James se afastou um pouco de Marg, meio sem graça por minha presença.
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  — Não foi nada, amiga, Jam só veio ver se estamos bem. — Explicou ela com naturalidade.
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  — Ah. — Entrei rapidamente e coloquei a toalha pendurada na porta do guarda-roupa. — Eu vou deixar vocês à vontade.
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  — Não, eu já estava de saída. — Ele se levantou da cama e olhou para Marg. — Te vejo à noite?
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  — Claro. — Ela piscou de leve para ele e mordeu o lábio inferior.
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  Minha amiga era meio maliciosa.
  — Meu irmão ficou triste por ter saído cedo da festa. — Comentou ele ao desviar seu olhar para mim.
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  — Digamos que sou mais caseira. — Expliquei debochadamente. — Mas seu irmão não deveria ficar preocupado, ele estava muito bem acompanhado.
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  — Então era você a pessoa que espiou ele? — James riu.
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  — Em minha defesa, estava procurando o banheiro. — Disse com um tom inocente na voz.
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  — Banheiro. — Ele riu.
  — Sou caloura. — Expliquei mais claramente.
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  — Está convidada também. — Disse ele.
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  — Para que? — perguntei curiosa.
  — Para a Closer Party, a recepção dos leões. — Respondeu Marg no lugar dele.
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  — Closer Party? — desviei o olhar para ela.
  — James, estragou a surpresa, eu ia contar a você depois da aula. — Marg cruzou os braços indignada.
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  — Desculpa, gatinha. — Ele deu um selinho nela e se afastou seguindo para a porta. — Vejo vocês mais tarde.
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  Assim que James saiu, eu voltei meu olhar para Marg, intrigada.
  — Que Closer Party é essa? — perguntei.
  — Só uma pequena recepção para vips que os leões fazem no segundo dia de aula. — Ela sorriu.
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  — Devo presumir que cada fraternidade dá festas assim cada dia? — analisei um pouco a situação.
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  — Não exatamente. — Ela riu. — Nós da Delta Pi damos as boas-vindas. Os leões promovem a recepção dos vips, as najas lançam o desafio das fraternidades e os lobos nos dão a honra de participar da festa dos aprovados.
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  — Que organização, me deixou impressionada com a programação, só festas na primeira semana. — Brinquei.
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  — Precisamos nos divertir, já que o prazer dos professores é nos ver sofrer com as provas e notas baixas.
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  — Agora você me deixou preocupada. — Estava mesmo preocupada.
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  — Ai, amiga, não precisa disso tudo. — Ela deu uma gargalhada.
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  — Você me assustou. — Eu ri junto e me sentei na cama. — Então, pode ir explicando essa coisa de desafio das fraternidades.
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  — Ah não, isso você só vai descobrir amanhã. — Ela se levantou da cama. — Primeira semana é cheia de eventos e nada de aulas, você tá a fim de dar umas voltas?
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  — Ah não, agora não, vai você. — A encorajei me espreguiçando até a janela do quarto. — Já que perdi o horário do café, vou ficar de bobeira aqui e pedir um brunch pelo aplicativo.
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  — Podemos comer em uma lanchonete do campus. — Ela sugeriu.
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  Marg realmente não queria me deixar naquele quarto.
  — Acho melhor não.
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  — Já sei, você não quer é ser vista porque todos estão falando de você. — Concluiu ela com rapidez.
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  — Se você já entendeu, não vai mais insistir. — Fui sincera.
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  — Ok… Mas na Closer Party você não me escapa. — Me fitou com o olhar.
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  — Se eu puder ir de jeans e all star. — Brinquei.
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  — Um dia eu ainda queimo suas roupas. — Brincou de volta, rindo comigo.
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  Esperei até que ela terminasse de se trocar e sair do quarto. Caminhei até minha mesa de estudos e me sentei na cadeira. Mesmo que as aulas começassem somente na semana seguinte, não deixaria para organizar meus horários e minha agenda de estudos depois. Mesmo com o dia lindo e convidativo a ficar sentada na grama da frente do dormitório, o melhor para mim era ficar no quarto e elaborar meu planner semestral. Enquanto eu escrevia e avaliava meu quadro de aulas, tentava relacionar isso com minha meta de leitura atual. 
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  — Deixe-me ver… — continuei concentrada.
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  Voltei meu olhar para os livros indicados como referência para as disciplinas. E logo me bateu uma vontade de visitar a biblioteca. Me lembrei que Matt tinha mencionado a localização dela, ao lado do prédio de Ciências Humanas. Coloquei meu all star branco e peguei a mochila, jogando a carteira dentro com minha agenda e uma caneta junto. Deixei o celular no bolso de trás da calça e saí do quarto. Precisei parar alguns monitores pelo caminho e conferir que o meu mapa improvisado na agenda não estava errado. 
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  — Boa tarde, senhorita, posso ajudar? — disse Hana, a senhora da recepção da biblioteca.
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  — Boa tarde, eu estou com a lista dos livros indicados e queria pegar alguns. — Respondi.
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  — Olha, você é a primeira caloura que visita esse lugar. — Ela soltou um riso fraco. — Espero que seja uma boa aluna.
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  — Eu também. — Concordei rindo com ela.
  — Você pode pegar até cinco livros por vez, e tem exemplares que são restritos a biblioteca, eles estão marcados com um adesivo azul. — Explicou ela. — Você tem até quinze dias para devolver ou renovar o empréstimo.
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  — Ok. — Assenti e apontei no papel os livros que eu queria.
  Ela me indicou os setores e prateleiras que estavam os livros. Me afastei e comecei a andar pelo lugar. Nunca tinha visto tanto livro em um lugar só. A biblioteca pública de Wisconsin era um terço daquela, o que me deixava fascinada.
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  — Cedo demais para pegar livros. — Comentou uma voz masculina à esquerda. 
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  Eu segurei o riso e olhei para ele.
  — Você está me seguindo? — perguntei olhando-o de cima a baixo discretamente.
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  — Ah… Que mal pensamento tem sobre mim? — ele se fez de ofendido.
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  — Os piores possíveis. — Disse o fazendo rir.
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   estava vestido casualmente. Eu tentava identificar nele algo que pudesse ligá-lo a sua fraternidade, assim como Marg tinha seu cordão com pingente de gato. Mas claro que o presidente do Theta Nu Gama não precisava disso, ele por si já representava os leões.
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  — Você é bastante observadora. — Comentou ele.
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  — Aprendi com meus avós. — Voltei meu olhar para a prateleira à minha frente e peguei o livro que queria.
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  — Quer ajuda? Parece pesado. — Ofereceu ele.
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  — Não precisa, estou bem. — Mantive minha atenção na tarefa que executava procurando o último da lista, quando senti seu olhar fixo em mim. — Não tem mais nada a fazer?
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  — De importante, não. — Respondeu.
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  — Tem certeza? — encontrei o livro e peguei, então o olhei novamente. — Me disseram que a festa de hoje seria organizada por você.
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  — Eu estou oferecendo, mas tenho quem faça em meu lugar. — Explicou ele. — Minha prima é nossa cerimonialista em todas as ocasiões.
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  — Olha só, você, James, sua prima, Theta Nu Gama é adepta ao nepotismo? — perguntei num tom irônico.
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  — Minha família fundou esta fraternidade, e cuidamos dela há gerações. — Respondeu mantendo a seriedade na voz, mas com o olhar suave. — Somos uma grande família.
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  — E enfatizou isso por qual motivo? Não sabe que eu sou quase uma Delta Pi? — retruquei.
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  — Até a festa dos lobos, tudo pode mudar. — Assegurou ele.
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  Agora eu entendia as palavras maliciosas de Marg sobre lordes se interessarem por mim. O que me levou a pensar se iria se aproximar de mim da mesma forma que , ou com mais intensidade. Era insano e ao mesmo tempo surpreendente imaginar uma rivalidade por minha causa. Poderia agora me considerar uma Katniss Everdeen em meio ao Jogos Vorazes de Princeton, só tinha que identificar qual dos dois teria a chance de ser o Peeta Melark. Comecei a rir do nada com esse pensamento, por um momento, me esqueci que estava sendo seguida por ele.
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  — Eu serei sincera, não é assim que se conquista uma mulher. — Disse a ele, que vinha atrás de mim.
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  — E como você quer que eu aja? — ele parou em minha frente. — É sincero quando digo que estou interessado em você.
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  — Também é sincero quando eu digo que não me importo. — Sorri de leve para ele e me desviei, indo até a recepção. 
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  Coloquei os cinco livros sobre o balcão e completei minha ficha de cadastro de aluno, pré-aprovada no sistema. Assim que coloquei todos na mochila me afastei para voltar ao dormitório.
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  — Pelo menos terei o prazer da sua presença logo à noite? — perguntou assim que saímos do prédio.
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  — Talvez. — Dei um passo para frente e voltei meu olhar para o lado.
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  Para nossa surpresa e de forma coincidente, vinha em nossa direção. Será que ele também estava me seguindo? 
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  — Ora, ora, se não é o Alpha. — O sarcasmo podia escorrer da boca de que não seria surpresa. — Onde está sua matilha.
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  Claro que era uma provocação.
  — Dominos. — o olhou de forma irrelevante. — Não sabia que gostava da biblioteca, semestre passado nem pisou dentro dela, aprendeu a ler nas férias?
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  A voz de era um pouco rouca, grossa e transmitia firmeza. Mesmo com o tom sarcástico, tinha uma vibração diferente. Enquanto tinha seu ar debochado e divertido, mantinha o mistério e intensidade no olhar.
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  — Que irônico não, você sabe falar. — Devolveu .
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  — Acho melhor eu ir, não quero atrapalhar o romance de vocês. — Brinquei desbancando ambos.
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  Eles riram de forma discreta.
  — Não é você que está sobrando aqui, . — Disse , me deixando intrigada.
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  — O que você disse? — deu um passo para a frente, porém eu segurei em seu braço.
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  — Vocês não vão mesmo brigar aqui, não é?! — intervi, percebendo os olhares em nossa direção.
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  — Vim falar com você. — me olhou com serenidade. — Você perdeu alguma coisa na festa de ontem?
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  — Eu?! — avaliei mentalmente meus passos naquela festa, não me lembrava de ter perdido algo. — Não que eu saiba.
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  — Sugiro que procure melhor em suas coisas. — voltou seu olhar para , como se o desafiasse em silêncio. — Precisará encontrar até amanhã, ao meio dia.
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  Assim que deu seu recado, se afastou de nós e eu notei que se segurava com os punhos fechados e em fúria. Eu não entendia o motivo dele ter me perguntado aquilo, mas tinha uma pessoa que poderia me explicar. Me despedi de e segui para meu dormitório com o celular na mão, ligando para Marg.
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  — O que houve? — disse ela ao entrar no quarto, ofegante, parecia ter corrido. — Vim o mais rápido de pude.
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  — Eu não me importo com essa coisa de fraternidade e festas, mas você precisa me dizer o porquê me perguntou se eu perdi algo. — Iniciei alto e claro. — E você vai me dizer agora.
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  — Não, sério? O próprio alpha te fez a pergunta? — ela parecia ainda mais estática que eu.
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  — Marg, não enrola e vai dizendo tudo. — Apontei para sua cama, para que sentasse.
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  — Então, eu ia deixar como surpresa para amanhã, mas como te fizeram a pergunta hoje. — Ela riu. — O lobo alpha queria mesmo marcar território.
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  — Foco, Margareth. — A repreendi.
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  — Desculpa. — Ela segurou o riso. — Então, no desafio das fraternidades os escolhidos por cada uma deve encontrar uma coisa valiosa para eles que foi perdida na primeira festa, a Fire Party. É como se fosse um trote para os calouros e sua entrada oficial para a fraternidade.
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  — E eu perdi algo. — Conclui.
  — Sim, e o que você perdeu aparentemente está com o Alpha. — Acrescentou ela sem segurança. — Já que foi ele que te fez a pergunta.
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  — Era só o que me faltava, vocês não têm mais nada para fazer além inventar essas coisas?! — perguntei.
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  — É divertido, você que não está acostumada com isso. — Defendeu ela.
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  — Para quem está animado com a ideia de se juntar à realeza pode até ser, para mim não. — Comentei jogando meu corpo para trás e me deitando.
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  Eu realmente não estava animada com todo aquele universo de lobos, leões e a savana inteira. Me virei para o canto e fiquei mexendo no celular. Esvaziei minha mente de tudo aquilo e mantive minha atenção nas mensagens que Beth, minha melhor amiga, me enviava de Wisconsin. Ainda não sabia como o babaca do meu irmão tinha conquistado uma garota tão fofa e meiga como ela. 
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  Ao final da tarde, fiquei observando Marg se aprontar para a festa, enquanto eu me mantinha deitada lendo um livro sobre arquitetura clássica. É claro que ela estava curiosa para saber se eu iria ou não, mas não ousou perguntar. Marg saiu pontualmente às sete do quarto, e pela janela eu vi James a esperando em sua moto. Achei interessante a forma atenciosa dele com ela. A mansão dos leões era relativamente próxima ao campus, eu ainda estava no misto de indecisão e curiosidade.
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  Com a pergunta de voltando a minha mente, me levantei da cama e comecei a olhar minhas coisas. Precisava saber o que realmente eu tinha perdido, foi então que dei por mim que minha pulseira dos sonhos não estava em meu pulso e já fazia um bom tempo. Então era isso que eu tinha perdido naquela noite. O que me fazia pensar que era a pessoa em quem eu esbarrei no corredor ao sair correndo como uma louca. Ele tinha achado minha pulseira ou aproveitado a deixa para pegar. Isso me chocava ainda mais.
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  Me aproximei do espelho e olhei para minha roupa. Básica e sem graça, nas palavras de Marg. Não podia ser melhor. Coloquei o all star, celular e documento no bolso. Saí em direção a tal mansão Theta Nu Gama. Quando cheguei em frente, fiquei parada por um tempo do outro lado da rua, vendo alguns alunos entrarem e outros tentarem como penetras. Coincidentemente o grupo da fraternidade dos lobos estavam chegando em seus carros luxuosos e invejáveis. De todos ali, meu olhar se voltou para somente um. 
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  Eu precisava tirar a dúvida com resposta óbvia. Assim que dei o primeiro passo para ir até eles, um dos veteranos olhou em minha direção e comentou discretamente com . O mesmo deu um sorriso de canto e olhou para mim. Não precisei me mover, ele veio ao meu encontro naturalmente, com seu olhar de sempre.
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  — Não vai entrar? — perguntou ele.
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  — Talvez. — Respondi.
  — Estava me esperando? — assim como eu o analisava, ele fazia o mesmo comigo.
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  — Talvez. — Novamente.
  Ele sorriu de forma espontânea.
  — Estava me esperando. — Constatou ele. — Descobriu o que perdeu?
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  — Está com você, não está?
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  — Talvez. — Devolveu meu sarcasmo na medida certa.
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  — Aproveite a festa. — Dei um passo para me afastar.
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  — Não vai mesmo entrar? — indagou.
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  — Quer que eu entre com você e me exiba como um troféu? — retruquei com certa aspereza.
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  — Se você tivesse uns 40 cm de altura, folheada a ouro maciço e fosse um objeto, talvez sim. — Ele se segurou para não rir de mim. — Mas você respira, e deve ser tratada com respeito.
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  Aquela resposta me silenciou por um momento. E fez meu coração pulsar estranhamente mais forte.
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  — Para o Dominos pode até ser uma competição, mas para mim não. — Seu olhar transmitia sinceridade. — Espero que me encontre amanhã até o meio dia, se quiser ser uma Alpha Omega, caso contrário, não se preocupe que eu devolverei sua pulseira ao anoitecer.
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  Sem mais pronunciamento, ele se afastou de mim e seguiu para a entrada da manhã. Onde Louise o esperava. Intrigante o quanto minha mente consegue me deixar sem foco quando quer. Fiquei minutos ali imaginando que tipo de relacionamento ele tinha com a loira de traços franceses. Seus pais eram amigos, ela era a vice, a um passo de ser primeira dama, como diria Marg. Respirei fundo e voltei à realidade, segui de volta ao dormitório, porém desviei meu caminho para a biblioteca. 
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  Um lugar tranquilo, silencioso e escondido nessa época do ano letivo. Os alunos só se lembravam daqui na semana de provas e, com sorte, antes da entrega de trabalhos. Hana tinha gostado de mim, então me deixou entrar e ficar algum tempo lá. Eu realmente achei que seria tranquilo e silencioso, como a paisagem no final da tarde na fazenda da família. Mas eu estava em Princeton agora, e era a notícia do momento.
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  — Fletcher. — A voz de uma mulher soou a esquerda, me fazendo mover o olhar para ela.
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  — Estou admirada de como é fácil as pessoas saberem quem eu sou. — Comentei com ironia, estava sentada no chão lendo. — A quem eu devo agora?!
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  — Isla Baker. — Respondeu a garota com um sorriso discreto em seu rosto e o estilo Blair Waldorf nas roupas.
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  — Me deixe adivinhar, é prima ou irmã de ?! — deduzi.
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  — Irmã mais velha. — Respondeu se aproximando de mim. — Achei que fosse entrar na mansão, mas depois de dez minutos encarando o lugar, fiquei surpresa por ter vindo para cá. 
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  — Você também tem o hábito de seguir as pessoas? Isso é o quê? Um hobby entre os alunos daqui? — perguntei chocada.
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  — Não. — Ela riu. — Você é muito engraçada.
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  — Não diga, você acha? — nessa altura não estava mais medindo o sarcasmo na minha voz.
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  — Eu sempre chego atrasada nas festas por demorar em me arrumar, e quando vi meu irmão conversando com você, fiquei curiosa. — Explicou ela se sentando no chão de frente para mim. — Fiz uma aposta comigo mesma que você entraria, mas acho que perdi, agora me devo um dia no spa. 
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  Uau. O que tinha de reservado e misterioso, sua irmã tinha de aberta e excêntrica.
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  — Interessante, e me seguiu depois disso? — continuei.
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  — Bem, eu ainda estava com a esperança de você mudar de ideia e ir na festa, mas acabou entrando aqui. — Seu olhar curioso para mim era perceptível. — Fiquei curiosa, marcou um encontro na biblioteca?
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  — Não, a última vez que fiz isso não deu muito certo. — Respondi fazendo-a rir sem dificuldade.
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  — Você me parece ser bem divertida. — Comentou ela. — Deve ser por isso que chamou a atenção do meu irmão.
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  — Eu te garanto que minha intenção é ser totalmente invisível. — Assegurei. — Já foi complicado chegar aqui, imagina se eu arrumar confusão.
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  Desabafei um pouco.
  — Fiquei impressionada quando indicou seu nome. — Comentou ela desviando seu olhar para as unhas perfeitamente feitas.
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  — Ainda me intriga saberem tanto sobre mim. — Sussurrei.
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  — Meu irmão não confia facilmente nas pessoas, esse é o ponto que mexeu comigo. — Revelou ela.
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  — E por isso está aqui? Para me testar?
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  — Você é inteligente. — Observou ela.
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  — Então minha dedução está correta? — a olhei curiosa.
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  — Sim e não. — Ela suspirou fraco. — Alpha Omega é bem mais que uma fraternidade de uma Ivy League. Somos mesmo uma família, para nós que somos herdeiros, nos tornamos lobos assim que nascemos. E para é algo importante não desapontar nossos pais.
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  — Sei bem o que é isso. — Sussurrei.
  — Ele se tornou presidente da fraternidade aos 12 anos. — Ela riu fraco. — Acredite se quiser, e não tinha nem entrado no ensino médio ainda, e após todos esses anos, você foi a única pessoa que ele indicou.
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  — Isso deve ter causado um alvoroço. — Comentei.
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  — Você nem imagina. — Ela manteve o olhar fixo em mim.
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  Se tinha uma coisa que eu me identificava com os lobos, era o olhar observador e analítico. Disso eu entendia muito bem.
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  — Bem, vou deixá-la em paz com sua leitura. — Ela se levantou. — Espero que possa nos dar uma chance e entrar para a família. Não estou dizendo para se casar com meu irmão… — ela riu de si mesma. — Mas espero que possa dar uma chance a Alpha Omega.
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  — Agradeço.
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  — Pelo que?
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  — Pela companhia repentina.
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  — Não há de que. — Ela se afastou e seguiu para a saída.
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  Permaneci um tempo em meio aos meus devaneios. A conversa com Isla foi uma surpresa. Mas algo que me deixou pensativa sobre ser ou não uma loba. 
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“Someone call the doctor.”
– Overdose / EXO

3 – Desafio da Fraternidade

  — Calouros aqui presentes… Bem-vindos ao desafio da fraternidade. — Anunciou Maya Sollary, a presidente da sororidade Tau Sigma.
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  Nas palavras de Marg, a naja mais esperta e eclética do campus. 
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  — Todos sabem que muitos calouros chegam a nossa amada Princeton, somente os convidados vão à primeira festa, porém, só os vips tem a oportunidade no segundo dia de ser escolhido por uma fraternidade. — Continuou ela olhando para os poucos calouros enfileirados à sua frente — E cada um de vocês tem até o meio dia para encontrar o membro da fraternidade que detém o que perderam, isso significa que possuem menos de uma hora para isso… Eles podem estar em qualquer lugar, prédios, laboratórios, bosques, mansões.
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  Os cochichos começaram de repente. E notei que a atenção de todos estava em mim. Não somente lobos e leões, mas, segundo Marg, até mesmo Joy estava interessada na minha entrada para a Delta Pi. Não seria uma má ideia ir na contramão do que todos esperam e ficar em um lugar neutro.
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  — Se até meio-dia não encontrarem o objeto — finalizou Maya —, não poderão entrar em nenhuma fraternidade por um ano.
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  Essa ideia também era boa. 
  Ao som da contagem de Maya, meu coração já começou a acelerar. Assim que o tiro soou, os calouros começaram a correr para todos os lados, sendo assistidos pelos veteranos que riam de seu desespero. Eu permaneci parada onde estava, calculando prós e contras de entrar ou não em uma fraternidade. Claro que a conversa com Isla também veio em minha mente. Devido ao fato dela estar presente ali e me observando. Tentei não encará-la, mas foi difícil, ela mantinha um sorriso de curiosidade no rosto, como se torcesse para ver algum movimento de minha parte. 
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  — Eu quero isso? — me perguntei em sussurro.
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  Eu queria entrar para a alcateia?
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  Queria desvendar o mistério chamado ?
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  Ou iria esperar um ano para, quem sabe, dar espaço para o insistente ?
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  Não deveria estar preocupada com isso. Meu foco em Princeton era estudar. Sonhava com isso desde criança. Mas se fraternidades faziam parte do pacote, precisava encarar de frente. Dei um passo para trás e mais uma vez percebi o olhar de todos atentos a única que ficou parada. Eu não iria sair correndo como uma louca sem direção. Eu tinha que pensar, analisar a situação e traçar a melhor rota.
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  Alpha Omega era uma fraternidade que tinha lobos como referência. Lobos gostam de florestas e caçam em bando, mas estaria sozinho. Onde ele estaria? A mansão seria óbvia demais e não me deixariam entrar mesmo nessa ocasião. A biblioteca seria provável já que passou a ser meu local favorito, mas o pouco que notei dele, não estaria lá por causa de . Baker pode até não ser competitivo, mas tinha seu lado provocador.
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  Então…
  Onde ele estaria? No bosque?
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  Tinha dois parques na região. Qual poderia ser? Voltei meu olhar para Isla, que ainda mantinha sua atenção em mim. Ela parecia querer me dar alguma dica e eu aceitaria. Logo, ela ergueu a mão e passou em seus cabelos cacheados, mostrando um anel. Seria aquilo o objeto que identificava os lobos? Mas o que ela queria dizer? Seu olhar continuou fixo e de repente se moveu para baixo focando no copo com água em sua mão. Se ele estava em algum parque ou bosque, seria perto do canal.
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  Era isso que ela queria me dizer?
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  Dei mais dois passos para trás e finalmente saí correndo. Minha sorte foi ter levado meu mapa improvisado. No meio do trajeto, passei próximo à entrada da biblioteca e vi de relance com a caloura da primeira noite. Voltei ao foco e continuei na direção que tracei. Retirei o celular do bolso e olhei a hora, tinha perdido tanto tempo em minhas indecisões que só me restava vinte minutos.
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  O que eu fazia com 20 minutos?
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  — Ai, droga! — gritei frustrada.
  Respirei fundo retomando o fôlego e guardando o celular no bolso. Desejando matar quem tinha inventado essa brincadeira. Continuei passando pelas árvores olhando para todos os lados. Eu já conseguia ouvir o barulho das águas no canal, poderia significar que eu estava perto demais ou totalmente longe e perdida. Parei por um instante e olhei em volta novamente. Já me sentia cansada e com pensamentos negativos de desistir. Fechei os olhos e lá no fundo, ouvi um assobio baixo, minha audição sempre foi boa. 
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  Abri os olhos e olhei para o leste, voltei a correr novamente por mais alguns minutos até que vi um homem parado em frente a uma árvore de costas para mim. Parei em sua frente e sem fôlego quase, curvei de leve meu corpo, colocando as mãos no joelho. Precisava me recuperar. Olhei de relance e o vi se virar para mim.
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  — Você poderia ter escolhido um lugar mais fácil. — Reclamei, com dificuldade em falar.
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  — Você escolheu vir. — A serenidade estava em seu olhar, mesmo com a ponta de intensidade.
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  — É, eu escolhi, quero minha pulseira de volta. — Disse convicta.
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  — Por que escolheu vir? — perguntou ele tirando minha pulseira do bolso para que eu visse. — Eu não roubei de você, se foi isso que pensou, ela caiu quando esbarrou em mim.
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  — O prendedor está com defeito. — Sussurrei.
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  — Notei e consertei. — Ele colocou no bolso novamente.
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  — Agora já pode me dar. — Dei um passo para frente.
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  Porém, não me atentei onde pisava e escorreguei caindo.
  — Ai. — Senti uma fincada no tornozelo direito. — Não, não…
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  — Você está bem? — perguntou ele se aproximando e abaixando. — Se machucou?
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  — Não, está tudo bem. — Disse de imediato, sentindo meu tornozelo latejar. — Não foi nada, só me ajude a levantar.
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  — Tudo bem.
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  Ele segurou em meu braço me amparando. Eu tomei impulso para levantar, porém senti uma dor mais forte, que me fez gritar. percebeu que não era tão simples assim e que eu havia mentido. Sem cerimônias ele me pegou no colo e começou a me carregar, seguindo de volta ao campus.
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  — Para onde está me levanto? — perguntei enquanto me sentia envergonhada por estar em seus braços, com todos me olhando.
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  — Para a enfermaria. — Respondeu ele num tom sério.
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  Ele parecia zangado por eu ter mentido estar bem. Permaneci em silêncio até que chegamos na enfermaria e uma veterana veio nos ajudar.
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  — . — Ela sorriu para ele. — Uau, o que aconteceu?
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  Seu olhar veio direto para o meu tornozelo que já se mostrava inchado.
  — Então, vai ter que amputar? — brinquei.
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  — Não. — Ela riu de mim.
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  Olhei rapidamente para , que se mantinha sério e inexpressivo.
  — Como eu sei que já sabe meu nome… — iniciei. — Posso saber o seu?
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  Perguntei a observando avaliar o estrago. 
  — Pode me chamar de Freya. — Disse ela mantendo o bom humor.
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  — Faz enfermagem?
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  — Não, estou no quarto ano de medicina, quase fazendo minha residência, mas por enquanto sou estagiária aqui. — Respondeu ela tranquilamente, não se importando com o mau humor da pessoa ao nosso lado. — Você torceu o tornozelo como previ, não force muito e coloque bolsa de gelo para desinchar, se continuar com dores vá ao hospital.
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  — Ok. — Assenti.
  — Tenho certeza que com um guardião como , você não terá esforços. — Comentou ela segurando o riso, enquanto enfaixava meu tornozelo. — Vou colocar isso para ajudar e tome analgésicos para dor, mas não conta que fui eu que indiquei.
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  — Sem problema. — Eu ri. — Mais alguma recomendação?
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  — Não, ah… Bem-vinda à alcateia. — Soou com empolgação.
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  — Obrigada. — Abri um largo sorriso de satisfação.
  — Ela ainda não é um lobo. — Disse se aproximando de mim.
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  Estraga prazeres. 
  — Vou te levar até seu quarto. — Continuou ele me pegando no colo novamente. — Obrigado, Freya.
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  — Não há de que. — Ela sorriu para ele.
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  Eu já tinha visto que nem todos os lobos eram iguais. E tinham os legais como Freya e Isla. O que me empolgava a conhecê-los.
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  — Por que disse a ela que eu não sou uma de vocês? — reclamei enquanto era carregada por ele.
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  — Só entrará oficialmente na festa de sexta-feira. — Respondeu.
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  — Hum. — Não me dei por vencida.
  Que os alunos dali gostavam de uma festa, eu já tinha percebido. Estava então curiosa para saber como era uma festa recepcionada pelos lobos. E rolava os boatos que quem orquestrava tudo era Isla. Chegando no meu quarto, entramos e nos deparamos com Marg e James. Eles se surpreenderam por me ver sendo carregada, foi então que Marg olhou para meu tornozelo enfaixado.
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  — Oh, , o que houve? — Ela se afastou do seu felino e se levantou já indo ajeitar o travesseiro para mim.
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  — Eu caí, só isso. — Respondi enquanto me colocava na cama.
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  — Só caiu?! — O olhar dela ficou confuso e embasbacado com minha resposta.
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  — É, nada demais. — Voltei meu olhar para . — Obrigada.
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  — Tenha cuidado. — Foram suas únicas palavras antes de sair, ele olhou para James. — Dominos.
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  — Baker. — James o cumprimentou.
  Marg também dispensou James, para que ficássemos sozinhas. Assim que fechou a porta ela me olhou curiosa.
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  — O que aconteceu? — perguntou vindo sentar na minha cama. — Amiga, você ficou um tempão parada olhando pro nada e depois saiu correndo, agora volta assim.
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  — A história é longa Marg. — Respondi.
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  — Pois trate de me contar tudo, não tenho nada para fazer hoje. — Ela cruzou as pernas e ficou me esperando.
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  Só tinha três dias de convivência e eu já tinha conhecido todos os lados dela. Ficamos conversando por um tempo, até que ela recebeu uma chamada da sua fraternidade e teve que ir. Pensei que ficaria tranquila, mas meu momento solo durou pouco. Isla invadiu meu quarto com um saco de papel com analgésicos dentro. 
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  — O que está fazendo aqui? — perguntei.
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  — Te trouxe seus analgésicos. — Respondeu ela adentrando mais um pouco e puxando a cadeira para sentar. — Me conta, como conseguiu entender meu código?
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  — Talvez eu tenha sangue de lobo. — Brinquei, fazendo-a rir.
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  — Você é mesmo divertida. — Ela jogou o cabelo para trás do ombro com a mão direita. — Mas…
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  — Mas?!
  — O que você fez para meu irmão ter ficado zangado?
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  — Ele estava zangado? — Por essa, talvez, eu esperava.
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  — O que disse a ele? Não conseguiu chegar a tempo?
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  — Eu o achei faltando três minutos para meio-dia. — Respondi. — Acho que foi por causa do meu tornozelo, eu disse que estava bem.
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  — odeia quando mentem para ele. — Ela fez uma cara preocupada. — Mas o que importa é que está tudo bem com você. E bem-vinda à alcateia.
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  — Eu ainda não sou um lobo. — Disse meio emburrada. — Segundo seu irmão.
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  — Aquele bobo. — Isla riu.
  — Ele nem me devolveu minha pulseira. — Reclamei.
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  — Agora eu estou ansiosa pela festa de sexta. — Rindo de mim.
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  Só tinha dois dias até lá, que passaram tão devagar quanto o pior dos anos letivos. E nesse tempo, tive um pequeno desentendimento com , quando tentou me carregar no colo até a biblioteca e eu não deixei. A coisa mais estressante que já fiz foi ter dito a ele que não precisava de ajuda. Isso me renderia dor de cabeça depois.
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  Sexta à noite, Isla fez questão de me buscar no dormitório, e com a sua ajuda, cheguei a salvo à mansão da fraternidade Alpha Omega. Eu já conseguia caminhar, ainda com desconforto, mas conseguia. Bem no meio do discurso que Maya fazia, a atenção de todos se voltou para mim. Me encolhi um pouco ao lado de Isla, que transbordava glamour. 
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  — Parece que agora somos a atração da festa. — Brincou Isla.
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  — É o que parece. — Voltei meu olhar para e depois para .
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  Eu não estava nada apropriada para aquela festa. O mesmo look básico de sempre. Após a entrada formal dos calouros nas fraternidades, a pista de dança foi liberada e todos começaram a se diverti. Eu me afastei um pouco de Isla e dei algumas voltas pela mansão. 
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  — Então agora você é um lobo. — Disse ao se aproximar de mim.
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  — Parece que sim. — Eu o olhei.
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  — E está me evitando por isso? — Ele segurou em minha mão.
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  — Não, para ser sincera, meu tornozelo não tem me dado descanso. — Desviei meu olhar para sua mão segurando a minha. — A distância nos tornou íntimos?
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  — Bem que eu gostaria. — Ele se aproximou mais. — Você me permite?
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  — Isso poderia causar a terceira guerra mundial? — devolvi a pergunta.
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  — Quero pagar para ver. — Ele me beijou de surpresa, com um toque de malícia.
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  Fiquei em um misto de consentir ou não. Mas depois de alguns segundos, acabei me afastando dele para retomar meu fôlego e juízo.
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  — O que foi? Não gostou? — Seu tom foi de preocupação.
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  — Não esperava. — Respondi num tom baixo. — Bem, acho que esperava sim, mas não contava que faria isso em terras inimigas.
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  — É por isso que eu fiz. — Ele sorriu de canto malicioso e voltou seu olhar para trás de mim, me fazendo acompanhar.
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   nos observava de longe.
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  — Agora entendi. — Disse dando um passo para trás.
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  A competitividade de era surreal.
  — Onde vai?! — perguntou ele segurando minha mão novamente.
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  — Me alimentar, como sabe, só vim pela comida. — Soltei minha mão da dele e me afastei.
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  Me aproximei de Isla e pedi ajuda para ir embora. Meu tornozelo havia começado a doer novamente. Ela enviou uma mensagem a Chester, seu namorado, para que viesse até nós. Porém, apareceu em seu lugar.
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  — Pode deixar, eu a levo. — Disse ele.
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  — Não precisa, posso ir sozinha. — Disse o dispensando.
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  — Ou pode pedir ao seu felino amigo. — Louise apareceu ao lado de com uma taça de vinho na mão. — Me conta, como é se relacionar com o iludido rei da selva?
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  — Deixa de ser desagradável, Louise. — Isla a repreendeu.
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  — Nossa, só foi uma brincadeira. — Se explicou. — Além do mais, há cinco minutos atrás ela estava aos beijos com ele.
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  Desviei meu olhar para que se mantinha indiferente aos comentários de Louise, como se não importasse com nada.
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  — Eu vou levá-la, e ponto final. — Garantiu ele de forma a não ser mais contestado.
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  — Bem, desejo melhoras ao seu tornozelo. — Disse Louise ao passar por mim.
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  Acidentalmente ou não, ela fingiu um tropeço e derrubou o vinho em minha blusa. Situação de colegial que sempre imaginei não passar na universidade. Respirei fundo.
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  — Oh… — Isla se moveu para ir brigar por mim, porém, eu a impedi.
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  — Não se chateie com isso. — Pedi a ela. — Foi só um acidente e já estou indo embora mesmo. 
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  — Tudo bem, mas se precisar de qualquer coisa, me avise. — Ela me olhou com gentileza.
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  — Obrigada. — Sorri para ela e olhei .
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  No início ele bem que tentou reunir paciência para me amparar e esperar que eu caminhasse em segurança. Mas antes de chegar na rua, ele me pegou no colo e me levou até o prédio do meu dormitório. Chegando no meu quarto, ele me colocou de pé em frente à porta e se afastou.
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  — Espera. — Segurei em sua mão no impulso.
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  — Tome um analgésico e descanse. — Ele se soltou de mim.
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  — Baker. — Moderei meu tom o deixando seguro e consistente.
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  — O quê?
  — Podemos conversar? — perguntei.
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  Ele respirou fundo e assentiu com a cabeça. 
  Abri a porta do meu quarto e entramos. Ele ficou encostado na parede com as mãos nos bolsos da calça me olhando.
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  — Deveria trocar a blusa. — Comentou ele.
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  — Se importa de se virar? — pedi.
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  Ele sorriu de canto e se virou.
  — Quer que feche os olhos?
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  — Não seria uma má ideia. — Brinquei retirando a blusa e colocando a do pijama que tinha deixado embaixo do travesseiro. — Pode se virar.
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  — O que quer? — Ele foi direto e preciso ao me olhar novamente.
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  — Você não me devolveu minha pulseira. — Respondi superficialmente.
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  — Só por isso? Poderia ter me pedido lá fora. — Retrucou.
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  — Você está com ela aí?
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  — Talvez. — Ele sorriu de canto. — Por que a chama de pulseira dos sonhos?
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  — Por que cada pingente representa um sonho que eu quero realizar. — Respondi.
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  — Interessante. — Ele continuou me olhando, com sua forma discreta de tentar ler meus movimentos e reações.
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  — Está zangado por que fui beijada por seu rival? — indaguei cruzando os braços.
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  — Eu deveria?
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  — Me responda você. — Devolvi a pergunta. — Está me ignorando agora.
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  — Não estou te ignorando, estou respeitando seu espaço. — Explicou ele. — Quanto ao beijo, você tem liberdade para beijar quem quiser.
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  — Por que você é assim? — perguntei um pouco irritada por seu jeito pacífico.
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  — Assim como? — Ele atentou ainda mais a mim.
  — Inexpressivo, não mostra o que sente nem fala o que realmente pensa. — Bufei um pouco frustrada.
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  — Não me dou muito bem com palavras. — Confessou ele. — Aprendi que o silêncio é o melhor caminho, lobos sempre observam mais antes de atacarem.
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  — E está se preparando para me atacar? — Brinquei.
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  — É o que você quer? — Ele se afastou da parede e se aproximou de mim. — Está esperando um segundo beijo?
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  — Para ser honesta, estou considerando descartar até o primeiro…
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  Nem mesmo pude terminar a frase.
  O suave toque dos lábios de me deixaram estática por um segundo, até que correspondi em plena confusão interna. Não era para ser assim? Não. Não pedi para ser beijada por ninguém naquela noite e ficar ainda mais confusa. Claro que no fundo, para , era somente um jogo em que me conquistar o definiria como vitorioso. Mas eu achava divertido nossos momentos de sarcasmos e indiretas. Já com , era um misto de curiosidade e ironia, que me deixava maluca ao ver que na mesma proporção que eu o observava, ele me analisava. E não havia somente silêncio entre nós, mesmo que fôssemos de poucas palavras.
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  — Eu… — desviei o olhar para meu pulso e vi minha pulseira nele.
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   tinha aproveitado minha distração no beijo para me devolver.
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  — Como fez isso? — perguntei erguendo o braço e mostrando.
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  — Todo alpha tem seus segredos. — Ele sorriu de canto e piscou de leve.
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  Eu sorri de leve e senti meu celular vibrando no bolso. Era uma mensagem de , me convidando para conhecer a mansão do Theta Nu Gama, já que não tinha ido a Closer Party. Notei que leu a mensagem discretamente, óbvio, pois sua face ficou séria.
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  — A escolha é sua. — Assegurou ele.
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  Sim.
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  Eu sabia que a escolha era minha.
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  Tinha duas opções: ficar ali no quarto com ele e desvendar ainda mais o mistério Baker, ou sair e ter uma noite possivelmente cheia de jogos e sarcasmos com o Dominos. 
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  Olhei para que se mantinha sério, porém sereno no olhar e sorri, eu sabia que não iria me arrepender da minha escolha.
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Basta ficar como está,
A medida que você só olha para mim,
Eu nunca vou deixar você ir,
Apenas observe.
– Growl / EXO

4 – Bauhaus

  Minha escolha foi de ficar no quarto com .
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  Meu coração acelerou quando coloquei meu celular de volta no bolso da calça e recebi outro beijo dele em resposta à minha escolha. Poderia dizer que tivemos uma noite interessante e longa? Sim. Porém, um imprevisto na casa de seus pais o fez ir embora de imediato. Assim que nos despedimos na porta do meu quarto e me tranquei dentro, retirei o celular do bolso novamente para enviar uma mensagem de resposta a .
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  “Desculpa, mas não é noite de lua cheia e esta loba precisa descansar.” — enviei a ele.
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  “Que pena, a noite também é dos felinos, achei que quisesse se divertir. 
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  Mas soube que reclamou de dores no tornozelo. 
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  Desejo melhoras.” — digitou ele de volta.
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  Sorri de leve olhando para tela do celular, então coloquei o aparelho na bancada de estudos ao lado da minha cama. Caminhei até o armário e troquei de roupa. Logo senti mais uma pontada de dor no tornozelo, começando a latejar depois. Abri a mochila e retirei os analgésicos, tomei um com a água que estava na minha garrafinha, então me deitei. Não demorou muito, até que peguei no sono. No meio da madrugada ouvi vozes de Marg chegando, estranhei ela não ter dormido na mansão dos leões.
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  Na manhã seguinte, acordei com o olhar curioso de minha nova amiga para mim, ansiosa para que eu acordasse. Me espreguicei de leve e ergui meu corpo. Ela parecia apreensiva em começar a falar, mas se segurando.
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  — Fala, Margareth, pode dizer todas as coisas que se passam em sua mente. — Comentei olhando-a com tranquilidade.
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  — Só me diga uma coisa, qual dos dois beija bem? — perguntou ela exalando curiosidade.
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  — De onde tirou isso? — meu corpo gelou.
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  — Querida, o campus está fervendo com as últimas notícias, fotos do seu beijo em na festa dos lobos, e fotos do seu beijo em na porta deste quarto. — Ela cruzou os braços para mim, o olhar de: vai continuar negando?
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  Respirei fundo procurando as palavras mais adequadas para que ela não surtasse mais ainda.
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  — Calma, Marg, eu não neguei nada até agora. — Disse ponderadamente. — E esse povo do campus são todos fofoqueiros.
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  — Não acredito que esse furo não veio de mim. — Ela bufou frustrada. — Não que eu queira fazer fama em cima de você, amiga, mas já fazendo…
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  — Não se preocupe, Marg, não te recrimino. — Ri o olhar inocente dela. — Mas, não tem nada rolando, e não existe triângulo amoroso, se isso já foi colocado em pauta.
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  — Tem certeza? — seu olhar de desconfiança era visível.
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  — Sim, eu ainda tenho meu foco total nos estudos. — Olhei para o celular estranhando não ter despertado. — E por falar nisso, hoje é meu primeiro dia de aula oficial e já estou atrasada.
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  Me levantei depressa da cama e troquei de roupa correndo.
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  Foi o tempo de prender o cabelo com uma gominha qualquer que Marg me emprestou, jogar o caderno, minha agenda, bolsinha de canetas e celular na mochila e sair correndo com o mapa do campus na mão. Claro que os olhares e cochichos pelo caminho não faltaram. Tentei ignorar tudo e cheguei no auditório que seria a aula de História da Arte e do Design. Mais uma vez todos os olhares estavam direcionados para mim. A famosa caloura de Wisconsin que chegou atrasada.
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  — Me desculpe o atraso. — Disse ao me direcionar apressadamente para o assento vazio ao fundo da arquibancada. 
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  A sala de aula estava cheia.
  Assim que me sentei, percebi que o professor mantinha seu olhar impaciente para mim, assim como os outros. O que será que eu tinha feito de errado desta vez? Poxa, eu era somente uma caloura. Não poderiam me dar um desconto? Foi quando um veterano se levantou na primeira fileira. Meu coração gelou na hora. Era ali. Estava com um crachá de monitor. Ele veio até mim, pegou minha mochila que estava em cima da mesa e pegando em minha mão, me levou para frente, me colocando sentada na cadeira ao seu lado. Fiquei com vergonha? Claro, sem dúvida nenhuma. E queria uma explicação de tudo aquilo.
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  Assim que me assentei e também, o professor Brown deu início a aula. Além de história da arte, ele também era o Coordenador da Escola de Arquitetura, que oferecia cursos desta área e de todas que englobava design e desenho industrial. Dez minutos depois do professor apresentar o curso de design e a disciplina que nos ensinaria, o alpha percebeu meu nervosismo diante do ocorrido, e pegando meu caderno, começou a escrever.
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  “Você é um lobo agora, neste lugar, lobos se sentam na primeira fileira, até os professores sabem disso. Além do mais, o senhor Brown também é da alcateia.”
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  Eu virei meu olhar para ele depois que li. Era só o que me faltava. continuou olhando para frente como se nada tivesse acontecido. Então peguei a caneta de sua mão e escrevi também.
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  “Me dá um desconto, é o meu primeiro dia. E você? O que faz aqui? Veterano?” 
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  “Não sabe ler? kkkkkkkk Sou seu monitor.”
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  “Meu monitor? Está aqui para me deixar nervosa.”
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  “E por que está nervosa?”
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  “Ainda pergunta?”
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  Eu o olhei novamente. Então ele pegou a caneta de minha mão.

  “Deveria prestar atenção na aula, isso vai cair na prova.”
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  “Se você deixar.” 
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  Ele sorriu de canto, mantendo a atenção no professor.

  “Não podemos ser mais tecnológicos?” — escrevi.
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  “É proibido celulares nas aulas.” — escreveu ele segurando o riso.
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  “Que pré-histórico.” 
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  Bufei um pouco, ele riu baixo.

  “Não ria de mim” — cruzei os braços e o olhei.
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  “Você fica sexy quando está zangada.”
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  — O quê?! — soltei em voz alta, atraindo novamente a atenção de todos, quando dei por mim o que tinha feito, coloquei as mãos na boca. — Me desculpe.
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  Notei risadas aleatórias, que cessaram assim que lançou seu olhar de alpha protetor.
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  — Algum comentário pertinente à aula, senhorita Fletcher?! — o senhor Brown se aproximou de nós e pegou meu caderno. — Interessante suas anotações, senhorita Fletcher. — Comentou após ler e colocar de volta na mesa.
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  Por mais que ele tentasse manter seu olhar em mim, o foco de sua fixação era em ao meu lado.
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  — Já que se mostrou tão aplicada mesmo com seu atraso inoportuno, espero da senhorita um artigo de 10 páginas sobre as influências da arquitetura clássica encontradas no design moderno industrial, sob o olhar da cultura funcional da Bauhaus. — Pediu ele. — Para ser entregue na sexta-feira.
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  O que? Quem? Onde? Pensei comigo.
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  — Tenho certeza que nossa caloura irá entregar o artigo mais impecável que já leu. — Assegurou com firmeza.
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  Tem certeza que era pra mim e não para ele, senhor Brown? Pensei novamente.
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  — Assim espero. — O professor se afastou de nós.
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  Olhei para , desnorteada e raivosa ao mesmo tempo. Assim que a aula terminou, peguei minha mochila joguei nas costas e saí na frente espumando de raiva dele.
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  — . — Ele me chamou ao me alcançar, então segurou em meu braço para que eu parasse de andar.
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  — O quê? — disse com agressividade.
  — Está tudo bem? — perguntou ele.
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  Observando discretamente as pessoas parando para ver nossa pequena briga.
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  — Você ainda pergunta. — Me soltei dele. — Obrigada, Alpha, graças a você tenho um artigo para entregar e nem sei como se faz isso, eu nem sei mais sobre o que é.
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  — As influências da arquitetura clássica encontradas no design moderno industrial, sob o olhar da cultura funcional da Bauhaus. — Respondeu ele com serenidade.
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  — Fica longe de mim. — Me afastei dele e segui para a sala de desenhos onde seria a próxima aula.
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  Foi difícil me concentrar na aula de Representação Técnica. Primeiro por causa do relatório, depois pelos olhares de todos para mim. Claro que um vídeo da discussão no corredor com já estava correndo pelos celulares de geral. Para mim, que vivi a vida inteira em uma cidadezinha pacata e tranquila, toda aquela exposição repentina não me fazia bem. 
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  As horas se passaram, na hora do almoço me refugiei dentro da biblioteca. O lado bom de se ter feito amizade com a atendente Lin? Ela já tinha reservado um cantinho cativo para mim, assim não seria incomodada. Mas claro, só até a parte B.
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  — Está mais calma? — perguntou ao se aproximar de mim e se sentar no chão ao meu lado.
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  — Sou tão previsível assim que é fácil me encontrar aqui? — não me segurei e bufei um pouco.
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  Só queria ficar sozinha.
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  — Já percebi que não. — Ele soltou uma risada baixa. — Não estou chateado por ter me trocado pelo alpha, se vale saber. 
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  Voltei meu olhar atravessado para ele. A última coisa que queria naquele momento era me lembrar da disputa ridícula que ele tinha transformado minha estadia ali.
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  — Ok, não vou mencionar o assunto. — Ele sorriu de forma gentil e desviou o olhar para minha mão. — As influências da arquitetura clássica encontradas no design moderno industrial, sob o olhar da cultura funcional da Bauhaus. 
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  Percebi que segurou o riso e ficou observando minha reação.
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  — Até você? — soltei o livro e cruzei os braços. — Não tem graça. Para vocês deve ter sido fácil chegar aqui, mas para mim não, eu tive que convencer meus pais a vir, convencer a universidade a me dar uma bolsa, convencer a mim mesma que conseguiria, para mim estar aqui não é festas de fraternidade, é o meu futuro e o meu sonho.
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  Soltei um suspiro fraco, mas tinha desabafado finalmente.
  — Se quiser posso te ajudar, conheço muitos veteranos que foram ótimos alunos em história da arte. — Comentou ele.
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  — Pensei que você iria se oferecer. — Brinquei.
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  — Meu curso é exatas pura e não ciências sociais aplicadas, passa longe disso. — Ele riu.
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  — Ela não precisa de você, leãozinho. — Reconheci a voz de Joy Tenebrae ao lado.
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  Voltamos nosso olhar surpreso para ela, que carregava quatro livros nos braços.
  — O que faz aqui? — perguntei ao me levantar. — O que é tudo isso?
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  — O que acha que está fazendo, gatinha? — perguntou .
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  — Estou ajudando minha caloura de design. — Ela voltou o olhar para mim. — Tenho cinco artigos publicados sobre a Bauhaus e mais três sobre arquitetura clássica, minha monografia de conclusão de curso fala sobre ambos assuntos e neste momento sou a pessoa mais indicada para lhe ajudar. 
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  Ela olhou novamente para .
  — Poderia deixar as damas a sós, majestade? — seu tom não parecia uma pergunta, mas sim uma ordem.
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  — Como pedido. — me olhou e me deu um beijo suave na bochecha. — Te vejo depois?
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  — Não tenho certeza se terei tempo. — Comentei deixando a resposta vaga.
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  — Te vejo depois. — Confirmou ele.
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  Disfarcei o sorriso e o segui com o olhar até que sumiu em nosso campo de visão. Então, voltei minha atenção para Joy que se mantinha com a curiosidade no olhar.
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  — Posso saber realmente o que faz aqui? — indaguei. — Sou uma caloura e já percebi que ninguém presta favores de graça aqui.
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  — Garota esperta. — Ela sorriu de canto. — Tenho dívidas com o alpha, ele me mandou aqui e eu vou te ajudar, você querendo ou não.
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  Eu não tinha como recusar. Depois do currículo exposto que ela tinha. Eu nem sabia o que era um artigo direito.
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  — Não tenho outra escolha. — Suspirei fraco.
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  — Isso mesmo, você não tem. — Ela riu de mim.
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  Pegamos mais dois livros referentes à metodologia científica e seguimos para uma mesa. Eu só teria essa matéria na próxima semana devido a uma viagem que a professora estava fazendo. E por mais que tivesse no dia seguinte, não conseguiria aprender o que preciso em uma aula. O que significava que se não fosse a ajuda de Joy, estaria realmente encrencada. Passamos a tarde toda ali dentro, nem mesmo saímos para comer algo. Joy precisou acionar suas calouras recém ingressas a Delta Pi para nos levar um lanche.
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  Entretanto, uma coisa eu tinha que concordar, ela era superinteligente e dominava bem o assunto. Consegui aprender com ela em horas ali mais do que na aula cansativa do professor Brown. Quando demos conta, já marcava 10 horas da noite no relógio do celular, até mesmo Lin já tinha encerrado seu expediente e a garota da noite já se encontrava em seu lugar. 
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  — Por hoje é só, agora você só precisa ler os artigos que te enviei e esses dois livros aqui. O resto já fez suas anotações com as referências, então está tranquilo. — Disse ela ao fechar o livro de arquitetura clássica.
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  — Ok, acho que consegui absorver tudo que me explicou sobre a diferença de revisão da literatura e estudo de caso. — Assenti.
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  — Sem dúvidas então? — perguntou para confirmar.
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  — Sem dúvidas. — Confirmei.
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  — Tudo certo então. — Joy sorriu para mim. — Dívida paga, se tiver mais alguma dúvida, a Margareth tem meu contato, só pedir a ela.
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  — Ok, agradeço mesmo sendo uma dívida paga. — Sorri meio sem jeito.
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  Juntamos as coisas e deixamos os livros no lugar. Assim que saímos da biblioteca, estava encostado em seu Porsche azul marinho de braços cruzados me esperando.
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  — O que faz aqui? — perguntei ao me aproximar dele.
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  Joy seguiu seu caminho até seu carro, mas observando de canto o que acontecia.
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  — Disse que te veria mais tarde. — Ele sorriu de canto. 
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  — Disse que eu não tinha tempo. — Ajeitei a mochila nas costas, porém ele pegou para carregar. — Não precisa disso, meu dormitório fica aqui perto. — Disse tentando pega-la novamente.
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  — Não, faço questão. — Ele se afastou do carro e abriu a porta para que eu entrasse.
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  — Uau, que lord. — Comentei.
  — Para uma lady. — Disse ele com um sorriso subjetivo.
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  — Vou aceitar por estar cansada e meu tornozelo ainda está enfaixado, mas você não vai passar da porta do prédio. — O alertei.
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  — Não posso nem mesmo te carregar até seu quarto? — perguntou em seu nível de competitividade.
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  — Não começa. — Entrei no carro, segurando o riso.
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  Assim que ele entrou no lado do motorista, deu a partida. Se contei três minutos ali dentro foi muito. me ajudou a descer, pois meu tornozelo havia latejado de repente.
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  — Você precisa ir ao médico. — Disse ele num tom preocupado.
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  — Não precisa, estou bem. — Argumentei. — Eu só preciso descansar um pouco, ele só dói quando forço a perna, mas está tudo bem agora.
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  — Tem certeza? — ele reforçou.
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  — Tenho, estou bem.
  — Mesmo assim… — ele me pegou no colo de surpresa. — Vou te levar até seu quarto.
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  — Você realmente odeia perder, não é?! — comecei a rir dele.
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  — Sim, eu odeio perder… — ele sorriu de canto. — Mas pelo menos o primeiro beijo foi meu. — Ele piscou d eleve.
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  — Ridículo. — Eu bati em seu ombro. — Já disse que não serei o troféu.
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  — Claro que não, você é bem mais valiosa que um troféu. — Ele continuou com seu sorriso malicioso. — E saiba que deixou de ser uma competição assim que eu te beijei.
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  Meu coração deu uma pulsada forte.
  — Pare de dizer besteiras, King Lion. — Disse o chamando pelo codinome.
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  — Só estou sendo sincero. — E havia sinceridade em sua voz.
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  Assim que me colocou de pé na porta do meu quarto. O olhei meio sem graça por chamar tanta a atenção das pessoas em nossa volta.
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  — Vocês dois são realmente parecidos nisso, gostam de me deixar sem graça. — Comentei ao retirar a chave do bolso.
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  — Não deveria, você é muito linda para isso. — Ele sorriu de canto com malícia — E sexy também.
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  — Não diga essa palavra. — Pedi ao entrarmos no meu quarto. — A última vez que alguém falou que sou sexy, me custou um artigo.
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  — Hum… — ele certamente pegou a referência.
  — Pronto, conseguiu, me trouxe até meu quarto e ainda entrou nele. — Disse ao esticar a mão para minha cama, para que ele colocasse minha mochila.
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  — Estou feliz por isso, mas não satisfeito. — Ele se aproximou mais de mim.
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  — Vai ter que se contentar com isso. — Coloquei a mão na frente, encostando em seu tórax o parando. — Preciso realmente tomar um banho e dormir, amanhã tenho mais aulas e um artigo de 10 páginas me esperando.
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  — Lamento por ter que fazer isso. — Ele pegou em minha mão e sorriu. — Se precisar de ajuda.
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  — Pode deixar que eu ligo para Joy. — Brinquei o cortando.
  — Você realmente gosta de fazer isso comigo. 
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  Assim que ele se aproximou mais, Marg entrou no quarto acompanhada de James. Ela se assustou a ver o “cunhado” ali comigo. 
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  — Uau. — E não deixou de esboçar sua reação. — Achei que ainda tivesse na biblioteca com a Joy.
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  — Como sabia? — perguntei ingenuamente. — Não precisa responder, agora todos sabem da minha vida.
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  Foi complicado não demonstrar minha chateação.
  — A Joy me perguntou onde poderia te encontrar, eu automaticamente pensei na biblioteca. — Explicou minha amiga. — Está tudo bem?
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  — Sim. — Assenti. — Minha carona já está de saída.
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  Olhei para , que assentiu. James aproveitou para sair com o irmão. O olhar de Margareth continuou em mim, olhar de: “amiga me conta tudo!”
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  — Não aconteceu nada, passei a tarde com a Joy coletando informações para o bendito artigo. — Me sentei na cama dando um suspiro cansado.
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  — Amiga, esse é o artigo mais esperado do campus. — Comentou ela segurando o riso. — E será até publicado em nosso jornal online.
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  — O quê?
  — Pedido especial do professor Brown ao coordenador do curso de jornalismo. — Ela desviou o olhar para o celular. — Se precisar de ajuda para redigir.
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  — Agradeço, se ficar complicado eu te grito por socorro sim. — Sorri para ela e me levantei da cama.
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  Um banho quente, roupas confortáveis e meu travesseiro, necessariamente nessa ordem. Mesmo preocupada consegui dormir bem naquela noite. Os dias se passaram e minha rotina se estabeleceu da aula para o dormitório, até que finalmente a sexta, que mais parecia 13, chegou. Entrei no escritório do professor Brown e ele estava em reunião com . Foi somente ao olhar para o alpha que percebi sua ausência da minha vida todos aqueles dias.
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  Estava tão neurótica com o artigo.
  — Senhorita Fletcher. — Disse o professor Brown ao erguer o corpo e me olhar.
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   continuou encurvado, desenhando sobre a planta pregada em sua prancheta. Parecia concentrado e não deu importância ao ouvir meu sobrenome.
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  — Aqui está o artigo, professor. — Disse ao esticar o envelope para ele. — Formatado e impresso.
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  — Não disse que era para imprimir. — Retrucou ele.
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  — Tomei a liberdade como não especificou como queria a entrega, enviei para seu e-mail e do monitor em pdf também. — Expliquei com segurança.
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  — Muito bem. — Ele pegou o envelope da minha mão, voltou-se para e o jogou em cima do seu desenho.
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  Percebi que o alpha soltou um suspiro forte, como se controlasse a raiva.
  — Leia, revise, faça as devidas considerações e dê a nota que acha que vale, depois envie para a redação do jornal, será publicado na segunda pela manhã. — Ordenou o professor.
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  — Sim, senhor. — pegou o envelope e se levantou.
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  Ele manteve o olhar longe de mim todo o tempo. Ao se locomover, se retirou da sala antes que eu pudesse falar algo.
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  — Mais alguma coisa professor? — perguntei.
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  — Não, apenas um conselho. — Ele me olhou com seriedade. — Não saia do foco e não tire nenhum outro aluno de seu caminho, quando pediu a bolsa de estudos, garantiu que seu desejo nesta universidade era puramente acadêmico.
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  — Mantenho esta palavra senhor. — Assegurei a ele.
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  — Assim espero.
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  Me retirei de sua sala revoltada com tudo. Mas aquilo me serviu para voltar ao foco e somente estudar mais e mais. Entretanto, nada é como desejamos.
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  As semanas se passaram e uma movimentação repentina começou a surgir. O causador? O jornal do campus anunciando a próxima festa:
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  Halloween Party.
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  E adivinha quem iria organizar? Isso mesmo, os lobos. Claro que toda a cultura sobre lobisomem e tudo mais não deixaria que outra fraternidade orquestrasse esta festa.
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  Uma das mais esperadas pelos universitários dali.
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É isso
Ligue o motor e pise no acelerador
Tudo é especial
Nós ficamos bem juntos
O que você quiser
Eu vou fazer dar certo.
– Love Me Right / EXO

5 – Halloween Party

  — . — Disse Isla ao me barrar no corredor. — Você não apareceu em nenhuma reunião da alcateia, o que houve?
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  — No contrato diz que calouros não são obrigados a ir no primeiro ano. — Comentei.
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  — Você não é qualquer caloura. — Ela cruzou os braços revoltada. — Foi indicada pelo alpha, deve ir.
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  — Isla, eu gosto muito da sua amizade, mas não força, tá. está ignorando a minha presença há semanas e eu não sou dessas que correm atrás de macho emburrado. — Cuspi as palavras e me virei para a estante de livros. — Ele nem olha na minha cara, acha mesmo que faz diferença minha presença nessa reunião?
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  Ela soltou uma gargalhada alta, chamando a atenção da atendente que conseguia nos ver. Então ela pediu desculpas gesticulando de uma forma estranha, e voltou a me olhar.
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  — Macho emburrado, adorei a colocação. — Ela ficou um pouco mais séria, mantendo o olhar sereno. — Meu irmãozinho é do tipo de pessoa que leva tudo ao pé da letra e a ferro e fogo, você disse para ele ficar longe, é o que ele está fazendo.
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  Ela explicava de uma forma tão simples e tranquila.
  — O quê? — me peguei embasbacada. — Quando eu disse isso?
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  — No momento da raiva, no corredor do prédio, por causa de um artigo. — Ela me refrescou a memória. — E agora com sua amizade com o leão, o que não falta é comentários por aí.
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  Respirei fundo.
  — Eu e somos somente amigos e nada mais. — Assegurei a ela.
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  — , não precisa me explicar nada, a vida é sua, você gosta de quem quiser. — Disse ela.
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  — Não é questão de gostar e esse é o problema, não quero gostar de ninguém, pelo menos não posso gostar de ninguém agora. — Me abaixei sentando no chão, foi como me sentir fraca ao dizer aquilo.
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  — Mas está gostando? — indagou ela se sentando ao meu lado.
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  — Talvez. — Mantive o olhar nos livros. — Não sei dizer.
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  — Você está gostando do King Lion? — perguntou.
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  — Esse é o problema, eu não sei por quem estou me apaixonando. — Voltei o olhar temeroso para ela. — E sinceramente não quero isso agora.
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  — Está com medo de se machucar?
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  — Estou com medo de atrapalhar a vida de alguém. — Voltei meu olhar para os livros.
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  Já estava enraizado dentro de mim as palavras do professor Brown. 
  — Bem, a melhor coisa que existe para não se apaixonar são distrações. — Ela se levantou. — Levante-se que a partir de hoje você será a minha caloura assistente.
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  — O quê? — A olhei com espanto. — Como assim?
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  — Tecnicamente você é caloura do meu irmão, mas tudo que é dele é meu, então será a minha caloura agora. — Ela esticou a mão para me ajudar a levantar.
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  — E isso é bom? — perguntei ao segurar a mão dela, meio temerosa.
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  Se tratando da Isla…
  — Claro que é, significa que quando eu me formar, você ficará em meu lugar como a organizadora dos eventos da Alpha Omega. — Respondeu ela me puxando.
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  Por essa eu não esperava e nem almejava. Minha fase aprendiz de Isla, se iniciaria com a ajuda nos preparativos da Halloween Party. Eu queria aquilo? Não, não era minha ambição. Eu tinha escolha? Não, se tratando da Isla, não.
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  Passamos todo o mês de outubro entre planilhas de gastos e custos, lista de convidados, impressão de convites e tudo mais que girava em torno da festa. A única coisa que sentia era cansaço físico e mental. 
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  — Lista de convidados?! — perguntou Isla ao se aproximar da janela do escritório da mansão dos lobos.
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  — Ok. — Respondi permanecendo sentada no sofá de camurça, superconfortável.
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  — Convites impressos? — Continuou ela.
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  — Ok, serão entregues amanhã na primeira hora. — Confirmei novamente.
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  — DJ?
  — Confirmado.
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  — Buffet com as bebidas?
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  — Ok, o cardápio foi aprovado e será oferecido o que pediu. — Mantive o olhar na prancheta nas minhas mãos.
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  — Isso é bom, detesto ser contrariada. — Comentou ela rindo baixo.
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  — Isla, preciso falar com… — entrou no rompante no escritório, porém se calou ao me ver lá. — Volto mais tarde.
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  Ele deu meia volta para se retirar.
  — . — O chamei, porém fui ignorada.
  Voltei meu olhar para Isla, que segurava o riso.
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  — Eu diria para ir, mas você não corre atrás de macho emburrado. — Disse num tom irônico que só ela tinha.
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  Me peguei enfezada e coloquei a prancheta com a caneta na mesa de centro e me levantei. Segui atrás de . Não sabia para onde tinha ido então deduzi que pudesse ser seu quarto. Subi as escadas e continuei minha busca até chegar no quarto dele. A porta estava encostada, então aproveitei para entrar sem bater. O alpha já estava parado em frente a prancheta que tinha em seu quarto, não fiquei reparando nos detalhes arquitetônicos do lugar e me aproximei dele.
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  — O que faz aqui? — perguntou ele surpreso em me ver.
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  — Olha, agora ele não me ignora. — Comentei com sarcasmo.
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  Ele respirou fundo.
  — O que quer?
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  — Que pare de agir assim, de forma infantil como se eu não existisse. — Cruzei os braços revoltada com ele.
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  — Foi você quem pediu para ficar longe. — Explicou mantendo a serenidade no olhar.
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  — Pare de ser assim, ok?! Eu estava em um momento de raiva, não era pra ficar semanas fingindo…
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  Eu fui parada por um beijo surpresa dele. Que além de me deixar desnorteada, foi tão intenso que fez meu corpo ceder sem o menor esforço. Meu coração novamente acelerou mais e mais, assim como as pernas bambearam. Logo a sanidade retornou e eu me afastei dele. Não, já estava decidida a não me apaixonar. Lobo ou leão, não importava qual deles fosse.
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  — Você não pode fazer isso e eu não estou nervosa agora. — Disse colocando a mão em seu tórax o afastando. — Não pode me beijar sempre que te der vontade.
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  — Me desculpe, foi mais forte do que eu. — Ele assentiu com um sorriso de canto de matar.
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  E sim, eu queria matar ele naquela hora.
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  — Eu… — dei um passo para trás desviando o olhar dele. — Preciso voltar para… A Isla…
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  — Eu já entendi. — Ele se aproximou novamente e me deu um beijo na testa bem demorado. — Seja uma boa aprendiz, minha irmã gosta muito da sua amizade.
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  — Eu também gosto da amizade dela. — Sorri de leve e me retirei, segurando o riso.
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  Assim que cheguei no escritório, Isla manteve seu olhar curioso me esperando mencionar algo, mas me mantive em silêncio. Ela respeitou minha decisão de não compartilhar, o que me deixou aliviada e confortável.
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  Por fim…

  A noite da festa chegou e eu me mantive jogada na cama vendo FRIENDS, enquanto Margareth se arrumava. Foi quando senti sua movimentação próxima da minha cama, retirei os fones do ouvido e a olhei.
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  — O que foi?! — perguntei.
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  Ela se mantinha parada com as mãos na cintura e um olhar indignado.
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  — O que está fazendo? — perguntou ela.
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  Dei uma olhada. Minha amiga estava vestida com o macacão de couro que comprou a prestação para festa, seu estilo mulher gato era para ninguém colocar defeito.
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  — Maratona de FRIENDS. — Respondi tranquilamente.
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  — Não acredito que não vai à festa que ajudou a organizar. — Retrucou ela.
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  — Estou tão cansada que não tenho forças para me levantar. — Expliquei a ela.
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  — Pois trate de fazer brotar suas forças. — Disse Isla ao aparecer de repente na porta puxando uma mala de rodinhas. — Você achou mesmo que calouro tem o direito de ficar em casa? Pode ir se levantando, você é minha aprendiz, aja como tal.
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  Isla esbanjava charme com seu vestido sinuoso de rainha de copas. Ficava bem em qualquer look de tão fashionista que era, uma perfeita Blair Waldorf de Princeton.
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  — Isla, só hoje, nunca te pedi nada. — A olhei de forma chorosa.
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  — Não. — Disse como se estivesse ordenando.
  — Ok. — Me levantei contrariada e segui para meu armário.
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  — Não, nem chegue perto disso. — Ordenou Isla. — Acha mesmo que vai na minha festa com suas roupas surradas, nada de cosplay de zumbi.
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  — Agora eu gostei. — Margareth se sentou em sua cama. — Faço questão de acompanhar o processo.
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  — Marg? — A olhei indignada.
  — Marg nada, faz tempos que quero queimar suas roupas de estagiária desleixada de jornalismo. — Ela bufou de leve.
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  — Nem todo mundo tem a alma de patricinha Barbie como vocês duas. — Coloquei a mão na cintura.
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  — Hoje, você vai se vestir à altura de uma loba da alcateia e nada de reclamar. — Disse Isla convicta.
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  Ela tinha moral comigo, então faria aquilo sem contestar mais. Isla me emprestou um vestido preto estilo Mortiça da família Adams, valorizava bem minhas curvas e ainda tinha uma fenda enorme na perna direita. 
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  — Uau, que linda. — Disse Marg boquiaberta. — Agora é que você não deixa de ser popular mesmo.
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  — Isla?! — Olhei para ela. — Não me sinto confortável.
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  — Deixa de ser uma chata, o vestido ficou lindo em você. — Disse ela.
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  — É apertado demais. — Retruquei.
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  Ela se mostrou pensativa.
  — Te dou duas escolhas, preto Mortiça ou vermelho Jessica Rabbit. — Ela cruzou os braços. — Então?
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  — Não tenho a opção do zumbi? — perguntei.
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  — Não. — Disseram as duas em coral.
  Respirei fundo e dei uma olhada no vestido vermelho. Era menos transparente e a fenda não era tão grande assim. Eu não gostava de vestidos, mas há dias em que precisamos abrir uma exceção. Coloquei o vestido vermelho que me fez parecer aquelas espiãs internacionais em plena missão de seduzir o mafioso inimigo. Seguimos as três juntas para o bosque próximo ao campus. Uma surpresa orquestrada pela Alpha Omega para este ano. Um ambiente preparado que remetesse mesmo à temática. 
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  — Somos a atração da festa. — Comentou Marg, assim que chegamos e os olhares vieram em nossa direção.
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  — Assim que eu gosto, chegada triunfal. — Assentiu Isla ao dar um sorriso presunçoso.
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  — Hum. — Resmunguei de leve.
  Não gostava mesmo de ser o centro das atenções.
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  — Boa festa as duas. — Marg se afastou de nós e seguiu em direção a James, que a aguardava.
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  — Bem, aqui nos separamos, Chester está à minha espera. — Ela me olhou. — Já sabe quem será o sortudo da noite?
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  — Não tem sortudo. — Assegurei a ela.
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  — Gostar de alguém não significa que vai atrapalhar o futuro dessa pessoa. — Disse ela em forma de conselho. — Se alguém disse isso para você, não leve em consideração.
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  Ela parecia saber bem mais do que eu havia mencionado.
  — Como sabe sobre isso? — perguntei.
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  — É um pouco óbvio. — Respondeu ela. — O professor Brown é pai da Louise, depois do que me falou, imaginei que ele pudesse ter te coagido ou algo do tipo.
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  — Posso pedir que não mencione isso ao seu irmão? — disse.
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  — Segredo nosso. — Assegurou ela. — Mas se está mesmo gostando do meu irmão, não desista dele, tenho certeza que valerá a pena.
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  Ela se afastou de mim.
  — Esse é o problema, eu não sei de quem estou gostando. — Sussurrei para mim mesma a olhando ir.
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  Fiquei por um tempo parada ali na entrada improvisada. O olhar de e se mantinham fixos em mim. Ambos vestidos em trajes formais, desviando totalmente do propósito de se fantasiar. Eu me locomovi até a mesa de comidas, estava mesmo com fome, fazer maratona de séries te faz esquecer que tem que comer. 
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  Não demorou muito, até que se aproximou de mim.
  — Com esse vestido, tem certeza que só veio pela comida desta vez? — Brincou ele ao se colocar em meu lado.
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  — Em minha defesa, fui obrigada. — Disse a ele que riu de mim. — Calouros não podem faltar a festas no primeiro ano, como se amanhã eu não tivesse prova.
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  — Esqueça um pouco as obrigações acadêmicas e divirta-se um pouco. — Aconselhou ele. — Você e Isla fizeram um bom trabalho, soube que a ideia de ser no bosque foi sua.
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  — Achei mais apropriado, lobos vivem em bosques, coisas estranhas acontecem em bosques, e com a temática da festa, era algo bem óbvio a se pensar. — Expliquei a ele.
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  — Sua lógica foi muito boa. — Elogiou ele.
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  — É, acho que realmente tenho o sangue de lobos. — Brinquei.
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  Nós rimos. 
  — Me parece que o alpha não está gostando da nossa conversa. — Comentou .
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  — Não começa com suas insinuações. — Pedi a ele. — Ou deixaremos de ser amigos.
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  — Somos amigos? — Ele me olhou surpreso.
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  — É o máximo que posso te oferecer.
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  — Isso é uma facada em meu coração. — Ele fez uma cena de uma faca sendo enfiada no seu coração, me fazendo rir.
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  — Pare de drama, . — Eu ri um pouco mais. — Por favor, continue sendo um bom amigo para uma caloura faminta.
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  — Friendzone, você quis dizer. — Ele me olhou sério.
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  — Não escolhi lados se é isso que está achando, eu só não quero me apaixonar agora. — Fui sincera com ele.
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  — Está com medo de se apaixonar por mim? — Ele deu um passo para mais perto de mim.
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  — Talvez. — Coloquei a mão em seu tórax o mantendo afastado. — Será doloroso para você ser somente meu amigo?
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  — Se eu disser que sim, vai mudar sua decisão? — perguntou ele.
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  — Não. — Eu ri.
  — Pelo menos terei o prazer de ficar próximo a você. — Seu olhar intenso fez os pelos da minha nuca arrepiar, e se inclinando um pouco sussurrou em meu ouvido. — E quem sabe conseguir te seduzir.
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  O leão sabia como me envolver também. Logo sua mão tocou em minha cintura aproximando nossos corpos.
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  — Me dá a honra dessa dança? — perguntou ele.
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  Só neste momento percebi que tinham trocado o estilo de música, para contemplar os casais ali. Começamos a nos mover lentamente de acordo com o ritmo proposto da canção. Eu conseguia sentir a intensidade que ele passava para mim, parecia se segurar muito para não me beijar. Após a dança, me afastei um pouco dele e senti alguém me pegar pelo braço e me puxar para longe.
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  — , agora você é minha. — Disse Isla.
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  Ela era a pessoa.
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  — O que aconteceu? Algum problema? — perguntei.
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  Já que eu era a assistente na organização do evento.
  — Não. — Respondeu ela. — Mas você, como minha aprendiz, vai me representar em um jogo.
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  — Jogo? Que jogo Isla? — Eu já estava ficando com receio dela.
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  — Verdade ou consequência. — Disse ela.
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  Um frio na barriga veio em mim.
  Era só o que me faltava.
  Isla me levou até a roda que fizeram. Segundo ela, os presidentes, vices e conselheiros das fraternidades eram sempre os participantes, com ações válidas de colocar um calouro representante em seu lugar. Assim tornava tudo mais divertido. Isla como conselheira tinha me escolhido para ficar em seu lugar. Claro que ela não deixaria passar a oportunidade.
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  — Aqui está, minha representante. — Disse ela ao me empurrar para sentar no toco de madeira.
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  Dei um sorriso fraco ao ver sentado de frente para mim. 
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  — Me desculpe por isso, mas só assim para ver meu irmão participar pela primeira vez. — Comentou ela em sussurros no meu ouvido.
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  — Você está me usando? — A olhei boquiaberta.
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  — Você é uma caloura. — Ela piscou e sorriu.
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  Respirei fundo tentando não imaginar o que me aguardava. Assim que se sentou no toco destinado a ele e o olhar de mudou de tranquilo para irritado, um frio passou por minha espinha, junto com os cochichos em nosso redor. Claro que já estavam declarando o duelo de Titãs comigo ali no meio.
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  — Bem-vindos calouros representantes, vocês já sabem as regras do jogo, porém nossa versão é mais interessante. — Anunciou Maya Sollary, líder da sororidade Tau Sigma. — Antes de escolher verdade ou consequência, você pode optar por saber qual será o pagamento se não disser a verdade, se em três rodadas consecutivas escolher verdade, terá que pagar uma consequência escolhida por mim. Sem direito a revogar.
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  Engoli seco as regras. Isla havia lhe convidado para ficar à frente do jogo. Claro, uma naja convicta tinha suas habilidades para isso. Dependendo da consequência, eu não teria escolha a não ser falar a verdade, mas se eu escolhesse só verdade seria obrigada a pagar uma consequência. Ou seja, eu me ferrava de qualquer maneira.
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  — Vou rodar primeiro, para quem vai responder, e depois para quem vai perguntar. — Disse ela.
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  Parecia uma eternidade aquela garrafa girando. E para meu azar, caiu em mim recebendo a pergunta. Mais cochichos surgiram, e meu coração na mão. Prosseguiu Maya.
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  — Finnick, o conselheiro felino da Delta Pi, pergunta para , a representante loba da Alpha Omega. — Disse Maya.
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  — Você está em algum relacionamento? Verdade ou consequência? — perguntou ele.
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  Essa era fácil, mas por curiosidade…
  — Qual seria a consequência? — perguntei.
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  — Sair comigo amanhã. — Disse ele fazendo todos rirem.
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  Essa era fácil a resposta.
  — Escolho verdade. — Disse confiante. — Não estou em nenhum relacionamento.
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  Houve cochichos.
  — Vamos novamente. — Disse Maya.
  Ela rodou algumas vezes e saíram outras pessoas. Porém em um certo momento…
  — Hum… Louise pergunta para . — Disse Maya, com os olhos brilhando.
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  — Você está interessado em nossa caloura de Wisconsin? Verdade ou consequência? — perguntou ela com o olhar direto em mim.
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  — Qual a minha consequência? — perguntou .
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  — Beijar ela na frente de todos. — Disse Louise.
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  O que ela queria com isso?
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  — Não seria de todo uma má ideia. — Ele voltou seu olhar para mim.
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  Permaneci imóvel, mas demonstrando minha indignação com as palavras dele pelo meu olhar.
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  — Mas, escolho a verdade. — Disse . — Estou muito interessado nela, e sabe disso.
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  Ele deu um sorriso de canto prepotente. Barulhos surgiram em nossa volta. Mais uma vez Maya girou. Todos torciam para que a garrafa caísse em mim e um dos lordes. 
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  — Agora sim. — Maya sorriu empolgada. — pergunta a .
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  Meu corpo gelou.
  — Você está interessada em alguém? Verdade ou consequência? — perguntou ele.
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  Admito, eu esperava uma pergunta assim de , mas não dele.
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  — Qual a consequência? — perguntei, quase pausadamente.
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   só lançou um sorriso subjetivo que me fez estremecer.
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  — Eu escolho verdade. — Disse de imediato sem o deixar falar. — Talvez, essa é a minha resposta. 
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  Eu não poderia mentir, pois era contra as regras e tinha pessoas ali, ou seja Isla, que saberia que não era verdade. Claro que ela não deixaria passar e eu teria que pagar. O olhar de Louise me fuzilava. Porém o sorriso continuava nos lábios de , deixando intrigado e nervoso visivelmente.
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  — E vamos de mais uma rodada. — Maya parecia se deliciar com tudo que acontecia.
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  Mais garrafas giradas neste meio tempo. Saíram algumas consequências em que beijos foram o pagamento, outras, verdades que chocaram alguns.
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  — Interessante. — Maya sorriu com malícia. — pergunta para .
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  — Você sente ciúmes da sua caloura de Wisconsin? Verdade ou consequência? — perguntou .
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  — Qual a consequência? — perguntou ele.
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  — Você sabe. — Respondeu bem enigmático.
  — Sim, eu tenho ciúmes dela. — voltou seu olhar para mim de forma intensa.
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  Meu coração acelerou. Maya girou novamente.
  — Hum…. Joy pergunta para . — Anunciou fazendo todos se alvoroçarem. — Só lembrando que se a caloura escolher verdade, ela terá que pagar uma consequência.
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  Engoli seco com frio na espinha.
  — Joy, é com você. — Finalizou Maya.
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  — Hum… — Joy lançou um sorriso malicioso. — Você se sente atraída pelo alpha? Verdade ou consequência?
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  — Qual seria a consequência? — indaguei.
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  — Beijar o King Lion. — Disse ela.
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  Tinha que ser a Joy.
  Era nítido que estava me encurralando, e de qualquer forma eu pagaria. Mas aquela pergunta tinha cara de Isla, será que a Cat Queen também devia para ela? A questão era, se eu respondesse iria me expor e não poderia mentir, pois já tinha conversado sobre isso com Marg. Mas se não respondesse, teria que beijar . Engoli seco.
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  — Escolho… — tentei me mostrar confiante, apesar de não estar. — Verdade.
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  Minha sorte estava lançada nas mãos da naja. Eu não queria beijar ninguém naquela festa. E respirando fundo…
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  — Sim. — Assenti.
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  O olhar de demonstrou gostar das minhas palavras. O contrário do olhar de .
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  — Ok, agora vamos a minha consequência. — Maya soltou uma gargalhada maldosa. — Você terá que ficar uma hora afastada na região do canal acompanhada pelo presidente da sua fraternidade e realizar o pedido que ele lhe fizer.
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  Minha mente paralisou com aquilo. 
  Assenti ao me levantar do toco de madeira. se manteve inexpressivo e se levantou também. Seguimos para a direção ordenada em silêncio. Ele mantinha um sorriso discreto no rosto. Assim que chegamos na famigerada árvore da corrida dos calouros, ele parou de frente para mim.
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  — Eu realmente achei que isso fosse algum plano maluco da Isla, mas olhando para você agora… — iniciei.
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  — Acha que fui eu quem orquestrou tudo isso? — perguntou ele.
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  — Sua pergunta me mostra isso. — Revelei. — Primeiro a Joy, agora… Vai me dizer que Maya também te deve favores.
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  — Digamos que sim. — Ele revelou mais seu sorriso.
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  — Quem neste lugar não te deve algo? — perguntei embasbacada.
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  — Os leões e você. — Respondeu tranquilamente.
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  — Seu mercenário, os lobos por acaso são da máfia? Onde eu me meti? — perguntei indignada.
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  — Minha família tem muitos contatos, por isso posso prestar muitos favores. — explicou ele.
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  — Isso me choca.
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  — Verdade ou consequência? — disse ele ao segurar em minha mão.
  — Você também? Já estou em surto com esse jogo. — Confessei.
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  — Preciso conferir algo. — Explicou ele.
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  — O quê?
  — Você está apaixonada por mim? — Direto e preciso.
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  Eu travei na resposta por não saber o que responder. Me pegou de surpresa sua indagação.
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  Antes mesmo que eu pudesse pensar em reagir, se aproximou de mim, e me puxando para perto pela cintura, me beijou de forma doce e maliciosa, em toda sua intensidade. 
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Irei te dar a emoção escondida
À curiosidade dos seus olhos
Você já está apaixonada por mim
Não tenha medo, o amor é o caminho
Meu amor, eu entendi
Você pode me chamar de monstro.
– Monster / EXO

6 – Amor e Amizade

  Eu me afastei dele, assim que percebi que não podia me deixar render assim tão facilmente, e estava difícil controlar as batidas do meu coração. Não importa se na prática minha convivência era maior com o alpha, o que me deixava ainda mais desnorteada com tudo, eu não podia me permitir gostar dele. Não por causa da amizade que tentava estabelecer com , mas porque precisava entender primeiro os sentimentos que realmente tinha pelos dois.
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  — Por que você é uma incógnita para mim? — sussurrou ele, mantendo seu rosto próximo ao meu. — Ao mesmo tempo que me faz sentir que gosta de mim, me afasta no mesmo instante. Por quê?
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  Eu dei um passo para trás, mantendo meu olhar sereno, entretanto não sabia o que responder a ele.
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  — Eu já disse, não quero me apaixonar. — Dando mais um passo para trás, olhei para o relógio em meu pulso, para conferir o tempo. — Temos mais vinte minutos.
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  — Só vai dizer isso? — perguntou ele, mantendo o olhar sério e frustrado.
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  — O que mais quer que eu diga? — Cruzei os braços.
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  — Não quer se apaixonar por mim, porque gosta dele? — indagou se referindo ao leão.
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  — Não quero gostar de ninguém, não vim para Princeton para me apaixonar. — Fui sincera com ele, mesmo ainda tendo meu coração acelerado. — Honestamente, tudo isso… Tem me assustado.
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  Confessei. Nunca que no ensino médio em Wisconsin, minha vida social tinha sido tão agitada como tem sido agora, sempre fui a aluna destaque nas notas, que não fazia parte da turma dos populares. Isso eu deixava para a minha cunhada, que era líder de torcida. E ter dois garotos interessados em mim, isso sim era um surto.
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  — Me desculpe. — Ele não se importou com o meu afastamento, apenas se aproximou e me abraçou de forma reconfortante. — Você ainda tem que realizar um pedido meu.
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  — O quê?! — Eu tentei me afastar para questioná-lo, sem sucesso.
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  — Quero ficar vinte minutos abraçado a você. — Continuou ele, me aninhando mais em seus braços. — Esse é o meu pedido.
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  — Hum… — Eu segurei o riso, assentindo em partes. — Acho que posso realizar esse pedido, mas só terá 10 minutos.
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  — Por quê? — resmungou ele.
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  — Estou descontando o beijo que me deu. — Não consegui resistir ao meu tom debochado e ri de leve.
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  — Que mercenária. — Brincou ele, rindo junto.
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  Após os dez minutos, eu me afastei dele como premeditado e tentei me sentar no chão, sem sucesso. E não foi por causa do vestido em meu corpo, mas porque me puxou para caminhar de volta para a festa. Parte do caminho ficamos em silêncio até que…
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  — Você ainda tinha mais dez minutos. — Observei em sussurro.
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  — Vou descontá-lo de outra forma. — Disse ele.
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  Eu soltei uma gargalhada boba, ao finalmente começar a ouvir a música tocando ao longe. Mais alguns metros e chegamos no espaço da festa, não teve uma pessoa que deixou de olhar para nós naquele momento. Felizmente o jogo da discórdia já havia terminado, afinal, a diversão toda estava certamente baseada em me deixarem encurralada de qualquer forma. Ao me afastar de , caminhei novamente até a mesa de comidas, onde Marg estava se deliciando com os brownies de uma forma feroz.
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  — Uau, calma, senão vai ter uma overdose de chocolate. — Comentei rindo baixo, observando-a colocar mais um pedaço na boca.
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  — Bem, digamos que senti um leve desejo de comer isso. — Explicou ela, lambendo os dedos. — Não me reprima, geralmente eu nem como nessas festas.
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  — Boba você, porque o que eu mais faço é comer. — Eu peguei um petisco e joguei na boca, começando a mastigar.
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  — Isso que me deixa mais chocada. — Comentou ela, boquiaberta com minha forma descontraída de atacar a comida. — A única coisa que faz é comer e ainda assim, chamou a atenção dos dois mais cobiçados do campus. 
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  — Acredite, também gostaria de saber como. — Eu soltei um suspiro, percebendo o olhar fixo de para mim.
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  — Mas é divertido, as coisas que tem acontecido com você. — Ela soltou uma gargalhada maldosa.
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  — Fale por você, sua mercenária, tem certeza que é uma felina? — brinquei com ela.
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  — Desculpa, mas é engraçado vendo tudo isso de fora. — Ela riu mais um pouco. — Agora… Você sabe de quem gosta mais?
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  — Eu só sei que não quero gostar de ninguém. — Assegurei a ela. — Olha, estou começando a considerar a proposta do Finnick.
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  — Qual? — perguntou intrigada.
  — De sair com ele amanhã. — Respondi com um tom de brincadeira.
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  — Que dó do garoto, não o coloque no meio do fogo cruzado. — Aconselhou Marg.
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  — Mas seria engraçado. — Eu ri de leve, voltando meu olhar para os Titãs que mantinham sua atenção em mim.
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  Eu me afastei um pouco de Marg e comecei a dar alguns passos pela área da festa, realmente tinha que admitir que havia sido um excelente trabalho toda a decoração. Meu esforço para acompanhar o ritmo de Isla valeu a pena, assim como todas as suas dicas relacionadas a planejamento de eventos. Com certeza que ajudaria em algum momento daquele curso. De repente, eu parei ao lado de uma árvore e me encostei de leve, mantendo um olhar observador em todos na pista de dança.
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  — Um chocolate por seus pensamentos. — A voz de soou do outro lado da árvore.
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  Eu tombei a cabeça para frente para olhá-lo, o King estava escorado como eu, com as mãos no bolso e um olhar bobo para mim.
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  — Então você descobriu meu ponto fraco. — Ri baixo, voltando o olhar para frente.
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  — Para ser honesto, fiz um teste — brincou ele —, já que não posso oferecer meus beijos.
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  — Seu bobo. — Eu ri junto.
  Uma pausa para o silêncio e eu percebi uma inquietação vindo dele.
  — O que foi? — perguntei. — Estou estranhando o seu silêncio.
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  — Não consigo deixar de pensar na sua resposta. — Respondeu ele.
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  — Qual delas? — indaguei.
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  — A que diz estar atraída por ele. — Comentou — Então é isso…
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  Eu respirei fundo.
  — Tanto quanto estou por você. — Disse com naturalidade.
  — O quê?! — Ele pareceu estático.
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  — Por que é tão complicado para vocês dois aceitarem minha amizade? — perguntei.
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  — Então você também está atraída por mim?! — Ele me olhou com uma pitada de malícia.
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  — Nem me olhe assim, isso não quer dizer nada. — O repreendi.
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  — Como não? — Seu olhar demonstrou indignação. — Significa que tenho chances.
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  — Não significa nada. — Retruquei. — Já disse, a única coisa que posso lhe oferecer é minha amizade, tanto a você, quanto ao Alpha.
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  — Estou confiante nas palavras da minha avó, que sempre me disse que a amizade caminha ao lado do amor. — Ele piscou de leve e sorriu de forma fofa.
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  Depois da festa de Halloween, eu me mantive alheia a qualquer assunto sobre o beijo do Alpha ou os comentários enciumados do King Lion. Enfim, as folhas do outono já começavam a cair das árvores assim como minhas forças para aguentar a rotina de estudo. E agora, estava eu fazendo um pequeno serviço voluntário na Biblioteca em troca de meio salário e um pouco de paz e tranquilidade. Aquele lugar era a minha Suíça, onde ninguém poderia me importunar com rivalidades, fraternidades e tudo incluído no pacote de surtos.
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  — Olha só quem está aqui. — A voz de Isla soou da porta da Biblioteca, o que me fez despertar minha atenção dos livros em que separava do carrinho.
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  — O que faz aqui? — Retirei o celular do bolso para olhar as horas, ainda eram oito da noite.
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  — Estava te procurando, minha caloura não pode simplesmente faltar na reunião da fraternidade. — Ela cruzou os braços, fazendo cara feia. — Além de não atender às minhas ligações.
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  — Tecnicamente, eu não sou a sua caloura, sou do Alpha. — Eu a corrigi, voltando minha atenção para meus afazeres. — E você já sabe que me tornei voluntária da Biblioteca.
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  — Já disse, tudo que é do meu irmão é meu, o que inclui a senhorita. — Ela descruzou os braços e deu alguns passos se aproximando, dava pra ouvir o barulho do seu salto.
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  Eu parei e a olhei séria.
  — E você está trabalhando aqui porque quer. — Continuou ela, num tom brando, porém com traços de repreensão. — Sabe que se quiser posso te conseguir algo bem melhor.
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  — Não, obrigada. — Mantive minha atenção nos livros. — Gosto de alcançar meus objetivos com esforço próprio e pretendo levar essa graduação sem dever favor a ninguém.
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  — Credo, eu não sou tão mercenária assim, sabia? — Senti um soar ofendido vindo dela. — Somos amigas.
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  — E por sermos amigas que espero compreensão da sua parte. — Eu parei e a olhei. — E quanto à reunião, seu irmão disse que estava tudo bem, porque era somente a diretoria da fraternidade.
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  — O meu irmão não ajuda também, ele deveria ter te obrigado a ir. — Ela cruzou os braços novamente, agora emburrada.
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  Eu segurei o riso de leve, não entendendo tamanha revolta.
  — E por qual motivo eu precisava estar lá? — perguntei curiosa.
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  — O professor Brown estava presente. — Respondeu ela, com um sorriso maquiavélico. — Seria legal ver você lá.
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  — Você me choca, e que bom que eu não estava lá. — Me virei e voltei a separar os livros.
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  — O que está fazendo aí de tão entediante? — Senti que ela estava espichando seu pescoço.
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  — Estou separando os livros que foram devolvidos por categoria para colocá-los no lugar. — Expliquei a ela.
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  — E você faz isso todos os dias? — Continuou a indagação.
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  — Sim, todos os dias. — Segurei o riso, esperando a reação dela.
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  — Socorro, isso é uma tragédia pior que as que Shakespeare escrevia. — Comentou.
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  — No seu ponto de vista. Eu gosto muito, sempre fui voluntária na biblioteca quando estava no ensino médio. — Contei com naturalidade.
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  — Não entendo a graça que você enxerga nesse lugar. — Ela bufou.
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  — É tranquilo, me sinto bem aqui, em paz e longe das preocupações do meu curso, além de ser um bom lugar para estudar. — Expliquei a ela.
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  — Se você diz. — Ela se afastou um pouco e puxou uma cadeira para se sentar. — Vou te fazer companhia.
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  — Tem certeza? — Eu ri baixo. — Eu costumo ficar em silêncio quando estou concentrada.
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  — Ahhh, que chata, vamos conversar um pouco. — Reclamou ela.
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  — Puxa o assunto então. — Sugeri ao pegar a primeira leva de livros da seção de medicina.
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  — Chester me chamou para passar o recesso de final do ano na casa de campo dos pais dele ao norte do Canadá. — Iniciou ela, com um comentário pessoal. — Ainda não me decidi, mas acho que será romântico conhecer meus sogros e ao mesmo tempo ficar juntinha com ele na época mais fria do ano…
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  Ela foi falando mais algumas coisas sobre como ele fez o convite, acompanhado de uma caixa de bombons e uma rosa vermelha. Sua voz estava numa altura bem razoável que dava para ouvir nitidamente, pois o lugar estava vazio. Afinal, que universitário iria se preocupar em visitar a biblioteca em dia de reunião de fraternidade? E sim, havia um dia específico do mês em que as reuniões aconteciam simultaneamente em todas, tudo milimetricamente definido de acordo com o cronograma de aulas e festas para não haver divergências de eventos. 
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  Algo que eu nunca imaginei é que eles fossem tão organizados e pontuais com os cronogramas, principalmente quando o assunto eram as festas. Todos sabiam na ponta da língua quando seria a próxima festa, que fraternidade iria organizar, e qual o tema possível. Claro que para os desinformados como eu, sempre tinha anúncios antecipados pelo pessoal do jornal do campus. E eu tinha um contato infalível ali: Margareth. Quando retornei para o carrinho, consegui notar um brilho nos olhos dela ao falar do quão fofo seu namorado era.
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  — Estou surpresa por não conhecer os pais do Chester, vocês namoram há quanto tempo? — perguntei.
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  — Três anos. — Respondeu ela.
  — Então? — Eu a olhei.
  — Bem, ainda não tivemos a oportunidade, como os pais dele moram longe e sempre é complicado eu não passar os eventos com minha família, mas este ano eu dei um basta e decidi que passarei o final do ano bem longe da alcateia. — Explicou ela, objetivamente.
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  — Hum… Interessante. — Peguei mais uma remessa de livros para a subseção de história moderna.
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  — E você? Onde pretende passar? — perguntou ela, num tom ansioso pela resposta.
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  — O final do ano? — Elevei um pouco mais a voz para que ela me ouvisse bem.
  — Sim, onde passará as festividades? — repetiu.
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  — Em Wisconsin, bem óbvio. — Eu ri de leve.
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  — Bem chato e tedioso, todos os anos da sua vida até aqui você passou em casa, deveria fazer diferente esse ano. — Sugeriu ela com empolgação. — Só se vive a vida acadêmica uma vez, deveria aproveitar e passar em Manhattan.
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  — Dispenso. — Ri um pouco mais ao retornar novamente. — Se eu não passar pelo menos o Natal em família, minha mãe surta, ela já quase morreu quando eu contei que viria para Princeton.
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  — Você tem pais coruja? — Brincou ela.
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  — Sim, muito. — Assenti em riso. — Mas pretendo não passar a virada lá, não sei, ainda estou pensando no que fazer.
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  — Hum…
  — Por quê? — perguntei ao notar seu olhar de frustração. — Você, pelo que entendi, vai estar bem longe daqui.
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  — Sim, mas não quer dizer que você tenha que ir pra longe também. — Ela tentou se explicar.
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  — O que você sabe que eu não sei?! — Coloquei a mão na cintura, mantendo um olhar sério para ela.
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  — Não sei de nada. — Ela piscou de leve, meio travessa e soltou uma gargalhada boba. — Agora foco no seu trabalho e termine isso logo.
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  — Fala como se tivéssemos algum compromisso. — Soltei um leve suspiro.
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  — Mas é claro que temos. — Ela se remexeu na cadeira, segura do que dizia.
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  — O que você está aprontando agora? — perguntei já temendo a resposta.
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  — Hoje teremos uma festa do pijama surpresa, noite das garotas na mansão das serpentes. — Revelou ela, já deixando transparecer sua animação. — Algo bem leve para aliviar a tensão das famigeradas reuniões e a preparação para a Semana Acadêmica.
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  — Semana Acadêmica? — Eu ainda não havia ouvido sobre isso e já comecei a me perguntar o quanto eu trabalharia nesse evento.
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  — Sim, mas isso não vem ao caso agora, vamos deixar essa preocupação para depois e seguir com o cronograma para o nosso Pijama Party. — Ela se levantou da cadeira. — Leve logo esse restante, que eu vou te esperar no carro lá fora, te dou dez minutos.
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  — Nossa, que garota mandona. — brinquei.
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  Ela me olhou com seriedade.
  — Tem certeza que é só as meninas, né? — indaguei.
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  — Está com medo dos holofotes? — brincou ela em risos. — Fique tranquila, os garotos devem estar reunidos em algum bar da cidade ou coisa pior…
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  — Ah… — eu me encolhi um pouco, tentando não pensar muito naquela informação.
  — Ficou curiosa para saber onde foram? — Provocou ela.
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  — Claro que não. — Disfarcei minha curiosidade.
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  — Pois saiba, amor, que a noite das garotas consegue ser mais louca que qualquer festa do campus. — Ela deu o primeiro passo para se retirar. — Dez minutos.
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  Eu engoli seco com aquele olhar ameaçador dela. Ainda mais temerosa do que poderia acontecer naquela tal festa do pijama. Se já rolou altas faíscas na festa de Halloween, imagino o que pode rolar quando se junta várias garotas em um único ambiente.
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Notas podem ser altas e baixas, mas e daí!
Apresentações podem ser boas ou ruins, isso é algo que acontece
Às vezes é bom apenas parar pra relaxar e descansar
Porque tudo tem seu te-te-te-te-tempo.
– Mr. Simple / Super Junior

7. Pijama Party

  E lá estava eu, apagando as luzes da biblioteca e totalmente insegura quanto aos planos de minha veterana para esta noite. Antes de chegar na porta, recebi uma mensagem de me desejando boa sorte na festa do pijama das garotas. Como será que ele sabia sobre isso?
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Como sabe sobre a festa?

  Digitei curiosa para ele.

  uma das festas mais intrigantes do campus, 
  como não saberia kkkkkk

  Eu ri baixo, claro que ele saberia.

alguma leoa vai estar lá?

  por que a pergunta?

só curiosidade, 
e você, onde está?

  Estamos tendo a nossa noite dos cavalheiros
  e até que está divertida

hum…

  está preocupada? fique tranquila que não haverá mortes

  Não me contive em soltar uma gargalhada boba.

para ser honesta, estou mais preocupada comigo
vou entrar no covil das cobras daqui a pouco

  ah, sim, tinha me esquecido 
  que são as najas que promovem essa festa
  boa sorte, lobinha

  Eu sorri de canto ao ver na tela uma foto dele acompanhado do seu irmão no bar onde estavam. Não sei se foi proposital, mas bem ao fundo da foto pude ver conversando com um veterano felino de T.I da Delta Pi. Então ele também tinha ido para a reunião dos garotos. Aquilo sim havia me deixado curiosa, e em um mesmo ambiente, quais jogos rolariam entre eles.
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  — Ah, finalmente a princesa apareceu. — Disse Isla, assim que eu saí do prédio.
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  — Me desculpe, donzela, mas não posso simplesmente sair da biblioteca e deixar tudo em desordem. — Expliquei a ela enquanto ajeitava a bolsa no ombro. — Vamos direto para a festa? Ou posso passar no dormitório antes?
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  — Mas é claro que você vai trocar essa roupa horrenda que está vestindo — respondeu ela, com seu toque dramático de fashionista.
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  Eu apenas ri e continuei seguindo até o seu carro. Tive poucos minutos para escolher qual dos looks que ela tinha preparado para mim naquela noite eu iria usar. Acabei optando pela jaqueta preta de couro sintético dela, que mais parecia natural, combinada ao meu velho e confortável jeans rasgado que consegui adicionar ao look.
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  — Vai me dizer que este scarpin não é o ápice do bom gosto?! — comentou ela ao me olhar de cima a baixo.
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  — Ainda prefiro o conforto do meu all star. — Resmunguei de leve, fazendo careta como de costume.
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  — Ah, um dia você ainda vai me dar razão — ela jogou uma pequena bolsa de mão para mim. — Coloquei seus documentos aqui, para completar seu look.
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  — Isso não deveria ser uma festa do pijama? — perguntei intrigada por sua preocupação com minha aparência.
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  — Nunca é uma mera festa do pijama. — Corrigiu ela, abrindo a porta do quarto para irmos.
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  Eu assenti batendo continência em brincadeira e a segui pelo corredor. Isla já tinha insistido algumas vezes para que eu me mudasse para a “toca” dos lobos, a mansão tinha muitos quartos vagos e não teria problema se a caloura do alpha dormisse em um deles. Entretanto, para decepção e desespero de Marg, que quase me jogou pela janela, eu recusei o convite e permaneci no meu dormitório repleto de paz e sossego. Além do fator liberdade de ir e vir, que provavelmente eu não teria lá.
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  Minutos depois, o carro da minha veterana fashionista estacionou em frente à casa da sororidade Tau Sigma. Tão bonita e bem decorada quanto a da Delta Pi, porém, seguindo o estilo arquitetônico mais Art Déco. Maya Sollary tinha mesmo bom gosto, pois segundo as fofocas que minha amiga jornalista tinha dito, a própria presidente tinha coordenado toda a reforma recente que a residência passou.
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  — Isla, achei que não viesse mais — disse Joy, assim que adentramos a porta.
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  — Precisei resgatar alguém das masmorras — minha veterana me olhou com a sobrancelha arqueada.
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  — Olha só quem está aqui. — Maya se aproximou também. — Bem-vindas à minha casa, que bom que a caloura de Wisconsin veio, assim será mais divertido.
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  — Eu devo me preocupar com isso? — Olhei para Isla um pouco temerosa.
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  — Fique tranquila, amiga, eu não vou deixar elas te esfolarem. — Brincou, fazendo as presidentes rirem.
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  — Tenho mais medo de você do que delas. — Confessei, fazendo as três rirem mais ainda.
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  — Fiquem à vontade e aproveitem, que daqui a pouco os jogos vão começar. — Disse Maya já voltando o olhar para uma das calouras da sua sororidade. — Ah, não acredito que estão fazendo tudo errado de novo.
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  Ela se afastou de nós e caminhou até a garota com tons de repreensão bem nítidos.
  — Onde está Margareth? — perguntei à Joy, sentindo falta da pessoa mais informada do campus.
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  — Ah, está em algum lugar da festa — respondeu ela. — Isla, podemos conversar um pouco em particular?
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  — Claro. — Assentiu ela. — Qual o favor da vez?
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  — Ai, não é pra tanto também. — Riu Joy, um pouco sem graça.
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  — Ah… — eu logo dei um passo para me afastar delas. — Eu vou procurar a Marg.
  Caminhando pela residência, me admirei com tantos quadros de réplicas do Louvre espalhados na parede, assim como os mobiliários de design assinado que já tinha visto nas aulas de história da arte. Não que eu estivesse procurando, mas logo encontrei a mesa de petiscos e não resisti a tentação de comer alguns.
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  — Caloura de Wisconsin — a voz de Louise soou ao lado.
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  — Louise. — A chamei pelo nome, sem me importar em ser formal.
  — Achei que não viesse — comentou ela ao dar um gole no champanhe em sua taça.
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  — Para ser honesta eu nem sabia dessa festa. — Confessei, voltando o olhar para a mesa de petiscos.
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  — Um evento restrito não precisa ser do conhecimento de todos — retrucou ela.
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  Tinha que admitir que não gostava daquele jeito arrogante e autoritário que ela tinha. E já estava com pena dos funcionários que um dia trabalhariam para uma pessoa como ela.
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  — A considerar seu círculo social, certamente foi a Isla que a trouxe — continuou ela. — Você deve estar se sentindo a Cinderela, não é?
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  — Como? — Eu a olhei confusa pela insinuação. — Desculpe, mas não entendi.
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  — Caloura do interior que aparentemente despertou interesse nos dois alunos mais cobiçados do campus, um sonho de princesa. — Explicou ela em meias palavras. — Mas não se iluda tanto, você é somente uma distração passageira para os dois, aquilo que serve para divertir no último ano da graduação e aliviar a pressão da formatura.
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  — Então é isso que você acha? — perguntei não me sentindo nem um pouco abalada.
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  — Eu não acho, é a realidade de bolsistas como você, só estão aqui para nos divertir. — Ela abriu um largo sorriso de satisfação, achando que eu me sentiria diminuída com isso.
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  — Bem, então vou me esforçar ao máximo para divertir meus veteranos e ser a melhor distração que Princeton já viu. — Eu peguei a taça da bandeja de uma caloura que passava e ergui de leve para ela. — Prometo estar sempre no noticiário do jornal do campus.
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  Com um sorriso presunçoso que tinha aprendido com Isla, me afastei dela ao avistar Margareth do outro lado da sala. Assim que me aproximei da minha amiga, a mesma me arrastou para o jardim e me forçou a contar tudo para ela.
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  — Não acredito que você respondeu isso. — Marg ficou boquiaberta.
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  — Eu não esperava menos da minha caloura — disse Isla, aparecendo atrás de nós.
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  — De onde você saiu? — perguntei impressionada.
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  — Estava te procurando para nosso jogo das garotas e adorei o que ouvi.
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  — Você sabe que comprou uma briga com Louise, né? — Marg me alertou.
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  — Louise sempre foi assim, intimidadora com todas as calouras que ousaram se aproximar do meu irmão e do King. — Isla, sendo direta e objetiva.
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  — Ok, eu já entendi que ela gosta do , mas o que o tem a ver com isso? — perguntei curiosa.
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  — Essa é uma informação que eu sempre tentei conseguir — comentou Marg, com os olhos fixos na veterana loba.
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  — É uma história antiga entre nossas famílias. — Explicou a Baker. — Louise é meia irmã dos leões.
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  — O quê?! — dissemos eu e Marg juntas.
  — Exijo discrição na informação, é um assunto delicado e somente as famílias sabem sobre isso. — Continuou ela com o olhar intimidador.
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  — E você está falando com a gente assim, tão tranquilamente? — sussurrou Margareth, dando para ouvirmos.
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  — Não se preocupe, não falaremos nada. — Assegurei a ela.
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  Isla voltou o olhar atravessado para Marg.
  — Sim, eu não vou contar. James é meu namorado, gente, não o prejudicaria expondo algo da sua família. — Disse ela, segura de suas palavras. — Mas, como isso é possível?
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  — Só estou dizendo porque confio em vocês duas… Houve um certo romance por parte da mãe da Louise com o pai dos Dominos e depois de nove meses… — Isla tossiu um pouco, deixando nossa mente processar o restante da informação.
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  — Mas como sabem que ela é dele? Fizeram o teste? — perguntou Marg.
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  — Nem precisou, o professor Brown é estéril. — Respondeu Isla. — Meus pais ajudaram a abafar o caso e a convencer o professor a aceitar e assumir a paternidade, era uma época de fortes rivalidades entre as fraternidades e tinha muita coisa em jogo.
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  — Então a megera sabe disso? — indagou Margareth em plena curiosidade.
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  — Sim, todos os envolvidos sabem, só não mencionamos o assunto. É como se não existisse a informação; os pais dos leões agiram de forma natural mantendo as aparências no casamento deles, a mãe da Louise continuou com o professor Brown, e minha família no meio de tudo isso apenas mediando o conflito. — Completou ela a história. — Quando éramos pequenos, parecia fácil todo mundo ser amigo de todo mundo, mas a medida em que crescemos e soubemos disso, as coisas foram ficando mais complexas.
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  — Mas isso não é motivo dela achar que pode mandar neles. — Reclamou Margareth. — Agora entendo o porquê de ela me odiar.
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  Nós rimos da careta que ela fez.
  — Agora que já sabem da fofoca, que não podem repassar, vamos logo, antes que a Maya nos linche por atrapalhar sua festa. — Comentou Isla rindo baixo e caminhando até a porta.
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  Adentramos a casa até chegar à sala de jogos que se localizava no porão. Todas as seletas 17 convidadas já se encontravam presentes e curiosas, completando assim as 20 universitárias da lista VIP. A naja se colocou ao centro do lugar com um sorriso maquiavélico de causar medo em qualquer calouro.
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  — Nosso jogo de hoje será uma releitura do Eu Nunca. — Anunciou ela, olhando para as convidadas. — Que os jogos comecem!
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  Um som de empolgação surgiu no ambiente e pude ver no olhar das minhas amigas veteranas a malícia surgir. Nem queria imaginar o que me aguardava a seguir.
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  — Como todas sabem, a cada Eu Nunca que dissermos, se vocês já fizeram, terão que beber. — Continuou Maya, controlando sua euforia interna. — Najas, preparem os shots de tequila.
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  Logo as calouras da Tau Sigma, colocaram os pequenos copos na mesa no centro da sala e despejaram a bebida. Eu somente engoli seco.
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  — Em que ninho de cobra você me jogou, Isla?! — Eu voltei meu olhar para ela, que mantinha um sorriso de canto surreal.
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  — Calma, é só um joguinho bobo, ninguém vai morrer aqui não. — Disse a Baker, rindo de mim.
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  — , você se desespera com muita facilidade, dependendo da sua vida social, a única coisa que pode acontecer é você sair daqui bêbada. — Completou Margareth, rindo junto.
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  — E vocês estão muito confortáveis com esse jogo. — Comentei.
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  Maya pegou um copo e ergueu.
  — Eu começo… Lembrando que a pessoa que praticou, deve beber. — Ela deu uma gargalhada assustadora. — Eu nunca saí com meu professor.
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  Maya deu início à fila de universitárias que pegaram um copo e tomaram. Foram praticamente a metade das convidadas, incluindo minha veterana loba.
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  — Isla?! — comentei ainda surpresa.
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  — Eu não sou a Madre Teresa, minha caloura.  — Ela riu baixo. — E já tive alguns rolos como um dos professores de medicina.
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  Margareth voltou o olhar curioso para ela.
  — Me diz que foi aquele deus grego de anatomia — os olhos de Marg brilharam repentinamente, tendo a confirmação de sua indagação com um sorriso bobo de Isla. — Eu sabia, ele é maravilhoso.
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  — Eu tô chocada. — Sussurrei.
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  — É porque você não o viu ainda. — Explicou minha amiga.
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  — A próxima sou eu — anunciou Kate, a conselheira da Tau Sigma, ao pegar seu copo. — Eu nunca, espiei o time de basquete no vestiário.
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  As meninas riram um pouco ao vê-la tomar o líquido. O fato de mais duas convidadas tomarem nos deixou admiradas. Mais outras nove convidadas lançaram suas “confissões”, eu tomei duas ou três, ou seria quatro? Não tive escolha. Afinal, eu já tinha ficado com o irmão da minha melhor amiga e já tinha dado o fora em um aluno popular, coisas bobas e básicas da vida de uma garota do interior.
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  — Vamos apimentar mais as coisas. — Disse Joy ao pegar seu copo. — Eu nunca dormi com o King Lion.
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  Ela apenas entornou o líquido na boca e voltou o olhar para mim. Não foi surpresa, quando praticamente noventa por cento das convidadas fizeram o mesmo; se pudesse até mesmo as outras najas que estavam trabalhando tomariam a tequila. E mais, até Maya tomou, o que me impressionou.
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  — Somente eu, você, Louise e Isla não tomamos. — Comentou Margareth.
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  — Uau, o maior libertino que você respeita, minha querida — brincou Isla, rindo baixo. — Quase um Anthony Bridgerton.
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  — Imagina… Que James não ouça meus pensamentos maliciosos. — Marg soltou uma risada boba.
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  — Eu ainda não sei como sou amiga de vocês duas. — Comentei.
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  — Só estamos dizendo a verdade. — Isla riu.
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  Eu olhei pra frente e notei que todas estavam me olhando, como se esperasse alguma movimentação de mim.
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  — O quê? — perguntei inocente.
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  — Não vai tomar? — perguntou Maya, com um olhar curioso.
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  — E por que eu tomaria? — Minha testa enrugou de leve, pois estava tentando entender a indagação dela.
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  — Você e o King, sempre juntos. — Insinuou ela.
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  — Somos amigos, somente isso. — Respondi, sentindo algo estranho internamente.
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  Certamente era o álcool das poucas doses que tomei. Eu tinha um fraco pra bebidas.
  — Acredite, naja, o máximo que rolou entre os dois foi um beijo e nada mais. — Interviu Margareth em minha defesa.
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  — Não precisa falar nada, Marg, se vocês querem saber sobre o assunto, agora é minha vez. — Eu peguei dois copos. — E já que sou a única caloura, farei em dobro…
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  — Vá em frente — encorajou Maya, se deliciando com o momento.
  Claro que senti uma risada de deboche vinda de Louise, o que fez o meu sangue ferver um pouco.
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  — Eu nunca fui beijada pelo Alpha e pelo King Lion. — Eu tomei o primeiro copo em uma golada e voltei meu olhar para Louise, então continuei. — Eu nunca fui disputada pelos dois mais cobiçados alunos de Princeton.
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  Assim que tomei o segundo copo, mantive atenta às movimentações. Todas permaneceram paralisadas e em choque. E nenhuma delas tomou nada. Então Louise deu um passo à frente, parecia querer retribuir a afronta, pegando um copo.
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  — Eu nunca fui beijada pelo Alpha. — Ela tomou o líquido em um gole, mantendo um sorriso debochado no canto do rosto.
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  O que causou cochichos a nossa volta, principalmente pelo nosso embate silencioso. Eu obviamente peguei o meu copo e tomei com raiva, então me afastei delas e saí pelo corredor até chegar na porta de entrada. Ao chegar na rua, apenas escolhi uma direção aleatória e corri o máximo que consegui, até parar de repente, já com meu estômago embrulhando.
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  — Não acredito que eu fiz isso — sussurrei ao retirar o celular do bolso e digitar algumas mensagens.
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  Eu não estava bem, e pedindo a Deus pra minha noite não piorar. Olhei para o lado e percebi que estava no ponto de ônibus, me sentei no banco e fiquei quase em transe olhando os carros passando.
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  — O que fizeram com você?! — A voz de soou me despertando em seu tom cômico habitual. — Sua cara está péssima.
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  — Hum?! — Levantei o olhar, sentindo minha cabeça zonza. — Eu acho que não estou bem.
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  — Vem, vou te levar para o dormitório — disse ele ao segurar em minha mão e me ajudar a levantar.
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  — Você não vai levar ela a lugar nenhum. — De repente apareceu em nossa frente, segurando no braço do Lion, nos deixando surpresos.
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  — O que faz aqui? — perguntou .
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  — Ela me chamou. — mostrou a mensagem na tela do celular. — Eu sou o veterano da fraternidade dela e é minha responsabilidade.
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  — Pois saiba que ela também me chamou. — Disse , mostrando seu celular também. — Cheguei primeiro, eu cuido dela.
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  — Eu chamei os dois? — perguntei, sentindo minha voz estranha. — Tem certeza?
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  Eu já não tinha mais nenhum controle das minhas ações àquela altura da noite.
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  — O que a minha irmã fez com você? — perguntou , admirado por minha aparente situação.
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  — Foi a Isla que levou ela pra festa? — soltou um riso rápido. — Mais um motivo pra não confiar em cachorros.
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  — Eu sou um lobo — retrucou .
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  — Parem os dois. — Eu me soltei deles. — Eu nunca mais confio na sua irmã e menos ainda na sua cunhada… E eu vou voltar sozinha, não preciso de nenhum dos dois.
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  Um passo para trás e uma pisada em falso com o mesmo tornozelo problemático. Foi uma quase queda ao chão e um grito de dor, até que em segundos ambos me ampararam.
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  — Você não está em condições de ficar sozinha — argumentou .
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  — Eu odeio isso, mas tenho que concordar. — também manteve o olhar sério para mim.
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  — Ok, já entendi que não vou voltar sozinha — reclamei fazendo cara feia e sentindo dores. — Meu tornozelo.
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  — Machucou novamente? — se abaixou e tocou de leve, o que me fez me encolher por latejar um pouco.
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  Enquanto isso, , me manteve apoiada a ele.
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  — Então, doutor Lua Cheia, qual a situação, vai ter que amputar? — Brincou rindo de mim.
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  Eu fiz uma careta pra ele, que riu mais.
  — Está inchado, teremos que levá-la ao hospital. — Respondeu , ignorando o apelido que lhe foi dado.
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  — Tem certeza que é necessário? Sua prima não consegue fazer nada? Talvez apenas uma compressa com gelo ou água quente resolva — disse o Lion. — Podemos comprar alguns analgésicos.
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  — Você diz isso com base em que, enfermeiro da Selva? Quatro temporadas de Chicago Med? — riu dele, retribuindo o apelido. — É bem visível que ela precisa de um médico.
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  — E você acha que será bom pra imagem acadêmica dela ser vista alcoolizada em um hospital com nós dois? — retrucou Lion, argumentando.
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  — E se for algo grave? — manteve seu olhar de preocupação.
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  — Oi… — eu chamei a atenção deles para mim ao elevar a minha voz, visivelmente embriagada. — Eu ainda estou aqui, posso decidir por mim mesma e… Meu tornozelo está doendo e…
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  Não me contive em meus próximos atos, meu corpo no automático apenas deu impulso para se afastar dele, se inclinando para frente…  
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  Presenciei o momento mais constrangedor da minha vida ao vomitar na rua e na frente dos dois.
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Vamos festejar
Vamos nos divertir
Sob as luzes ardentes
Vamos esvaziar nossas cabeças
E deixar tudo pra lá.
– Holiday / Girls’ Generation

8. Biblioteca à noite

  — Aqui — disse ao se abaixar e me entregar um lenço que retirou do bolso da jaqueta.
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  — O que fazemos agora? — perguntou me olhando de forma caridosa. — Ela parece pior do que eu imaginei.
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  — Nunca mais eu deixo minha irmã te arrastar pra essas festas do pijama. — manteve um tom baixo em sua voz, visivelmente preocupado.
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  — Nunca mais eu deixo a sua irmã e a minha cunhada se aproximarem dela — disse , enquanto me ajudava a ficar de pé.
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  Eu limpei minha boca com o lenço, totalmente envergonhada por aquela noite. Que loucura da minha parte achar que sairia intacta daquela festa do pijama após vai saber quantas doses de tequila foram. Eu respirei fundo e guardei o lenço sujo no bolso, fiquei com dó de jogar fora por achar fofo as iniciais do nome do Alpha bordadas no canto do tecido.
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  — Eu vou te levar para a mansão dos lobos, posso pedir a minha prima para olhar seu tornozelo. — Disse ao segurar em meu braço para que eu me apoiasse nele.
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  — Não mesmo, ela não vai com você, ainda mais que foi a sua irmã que a deixou nessa situação. — segurou na mão dele, para que me soltasse.
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  — Quem pensa que é para me impedir? Eu sou o veterano dela e minha fraternidade é a família dela. — tentou segurar seu olhar raivoso de lobo, mas consegui notar.
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  — Bela família essa que não protege seus calouros. — também estava com o olhar afiado para ele. — Ela vai comigo.
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  — Não vai mesmo — retrucou .
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  — Parem os dois, já disse. — Eu me soltei de ambos e felizmente consegui me manter em equilíbrio.
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  Com um suspiro cansado, mantive minha atenção nos dois.
  — Ambos só estão me deixando pior com essa troca de farpas entre vocês — fui dura e firme com eles. — Se continuarem assim, eu chamo um táxi e nunca mais dirijo a palavra a nenhum dos dois, sendo da minha fraternidade ou não.
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  Claramente pude ver ambos engolindo seco. Nunca imaginei que fosse uma dor de cabeça ter dois garotos gostando de mim, e por mais que meu ego gostasse, minha sanidade mental ia ao fundo do poço com isso.
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  — Vamos fazer assim, eu vou de carro com para o meu dormitório — iniciei meu plano de contingência, então olhei para o Alpha. — E você busca sua prima da mansão das najas, ela também estava na festa do pijama.
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  — Se ela também estava na festa do pijama, não terá nenhuma condição física e mental de nos ajudar. — Argumentou .
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  — O que sugere então? — perguntou . — Conhece mais alguém de medicina?
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  — Por acaso conheço. — King Lion sorriu de canto. — Você leva ela para o dormitório e eu consigo um residente.
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  — Não demore — disse , tentando controlar o tom de ordem.
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   apenas ignorou essa parte e me deu um beijo suave no rosto em provocação e piscou de leve antes de partir. Precisei me esforçar para não rir daquilo. Então me ajudou a dar os primeiros passos para seguir até seu carro que estava próximo, porém não sendo tão paciente como das outras vezes, ele apenas me pegou no colo para ser mais rápido. Permaneci em silêncio durante todo o caminho, assim como ele.
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  O problema do meu estômago se resolveu com o vômito, entretanto minha mente se mantinha latejando de dor. Essa era a consequência para minha ousadia com a bebida, eu nunca fui tolerante, deveria ter sido mais cautelosa. Quando chegamos no prédio do dormitório, nem tive a chance de ir caminhando até meu quarto, apenas assenti que o senhor Baker me conduzisse em seu colo com muitas testemunhas pelo caminho.
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  — Chegamos — disse ele ao me colocar ao lado da minha cama.
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  — Obrigada. — Falei em um sussurro.
  Ele respirou fundo e encostou no beiral da janela colocando as mãos nos bolsos da calça, parecia relutante em me encarar e totalmente pensativo. Aquilo me dava certa raiva, ele tinha muitas semelhanças comigo em manter seus pensamentos para si e apenas observar. Certamente se fosse já tinha me enchido de perguntas, ou estaria fazendo algum comentário malicioso sobre estarmos ali sozinhos.
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  — Vai mesmo evitar me olhar? — perguntei, permanecendo de pé. — Foi tão nojento assim me ver vomitando?
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  Inesperadamente eu arranquei alguns risos dele e ri junto. Com certeza foi nojento aquela cena e se eu pudesse apagaria totalmente da memória.
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  — Foi engraçado — ele levantou o olhar, estava sereno mesmo com a face séria.
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  — Que vergonha — sussurrei, levando a mão no rosto.
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  — Ainda está doendo? — perguntou do tornozelo.
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  — Está latejando. — Respondi prontamente.
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  Já tinha passado por um desentendimento da última vez que disse estar bem e não estava, não ia passar por isso novamente.
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  — Por que não senta? É melhor, assim não força seu tornozelo. — Sugeriu ele.
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  — Não sei se quero — recusei. — Minha cabeça também não está legal, posso ficar zonza se eu me sentar agora.
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  — Não deveria ter bebido. — Disse ele.
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  — Eu sei, mas… — mesmo não sendo forçada, era meu orgulho em jogo.
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  Ele voltou o olhar para a janela. O que me fez indagar se ele ainda estava incomodado com mais alguma coisa.
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  — O que foi? — perguntei.
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  — Nada. — Ele voltou o olhar para mim. — Por que teria algo?
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  — Porque está se forçando a não me olhar. — Expliquei o ponto da minha indagação, dei alguns passos para me aproximar dele.
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  Parei em sua frente.
  — Estou intrigado com uma coisa — confessou ele.
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  — O quê? — indaguei.
  — Você mandou mensagem pra nós dois. — Agora seu olhar tinha ficado um pouco distante e inexpressivo.
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  — Acredite, eu também não sei o porquê — assegurei a ele. — Tenho vocês dois como amigos que posso contar a qualquer momento.
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  — Esse é o problema… Não queremos apenas amizade, você já deve saber isso. — Sua sinceridade e franqueza sempre me impressionavam.
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  — Sim, mas é o que posso oferecer — disse a ele, sentindo-o tocar seus dedos da mão direita nos meus. — .
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  — Eu não vou te beijar, você não está sóbria. — Garantiu ele, com um sorriso malicioso escondido no rosto.
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  — Acho bom. — Dei um passo para trás, que para minha infelicidade foi justo com o tornozelo ruim.
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  O que ocasionou no meu desequilíbrio, o fazendo me segurar pela cintura, trazendo de forma involuntária o meu corpo mais pra perto do dele. Uma troca de olhares inesperada e meu coração acelerado, até nossa respiração parecia sincronizada. Em movimentos lentos e precisos, ele foi se inclinando para mais perto.
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  — Eu não estou sóbria — sussurrei ao sentir seus lábios bem próximos os meus.
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  — Eu sei. — Ele riu baixo e, no susto, me pegou no colo. — Vou te colocar na cama, senhorita teimosa.
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  Uma fração de segundos para que entrasse no quarto sem bater e acompanhado por um homem de jaleco que certamente não parecia ser um aluno ainda em curso, talvez fosse um veterano já na residência.
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  — O que está acontecendo aqui?! — perguntou King Lion, com o olhar atravessado para meu veterano.
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  — Quer mesmo saber? — manteve o sorriso de canto.
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  — Não está acontecendo nada — disse de imediato ao sentir a tensão no ar, olhando para o Baker. — Me coloque logo na cama.
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  Ele assentiu segurando o riso. Logo o homem se aproximou de mim e pediu permissão para olhar o estrago no meu tornozelo. Fiquei chocada ao saber que se tratava de um professor da Universidade, ele era tão bonito e de olhar acolhedor, que não tinha cara de professor. Será que ele era o tal de medicina que Isla teve sua aventura? Se foi, tá explicado o motivo.
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  — Então, professor Scott, como estamos? — perguntei, cautelosa.
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  Esse tornozelo já tinha me dado muito trabalho em um pequeno espaço de tempo.
  — Não está tão inchado como imaginei, mas você vai precisar ir ao hospital amanhã para fazer um raio x, assim teremos um diagnóstico mais preciso. — Respondeu ele, imobilizando a região com uma tala e faixa. — irá te levar até o Hospital Universitário, eu mesmo vou acompanhar e após os exames colocaremos uma bota imobilizadora.
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  — É tão grave assim? — perguntou , mais uma vez com o olhar preocupado.
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  — Não posso mensurar agora, mas pelo que pude perceber, não é a primeira vez que esse tornozelo sofre alguma lesão, não é? — O professor me olhou com seriedade.
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  — Sim, não é a primeira vez — confessei abaixando o tom da minha voz. — Eu sofri um acidente quando criança e ocasionou em uma lesão nesse tornozelo, tive uma boa recuperação, mas com pequenas sequelas.
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  — Imaginei. — Disse o professor. — Quando você força demais, corre o risco de se deslocar.
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  — Sim. — Assenti.
  — Isso ocorre quando o socorro demora para ser realizado — explicou ele, se levantando da cama. — Vejo a senhorita amanhã no hospital.
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  Assenti com a cabeça, eu sabia de tudo a respeito daquilo, mas não queria preocupar os dois enfermeiros que eu tinha arrumado para minha vida. Porque sim, eu já imaginava que sabendo disso, eu não teria paz. Ele retirou um bloco do bolso do jaleco e escreveu algumas coisas.
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  — O tornozelo dela está inchado, este remédio é para dor e este é para o inchaço — ele explicou ao entregar o papel para e olhou para . — Se certifique que ela não fará nenhum esforço sem propósito até amanhã, ou pode piorar o inchaço.
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  — Pode deixar, professor — assegurou .
  — Estarei no hospital às sete para uma demonstração aos alunos internos, leve ela até oito e meia, o laboratório já estará preparado. — O professor Scott deu suas recomendações para e depois se retirou.
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  Ambos ficaram me olhando por um tempo, pareciam digerir todo o ocorrido, principalmente o lance do meu acidente.
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  — Está tudo bem com vocês? — perguntei tentando extrair alguma reação deles.
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  — Claro que está. — se adiantou na resposta e esticou o papel para .
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  — Por que está me dando isso? — perguntou ele ao pegar, a expressão confusa.
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  — Eu busquei o médico, agora você se encarrega dos remédios — explicou o Dominos, com seu argumento simplório.
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  — Faz sentido. — sussurrei, percebendo que tinham ouvido.
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  Então os olhei novamente me encarando.
  — O que foi? — perguntei inocente.
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  — Vai logo da matilha, antes que ela sinta mais dores. — Disse , implicando com ele.
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  — É alcateia, seu selvagem. — manteve a compostura e voltou o olhar para mim. — Eu já volto.
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  Como sempre, segurei o riso e assenti com a cabeça. Assim que ele se retirou, ignorando as provocações de , eu voltei meu olhar para o leão esperando algum comentário bobo vindo dele.
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  — Posso me juntar a você? Ou é zona proibida? — brincou ao se aproximar da cama.
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  Eu ri um pouco e assenti.
  — Você pode apenas se sentar aos pés da cama — o alertei.
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  — Sério? Eu já estava sonhando com você aninhada em meus braços e eu sendo seu enfermeiro sexy o resto da noite. — Instigou ele, com um sorriso malicioso.
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  — Desculpe atrapalhar seus desejos ocultos, mas você sabe muito bem as regras — o relembrei de nossa amizade apenas.
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  — Nunca gostei de regras. — Ele deu mais alguns passos e se sentou no meio da cama. — Posso saber a história por detrás desse tornozelo?
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  Ele tocou de leve, então me olhou.
  — Não tem nada demais — respondi. — Eu era apenas uma criança medrosa perdida no meio da floresta em seu primeiro acampamento de verão.
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  — Uau. — Ele demonstrou surpresa.
  — Foi uma fase em que eu queria ser escoteira — expliquei a ele —, mas descobri que os livros da biblioteca eram mais inofensivos.
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  — Então descobriu que ler sobre aventuras era mais seguro que viver uma aventura. — Concluiu ele, rindo de leve.
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  — Basicamente isso. — Eu ri junto. — Mas eu ainda me arrisco na floresta, sou uma loba agora.
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  — Poderia ter esperado mais um ano, te garanto que a savana é mais segura — disse ele ao segurar minha mão e entrelaçar nossos dedos.
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  — O que eu tenho? — perguntei a ele.
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  — Como assim? — Ele me olhou confuso.
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  — Às vezes parece uma pegadinha, você e interessados em mim — disse abertamente meus pensamentos sobre aquilo. — Louise disse que ambos me tinham como diversão, um escape para as pressões do último ano de graduação.
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  — Não ligue para o que a Louise fala, ela sempre quer gerar intrigas. — suavizou seu olhar e sorriu de forma fofa. — Eu não posso dizer pelo , mas posso te assegurar que não é por distração, menos ainda competição, eu não sei o que fez comigo… — Ele se aproximou um pouco mais, como se fosse me beijar. — Mas tenho certeza que meus pensamentos estão se resumindo a você.
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  — … — Eu tentei repreendê-lo pela aproximação, já fechando meus olhos.
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  — Eu sei, . — Sussurrou ele, em seguida se afastando. — Amigos.
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  Eu abri os olhos, percebendo com nitidez seu olhar frustrado e ao mesmo tempo desejoso para mim.
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  — Amigos — concordei, mantendo meus dedos entrelaçados aos dele.
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  Não demorou muito até que retornou com os remédios e uma garrafinha de água. Sob a vigilância dos dois, tomei com precisão ambos dando um espaço de vinte minutos entre um e outro. Eu queria tê-los expulsado do quarto, mas ambos se negaram a me deixar sozinha, parcialmente inválida, cada um com um argumento mais inacreditável que o outro. Apenas consegui emancipação de poucos minutos para me trocar e colocar o pijama, algo que fiz com certas dificuldades.
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  — Como conseguiu a ajuda do professor? — perguntou , intrigado.
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  — Digamos que ele é do bando — respondeu à sua maneira.
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  — O professor Scott é um leão? — O olhei admirada.
  — Os lobos não são os únicos a terem representantes docentes. — Explicou o leão, com uma piscada boba para mim. — E claro que ele será bastante discreto.
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  — Imagino que sim — comentou .
  — Vocês têm certeza que vão mesmo dormir aqui? — perguntei ao olhar para o leão que estava sentado na cama de Marg e depois para o lobo que se mantinha sentado na cadeira da minha escrivaninha. — Se vocês prezam mesmo pela minha imagem, seria estranho e causaria um alvoroço eu passar a noite com os dois.
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  — Por mais que minha mente fértil esteja imaginando coisas agora, diante de suas falas, podemos deixar a porta aberta. — falou com naturalidade.
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  E do pouco que eu o conhecia, já poderia mensurar a verdade de suas palavras.
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  — Ou ambos podem ir embora e me deixar aqui, na tranquilidade do meu quarto. — Argumentei novamente.
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  — Não vamos te deixar sozinha. — me olhou com tranquilidade. — Odeio concordar com ele, mas podemos deixar a porta aberta, assim, não teria boatos infundados.
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  — Só de estarem aqui já terá boatos. — Retruquei. — Eu estou bem, não é a minha primeira vez com alguma parte do corpo enfaixada.
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  Meu olhar sério para eles durou pouco tempo, até que a porta se abriu sozinha, revelando Marg sendo amparada por seu namorado. Algo que não nos chocou nem um pouco.
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  — Opa, não sabia que o quarto estava superlotado. — James brincou um pouco, pegando sua namorada no colo para acomodá-la na cama.
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  — O que aconteceu com ela? — perguntou se levantando e ajudando o irmão. 
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  — Não me pergunte, eu só recebi uma mensagem da Joy me pedindo para ir buscá-la. — Explicou James, ao cobri-la com carinho.
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  — Essas festas do pijama das garotas me deixam em choque — comentou num tom baixo, certamente imaginando como estaria a sua irmã.
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  — Ela não está em nenhum tipo de coma alcoólico não, né? — perguntei erguendo meu corpo preocupada.
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  — Não, minha garota é resistente, precisa de muitas doses para derrubá-la — brincou James, rindo. — Mas pelo que entendi, elas misturaram tequila com outras bebidas.
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  — Isso foi depois que eu saí, com certeza — comentei.
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  — Quando você foi embora? — James me perguntou curioso.
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  — Elas estavam jogando Eu Nunca — respondi, me lembrando da tragédia que foi minha ousadia.
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  — Tá explicado. — me olhou de imediato.
  E notei que fez o mesmo.
  — Eu perdi alguma coisa aqui? — perguntou James, segurando o riso.
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  — Não, mas sua chegada vai ajudar muito — desconversei e sorri gentilmente. — Gostaria, por favor, de acompanhar ambos os cavalheiros até a saída e levá-los embora?
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  — Hum… — James olhou para um e depois para o outro. — Eu já ia perguntar se poderia passar a noite aqui para cuidar da minha garota.
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  — Parece que vamos todos passar a noite aqui. — piscou para o irmão, como se fosse um gesto de agradecimento.
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  — Nisso eu concordo, não vou deixar minha caloura sozinha com um selvagem. — Disse , em seu momento de sutil concordância.
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  — Eu desisto. — Me virei de leve e afofei o travesseiro, então me deitei melhor e cobri mais meu corpo. — Só não façam barulho.
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  Cobri minha cabeça e fechei os olhos, só me restava apenas dormir e absorver a loucura que tinha sido aquela noite.
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  — Hum?! — Meu sono foi despertando aos poucos pela manhã.
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  Ao abrir meus olhos, de imediato notei o olhar curioso de minha amiga para mim. 
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  — Bom dia, Margareth. — Sussurrei ao erguer meu corpo, me sentando na cama.
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  — Bom dia. — disse ela, mantendo sua atenção em mim. — Não está sentido falta de nada não?
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  — Hum… — Eu levei a mão no pulso do braço esquerdo e confirmei minha correntinha nele. — Não, acho que não?
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  — Ah… Deixe eu refrescar sua memória, dois homens charmosos e atraentes de um metro e setenta de altura — disse ela num tom bobo e sarcástico.
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  — Ah, meus enfermeiros — ri baixo. — Verdade, eles estavam aqui quando adormeci.
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  — Pois é, eu acordei no meio da noite com James ao meu lado e seus enfermeiros sentados no chão acordados e conversando. — Contou ela, parecia mais chocada do que eu naquele momento.
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  Leão e lobo conversando civilizadamente.
  — Por essa eu não esperava — confessei.
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  — Nem eu. — Ela riu. — E você estava totalmente apagada.
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  — O que aconteceu?! — perguntei curiosa.
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  — Expulsei os três do nosso quarto. — Foi tão natural da parte dela.
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  — Obrigada, eu juro que tentei, sem sucesso — disse em minha defesa.
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  — Eu imaginei que a preocupação deles fosse com excesso. — Ela riu e, se levantando de sua cama, veio sentar na minha. — Qual é o lance com o seu tornozelo de novo? Parece até novela mexicana.
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  — Nem me fale, pisei em falso de novo e deu problema mais uma vez — expliquei a ela. — Preciso me atentar mais aonde piso.
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  — Bom, pelo menos não estava sozinha — comentou ela, demonstrando alívio. — E o que aconteceu depois que saiu da festa? Algumas fotos suas sendo carregada pelo Alpha nos corredores do dormitório começaram a circular no celular de geral.
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  — Nem me fale sobre isso e não quero falar do assunto. — Adiantei antes que ela pedisse por detalhes. — Só quero ter um pouco de paz antes da semana de provas.
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  — Nem fale sobre isso — disse ela, se levantando.
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  Dois toques soaram da porta de repente. Marg caminhou até lá e abriu, um passo para trás e meu leão enfermeiro entrou. Estava ali para me levar ao hospital como ordenado pelo professor Scott. Eu o fiz esperar do lado de fora por alguns minutos enquanto me trocava com a ajuda de minha amiga. 
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  — Obrigada — disse assim que ele me ajudou a encaixar o cinto de segurança.
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  — Não há de que. — Ele sorriu gentilmente e fechou a porta, então entrou no lado do motorista.
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  — O que aconteceu com o outro enfermeiro? — perguntei curiosa.
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  — Que garota gananciosa, um só não é o bastante?! — perguntou ele, ao ligar o carro demonstrando estar chateado.
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  — Só estou curiosa, ambos estavam tão solícitos comigo ontem — expliquei a ele.
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  — Seu veterano teve outros assuntos para tratar. — Agora tinha traços de ciúmes vindo dele. — Desculpe se minha presença a desaponta.
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  — É claro que não, eu também gosto muito da sua companhia — assegurei a ele. — É o meu enfermeiro sexy — brinquei.
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  — Não diga essas coisas, machuca meu coração saber que suas palavras são apenas brincadeira — resmungou ele.
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  — Foi você quem começou. — Retruquei, rindo discretamente.
  Assim, seguimos para o Clive Medical Center University, o hospital universitário que tinha afiliação com Princeton, no qual muitos de seus internos e residentes eram alunos da universidade. O professor Scott já estava à nossa espera e apresentou meu caso à professora Fallin, a responsável geral pelas cirurgias ortopédicas e residente chefe do hospital.
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  — Entre mortos e feridos, salvaram-se todos — brincou a professora Fallin. — Você terá que ficar mais algumas semanas utilizando a bota até tudo normalizar com seu tornozelo, mas pelo menos não está tão inchado quanto imaginei.
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  — E vou precisar tomar alguma coisa? — perguntei.
  — Apenas os comprimidos que o doutor Scott te receitou com precisão — respondeu ela, se afastando da cama em que eu estava. — Se sentir qualquer desconforto, não hesite em me ligar.
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  — Tudo bem. — Assenti.
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  — Pode deixar que eu vou cuidar muito bem dela. — Assegurou , se aproximando de mim.
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  Seu olhar de criança sapeca me deixava fascinada, era divertido.
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  — Assim espero, King — disse ela.
  Com a ajuda do meu amigo, deixamos o hospital. Felizmente sem dores, mas comigo totalmente sem saber o que fazer. Eu tinha uma vida acadêmica para seguir adiante e não podia paralisar tudo por causa do meu tornozelo imobilizado. Um par de muletas canadense para minha liberdade, foi um empréstimo da professora para que eu não dependesse tanto dos meus enfermeiros voluntários. Se ela sabia ou não da história toda eu não sei, mas agradeci muito por isso.
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  Ao ser deixada em frente ao prédio de Ciências Sociais, me fez prometer que ligaria para ele caso sentisse dores. Assenti e segui para minha aula de Expressão Gráfica. Não que eu fosse me esconder dos olhares ao longo do dia, mas já estava cansativo os cochichos por onde eu passava, então só me restava um lugar para passar meu tempo em repleto sossego: A Biblioteca.
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  E lá se foram algumas horas do final da minha tarde, comigo fazendo meu trabalho de estagiária dos livros, lenta e despreocupadamente, enquanto minha chefe, Hana, me deixou com as chaves do lugar.
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  — Nem de muletas você deixa esse lugar. — A voz de soou da porta, admirado por me ver trabalhando.
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  — Não estou totalmente inválida, ainda tenho uma perna e duas mãos — disse a ele, enquanto empurrava com dificuldade o carrinho.
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  — Que tal pedir ajuda? — disse ele ao adentrar mais e se aproximar. — Duas mãos e duas pernas a mais é bem melhor.
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  — Eu estou bem, tem pessoas em situações piores que fazem bem mais que isso — argumentei.
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  — Verdade, mas não muda o fato de que eu vou te ajudar — disse ele, pegando dois livros.
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  — Ok. — Assenti sem reclamar.
  Realmente, com ajuda tudo fica mais rápido, foi questão de minutos para todos os livros devolvidos estarem novamente em suas respectivas estantes. Ao final, eu me sentei em um dos corredores da sessão de romance e peguei um livro aleatório, sempre fazia isso para passar meu tempo ali.
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  — Finalmente cansou? — perguntou ele, ao perceber meu repentino desaparecimento e me encontrar ao chão.
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  — Confesso que sim. — Estiquei minha perna um pouco incomodada por estar coçando e não poder fazer nada.
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  — E o que faremos agora? — perguntou ele, ao se sentar ao meu lado. — Você sempre lê algo após terminar?
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  — Geralmente sim, quando não tenho que estudar. — Respondi. — Eu deveria por causa das provas da próxima semana, mas não quero me desesperar antes da hora.
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  — E nem deve, você é uma ótima aluna. — Disse ele, seguro no olhar.
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  — Adoraria que entregasse uma carta de recomendações para o professor Brown. — Brinquei um pouco com a situação.
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  — Me perdoe por todo o transtorno — disse ele, num tom mais baixo.
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  — Não é culpa sua, acho que já até me acostumei com as implicâncias dele. — E de fato estava mesmo já acostumada.
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  — Ainda assim — ele esticou a mão e pegou o livro que eu tinha apoiado em meu colo. — Como Eu Era Antes de Você. – Sussurrou ele o título. — Não acha que está muito tarde para chorar? — perguntou. — Para quem não quer pensar no desespero das provas.
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  — Você já leu? — retruquei. — Porque eu não.
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  — Não, mas já vi o filme. — Respondeu ele com naturalidade.
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  — E você gosta de filmes de romance? — Aquilo me surpreendeu.
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  — Eu tenho uma irmã muito persuasiva. — Explicou ele, não me convencendo.
  — Não é vergonha um homem gostar de romances e chorar às vezes — assegurei.
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  Ele apenas riu.
  — me disse mais cedo que tinha coisas para resolver — comentei.
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  — Sentiu minha falta? — Ele me olhou.
  — Hum… — Eu preferi não responder. — Está tudo bem?
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  — Sim, está…
  — Posso te perguntar uma coisa?! — Eu o olhei.
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  — Diga. — Sua atenção se manteve em mim.
  — O que existe entre você e a Louise?
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  Não era exatamente aquilo que eu queria perguntar, mas não podia apenas chegar e dizer que sabia do segredo dos outros.
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  — Por que a pergunta? — Mesmo com o olhar sereno, seu rosto permaneceu sério.
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  — Curiosidade. — Voltei o olhar para a capa do livro. — Vocês são bem próximos e é bem óbvio que ela sente ciúmes da nossa amizade.
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  — Somos amigos, nada mais que isso. — Respondeu ele. — Nos conhecemos desde pequenos e por isso somos próximos.
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  — Entendo. — Respirei fundo. — Você também parece conhecer bem o , por mais que não sejam tão próximos assim.
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  — Já fomos amigos um dia. — Confessou ele. — Se é isso que queria saber…
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  Ele se inclinou um pouco mais e ficou me encarando.
  — O que de fato você quer perguntar? — insistiu.
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  — Eu só queria entender o universo de vocês. — Iniciei minhas teorias da conspiração. — Soube de algo que certamente não deveria saber, mas que implica na vida de muitas pessoas…
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  — O que você soube? — indagou ele.
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  — Que a Louise é irmã do . — Respondi sem rodeios.
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  — Foi a Isla, não foi? — perguntou.
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  Assenti com a cabeça.
  — Esse é o segredo mais complexo da minha família. — Ele riu baixo. — Bem, o segredo nem é nosso.
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  — Como é conviver com toda essa loucura? — Estava curiosa.
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  — Acredite, mesmo não estando diretamente envolvido, não é fácil. — Confessou ele. — Quando criança, eu e éramos inseparáveis, como irmãos, até que o tempo da inocência acabou quando ele ouviu meus pais falando sobre o assunto… Era dia de ação de graças e eu o tinha convidado para dormir na minha casa, eu pedi para que ele não contasse a ninguém, como irmão mais velho era o seu dever guardar o segredo da família dele, mas…
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  — Ele contou. — Concluí.
  — Não exatamente. — voltou o olhar para frente. — Ele confrontou sua mãe pedindo uma explicação… Não sabia que o irmão estava em casa… James, ao ouvir, contou para Louise e o caos se instalou. O casal Dominos culpou meus pais por toda a confusão e nós apenas nos afastamos. — Continuou a história. — Eu não sei como é a relação dele com a Louise, mas sei que ela mudou muito depois que descobriu.
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  — Mudou como? — perguntei curiosa.
  — Ficou mais insensível. — Respondeu. — Mas, mesmo assim, não deixei de ser seu amigo, um dos poucos que ela tem desde criança.
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  — A Isla não gosta muito dela — comentei.
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  — Não, não gosta.
  — Você nunca pensou em voltar a ser amigo do ? — Voltei meu olhar para ele.
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  — O que está querendo, me juntar a ele? — brincou .
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  — Dá pra perceber o quanto se divertem juntos, mesmo quando estão trocando declarações de amor. — Brinquei ao me referir às farpas entre eles.
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   apenas sorriu com o olhar aparentemente de alguém que estava refletindo. Então, remexendo um pouco, deitou em meu colo, apoiando as costas no chão e ficou me olhando em silêncio.
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  — O que está fazendo? — perguntei.
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  — Me aconchegando para te observar a ler — respondeu ele.
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  Aquele lobo era inacreditável.
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Eu preciso de você, garota
Por que eu me apaixono e
Digo adeus sozinho?
Eu preciso de você, garota
Por que eu preciso de você mesmo sabendo que vou me machucar?
– I Need U / BTS

9. Provas do Outono

  As duas semanas arrasadoras de provas haviam chegado, faltando apenas vinte dias para o recesso de Natal. Meu planner estava mais louco e em surtos do que eu, com trabalhos para entregar, artigos para ler, provas para fazer e resenhas para escrever. Com tantas coisas disputando a minha atenção, eu apenas ignorava as mensagens no grupo do whatsapp da fraternidade e tinha até silenciado ele.
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  E agora tinha a mais inusitada novidade: o coordenador do curso de jornalismo e editor chefe do jornal do campus havia me oferecido uma vaga na redação, pelo fato de simplesmente se apaixonar por meus artigos malucos exigidos pelo professor Brown, que periodicamente eram entregues para serem publicados na sua redação. 
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  Era um fato que sua oferta pareceu mais uma intimação que um convite, mudando totalmente minha rotina e me forçando a deixar o trabalho na biblioteca. Um lado bom? Receberia meio salário como motivação e ajuda nas despesas estudantis. Em contrapartida, tinha que escrever três artigos especiais por mês para o jornal e ajudar nas matérias do dia a dia. Como se eu já não tivesse muita coisa para fazer.
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  Eu estava ficando mesmo popular em Princeton, mais do que gostaria, para ser honesta, entrei querendo ser o mais anônima possível e acabou acontecendo o contrário. Agora só desejava chegar viva ao final da minha graduação ou pelo menos com parte da minha sanidade mental intacta.
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  Em alguns momentos chegavam mensagens de perguntando sobre meu tornozelo e se estava tudo bem com a chuva de tarefas diárias que eu tinha. Era fofo ver sua preocupação comigo, principalmente quando se oferecia para me ajudar em atividades que certamente não fazia a mínima ideia de como executar. Um exemplo? As muitas maquetes físicas que a senhora Foster, professora de estruturas e representação tridimensional, inventava para os alunos.
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Vou conseguir te ver hoje?
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  Olhei para a tela do celular. Final da tarde de terça-feira e curiosamente o tempo estava fechado com uma leve camada de chuva. Não estava tão frio quanto imaginei, mas a brisa se mantinha gélida, dei sorte do ar condicionado do escritório do jornal estar estragado. Assim, não morreria congelada.
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Infelizmente não.

O que faz aí?

 

 

Estou aproveitando o momento de silêncio no jornal para estudar
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você realmente não descansa?
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Princeton deixa?
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kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

 

  Eu ri de leve também.

 

o que vossa majestade leonina está fazendo?

tive um almoço em família hoje
sobre o futuro

 

 

hum… futuro?

sou um veterano e logo vou me formar
meu pai acha que estou pronto para trabalhar na empresa da família
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uau, um homem de negócios, king lion
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  Eu ri, voltando meu olhar para a porta, passavam algumas pessoas conversando no corredor. Me distraí um pouco, olhando as sombras por debaixo, até que voltei o olhar para o celular.

não exatamente,
nem só de nepotismo vive a família Dominos
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  Aquilo soou como uma brincadeira. Certamente pelo comentário que fiz bem no início quando nos conhecemos.

 

não entendi.

a empresa que vou trabalhar rege a meritocracia, digamos que vou começar como o garoto do café ou office boy
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  Ele mandou uma figurinha de um entregador de pizza que me fez rir. Por aquilo eu não esperava. Não da família dele, seus pais pareciam prezar muito pela aparência, deixar o filho iniciar sua carreira profissional tão baixo assim?

 

você disse a empresa que vou trabalhar
não é a do seu pai?

é sim, do meu pai
mas quem disse que é minha?
pelo menos é isso que ele declara todos os dias
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nossa
não sei o que dizer

fique tranquila, para ser honesto não tenho mais nenhuma vontade de ser o presidente daquele lugar
por mais que minha mãe queira
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e o que você quer?
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você
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  Ele mandou uma selfie dele fazendo um coração com os dedos. Não me contive em rir novamente.

 

eu falei sério.
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eu também
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  Respirei fundo para digitar algo, porém ele foi mais rápido.

ando tendo outros planos para meu futuro
e meu irmão pensa o mesmo

 

 

vão montar a empresa de vocês?
serem livres?

sim, é a nossa meta
mas para saber gerenciar a nossa, precisamos começar de baixo
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devo imaginar que seja um sonho de criança?
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talvez, falta uma terceira parte
mas…

 

 

mas?

esquece, está ocupada agora?
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não, estava apenas esperando a Marg para irmos embora.

sua amiga deve estar em um momento bem íntimo com o meu irmão no carro dele na garagem da mansão
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sério?

  Bufei irritada. Ela havia me feito jurar que esperaria por ela.

posso te dar uma carona

 

 

não vou te fazer sair de casa
moro há alguns passos do dormitório
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quem disse que estou em casa?
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  Uma caixinha de surpresas tanto quanto o alpha. 


  Contudo, as mensagens da Isla brigando comigo por preferir ficar no meu quarto à participar das reuniões da fraternidade conseguiam ser ainda mais aterrorizantes que as notas das provas no final do dia. O que me deixava mais nervosa era a demora dos professores nas correções e os bugs que o sistema demonstrava quando se sobrecarregava com aflições dos alunos.
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  Por fim, tinha . Meu veterano com seus convites sugestivos para passeios noturnos pelo bosque, em que na maioria das vezes ele me carregava nas costas para assim evitar mais alguma queda de minha parte.
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  — Tem certeza que não estou pesada? — brinquei, sentindo meu corpo balançar suave, enquanto era carregada por ele em suas costas. — Sabe que posso andar, não é?
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  — Pare de me fazer mudar de ideia — reclamou ele, mantendo a seriedade e continuando a caminhar por entre as árvores. — Não vou te colocar no chão.
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  — Mas eu estou bem, meu tornozelo não está dolorido nem nada. — Retruquei.
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  — Não vou deixá-la se acidentar novamente, não no meu turno. — Ele se manteve firme em sua decisão.
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  Eu ri de leve pela forma que falou e assenti. Apoiando minha cabeça em seu ombro, olhei para o lado, contemplando a natureza à nossa volta. O último mês de outono sempre carregava a sensação do frio que viria na próxima estação e, após quase uma semana de chuva constante, ali estava o céu estrelado de sábado à noite. A natureza silenciosa e meu coração extremamente falante, enquanto me aninhava nas costas dele.
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  — Agora é você quem está calada — comentou , ao parar em frente ao lago Grovers Mill Pond. — Adormeceu?
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  — Bem que suas costas são convidativas, mas estou acordada — respondi prontamente.
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  Ele me colocou no chão e manteve o olhar sereno para o lago, então sentou no piso de um deck improvisado que tinha no local. De onde estávamos dava vista para uma casa do outro lado da margem, na qual sua atenção permaneceu.
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  — Posso saber seus pensamentos? — perguntei me sentando ao seu lado.
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  — Eles são bem caros, quer negociar? — brincou ele, voltando seu olhar para mim com intensidade.
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  Eu fiquei estática por uns segundos e ele percebeu minha falta de reação. Então riu baixo, voltando o olhar para frente.
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  — Penso no futuro — explicou ele.
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  — Você também? — Fiquei admirada.
  — Não se espante, isso é bem comum entre os veteranos. — Ele riu baixo. — Principalmente quando estamos próximos a graduar.
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  — Está feliz com seu curso de arquitetura? — indaguei a ele.
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  Tinha que admitir que minha amizade tanto com ele quanto com o leão, era bem superficial; eu me intrigava com seus segredos de família, porém tinha curiosidade em conhecê-los melhor. Sua essência escondida da sociedade.
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  — Sim, não era a minha primeira opção, mas aprendi a gostar. — Ele inclinou o corpo se deitando, observando as estrelas.