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Capa por Julia N.

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School 2021

1 – Welcome to Princeton University

  Eu estava num misto de insegurança e euforia. 
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  Era minha primeira vez longe de casa. Morar sozinha sempre foi meu sonho, mas em outro estado seria um desafio e tanto para mim. Me mudar de Middleton, uma pequena cidade com menos de 20 mil habitantes em Wisconsin, para a Universidade de Princeton em New Jersey, foi minha escolha mais radical até o momento. E mesmo com meu pai dizendo que eu poderia fazer veterinária ou biomedicina na Universidade de Wisconsin, eu não queria passar a minha vida administrando a fazenda da família ou em algum laboratório das empresas locais. Isso eu deixaria por conta do meu irmão, Joseph.
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  Minha recepção começou assim que desembarquei no aeroporto local da cidade, um garoto de óculos e sarda nas bochechas, camisa xadrez acompanhado de um suéter bege, estava segurando uma placa com meu nome. Será que ele era um monitor ou algo assim?
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  — ?! — perguntou ele, assim que me aproximei.
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  — Sim. E você? — tentei disfarçar minha análise que fazia de seus movimentos.
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  — Prazer, eu sou Matt, seu guia do campus. — Ele deu um sorriso envergonhado. — Me disseram na secretaria para te buscar.
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  — Agradeço a preocupação deles. — Sorri de volta e olhei para minha única mala. — Você me ajuda?
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  — Ah, claro, deixa que eu levo para você. — Ele pegou a mala e saiu puxando na frente.
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  Um táxi nos aguardava do lado de fora e nos levou ao campus. Ao descer do carro, fiquei admirada com o fluxo de calouros e veteranos pelo lugar. Grupos de amigos se encontrando após as férias e muita animação com o primeiro dia do ano letivo. Início do outono e todos animados para mais um semestre cheio de estudos, festas e agitação. Matt me levou até a república que haviam me instalado, guiando-me até meu quarto e deixando a mala ao lado da minha cama. Ele me entregou a chave e antes de se despedir, me entregou alguns folhetos com os eventos que teria na primeira semana de recepção. Ele parecia ser um jovem bem simpático, além de muito educado e cavalheiro, um pouco tímido também.
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  — Uau! — disse assim que fechei a porta e olhei com mais atenção para meu novo quarto. — Finalmente estou aqui.
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  Só então notei que o dividiria com outra pessoa. O lado direito era meu, e o outro já estava totalmente decorado e não muito organizado. Seu estilo era um misto de Gossip Girl e cheerleader fora do comum. Eu me aproximei da minha mala e coloquei em cima da cama, abri e logo retirei minha colcha de patchwork, presente da vovó por ter conseguido minha bolsa de estudos. Ao estender a minha colcha sobre a cama, comecei a retirar as poucas roupas da mala e guardar no pequeno guarda-roupas de duas portas que estava aos pés da cama. Fiquei feliz por não ter levado muita coisa, pois não caberia naquele espaço tão pequeno. 
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  Não demorou muito até que minha desconhecida colega de quarto apareceu. 
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  — Uau. — Ela paralisou por instantes. — Colega de quarto?
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  — Sim. — Eu sorri de leve. — Prazer, meu nome é .
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  — Bem-vinda a Princeton, eu sou Margareth, mas pode me chamar de Marg. — Ela sorriu de volta. — Já conheceu o campus?
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  — Ainda não, um menino chamado Matt ficou de passar aqui para me mostrar. — Respondi.
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  — Ah não, aquele nerd não é nem um pouco divertido. — Ela pegou em minha mão. — Você vem comigo, eu serei sua guia hoje.
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  — Tudo bem. — Não contestei e só a segui.
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  Marg parecia conhecer muito bem o campus. Visivelmente melhor que Matt, já que ele me fez entrar pela porta da cozinha, por ter errado o caminho. Dividi minha atenção entre ouvir as mais diversas histórias das quatro realezas de Princeton, as fraternidades mais importantes dali e mais rivais também, e apreciar a paisagem que se misturava à arquitetura local. Uma cidade grande era totalmente diferente da minha pacata Middleton.
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  — E agora, vamos correndo comprar nossos ingressos para a festa de boas-vindas. — Disse ela ao pisar no gramado seguindo para o leste. — Bem, nunca foi uma festa de boas-vindas, é mais um evento para avaliar o potencial dos calouros.
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  — Do que está falando? — perguntei ela.
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  — Fire Party. — Respondeu prontamente. — A festa de recepção oferecida pela Delta Pi, a fraternidade dos gatos, e eu como uma cat anfitriã, vou te levar como minha convidada. 
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  — Nossa… — aquilo me impressionou. — Nem sei o que dizer.
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  Ela nem me conhecia direito e já agia como se fôssemos íntimas.
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  — Você é a anfitriã e vai comprar o ingresso? — disse em análise ao que ela tinha dito anteriormente à explicação.
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  — Nós compramos para dar bom exemplo, e porque a arrecadação será revertida em doação para o orfanato local que a Delta Pi apadrinhou recentemente. — Explicou ela.
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  — Que legal, sua fraternidade parece ser bem caridosa. — Eu a olhei impressionada.
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  — Isso conta muitos pontos e méritos acadêmicos, cola na gente e se entrar para Delta Pi, será muito bem-vinda, menina de Wisconsin. — Disse ela soltando uma risada rápida.
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  — Como sabe de onde eu sou? — perguntei curiosa.
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  — Achou mesmo que eu iria ficar na inocência sobre minha colega de quarto? Precisava saber se você não era psicopata. — Brincou ela soltando uma gargalhada maldosa. — Agora vamos que os ingressos são limitados.
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  — Ok.
  Ela segurou em minha mão e saiu me puxando consigo. Assim que entramos no prédio de engenharia, seguimos até o laboratório de informática B. Carlton já estava de posse dos ingressos vendendo para os alunos seletos. A festa ser para os calouros não significava que todos poderiam ir, somente os convidados por membros das fraternidades e com alto potencial para serem aceitos. Eu me afastei por um momento de Marg, caminhando aleatoriamente pelo corredor movimentado. Até que esbarrei em uma pessoa.
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  — Me desculpe. — Disse num tom baixo.
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  — Tenha mais cuidado. — Disso o rapaz, ao me segurar para que não caísse.
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  Eu precisava de um desconto, o chão estava escorregadio naquela parte por um garoto ter jogado água em outro. Eu poderia ter me machucado, mas só esbarrei em uma pessoa.
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  — Ah! Você está aqui. — Disse Marg ao me encontrar de repente, e olhando para o rapaz. — Oh, Alpha.
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  — Cuide da sua convidada. — Disse ele num tom mais rígido.
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  — No problem. — Retrucou ela, me pegando pelo braço novamente e me puxando consigo.
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  — O que aconteceu? — perguntei a seguindo. — O que eu fiz agora? Quem era ele?
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  — Miga, aquele é Baker, o aluno mais promissor de Princeton. — Explicou ela, apontando discretamente para um grupo de pessoas reunidas perto da árvore próximo à entrada. — E presidente da fraternidade Alpha Omega, a mais famosa e seleta do campus.
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  — Seleta? — eu voltei meu olhar para a árvore e vi se aproximando do grupo de pessoas e os cumprimentando, até que uma garota se aproximou dele de forma mais sensual.
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  — E aquela é a futura primeira dama, Louise. — Continuou sem ouvir minha indagação. — Ouvi dizer que seus pais são amigos de longa data, e suas famílias, as fundadoras da fraternidade, mas ele nunca deu chance pra ela. 
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  — Você é bem informada. — Comentei.
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  — Minha função é essa, saber tudo sobre todos, foi assim que fui aceita na Delta Pi, após ser rejeitada pela Alpha Omega. — Ela riu com certa amargura. — Além do mais, curso jornalismo, preciso ser uma pessoa bem informada.
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  — Marg, como ele sabia que eu era sua convidada?! — perguntei curiosa.
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  — Uma caloura com um veterano de fraternidade só pode ser convidada, é bem óbvio por aqui. — Respondeu ela com naturalidade.
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  — E como ele sabe que você é veterana? — tudo aquilo me impressionava.
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  — Por isso. — Ela enfatizou o colar em seu pescoço com um pingente de gato. — Todo mundo tem sua forma de identificação, quando não é muito popular.
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  — Você é a garota da informação, pensei que já fosse popular aqui. — Brinquei.
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  — Quem me dera, ainda estou subindo meus degraus. — Ela seguiu na minha frente. — Mas um dia eu chego lá.
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  Eu ri dela e desta vez a arrastei comigo para uma cafeteria que tinha visto no caminho até a universidade. Estava com fome e precisava de um cappuccino para me manter alerta a todas as fofocas fornecidas por ela.
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  — O que você quis dizer com a Alpha Omega ser seleta? — perguntei assim que pegamos nosso pedido e nos sentados ao lado da vidraça lateral.
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  — Está interessada neles? Vai me abandonar? — ela me olhou meio ofendida e indignada. 
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  — Não, não é isso, me sinto honrada por teoricamente já ter uma vaga na Delta Pi. — Acalmei ela segurando o riso. — Mas estou curiosa pelos intocáveis.
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  — Intocáveis? Esse apelido foi bom. — Ela riu um pouco. — Bem, digamos que se você não for de uma família muito rica ou do meio social privado deles, jamais vai entrar. Nós, meros mortais não somos dignos disso.
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  Ela parecia frustrada por ter sido rejeitada por eles. 
  — Nem a Molly, filha do prefeito, foi aceita e olha que ela nasceu em berço de ouro. — Continuou comentando. — Imagina eu, bolsista e filha de um entregador de correspondência.
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  — Você também ganhou uma bolsa. — Fiquei impressionada, Marg não tinha jeito de nerd estudiosa e nem aluna aplicada, parecia mais uma patricinha sem recursos financeiros.
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  — Minhas notas não me dão orgulho, mas sou mestre em redações, foi assim que fui aceita pelo coordenador do meu curso. — Revelou, sem vergonha. — Em troca, sou estagiária no jornal do campus. 
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  — Boa troca. — Comentei.
  — Também achei. E James, o editor chefe, é um gato, apesar de não ser da minha fraternidade. Mas leão também é um felino, então tá valendo. — Ela deu uma piscada maliciosa.
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  — Leão? Me explica essa. — Eu ri e tomei um gole do cappuccino.
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  — As quatro mais influentes fraternidades de Princeton possuem um animal que a representa além do brasão. — Respondeu ela. — Nós da Delta Pi somos os gatos; os Theta Nu Gama, de onde James é, são os leões; as garotas da sororidade, Tau Sigma, são as cobras, não se envolva com elas, são as cheerleaders mais traiçoeiras e safadas do campus; e por último, os lobos da Alpha Omega.
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  — E eu vou me lembrar de tudo isso amanhã de manhã? — brinquei fazendo-a rir.
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  — Fique tranquila, com o tempo você se acostuma.
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  Me acostumando ou não com a hierarquia de Princeton, eu manteria meu foco no futuro acadêmico que sempre sonhei para mim. Cursar e me formar em design, conseguir um estágio e provar para meu pai que ser criativa também dava futuro. Após sair da cafeteria Coffee House próxima ao campus, me perdi de Marg assim que ela foi parada na rua pelo famoso James. Não quis segurar vela, então usei minha estratégica saída à francesa, e voltei a caminhar pelo campus. 
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  Logo à noite, me arrumei para a tal Fire Party que seria recepcionada na mansão da fraternidade Delta Pi. Eu tinha questionado Marg, o motivo dela não morar na mansão com os outros, e a resposta foi meio óbvia, ela era bolsista e não teria dinheiro para pagar as contribuições mensais. Claro que o capitalismo sempre reinava entre qualquer sociedade, principalmente no meio acadêmico. Fiquei indecisa no que vestir, já que meus looks básicos da fazenda não faziam fama entre a moda atual de Princeton.
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  — Agora sim, você não vai me matar de vergonha. — Marg abriu um sorriso ao ver suas roupas modernas em meu corpo.
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  Eu me olhei no espelho dela e foquei no vestido apertado azul que nada combinava comigo.
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  — Eu te agradeço amiga, mas prefiro meus jeans rasgados. — Ri de leve e retirei o vestido, colocando minha roupa novamente.
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  Minha ideia inicial era jeans surrado, regata branca e um suéter cinza porque a noite estava fria. Não me importava se era simples, básico ou pouco chamativo e nada atraente. Eu só almejava algo confortável e que não me custasse dores nas pernas. Por isso, finalizei com meu all star preto. 
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  — Agora sim. — Me olhei novamente no espelho. — Mais eu.
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  — Miga, você é tão sem graça. — Reclamou ela bufando de leve. — O vestido te valorizava mais.
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  — Não gosto de chamar atenção. — Ri dela. — Vamos, amiga, quem quer ser popular aqui é você.
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  — Isso é verdade. — Ela se levantou da cama e ajeitou o vestido sensual que usava, pegou sua carteira e sorriu. — Estou pronta para causar.
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  — Vamos lá. 
  Nós saímos do quarto em risos.
  Observei algumas calouras, como eu, me olharem com desdém e certa inveja. Segundo Marg, estavam assim por não terem sido convidadas por nenhum veterano. Tentei relevar isso e continuei seguindo-a, enquanto ouvia as histórias da festa do ano passado. Fatos que tinham causado muitos comentários ao longo do ano todo. A mansão da fraternidade Delta Pi era bonita e glamorosa, muito bem decorada pela presidente Joy Tenebrae do curso de arquitetura, e havia passado por uma reforma recente nas férias. Era de deixar qualquer hotel de cinco estrelas no chinelo.
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  — Aqui é… Uau. — Não conseguia escolher os adjetivos para classificar tamanho bom gosto.
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  — Não é… Por isso é caro morar aqui. — Traços de frustração soaram dela. — Enfim, você está com o bracelete de convidado, vou te deixar aproveitar um pouco sem mim.
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  — Vai correr atrás do seu felino? — brinquei.
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  — Preciso ir à luta. — Ela piscou de leve e deu um sorriso malicioso. — Hoje a noite será longa para mim.
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  — Boa sorte. — Ri de leve observando-a se afastar de mim.
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  Seria complicado sobreviver à minha primeira vez sem ela, mas não iria embaçar a noite da minha nova amiga. Andei pelo lugar observando as pessoas em minha volta, não procurava algo específico. Até que parei na mesa de comida e me perdi um pouco em meus pensamentos.
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  — , não é?! — perguntou um veterano ao se aproximar de mim.
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  — Depende de quem você seja. — Retruquei mantendo o mistério.
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  — Eu vi você hoje mais cedo com a Marg. — Comentou ele.
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  — Você conhece a Marg? Achei que ela não fosse popular. — Cruzei os braços intrigada por suas palavras.
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  — Digamos que eu precise saber quem é a garota que dorme com meu irmão todas as noites. — Ele riu baixo.
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  — Está explicado. — Disfarcei o riso e voltei meu olhar para o outro lado.
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  Avistei encostado na parede conversando com outros veteranos, porém seu olhar permanecia em minha direção.
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  — Hum… Parece que eu não sou o único interessado. — Comentou o veterano.
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  Voltei meu olhar para ele e vi que sua atenção também estava em .
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  — Você o conhece? — perguntei.
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  — O que eu ganho se responder? — retrucou sorrindo de canto.
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  — Você não é daqueles homens que adoram uma barganha, não é?! — perguntei voltando meu olhar para a mesa de comidas.
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  — E se eu for? — ele riu. — Devo confessar que sou bastante competitivo.
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  — Eu já vi esse filme, então já devo lhe informar que não serei o troféu de disputa de ninguém. — Afirmei com segurança.
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  — Nossa, Fletcher, desse jeito eu apaixono à primeira vista. — Brincou ele me fazendo rir.
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  — Que pena. — Peguei um prato e comecei a me servir com os aperitivos. — Saiba que só estou aqui pela comida então.
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  — É uma indireta para que eu lhe convide para jantar? — insistiu ele de forma descontraída. — Posso ser o prato principal.
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  Eu não me contive em soltar uma gargalhada daquilo. Aquele veterano era insistente, mas sabia ser mais divertido que os rapazes da minha cidade em Wisconsin.
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  — Tentador, mas terei que recusar. — Sorri de leve e me virei para frente.
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  — Você não é fácil de conquistar mesmo. — Ele riu.
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  — Se conhecesse os garotos da minha cidade, saberia que sou PhD em ouvir cantadas baratas. — Brinquei.
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  — Ah, eu não te cantei, ainda. — Ele se colocou em minha frente. — Só te convidei para sair.
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  — E eu neguei. — Ri um pouco. — Nem mesmo sei o seu nome, como aceitaria? Pior, o fato de ter me abordado assim sabendo tudo sobre mim, só me faz pensar que é um psicopata. 
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  — Nossa, agora pegou pesado. — Ele colocou as mãos nos bolsos da calça. — Dominos.
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  — Boa noite, . — Eu me afastei dele segurando o riso e preocupada em apreciar meus aperitivos.
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  Estava com fome e comida grátis não se dispensa.
  Enquanto a maioria aproveitava a noite para beber, dançar, beijar ou fazer coisas mais proibidas para menores, eu aproveitaria a distração de todos para explorar o lugar e observar mais a pequena sociedade que compunha Princeton. Foi assim durante um longo tempo, até que em um dos corredores da parte leste da mansão encontrei uma porta entreaberta, não me contive de curiosidade e espiei um pouco. 
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  Se a pupila dos meus olhos dilataram com a cena, eu não sei, mas fiquei estática por um tempo. estava quase se fundindo a uma garota. Seria outra caloura, uma mais iludida do que eu? De repente, sem querer meu celular começou a tocar. O volume era baixo, mas serviu para que o casal da biblioteca parasse o que estava fazendo. Dei alguns passos para trás e saí correndo, na pressa, trombei em uma pessoa que surgiu do nada no corredor e quase a fiz cair. Eu deveria ter pedido desculpas, mas estava tão assustada que continuei correndo até chegar no prédio do meu dormitório.
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  — Uau… Que corrida. — Comecei a rir automaticamente. — Acho que tive muita aventura pra uma noite só. 
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  Me espreguicei sentindo um leve cansaço, o dia foi cheio e não estava acostumada a ficar até tarde acordada. É claro que a partir desse primeiro dia, minha rotina mudaria radicalmente.
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– x –

  — Como se atreve a ficar popular antes de mim? — disse Marg quase aos berros ao entrar no quarto.
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  Não era exatamente assim que eu esperava ser acordada na manhã seguinte. Mas foi assim que aconteceu.
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  — Marg?! — descobri meu rosto e a olhei ainda com os olhos semicerrados — Bom dia para você também.
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  — Não me venha com cordialidades e me conte tudo. — Ela se sentou em minha cama.
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  — Contar o que? — ergui meu corpo.
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  Logo notei que ela não vestia suas roupas, mas estava com uma blusa de moletom masculina no corpo.
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  — Você dormiu aqui? — perguntei.
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  — Claro que não. — Ela sorriu com malícia. — Mas minha vida não vem ao caso e sim a sua.
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  — Do que está falando?
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  — Da famosa garota de Wisconsin, despertando interesse nos lordes do campus.
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  — O quê?! — eu soltei uma gargalhada. — Você me viu ontem, como posso ter feito isso, e olha que eu voltei para o dormitório antes das onze.
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  — Achou mesmo que não te veriam conversando com Dominos? — ela cruzou os braços e arqueou a sobrancelha direita.
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  — Ah, tá falando dele. — Ri novamente. — Fica tranquila que ele logo superou meu fora com outra caloura na biblioteca.
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  — Sério? Que babado é esse?
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  — Pensei que soubesse, a garota informada aqui é você. — Retruquei com ironia.
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  — Eu estava ocupada. — Ela se levantou. — Mas não muda o fato de todos estarem falando sobre você.
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  — Logo passa. — Me espreguicei.
  — Imagina se tivesse ficado com ele.
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  — Aí não estariam falando de mim, eu seria só mais uma pra estatística. — Me levantei e fui até o armário. — Meu nome só está rodando porque dei um fora nele, aposto.
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  — Me diz que não foi proposital.
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  — Não foi. — Garanti voltando meu olhar para ela. — Eu realmente só estou focada nos meus estudos.
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  Aquilo era a máxima verdade sobre ter ido para Princeton.
  — Está falando assim tão naturalmente porque não sabe quem é Dominos. — Retrucou minha amiga.
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  — Descobri que ele é irmão do seu felino James. — Comentei.
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  — Ele é o presidente da Theta Nu Gama, lion king, amiga, é quase o Mufasa de tão charmoso e atraente. — Explicou ela enfatizando as palavras.
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  — Só isso tudo? Está mais para Scar do que Mufasa. — Brinquei fazendo-a rir junto.
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  — Garota, você terá que se decidir até amanhã de manhã. — Alertou ela de forma enigmática.
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  — Me decidir com o que? — terminei de escolher minhas roupas e a olhei novamente.
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  — Lobo contra leão sempre foi a maior rivalidade no campus, querida, e você despertou o interesse de ambos os lordes. — Respondeu ela.
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  — E como sabe que ambos estão interessados por mim? — coloquei a mão na cintura e observei seus movimentos.
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  Ela se sentou na cama e me olhou curiosa.
  — Há boatos que seu nome foi indicado na reunião dos lobos de hoje cedo. — Minha amiga era mesmo uma fofoqueira. — Indicação direta do alpha, parece que o dono da matilha também está interessado.
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  — É alcateia. — A corrigi. — Matilha é o coletivo de cães.
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  — E daí, um late e o outro uiva, é tudo igual. — Ela deu de ombros. — No fim, os felinos são os melhores.
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  Nós rimos.
  — Já percebi sua preferência, espero que não seja por causa da rejeição.
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  — Já superei esse passado. — Garantiu.
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  — Vou tomar um banho. — Juntei minhas roupas e peguei minha toalha, então parti para o banheiro.
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  Foi estranho ser o centro das atenções e cochichos enquanto passava pelo corredor. Ao chegar no banheiro, me tranquei no box que tinha vazio e tomei meu banho. Mantive silêncio todo o tempo, ouvindo as fofocas atravessadas com meu nome, sobre o mais novo motivo de rivalidade entre lobos e leões. 
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Você é linda, minha deusa
Mas você está fechada, sim, sim
Eu vou bater, então, você irá me deixar entrar?
Irei te dar uma emoção escondida
– Monster / EXO

2 – Closer Party

  — Marg!? — disse ao entrar repentinamente em nosso quarto, cheia de perguntas na cabeça. — Ops!
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  Me deparei com minha amiga aos beijos em sua cama com James. Algo que eu não esperava presenciar naquela hora do dia.
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  — Me desculpem. — Me encolhi um pouco constrangida pela cena.
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  — Ouh. — James se afastou um pouco de Marg, meio sem graça por minha presença.
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  — Não foi nada, amiga, Jam só veio ver se estamos bem. — Explicou ela com naturalidade.
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  — Ah. — Entrei rapidamente e coloquei a toalha pendurada na porta do guarda-roupa. — Eu vou deixar vocês à vontade.
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  — Não, eu já estava de saída. — Ele se levantou da cama e olhou para Marg. — Te vejo à noite?
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  — Claro. — Ela piscou de leve para ele e mordeu o lábio inferior.
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  Minha amiga era meio maliciosa.
  — Meu irmão ficou triste por ter saído cedo da festa. — Comentou ele ao desviar seu olhar para mim.
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  — Digamos que sou mais caseira. — Expliquei debochadamente. — Mas seu irmão não deveria ficar preocupado, ele estava muito bem acompanhado.
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  — Então era você a pessoa que espiou ele? — James riu.
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  — Em minha defesa, estava procurando o banheiro. — Disse com um tom inocente na voz.
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  — Banheiro. — Ele riu.
  — Sou caloura. — Expliquei mais claramente.
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  — Está convidada também. — Disse ele.
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  — Para que? — perguntei curiosa.
  — Para a Closer Party, a recepção dos leões. — Respondeu Marg no lugar dele.
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  — Closer Party? — desviei o olhar para ela.
  — James, estragou a surpresa, eu ia contar a você depois da aula. — Marg cruzou os braços indignada.
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  — Desculpa, gatinha. — Ele deu um selinho nela e se afastou seguindo para a porta. — Vejo vocês mais tarde.
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  Assim que James saiu, eu voltei meu olhar para Marg, intrigada.
  — Que Closer Party é essa? — perguntei.
  — Só uma pequena recepção para vips que os leões fazem no segundo dia de aula. — Ela sorriu.
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  — Devo presumir que cada fraternidade dá festas assim cada dia? — analisei um pouco a situação.
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  — Não exatamente. — Ela riu. — Nós da Delta Pi damos as boas-vindas. Os leões promovem a recepção dos vips, as najas lançam o desafio das fraternidades e os lobos nos dão a honra de participar da festa dos aprovados.
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  — Que organização, me deixou impressionada com a programação, só festas na primeira semana. — Brinquei.
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  — Precisamos nos divertir, já que o prazer dos professores é nos ver sofrer com as provas e notas baixas.
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  — Agora você me deixou preocupada. — Estava mesmo preocupada.
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  — Ai, amiga, não precisa disso tudo. — Ela deu uma gargalhada.
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  — Você me assustou. — Eu ri junto e me sentei na cama. — Então, pode ir explicando essa coisa de desafio das fraternidades.
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  — Ah não, isso você só vai descobrir amanhã. — Ela se levantou da cama. — Primeira semana é cheia de eventos e nada de aulas, você tá a fim de dar umas voltas?
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  — Ah não, agora não, vai você. — A encorajei me espreguiçando até a janela do quarto. — Já que perdi o horário do café, vou ficar de bobeira aqui e pedir um brunch pelo aplicativo.
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  — Podemos comer em uma lanchonete do campus. — Ela sugeriu.
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  Marg realmente não queria me deixar naquele quarto.
  — Acho melhor não.
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  — Já sei, você não quer é ser vista porque todos estão falando de você. — Concluiu ela com rapidez.
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  — Se você já entendeu, não vai mais insistir. — Fui sincera.
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  — Ok… Mas na Closer Party você não me escapa. — Me fitou com o olhar.
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  — Se eu puder ir de jeans e all star. — Brinquei.
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  — Um dia eu ainda queimo suas roupas. — Brincou de volta, rindo comigo.
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  Esperei até que ela terminasse de se trocar e sair do quarto. Caminhei até minha mesa de estudos e me sentei na cadeira. Mesmo que as aulas começassem somente na semana seguinte, não deixaria para organizar meus horários e minha agenda de estudos depois. Mesmo com o dia lindo e convidativo a ficar sentada na grama da frente do dormitório, o melhor para mim era ficar no quarto e elaborar meu planner semestral. Enquanto eu escrevia e avaliava meu quadro de aulas, tentava relacionar isso com minha meta de leitura atual. 
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  — Deixe-me ver… — continuei concentrada.
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  Voltei meu olhar para os livros indicados como referência para as disciplinas. E logo me bateu uma vontade de visitar a biblioteca. Me lembrei que Matt tinha mencionado a localização dela, ao lado do prédio de Ciências Humanas. Coloquei meu all star branco e peguei a mochila, jogando a carteira dentro com minha agenda e uma caneta junto. Deixei o celular no bolso de trás da calça e saí do quarto. Precisei parar alguns monitores pelo caminho e conferir que o meu mapa improvisado na agenda não estava errado. 
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  — Boa tarde, senhorita, posso ajudar? — disse Hana, a senhora da recepção da biblioteca.
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  — Boa tarde, eu estou com a lista dos livros indicados e queria pegar alguns. — Respondi.
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  — Olha, você é a primeira caloura que visita esse lugar. — Ela soltou um riso fraco. — Espero que seja uma boa aluna.
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  — Eu também. — Concordei rindo com ela.
  — Você pode pegar até cinco livros por vez, e tem exemplares que são restritos a biblioteca, eles estão marcados com um adesivo azul. — Explicou ela. — Você tem até quinze dias para devolver ou renovar o empréstimo.
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  — Ok. — Assenti e apontei no papel os livros que eu queria.
  Ela me indicou os setores e prateleiras que estavam os livros. Me afastei e comecei a andar pelo lugar. Nunca tinha visto tanto livro em um lugar só. A biblioteca pública de Wisconsin era um terço daquela, o que me deixava fascinada.
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  — Cedo demais para pegar livros. — Comentou uma voz masculina à esquerda. 
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  Eu segurei o riso e olhei para ele.
  — Você está me seguindo? — perguntei olhando-o de cima a baixo discretamente.
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  — Ah… Que mal pensamento tem sobre mim? — ele se fez de ofendido.
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  — Os piores possíveis. — Disse o fazendo rir.
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   estava vestido casualmente. Eu tentava identificar nele algo que pudesse ligá-lo a sua fraternidade, assim como Marg tinha seu cordão com pingente de gato. Mas claro que o presidente do Theta Nu Gama não precisava disso, ele por si já representava os leões.
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  — Você é bastante observadora. — Comentou ele.
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  — Aprendi com meus avós. — Voltei meu olhar para a prateleira à minha frente e peguei o livro que queria.
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  — Quer ajuda? Parece pesado. — Ofereceu ele.
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  — Não precisa, estou bem. — Mantive minha atenção na tarefa que executava procurando o último da lista, quando senti seu olhar fixo em mim. — Não tem mais nada a fazer?
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  — De importante, não. — Respondeu.
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  — Tem certeza? — encontrei o livro e peguei, então o olhei novamente. — Me disseram que a festa de hoje seria organizada por você.
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  — Eu estou oferecendo, mas tenho quem faça em meu lugar. — Explicou ele. — Minha prima é nossa cerimonialista em todas as ocasiões.
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  — Olha só, você, James, sua prima, Theta Nu Gama é adepta ao nepotismo? — perguntei num tom irônico.
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  — Minha família fundou esta fraternidade, e cuidamos dela há gerações. — Respondeu mantendo a seriedade na voz, mas com o olhar suave. — Somos uma grande família.
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  — E enfatizou isso por qual motivo? Não sabe que eu sou quase uma Delta Pi? — retruquei.
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  — Até a festa dos lobos, tudo pode mudar. — Assegurou ele.
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  Agora eu entendia as palavras maliciosas de Marg sobre lordes se interessarem por mim. O que me levou a pensar se iria se aproximar de mim da mesma forma que , ou com mais intensidade. Era insano e ao mesmo tempo surpreendente imaginar uma rivalidade por minha causa. Poderia agora me considerar uma Katniss Everdeen em meio ao Jogos Vorazes de Princeton, só tinha que identificar qual dos dois teria a chance de ser o Peeta Melark. Comecei a rir do nada com esse pensamento, por um momento, me esqueci que estava sendo seguida por ele.
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  — Eu serei sincera, não é assim que se conquista uma mulher. — Disse a ele, que vinha atrás de mim.
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  — E como você quer que eu aja? — ele parou em minha frente. — É sincero quando digo que estou interessado em você.
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  — Também é sincero quando eu digo que não me importo. — Sorri de leve para ele e me desviei, indo até a recepção. 
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  Coloquei os cinco livros sobre o balcão e completei minha ficha de cadastro de aluno, pré-aprovada no sistema. Assim que coloquei todos na mochila me afastei para voltar ao dormitório.
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  — Pelo menos terei o prazer da sua presença logo à noite? — perguntou assim que saímos do prédio.
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  — Talvez. — Dei um passo para frente e voltei meu olhar para o lado.
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  Para nossa surpresa e de forma coincidente, vinha em nossa direção. Será que ele também estava me seguindo? 
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  — Ora, ora, se não é o Alpha. — O sarcasmo podia escorrer da boca de que não seria surpresa. — Onde está sua matilha.
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  Claro que era uma provocação.
  — Dominos. — o olhou de forma irrelevante. — Não sabia que gostava da biblioteca, semestre passado nem pisou dentro dela, aprendeu a ler nas férias?
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  A voz de era um pouco rouca, grossa e transmitia firmeza. Mesmo com o tom sarcástico, tinha uma vibração diferente. Enquanto tinha seu ar debochado e divertido, mantinha o mistério e intensidade no olhar.
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  — Que irônico não, você sabe falar. — Devolveu .
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  — Acho melhor eu ir, não quero atrapalhar o romance de vocês. — Brinquei desbancando ambos.
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  Eles riram de forma discreta.
  — Não é você que está sobrando aqui, . — Disse , me deixando intrigada.
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  — O que você disse? — deu um passo para a frente, porém eu segurei em seu braço.
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  — Vocês não vão mesmo brigar aqui, não é?! — intervi, percebendo os olhares em nossa direção.
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  — Vim falar com você. — me olhou com serenidade. — Você perdeu alguma coisa na festa de ontem?
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  — Eu?! — avaliei mentalmente meus passos naquela festa, não me lembrava de ter perdido algo. — Não que eu saiba.
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  — Sugiro que procure melhor em suas coisas. — voltou seu olhar para , como se o desafiasse em silêncio. — Precisará encontrar até amanhã, ao meio dia.
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  Assim que deu seu recado, se afastou de nós e eu notei que se segurava com os punhos fechados e em fúria. Eu não entendia o motivo dele ter me perguntado aquilo, mas tinha uma pessoa que poderia me explicar. Me despedi de e segui para meu dormitório com o celular na mão, ligando para Marg.
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  — O que houve? — disse ela ao entrar no quarto, ofegante, parecia ter corrido. — Vim o mais rápido de pude.
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  — Eu não me importo com essa coisa de fraternidade e festas, mas você precisa me dizer o porquê me perguntou se eu perdi algo. — Iniciei alto e claro. — E você vai me dizer agora.
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  — Não, sério? O próprio alpha te fez a pergunta? — ela parecia ainda mais estática que eu.
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  — Marg, não enrola e vai dizendo tudo. — Apontei para sua cama, para que sentasse.
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  — Então, eu ia deixar como surpresa para amanhã, mas como te fizeram a pergunta hoje. — Ela riu. — O lobo alpha queria mesmo marcar território.
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  — Foco, Margareth. — A repreendi.
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  — Desculpa. — Ela segurou o riso. — Então, no desafio das fraternidades os escolhidos por cada uma deve encontrar uma coisa valiosa para eles que foi perdida na primeira festa, a Fire Party. É como se fosse um trote para os calouros e sua entrada oficial para a fraternidade.
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  — E eu perdi algo. — Conclui.
  — Sim, e o que você perdeu aparentemente está com o Alpha. — Acrescentou ela sem segurança. — Já que foi ele que te fez a pergunta.
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  — Era só o que me faltava, vocês não têm mais nada para fazer além inventar essas coisas?! — perguntei.
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  — É divertido, você que não está acostumada com isso. — Defendeu ela.
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  — Para quem está animado com a ideia de se juntar à realeza pode até ser, para mim não. — Comentei jogando meu corpo para trás e me deitando.
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  Eu realmente não estava animada com todo aquele universo de lobos, leões e a savana inteira. Me virei para o canto e fiquei mexendo no celular. Esvaziei minha mente de tudo aquilo e mantive minha atenção nas mensagens que Beth, minha melhor amiga, me enviava de Wisconsin. Ainda não sabia como o babaca do meu irmão tinha conquistado uma garota tão fofa e meiga como ela. 
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  Ao final da tarde, fiquei observando Marg se aprontar para a festa, enquanto eu me mantinha deitada lendo um livro sobre arquitetura clássica. É claro que ela estava curiosa para saber se eu iria ou não, mas não ousou perguntar. Marg saiu pontualmente às sete do quarto, e pela janela eu vi James a esperando em sua moto. Achei interessante a forma atenciosa dele com ela. A mansão dos leões era relativamente próxima ao campus, eu ainda estava no misto de indecisão e curiosidade.
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  Com a pergunta de voltando a minha mente, me levantei da cama e comecei a olhar minhas coisas. Precisava saber o que realmente eu tinha perdido, foi então que dei por mim que minha pulseira dos sonhos não estava em meu pulso e já fazia um bom tempo. Então era isso que eu tinha perdido naquela noite. O que me fazia pensar que era a pessoa em quem eu esbarrei no corredor ao sair correndo como uma louca. Ele tinha achado minha pulseira ou aproveitado a deixa para pegar. Isso me chocava ainda mais.
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  Me aproximei do espelho e olhei para minha roupa. Básica e sem graça, nas palavras de Marg. Não podia ser melhor. Coloquei o all star, celular e documento no bolso. Saí em direção a tal mansão Theta Nu Gama. Quando cheguei em frente, fiquei parada por um tempo do outro lado da rua, vendo alguns alunos entrarem e outros tentarem como penetras. Coincidentemente o grupo da fraternidade dos lobos estavam chegando em seus carros luxuosos e invejáveis. De todos ali, meu olhar se voltou para somente um. 
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  Eu precisava tirar a dúvida com resposta óbvia. Assim que dei o primeiro passo para ir até eles, um dos veteranos olhou em minha direção e comentou discretamente com . O mesmo deu um sorriso de canto e olhou para mim. Não precisei me mover, ele veio ao meu encontro naturalmente, com seu olhar de sempre.
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  — Não vai entrar? — perguntou ele.
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  — Talvez. — Respondi.
  — Estava me esperando? — assim como eu o analisava, ele fazia o mesmo comigo.
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  — Talvez. — Novamente.
  Ele sorriu de forma espontânea.
  — Estava me esperando. — Constatou ele. — Descobriu o que perdeu?
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  — Está com você, não está?
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  — Talvez. — Devolveu meu sarcasmo na medida certa.
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  — Aproveite a festa. — Dei um passo para me afastar.
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  — Não vai mesmo entrar? — indagou.
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  — Quer que eu entre com você e me exiba como um troféu? — retruquei com certa aspereza.
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  — Se você tivesse uns 40 cm de altura, folheada a ouro maciço e fosse um objeto, talvez sim. — Ele se segurou para não rir de mim. — Mas você respira, e deve ser tratada com respeito.
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  Aquela resposta me silenciou por um momento. E fez meu coração pulsar estranhamente mais forte.
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  — Para o Dominos pode até ser uma competição, mas para mim não. — Seu olhar transmitia sinceridade. — Espero que me encontre amanhã até o meio dia, se quiser ser uma Alpha Omega, caso contrário, não se preocupe que eu devolverei sua pulseira ao anoitecer.
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  Sem mais pronunciamento, ele se afastou de mim e seguiu para a entrada da manhã. Onde Louise o esperava. Intrigante o quanto minha mente consegue me deixar sem foco quando quer. Fiquei minutos ali imaginando que tipo de relacionamento ele tinha com a loira de traços franceses. Seus pais eram amigos, ela era a vice, a um passo de ser primeira dama, como diria Marg. Respirei fundo e voltei à realidade, segui de volta ao dormitório, porém desviei meu caminho para a biblioteca. 
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  Um lugar tranquilo, silencioso e escondido nessa época do ano letivo. Os alunos só se lembravam daqui na semana de provas e, com sorte, antes da entrega de trabalhos. Hana tinha gostado de mim, então me deixou entrar e ficar algum tempo lá. Eu realmente achei que seria tranquilo e silencioso, como a paisagem no final da tarde na fazenda da família. Mas eu estava em Princeton agora, e era a notícia do momento.
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  — Fletcher. — A voz de uma mulher soou a esquerda, me fazendo mover o olhar para ela.
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  — Estou admirada de como é fácil as pessoas saberem quem eu sou. — Comentei com ironia, estava sentada no chão lendo. — A quem eu devo agora?!
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  — Isla Baker. — Respondeu a garota com um sorriso discreto em seu rosto e o estilo Blair Waldorf nas roupas.
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  — Me deixe adivinhar, é prima ou irmã de ?! — deduzi.
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  — Irmã mais velha. — Respondeu se aproximando de mim. — Achei que fosse entrar na mansão, mas depois de dez minutos encarando o lugar, fiquei surpresa por ter vindo para cá. 
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  — Você também tem o hábito de seguir as pessoas? Isso é o quê? Um hobby entre os alunos daqui? — perguntei chocada.
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  — Não. — Ela riu. — Você é muito engraçada.
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  — Não diga, você acha? — nessa altura não estava mais medindo o sarcasmo na minha voz.
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  — Eu sempre chego atrasada nas festas por demorar em me arrumar, e quando vi meu irmão conversando com você, fiquei curiosa. — Explicou ela se sentando no chão de frente para mim. — Fiz uma aposta comigo mesma que você entraria, mas acho que perdi, agora me devo um dia no spa. 
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  Uau. O que tinha de reservado e misterioso, sua irmã tinha de aberta e excêntrica.
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  — Interessante, e me seguiu depois disso? — continuei.
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  — Bem, eu ainda estava com a esperança de você mudar de ideia e ir na festa, mas acabou entrando aqui. — Seu olhar curioso para mim era perceptível. — Fiquei curiosa, marcou um encontro na biblioteca?
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  — Não, a última vez que fiz isso não deu muito certo. — Respondi fazendo-a rir sem dificuldade.
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  — Você me parece ser bem divertida. — Comentou ela. — Deve ser por isso que chamou a atenção do meu irmão.
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  — Eu te garanto que minha intenção é ser totalmente invisível. — Assegurei. — Já foi complicado chegar aqui, imagina se eu arrumar confusão.
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  Desabafei um pouco.
  — Fiquei impressionada quando indicou seu nome. — Comentou ela desviando seu olhar para as unhas perfeitamente feitas.
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  — Ainda me intriga saberem tanto sobre mim. — Sussurrei.
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  — Meu irmão não confia facilmente nas pessoas, esse é o ponto que mexeu comigo. — Revelou ela.
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  — E por isso está aqui? Para me testar?
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  — Você é inteligente. — Observou ela.
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  — Então minha dedução está correta? — a olhei curiosa.
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  — Sim e não. — Ela suspirou fraco. — Alpha Omega é bem mais que uma fraternidade de uma Ivy League. Somos mesmo uma família, para nós que somos herdeiros, nos tornamos lobos assim que nascemos. E para é algo importante não desapontar nossos pais.
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  — Sei bem o que é isso. — Sussurrei.
  — Ele se tornou presidente da fraternidade aos 12 anos. — Ela riu fraco. — Acredite se quiser, e não tinha nem entrado no ensino médio ainda, e após todos esses anos, você foi a única pessoa que ele indicou.
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  — Isso deve ter causado um alvoroço. — Comentei.
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  — Você nem imagina. — Ela manteve o olhar fixo em mim.
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  Se tinha uma coisa que eu me identificava com os lobos, era o olhar observador e analítico. Disso eu entendia muito bem.
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  — Bem, vou deixá-la em paz com sua leitura. — Ela se levantou. — Espero que possa nos dar uma chance e entrar para a família. Não estou dizendo para se casar com meu irmão… — ela riu de si mesma. — Mas espero que possa dar uma chance a Alpha Omega.
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  — Agradeço.
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  — Pelo que?
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  — Pela companhia repentina.
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  — Não há de que. — Ela se afastou e seguiu para a saída.
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  Permaneci um tempo em meio aos meus devaneios. A conversa com Isla foi uma surpresa. Mas algo que me deixou pensativa sobre ser ou não uma loba. 
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“Someone call the doctor.”
– Overdose / EXO

3 – Desafio da Fraternidade

  — Calouros aqui presentes… Bem-vindos ao desafio da fraternidade. — Anunciou Maya Sollary, a presidente da sororidade Tau Sigma.
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  Nas palavras de Marg, a naja mais esperta e eclética do campus. 
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  — Todos sabem que muitos calouros chegam a nossa amada Princeton, somente os convidados vão à primeira festa, porém, só os vips tem a oportunidade no segundo dia de ser escolhido por uma fraternidade. — Continuou ela olhando para os poucos calouros enfileirados à sua frente — E cada um de vocês tem até o meio dia para encontrar o membro da fraternidade que detém o que perderam, isso significa que possuem menos de uma hora para isso… Eles podem estar em qualquer lugar, prédios, laboratórios, bosques, mansões.
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  Os cochichos começaram de repente. E notei que a atenção de todos estava em mim. Não somente lobos e leões, mas, segundo Marg, até mesmo Joy estava interessada na minha entrada para a Delta Pi. Não seria uma má ideia ir na contramão do que todos esperam e ficar em um lugar neutro.
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  — Se até meio-dia não encontrarem o objeto — finalizou Maya —, não poderão entrar em nenhuma fraternidade por um ano.
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  Essa ideia também era boa. 
  Ao som da contagem de Maya, meu coração já começou a acelerar. Assim que o tiro soou, os calouros começaram a correr para todos os lados, sendo assistidos pelos veteranos que riam de seu desespero. Eu permaneci parada onde estava, calculando prós e contras de entrar ou não em uma fraternidade. Claro que a conversa com Isla também veio em minha mente. Devido ao fato dela estar presente ali e me observando. Tentei não encará-la, mas foi difícil, ela mantinha um sorriso de curiosidade no rosto, como se torcesse para ver algum movimento de minha parte. 
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  — Eu quero isso? — me perguntei em sussurro.
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  Eu queria entrar para a alcateia?
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  Queria desvendar o mistério chamado ?
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  Ou iria esperar um ano para, quem sabe, dar espaço para o insistente ?
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  Não deveria estar preocupada com isso. Meu foco em Princeton era estudar. Sonhava com isso desde criança. Mas se fraternidades faziam parte do pacote, precisava encarar de frente. Dei um passo para trás e mais uma vez percebi o olhar de todos atentos a única que ficou parada. Eu não iria sair correndo como uma louca sem direção. Eu tinha que pensar, analisar a situação e traçar a melhor rota.
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  Alpha Omega era uma fraternidade que tinha lobos como referência. Lobos gostam de florestas e caçam em bando, mas estaria sozinho. Onde ele estaria? A mansão seria óbvia demais e não me deixariam entrar mesmo nessa ocasião. A biblioteca seria provável já que passou a ser meu local favorito, mas o pouco que notei dele, não estaria lá por causa de . Baker pode até não ser competitivo, mas tinha seu lado provocador.
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  Então…
  Onde ele estaria? No bosque?
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  Tinha dois parques na região. Qual poderia ser? Voltei meu olhar para Isla, que ainda mantinha sua atenção em mim. Ela parecia querer me dar alguma dica e eu aceitaria. Logo, ela ergueu a mão e passou em seus cabelos cacheados, mostrando um anel. Seria aquilo o objeto que identificava os lobos? Mas o que ela queria dizer? Seu olhar continuou fixo e de repente se moveu para baixo focando no copo com água em sua mão. Se ele estava em algum parque ou bosque, seria perto do canal.
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  Era isso que ela queria me dizer?
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  Dei mais dois passos para trás e finalmente saí correndo. Minha sorte foi ter levado meu mapa improvisado. No meio do trajeto, passei próximo à entrada da biblioteca e vi de relance com a caloura da primeira noite. Voltei ao foco e continuei na direção que tracei. Retirei o celular do bolso e olhei a hora, tinha perdido tanto tempo em minhas indecisões que só me restava vinte minutos.
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  O que eu fazia com 20 minutos?
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  — Ai, droga! — gritei frustrada.
  Respirei fundo retomando o fôlego e guardando o celular no bolso. Desejando matar quem tinha inventado essa brincadeira. Continuei passando pelas árvores olhando para todos os lados. Eu já conseguia ouvir o barulho das águas no canal, poderia significar que eu estava perto demais ou totalmente longe e perdida. Parei por um instante e olhei em volta novamente. Já me sentia cansada e com pensamentos negativos de desistir. Fechei os olhos e lá no fundo, ouvi um assobio baixo, minha audição sempre foi boa. 
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  Abri os olhos e olhei para o leste, voltei a correr novamente por mais alguns minutos até que vi um homem parado em frente a uma árvore de costas para mim. Parei em sua frente e sem fôlego quase, curvei de leve meu corpo, colocando as mãos no joelho. Precisava me recuperar. Olhei de relance e o vi se virar para mim.
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  — Você poderia ter escolhido um lugar mais fácil. — Reclamei, com dificuldade em falar.
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  — Você escolheu vir. — A serenidade estava em seu olhar, mesmo com a ponta de intensidade.
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  — É, eu escolhi, quero minha pulseira de volta. — Disse convicta.
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  — Por que escolheu vir? — perguntou ele tirando minha pulseira do bolso para que eu visse. — Eu não roubei de você, se foi isso que pensou, ela caiu quando esbarrou em mim.
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  — O prendedor está com defeito. — Sussurrei.
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  — Notei e consertei. — Ele colocou no bolso novamente.
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  — Agora já pode me dar. — Dei um passo para frente.
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  Porém, não me atentei onde pisava e escorreguei caindo.
  — Ai. — Senti uma fincada no tornozelo direito. — Não, não…
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  — Você está bem? — perguntou ele se aproximando e abaixando. — Se machucou?
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  — Não, está tudo bem. — Disse de imediato, sentindo meu tornozelo latejar. — Não foi nada, só me ajude a levantar.
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  — Tudo bem.
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  Ele segurou em meu braço me amparando. Eu tomei impulso para levantar, porém senti uma dor mais forte, que me fez gritar. percebeu que não era tão simples assim e que eu havia mentido. Sem cerimônias ele me pegou no colo e começou a me carregar, seguindo de volta ao campus.
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  — Para onde está me levanto? — perguntei enquanto me sentia envergonhada por estar em seus braços, com todos me olhando.
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  — Para a enfermaria. — Respondeu ele num tom sério.
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  Ele parecia zangado por eu ter mentido estar bem. Permaneci em silêncio até que chegamos na enfermaria e uma veterana veio nos ajudar.
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  — . — Ela sorriu para ele. — Uau, o que aconteceu?
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  Seu olhar veio direto para o meu tornozelo que já se mostrava inchado.
  — Então, vai ter que amputar? — brinquei.
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  — Não. — Ela riu de mim.
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  Olhei rapidamente para , que se mantinha sério e inexpressivo.
  — Como eu sei que já sabe meu nome… — iniciei. — Posso saber o seu?
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  Perguntei a observando avaliar o estrago. 
  — Pode me chamar de Freya. — Disse ela mantendo o bom humor.
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  — Faz enfermagem?
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  — Não, estou no quarto ano de medicina, quase fazendo minha residência, mas por enquanto sou estagiária aqui. — Respondeu ela tranquilamente, não se importando com o mau humor da pessoa ao nosso lado. — Você torceu o tornozelo como previ, não force muito e coloque bolsa de gelo para desinchar, se continuar com dores vá ao hospital.
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  — Ok. — Assenti.
  — Tenho certeza que com um guardião como , você não terá esforços. — Comentou ela segurando o riso, enquanto enfaixava meu tornozelo. — Vou colocar isso para ajudar e tome analgésicos para dor, mas não conta que fui eu que indiquei.
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  — Sem problema. — Eu ri. — Mais alguma recomendação?
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  — Não, ah… Bem-vinda à alcateia. — Soou com empolgação.
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  — Obrigada. — Abri um largo sorriso de satisfação.
  — Ela ainda não é um lobo. — Disse se aproximando de mim.
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  Estraga prazeres. 
  — Vou te levar até seu quarto. — Continuou ele me pegando no colo novamente. — Obrigado, Freya.
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  — Não há de que. — Ela sorriu para ele.
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  Eu já tinha visto que nem todos os lobos eram iguais. E tinham os legais como Freya e Isla. O que me empolgava a conhecê-los.
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  — Por que disse a ela que eu não sou uma de vocês? — reclamei enquanto era carregada por ele.
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  — Só entrará oficialmente na festa de sexta-feira. — Respondeu.
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  — Hum. — Não me dei por vencida.
  Que os alunos dali gostavam de uma festa, eu já tinha percebido. Estava então curiosa para saber como era uma festa recepcionada pelos lobos. E rolava os boatos que quem orquestrava tudo era Isla. Chegando no meu quarto, entramos e nos deparamos com Marg e James. Eles se surpreenderam por me ver sendo carregada, foi então que Marg olhou para meu tornozelo enfaixado.
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  — Oh, , o que houve? — Ela se afastou do seu felino e se levantou já indo ajeitar o travesseiro para mim.
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  — Eu caí, só isso. — Respondi enquanto me colocava na cama.
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  — Só caiu?! — O olhar dela ficou confuso e embasbacado com minha resposta.
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  — É, nada demais. — Voltei meu olhar para . — Obrigada.
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  — Tenha cuidado. — Foram suas únicas palavras antes de sair, ele olhou para James. — Dominos.
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  — Baker. — James o cumprimentou.
  Marg também dispensou James, para que ficássemos sozinhas. Assim que fechou a porta ela me olhou curiosa.
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  — O que aconteceu? — perguntou vindo sentar na minha cama. — Amiga, você ficou um tempão parada olhando pro nada e depois saiu correndo, agora volta assim.
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  — A história é longa Marg. — Respondi.
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  — Pois trate de me contar tudo, não tenho nada para fazer hoje. — Ela cruzou as pernas e ficou me esperando.
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  Só tinha três dias de convivência e eu já tinha conhecido todos os lados dela. Ficamos conversando por um tempo, até que ela recebeu uma chamada da sua fraternidade e teve que ir. Pensei que ficaria tranquila, mas meu momento solo durou pouco. Isla invadiu meu quarto com um saco de papel com analgésicos dentro. 
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  — O que está fazendo aqui? — perguntei.
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  — Te trouxe seus analgésicos. — Respondeu ela adentrando mais um pouco e puxando a cadeira para sentar. — Me conta, como conseguiu entender meu código?
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  — Talvez eu tenha sangue de lobo. — Brinquei, fazendo-a rir.
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  — Você é mesmo divertida. — Ela jogou o cabelo para trás do ombro com a mão direita. — Mas…
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  — Mas?!
  — O que você fez para meu irmão ter ficado zangado?
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  — Ele estava zangado? — Por essa, talvez, eu esperava.
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  — O que disse a ele? Não conseguiu chegar a tempo?
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  — Eu o achei faltando três minutos para meio-dia. — Respondi. — Acho que foi por causa do meu tornozelo, eu disse que estava bem.
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  — odeia quando mentem para ele. — Ela fez uma cara preocupada. — Mas o que importa é que está tudo bem com você. E bem-vinda à alcateia.
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  — Eu ainda não sou um lobo. — Disse meio emburrada. — Segundo seu irmão.
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  — Aquele bobo. — Isla riu.
  — Ele nem me devolveu minha pulseira. — Reclamei.
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  — Agora eu estou ansiosa pela festa de sexta. — Rindo de mim.
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  Só tinha dois dias até lá, que passaram tão devagar quanto o pior dos anos letivos. E nesse tempo, tive um pequeno desentendimento com , quando tentou me carregar no colo até a biblioteca e eu não deixei. A coisa mais estressante que já fiz foi ter dito a ele que não precisava de ajuda. Isso me renderia dor de cabeça depois.
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  Sexta à noite, Isla fez questão de me buscar no dormitório, e com a sua ajuda, cheguei a salvo à mansão da fraternidade Alpha Omega. Eu já conseguia caminhar, ainda com desconforto, mas conseguia. Bem no meio do discurso que Maya fazia, a atenção de todos se voltou para mim. Me encolhi um pouco ao lado de Isla, que transbordava glamour. 
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  — Parece que agora somos a atração da festa. — Brincou Isla.
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  — É o que parece. — Voltei meu olhar para e depois para .
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  Eu não estava nada apropriada para aquela festa. O mesmo look básico de sempre. Após a entrada formal dos calouros nas fraternidades, a pista de dança foi liberada e todos começaram a se diverti. Eu me afastei um pouco de Isla e dei algumas voltas pela mansão. 
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  — Então agora você é um lobo. — Disse ao se aproximar de mim.
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  — Parece que sim. — Eu o olhei.
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  — E está me evitando por isso? — Ele segurou em minha mão.
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  — Não, para ser sincera, meu tornozelo não tem me dado descanso. — Desviei meu olhar para sua mão segurando a minha. — A distância nos tornou íntimos?
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  — Bem que eu gostaria. — Ele se aproximou mais. — Você me permite?
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  — Isso poderia causar a terceira guerra mundial? — devolvi a pergunta.
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  — Quero pagar para ver. — Ele me beijou de surpresa, com um toque de malícia.
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  Fiquei em um misto de consentir ou não. Mas depois de alguns segundos, acabei me afastando dele para retomar meu fôlego e juízo.
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  — O que foi? Não gostou? — Seu tom foi de preocupação.
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  — Não esperava. — Respondi num tom baixo. — Bem, acho que esperava sim, mas não contava que faria isso em terras inimigas.
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  — É por isso que eu fiz. — Ele sorriu de canto malicioso e voltou seu olhar para trás de mim, me fazendo acompanhar.
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   nos observava de longe.
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  — Agora entendi. — Disse dando um passo para trás.
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  A competitividade de era surreal.
  — Onde vai?! — perguntou ele segurando minha mão novamente.
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  — Me alimentar, como sabe, só vim pela comida. — Soltei minha mão da dele e me afastei.
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  Me aproximei de Isla e pedi ajuda para ir embora. Meu tornozelo havia começado a doer novamente. Ela enviou uma mensagem a Chester, seu namorado, para que viesse até nós. Porém, apareceu em seu lugar.
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  — Pode deixar, eu a levo. — Disse ele.
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  — Não precisa, posso ir sozinha. — Disse o dispensando.
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  — Ou pode pedir ao seu felino amigo. — Louise apareceu ao lado de com uma taça de vinho na mão. — Me conta, como é se relacionar com o iludido rei da selva?
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  — Deixa de ser desagradável, Louise. — Isla a repreendeu.
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  — Nossa, só foi uma brincadeira. — Se explicou. — Além do mais, há cinco minutos atrás ela estava aos beijos com ele.
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  Desviei meu olhar para que se mantinha indiferente aos comentários de Louise, como se não importasse com nada.
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  — Eu vou levá-la, e ponto final. — Garantiu ele de forma a não ser mais contestado.
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  — Bem, desejo melhoras ao seu tornozelo. — Disse Louise ao passar por mim.
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  Acidentalmente ou não, ela fingiu um tropeço e derrubou o vinho em minha blusa. Situação de colegial que sempre imaginei não passar na universidade. Respirei fundo.
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  — Oh… — Isla se moveu para ir brigar por mim, porém, eu a impedi.
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  — Não se chateie com isso. — Pedi a ela. — Foi só um acidente e já estou indo embora mesmo. 
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  — Tudo bem, mas se precisar de qualquer coisa, me avise. — Ela me olhou com gentileza.
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  — Obrigada. — Sorri para ela e olhei .
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  No início ele bem que tentou reunir paciência para me amparar e esperar que eu caminhasse em segurança. Mas antes de chegar na rua, ele me pegou no colo e me levou até o prédio do meu dormitório. Chegando no meu quarto, ele me colocou de pé em frente à porta e se afastou.
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  — Espera. — Segurei em sua mão no impulso.
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  — Tome um analgésico e descanse. — Ele se soltou de mim.
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  — Baker. — Moderei meu tom o deixando seguro e consistente.
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  — O quê?
  — Podemos conversar? — perguntei.
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  Ele respirou fundo e assentiu com a cabeça. 
  Abri a porta do meu quarto e entramos. Ele ficou encostado na parede com as mãos nos bolsos da calça me olhando.
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  — Deveria trocar a blusa. — Comentou ele.
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  — Se importa de se virar? — pedi.
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  Ele sorriu de canto e se virou.
  — Quer que feche os olhos?
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  — Não seria uma má ideia. — Brinquei retirando a blusa e colocando a do pijama que tinha deixado embaixo do travesseiro. — Pode se virar.
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  — O que quer? — Ele foi direto e preciso ao me olhar novamente.
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  — Você não me devolveu minha pulseira. — Respondi superficialmente.
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  — Só por isso? Poderia ter me pedido lá fora. — Retrucou.
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  — Você está com ela aí?
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  — Talvez. — Ele sorriu de canto. — Por que a chama de pulseira dos sonhos?
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  — Por que cada pingente representa um sonho que eu quero realizar. — Respondi.
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  — Interessante. — Ele continuou me olhando, com sua forma discreta de tentar ler meus movimentos e reações.
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  — Está zangado por que fui beijada por seu rival? — indaguei cruzando os braços.
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  — Eu deveria?
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  — Me responda você. — Devolvi a pergunta. — Está me ignorando agora.
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  — Não estou te ignorando, estou respeitando seu espaço. — Explicou ele. — Quanto ao beijo, você tem liberdade para beijar quem quiser.
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  — Por que você é assim? — perguntei um pouco irritada por seu jeito pacífico.
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  — Assim como? — Ele atentou ainda mais a mim.
  — Inexpressivo, não mostra o que sente nem fala o que realmente pensa. — Bufei um pouco frustrada.
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  — Não me dou muito bem com palavras. — Confessou ele. — Aprendi que o silêncio é o melhor caminho, lobos sempre observam mais antes de atacarem.
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  — E está se preparando para me atacar? — Brinquei.
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  — É o que você quer? — Ele se afastou da parede e se aproximou de mim. — Está esperando um segundo beijo?
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  — Para ser honesta, estou considerando descartar até o primeiro…
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  Nem mesmo pude terminar a frase.
  O suave toque dos lábios de me deixaram estática por um segundo, até que correspondi em plena confusão interna. Não era para ser assim? Não. Não pedi para ser beijada por ninguém naquela noite e ficar ainda mais confusa. Claro que no fundo, para , era somente um jogo em que me conquistar o definiria como vitorioso. Mas eu achava divertido nossos momentos de sarcasmos e indiretas. Já com , era um misto de curiosidade e ironia, que me deixava maluca ao ver que na mesma proporção que eu o observava, ele me analisava. E não havia somente silêncio entre nós, mesmo que fôssemos de poucas palavras.
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  — Eu… — desviei o olhar para meu pulso e vi minha pulseira nele.
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   tinha aproveitado minha distração no beijo para me devolver.
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  — Como fez isso? — perguntei erguendo o braço e mostrando.
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  — Todo alpha tem seus segredos. — Ele sorriu de canto e piscou de leve.
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  Eu sorri de leve e senti meu celular vibrando no bolso. Era uma mensagem de , me convidando para conhecer a mansão do Theta Nu Gama, já que não tinha ido a Closer Party. Notei que leu a mensagem discretamente, óbvio, pois sua face ficou séria.
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  — A escolha é sua. — Assegurou ele.
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  Sim.
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  Eu sabia que a escolha era minha.
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  Tinha duas opções: ficar ali no quarto com ele e desvendar ainda mais o mistério Baker, ou sair e ter uma noite possivelmente cheia de jogos e sarcasmos com o Dominos. 
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  Olhei para que se mantinha sério, porém sereno no olhar e sorri, eu sabia que não iria me arrepender da minha escolha.
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Basta ficar como está,
A medida que você só olha para mim,
Eu nunca vou deixar você ir,
Apenas observe.
– Growl / EXO

4 – Bauhaus

  Minha escolha foi de ficar no quarto com .
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  Meu coração acelerou quando coloquei meu celular de volta no bolso da calça e recebi outro beijo dele em resposta à minha escolha. Poderia dizer que tivemos uma noite interessante e longa? Sim. Porém, um imprevisto na casa de seus pais o fez ir embora de imediato. Assim que nos despedimos na porta do meu quarto e me tranquei dentro, retirei o celular do bolso novamente para enviar uma mensagem de resposta a .
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  “Desculpa, mas não é noite de lua cheia e esta loba precisa descansar.” — enviei a ele.
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  “Que pena, a noite também é dos felinos, achei que quisesse se divertir. 
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  Mas soube que reclamou de dores no tornozelo. 
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  Desejo melhoras.” — digitou ele de volta.
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  Sorri de leve olhando para tela do celular, então coloquei o aparelho na bancada de estudos ao lado da minha cama. Caminhei até o armário e troquei de roupa. Logo senti mais uma pontada de dor no tornozelo, começando a latejar depois. Abri a mochila e retirei os analgésicos, tomei um com a água que estava na minha garrafinha, então me deitei. Não demorou muito, até que peguei no sono. No meio da madrugada ouvi vozes de Marg chegando, estranhei ela não ter dormido na mansão dos leões.
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  Na manhã seguinte, acordei com o olhar curioso de minha nova amiga para mim, ansiosa para que eu acordasse. Me espreguicei de leve e ergui meu corpo. Ela parecia apreensiva em começar a falar, mas se segurando.
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  — Fala, Margareth, pode dizer todas as coisas que se passam em sua mente. — Comentei olhando-a com tranquilidade.
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  — Só me diga uma coisa, qual dos dois beija bem? — perguntou ela exalando curiosidade.
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  — De onde tirou isso? — meu corpo gelou.
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  — Querida, o campus está fervendo com as últimas notícias, fotos do seu beijo em na festa dos lobos, e fotos do seu beijo em na porta deste quarto. — Ela cruzou os braços para mim, o olhar de: vai continuar negando?
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  Respirei fundo procurando as palavras mais adequadas para que ela não surtasse mais ainda.
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  — Calma, Marg, eu não neguei nada até agora. — Disse ponderadamente. — E esse povo do campus são todos fofoqueiros.
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  — Não acredito que esse furo não veio de mim. — Ela bufou frustrada. — Não que eu queira fazer fama em cima de você, amiga, mas já fazendo…
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  — Não se preocupe, Marg, não te recrimino. — Ri o olhar inocente dela. — Mas, não tem nada rolando, e não existe triângulo amoroso, se isso já foi colocado em pauta.
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  — Tem certeza? — seu olhar de desconfiança era visível.
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  — Sim, eu ainda tenho meu foco total nos estudos. — Olhei para o celular estranhando não ter despertado. — E por falar nisso, hoje é meu primeiro dia de aula oficial e já estou atrasada.
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  Me levantei depressa da cama e troquei de roupa correndo.
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  Foi o tempo de prender o cabelo com uma gominha qualquer que Marg me emprestou, jogar o caderno, minha agenda, bolsinha de canetas e celular na mochila e sair correndo com o mapa do campus na mão. Claro que os olhares e cochichos pelo caminho não faltaram. Tentei ignorar tudo e cheguei no auditório que seria a aula de História da Arte e do Design. Mais uma vez todos os olhares estavam direcionados para mim. A famosa caloura de Wisconsin que chegou atrasada.
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  — Me desculpe o atraso. — Disse ao me direcionar apressadamente para o assento vazio ao fundo da arquibancada. 
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  A sala de aula estava cheia.
  Assim que me sentei, percebi que o professor mantinha seu olhar impaciente para mim, assim como os outros. O que será que eu tinha feito de errado desta vez? Poxa, eu era somente uma caloura. Não poderiam me dar um desconto? Foi quando um veterano se levantou na primeira fileira. Meu coração gelou na hora. Era ali. Estava com um crachá de monitor. Ele veio até mim, pegou minha mochila que estava em cima da mesa e pegando em minha mão, me levou para frente, me colocando sentada na cadeira ao seu lado. Fiquei com vergonha? Claro, sem dúvida nenhuma. E queria uma explicação de tudo aquilo.
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  Assim que me assentei e também, o professor Brown deu início a aula. Além de história da arte, ele também era o Coordenador da Escola de Arquitetura, que oferecia cursos desta área e de todas que englobava design e desenho industrial. Dez minutos depois do professor apresentar o curso de design e a disciplina que nos ensinaria, o alpha percebeu meu nervosismo diante do ocorrido, e pegando meu caderno, começou a escrever.
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  “Você é um lobo agora, neste lugar, lobos se sentam na primeira fileira, até os professores sabem disso. Além do mais, o senhor Brown também é da alcateia.”
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  Eu virei meu olhar para ele depois que li. Era só o que me faltava. continuou olhando para frente como se nada tivesse acontecido. Então peguei a caneta de sua mão e escrevi também.
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  “Me dá um desconto, é o meu primeiro dia. E você? O que faz aqui? Veterano?” 
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  “Não sabe ler? kkkkkkkk Sou seu monitor.”
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  “Meu monitor? Está aqui para me deixar nervosa.”
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  “E por que está nervosa?”
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  “Ainda pergunta?”
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  Eu o olhei novamente. Então ele pegou a caneta de minha mão.

  “Deveria prestar atenção na aula, isso vai cair na prova.”
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  “Se você deixar.” 
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  Ele sorriu de canto, mantendo a atenção no professor.

  “Não podemos ser mais tecnológicos?” — escrevi.
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  “É proibido celulares nas aulas.” — escreveu ele segurando o riso.
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  “Que pré-histórico.” 
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  Bufei um pouco, ele riu baixo.

  “Não ria de mim” — cruzei os braços e o olhei.
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  “Você fica sexy quando está zangada.”
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  — O quê?! — soltei em voz alta, atraindo novamente a atenção de todos, quando dei por mim o que tinha feito, coloquei as mãos na boca. — Me desculpe.
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  Notei risadas aleatórias, que cessaram assim que lançou seu olhar de alpha protetor.
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  — Algum comentário pertinente à aula, senhorita Fletcher?! — o senhor Brown se aproximou de nós e pegou meu caderno. — Interessante suas anotações, senhorita Fletcher. — Comentou após ler e colocar de volta na mesa.
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  Por mais que ele tentasse manter seu olhar em mim, o foco de sua fixação era em ao meu lado.
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  — Já que se mostrou tão aplicada mesmo com seu atraso inoportuno, espero da senhorita um artigo de 10 páginas sobre as influências da arquitetura clássica encontradas no design moderno industrial, sob o olhar da cultura funcional da Bauhaus. — Pediu ele. — Para ser entregue na sexta-feira.
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  O que? Quem? Onde? Pensei comigo.
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  — Tenho certeza que nossa caloura irá entregar o artigo mais impecável que já leu. — Assegurou com firmeza.
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  Tem certeza que era pra mim e não para ele, senhor Brown? Pensei novamente.
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  — Assim espero. — O professor se afastou de nós.
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  Olhei para , desnorteada e raivosa ao mesmo tempo. Assim que a aula terminou, peguei minha mochila joguei nas costas e saí na frente espumando de raiva dele.
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  — . — Ele me chamou ao me alcançar, então segurou em meu braço para que eu parasse de andar.
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  — O quê? — disse com agressividade.
  — Está tudo bem? — perguntou ele.
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  Observando discretamente as pessoas parando para ver nossa pequena briga.
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  — Você ainda pergunta. — Me soltei dele. — Obrigada, Alpha, graças a você tenho um artigo para entregar e nem sei como se faz isso, eu nem sei mais sobre o que é.
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  — As influências da arquitetura clássica encontradas no design moderno industrial, sob o olhar da cultura funcional da Bauhaus. — Respondeu ele com serenidade.
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  — Fica longe de mim. — Me afastei dele e segui para a sala de desenhos onde seria a próxima aula.
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  Foi difícil me concentrar na aula de Representação Técnica. Primeiro por causa do relatório, depois pelos olhares de todos para mim. Claro que um vídeo da discussão no corredor com já estava correndo pelos celulares de geral. Para mim, que vivi a vida inteira em uma cidadezinha pacata e tranquila, toda aquela exposição repentina não me fazia bem. 
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  As horas se passaram, na hora do almoço me refugiei dentro da biblioteca. O lado bom de se ter feito amizade com a atendente Lin? Ela já tinha reservado um cantinho cativo para mim, assim não seria incomodada. Mas claro, só até a parte B.
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  — Está mais calma? — perguntou ao se aproximar de mim e se sentar no chão ao meu lado.
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  — Sou tão previsível assim que é fácil me encontrar aqui? — não me segurei e bufei um pouco.
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  Só queria ficar sozinha.
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  — Já percebi que não. — Ele soltou uma risada baixa. — Não estou chateado por ter me trocado pelo alpha, se vale saber. 
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  Voltei meu olhar atravessado para ele. A última coisa que queria naquele momento era me lembrar da disputa ridícula que ele tinha transformado minha estadia ali.
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  — Ok, não vou mencionar o assunto. — Ele sorriu de forma gentil e desviou o olhar para minha mão. — As influências da arquitetura clássica encontradas no design moderno industrial, sob o olhar da cultura funcional da Bauhaus. 
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  Percebi que segurou o riso e ficou observando minha reação.
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  — Até você? — soltei o livro e cruzei os braços. — Não tem graça. Para vocês deve ter sido fácil chegar aqui, mas para mim não, eu tive que convencer meus pais a vir, convencer a universidade a me dar uma bolsa, convencer a mim mesma que conseguiria, para mim estar aqui não é festas de fraternidade, é o meu futuro e o meu sonho.
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  Soltei um suspiro fraco, mas tinha desabafado finalmente.
  — Se quiser posso te ajudar, conheço muitos veteranos que foram ótimos alunos em história da arte. — Comentou ele.
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  — Pensei que você iria se oferecer. — Brinquei.
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  — Meu curso é exatas pura e não ciências sociais aplicadas, passa longe disso. — Ele riu.
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  — Ela não precisa de você, leãozinho. — Reconheci a voz de Joy Tenebrae ao lado.
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  Voltamos nosso olhar surpreso para ela, que carregava quatro livros nos braços.
  — O que faz aqui? — perguntei ao me levantar. — O que é tudo isso?
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  — O que acha que está fazendo, gatinha? — perguntou .
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  — Estou ajudando minha caloura de design. — Ela voltou o olhar para mim. — Tenho cinco artigos publicados sobre a Bauhaus e mais três sobre arquitetura clássica, minha monografia de conclusão de curso fala sobre ambos assuntos e neste momento sou a pessoa mais indicada para lhe ajudar. 
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  Ela olhou novamente para .
  — Poderia deixar as damas a sós, majestade? — seu tom não parecia uma pergunta, mas sim uma ordem.
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  — Como pedido. — me olhou e me deu um beijo suave na bochecha. — Te vejo depois?
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  — Não tenho certeza se terei tempo. — Comentei deixando a resposta vaga.
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  — Te vejo depois. — Confirmou ele.
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  Disfarcei o sorriso e o segui com o olhar até que sumiu em nosso campo de visão. Então, voltei minha atenção para Joy que se mantinha com a curiosidade no olhar.
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  — Posso saber realmente o que faz aqui? — indaguei. — Sou uma caloura e já percebi que ninguém presta favores de graça aqui.
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  — Garota esperta. — Ela sorriu de canto. — Tenho dívidas com o alpha, ele me mandou aqui e eu vou te ajudar, você querendo ou não.
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  Eu não tinha como recusar. Depois do currículo exposto que ela tinha. Eu nem sabia o que era um artigo direito.
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  — Não tenho outra escolha. — Suspirei fraco.
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  — Isso mesmo, você não tem. — Ela riu de mim.
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  Pegamos mais dois livros referentes à metodologia científica e seguimos para uma mesa. Eu só teria essa matéria na próxima semana devido a uma viagem que a professora estava fazendo. E por mais que tivesse no dia seguinte, não conseguiria aprender o que preciso em uma aula. O que significava que se não fosse a ajuda de Joy, estaria realmente encrencada. Passamos a tarde toda ali dentro, nem mesmo saímos para comer algo. Joy precisou acionar suas calouras recém ingressas a Delta Pi para nos levar um lanche.
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  Entretanto, uma coisa eu tinha que concordar, ela era superinteligente e dominava bem o assunto. Consegui aprender com ela em horas ali mais do que na aula cansativa do professor Brown. Quando demos conta, já marcava 10 horas da noite no relógio do celular, até mesmo Lin já tinha encerrado seu expediente e a garota da noite já se encontrava em seu lugar. 
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  — Por hoje é só, agora você só precisa ler os artigos que te enviei e esses dois livros aqui. O resto já fez suas anotações com as referências, então está tranquilo. — Disse ela ao fechar o livro de arquitetura clássica.
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  — Ok, acho que consegui absorver tudo que me explicou sobre a diferença de revisão da literatura e estudo de caso. — Assenti.
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  — Sem dúvidas então? — perguntou para confirmar.
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  — Sem dúvidas. — Confirmei.
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  — Tudo certo então. — Joy sorriu para mim. — Dívida paga, se tiver mais alguma dúvida, a Margareth tem meu contato, só pedir a ela.
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  — Ok, agradeço mesmo sendo uma dívida paga. — Sorri meio sem jeito.
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  Juntamos as coisas e deixamos os livros no lugar. Assim que saímos da biblioteca, estava encostado em seu Porsche azul marinho de braços cruzados me esperando.
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  — O que faz aqui? — perguntei ao me aproximar dele.
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  Joy seguiu seu caminho até seu carro, mas observando de canto o que acontecia.
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  — Disse que te veria mais tarde. — Ele sorriu de canto. 
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  — Disse que eu não tinha tempo. — Ajeitei a mochila nas costas, porém ele pegou para carregar. — Não precisa disso, meu dormitório fica aqui perto. — Disse tentando pega-la novamente.
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  — Não, faço questão. — Ele se afastou do carro e abriu a porta para que eu entrasse.
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  — Uau, que lord. — Comentei.
  — Para uma lady. — Disse ele com um sorriso subjetivo.
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  — Vou aceitar por estar cansada e meu tornozelo ainda está enfaixado, mas você não vai passar da porta do prédio. — O alertei.
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  — Não posso nem mesmo te carregar até seu quarto? — perguntou em seu nível de competitividade.
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  — Não começa. — Entrei no carro, segurando o riso.
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  Assim que ele entrou no lado do motorista, deu a partida. Se contei três minutos ali dentro foi muito. me ajudou a descer, pois meu tornozelo havia latejado de repente.
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  — Você precisa ir ao médico. — Disse ele num tom preocupado.
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  — Não precisa, estou bem. — Argumentei. — Eu só preciso descansar um pouco, ele só dói quando forço a perna, mas está tudo bem agora.
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  — Tem certeza? — ele reforçou.
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  — Tenho, estou bem.
  — Mesmo assim… — ele me pegou no colo de surpresa. — Vou te levar até seu quarto.
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  — Você realmente odeia perder, não é?! — comecei a rir dele.
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  — Sim, eu odeio perder… — ele sorriu de canto. — Mas pelo menos o primeiro beijo foi meu. — Ele piscou d eleve.
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  — Ridículo. — Eu bati em seu ombro. — Já disse que não serei o troféu.
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  — Claro que não, você é bem mais valiosa que um troféu. — Ele continuou com seu sorriso malicioso. — E saiba que deixou de ser uma competição assim que eu te beijei.
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  Meu coração deu uma pulsada forte.
  — Pare de dizer besteiras, King Lion. — Disse o chamando pelo codinome.
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  — Só estou sendo sincero. — E havia sinceridade em sua voz.
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  Assim que me colocou de pé na porta do meu quarto. O olhei meio sem graça por chamar tanta a atenção das pessoas em nossa volta.
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  — Vocês dois são realmente parecidos nisso, gostam de me deixar sem graça. — Comentei ao retirar a chave do bolso.
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  — Não deveria, você é muito linda para isso. — Ele sorriu de canto com malícia — E sexy também.
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  — Não diga essa palavra. — Pedi ao entrarmos no meu quarto. — A última vez que alguém falou que sou sexy, me custou um artigo.
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  — Hum… — ele certamente pegou a referência.
  — Pronto, conseguiu, me trouxe até meu quarto e ainda entrou nele. — Disse ao esticar a mão para minha cama, para que ele colocasse minha mochila.
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  — Estou feliz por isso, mas não satisfeito. — Ele se aproximou mais de mim.
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  — Vai ter que se contentar com isso. — Coloquei a mão na frente, encostando em seu tórax o parando. — Preciso realmente tomar um banho e dormir, amanhã tenho mais aulas e um artigo de 10 páginas me esperando.
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  — Lamento por ter que fazer isso. — Ele pegou em minha mão e sorriu. — Se precisar de ajuda.
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  — Pode deixar que eu ligo para Joy. — Brinquei o cortando.
  — Você realmente gosta de fazer isso comigo. 
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  Assim que ele se aproximou mais, Marg entrou no quarto acompanhada de James. Ela se assustou a ver o “cunhado” ali comigo. 
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  — Uau. — E não deixou de esboçar sua reação. — Achei que ainda tivesse na biblioteca com a Joy.
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  — Como sabia? — perguntei ingenuamente. — Não precisa responder, agora todos sabem da minha vida.
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  Foi complicado não demonstrar minha chateação.
  — A Joy me perguntou onde poderia te encontrar, eu automaticamente pensei na biblioteca. — Explicou minha amiga. — Está tudo bem?
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  — Sim. — Assenti. — Minha carona já está de saída.
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  Olhei para , que assentiu. James aproveitou para sair com o irmão. O olhar de Margareth continuou em mim, olhar de: “amiga me conta tudo!”
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  — Não aconteceu nada, passei a tarde com a Joy coletando informações para o bendito artigo. — Me sentei na cama dando um suspiro cansado.
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  — Amiga, esse é o artigo mais esperado do campus. — Comentou ela segurando o riso. — E será até publicado em nosso jornal online.
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  — O quê?
  — Pedido especial do professor Brown ao coordenador do curso de jornalismo. — Ela desviou o olhar para o celular. — Se precisar de ajuda para redigir.
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  — Agradeço, se ficar complicado eu te grito por socorro sim. — Sorri para ela e me levantei da cama.
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  Um banho quente, roupas confortáveis e meu travesseiro, necessariamente nessa ordem. Mesmo preocupada consegui dormir bem naquela noite. Os dias se passaram e minha rotina se estabeleceu da aula para o dormitório, até que finalmente a sexta, que mais parecia 13, chegou. Entrei no escritório do professor Brown e ele estava em reunião com . Foi somente ao olhar para o alpha que percebi sua ausência da minha vida todos aqueles dias.
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  Estava tão neurótica com o artigo.
  — Senhorita Fletcher. — Disse o professor Brown ao erguer o corpo e me olhar.
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   continuou encurvado, desenhando sobre a planta pregada em sua prancheta. Parecia concentrado e não deu importância ao ouvir meu sobrenome.
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  — Aqui está o artigo, professor. — Disse ao esticar o envelope para ele. — Formatado e impresso.
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  — Não disse que era para imprimir. — Retrucou ele.
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  — Tomei a liberdade como não especificou como queria a entrega, enviei para seu e-mail e do monitor em pdf também. — Expliquei com segurança.
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  — Muito bem. — Ele pegou o envelope da minha mão, voltou-se para e o jogou em cima do seu desenho.
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  Percebi que o alpha soltou um suspiro forte, como se controlasse a raiva.
  — Leia, revise, faça as devidas considerações e dê a nota que acha que vale, depois envie para a redação do jornal, será publicado na segunda pela manhã. — Ordenou o professor.
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  — Sim, senhor. — pegou o envelope e se levantou.
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  Ele manteve o olhar longe de mim todo o tempo. Ao se locomover, se retirou da sala antes que eu pudesse falar algo.
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  — Mais alguma coisa professor? — perguntei.
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  — Não, apenas um conselho. — Ele me olhou com seriedade. — Não saia do foco e não tire nenhum outro aluno de seu caminho, quando pediu a bolsa de estudos, garantiu que seu desejo nesta universidade era puramente acadêmico.
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  — Mantenho esta palavra senhor. — Assegurei a ele.
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  — Assim espero.
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  Me retirei de sua sala revoltada com tudo. Mas aquilo me serviu para voltar ao foco e somente estudar mais e mais. Entretanto, nada é como desejamos.
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  As semanas se passaram e uma movimentação repentina começou a surgir. O causador? O jornal do campus anunciando a próxima festa:
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  Halloween Party.
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  E adivinha quem iria organizar? Isso mesmo, os lobos. Claro que toda a cultura sobre lobisomem e tudo mais não deixaria que outra fraternidade orquestrasse esta festa.
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  Uma das mais esperadas pelos universitários dali.
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É isso
Ligue o motor e pise no acelerador
Tudo é especial
Nós ficamos bem juntos
O que você quiser
Eu vou fazer dar certo.
– Love Me Right / EXO

5 – Halloween Party

  — . — Disse Isla ao me barrar no corredor. — Você não apareceu em nenhuma reunião da alcateia, o que houve?
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  — No contrato diz que calouros não são obrigados a ir no primeiro ano. — Comentei.
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  — Você não é qualquer caloura. — Ela cruzou os braços revoltada. — Foi indicada pelo alpha, deve ir.
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  — Isla, eu gosto muito da sua amizade, mas não força, tá. está ignorando a minha presença há semanas e eu não sou dessas que correm atrás de macho emburrado. — Cuspi as palavras e me virei para a estante de livros. — Ele nem olha na minha cara, acha mesmo que faz diferença minha presença nessa reunião?
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  Ela soltou uma gargalhada alta, chamando a atenção da atendente que conseguia nos ver. Então ela pediu desculpas gesticulando de uma forma estranha, e voltou a me olhar.
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  — Macho emburrado, adorei a colocação. — Ela ficou um pouco mais séria, mantendo o olhar sereno. — Meu irmãozinho é do tipo de pessoa que leva tudo ao pé da letra e a ferro e fogo, você disse para ele ficar longe, é o que ele está fazendo.
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  Ela explicava de uma forma tão simples e tranquila.
  — O quê? — me peguei embasbacada. — Quando eu disse isso?
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  — No momento da raiva, no corredor do prédio, por causa de um artigo. — Ela me refrescou a memória. — E agora com sua amizade com o leão, o que não falta é comentários por aí.
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  Respirei fundo.
  — Eu e somos somente amigos e nada mais. — Assegurei a ela.
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  — , não precisa me explicar nada, a vida é sua, você gosta de quem quiser. — Disse ela.
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  — Não é questão de gostar e esse é o problema, não quero gostar de ninguém, pelo menos não posso gostar de ninguém agora. — Me abaixei sentando no chão, foi como me sentir fraca ao dizer aquilo.
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  — Mas está gostando? — indagou ela se sentando ao meu lado.
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  — Talvez. — Mantive o olhar nos livros. — Não sei dizer.
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  — Você está gostando do King Lion? — perguntou.
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  — Esse é o problema, eu não sei por quem estou me apaixonando. — Voltei o olhar temeroso para ela. — E sinceramente não quero isso agora.
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  — Está com medo de se machucar?
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  — Estou com medo de atrapalhar a vida de alguém. — Voltei meu olhar para os livros.
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  Já estava enraizado dentro de mim as palavras do professor Brown. 
  — Bem, a melhor coisa que existe para não se apaixonar são distrações. — Ela se levantou. — Levante-se que a partir de hoje você será a minha caloura assistente.
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  — O quê? — A olhei com espanto. — Como assim?
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  — Tecnicamente você é caloura do meu irmão, mas tudo que é dele é meu, então será a minha caloura agora. — Ela esticou a mão para me ajudar a levantar.
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  — E isso é bom? — perguntei ao segurar a mão dela, meio temerosa.
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  Se tratando da Isla…
  — Claro que é, significa que quando eu me formar, você ficará em meu lugar como a organizadora dos eventos da Alpha Omega. — Respondeu ela me puxando.
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  Por essa eu não esperava e nem almejava. Minha fase aprendiz de Isla, se iniciaria com a ajuda nos preparativos da Halloween Party. Eu queria aquilo? Não, não era minha ambição. Eu tinha escolha? Não, se tratando da Isla, não.
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  Passamos todo o mês de outubro entre planilhas de gastos e custos, lista de convidados, impressão de convites e tudo mais que girava em torno da festa. A única coisa que sentia era cansaço físico e mental. 
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  — Lista de convidados?! — perguntou Isla ao se aproximar da janela do escritório da mansão dos lobos.
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  — Ok. — Respondi permanecendo sentada no sofá de camurça, superconfortável.
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  — Convites impressos? — Continuou ela.
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  — Ok, serão entregues amanhã na primeira hora. — Confirmei novamente.
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  — DJ?
  — Confirmado.
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  — Buffet com as bebidas?
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  — Ok, o cardápio foi aprovado e será oferecido o que pediu. — Mantive o olhar na prancheta nas minhas mãos.
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  — Isso é bom, detesto ser contrariada. — Comentou ela rindo baixo.
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  — Isla, preciso falar com… — entrou no rompante no escritório, porém se calou ao me ver lá. — Volto mais tarde.
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  Ele deu meia volta para se retirar.
  — . — O chamei, porém fui ignorada.
  Voltei meu olhar para Isla, que segurava o riso.
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  — Eu diria para ir, mas você não corre atrás de macho emburrado. — Disse num tom irônico que só ela tinha.
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  Me peguei enfezada e coloquei a prancheta com a caneta na mesa de centro e me levantei. Segui atrás de . Não sabia para onde tinha ido então deduzi que pudesse ser seu quarto. Subi as escadas e continuei minha busca até chegar no quarto dele. A porta estava encostada, então aproveitei para entrar sem bater. O alpha já estava parado em frente a prancheta que tinha em seu quarto, não fiquei reparando nos detalhes arquitetônicos do lugar e me aproximei dele.
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  — O que faz aqui? — perguntou ele surpreso em me ver.
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  — Olha, agora ele não me ignora. — Comentei com sarcasmo.
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  Ele respirou fundo.
  — O que quer?
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  — Que pare de agir assim, de forma infantil como se eu não existisse. — Cruzei os braços revoltada com ele.
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  — Foi você quem pediu para ficar longe. — Explicou mantendo a serenidade no olhar.
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  — Pare de ser assim, ok?! Eu estava em um momento de raiva, não era pra ficar semanas fingindo…
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  Eu fui parada por um beijo surpresa dele. Que além de me deixar desnorteada, foi tão intenso que fez meu corpo ceder sem o menor esforço. Meu coração novamente acelerou mais e mais, assim como as pernas bambearam. Logo a sanidade retornou e eu me afastei dele. Não, já estava decidida a não me apaixonar. Lobo ou leão, não importava qual deles fosse.
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  — Você não pode fazer isso e eu não estou nervosa agora. — Disse colocando a mão em seu tórax o afastando. — Não pode me beijar sempre que te der vontade.
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  — Me desculpe, foi mais forte do que eu. — Ele assentiu com um sorriso de canto de matar.
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  E sim, eu queria matar ele naquela hora.
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  — Eu… — dei um passo para trás desviando o olhar dele. — Preciso voltar para… A Isla…
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  — Eu já entendi. — Ele se aproximou novamente e me deu um beijo na testa bem demorado. — Seja uma boa aprendiz, minha irmã gosta muito da sua amizade.
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  — Eu também gosto da amizade dela. — Sorri de leve e me retirei, segurando o riso.
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  Assim que cheguei no escritório, Isla manteve seu olhar curioso me esperando mencionar algo, mas me mantive em silêncio. Ela respeitou minha decisão de não compartilhar, o que me deixou aliviada e confortável.
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  Por fim…

  A noite da festa chegou e eu me mantive jogada na cama vendo FRIENDS, enquanto Margareth se arrumava. Foi quando senti sua movimentação próxima da minha cama, retirei os fones do ouvido e a olhei.
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  — O que foi?! — perguntei.
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  Ela se mantinha parada com as mãos na cintura e um olhar indignado.
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  — O que está fazendo? — perguntou ela.
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  Dei uma olhada. Minha amiga estava vestida com o macacão de couro que comprou a prestação para festa, seu estilo mulher gato era para ninguém colocar defeito.
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  — Maratona de FRIENDS. — Respondi tranquilamente.
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  — Não acredito que não vai à festa que ajudou a organizar. — Retrucou ela.
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  — Estou tão cansada que não tenho forças para me levantar. — Expliquei a ela.
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  — Pois trate de fazer brotar suas forças. — Disse Isla ao aparecer de repente na porta puxando uma mala de rodinhas. — Você achou mesmo que calouro tem o direito de ficar em casa? Pode ir se levantando, você é minha aprendiz, aja como tal.
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  Isla esbanjava charme com seu vestido sinuoso de rainha de copas. Ficava bem em qualquer look de tão fashionista que era, uma perfeita Blair Waldorf de Princeton.
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  — Isla, só hoje, nunca te pedi nada. — A olhei de forma chorosa.
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  — Não. — Disse como se estivesse ordenando.
  — Ok. — Me levantei contrariada e segui para meu armário.
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  — Não, nem chegue perto disso. — Ordenou Isla. — Acha mesmo que vai na minha festa com suas roupas surradas, nada de cosplay de zumbi.
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  — Agora eu gostei. — Margareth se sentou em sua cama. — Faço questão de acompanhar o processo.
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  — Marg? — A olhei indignada.
  — Marg nada, faz tempos que quero queimar suas roupas de estagiária desleixada de jornalismo. — Ela bufou de leve.
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  — Nem todo mundo tem a alma de patricinha Barbie como vocês duas. — Coloquei a mão na cintura.
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  — Hoje, você vai se vestir à altura de uma loba da alcateia e nada de reclamar. — Disse Isla convicta.
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  Ela tinha moral comigo, então faria aquilo sem contestar mais. Isla me emprestou um vestido preto estilo Mortiça da família Adams, valorizava bem minhas curvas e ainda tinha uma fenda enorme na perna direita. 
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  — Uau, que linda. — Disse Marg boquiaberta. — Agora é que você não deixa de ser popular mesmo.
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  — Isla?! — Olhei para ela. — Não me sinto confortável.
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  — Deixa de ser uma chata, o vestido ficou lindo em você. — Disse ela.
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  — É apertado demais. — Retruquei.
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  Ela se mostrou pensativa.
  — Te dou duas escolhas, preto Mortiça ou vermelho Jessica Rabbit. — Ela cruzou os braços. — Então?
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  — Não tenho a opção do zumbi? — perguntei.
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  — Não. — Disseram as duas em coral.
  Respirei fundo e dei uma olhada no vestido vermelho. Era menos transparente e a fenda não era tão grande assim. Eu não gostava de vestidos, mas há dias em que precisamos abrir uma exceção. Coloquei o vestido vermelho que me fez parecer aquelas espiãs internacionais em plena missão de seduzir o mafioso inimigo. Seguimos as três juntas para o bosque próximo ao campus. Uma surpresa orquestrada pela Alpha Omega para este ano. Um ambiente preparado que remetesse mesmo à temática. 
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  — Somos a atração da festa. — Comentou Marg, assim que chegamos e os olhares vieram em nossa direção.
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  — Assim que eu gosto, chegada triunfal. — Assentiu Isla ao dar um sorriso presunçoso.
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  — Hum. — Resmunguei de leve.
  Não gostava mesmo de ser o centro das atenções.
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  — Boa festa as duas. — Marg se afastou de nós e seguiu em direção a James, que a aguardava.
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  — Bem, aqui nos separamos, Chester está à minha espera. — Ela me olhou. — Já sabe quem será o sortudo da noite?
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  — Não tem sortudo. — Assegurei a ela.
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  — Gostar de alguém não significa que vai atrapalhar o futuro dessa pessoa. — Disse ela em forma de conselho. — Se alguém disse isso para você, não leve em consideração.
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  Ela parecia saber bem mais do que eu havia mencionado.
  — Como sabe sobre isso? — perguntei.
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  — É um pouco óbvio. — Respondeu ela. — O professor Brown é pai da Louise, depois do que me falou, imaginei que ele pudesse ter te coagido ou algo do tipo.
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  — Posso pedir que não mencione isso ao seu irmão? — disse.
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  — Segredo nosso. — Assegurou ela. — Mas se está mesmo gostando do meu irmão, não desista dele, tenho certeza que valerá a pena.
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  Ela se afastou de mim.
  — Esse é o problema, eu não sei de quem estou gostando. — Sussurrei para mim mesma a olhando ir.
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  Fiquei por um tempo parada ali na entrada improvisada. O olhar de e se mantinham fixos em mim. Ambos vestidos em trajes formais, desviando totalmente do propósito de se fantasiar. Eu me locomovi até a mesa de comidas, estava mesmo com fome, fazer maratona de séries te faz esquecer que tem que comer. 
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  Não demorou muito, até que se aproximou de mim.
  — Com esse vestido, tem certeza que só veio pela comida desta vez? — Brincou ele ao se colocar em meu lado.
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  — Em minha defesa, fui obrigada. — Disse a ele que riu de mim. — Calouros não podem faltar a festas no primeiro ano, como se amanhã eu não tivesse prova.
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  — Esqueça um pouco as obrigações acadêmicas e divirta-se um pouco. — Aconselhou ele. — Você e Isla fizeram um bom trabalho, soube que a ideia de ser no bosque foi sua.
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  — Achei mais apropriado, lobos vivem em bosques, coisas estranhas acontecem em bosques, e com a temática da festa, era algo bem óbvio a se pensar. — Expliquei a ele.
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  — Sua lógica foi muito boa. — Elogiou ele.
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  — É, acho que realmente tenho o sangue de lobos. — Brinquei.
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  Nós rimos. 
  — Me parece que o alpha não está gostando da nossa conversa. — Comentou .
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  — Não começa com suas insinuações. — Pedi a ele. — Ou deixaremos de ser amigos.
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  — Somos amigos? — Ele me olhou surpreso.
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  — É o máximo que posso te oferecer.
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  — Isso é uma facada em meu coração. — Ele fez uma cena de uma faca sendo enfiada no seu coração, me fazendo rir.
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  — Pare de drama, . — Eu ri um pouco mais. — Por favor, continue sendo um bom amigo para uma caloura faminta.
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  — Friendzone, você quis dizer. — Ele me olhou sério.
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  — Não escolhi lados se é isso que está achando, eu só não quero me apaixonar agora. — Fui sincera com ele.
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  — Está com medo de se apaixonar por mim? — Ele deu um passo para mais perto de mim.
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  — Talvez. — Coloquei a mão em seu tórax o mantendo afastado. — Será doloroso para você ser somente meu amigo?
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  — Se eu disser que sim, vai mudar sua decisão? — perguntou ele.
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  — Não. — Eu ri.
  — Pelo menos terei o prazer de ficar próximo a você. — Seu olhar intenso fez os pelos da minha nuca arrepiar, e se inclinando um pouco sussurrou em meu ouvido. — E quem sabe conseguir te seduzir.
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  O leão sabia como me envolver também. Logo sua mão tocou em minha cintura aproximando nossos corpos.
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  — Me dá a honra dessa dança? — perguntou ele.
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  Só neste momento percebi que tinham trocado o estilo de música, para contemplar os casais ali. Começamos a nos mover lentamente de acordo com o ritmo proposto da canção. Eu conseguia sentir a intensidade que ele passava para mim, parecia se segurar muito para não me beijar. Após a dança, me afastei um pouco dele e senti alguém me pegar pelo braço e me puxar para longe.
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  — , agora você é minha. — Disse Isla.
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  Ela era a pessoa.
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  — O que aconteceu? Algum problema? — perguntei.
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  Já que eu era a assistente na organização do evento.
  — Não. — Respondeu ela. — Mas você, como minha aprendiz, vai me representar em um jogo.
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  — Jogo? Que jogo Isla? — Eu já estava ficando com receio dela.
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  — Verdade ou consequência. — Disse ela.
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  Um frio na barriga veio em mim.
  Era só o que me faltava.
  Isla me levou até a roda que fizeram. Segundo ela, os presidentes, vices e conselheiros das fraternidades eram sempre os participantes, com ações válidas de colocar um calouro representante em seu lugar. Assim tornava tudo mais divertido. Isla como conselheira tinha me escolhido para ficar em seu lugar. Claro que ela não deixaria passar a oportunidade.
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  — Aqui está, minha representante. — Disse ela ao me empurrar para sentar no toco de madeira.
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  Dei um sorriso fraco ao ver sentado de frente para mim. 
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  — Me desculpe por isso, mas só assim para ver meu irmão participar pela primeira vez. — Comentou ela em sussurros no meu ouvido.
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  — Você está me usando? — A olhei boquiaberta.
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  — Você é uma caloura. — Ela piscou e sorriu.
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  Respirei fundo tentando não imaginar o que me aguardava. Assim que se sentou no toco destinado a ele e o olhar de mudou de tranquilo para irritado, um frio passou por minha espinha, junto com os cochichos em nosso redor. Claro que já estavam declarando o duelo de Titãs comigo ali no meio.
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  — Bem-vindos calouros representantes, vocês já sabem as regras do jogo, porém nossa versão é mais interessante. — Anunciou Maya Sollary, líder da sororidade Tau Sigma. — Antes de escolher verdade ou consequência, você pode optar por saber qual será o pagamento se não disser a verdade, se em três rodadas consecutivas escolher verdade, terá que pagar uma consequência escolhida por mim. Sem direito a revogar.
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  Engoli seco as regras. Isla havia lhe convidado para ficar à frente do jogo. Claro, uma naja convicta tinha suas habilidades para isso. Dependendo da consequência, eu não teria escolha a não ser falar a verdade, mas se eu escolhesse só verdade seria obrigada a pagar uma consequência. Ou seja, eu me ferrava de qualquer maneira.
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  — Vou rodar primeiro, para quem vai responder, e depois para quem vai perguntar. — Disse ela.
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  Parecia uma eternidade aquela garrafa girando. E para meu azar, caiu em mim recebendo a pergunta. Mais cochichos surgiram, e meu coração na mão. Prosseguiu Maya.
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  — Finnick, o conselheiro felino da Delta Pi, pergunta para , a representante loba da Alpha Omega. — Disse Maya.
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  — Você está em algum relacionamento? Verdade ou consequência? — perguntou ele.
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  Essa era fácil, mas por curiosidade…
  — Qual seria a consequência? — perguntei.
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  — Sair comigo amanhã. — Disse ele fazendo todos rirem.
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  Essa era fácil a resposta.
  — Escolho verdade. — Disse confiante. — Não estou em nenhum relacionamento.
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  Houve cochichos.
  — Vamos novamente. — Disse Maya.
  Ela rodou algumas vezes e saíram outras pessoas. Porém em um certo momento…
  — Hum… Louise pergunta para . — Disse Maya, com os olhos brilhando.
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  — Você está interessado em nossa caloura de Wisconsin? Verdade ou consequência? — perguntou ela com o olhar direto em mim.
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  — Qual a minha consequência? — perguntou .
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  — Beijar ela na frente de todos. — Disse Louise.
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  O que ela queria com isso?
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  — Não seria de todo uma má ideia. — Ele voltou seu olhar para mim.
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  Permaneci imóvel, mas demonstrando minha indignação com as palavras dele pelo meu olhar.
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  — Mas, escolho a verdade. — Disse . — Estou muito interessado nela, e sabe disso.
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  Ele deu um sorriso de canto prepotente. Barulhos surgiram em nossa volta. Mais uma vez Maya girou. Todos torciam para que a garrafa caísse em mim e um dos lordes. 
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  — Agora sim. — Maya sorriu empolgada. — pergunta a .
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  Meu corpo gelou.
  — Você está interessada em alguém? Verdade ou consequência? — perguntou ele.
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  Admito, eu esperava uma pergunta assim de , mas não dele.
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  — Qual a consequência? — perguntei, quase pausadamente.
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   só lançou um sorriso subjetivo que me fez estremecer.
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  — Eu escolho verdade. — Disse de imediato sem o deixar falar. — Talvez, essa é a minha resposta. 
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  Eu não poderia mentir, pois era contra as regras e tinha pessoas ali, ou seja Isla, que saberia que não era verdade. Claro que ela não deixaria passar e eu teria que pagar. O olhar de Louise me fuzilava. Porém o sorriso continuava nos lábios de , deixando intrigado e nervoso visivelmente.
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  — E vamos de mais uma rodada. — Maya parecia se deliciar com tudo que acontecia.
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  Mais garrafas giradas neste meio tempo. Saíram algumas consequências em que beijos foram o pagamento, outras, verdades que chocaram alguns.
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  — Interessante. — Maya sorriu com malícia. — pergunta para .
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  — Você sente ciúmes da sua caloura de Wisconsin? Verdade ou consequência? — perguntou .
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  — Qual a consequência? — perguntou ele.
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  — Você sabe. — Respondeu bem enigmático.
  — Sim, eu tenho ciúmes dela. — voltou seu olhar para mim de forma intensa.
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  Meu coração acelerou. Maya girou novamente.
  — Hum…. Joy pergunta para . — Anunciou fazendo todos se alvoroçarem. — Só lembrando que se a caloura escolher verdade, ela terá que pagar uma consequência.
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  Engoli seco com frio na espinha.
  — Joy, é com você. — Finalizou Maya.
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  — Hum… — Joy lançou um sorriso malicioso. — Você se sente atraída pelo alpha? Verdade ou consequência?
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  — Qual seria a consequência? — indaguei.
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  — Beijar o King Lion. — Disse ela.
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  Tinha que ser a Joy.
  Era nítido que estava me encurralando, e de qualquer forma eu pagaria. Mas aquela pergunta tinha cara de Isla, será que a Cat Queen também devia para ela? A questão era, se eu respondesse iria me expor e não poderia mentir, pois já tinha conversado sobre isso com Marg. Mas se não respondesse, teria que beijar . Engoli seco.
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  — Escolho… — tentei me mostrar confiante, apesar de não estar. — Verdade.
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  Minha sorte estava lançada nas mãos da naja. Eu não queria beijar ninguém naquela festa. E respirando fundo…
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  — Sim. — Assenti.
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  O olhar de demonstrou gostar das minhas palavras. O contrário do olhar de .
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  — Ok, agora vamos a minha consequência. — Maya soltou uma gargalhada maldosa. — Você terá que ficar uma hora afastada na região do canal acompanhada pelo presidente da sua fraternidade e realizar o pedido que ele lhe fizer.
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  Minha mente paralisou com aquilo. 
  Assenti ao me levantar do toco de madeira. se manteve inexpressivo e se levantou também. Seguimos para a direção ordenada em silêncio. Ele mantinha um sorriso discreto no rosto. Assim que chegamos na famigerada árvore da corrida dos calouros, ele parou de frente para mim.
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  — Eu realmente achei que isso fosse algum plano maluco da Isla, mas olhando para você agora… — iniciei.
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  — Acha que fui eu quem orquestrou tudo isso? — perguntou ele.
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  — Sua pergunta me mostra isso. — Revelei. — Primeiro a Joy, agora… Vai me dizer que Maya também te deve favores.
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  — Digamos que sim. — Ele revelou mais seu sorriso.
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  — Quem neste lugar não te deve algo? — perguntei embasbacada.
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  — Os leões e você. — Respondeu tranquilamente.
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  — Seu mercenário, os lobos por acaso são da máfia? Onde eu me meti? — perguntei indignada.
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  — Minha família tem muitos contatos, por isso posso prestar muitos favores. — explicou ele.
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  — Isso me choca.
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  — Verdade ou consequência? — disse ele ao segurar em minha mão.
  — Você também? Já estou em surto com esse jogo. — Confessei.
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  — Preciso conferir algo. — Explicou ele.
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  — O quê?
  — Você está apaixonada por mim? — Direto e preciso.
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  Eu travei na resposta por não saber o que responder. Me pegou de surpresa sua indagação.
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  Antes mesmo que eu pudesse pensar em reagir, se aproximou de mim, e me puxando para perto pela cintura, me beijou de forma doce e maliciosa, em toda sua intensidade. 
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Irei te dar a emoção escondida
À curiosidade dos seus olhos
Você já está apaixonada por mim
Não tenha medo, o amor é o caminho
Meu amor, eu entendi
Você pode me chamar de monstro.
– Monster / EXO

6 – Amor e Amizade

  Eu me afastei dele, assim que percebi que não podia me deixar render assim tão facilmente, e estava difícil controlar as batidas do meu coração. Não importa se na prática minha convivência era maior com o alpha, o que me deixava ainda mais desnorteada com tudo, eu não podia me permitir gostar dele. Não por causa da amizade que tentava estabelecer com , mas porque precisava entender primeiro os sentimentos que realmente tinha pelos dois.
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  — Por que você é uma incógnita para mim? — sussurrou ele, mantendo seu rosto próximo ao meu. — Ao mesmo tempo que me faz sentir que gosta de mim, me afasta no mesmo instante. Por quê?
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  Eu dei um passo para trás, mantendo meu olhar sereno, entretanto não sabia o que responder a ele.
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  — Eu já disse, não quero me apaixonar. — Dando mais um passo para trás, olhei para o relógio em meu pulso, para conferir o tempo. — Temos mais vinte minutos.
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  — Só vai dizer isso? — perguntou ele, mantendo o olhar sério e frustrado.
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  — O que mais quer que eu diga? — Cruzei os braços.
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  — Não quer se apaixonar por mim, porque gosta dele? — indagou se referindo ao leão.
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  — Não quero gostar de ninguém, não vim para Princeton para me apaixonar. — Fui sincera com ele, mesmo ainda tendo meu coração acelerado. — Honestamente, tudo isso… Tem me assustado.
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  Confessei. Nunca que no ensino médio em Wisconsin, minha vida social tinha sido tão agitada como tem sido agora, sempre fui a aluna destaque nas notas, que não fazia parte da turma dos populares. Isso eu deixava para a minha cunhada, que era líder de torcida. E ter dois garotos interessados em mim, isso sim era um surto.
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  — Me desculpe. — Ele não se importou com o meu afastamento, apenas se aproximou e me abraçou de forma reconfortante. — Você ainda tem que realizar um pedido meu.
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  — O quê?! — Eu tentei me afastar para questioná-lo, sem sucesso.
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  — Quero ficar vinte minutos abraçado a você. — Continuou ele, me aninhando mais em seus braços. — Esse é o meu pedido.
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  — Hum… — Eu segurei o riso, assentindo em partes. — Acho que posso realizar esse pedido, mas só terá 10 minutos.
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  — Por quê? — resmungou ele.
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  — Estou descontando o beijo que me deu. — Não consegui resistir ao meu tom debochado e ri de leve.
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  — Que mercenária. — Brincou ele, rindo junto.
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  Após os dez minutos, eu me afastei dele como premeditado e tentei me sentar no chão, sem sucesso. E não foi por causa do vestido em meu corpo, mas porque me puxou para caminhar de volta para a festa. Parte do caminho ficamos em silêncio até que…
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  — Você ainda tinha mais dez minutos. — Observei em sussurro.
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  — Vou descontá-lo de outra forma. — Disse ele.
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  Eu soltei uma gargalhada boba, ao finalmente começar a ouvir a música tocando ao longe. Mais alguns metros e chegamos no espaço da festa, não teve uma pessoa que deixou de olhar para nós naquele momento. Felizmente o jogo da discórdia já havia terminado, afinal, a diversão toda estava certamente baseada em me deixarem encurralada de qualquer forma. Ao me afastar de , caminhei novamente até a mesa de comidas, onde Marg estava se deliciando com os brownies de uma forma feroz.
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  — Uau, calma, senão vai ter uma overdose de chocolate. — Comentei rindo baixo, observando-a colocar mais um pedaço na boca.
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  — Bem, digamos que senti um leve desejo de comer isso. — Explicou ela, lambendo os dedos. — Não me reprima, geralmente eu nem como nessas festas.
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  — Boba você, porque o que eu mais faço é comer. — Eu peguei um petisco e joguei na boca, começando a mastigar.
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  — Isso que me deixa mais chocada. — Comentou ela, boquiaberta com minha forma descontraída de atacar a comida. — A única coisa que faz é comer e ainda assim, chamou a atenção dos dois mais cobiçados do campus. 
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  — Acredite, também gostaria de saber como. — Eu soltei um suspiro, percebendo o olhar fixo de para mim.
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  — Mas é divertido, as coisas que tem acontecido com você. — Ela soltou uma gargalhada maldosa.
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  — Fale por você, sua mercenária, tem certeza que é uma felina? — brinquei com ela.
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  — Desculpa, mas é engraçado vendo tudo isso de fora. — Ela riu mais um pouco. — Agora… Você sabe de quem gosta mais?
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  — Eu só sei que não quero gostar de ninguém. — Assegurei a ela. — Olha, estou começando a considerar a proposta do Finnick.
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  — Qual? — perguntou intrigada.
  — De sair com ele amanhã. — Respondi com um tom de brincadeira.
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  — Que dó do garoto, não o coloque no meio do fogo cruzado. — Aconselhou Marg.
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  — Mas seria engraçado. — Eu ri de leve, voltando meu olhar para os Titãs que mantinham sua atenção em mim.
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  Eu me afastei um pouco de Marg e comecei a dar alguns passos pela área da festa, realmente tinha que admitir que havia sido um excelente trabalho toda a decoração. Meu esforço para acompanhar o ritmo de Isla valeu a pena, assim como todas as suas dicas relacionadas a planejamento de eventos. Com certeza que ajudaria em algum momento daquele curso. De repente, eu parei ao lado de uma árvore e me encostei de leve, mantendo um olhar observador em todos na pista de dança.
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  — Um chocolate por seus pensamentos. — A voz de soou do outro lado da árvore.
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  Eu tombei a cabeça para frente para olhá-lo, o King estava escorado como eu, com as mãos no bolso e um olhar bobo para mim.
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  — Então você descobriu meu ponto fraco. — Ri baixo, voltando o olhar para frente.
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  — Para ser honesto, fiz um teste — brincou ele —, já que não posso oferecer meus beijos.
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  — Seu bobo. — Eu ri junto.
  Uma pausa para o silêncio e eu percebi uma inquietação vindo dele.
  — O que foi? — perguntei. — Estou estranhando o seu silêncio.
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  — Não consigo deixar de pensar na sua resposta. — Respondeu ele.
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  — Qual delas? — indaguei.
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  — A que diz estar atraída por ele. — Comentou — Então é isso…
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  Eu respirei fundo.
  — Tanto quanto estou por você. — Disse com naturalidade.
  — O quê?! — Ele pareceu estático.
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  — Por que é tão complicado para vocês dois aceitarem minha amizade? — perguntei.
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  — Então você também está atraída por mim?! — Ele me olhou com uma pitada de malícia.
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  — Nem me olhe assim, isso não quer dizer nada. — O repreendi.
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  — Como não? — Seu olhar demonstrou indignação. — Significa que tenho chances.
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  — Não significa nada. — Retruquei. — Já disse, a única coisa que posso lhe oferecer é minha amizade, tanto a você, quanto ao Alpha.
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  — Estou confiante nas palavras da minha avó, que sempre me disse que a amizade caminha ao lado do amor. — Ele piscou de leve e sorriu de forma fofa.
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  Depois da festa de Halloween, eu me mantive alheia a qualquer assunto sobre o beijo do Alpha ou os comentários enciumados do King Lion. Enfim, as folhas do outono já começavam a cair das árvores assim como minhas forças para aguentar a rotina de estudo. E agora, estava eu fazendo um pequeno serviço voluntário na Biblioteca em troca de meio salário e um pouco de paz e tranquilidade. Aquele lugar era a minha Suíça, onde ninguém poderia me importunar com rivalidades, fraternidades e tudo incluído no pacote de surtos.
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  — Olha só quem está aqui. — A voz de Isla soou da porta da Biblioteca, o que me fez despertar minha atenção dos livros em que separava do carrinho.
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  — O que faz aqui? — Retirei o celular do bolso para olhar as horas, ainda eram oito da noite.
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  — Estava te procurando, minha caloura não pode simplesmente faltar na reunião da fraternidade. — Ela cruzou os braços, fazendo cara feia. — Além de não atender às minhas ligações.
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  — Tecnicamente, eu não sou a sua caloura, sou do Alpha. — Eu a corrigi, voltando minha atenção para meus afazeres. — E você já sabe que me tornei voluntária da Biblioteca.
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  — Já disse, tudo que é do meu irmão é meu, o que inclui a senhorita. — Ela descruzou os braços e deu alguns passos se aproximando, dava pra ouvir o barulho do seu salto.
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  Eu parei e a olhei séria.
  — E você está trabalhando aqui porque quer. — Continuou ela, num tom brando, porém com traços de repreensão. — Sabe que se quiser posso te conseguir algo bem melhor.
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  — Não, obrigada. — Mantive minha atenção nos livros. — Gosto de alcançar meus objetivos com esforço próprio e pretendo levar essa graduação sem dever favor a ninguém.
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  — Credo, eu não sou tão mercenária assim, sabia? — Senti um soar ofendido vindo dela. — Somos amigas.
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  — E por sermos amigas que espero compreensão da sua parte. — Eu parei e a olhei. — E quanto à reunião, seu irmão disse que estava tudo bem, porque era somente a diretoria da fraternidade.
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  — O meu irmão não ajuda também, ele deveria ter te obrigado a ir. — Ela cruzou os braços novamente, agora emburrada.
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  Eu segurei o riso de leve, não entendendo tamanha revolta.
  — E por qual motivo eu precisava estar lá? — perguntei curiosa.
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  — O professor Brown estava presente. — Respondeu ela, com um sorriso maquiavélico. — Seria legal ver você lá.
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  — Você me choca, e que bom que eu não estava lá. — Me virei e voltei a separar os livros.
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  — O que está fazendo aí de tão entediante? — Senti que ela estava espichando seu pescoço.
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  — Estou separando os livros que foram devolvidos por categoria para colocá-los no lugar. — Expliquei a ela.
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  — E você faz isso todos os dias? — Continuou a indagação.
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  — Sim, todos os dias. — Segurei o riso, esperando a reação dela.
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  — Socorro, isso é uma tragédia pior que as que Shakespeare escrevia. — Comentou.
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  — No seu ponto de vista. Eu gosto muito, sempre fui voluntária na biblioteca quando estava no ensino médio. — Contei com naturalidade.
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  — Não entendo a graça que você enxerga nesse lugar. — Ela bufou.
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  — É tranquilo, me sinto bem aqui, em paz e longe das preocupações do meu curso, além de ser um bom lugar para estudar. — Expliquei a ela.
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  — Se você diz. — Ela se afastou um pouco e puxou uma cadeira para se sentar. — Vou te fazer companhia.
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  — Tem certeza? — Eu ri baixo. — Eu costumo ficar em silêncio quando estou concentrada.
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  — Ahhh, que chata, vamos conversar um pouco. — Reclamou ela.
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  — Puxa o assunto então. — Sugeri ao pegar a primeira leva de livros da seção de medicina.
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  — Chester me chamou para passar o recesso de final do ano na casa de campo dos pais dele ao norte do Canadá. — Iniciou ela, com um comentário pessoal. — Ainda não me decidi, mas acho que será romântico conhecer meus sogros e ao mesmo tempo ficar juntinha com ele na época mais fria do ano…
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  Ela foi falando mais algumas coisas sobre como ele fez o convite, acompanhado de uma caixa de bombons e uma rosa vermelha. Sua voz estava numa altura bem razoável que dava para ouvir nitidamente, pois o lugar estava vazio. Afinal, que universitário iria se preocupar em visitar a biblioteca em dia de reunião de fraternidade? E sim, havia um dia específico do mês em que as reuniões aconteciam simultaneamente em todas, tudo milimetricamente definido de acordo com o cronograma de aulas e festas para não haver divergências de eventos. 
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  Algo que eu nunca imaginei é que eles fossem tão organizados e pontuais com os cronogramas, principalmente quando o assunto eram as festas. Todos sabiam na ponta da língua quando seria a próxima festa, que fraternidade iria organizar, e qual o tema possível. Claro que para os desinformados como eu, sempre tinha anúncios antecipados pelo pessoal do jornal do campus. E eu tinha um contato infalível ali: Margareth. Quando retornei para o carrinho, consegui notar um brilho nos olhos dela ao falar do quão fofo seu namorado era.
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  — Estou surpresa por não conhecer os pais do Chester, vocês namoram há quanto tempo? — perguntei.
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  — Três anos. — Respondeu ela.
  — Então? — Eu a olhei.
  — Bem, ainda não tivemos a oportunidade, como os pais dele moram longe e sempre é complicado eu não passar os eventos com minha família, mas este ano eu dei um basta e decidi que passarei o final do ano bem longe da alcateia. — Explicou ela, objetivamente.
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  — Hum… Interessante. — Peguei mais uma remessa de livros para a subseção de história moderna.
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  — E você? Onde pretende passar? — perguntou ela, num tom ansioso pela resposta.
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  — O final do ano? — Elevei um pouco mais a voz para que ela me ouvisse bem.
  — Sim, onde passará as festividades? — repetiu.
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  — Em Wisconsin, bem óbvio. — Eu ri de leve.
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  — Bem chato e tedioso, todos os anos da sua vida até aqui você passou em casa, deveria fazer diferente esse ano. — Sugeriu ela com empolgação. — Só se vive a vida acadêmica uma vez, deveria aproveitar e passar em Manhattan.
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  — Dispenso. — Ri um pouco mais ao retornar novamente. — Se eu não passar pelo menos o Natal em família, minha mãe surta, ela já quase morreu quando eu contei que viria para Princeton.
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  — Você tem pais coruja? — Brincou ela.
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  — Sim, muito. — Assenti em riso. — Mas pretendo não passar a virada lá, não sei, ainda estou pensando no que fazer.
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  — Hum…
  — Por quê? — perguntei ao notar seu olhar de frustração. — Você, pelo que entendi, vai estar bem longe daqui.
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  — Sim, mas não quer dizer que você tenha que ir pra longe também. — Ela tentou se explicar.
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  — O que você sabe que eu não sei?! — Coloquei a mão na cintura, mantendo um olhar sério para ela.
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  — Não sei de nada. — Ela piscou de leve, meio travessa e soltou uma gargalhada boba. — Agora foco no seu trabalho e termine isso logo.
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  — Fala como se tivéssemos algum compromisso. — Soltei um leve suspiro.
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  — Mas é claro que temos. — Ela se remexeu na cadeira, segura do que dizia.
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  — O que você está aprontando agora? — perguntei já temendo a resposta.
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  — Hoje teremos uma festa do pijama surpresa, noite das garotas na mansão das serpentes. — Revelou ela, já deixando transparecer sua animação. — Algo bem leve para aliviar a tensão das famigeradas reuniões e a preparação para a Semana Acadêmica.
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  — Semana Acadêmica? — Eu ainda não havia ouvido sobre isso e já comecei a me perguntar o quanto eu trabalharia nesse evento.
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  — Sim, mas isso não vem ao caso agora, vamos deixar essa preocupação para depois e seguir com o cronograma para o nosso Pijama Party. — Ela se levantou da cadeira. — Leve logo esse restante, que eu vou te esperar no carro lá fora, te dou dez minutos.
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  — Nossa, que garota mandona. — brinquei.
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  Ela me olhou com seriedade.
  — Tem certeza que é só as meninas, né? — indaguei.
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  — Está com medo dos holofotes? — brincou ela em risos. — Fique tranquila, os garotos devem estar reunidos em algum bar da cidade ou coisa pior…
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  — Ah… — eu me encolhi um pouco, tentando não pensar muito naquela informação.
  — Ficou curiosa para saber onde foram? — Provocou ela.
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  — Claro que não. — Disfarcei minha curiosidade.
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  — Pois saiba, amor, que a noite das garotas consegue ser mais louca que qualquer festa do campus. — Ela deu o primeiro passo para se retirar. — Dez minutos.
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  Eu engoli seco com aquele olhar ameaçador dela. Ainda mais temerosa do que poderia acontecer naquela tal festa do pijama. Se já rolou altas faíscas na festa de Halloween, imagino o que pode rolar quando se junta várias garotas em um único ambiente.
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Notas podem ser altas e baixas, mas e daí!
Apresentações podem ser boas ou ruins, isso é algo que acontece
Às vezes é bom apenas parar pra relaxar e descansar
Porque tudo tem seu te-te-te-te-tempo.
– Mr. Simple / Super Junior

7. Pijama Party

  E lá estava eu, apagando as luzes da biblioteca e totalmente insegura quanto aos planos de minha veterana para esta noite. Antes de chegar na porta, recebi uma mensagem de me desejando boa sorte na festa do pijama das garotas. Como será que ele sabia sobre isso?
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Como sabe sobre a festa?

  Digitei curiosa para ele.

  uma das festas mais intrigantes do campus, 
  como não saberia kkkkkk

  Eu ri baixo, claro que ele saberia.

alguma leoa vai estar lá?

  por que a pergunta?

só curiosidade, 
e você, onde está?

  Estamos tendo a nossa noite dos cavalheiros
  e até que está divertida

hum…

  está preocupada? fique tranquila que não haverá mortes

  Não me contive em soltar uma gargalhada boba.

para ser honesta, estou mais preocupada comigo
vou entrar no covil das cobras daqui a pouco

  ah, sim, tinha me esquecido 
  que são as najas que promovem essa festa
  boa sorte, lobinha

  Eu sorri de canto ao ver na tela uma foto dele acompanhado do seu irmão no bar onde estavam. Não sei se foi proposital, mas bem ao fundo da foto pude ver conversando com um veterano felino de T.I da Delta Pi. Então ele também tinha ido para a reunião dos garotos. Aquilo sim havia me deixado curiosa, e em um mesmo ambiente, quais jogos rolariam entre eles.
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  — Ah, finalmente a princesa apareceu. — Disse Isla, assim que eu saí do prédio.
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  — Me desculpe, donzela, mas não posso simplesmente sair da biblioteca e deixar tudo em desordem. — Expliquei a ela enquanto ajeitava a bolsa no ombro. — Vamos direto para a festa? Ou posso passar no dormitório antes?
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  — Mas é claro que você vai trocar essa roupa horrenda que está vestindo — respondeu ela, com seu toque dramático de fashionista.
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  Eu apenas ri e continuei seguindo até o seu carro. Tive poucos minutos para escolher qual dos looks que ela tinha preparado para mim naquela noite eu iria usar. Acabei optando pela jaqueta preta de couro sintético dela, que mais parecia natural, combinada ao meu velho e confortável jeans rasgado que consegui adicionar ao look.
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  — Vai me dizer que este scarpin não é o ápice do bom gosto?! — comentou ela ao me olhar de cima a baixo.
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  — Ainda prefiro o conforto do meu all star. — Resmunguei de leve, fazendo careta como de costume.
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  — Ah, um dia você ainda vai me dar razão — ela jogou uma pequena bolsa de mão para mim. — Coloquei seus documentos aqui, para completar seu look.
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  — Isso não deveria ser uma festa do pijama? — perguntei intrigada por sua preocupação com minha aparência.
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  — Nunca é uma mera festa do pijama. — Corrigiu ela, abrindo a porta do quarto para irmos.
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  Eu assenti batendo continência em brincadeira e a segui pelo corredor. Isla já tinha insistido algumas vezes para que eu me mudasse para a “toca” dos lobos, a mansão tinha muitos quartos vagos e não teria problema se a caloura do alpha dormisse em um deles. Entretanto, para decepção e desespero de Marg, que quase me jogou pela janela, eu recusei o convite e permaneci no meu dormitório repleto de paz e sossego. Além do fator liberdade de ir e vir, que provavelmente eu não teria lá.
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  Minutos depois, o carro da minha veterana fashionista estacionou em frente à casa da sororidade Tau Sigma. Tão bonita e bem decorada quanto a da Delta Pi, porém, seguindo o estilo arquitetônico mais Art Déco. Maya Sollary tinha mesmo bom gosto, pois segundo as fofocas que minha amiga jornalista tinha dito, a própria presidente tinha coordenado toda a reforma recente que a residência passou.
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  — Isla, achei que não viesse mais — disse Joy, assim que adentramos a porta.
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  — Precisei resgatar alguém das masmorras — minha veterana me olhou com a sobrancelha arqueada.
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  — Olha só quem está aqui. — Maya se aproximou também. — Bem-vindas à minha casa, que bom que a caloura de Wisconsin veio, assim será mais divertido.
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  — Eu devo me preocupar com isso? — Olhei para Isla um pouco temerosa.
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  — Fique tranquila, amiga, eu não vou deixar elas te esfolarem. — Brincou, fazendo as presidentes rirem.
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  — Tenho mais medo de você do que delas. — Confessei, fazendo as três rirem mais ainda.
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  — Fiquem à vontade e aproveitem, que daqui a pouco os jogos vão começar. — Disse Maya já voltando o olhar para uma das calouras da sua sororidade. — Ah, não acredito que estão fazendo tudo errado de novo.
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  Ela se afastou de nós e caminhou até a garota com tons de repreensão bem nítidos.
  — Onde está Margareth? — perguntei à Joy, sentindo falta da pessoa mais informada do campus.
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  — Ah, está em algum lugar da festa — respondeu ela. — Isla, podemos conversar um pouco em particular?
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  — Claro. — Assentiu ela. — Qual o favor da vez?
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  — Ai, não é pra tanto também. — Riu Joy, um pouco sem graça.
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  — Ah… — eu logo dei um passo para me afastar delas. — Eu vou procurar a Marg.
  Caminhando pela residência, me admirei com tantos quadros de réplicas do Louvre espalhados na parede, assim como os mobiliários de design assinado que já tinha visto nas aulas de história da arte. Não que eu estivesse procurando, mas logo encontrei a mesa de petiscos e não resisti a tentação de comer alguns.
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  — Caloura de Wisconsin — a voz de Louise soou ao lado.
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  — Louise. — A chamei pelo nome, sem me importar em ser formal.
  — Achei que não viesse — comentou ela ao dar um gole no champanhe em sua taça.
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  — Para ser honesta eu nem sabia dessa festa. — Confessei, voltando o olhar para a mesa de petiscos.
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  — Um evento restrito não precisa ser do conhecimento de todos — retrucou ela.
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  Tinha que admitir que não gostava daquele jeito arrogante e autoritário que ela tinha. E já estava com pena dos funcionários que um dia trabalhariam para uma pessoa como ela.
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  — A considerar seu círculo social, certamente foi a Isla que a trouxe — continuou ela. — Você deve estar se sentindo a Cinderela, não é?
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  — Como? — Eu a olhei confusa pela insinuação. — Desculpe, mas não entendi.
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  — Caloura do interior que aparentemente despertou interesse nos dois alunos mais cobiçados do campus, um sonho de princesa. — Explicou ela em meias palavras. — Mas não se iluda tanto, você é somente uma distração passageira para os dois, aquilo que serve para divertir no último ano da graduação e aliviar a pressão da formatura.
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  — Então é isso que você acha? — perguntei não me sentindo nem um pouco abalada.
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  — Eu não acho, é a realidade de bolsistas como você, só estão aqui para nos divertir. — Ela abriu um largo sorriso de satisfação, achando que eu me sentiria diminuída com isso.
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  — Bem, então vou me esforçar ao máximo para divertir meus veteranos e ser a melhor distração que Princeton já viu. — Eu peguei a taça da bandeja de uma caloura que passava e ergui de leve para ela. — Prometo estar sempre no noticiário do jornal do campus.
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  Com um sorriso presunçoso que tinha aprendido com Isla, me afastei dela ao avistar Margareth do outro lado da sala. Assim que me aproximei da minha amiga, a mesma me arrastou para o jardim e me forçou a contar tudo para ela.
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  — Não acredito que você respondeu isso. — Marg ficou boquiaberta.
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  — Eu não esperava menos da minha caloura — disse Isla, aparecendo atrás de nós.
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  — De onde você saiu? — perguntei impressionada.
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  — Estava te procurando para nosso jogo das garotas e adorei o que ouvi.
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  — Você sabe que comprou uma briga com Louise, né? — Marg me alertou.
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  — Louise sempre foi assim, intimidadora com todas as calouras que ousaram se aproximar do meu irmão e do King. — Isla, sendo direta e objetiva.
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  — Ok, eu já entendi que ela gosta do , mas o que o tem a ver com isso? — perguntei curiosa.
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  — Essa é uma informação que eu sempre tentei conseguir — comentou Marg, com os olhos fixos na veterana loba.
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  — É uma história antiga entre nossas famílias. — Explicou a Baker. — Louise é meia irmã dos leões.
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  — O quê?! — dissemos eu e Marg juntas.
  — Exijo discrição na informação, é um assunto delicado e somente as famílias sabem sobre isso. — Continuou ela com o olhar intimidador.
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  — E você está falando com a gente assim, tão tranquilamente? — sussurrou Margareth, dando para ouvirmos.
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  — Não se preocupe, não falaremos nada. — Assegurei a ela.
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  Isla voltou o olhar atravessado para Marg.
  — Sim, eu não vou contar. James é meu namorado, gente, não o prejudicaria expondo algo da sua família. — Disse ela, segura de suas palavras. — Mas, como isso é possível?
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  — Só estou dizendo porque confio em vocês duas… Houve um certo romance por parte da mãe da Louise com o pai dos Dominos e depois de nove meses… — Isla tossiu um pouco, deixando nossa mente processar o restante da informação.
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  — Mas como sabem que ela é dele? Fizeram o teste? — perguntou Marg.
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  — Nem precisou, o professor Brown é estéril. — Respondeu Isla. — Meus pais ajudaram a abafar o caso e a convencer o professor a aceitar e assumir a paternidade, era uma época de fortes rivalidades entre as fraternidades e tinha muita coisa em jogo.
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  — Então a megera sabe disso? — indagou Margareth em plena curiosidade.
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  — Sim, todos os envolvidos sabem, só não mencionamos o assunto. É como se não existisse a informação; os pais dos leões agiram de forma natural mantendo as aparências no casamento deles, a mãe da Louise continuou com o professor Brown, e minha família no meio de tudo isso apenas mediando o conflito. — Completou ela a história. — Quando éramos pequenos, parecia fácil todo mundo ser amigo de todo mundo, mas a medida em que crescemos e soubemos disso, as coisas foram ficando mais complexas.
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  — Mas isso não é motivo dela achar que pode mandar neles. — Reclamou Margareth. — Agora entendo o porquê de ela me odiar.
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  Nós rimos da careta que ela fez.
  — Agora que já sabem da fofoca, que não podem repassar, vamos logo, antes que a Maya nos linche por atrapalhar sua festa. — Comentou Isla rindo baixo e caminhando até a porta.
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  Adentramos a casa até chegar à sala de jogos que se localizava no porão. Todas as seletas 17 convidadas já se encontravam presentes e curiosas, completando assim as 20 universitárias da lista VIP. A naja se colocou ao centro do lugar com um sorriso maquiavélico de causar medo em qualquer calouro.
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  — Nosso jogo de hoje será uma releitura do Eu Nunca. — Anunciou ela, olhando para as convidadas. — Que os jogos comecem!
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  Um som de empolgação surgiu no ambiente e pude ver no olhar das minhas amigas veteranas a malícia surgir. Nem queria imaginar o que me aguardava a seguir.
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  — Como todas sabem, a cada Eu Nunca que dissermos, se vocês já fizeram, terão que beber. — Continuou Maya, controlando sua euforia interna. — Najas, preparem os shots de tequila.
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  Logo as calouras da Tau Sigma, colocaram os pequenos copos na mesa no centro da sala e despejaram a bebida. Eu somente engoli seco.
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  — Em que ninho de cobra você me jogou, Isla?! — Eu voltei meu olhar para ela, que mantinha um sorriso de canto surreal.
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  — Calma, é só um joguinho bobo, ninguém vai morrer aqui não. — Disse a Baker, rindo de mim.
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  — , você se desespera com muita facilidade, dependendo da sua vida social, a única coisa que pode acontecer é você sair daqui bêbada. — Completou Margareth, rindo junto.
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  — E vocês estão muito confortáveis com esse jogo. — Comentei.
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  Maya pegou um copo e ergueu.
  — Eu começo… Lembrando que a pessoa que praticou, deve beber. — Ela deu uma gargalhada assustadora. — Eu nunca saí com meu professor.
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  Maya deu início à fila de universitárias que pegaram um copo e tomaram. Foram praticamente a metade das convidadas, incluindo minha veterana loba.
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  — Isla?! — comentei ainda surpresa.
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  — Eu não sou a Madre Teresa, minha caloura.  — Ela riu baixo. — E já tive alguns rolos como um dos professores de medicina.
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  Margareth voltou o olhar curioso para ela.
  — Me diz que foi aquele deus grego de anatomia — os olhos de Marg brilharam repentinamente, tendo a confirmação de sua indagação com um sorriso bobo de Isla. — Eu sabia, ele é maravilhoso.
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  — Eu tô chocada. — Sussurrei.
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  — É porque você não o viu ainda. — Explicou minha amiga.
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  — A próxima sou eu — anunciou Kate, a conselheira da Tau Sigma, ao pegar seu copo. — Eu nunca, espiei o time de basquete no vestiário.
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  As meninas riram um pouco ao vê-la tomar o líquido. O fato de mais duas convidadas tomarem nos deixou admiradas. Mais outras nove convidadas lançaram suas “confissões”, eu tomei duas ou três, ou seria quatro? Não tive escolha. Afinal, eu já tinha ficado com o irmão da minha melhor amiga e já tinha dado o fora em um aluno popular, coisas bobas e básicas da vida de uma garota do interior.
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  — Vamos apimentar mais as coisas. — Disse Joy ao pegar seu copo. — Eu nunca dormi com o King Lion.
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  Ela apenas entornou o líquido na boca e voltou o olhar para mim. Não foi surpresa, quando praticamente noventa por cento das convidadas fizeram o mesmo; se pudesse até mesmo as outras najas que estavam trabalhando tomariam a tequila. E mais, até Maya tomou, o que me impressionou.
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  — Somente eu, você, Louise e Isla não tomamos. — Comentou Margareth.
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  — Uau, o maior libertino que você respeita, minha querida — brincou Isla, rindo baixo. — Quase um Anthony Bridgerton.
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  — Imagina… Que James não ouça meus pensamentos maliciosos. — Marg soltou uma risada boba.
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  — Eu ainda não sei como sou amiga de vocês duas. — Comentei.
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  — Só estamos dizendo a verdade. — Isla riu.
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  Eu olhei pra frente e notei que todas estavam me olhando, como se esperasse alguma movimentação de mim.
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  — O quê? — perguntei inocente.
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  — Não vai tomar? — perguntou Maya, com um olhar curioso.
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  — E por que eu tomaria? — Minha testa enrugou de leve, pois estava tentando entender a indagação dela.
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  — Você e o King, sempre juntos. — Insinuou ela.
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  — Somos amigos, somente isso. — Respondi, sentindo algo estranho internamente.
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  Certamente era o álcool das poucas doses que tomei. Eu tinha um fraco pra bebidas.
  — Acredite, naja, o máximo que rolou entre os dois foi um beijo e nada mais. — Interviu Margareth em minha defesa.
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  — Não precisa falar nada, Marg, se vocês querem saber sobre o assunto, agora é minha vez. — Eu peguei dois copos. — E já que sou a única caloura, farei em dobro…
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  — Vá em frente — encorajou Maya, se deliciando com o momento.
  Claro que senti uma risada de deboche vinda de Louise, o que fez o meu sangue ferver um pouco.
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  — Eu nunca fui beijada pelo Alpha e pelo King Lion. — Eu tomei o primeiro copo em uma golada e voltei meu olhar para Louise, então continuei. — Eu nunca fui disputada pelos dois mais cobiçados alunos de Princeton.
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  Assim que tomei o segundo copo, mantive atenta às movimentações. Todas permaneceram paralisadas e em choque. E nenhuma delas tomou nada. Então Louise deu um passo à frente, parecia querer retribuir a afronta, pegando um copo.
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  — Eu nunca fui beijada pelo Alpha. — Ela tomou o líquido em um gole, mantendo um sorriso debochado no canto do rosto.
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  O que causou cochichos a nossa volta, principalmente pelo nosso embate silencioso. Eu obviamente peguei o meu copo e tomei com raiva, então me afastei delas e saí pelo corredor até chegar na porta de entrada. Ao chegar na rua, apenas escolhi uma direção aleatória e corri o máximo que consegui, até parar de repente, já com meu estômago embrulhando.
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  — Não acredito que eu fiz isso — sussurrei ao retirar o celular do bolso e digitar algumas mensagens.
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  Eu não estava bem, e pedindo a Deus pra minha noite não piorar. Olhei para o lado e percebi que estava no ponto de ônibus, me sentei no banco e fiquei quase em transe olhando os carros passando.
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  — O que fizeram com você?! — A voz de soou me despertando em seu tom cômico habitual. — Sua cara está péssima.
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  — Hum?! — Levantei o olhar, sentindo minha cabeça zonza. — Eu acho que não estou bem.
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  — Vem, vou te levar para o dormitório — disse ele ao segurar em minha mão e me ajudar a levantar.
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  — Você não vai levar ela a lugar nenhum. — De repente apareceu em nossa frente, segurando no braço do Lion, nos deixando surpresos.
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  — O que faz aqui? — perguntou .
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  — Ela me chamou. — mostrou a mensagem na tela do celular. — Eu sou o veterano da fraternidade dela e é minha responsabilidade.
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  — Pois saiba que ela também me chamou. — Disse , mostrando seu celular também. — Cheguei primeiro, eu cuido dela.
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  — Eu chamei os dois? — perguntei, sentindo minha voz estranha. — Tem certeza?
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  Eu já não tinha mais nenhum controle das minhas ações àquela altura da noite.
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  — O que a minha irmã fez com você? — perguntou , admirado por minha aparente situação.
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  — Foi a Isla que levou ela pra festa? — soltou um riso rápido. — Mais um motivo pra não confiar em cachorros.
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  — Eu sou um lobo — retrucou .
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  — Parem os dois. — Eu me soltei deles. — Eu nunca mais confio na sua irmã e menos ainda na sua cunhada… E eu vou voltar sozinha, não preciso de nenhum dos dois.
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  Um passo para trás e uma pisada em falso com o mesmo tornozelo problemático. Foi uma quase queda ao chão e um grito de dor, até que em segundos ambos me ampararam.
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  — Você não está em condições de ficar sozinha — argumentou .
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  — Eu odeio isso, mas tenho que concordar. — também manteve o olhar sério para mim.
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  — Ok, já entendi que não vou voltar sozinha — reclamei fazendo cara feia e sentindo dores. — Meu tornozelo.
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  — Machucou novamente? — se abaixou e tocou de leve, o que me fez me encolher por latejar um pouco.
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  Enquanto isso, , me manteve apoiada a ele.
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  — Então, doutor Lua Cheia, qual a situação, vai ter que amputar? — Brincou rindo de mim.
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  Eu fiz uma careta pra ele, que riu mais.
  — Está inchado, teremos que levá-la ao hospital. — Respondeu , ignorando o apelido que lhe foi dado.
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  — Tem certeza que é necessário? Sua prima não consegue fazer nada? Talvez apenas uma compressa com gelo ou água quente resolva — disse o Lion. — Podemos comprar alguns analgésicos.
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  — Você diz isso com base em que, enfermeiro da Selva? Quatro temporadas de Chicago Med? — riu dele, retribuindo o apelido. — É bem visível que ela precisa de um médico.
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  — E você acha que será bom pra imagem acadêmica dela ser vista alcoolizada em um hospital com nós dois? — retrucou Lion, argumentando.
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  — E se for algo grave? — manteve seu olhar de preocupação.
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  — Oi… — eu chamei a atenção deles para mim ao elevar a minha voz, visivelmente embriagada. — Eu ainda estou aqui, posso decidir por mim mesma e… Meu tornozelo está doendo e…
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  Não me contive em meus próximos atos, meu corpo no automático apenas deu impulso para se afastar dele, se inclinando para frente…  
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  Presenciei o momento mais constrangedor da minha vida ao vomitar na rua e na frente dos dois.
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Vamos festejar
Vamos nos divertir
Sob as luzes ardentes
Vamos esvaziar nossas cabeças
E deixar tudo pra lá.
– Holiday / Girls’ Generation

8. Biblioteca à noite

  — Aqui — disse ao se abaixar e me entregar um lenço que retirou do bolso da jaqueta.
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  — O que fazemos agora? — perguntou me olhando de forma caridosa. — Ela parece pior do que eu imaginei.
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  — Nunca mais eu deixo minha irmã te arrastar pra essas festas do pijama. — manteve um tom baixo em sua voz, visivelmente preocupado.
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  — Nunca mais eu deixo a sua irmã e a minha cunhada se aproximarem dela — disse , enquanto me ajudava a ficar de pé.
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  Eu limpei minha boca com o lenço, totalmente envergonhada por aquela noite. Que loucura da minha parte achar que sairia intacta daquela festa do pijama após vai saber quantas doses de tequila foram. Eu respirei fundo e guardei o lenço sujo no bolso, fiquei com dó de jogar fora por achar fofo as iniciais do nome do Alpha bordadas no canto do tecido.
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  — Eu vou te levar para a mansão dos lobos, posso pedir a minha prima para olhar seu tornozelo. — Disse ao segurar em meu braço para que eu me apoiasse nele.
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  — Não mesmo, ela não vai com você, ainda mais que foi a sua irmã que a deixou nessa situação. — segurou na mão dele, para que me soltasse.
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  — Quem pensa que é para me impedir? Eu sou o veterano dela e minha fraternidade é a família dela. — tentou segurar seu olhar raivoso de lobo, mas consegui notar.
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  — Bela família essa que não protege seus calouros. — também estava com o olhar afiado para ele. — Ela vai comigo.
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  — Não vai mesmo — retrucou .
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  — Parem os dois, já disse. — Eu me soltei de ambos e felizmente consegui me manter em equilíbrio.
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  Com um suspiro cansado, mantive minha atenção nos dois.
  — Ambos só estão me deixando pior com essa troca de farpas entre vocês — fui dura e firme com eles. — Se continuarem assim, eu chamo um táxi e nunca mais dirijo a palavra a nenhum dos dois, sendo da minha fraternidade ou não.
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  Claramente pude ver ambos engolindo seco. Nunca imaginei que fosse uma dor de cabeça ter dois garotos gostando de mim, e por mais que meu ego gostasse, minha sanidade mental ia ao fundo do poço com isso.
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  — Vamos fazer assim, eu vou de carro com para o meu dormitório — iniciei meu plano de contingência, então olhei para o Alpha. — E você busca sua prima da mansão das najas, ela também estava na festa do pijama.
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  — Se ela também estava na festa do pijama, não terá nenhuma condição física e mental de nos ajudar. — Argumentou .
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  — O que sugere então? — perguntou . — Conhece mais alguém de medicina?
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  — Por acaso conheço. — King Lion sorriu de canto. — Você leva ela para o dormitório e eu consigo um residente.
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  — Não demore — disse , tentando controlar o tom de ordem.
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   apenas ignorou essa parte e me deu um beijo suave no rosto em provocação e piscou de leve antes de partir. Precisei me esforçar para não rir daquilo. Então me ajudou a dar os primeiros passos para seguir até seu carro que estava próximo, porém não sendo tão paciente como das outras vezes, ele apenas me pegou no colo para ser mais rápido. Permaneci em silêncio durante todo o caminho, assim como ele.
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  O problema do meu estômago se resolveu com o vômito, entretanto minha mente se mantinha latejando de dor. Essa era a consequência para minha ousadia com a bebida, eu nunca fui tolerante, deveria ter sido mais cautelosa. Quando chegamos no prédio do dormitório, nem tive a chance de ir caminhando até meu quarto, apenas assenti que o senhor Baker me conduzisse em seu colo com muitas testemunhas pelo caminho.
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  — Chegamos — disse ele ao me colocar ao lado da minha cama.
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  — Obrigada. — Falei em um sussurro.
  Ele respirou fundo e encostou no beiral da janela colocando as mãos nos bolsos da calça, parecia relutante em me encarar e totalmente pensativo. Aquilo me dava certa raiva, ele tinha muitas semelhanças comigo em manter seus pensamentos para si e apenas observar. Certamente se fosse já tinha me enchido de perguntas, ou estaria fazendo algum comentário malicioso sobre estarmos ali sozinhos.
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  — Vai mesmo evitar me olhar? — perguntei, permanecendo de pé. — Foi tão nojento assim me ver vomitando?
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  Inesperadamente eu arranquei alguns risos dele e ri junto. Com certeza foi nojento aquela cena e se eu pudesse apagaria totalmente da memória.
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  — Foi engraçado — ele levantou o olhar, estava sereno mesmo com a face séria.
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  — Que vergonha — sussurrei, levando a mão no rosto.
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  — Ainda está doendo? — perguntou do tornozelo.
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  — Está latejando. — Respondi prontamente.
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  Já tinha passado por um desentendimento da última vez que disse estar bem e não estava, não ia passar por isso novamente.
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  — Por que não senta? É melhor, assim não força seu tornozelo. — Sugeriu ele.
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  — Não sei se quero — recusei. — Minha cabeça também não está legal, posso ficar zonza se eu me sentar agora.
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  — Não deveria ter bebido. — Disse ele.
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  — Eu sei, mas… — mesmo não sendo forçada, era meu orgulho em jogo.
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  Ele voltou o olhar para a janela. O que me fez indagar se ele ainda estava incomodado com mais alguma coisa.
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  — O que foi? — perguntei.
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  — Nada. — Ele voltou o olhar para mim. — Por que teria algo?
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  — Porque está se forçando a não me olhar. — Expliquei o ponto da minha indagação, dei alguns passos para me aproximar dele.
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  Parei em sua frente.
  — Estou intrigado com uma coisa — confessou ele.
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  — O quê? — indaguei.
  — Você mandou mensagem pra nós dois. — Agora seu olhar tinha ficado um pouco distante e inexpressivo.
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  — Acredite, eu também não sei o porquê — assegurei a ele. — Tenho vocês dois como amigos que posso contar a qualquer momento.
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  — Esse é o problema… Não queremos apenas amizade, você já deve saber isso. — Sua sinceridade e franqueza sempre me impressionavam.
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  — Sim, mas é o que posso oferecer — disse a ele, sentindo-o tocar seus dedos da mão direita nos meus. — .
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  — Eu não vou te beijar, você não está sóbria. — Garantiu ele, com um sorriso malicioso escondido no rosto.
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  — Acho bom. — Dei um passo para trás, que para minha infelicidade foi justo com o tornozelo ruim.
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  O que ocasionou no meu desequilíbrio, o fazendo me segurar pela cintura, trazendo de forma involuntária o meu corpo mais pra perto do dele. Uma troca de olhares inesperada e meu coração acelerado, até nossa respiração parecia sincronizada. Em movimentos lentos e precisos, ele foi se inclinando para mais perto.
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  — Eu não estou sóbria — sussurrei ao sentir seus lábios bem próximos os meus.
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  — Eu sei. — Ele riu baixo e, no susto, me pegou no colo. — Vou te colocar na cama, senhorita teimosa.
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  Uma fração de segundos para que entrasse no quarto sem bater e acompanhado por um homem de jaleco que certamente não parecia ser um aluno ainda em curso, talvez fosse um veterano já na residência.
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  — O que está acontecendo aqui?! — perguntou King Lion, com o olhar atravessado para meu veterano.
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  — Quer mesmo saber? — manteve o sorriso de canto.
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  — Não está acontecendo nada — disse de imediato ao sentir a tensão no ar, olhando para o Baker. — Me coloque logo na cama.
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  Ele assentiu segurando o riso. Logo o homem se aproximou de mim e pediu permissão para olhar o estrago no meu tornozelo. Fiquei chocada ao saber que se tratava de um professor da Universidade, ele era tão bonito e de olhar acolhedor, que não tinha cara de professor. Será que ele era o tal de medicina que Isla teve sua aventura? Se foi, tá explicado o motivo.
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  — Então, professor Scott, como estamos? — perguntei, cautelosa.
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  Esse tornozelo já tinha me dado muito trabalho em um pequeno espaço de tempo.
  — Não está tão inchado como imaginei, mas você vai precisar ir ao hospital amanhã para fazer um raio x, assim teremos um diagnóstico mais preciso. — Respondeu ele, imobilizando a região com uma tala e faixa. — irá te levar até o Hospital Universitário, eu mesmo vou acompanhar e após os exames colocaremos uma bota imobilizadora.
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  — É tão grave assim? — perguntou , mais uma vez com o olhar preocupado.
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  — Não posso mensurar agora, mas pelo que pude perceber, não é a primeira vez que esse tornozelo sofre alguma lesão, não é? — O professor me olhou com seriedade.
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  — Sim, não é a primeira vez — confessei abaixando o tom da minha voz. — Eu sofri um acidente quando criança e ocasionou em uma lesão nesse tornozelo, tive uma boa recuperação, mas com pequenas sequelas.
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  — Imaginei. — Disse o professor. — Quando você força demais, corre o risco de se deslocar.
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  — Sim. — Assenti.
  — Isso ocorre quando o socorro demora para ser realizado — explicou ele, se levantando da cama. — Vejo a senhorita amanhã no hospital.
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  Assenti com a cabeça, eu sabia de tudo a respeito daquilo, mas não queria preocupar os dois enfermeiros que eu tinha arrumado para minha vida. Porque sim, eu já imaginava que sabendo disso, eu não teria paz. Ele retirou um bloco do bolso do jaleco e escreveu algumas coisas.
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  — O tornozelo dela está inchado, este remédio é para dor e este é para o inchaço — ele explicou ao entregar o papel para e olhou para . — Se certifique que ela não fará nenhum esforço sem propósito até amanhã, ou pode piorar o inchaço.
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  — Pode deixar, professor — assegurou .
  — Estarei no hospital às sete para uma demonstração aos alunos internos, leve ela até oito e meia, o laboratório já estará preparado. — O professor Scott deu suas recomendações para e depois se retirou.
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  Ambos ficaram me olhando por um tempo, pareciam digerir todo o ocorrido, principalmente o lance do meu acidente.
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  — Está tudo bem com vocês? — perguntei tentando extrair alguma reação deles.
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  — Claro que está. — se adiantou na resposta e esticou o papel para .
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  — Por que está me dando isso? — perguntou ele ao pegar, a expressão confusa.
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  — Eu busquei o médico, agora você se encarrega dos remédios — explicou o Dominos, com seu argumento simplório.
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  — Faz sentido. — sussurrei, percebendo que tinham ouvido.
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  Então os olhei novamente me encarando.
  — O que foi? — perguntei inocente.
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  — Vai logo da matilha, antes que ela sinta mais dores. — Disse , implicando com ele.
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  — É alcateia, seu selvagem. — manteve a compostura e voltou o olhar para mim. — Eu já volto.
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  Como sempre, segurei o riso e assenti com a cabeça. Assim que ele se retirou, ignorando as provocações de , eu voltei meu olhar para o leão esperando algum comentário bobo vindo dele.
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  — Posso me juntar a você? Ou é zona proibida? — brincou ao se aproximar da cama.
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  Eu ri um pouco e assenti.
  — Você pode apenas se sentar aos pés da cama — o alertei.
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  — Sério? Eu já estava sonhando com você aninhada em meus braços e eu sendo seu enfermeiro sexy o resto da noite. — Instigou ele, com um sorriso malicioso.
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  — Desculpe atrapalhar seus desejos ocultos, mas você sabe muito bem as regras — o relembrei de nossa amizade apenas.
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  — Nunca gostei de regras. — Ele deu mais alguns passos e se sentou no meio da cama. — Posso saber a história por detrás desse tornozelo?
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  Ele tocou de leve, então me olhou.
  — Não tem nada demais — respondi. — Eu era apenas uma criança medrosa perdida no meio da floresta em seu primeiro acampamento de verão.
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  — Uau. — Ele demonstrou surpresa.
  — Foi uma fase em que eu queria ser escoteira — expliquei a ele —, mas descobri que os livros da biblioteca eram mais inofensivos.
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  — Então descobriu que ler sobre aventuras era mais seguro que viver uma aventura. — Concluiu ele, rindo de leve.
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  — Basicamente isso. — Eu ri junto. — Mas eu ainda me arrisco na floresta, sou uma loba agora.
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  — Poderia ter esperado mais um ano, te garanto que a savana é mais segura — disse ele ao segurar minha mão e entrelaçar nossos dedos.
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  — O que eu tenho? — perguntei a ele.
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  — Como assim? — Ele me olhou confuso.
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  — Às vezes parece uma pegadinha, você e interessados em mim — disse abertamente meus pensamentos sobre aquilo. — Louise disse que ambos me tinham como diversão, um escape para as pressões do último ano de graduação.
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  — Não ligue para o que a Louise fala, ela sempre quer gerar intrigas. — suavizou seu olhar e sorriu de forma fofa. — Eu não posso dizer pelo , mas posso te assegurar que não é por distração, menos ainda competição, eu não sei o que fez comigo… — Ele se aproximou um pouco mais, como se fosse me beijar. — Mas tenho certeza que meus pensamentos estão se resumindo a você.
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  — … — Eu tentei repreendê-lo pela aproximação, já fechando meus olhos.
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  — Eu sei, . — Sussurrou ele, em seguida se afastando. — Amigos.
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  Eu abri os olhos, percebendo com nitidez seu olhar frustrado e ao mesmo tempo desejoso para mim.
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  — Amigos — concordei, mantendo meus dedos entrelaçados aos dele.
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  Não demorou muito até que retornou com os remédios e uma garrafinha de água. Sob a vigilância dos dois, tomei com precisão ambos dando um espaço de vinte minutos entre um e outro. Eu queria tê-los expulsado do quarto, mas ambos se negaram a me deixar sozinha, parcialmente inválida, cada um com um argumento mais inacreditável que o outro. Apenas consegui emancipação de poucos minutos para me trocar e colocar o pijama, algo que fiz com certas dificuldades.
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  — Como conseguiu a ajuda do professor? — perguntou , intrigado.
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  — Digamos que ele é do bando — respondeu à sua maneira.
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  — O professor Scott é um leão? — O olhei admirada.
  — Os lobos não são os únicos a terem representantes docentes. — Explicou o leão, com uma piscada boba para mim. — E claro que ele será bastante discreto.
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  — Imagino que sim — comentou .
  — Vocês têm certeza que vão mesmo dormir aqui? — perguntei ao olhar para o leão que estava sentado na cama de Marg e depois para o lobo que se mantinha sentado na cadeira da minha escrivaninha. — Se vocês prezam mesmo pela minha imagem, seria estranho e causaria um alvoroço eu passar a noite com os dois.
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  — Por mais que minha mente fértil esteja imaginando coisas agora, diante de suas falas, podemos deixar a porta aberta. — falou com naturalidade.
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  E do pouco que eu o conhecia, já poderia mensurar a verdade de suas palavras.
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  — Ou ambos podem ir embora e me deixar aqui, na tranquilidade do meu quarto. — Argumentei novamente.
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  — Não vamos te deixar sozinha. — me olhou com tranquilidade. — Odeio concordar com ele, mas podemos deixar a porta aberta, assim, não teria boatos infundados.
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  — Só de estarem aqui já terá boatos. — Retruquei. — Eu estou bem, não é a minha primeira vez com alguma parte do corpo enfaixada.
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  Meu olhar sério para eles durou pouco tempo, até que a porta se abriu sozinha, revelando Marg sendo amparada por seu namorado. Algo que não nos chocou nem um pouco.
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  — Opa, não sabia que o quarto estava superlotado. — James brincou um pouco, pegando sua namorada no colo para acomodá-la na cama.
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  — O que aconteceu com ela? — perguntou se levantando e ajudando o irmão. 
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  — Não me pergunte, eu só recebi uma mensagem da Joy me pedindo para ir buscá-la. — Explicou James, ao cobri-la com carinho.
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  — Essas festas do pijama das garotas me deixam em choque — comentou num tom baixo, certamente imaginando como estaria a sua irmã.
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  — Ela não está em nenhum tipo de coma alcoólico não, né? — perguntei erguendo meu corpo preocupada.
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  — Não, minha garota é resistente, precisa de muitas doses para derrubá-la — brincou James, rindo. — Mas pelo que entendi, elas misturaram tequila com outras bebidas.
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  — Isso foi depois que eu saí, com certeza — comentei.
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  — Quando você foi embora? — James me perguntou curioso.
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  — Elas estavam jogando Eu Nunca — respondi, me lembrando da tragédia que foi minha ousadia.
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  — Tá explicado. — me olhou de imediato.
  E notei que fez o mesmo.
  — Eu perdi alguma coisa aqui? — perguntou James, segurando o riso.
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  — Não, mas sua chegada vai ajudar muito — desconversei e sorri gentilmente. — Gostaria, por favor, de acompanhar ambos os cavalheiros até a saída e levá-los embora?
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  — Hum… — James olhou para um e depois para o outro. — Eu já ia perguntar se poderia passar a noite aqui para cuidar da minha garota.
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  — Parece que vamos todos passar a noite aqui. — piscou para o irmão, como se fosse um gesto de agradecimento.
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  — Nisso eu concordo, não vou deixar minha caloura sozinha com um selvagem. — Disse , em seu momento de sutil concordância.
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  — Eu desisto. — Me virei de leve e afofei o travesseiro, então me deitei melhor e cobri mais meu corpo. — Só não façam barulho.
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  Cobri minha cabeça e fechei os olhos, só me restava apenas dormir e absorver a loucura que tinha sido aquela noite.
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  — Hum?! — Meu sono foi despertando aos poucos pela manhã.
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  Ao abrir meus olhos, de imediato notei o olhar curioso de minha amiga para mim. 
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  — Bom dia, Margareth. — Sussurrei ao erguer meu corpo, me sentando na cama.
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  — Bom dia. — disse ela, mantendo sua atenção em mim. — Não está sentido falta de nada não?
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  — Hum… — Eu levei a mão no pulso do braço esquerdo e confirmei minha correntinha nele. — Não, acho que não?
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  — Ah… Deixe eu refrescar sua memória, dois homens charmosos e atraentes de um metro e setenta de altura — disse ela num tom bobo e sarcástico.
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  — Ah, meus enfermeiros — ri baixo. — Verdade, eles estavam aqui quando adormeci.
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  — Pois é, eu acordei no meio da noite com James ao meu lado e seus enfermeiros sentados no chão acordados e conversando. — Contou ela, parecia mais chocada do que eu naquele momento.
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  Leão e lobo conversando civilizadamente.
  — Por essa eu não esperava — confessei.
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  — Nem eu. — Ela riu. — E você estava totalmente apagada.
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  — O que aconteceu?! — perguntei curiosa.
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  — Expulsei os três do nosso quarto. — Foi tão natural da parte dela.
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  — Obrigada, eu juro que tentei, sem sucesso — disse em minha defesa.
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  — Eu imaginei que a preocupação deles fosse com excesso. — Ela riu e, se levantando de sua cama, veio sentar na minha. — Qual é o lance com o seu tornozelo de novo? Parece até novela mexicana.
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  — Nem me fale, pisei em falso de novo e deu problema mais uma vez — expliquei a ela. — Preciso me atentar mais aonde piso.
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  — Bom, pelo menos não estava sozinha — comentou ela, demonstrando alívio. — E o que aconteceu depois que saiu da festa? Algumas fotos suas sendo carregada pelo Alpha nos corredores do dormitório começaram a circular no celular de geral.
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  — Nem me fale sobre isso e não quero falar do assunto. — Adiantei antes que ela pedisse por detalhes. — Só quero ter um pouco de paz antes da semana de provas.
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  — Nem fale sobre isso — disse ela, se levantando.
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  Dois toques soaram da porta de repente. Marg caminhou até lá e abriu, um passo para trás e meu leão enfermeiro entrou. Estava ali para me levar ao hospital como ordenado pelo professor Scott. Eu o fiz esperar do lado de fora por alguns minutos enquanto me trocava com a ajuda de minha amiga. 
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  — Obrigada — disse assim que ele me ajudou a encaixar o cinto de segurança.
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  — Não há de que. — Ele sorriu gentilmente e fechou a porta, então entrou no lado do motorista.
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  — O que aconteceu com o outro enfermeiro? — perguntei curiosa.
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  — Que garota gananciosa, um só não é o bastante?! — perguntou ele, ao ligar o carro demonstrando estar chateado.
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  — Só estou curiosa, ambos estavam tão solícitos comigo ontem — expliquei a ele.
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  — Seu veterano teve outros assuntos para tratar. — Agora tinha traços de ciúmes vindo dele. — Desculpe se minha presença a desaponta.
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  — É claro que não, eu também gosto muito da sua companhia — assegurei a ele. — É o meu enfermeiro sexy — brinquei.
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  — Não diga essas coisas, machuca meu coração saber que suas palavras são apenas brincadeira — resmungou ele.
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  — Foi você quem começou. — Retruquei, rindo discretamente.
  Assim, seguimos para o Clive Medical Center University, o hospital universitário que tinha afiliação com Princeton, no qual muitos de seus internos e residentes eram alunos da universidade. O professor Scott já estava à nossa espera e apresentou meu caso à professora Fallin, a responsável geral pelas cirurgias ortopédicas e residente chefe do hospital.
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  — Entre mortos e feridos, salvaram-se todos — brincou a professora Fallin. — Você terá que ficar mais algumas semanas utilizando a bota até tudo normalizar com seu tornozelo, mas pelo menos não está tão inchado quanto imaginei.
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  — E vou precisar tomar alguma coisa? — perguntei.
  — Apenas os comprimidos que o doutor Scott te receitou com precisão — respondeu ela, se afastando da cama em que eu estava. — Se sentir qualquer desconforto, não hesite em me ligar.
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  — Tudo bem. — Assenti.
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  — Pode deixar que eu vou cuidar muito bem dela. — Assegurou , se aproximando de mim.
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  Seu olhar de criança sapeca me deixava fascinada, era divertido.
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  — Assim espero, King — disse ela.
  Com a ajuda do meu amigo, deixamos o hospital. Felizmente sem dores, mas comigo totalmente sem saber o que fazer. Eu tinha uma vida acadêmica para seguir adiante e não podia paralisar tudo por causa do meu tornozelo imobilizado. Um par de muletas canadense para minha liberdade, foi um empréstimo da professora para que eu não dependesse tanto dos meus enfermeiros voluntários. Se ela sabia ou não da história toda eu não sei, mas agradeci muito por isso.
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  Ao ser deixada em frente ao prédio de Ciências Sociais, me fez prometer que ligaria para ele caso sentisse dores. Assenti e segui para minha aula de Expressão Gráfica. Não que eu fosse me esconder dos olhares ao longo do dia, mas já estava cansativo os cochichos por onde eu passava, então só me restava um lugar para passar meu tempo em repleto sossego: A Biblioteca.
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  E lá se foram algumas horas do final da minha tarde, comigo fazendo meu trabalho de estagiária dos livros, lenta e despreocupadamente, enquanto minha chefe, Hana, me deixou com as chaves do lugar.
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  — Nem de muletas você deixa esse lugar. — A voz de soou da porta, admirado por me ver trabalhando.
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  — Não estou totalmente inválida, ainda tenho uma perna e duas mãos — disse a ele, enquanto empurrava com dificuldade o carrinho.
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  — Que tal pedir ajuda? — disse ele ao adentrar mais e se aproximar. — Duas mãos e duas pernas a mais é bem melhor.
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  — Eu estou bem, tem pessoas em situações piores que fazem bem mais que isso — argumentei.
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  — Verdade, mas não muda o fato de que eu vou te ajudar — disse ele, pegando dois livros.
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  — Ok. — Assenti sem reclamar.
  Realmente, com ajuda tudo fica mais rápido, foi questão de minutos para todos os livros devolvidos estarem novamente em suas respectivas estantes. Ao final, eu me sentei em um dos corredores da sessão de romance e peguei um livro aleatório, sempre fazia isso para passar meu tempo ali.
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  — Finalmente cansou? — perguntou ele, ao perceber meu repentino desaparecimento e me encontrar ao chão.
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  — Confesso que sim. — Estiquei minha perna um pouco incomodada por estar coçando e não poder fazer nada.
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  — E o que faremos agora? — perguntou ele, ao se sentar ao meu lado. — Você sempre lê algo após terminar?
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  — Geralmente sim, quando não tenho que estudar. — Respondi. — Eu deveria por causa das provas da próxima semana, mas não quero me desesperar antes da hora.
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  — E nem deve, você é uma ótima aluna. — Disse ele, seguro no olhar.
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  — Adoraria que entregasse uma carta de recomendações para o professor Brown. — Brinquei um pouco com a situação.
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  — Me perdoe por todo o transtorno — disse ele, num tom mais baixo.
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  — Não é culpa sua, acho que já até me acostumei com as implicâncias dele. — E de fato estava mesmo já acostumada.
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  — Ainda assim — ele esticou a mão e pegou o livro que eu tinha apoiado em meu colo. — Como Eu Era Antes de Você. – Sussurrou ele o título. — Não acha que está muito tarde para chorar? — perguntou. — Para quem não quer pensar no desespero das provas.
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  — Você já leu? — retruquei. — Porque eu não.
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  — Não, mas já vi o filme. — Respondeu ele com naturalidade.
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  — E você gosta de filmes de romance? — Aquilo me surpreendeu.
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  — Eu tenho uma irmã muito persuasiva. — Explicou ele, não me convencendo.
  — Não é vergonha um homem gostar de romances e chorar às vezes — assegurei.
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  Ele apenas riu.
  — me disse mais cedo que tinha coisas para resolver — comentei.
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  — Sentiu minha falta? — Ele me olhou.
  — Hum… — Eu preferi não responder. — Está tudo bem?
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  — Sim, está…
  — Posso te perguntar uma coisa?! — Eu o olhei.
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  — Diga. — Sua atenção se manteve em mim.
  — O que existe entre você e a Louise?
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  Não era exatamente aquilo que eu queria perguntar, mas não podia apenas chegar e dizer que sabia do segredo dos outros.
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  — Por que a pergunta? — Mesmo com o olhar sereno, seu rosto permaneceu sério.
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  — Curiosidade. — Voltei o olhar para a capa do livro. — Vocês são bem próximos e é bem óbvio que ela sente ciúmes da nossa amizade.
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  — Somos amigos, nada mais que isso. — Respondeu ele. — Nos conhecemos desde pequenos e por isso somos próximos.
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  — Entendo. — Respirei fundo. — Você também parece conhecer bem o , por mais que não sejam tão próximos assim.
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  — Já fomos amigos um dia. — Confessou ele. — Se é isso que queria saber…
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  Ele se inclinou um pouco mais e ficou me encarando.
  — O que de fato você quer perguntar? — insistiu.
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  — Eu só queria entender o universo de vocês. — Iniciei minhas teorias da conspiração. — Soube de algo que certamente não deveria saber, mas que implica na vida de muitas pessoas…
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  — O que você soube? — indagou ele.
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  — Que a Louise é irmã do . — Respondi sem rodeios.
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  — Foi a Isla, não foi? — perguntou.
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  Assenti com a cabeça.
  — Esse é o segredo mais complexo da minha família. — Ele riu baixo. — Bem, o segredo nem é nosso.
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  — Como é conviver com toda essa loucura? — Estava curiosa.
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  — Acredite, mesmo não estando diretamente envolvido, não é fácil. — Confessou ele. — Quando criança, eu e éramos inseparáveis, como irmãos, até que o tempo da inocência acabou quando ele ouviu meus pais falando sobre o assunto… Era dia de ação de graças e eu o tinha convidado para dormir na minha casa, eu pedi para que ele não contasse a ninguém, como irmão mais velho era o seu dever guardar o segredo da família dele, mas…
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  — Ele contou. — Concluí.
  — Não exatamente. — voltou o olhar para frente. — Ele confrontou sua mãe pedindo uma explicação… Não sabia que o irmão estava em casa… James, ao ouvir, contou para Louise e o caos se instalou. O casal Dominos culpou meus pais por toda a confusão e nós apenas nos afastamos. — Continuou a história. — Eu não sei como é a relação dele com a Louise, mas sei que ela mudou muito depois que descobriu.
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  — Mudou como? — perguntei curiosa.
  — Ficou mais insensível. — Respondeu. — Mas, mesmo assim, não deixei de ser seu amigo, um dos poucos que ela tem desde criança.
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  — A Isla não gosta muito dela — comentei.
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  — Não, não gosta.
  — Você nunca pensou em voltar a ser amigo do ? — Voltei meu olhar para ele.
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  — O que está querendo, me juntar a ele? — brincou .
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  — Dá pra perceber o quanto se divertem juntos, mesmo quando estão trocando declarações de amor. — Brinquei ao me referir às farpas entre eles.
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   apenas sorriu com o olhar aparentemente de alguém que estava refletindo. Então, remexendo um pouco, deitou em meu colo, apoiando as costas no chão e ficou me olhando em silêncio.
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  — O que está fazendo? — perguntei.
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  — Me aconchegando para te observar a ler — respondeu ele.
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  Aquele lobo era inacreditável.
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Eu preciso de você, garota
Por que eu me apaixono e
Digo adeus sozinho?
Eu preciso de você, garota
Por que eu preciso de você mesmo sabendo que vou me machucar?
– I Need U / BTS

9. Provas do Outono

  As duas semanas arrasadoras de provas haviam chegado, faltando apenas vinte dias para o recesso de Natal. Meu planner estava mais louco e em surtos do que eu, com trabalhos para entregar, artigos para ler, provas para fazer e resenhas para escrever. Com tantas coisas disputando a minha atenção, eu apenas ignorava as mensagens no grupo do whatsapp da fraternidade e tinha até silenciado ele.
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  E agora tinha a mais inusitada novidade: o coordenador do curso de jornalismo e editor chefe do jornal do campus havia me oferecido uma vaga na redação, pelo fato de simplesmente se apaixonar por meus artigos malucos exigidos pelo professor Brown, que periodicamente eram entregues para serem publicados na sua redação. 
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  Era um fato que sua oferta pareceu mais uma intimação que um convite, mudando totalmente minha rotina e me forçando a deixar o trabalho na biblioteca. Um lado bom? Receberia meio salário como motivação e ajuda nas despesas estudantis. Em contrapartida, tinha que escrever três artigos especiais por mês para o jornal e ajudar nas matérias do dia a dia. Como se eu já não tivesse muita coisa para fazer.
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  Eu estava ficando mesmo popular em Princeton, mais do que gostaria, para ser honesta, entrei querendo ser o mais anônima possível e acabou acontecendo o contrário. Agora só desejava chegar viva ao final da minha graduação ou pelo menos com parte da minha sanidade mental intacta.
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  Em alguns momentos chegavam mensagens de perguntando sobre meu tornozelo e se estava tudo bem com a chuva de tarefas diárias que eu tinha. Era fofo ver sua preocupação comigo, principalmente quando se oferecia para me ajudar em atividades que certamente não fazia a mínima ideia de como executar. Um exemplo? As muitas maquetes físicas que a senhora Foster, professora de estruturas e representação tridimensional, inventava para os alunos.
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Vou conseguir te ver hoje?
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  Olhei para a tela do celular. Final da tarde de terça-feira e curiosamente o tempo estava fechado com uma leve camada de chuva. Não estava tão frio quanto imaginei, mas a brisa se mantinha gélida, dei sorte do ar condicionado do escritório do jornal estar estragado. Assim, não morreria congelada.
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Infelizmente não.

O que faz aí?

 

 

Estou aproveitando o momento de silêncio no jornal para estudar
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você realmente não descansa?
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Princeton deixa?
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kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

 

  Eu ri de leve também.

 

o que vossa majestade leonina está fazendo?

tive um almoço em família hoje
sobre o futuro

 

 

hum… futuro?

sou um veterano e logo vou me formar
meu pai acha que estou pronto para trabalhar na empresa da família
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uau, um homem de negócios, king lion
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  Eu ri, voltando meu olhar para a porta, passavam algumas pessoas conversando no corredor. Me distraí um pouco, olhando as sombras por debaixo, até que voltei o olhar para o celular.

não exatamente,
nem só de nepotismo vive a família Dominos
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  Aquilo soou como uma brincadeira. Certamente pelo comentário que fiz bem no início quando nos conhecemos.

 

não entendi.

a empresa que vou trabalhar rege a meritocracia, digamos que vou começar como o garoto do café ou office boy
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  Ele mandou uma figurinha de um entregador de pizza que me fez rir. Por aquilo eu não esperava. Não da família dele, seus pais pareciam prezar muito pela aparência, deixar o filho iniciar sua carreira profissional tão baixo assim?

 

você disse a empresa que vou trabalhar
não é a do seu pai?

é sim, do meu pai
mas quem disse que é minha?
pelo menos é isso que ele declara todos os dias
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nossa
não sei o que dizer

fique tranquila, para ser honesto não tenho mais nenhuma vontade de ser o presidente daquele lugar
por mais que minha mãe queira
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e o que você quer?
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você
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  Ele mandou uma selfie dele fazendo um coração com os dedos. Não me contive em rir novamente.

 

eu falei sério.
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eu também
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  Respirei fundo para digitar algo, porém ele foi mais rápido.

ando tendo outros planos para meu futuro
e meu irmão pensa o mesmo

 

 

vão montar a empresa de vocês?
serem livres?

sim, é a nossa meta
mas para saber gerenciar a nossa, precisamos começar de baixo
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devo imaginar que seja um sonho de criança?
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talvez, falta uma terceira parte
mas…

 

 

mas?

esquece, está ocupada agora?
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não, estava apenas esperando a Marg para irmos embora.

sua amiga deve estar em um momento bem íntimo com o meu irmão no carro dele na garagem da mansão
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sério?

  Bufei irritada. Ela havia me feito jurar que esperaria por ela.

posso te dar uma carona

 

 

não vou te fazer sair de casa
moro há alguns passos do dormitório
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quem disse que estou em casa?
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  Uma caixinha de surpresas tanto quanto o alpha. 


  Contudo, as mensagens da Isla brigando comigo por preferir ficar no meu quarto à participar das reuniões da fraternidade conseguiam ser ainda mais aterrorizantes que as notas das provas no final do dia. O que me deixava mais nervosa era a demora dos professores nas correções e os bugs que o sistema demonstrava quando se sobrecarregava com aflições dos alunos.
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  Por fim, tinha . Meu veterano com seus convites sugestivos para passeios noturnos pelo bosque, em que na maioria das vezes ele me carregava nas costas para assim evitar mais alguma queda de minha parte.
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  — Tem certeza que não estou pesada? — brinquei, sentindo meu corpo balançar suave, enquanto era carregada por ele em suas costas. — Sabe que posso andar, não é?
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  — Pare de me fazer mudar de ideia — reclamou ele, mantendo a seriedade e continuando a caminhar por entre as árvores. — Não vou te colocar no chão.
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  — Mas eu estou bem, meu tornozelo não está dolorido nem nada. — Retruquei.
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  — Não vou deixá-la se acidentar novamente, não no meu turno. — Ele se manteve firme em sua decisão.
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  Eu ri de leve pela forma que falou e assenti. Apoiando minha cabeça em seu ombro, olhei para o lado, contemplando a natureza à nossa volta. O último mês de outono sempre carregava a sensação do frio que viria na próxima estação e, após quase uma semana de chuva constante, ali estava o céu estrelado de sábado à noite. A natureza silenciosa e meu coração extremamente falante, enquanto me aninhava nas costas dele.
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  — Agora é você quem está calada — comentou , ao parar em frente ao lago Grovers Mill Pond. — Adormeceu?
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  — Bem que suas costas são convidativas, mas estou acordada — respondi prontamente.
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  Ele me colocou no chão e manteve o olhar sereno para o lago, então sentou no piso de um deck improvisado que tinha no local. De onde estávamos dava vista para uma casa do outro lado da margem, na qual sua atenção permaneceu.
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  — Posso saber seus pensamentos? — perguntei me sentando ao seu lado.
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  — Eles são bem caros, quer negociar? — brincou ele, voltando seu olhar para mim com intensidade.
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  Eu fiquei estática por uns segundos e ele percebeu minha falta de reação. Então riu baixo, voltando o olhar para frente.
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  — Penso no futuro — explicou ele.
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  — Você também? — Fiquei admirada.
  — Não se espante, isso é bem comum entre os veteranos. — Ele riu baixo. — Principalmente quando estamos próximos a graduar.
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  — Está feliz com seu curso de arquitetura? — indaguei a ele.
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  Tinha que admitir que minha amizade tanto com ele quanto com o leão, era bem superficial; eu me intrigava com seus segredos de família, porém tinha curiosidade em conhecê-los melhor. Sua essência escondida da sociedade.
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  — Sim, não era a minha primeira opção, mas aprendi a gostar. — Ele inclinou o corpo se deitando, observando as estrelas.
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  — E qual era a sua primeira opção? — indaguei, curiosa.
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  — Acredite ou não, designer de games — contou ele, num tom saudoso. — Houve uma pequena época da minha vida que passava o dia jogando sem preocupações.
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  — Deixa eu adivinhar, seus pais não deixaram. — Minha suposição era certa.
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  — Não. — Confirmou ele. — Eu deveria seguir os passos do meu pai no ramo da construção civil, consegui me livrar da engenharia, mas acabei na arquitetura.
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  — Você ainda pode virar o jogo, a arquitetura está bem em alta nos games, você já jogou Assassin’s Creed? — argumentei, tentando motivá-lo a voltar-se para o que gosta. — O cenário é impecável.
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  — Gosto de como você enxerga as coisas — comentou com um sorriso de canto. — Queria ser otimista assim.
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  — Nem sempre fazer o que nossos pais querem é o certo, se eu pensasse assim não teria vindo para Princeton… Eles queriam que eu fizesse medicina veterinária — argumentei com propriedade. — É melhor trabalhar com aquilo que te dá alegria do que ver a vida passar fazendo o que não gosta.
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  — E quando foi que resolveu ir para o design? — perguntou ele, voltando o olhar para mim.
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  — Hum… Não sei dizer, sempre gostei de desenhar, mas… Acho que fui sendo conduzida pelas oportunidades até chegar aqui. — Contei. — Apesar de ainda não me decidir pela especialidade.
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  — Você tem muitas opções — assegurou ele, erguendo o corpo e me olhando fixamente.
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  — Sim, design de moda, joias, mobiliário, interiores, de serviços, gráfico, produto, jogos… — eu suspirei rindo. — Todos possuem seu ponto de destaque e em alguns existe algo chamado representação técnica, que odeio.
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  Nós rimos juntos, com ele assentindo.
  — Pelo menos agora você sabe pelo que passei — comentou ele.
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  — Saiba que meu sofrimento é maior por não conseguir me decidir pela especialização, o diretor fez questão de me matricular em todas as aulas técnicas, como se minha carga horária não tivesse superlotada — desabafei um pouco.
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  — Como tem sido o estágio no jornal? — perguntou ele.
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  — Não levo como um estágio e sim como um trabalho forçado. — O corrigi.
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  Ele riu de imediato, mantendo aquele olhar profundo em mim. O que me deixava ainda mais desnorteada.
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  — Eu realmente estou desapontada com você, Fletcher. — Isla entrou no meu quarto e cruzou os braços lançando um olhar desaprovador.
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  Em plena terça-feira de manhã, eu não tinha forças para criar argumentos para ela e, para ser honesta, ninguém nunca terá argumentos válidos para Isla Baker. Eu estava refugiada em meu quarto, aproveitando que não tinha aula naquele dia e já havia feito prova de Linguagens Visuais. Somente desejava paz e tranquilidade, por pelo menos aquela manhã.
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  — O que eu fiz agora? — Coloquei o marcador de páginas dentro do livro e o fechei, então olhei para ela.
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  — O que você fez? — Ela soltou um suspiro cansado. — Por que não foi na reunião de hoje?
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  — Pelo que soube era uma reunião administrativa e somente para altos cargos, eu sou uma aprendiz de caloura — expliquei a ela.
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  — Você é minha assistente e a partir de hoje é obrigada a comparecer. — Reforçou ela, não dando importância ao meu argumento.
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  — Ok — suspirei fraco —, mais alguma coisa?
  — Hum… — ela me olhou como se me analisasse. — Que cara é essa?
  — De cansaço — respondi voltando meu olhar para o livro fechado. — Tive seminário hoje, prova ontem e amanhã, a pedido do coordenador do curso de moda, vou organizar um workshop sobre desenhos à mão, croquis e técnicas de colorir.
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  Respirei fundo, tentando não descontar meu estresse nela.
  — Uau, sua agenda está andando mais cheia que a minha. — Brincou ela ao se sentar na minha cama. — E qual o motivo do meu coordenador de curso te escravizar assim?
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  Ela parecia em total surpresa.
  — Isso que dá não definir sua especialização e ser uma boa aluna — expliquei sem detalhes a ela.
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  — Uau, não sei como te consolar, amiga. — Seu olhar estava mesmo empático.
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  — Acho que estou me acostumando, dias piores estão batendo na minha porta, pois acabando as provas desta semana, tenho apresentação de trabalhos e resenhas para a próxima — comentei com ela, tentando não surtar. — E para completar com chave de ouro, nosso amado professor, senhor Brown, me pediu outro daquele artigo extremamente complexo e detalhado….
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  Eu queria jogar uma bomba nele? Sim, queria.
  — Já não me bastava ter que aceitar forçadamente o convite do professor Juan e me juntar ao jornal da do campus. — Terminei meu desabafo.
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  — Nossa, mas pelo menos você tem a Margareth para te ajudar no jornal — disse ela, tentando suavizar a situação. — Pense pelo lado bom e olhe o copo meio cheio.
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  Eu lancei meu olhar atravessado para ela, de quem queria matar alguém.
  — Calma, amiga, só tentei levantar sua motivação. Mas se tratando do professor Brown, estou em choque. É o quê? A terceira vez só nesse semestre? — perguntou ela.
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  — Quarta. Quarta vez em menos de quatro meses como se fosse mesmo fácil escrever um artigo. — A olhei, uma indignação me consumindo por dentro. — Ele quer me ferrar, eu já entendi, e já nem sei quantos favores estou devendo para Joy.
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  Ela soltou uma gargalhada boba de forma espontânea, pareceu nem se segurar.
  — Pode acreditar que meu irmão não vai te deixar pagar nenhum favor a ninguém daqui. — Ela me olhou com mais serenidade. — já percebeu a implicância do senhor Brown com você.
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  — Olha, se o problema é a Louise, eu entrego seu irmão de bandeja para ela — confessei me sentindo um pouco alterada pela irritação daqueles dias acadêmicos, precisava me controlar mais. — Quantas vezes tenho que dizer que não quero me envolver com ninguém?!
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  — Então eu virei um objeto para ser entregue assim? — A figura de apareceu na porta, de braços cruzados e me olhando com seriedade.
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  Voltei meu olhar para a janela, numa mistura de raiva e vergonha. 
  Confesso que me esforçava bastante para não encará-lo em alguns momentos, principalmente quando estava sob o estresse da graduação. Ainda mais depois do nosso último beijo. Tantas coisas estavam acontecendo entre nós, que me deixava ainda mais confusa e indecisa. Seria tão mais fácil se fôssemos apenas bons amigos, sem segundos interesses e nem aquela atração física que bagunçava tudo internamente. 
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  — Bem, eu tenho que ir, preciso me preparar para apresentar um trabalho de superfícies amanhã, e ainda não terminei de montar os slides. — Isla se levantou da minha cama e seguiu para porta. — Seja menos frio e mais cavalheiro, quem está sob pressão aqui é ela, não você. 
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  Minha veterana disse em alto e bom som, para que eu ouvisse, então saiu fechando a porta. 
  — Posso perguntar se está tudo bem? — Ele deu alguns passos se aproximando, permanecendo de pé.
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  — Sim — assenti —, estou bem, só cansada.
   Continuei olhando para a janela. Logo ele pegou em minha mão e me fez olhá-lo. 
  — Agora é você quem está me ignorando — reclamou ele, com razão.
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  — Não estou te ignorando, só preciso de espaço, tenho muitas coisas para…  — respirei fundo, me sentindo levemente sufocada. 
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  A pressão de Princeton estava sendo maior do que imaginei que seria. Querendo ou não, metade era por sua causa. me puxou para ele, me fazendo levantar da cadeira e me abraçou forte, algo que me fez sentir segura e confortável.
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   — Me desculpa, sei que tenho parte nisso — confessou ele, com um tom frustrado e amargurado. — Queria poder fazer algo para te ajudar.
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  — Graças a você, me tornei muito próxima da Joy — brinquei em sussurro. — Eu estou bem, vou ficar bem.
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  — Não está. — Ele segurou em minha mão. — Vamos dar uma volta.
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  — Eu tenho um workshop amanhã — o alertei dos meus compromissos acadêmicos.
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  — Prometo te devolver a este quarto antes do amanhecer — brincou ele.
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  — Estou falando sério. — Reforcei minhas responsabilidades.
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  — Eu também. — Ele sorriu, tomando impulso para me beijar.
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   Porém, o barrei no meio do caminho com minha mão sobre seu tórax.
   — Você me prometeu que seria uma amizade saudável e sem beijos — o lembrei do nosso trato de dias atrás. — Eu não quero me…
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  — Tudo bem. — Assentiu me interrompendo. — Me desculpe, prometo que vou me comportar. 
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  Saímos do quarto e seguimos a pé para o bosque. Novamente nossa caminhada noturna em meio às árvores foi silenciosa, porém relaxante, apesar dos ventos frios do final de outono.
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  — Eu não aguento mais isso. — Disse desabando no chão da biblioteca segurando as lágrimas.
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   É claro que o senhor Brown usaria todas as suas armas para me perseguir naquela última semana de estudos do semestre letivo. Além da prova de segunda-feira, que parecia um absurdo cair tanto conteúdo em apenas 20 questões, e havia sido adiada na semana passada propositalmente, também teria que lhe enviar o bendito artigo até sábado pela manhã. O tema? Processo criativo da Bauhaus e sua contribuição para a metodologia do ensino do design autoral atual. É claro que eu seria a única aluna a escrever isso. 
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  E eu tinha como contestar? Não, claro que não.
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  Eu estava ficando maluca com tudo isso. E correndo riscos de odiar a Bauhaus.
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   — Vai deixar Princeton te vencer? — A voz de soou ao meu lado.
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    Levantei a cabeça e o olhei desanimada, com lágrimas se formando no canto dos meus olhos. 
  — Não imaginava que ser um lobo seria tão pesado assim — disse com um suspiro fraco. — Não quero mais isso. 
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  — Ei — ele se agachou e me olhou com ternura, secando com o dedo indicador a primeira lágrima que ousou cair —, essa não é a caloura de Wisconsin super forte e determinada que conheci na Fire Party.
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  — Ela foi fuzilada pela semana de provas e só estamos na quinta-feira. — Expliquei em minha defesa, tentando me recompor.
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  — Olha, até que não seria uma má ideia você se desligar dos lobos, eu poderia te conceder abrigo político — brincou ele. — Mas fraternidade é para a vida toda, como uma família, se escolheu eles, deve permanecer com eles mesmo sendo atacada por isso.
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  — Estou surpresa por suas palavras. — E estava mesmo.  
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  Ele sorriu de canto e, pegando em minha mão, se levantou me puxando consigo. 
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   — Que tal esquecermos um pouco essa pressão toda de ser um lobo e ter que lidar com o professor Brown, e nos divertimos um pouco — sugeriu ele.
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  — Eu tenho um trabalho de desenho técnico para entregar amanhã de manhã — disse a ele. — Além do artigo daquele que não deve ser nomeado.
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  — Eu sei que é a melhor aluna da sua sala — contra argumentou pegando os dois livros da minha mão. — E sei que seus desenhos são tão bons que nem precisa caprichar muito.
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  — E para onde pretende me levar?! — perguntei intrigada.
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  — Não se preocupe, não será para meu quarto. — Brincou ele.
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  — Considerando você, até a biblioteca da pedra do rei é um local perigoso — assegurei.
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   Nós caímos na gargalhada e seguimos até a senhora Hana. 
  Desta vez ela quem estava no comando da biblioteca e não Lin, sua estagiária. Esperei até que ela registrasse no sistema os livros que estava pegando, então guardando na mochila, saímos do lugar. O carro de nos aguardava na porta, assim como os olhares curiosos e alguns celulares discretos que tiravam nossas fotos às escondidas. Tentei não me importar. Se tinha uma coisa que comecei a praticar nas últimas semanas é fingir que não sou o assunto principal do ano e seguir com minha vida acadêmica. 
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   Para minha surpresa, King Lion me levou em uma arena de paintball, algo que nunca imaginei ter perto do campus. Segundo ele, eu precisava me desestressar e relaxar antes de voltar à rotina de trabalhos, resenhas e artigos do professor Brown. Me desliguei de tudo e entrei no clima de diversão proposto por ele. Trocamos de roupa, ele com um macacão azul e eu com um laranja. Após uma breve explicação do funcionário sobre o funcionamento das armas, seguimos para o campo de batalha. 
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  Me deu um leve frio na barriga, quando o apito soou e a partida começou.  
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  King Lion tinha reservado aquele tempo especialmente para nós dois, e me perguntava quanto tinha saído do seu bolso para isso. Era surreal conviver com os herdeiros de Princeton e suas facilidades em conseguir as coisas através da fortuna e prestígio de suas famílias. Agora eu entendia a frustração de Margareth quando dizia que seu sonho de consumo era apenas ter grana para morar na mansão de sua fraternidade.  
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  Deixei minha mente relaxada e me diverti bastante ao longo daqueles 40 minutos de caçada ao leão. Posso dizer que foi um inusitado safari em cidade grande? Foi engraçado quando ficamos frente a frente e se rendeu me deixando ganhar. Não foi muito justo, mas bem cavalheiro de sua parte. Do paintball, ele me levou ao Starbucks e pedimos dois frappuccinos de chocolate acompanhados de fatias de torta de limão holandesa. Uma boa combinação na opinião dele. 
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  — Obrigada — disse ao terminar de mastigar o último pedaço da torta. — Foi realmente uma tarde divertida, superou minhas expectativas.
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  — Olha só, então estou no caminho certo, te surpreender é meu novo objetivo de vida. — Disse ele com um sorriso simples no rosto.
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  — Oh céus, acho que você pode ter objetivos melhores que impressionar uma loba, ainda mais caloura — brinquei, o olhando.
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  — Eu gosto da sua companhia e estou aprendendo a gostar da sua amizade. — Confessou ele ao terminar a sua bebida. — Só não vou me contentar apenas com ela.
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   Ele não desistia mesmo. 
  — Bem, acho que já posso voltar para a realidade. — Disse ao terminar minha bebida também.
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  — Não, só irá retornar para aquele estresse todo amanhã, eu sei muito bem que pode entregar seus desenhos no final da tarde. — Ele se levantou da mesa e deixou uma gorjeta para a atendente debaixo de seu prato. — Agora vamos apreciar o horizonte.
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  — Apreciar o horizonte? — Olhei curiosa.
  Não faria nenhum esforço para recusar, internamente estava mesmo querendo ficar longe de todas as minhas responsabilidades acadêmicas.
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  — Se os lobos têm o bosque, os leões têm a savana inteira. — Ele piscou de leve e estendeu a mão para mim. — Vamos lá?
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  — Hum… — sorri de leve e segurei em sua mão.
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  Nosso destino misterioso?  
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  O terraço verde da mansão da fraternidade Theta Nu Gama.
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  E sim, a vista da cidade proporcionada naquele lugar era única e impressionante. Olhar para o horizonte, fim de tarde ao pôr-do-sol era como estar em Wisconsin de novo, me trazendo lembranças de casa com sensação de aconchego. Me peguei um pouco emotiva no momento, percebendo meus olhos marejados.
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   — Está tudo bem? — perguntou ele, ao segurar em minha mão.
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  — Sim. — Desviei meu olhar para cima, vendo o céu escurecer. — Só me lembrei de casa.
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  — Está com saudades? — perguntou ele.
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  — Nunca passei tanto tempo longe assim, mas já sabia que isso aconteceria. — Confessei.
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  — Como se sente agora em relação a Princeton? — indagou ele.
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  — Mais relaxada e motivada. — Me virei para ele com um sorriso no rosto. — Obrigada por hoje, tem sido um bom amigo para mim.
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  — Sabe que gostaria de ser mais que isso. — A sinceridade na sua voz me estremecia um pouco.
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  — Não posso dar mais que isso — fui sincera também.
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  — Eu sei, só preciso… 
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  Ele se calou por um tempo, até que seu beijo desesperado veio de repente, assim como seus braços me trazendo para mais perto dele. Senti um frio estranho na barriga, com meu coração acelerado pela adrenalina da intensidade que ele colocava no beijo.
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   Doce e ao mesmo tempo aquecedor.
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Quanto mais eu te conheço, meu coração estremece,
Tudo que eu consigo fazer é sorrir,
Será que devo tentar te roubar um beijo?
Isso vai me fazer ficar mais perto do seu coração? 
– Stand By Me / Boys Over Flowers OST (SHINee)

10. Ação de Graças

  As provas finais do semestre foram ainda mais intensas que as festas das fraternidades. Entretanto, uma pausa para o dia de ação de graças foi mais do que suficiente para recarregar as energias com o suave banquete oferecido pela Delta Pi. Elas sabiam mesmo preparar uma recepção digna de realezas, mas é claro que isso não é uma novidade.
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  A mansão delas era o lugar que toda típica gata sonha em morar, eu não tinha reparado em alguns detalhes da decoração do hall de entrada, talvez pelas muitas reformas de última hora que Joy se propunha a fazer levando todas a loucura, principalmente as calouras.
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  — A garota que só vem pela comida — brincou , ao se aproximar de mim em risos.
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  — King Lion, chegou atrasado — brinquei de volta, ao pegar um petisco e jogar na boca, mastigando tranquilamente. — Geralmente você é bem pontual.
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  — Assuntos de família — explicou ele, seu olhar estava sério, apesar do sorriso descontraído. — Precisei defender meu irmão caçula dos seus atos inconsequentes.
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  — Aconteceu algo grave com James? — perguntei já me preocupando.
  — Como o assunto não é meu, me abstenho de mencionar, mas acho que já notou a ausência da sua amiga — comentou ele, me fazendo reparar o fato.
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  — Ele terminou com a Margareth? — indaguei.
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  — Descubra por si mesma. — Ele sorriu de canto e ergueu a taça em um brinde. — Feliz dia de ação de graças.
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  Assim que se afastou de mim, ignorei os olhares em nossa direção e tomei impulso seguindo para a saída da mansão dos gatos. Do lado de fora, me parou na calçada ao segurar em minha mão.
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  — Aconteceu alguma coisa? — perguntou ele, com o olhar preocupado. — O que o leão te disse?
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  — Fique tranquilo, não é nada relacionado a mim — assegurei a ele, me afastando. — Mas preciso ir, Margareth pode estar com problemas e preciso descobrir se posso ajudá-la.
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  — Quer que eu te leve? — Se ofereceu.
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  — Não, e você precisa socializar. — Segurei o riso. — Principalmente com , ainda quero ver a amizade de vocês voltando à vida.
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  — Ha… Ha… — Ele me olhou sério.
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  — É sério, se vocês não fossem tão orgulhosos, poderiam fazer isso acontecer — insisti. — Aposto que valeria a pena.
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  — Não diga. — Seu tom irônico estava ali.
  — Sim, e já mencionei isso a ele, vocês dois são parecidos em alguns pontos, são determinados, charmosos e atraentes… E sabem ser persuasivos quando querem, além de ter praticamente todo mundo devendo favores a vocês. — Eu cruzei os braços. — Já notei que só lido com mafiosos mesmo.
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  Ele soltou uma gargalhada engraçada.
  — Então eu sou atraente? — Deu um passo se aproximando mais e eu recuei.
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  — Volte para a recepção, eu vou para o dormitório — disse controlando o tom de ordem.
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  Me afastei dele e segui para o prédio. 
  Assim que cheguei no meu quarto, me deparei com James sentado na cama da minha amiga com ela chorando abraçada às suas pernas. Ele mantinha a mão direita apoiada em seu joelho, tentando consolá-la. Meu coração se cortou com a cena e fiquei ainda mais preocupada.
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  — Marg… — Me aproximei deles, em passos lentos. — O que houve? Vocês não foram à recepção, fiquei preocupada.
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  — Amiga. — Ela me olhou em lágrimas, parecia não conseguir falar mais nada.
  — James?! — Voltei meu olhar para ele, que parecia inexpressivo.
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  — É uma situação delicada — começou ele.
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  — Deixe-nos sozinhas — pediu Marg ao olhá-lo com carinho. — Por favor.
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  — Tudo bem. — Ele se levantou e, inclinando o corpo com leveza, deu-lhe um beijo na testa e sorriu de leve. — Me liga se precisar de mim.
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  — Eu vou ficar bem — garantiu ela, forçando um sorriso.
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  Esperamos em silêncio até que ele se retirou, então eu me sentei em sua cama, de frente para ela, olhando-a com ternura.
  — O que houve, amiga? — perguntei.
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  — Hoje pela manhã eu e James tivemos um encontro com sua mãe. — Ela se esforçava para não chorar. — Nessas últimas semanas ela descobriu sobre nós de alguma forma, não que nosso relacionamento fosse secreto, mas o que acontece em Princeton, fica em Princeton…
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  — E o relacionamento de vocês só se restringe a Princeton? — perguntei sem entender.
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  — Não, mas é que… — Ela respirou fundo, tentando reunir suas palavras. — Ainda estávamos planejando como contar aos pais dele sobre a gente.
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  — E há quanto tempo vocês estão juntos? — perguntei, curiosa.
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  — Dois anos quase — respondeu ela.
  — Vocês estão juntos há dois anos e até hoje não contaram aos pais dele? — Eu fiquei em choque.
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  — Amiga, a gente sempre se curtiu e nos divertimos juntos, não era nada sério, como um relacionamento aberto por assim dizer, mas no ano passado quando o James me pediu em namoro, finalmente pude sentir que era mesmo sério — desabafou ela.
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  — E agora a sua sogra quer que terminem? — Tentei concluir.
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  — Sim. Para ela, seu filho merece alguém com a mesma classe que ele… — Marg segurou as lágrimas.
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  — Alguém rico — traduzi com ela assentindo com a cabeça.
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  — Mas isso não é a parte cruel… — continuou ela.
  — E qual seria a parte cruel?! — indaguei.
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  — Eu estou grávida de James e sua mãe ordenou que eu tirasse o bebê… — Ela não resistiu às lágrimas e voltou a chorar ainda mais.
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  Eu a abracei lhe confortando. 
  Claro que tanto ela quanto James foram imprudentes em não se proteger no seu relacionamento. Uma criança agora dificultaria as coisas entre ambos, principalmente no aspecto acadêmico. E agora com a rejeição da mãe dele, com sua ordem. Minha amiga estava passando por uma grande turbulência em sua vida. Queria poder lhe ajudar mais, porém, naquele momento somente um abraço parecia ser o bastante.
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  — E agora, como vai ser? — perguntei a ela, me afastando um pouco, mantendo o olhar atento.
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  — A única coisa que sei é que não vou tirar o meu bebê e James concorda comigo — assegurou ela. — E não me importa a mãe dele, deve estar assim porque não consegue controlar os filhos como não controlou o marido.
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  — Bem, digamos que a família deles já tem escândalos demais por causa da história da Louise — comentei, me lembrando do assunto. — Mas independente da megera e seus desmandos, você tem o meu apoio.
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  — Obrigada, amiga. — Marg se impulsionou um pouco e me abraçou. — Significa muito para mim.
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  Na manhã seguinte, enviei uma mensagem a , pedindo para me encontrar na biblioteca. Não havia lugar mais tranquilo para uma conversa que lá no final do semestre. Somente uma nerd como eu frequentava biblioteca depois do final das provas. E sim, já estava me preparando para encarar o professor Brown em Estudos da História da Arte e do Design II, e sua perseguição insistente no próximo semestre após a pausa para o recesso de dezembro. Esperei por alguns minutos no meu corredor favorito da sessão de Arquitetura. Até que ele chegou com um sorriso animado no canto da boca e um olhar curioso.
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  — Bom dia, flor do dia — disse ele, ao me cumprimentar com um beijo no rosto.
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  — Bom dia — disse já me sentando no chão.
  — O que foi? — Ele se sentou ao meu lado.
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  — Margareth me contou sobre… — respirei fundo. — O bebê toda a história com a sua mãe.
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  — Entendeu o motivo de eu não te contar? — perguntou ele, com o olhar sereno. — O assunto é delicado e não diz respeito a mim.
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  — Eu entendi. — Assenti, voltando meu olhar para a estante em nossa frente. — O que vai acontecer? Mesmo eles desejando seguir com a gravidez, sua mãe pode forçá-la a desistir do bebê?
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  — Não sei, eu disse a meu irmão que o apoiaria sempre e que ele deve ser responsável agora, já que não foi antes. — Bufou um pouco, voltando o olhar para o teto. — James sempre foi inconsequente quando o assunto é mulheres e sexo, sempre deixando de se proteger… Não digo assim por ser a Margareth, fico até feliz que tenha acontecido com ela, mas… Imagina se ao invés de uma criança, fosse uma doença?
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  Eu mantive meu olhar nele, sua face tinha expressões mais sérias.
  — Imagina se meu irmão não tivesse um relacionamento sério com ela e dormisse com uma em cada dia da semana, como antes? — continuou ele. — Sempre tentei proteger James de si mesmo também e sua falta de respeito com as mulheres neste contexto.
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  — Fico feliz que tenha esse tipo de preocupação e consciência — disse a ele de forma tranquila. — Concordo com você, várias pessoas se relacionam hoje em dia sem a preocupação de se proteger e ao próximo, é realmente uma mudança radical quando isso acontece, nem todo mundo está preparado para encarar a responsabilidade de se ter um filho.
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  Para a sorte deles, é uma criança. Mas realmente poderia ser uma doença.
  — Como está sua amiga? — Ele voltou seu olhar para mim. — Quando meu irmão chegou ontem à noite, se trancou no quarto e não saiu até hoje pela manhã.
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  — Se Marg continuar com a gravidez, ele vai assumir mesmo, não é?! — Toquei em sua mão, mantendo minha preocupação visível. — Minha amiga não o fez sozinha.
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  — É claro que vai, nem que para isso eu mesmo tenha que socar a cara dele. — Assegurou . — James não vai fugir da responsabilidade.
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  Sorri de leve por suas palavras.
  — Acho que não será necessário, levando em conta o cuidado que ele teve com a Marg ontem — comentei, dando um sorriso suave voltando meu olhar para frente também.
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  — Podemos mudar de assunto agora? — pediu ele.
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  — Sobre o que quer falar? — perguntei.
  — Sobre o Natal — respondeu prontamente. — Queria te convidar para passar o Natal comigo, em Los Angeles.
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  — Uau. — Aquilo me pegou de surpresa.
  Eu não esperava pelo convite e por mais que sonhasse conhecer a cidade de Los Angeles, eu já tinha planos para o meu Natal. E passava bem longe das pessoas de Princeton.
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  — Me sinto privilegiada por seu convite, mas… Tenho outros planos para o Natal. — Revelei a ele, mantendo a suavidade na voz.
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  — Vai passar com o alpha? — Senti uma ponta de ciúmes.
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  — Não — assegurei. — Passarei o Natal em casa com a minha família, estou com muita saudade dos meus pais. 
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  — Hum… Fico feliz por você e triste por mim. — Ele segurou em minha mão e entrelaçou nossos dedos. — Eu realmente queria passar mais tempo com você… Somente com você.
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  — Sempre podemos planejar as férias de verão — brinquei rindo dele. — E você vai continuar com a ideia para Los Angeles?
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  — Talvez… Agora terei de refazer meus planos completamente. — Ele riu também. — A culpa é sua, que vive me enxotando.
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  — Que dó, falando assim, até me coloca como a malvada da situação. — Eu ri junto.
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  — Sua mercenária, roubou meu coração e nem quer me dar o seu em troca. — Sorriu de leve, me olhando com carinho.
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  Um olhar profundo que conseguia transmitir seu desejo de me beijar.
  — Pare de dizer isso, já falamos sobre o assunto, me apaixonar agora seria minha perdição — expliquei novamente. — Além do mais, me divirto muito com a nossa amizade.
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  — É recíproco. — Ele abriu um sorriso singelo e piscou.
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  Sorriso esse que me deixou meio balançada.
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Eu sou escrava das minhas emoções
Irei morrer congelada, eu te amo.
– Kill This Love / BLACKPINK

11. Surpresas do Inverno

  Recesso escolar… 

  Era tudo que eu queria e precisava, entretanto, precisava sobreviver ao inverno para chegar animada na primavera, afinal, meu segundo semestre letivo prometia mais correria e artigos de História da Arte para escrever. Por isso, já contava os dias para ter o ar puro de Wisconsin para respirar e finalmente recarregar as energias. 
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  Sexta à noite recebi uma ligação da minha mãe, avisando que não poderia me buscar na estação de ônibus. Isso já me dava a ideia que teria que me virar para chegar em casa. Após meses fora e esta era a recepção dos meus pais para sua filha caçula. Voltei meu olhar para a cama de Margareth totalmente bagunçada, como de costume. Ela estava arrumando sua mala para passar o Natal com James em Chicago, na casa de uns amigos dele. Segundo o próprio, eles precisavam de um tempo longe de todos para definir o futuro dos três: os dois e o bebê. 
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  Isso me deixou mais aliviada, em ver que inicialmente o filhote de leão tinha sim a vontade de ter aquele filho.
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  — Acho que é só — disse Margareth, assim que fechou a terceira mala.
  Gostaria de entender quando foi que suas roupas se multiplicaram e como elas cabiam naquele guarda-roupa minúsculo.
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  — Você está levando 3 malas de roupas para passar duas semanas? — perguntei embasbacada.
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  — Sim, tenho que ter opções, apesar de ser inverno, existe uma piscina aquecida na casa onde ficaremos, quero aproveitar o momento — explicou ela com tranquilidade. — Não é todo dia que isso acontece, estou levando roupa de banho.
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  — Ok. — Me aproximei do meu armário e o abri, olhando as poucas roupas que tinha. — E como vai ficar agora? Você e James? Vai mesmo morar com ele?
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  — Sim, estamos cogitando a ideia, mas só vamos decidir isso em nossa viagem — assegurou minha amiga. — E fique tranquila que irei te manter informada de tudo.
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  — Acho bom. — A olhei séria. — Sabe que me preocupo com minha amiga.
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  Ela sorriu para mim e pegando o celular, mandou uma mensagem a James. 
  Não demorou muito até que o filhote de leão apareceu, curiosamente junto com . E por isso eu não esperava. Minha amiga ajeitou a colcha em cima de sua cama e, se despedindo de mim, seguiu para sua viagem com o namorado. Já o alpha permaneceu em silêncio observando-me arrumar a minha mala. Ele também parecia inconformado pela minha programação de retornar a Wisconsin para o Natal.
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  — Vai mesmo ficar me olhando assim? Inconformado? — Fechei minha mala e o olhei séria. — Deveria estar projetando suas festividades da próxima semana.
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  — Não terá graça nenhuma sem você — disse ele, permanecendo encostado na parede com as mãos nos bolsos da calça.
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  — Você não me tinha no ano passado — argumentei.
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  — Isso explica o motivo de até aqui todos os natais serem ruins. — Ele sabia contra-argumentar muito bem.
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  Ainda mais quando finalizava com aquele sorriso de canto.
  — Não vai me convencer a ir com você para Londres — assegurei firme em minha decisão. — Por mais tentador que seja conhecer a Kings Cross Station.
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  — Malvada — reclamou ele.
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  — disse a mesma coisa. — Eu ri da sua careta.
  — A parte boa é que não aceitou o convite dele — comentou com seu olhar presunçoso.
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  — É recíproco — disse , aparecendo da porta que estava entreaberta.
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  — Não tem mais o que fazer? — perguntou .
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  — Posso perguntar o mesmo, alpha? — o olhou atravessado.
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  — Ok, o meu quarto é a Suíça e vocês dois parem com isso ou serão expulsos daqui. — Olhei para eles séria e expressiva, com o tom firme. — Entenderam?
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  Eles assentiram e permaneceram em silêncio até que eu terminasse de juntar tudo. Então peguei minha mochila e a mala.
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  — Acho que estou pronta — disse ao respirar fundo.
  — E quando vai voltar? — perguntou se aproximando de mim e pegando minha mala.
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  — Eu ainda não sei — respondi. — Talvez uma semana antes das aulas retornarem.
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  — Você não pode voltar logo na semana das festividades de retorno — disse ao pegar minha mochila que, particularmente, estava pesada com alguns livros. — Sua fraternidade não lhe disse isso? Precisa retornar quinze dias antes para a organização dos próximos calouros.
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  Senti a indireta para o alpha. se moveu para a direção dele, porém eu o barrei no caminho.
  — Eu estava planejando burlar as regras, obrigada por mencioná-las na frente do presidente da minha fraternidade — argumentei mantendo o clima mais tranquilo. — Belo amigo é você.
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  — Não quero que leve uma advertência — brincou ele, ainda em provocações.
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  — Ela não levaria e, se fosse preciso, eu mesmo a buscaria. — me defendeu.
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  Eu ri de ambos e saí primeiro do quarto. 
  Após trancar a porta, segui até o táxi que me esperava. E sim, dispensei a carona dos dois para não dar oportunidade de brigas desnecessárias. Me despedi rapidamente dando um beijo na face de cada um e segui para a rodoviária. Louco pensar em todas as coisas que vivi nesse primeiro semestre em Princeton, mas minha mente ao longo do caminho para casa começou a reviver todos os acontecimentos. Desde o primeiro momento em que esbarrei no Alpha, a aproximação do King Lion, até a despedida deles.
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  Quando cheguei em minha pacata cidade de Middleton no dia seguinte, após horas de estrada, para minha surpresa, meu irmão estava na estação esperando-me.
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  — O que faz aqui? — perguntei ao vê-lo.
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  — Nosso pai me mandou vir te buscar, a princesinha dele. — Ele fez uma careta com o olhar revoltado.
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  — Hum… — dei de ombros para sua reação e lhe entreguei a minha mala.
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  — Você não tem mão, não? — perguntou, revoltado, se afastando e indo até o carro.
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  — Que falta de cavalheirismo — resmunguei pegando minha mala novamente. — Em Princeton eu tinha dois disputando para carregar.
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  Segui para a velha caminhonete do meu pai, atrás dele. Com a cara emburrada. 
  Era um pouco estranho estar de volta, pelo fato de ter me acostumado com a agitação do campus, mas feliz por estar novamente em casa e poder descansar minha mente dos estudos e todo o caos envolvendo as fraternidades. Assim que entrei em nossa casa, no rancho da família, Beth veio logo me abraçar com muita animação. 
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  Estava tão feliz em vê-la.
  — Que bom que está de volta! — disse ela, toda empolgada. — Temos muitos assuntos para colocar em dia.
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  — Concordo — eu disse, retribuindo o abraço. — Senti sua falta naquele lugar.
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  — Só vão fofocar depois que a mocinha der um abraço em seu pai — protestou meu pai ao aparecer na porta da cozinha com a minha mãe.
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  — Claro que darei. — Segui até eles e os abracei. — Estava com saudades de vocês também.
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  — Como foram os estudos? — perguntou minha mãe ao me apertar de leve. — Fiquei preocupada com sua mensagem da semana de provas, você está magra demais, querida. Tem comido direito?
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  — Correu tudo bem, mãe, sua filha é a melhor da turma, como o esperado — assegurei a ela. — E eu estou me alimentando bem sim.
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  É o que mais faço naquelas festas. Pensei comigo.
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  — Quanto orgulho temos de você, querida. — Ela sorriu para mim.
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  — Hum… Estou morrendo de saudade da sua comida — disse com um olhar choroso.
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  — Que bom, pois preparei um jantar para minha filha querida. — Ela segurou em minha mão me arrastando para a cozinha. — Fiz o risoto de frango que tanto gosta.
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  Estar em casa me transmitia uma sensação maravilhosa e aconchegante. Beth resolveu dormir em nossa casa, ela estava mesmo é curiosa para descobrir as novidades sobre os dois amigos que arrumei em Princeton. E com razão, já que minha vida não era tão agitada assim em Wisconsin.
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  — Ok, deixa eu ver se entendi… — Beth sentou no beiral da janela e me olhou. — Tanto o Alpha quanto o King Lion estão interessados em você; ambos são bonitos, atraentes, beijam bem e são os presidentes das duas maiores fraternidades, além da rivalidade entre ambos que aquece o campus, tem mais alguma informação??
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  Ela segurou o riso.
  — Eles já foram amigos no passado — completei.
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  — Ah sim, a história da tal Louise — completou ela, mantendo seu olhar analítico para mim. — E como você está diante de todo esse turbilhão de sentimentos e acontecimentos?
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  — Eu não sei… Eu não… Eu não quero me apaixonar por ninguém, não foi para isso que segui para Princeton, menos ainda para ficar dividida entre os mais cobiçados do campus — soltei um suspiro cansado. — Eu só queria me manter invisível a todos e seguir com meu curso, me formar e ser uma boa profissional, sem chamar atenção.
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  — E, no entanto, acabou chamando a atenção de dois gladiadores, perfeita fúria de Titãs — brincou ela, de forma boba. — Essas coisas só acontecem com você mesmo.
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  Ela finalmente riu de mim.
  — Você não imagina o quanto isso é cansativo, principalmente pela perseguição que estou sofrendo com o professor Brown. — Eu joguei meu corpo sobre a cama e fiquei olhando o teto. — Você não tem noção de quantos artigos eu tive que escrever só esse semestre. Dois de 20 páginas e 3 de cinco páginas, isso tudo me deixou esgotada e desgastada com os estudos… Além de agora estar trabalhando no jornal do campus, ser assistente da Isla e ter que saber sobre tudo que envolve a fraternidade e as festas, estar sempre com o calendário de eventos em dia gravado na minha cabeça…
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  — Calma, amiga — disse ela, parecia ter se cansado só de saber minha rotina pesada. — Lamento que tenha que enfrentar tudo isso.
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  — E por mais que eu tente não culpar por isso, acabo sempre chegando à conclusão que eu deveria me afastar dele — suspirei fraco. — E saber que o também tem uma ligação com a Louise e todo esse drama by casos de família.
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  Respirei fundo.
  — E você quer? Se afastar de algum dos dois? — indagou ela, com o olhar atento.
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  — Não… É curioso, mas eu me divirto tanto com ele e com o , o pior é que é na mesma proporção e isso é surreal. — Ergui meu corpo e a olhei. — Eu gosto dos dois e não tenho forças para me afastar deles, mas sinto que até mesmo minha amizade com possa vir a ser um problema, agora por causa da sua mãe.
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  — Pela atitude dela com a sua colega de quarto?! — supôs Beth.
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  — Sim, olha o que ela tentou fazer com a Margareth, imagina como reagiria se soubesse que o filho está disputando com outro garoto para conquistar uma reles plebeia como eu. — Fui realista. — O que ela faria contra mim?
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  — Bem, realmente, as coisas estão malucas para você — admitiu Beth, com um olhar generoso.
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  — Nem me fale. — Eu ajeitei a almofada no encosto da cama e me encostei nela. — E olha que eu tentei ser o mais discreta possível.
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  — Amiga, você sempre teve esse charme de chamar atenção sem fazer esforço — confessou Beth, seu olhar parecia sincero. — Acho que eu só conquistei seu irmão porque ele é seu irmão.
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  Ela riu alto.
  — Deixa de ser boba, Beth. — Eu sorri para ela. — Você é linda e muito inteligente, não sei como meu irmão conseguiu te fazer gostar dele.
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  — Ele é chato, é bruto, mas eu amo ele — ela falou de uma forma tão fofa que quase me fez chorar.
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  Eu sorri para ela, com o olhar emocionado.
  — Mas me conta mais sobre o resgate deles com você na festa do pijama — pediu ela.
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  — Bem… Você sabe que eu tenho um fraco com bebidas e meu problema do tornozelo também não me ajuda — confessei a ela. — A louca aqui acabou pedindo socorro aos dois.
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  — Ai, queria ser uma mosca para te ver bêbada. — Beth riu da minha cara ao se aproximar mais e sentar na cama também.
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  — Bela amiga é você. — Eu cruzei os braços. — Se lembra de quando fizemos uma festa na fogueira no ensino médio e você teve que tomar uns cinco copos.
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  Ela riu de mim.
  — Amiga, eu achei que você nunca iria se recuperar depois — comentou ela, me olhando com malícia. — Principalmente porque você beijou o Colins naquela noite, zerou a vida.
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  — Confesso que aquela noite foi o ápice da minha vida no colegial, principalmente por ter beijado ele — assenti, meio envergonhada. — Mas ainda assim, depois passei um ano sendo infernizada pela abelha rainha por ter beijado o namorado dela.
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  — Ela tinha terminado com ele, amiga, só não queria perder — retrucou Beth, a verdade nua e crua.
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  — Não importa, o fato é que meu histórico com populares nunca foi fácil, então… Princeton está me assustando de uma forma transcendental — desabafei por completo.
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  — E piora o fato de não saber qual seu favorito — observou ela. — Bom, você pode promover a poligamia e fazer seu próprio harém.
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  Ela soltou uma gargalhada maldosa.
  — Beth?! Não está me ajudando. — Me senti um pouco indignada com as palavras dela. — Estou falando sério sobre isso.
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  — Desculpa, não pude perder o comentário. — Ela riu mais. — Olha, conheço amigos do seu irmão que fazem isso na cara dura.
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  — Eu não sou os babacas dos amigos do meu irmão — retruquei. — Além do mais, já disse que não quero relacionamentos agora.
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  — No entanto, a vida está te oferecendo dois — argumentou ela. — Você poderia listar o que gosta e não gosta em cada um… Ver quem tem mais vantagens na seleção.
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  — E eu lá tenho cara de Maxon por acaso? — Olhei séria para ela.
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  Minha amiga sabia bem a referência.
  — Que os jogos comecem e que a sorte esteja sempre a seu favor — retrucou ela, num tom descontraído.
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  Caímos em gargalhadas.
  — Se for olhar minha situação, realmente estou mais para a Katniss Everdeen — confessei. — Princeton tem sido o verdadeiro Jogos Vorazes.
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  Passamos a noite aos risos com ela me contando as aventuras que teve com meu irmão tentando se esforçar com a faculdade de veterinária. Na manhã seguinte, segui para o centro comercial com meus pais para as compras da ceia do Natal. Foi legal rever alguns rostos conhecidos e acolhedores. Passamos na loja de roupas da senhora Kilby, minha mãe fez questão de me comprar um vestido novo para a ocasião. 
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  Como se minha intenção fosse mesmo participar da recepção da família.
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  Eu já estava preparada para ficar de pijama com minha maratona de Chicago Fire.
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  — Eu te dou cinco minutos para desligar esse notebook, se levantar dessa cama, colocar o vestido que te comprei e comemorar a manhã de Natal com sua família — disse minha mãe em tom de ordem e repreensão ao abrir a porta e me encarar com rigidez.
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  — Mãe… — A olhei com os olhos de criança abandonada.
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  — Mãe nada, você me passa meses longe e agora quer permanecer trancada no quarto, todos da família estão lá embaixo e querem te ver — argumentou ela com um olhar curioso. — Além do mais, não vou ficar fazendo sala para as suas visitas.
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  — Minhas visitas?! — A olhei confusa. — Quais visitas?
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  Será que o pessoal do ensino médio estava lá embaixo? Colins? Mesmo com as farpas e boicotes da abelha rainha, meu último ano do colegial não tinha sido tão ruim assim, e com um namoro escondido, tudo havia se tornado ainda mais divertido e emocionante. 
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  De repente, senti meu coração pulsar um pouco mais forte.
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  Um frio na barriga. 
  Uma ansiedade em saber quem estava no andar de baixo.
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  — Levante, troque de roupa e desça em cinco minutos — ordenou novamente ao abrir mais a porta para se retirar. — E não me faça voltar aqui.
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  — Tudo bem, mãe — disse, observando-a se retirar.
  Suspirei fraco ao olhar para o vestido que estava no encosto da cadeira à minha espera. Me levantei espreguiçando da cama e troquei de roupa. Eu não iria desligar o notebook, pelo contrário, minha estratégia seria mostrar as caras, cumprimentar a todos, descobrir quem eram as tais visitas e quando minha mãe se distraísse, voltaria para o quarto. Deixei o cabelo solto, somente passando os dedos entre os fios para ajustar o volume causado pelo travesseiro. 
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  Então saí do quarto.
  Meu corpo estremeceu e meu coração acelerou assim que terminei de descer os degraus e dar de cara com a realeza de Princeton sentada no sofá da sala, ambos com um pacote embrulhado nas mãos. O que e faziam aqui na minha sala, em Middleton? Queria mesmo me enlouquecer. E pior? Com o clima e o olhar de velhos amigos em dia de Natal, esperando a abertura dos presentes.
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  — Depois quando digo que são parecidos, querem brigar — disse ao me colocar na frente de ambos, “minhas visitas” nas palavras da minha mãe. — O que fazem aqui?
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  — Desejei passar o Natal com você — respondeu , com um olhar sugestivo para mim.
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  — E curiosamente tivemos a mesma ideia — concordou , disfarçando seu sorriso de canto malicioso. — Então… Viemos te desejar um feliz Natal.
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  — Jura? — A ironia misturada ao deboche soou de meus lábios.
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  Chocada eu estava e com toda razão.
  Com ambos me olhando da forma mais serena e tranquila possível, agindo praticamente como verdadeiros amigos de infância.
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  Mal eles sabiam que internamente eu estava em surto com meu coração acelerado.
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  E acrescentando… 
  O olhar intenso de ambos causavam impacto em mim na mesma proporção igualitária.
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Eu tento lutar, mas, eventualmente, 
A resposta é o amor
It’s the love shot.
– Love Shot – EXO

12. Merry Christmas

  Eu respirei fundo, tentando voltar a minha sanidade enquanto encarava ambos ao mesmo tempo. com seu sorriso de canto discreto e malicioso, enquanto mantinha seu olhar intenso em meio a serenidade de seu rosto. Ambos pareciam ter se juntado para me deixar ainda mais louca. Em instantes, Beth adentrou a sala com o jarro de flores na mão para finalizar a decoração, deu para notar em seu olhar para mim o choque mental ao se deparar com dois desconhecidos com a atenção fixa em mim.
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  — … — sussurrou ela ao se colocar ao meu lado como se quisesse perguntar quem eram, porém com discrição.
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  — Beth, esses são e — apresentei a ela, apontando para cada um deles —, os veteranos de Princeton que eu te falei.
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  — Oi… — Beth teve que forçar a voz, que saiu quase em sussurro, então voltou o olhar novamente para mim, entendendo meu olhar de surto.
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  — Espero que tenha falado bem da gente para ela — comentou , piscando de leve para mim.
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  Eu o ignorei tentando manter minha sanidade e me voltei para ela.
  — Quer ajuda com o vaso? — perguntei, fazendo-a parar de encará-los.
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  — Ah, sim. — Ela sorriu meio sem graça voltando a atenção para mim. — Sua mãe pediu para você deixar a sala mais apresentável para as suas visitas já que é a decoradora da família.
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  — É sério que ela disse isso? — Fiquei chocada com aquilo.
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  — Você sabe que sua mãe ainda está chateada com a sua escolha por Princeton — esclareceu minha amiga, o nível de sarcasmo nas palavras da minha mãe.
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  Eu respirei fundo tentando não me irritar. Senti algumas risadas vindas das minhas visitas.
  — Se quiser, podemos ajudar — ofereceu, num tom de brincadeira.
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  — Como se você entendesse do assunto — o criticou como de costume.
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  — É claro que eu entendo, tenho um bom gosto para decoração — retrucou o leão.
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  — Baseado em que? Irmãos à obra? — manteve o olhar debochado para ele.
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  — Os dois nem chegaram aqui direito e já vão começar com essas declarações de amor? — Eu coloquei a mão na cintura, olhando-os seriamente. — Vou expulsar os dois no meio da neve e sem peso na consciência.
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  — Calma, só estamos querendo te ajudar — disse com o olhar de anjo inocente.
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  — Sei. — Eu peguei o vaso das mãos de Beth e coloquei na dele. — Já que estão dispostos, então arrumem a sala os dois, e sem quebrar nada.
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  Eu me afastei e puxei Beth para a cozinha comigo. Minha amiga apenas segurava o riso, admirada com a situação que até o momento só tinha conhecimento e agora presenciava.
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  — Deu para perceber que eles são bem intensos — comentou ela num tom mais baixo, finalmente em risos.
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  — Você ainda não viu nada — assegurei, me lembrando daquele ano letivo cheio de loucuras.
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  — O que a mocinha está fazendo aqui? — Minha mãe me olhou desconfiada, assim que percebeu minha presença na cozinha.
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  — Foi a senhora que me ameaçou a sair do quarto — retruquei, com o olhar confuso para ela. — Agora me pergunta o que faço na cozinha?
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  — Sim, e me refiro às suas duas visitas que precisam ser recepcionadas — argumentou ela, mantendo a atenção em mim, curiosa.
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  — Eles estão bem ocupados organizando a nossa sala e os presentes debaixo da árvore — disse a ela, com tranquilidade e serena.
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  — Katherine Fletcher, foi essa a educação que eu te dei? — Ela colocou a mão na cintura, desacreditada da minha atitude.
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  — Acredite, senhora Fletcher, se ela não tivesse feito isso, teria uma terceira guerra mundial na sua sala. — Beth de uma forma engraçada, me defendeu.
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  — Espero que a presença dos cavalheiros aqui não cause confusão em nosso Natal — alertou minha mãe, com aquele olhar de quem já entendeu a história sem precisar ouvi-la — e que a senhorita não se machuque no processo de escolha.
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  — Escolha? — Mantive um olhar assustado para ela, envergonhada por sua repreensão.
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  — Acha mesmo que eu não iria perceber o interesse dos dois em você? — reforçou ela. — Nenhum homem escolhe passar o Natal com pessoas desconhecidas por causa de uma garota sem estar interessado, só me intriga que desta vez tenha sido em dobro.
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  Eu senti que no comentário final ela se referia ao Natal que Collins apareceu bem na hora da ceia e passou a noite com nossa família. E sim. Coisas como essa já tinham acontecido comigo no ensino médio e eu me assustava ainda mais por acontecer em dose dupla desta vez.
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  — Beth, poderia, por favor, conferir se eu ainda tenho uma sala — pediu minha mãe em seu habitual tom de ordem com carinho. — Quero ter uma conversa em particular com minha filha.
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  Minha cunhada nem ousou negar ao pedido e já assentiu com um sorriso delicado se retirando. Internamente, meu coração já estava disparado, pois sempre que minha mãe dizia querer ter uma conversa séria comigo seria minha possível extinção. Seu olhar, por mais sério que estivesse, tinha traços de compreensão que me tranquilizava parcialmente, porém, ainda assim me sentia como uma criança que quebrou o vaso de flores e não conseguiu esconder a prova do crime.
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  — Em minha defesa, eu juro que não fiz nada, não provoquei ninguém — disse já em minha defesa, antes que ela pudesse começar seu sermão. — Eu apenas me mantive focada nos estudos.
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  — Não precisa ficar tão na defensiva. — Ela sorriu de canto, mostrando o quanto ela me conhecia, então aproveitou para espiar o forno e regar a carne que assava com seu molho especial.
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  Eu me mantive em silêncio apenas observando-a, em seus movimentos precisos no preparo do jantar.
  — É gratificante para uma mãe ter uma filha tão dedicada aos estudos, nos traz um orgulho… — ela deixou suas palavras soarem com certo sarcasmo que só ela possuía, mantendo a atenção no purê batatas que iniciaria o preparo. — A tala em seu tornozelo também foi fruto dos seus estudos?
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  Ela parou e me olhou com atenção, mantendo a suavidade no rosto, o que me gelava por dentro, pois minha mãe sempre sabia quando eu mentia para ela. Engoli seco, respirando fundo para encontrar a melhor explicação para lhe dar.
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  — Eu… — fui reunindo coragem e me fazendo de vítima. — Tive um pequeno acidente, a senhora sabe que fiquei com sequelas no meu tornozelo.
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  — E isso foi antes ou depois de entrar para uma fraternidade? — Ela continuou me avaliando com o olhar.
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  — Foi no processo… — respondi meio confusa, não estava mentindo. — Como sabe sobre isso?
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  — Minha filha não me contou nenhuma novidade… Por um acidente, ouvi Beth contando ao seu irmão — respondeu ela, num tom chateado.
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  — Desculpa, é que as coisas foram acontecendo tão rápido e… — Fiz uma cara de choro para ela. — Sinto que perdi minha sanidade mental nesse começo.
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  — Oh, querida — ela abriu um sorriso acolhedor e se aproximou para me dar um abraço apertado. — As mulheres da nossa família são ímãs para acontecimentos de surto… Como está seu tornozelo?
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  — Agora está bem melhor que antes… — eu me afastei um pouco e olhei para ela, amava quando mostrava seu lado mãe amável. — Pelo menos parei de tomar remédio para dor.
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  — Também, com dois enfermeiros particulares… — comentou ela, num tom malicioso, arqueando a sobrancelha direita.
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  — Mãe?! — A repreendi com respeito.
  Uma gargalhada saiu dela, bem espontânea que me fez rir junto.
  — Sabe, esse tipo de situação não se restringe apenas a você, querida — contou ela, voltando a se aproximar da bancada para voltar ao preparo do jantar. — Quando eu tinha a sua idade, também fui disputada por dois garotos maravilhosos… Dos quais não conseguia escolher.
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  — Sério? — Eu estava chocada com esta revelação. — Por essa eu não esperava.
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  Minha mãe riu baixinho agora, parecia recordar sua época de juventude, então um suspiro saudoso surgiu dela, me deixando ainda mais curiosa.
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  — Sim, tenho que confessar que inicialmente esta loucura foi proposital, fiz uma aposta com uma rival que era tão popular quanto eu… Kimberly Newest — contou ela, demonstrando satisfação em ter aparentemente vencido a tal aposta.
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  — A primeira dama? — Boquiaberta eu estava.
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  — A própria — confirmou ela, com um sorriso de canto bobo no rosto. — Éramos rivais no colegial, ela com seu grupinho de líderes de torcida e eu com meu grupinho de garotas nerds disfarçadas de hipsters. 
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  — Devo presumir que seu grupinho era composto pela tia Eva e a tia Rachel? — indaguei, me referindo a suas melhores amigas das quais, sim, eu considerava como minhas tias de coração.
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  — Elas mesmo, nossa popularidade sempre foi muito invejada pelas líderes de torcida, ainda mais por nossos lucrativos serviços prestados à comunidade acadêmica — contou ela com uma risada discreta final, parecia se lembrar de sua época de travessura.
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  — Ah, sim, a máfia que a senhora mantinha com seu tráfico de provas e suborno de trabalhos escolares — sussurrei de leve, voltando ao choque de minha descoberta do último ano do colegial.
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  — Não era uma máfia, nossa organização tinha princípios, mocinha. — Ela me olhou com repreensão. — As informações que passávamos adiante eram precisas e tinha um preço a ser pago, eu não passava cola para qualquer um.
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  — Apenas para quem pagava mais — resmunguei de leve.
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  — Pelo menos eu lucrava com isso, e você? — Ela manteve o olhar em mim. — Seja como for, é melhor que os outros te devam e não o contrário.
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  Isso tá me lembrando certos reis de Princeton.
  — Ok, agora continue a história da aposta — eu puxei uma banqueta e mantive o olhar atento a ela — estou curiosa.
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  — Bem, com essa disputa para ver quem era a mais popular, fizemos uma aposta. — Ela voltou sua atenção para o purê de batatas, as palavras soavam com tanta serenidade dela. — A líder que conquistasse o menino mais popular da escola venceria… Era fácil, porém havia dois indivíduos em xeque, o capitão do time de basquete e o presidente do grêmio estudantil também editor chefe do jornal da escola.
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  — E o que aconteceu? — perguntei, debruçando meus cotovelos na bancada à minha frente.
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  — Aconteceu que enquanto a líder de torcida tentava conquistar o capitão do time, eu apenas os ignorei como se não me importasse com a fama deles — explicou ela, com o olhar saudoso da época. — Enquanto todas as garotas suspiravam quando eles passavam, eu seguia agindo como se não existissem, até que fomos designados pelo diretor a organizar o baile dos veteranos e finalmente tive a oportunidade de deixá-los interessados em mim sem me esforçar tanto, apenas tratando eles com indiferença.
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  — O típico eu só vim pela comida — confessei percebendo o ponto da questão.
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  — Curiosidade, o ser humano nunca resiste a sua curiosidade, e foi isso que eu despertei em ambos e os fiz ficar interessados. — Minha mãe desligou a trempe da panela de purê e a tampou em seguida.
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  — E a senhora conseguiu escolher entre o capitão e o presidente? — indaguei, ainda impressionada.
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  — O que você acha? — A voz do meu pai soou da porta dos fundos da cozinha.
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  De imediato voltei meu olhar para ele, que com um sorriso bobo no rosto, caminhou até minha mãe e a abraçou por trás, lhe dando um beijo em seu pescoço.
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  — No final, o presidente do grêmio estudantil levou a melhor e o capitão se casou com a líder de torcida, como prêmio de consolação — brincou meu pai, recebendo uma cutucada discreta da minha mãe.
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  — O prefeito Nolan? — Agora eu estava chocada.
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  — Por que está contando a nossa história para ela? — perguntou ele, com o olhar desconfiado para nós duas.
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  — Porque sua filha trouxe dois cavalheiros para o Natal, estão na nossa sala. — O que minha mãe tinha de direta e sincera, ela não tinha em guardar segredo.
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  — Olha só, herdou poderes da sua mãe — brincou ele, rindo baixo.
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  — Pai, eu juro que não fiz nada e nem teve uma aposta envolvida — me defendi, sentindo constrangimento por seu olhar bobo.
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  — Não se sinta pressionada a escolher, filha, você é responsável por seus sentimentos e não o das outras pessoas, mas é responsável por aqueles que cativa, mesmo sem querer. — Ele piscou de leve para mim e dando um selinho na minha mãe se afastou para ir para sala. — Acho que as visitas inesperadas precisam conhecer o homem da casa.
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  — Não vai assustá-los — minha mãe soltou uma repreensão meio sarcástica.
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  — Claro que não, eles só precisam saber que minha princesinha tem alguém que zela por ela. — Soou com orgulho e satisfação.
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  — Pai do ano, que fala?! — disse minha mãe, em seu habitual tom de deboche.
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  Ele soltou uma risada, continuando a se afastar. 
  — Mãe… — eu a chamei, depois de alguns minutos de reflexão.
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  — Sim — ela manteve o olhar mais sereno para mim, parecia saber minhas próximas palavras.
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  — Como a senhora soube que era o papai? — indaguei. — Não que eu esteja preocupada em escolher alguém, eu nem queria isso, mas…
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  — A situação te deixa ansiosa — completou ela.
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  — Muito — assenti, mordiscando o lábio inferior. — Tudo isso me assusta.
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  — Faça como eu, deixa o rio seguir seu curso e apenas tire proveito da situação se divertindo, não pense que você tem dois homens interessados em você, pense que são seus dois melhores amigos e deixe que o futuro se encarregue do resto, quanto mais você pensar em escolhas e se cobrar para fazê-las, menos você vai ter a chance de conhecê-los melhor e se divertir com a amizade deles.
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  — A senhora falando parece tão fácil — resmunguei, fazendo bico.
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  — Mas é fácil, e quando o momento chegar, você vai saber por quem seu coração bate mais forte.
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  — Quando descobriu que era o papai? — indaguei a ela, curiosa.
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  — No momento mais simples da nossa vida… — ela soltou um suspiro. — Quando vi sua carta de aceitação para Stanford e comecei a imaginar como seria sua vida lá e a minha na Universidade de Wisconsin… Senti um aperto no coração, algo que não aconteceu quando Nolan disse que iria para Oxford se graduar em ciências políticas.
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  — É emocionante a senhora contando. — Senti meus olhos marejados com a história.
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  — O amor é simples, minha filha, e bate à sua porta quando você menos espera — continuou ela, com sutileza nas palavras. — Você só precisa saber identificar quando é amor, paixão e apenas atração física. É difícil no início, mas logo será perceptível que os dois últimos desaparecem com a mesma rapidez que surgem, mas o amor é o único que perdura para sempre… E querendo ou não, não tem como amar duas pessoas na mesma proporção, quando conseguir definir seus sentimentos, vai perceber que um sempre vai se destacar mais em seus pensamentos que o outro.
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  Eu assenti com o olhar para suas palavras de reflexão e conselho materno. Minha mãe tinha seus momentos de autoritarismo e sarcasmo que me deixava indignada, mas no final de cada conversa ela sempre me orientava e aconselhava da melhor forma possível e com toda clareza baseado em sua vivência ao longo dos anos. Não demorou muito nosso momento fofo de mãe e filha, até que ela apontou para a pia cheia de vasilha suja.
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  — E já que você está aqui, pode começar — ordenou ela, com um sorriso maquiavélico no rosto.
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  Não me contive em rir também e em silêncio segui para minha tarefa.
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  Se tem algo na vida, é que ela é imprevisível, ainda mais quando se tem um pai como o meu, que ao invés de colocar medo nas visitas, se juntou a elas em um improvisado campeonato de cartas tendo até meu irmão envolvido, afinal, ele não perderia a oportunidade de mostrar sua maleta de poker profissional presenteado por sua esposa no Natal passado. Quem vê cara de sério e bravo, não faz a menor ideia do quanto meu progenitor era carismático, brincalhão e gentil.
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  — Eu encerro, por hoje — disse , ao abaixar as cartas da sua mão e colocar sobre a mesa. — Nunca fui bom em jogos de cartas mesmo.
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  Eu me mantive encostada na parede os observando de longe para não atrapalhar a concentração dos jogadores.
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  — Bem, acho que venci novamente — disse meu pai colocando sua sequência de cartas sobre a mesa e com sorriso de satisfação.
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  — Como o senhor fez isso? — questionou intrigado e boquiaberto com sua jogada. — Um Royal Straight Flush, três vezes seguidas é impossível, a probabilidade é extremamente baixa.
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  O olhar estático de na sequência de ás, rei, rainha, valete e dez de espadas do meu pai era impagável.
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  — A banca sempre vence — disse meu pai, puxando as fichas apostadas para perto dele.
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  — Eu não sei como ele faz, mas meu pai sempre rouba no poker — reclamou Joseph, sua derrota.
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  — Eu não roubo, intriga da oposição — brincou ele, se levantando. — Eu apenas tenho um forte amuleto da sorte.
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  Então ele voltou seu olhar para mim e piscou de leve, o que fez minhas visitas olharem também para minha direção.
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  — Está aí há muito tempo? — perguntou .
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  — Tempo suficiente para vê-los perder para meu pai, três vezes seguidas — comentei rindo deles. — Mamãe está chamando, o jantar está pronto.
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  As horas passam rápido quando nos divertimos, isso é uma realidade em minha casa. Enquanto meu pai ajudava a colocar nossa ceia na mesa de jantar, fiz minhas visitas lavarem as mãos no banheiro antes de se sentarem nas duas cadeiras recém colocadas para ambos. Propositalmente, eu me sentei no meio dos dois, com Beth em minha frente segurando o riso e o olhar analítico de minha mãe em minha direção. Acho que o único que entendia parcialmente a situação de ambas as visitas era meu pai, que também viveu a mesma situação inusitada.
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  — Eu me lembro de que nossa casa estava cheia pela manhã — comentou papai, rindo baixo, senti a indireta para mim.
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  — A casa sempre esvazia quando chega a hora da ceia, você sabe que eu expulso todos os nossos familiares — explicou minha mãe, voltando o olhar para as visitas. — Eles não sabem lavar os pratos após comer, então eu não os convido mais.
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  — Não se preocupe, mãe, minhas visitas são mais educadas que o resto da nossa família — disse num tom de brincadeira, fazendo eles relaxarem um pouco.
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  — Nós agradecemos muito o acolhimento, chegamos de surpresa e fomos tão bem recebidos — disse , em sua seriedade sutil e suave.
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  — E nos perdoem se parece estranho estarmos aqui e não com a nossa família — completou , mantendo a seriedade também.
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  — Vamos agradecer por nosso momento em família, minha princesinha está em casa finalmente. — Meu pai tomou a dianteira. — Senhor Deus, te agradecemos por este momento e pelo alimento…
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  Confesso que fiquei emocionada com suas palavras. O Natal sempre foi a data comemorativa mais aguardada por nossa família, o dia em que o amor de um pelo outro vencia nossas diferenças de opiniões e as distâncias causadas pela vida. Minutos após a ceia, nos reunimos na sala para a abertura dos presentes, me surpreendeu quando descobri que minhas visitas haviam levado cada um, o seu para mim. Foi descontraído e divertido a interação dos titãs de Princeton com minha família, e mesmo com os constantes olhares de minha mãe para mim, eu consegui dar boas risadas no processo.
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  — Estão confortáveis aí? — perguntei ao dar dois toques no corrimão de madeira, ao pé da escada no nosso porão.
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  Papai havia reformado o lugar nos meses que estive fora, transformando o espaço que era sua antiga oficina em uma sublime e bem decorada biblioteca. Será que ele estava vendo os Irmãos à Obra sem mim? Pensei comigo.
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  — Confesso que quando seu irmão nos trouxe para cá, achei que fosse o nosso fim — brincou ao erguer seu corpo, já despojado em cima do tapete.
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  — Não somos tão mercenários assim, apesar de o tráfico de pessoas ser lucrativo — brinquei voltando meu olhar para , que havia se encostado no braço do sofá. — E você não vai aderir o carpete?
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  — A cinderela não dorme em lugares que não tenha seda pura — respondeu em risos de provocação.
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  — Há… Há… — soou com ironia de , me fazendo rir junto. — Jogamos no pedra, papel e tesoura, ele perdeu.
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  — Hum… — eu segurei um pouco o riso desta vez e permaneci onde estava os olhando. — Agradeço pelos presentes e por se comportarem, mas sendo sinceros, por que vieram?
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  — Já respondemos, queríamos passar o Natal com você. — tomou a frente para responder.
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  — Vocês sabem que não vou prometer nada a nenhum dos dois — reforcei minha posição.
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  — Não vamos forçá-la a nada se é disso que está com medo, apenas queremos passar nosso recesso de feriado na companhia da única pessoa que nos faz esquecer… — se calou, parecia lembrar o possível real motivo da presença deles ali, então abaixou o olhar para o chão.
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  Eu não iria invadir a privacidade deles, menos ainda forçar um assunto que pudesse ser incômodo aos dois, então apenas me mantive em silêncio mesmo sabendo que havia sim algo mais sério por trás daquela repentina visita.
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  — Nós só queremos passar estes dias de inverno com nossa melhor amiga — completou , parecendo ser um pouco solidário ao silêncio repentino do leão. — Apenas se você quiser, é claro.
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  — Vocês ceiaram com meus pais e vão dormir no porão, acreditem, já fazem parte da família. — assenti num tom acolhedor.
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  O olhar fofo e agradecido de ambos veio em minha direção me deixando ainda mais derretida. Eu posso guardá-los em um potinho e mantê-los ali pra sempre?
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  — Vai dormir agora? — perguntou .
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  — Por que a pergunta? — indaguei.
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  — Não sei a bela adormecida aqui, mas eu estou sem sono… — ele deu um sorriso bobo e piscou de leve.
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  — E você pretende fazer o que, Elsa? Cantar Let it Go e ir brincar na neve? — retrucou , entrando na provocação com bom humor.
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  — Comportem-se, princesas, que meus pais estão no andar de cima e eu… Estava planejando voltar para minhas séries que foram abandonadas à força — disse mantendo o humor no ar.
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  — Não seja por isso — puxou uma almofada, a posicionou ao seu lado e depois deu umas batidinhas no chão me chamando — meu tablet pega Netflix.
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  — Ela não vai se sentar aí com você. — se colocou na minha frente. — Estamos fora de Princeton, mais ela ainda é minha caloura.
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  Eu o olhei admirada, sabia que em parte era seu lado ciumento.
  — Nossa, que instinto protetor de irmão mais velho — disse brincando, ao me colocar ao seu lado.
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   soltou uma gargalhada maldosa em provocação, certamente pelo “irmão” de minha frase. O olhar insatisfeito de virou para mim, me fazendo rir mais ainda, o que o levou a rir discretamente também.
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  — Que tal sentarmos no sofá e aproveitar da tv que temos aqui então — eu me afastei dele e ao pegar o controle, sentei bem no meio para não causar mais divergências. — A não ser que queiram dormir.
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  O olhar de ambos parecia de cachorro abandonado, de tão fofo que estava. Eu sabia que por mais que minha mente estivesse cansada pela viagem e pela agitação do dia de Natal, nossa noite de maratonas seria longa e interessante.
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Em uma longa e fria estação
Você é o calor que permanece em meu casaco
Estou me preenchendo com essas memórias quentes.
– Christmas Day / EXO

13. Best Friends Forever

  Para quem estava ávida pelos episódios de Chicago Fire atrasados, meus planos foram por água abaixo e minha recepção de boa anfitriã foi uma negação. Após algumas discussões sobre o que seria visto, acabou vencendo ao indicar uma maratona de O Senhor dos Anéis, o entusiasmo inicial deu lugar ao cansaço mental que estava sentindo e acabei adormecendo no início do segundo filme da franquia. Não sei de fato qual foi o ombro amigo que me sustentou boa parte da madrugada, contudo, em um leve despertar, me deparei com uma profunda conversa rolando entre meus veteranos, a qual não ousei atrapalhar e permanecendo de olhos fechados, insinuei estar ainda adormecida.
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  — Como estão as coisas? Com o James? — A voz de soou baixa, porém num tom de preocupação. — Soube que sua mãe não lidou muito bem com a notícia da gravidez.
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  — Lidar? — se remexeu no sofá, um riso baixo. — Lidar não é a palavra certa… Ela não aceitou o fato, e até ofereceu dinheiro para Margareth tirar a criança.
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  — Nossa… — pareceu chocado. — Não imaginava que estivesse neste ponto.
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  Nem mesmo eu, e fiquei em plena revolta interna agora.
  — Às vezes minha mãe faz coisas que é difícil acreditar até pra mim que sou seu filho. — Soou como um desabafo vindo de . — Não sei como ainda somos considerados uma família.
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  — Seus pais nunca cogitaram a ideia da separação? — indagou e, suavizando as palavras: — O casamento deles sempre foi turbulento.
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  — E meu pai perder toda a grana com o divórcio? — respirou fundo. — Você sabe que o dinheiro sempre foi da minha mãe, o casamento deles é o tipo de relacionamento que jamais quero ter, puro interesse.
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  — É por isso que sua mãe sempre está no controle de tudo — constatou . — Por isso ela sempre controlou sua vida e a de James… Mas e agora com a Marg envolvida?
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  — James disse que não se importa se for deserdado, mas ter um bebê custa caro. — expôs sua opinião. — Tenho medo que ele não esteja preparado para essa responsabilidade e acabe tentando desistir no final por surtar com a pressão.
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  — Ele não deixaria a Margareth na mão, deixaria?! — supôs .
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  — Eu o mataria se fizesse isso — afirmou , ouvi o som de seus dedos sendo estalados. — Mas… Quem te contou sobre?
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  — A gravidez? — retrucou . — Metade do campus já sabe.
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  — A reação da minha mãe — explicou o leão.
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  — É imaginável, mas minha irmã comentou comigo — respondeu o Alpha com serenidade. — Parece que ela e a Marg se tornaram bem próximas por causa da nossa amiga em comum.
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  Ouvi de leve o soar de uma risada vindo de , era o ombro dele que eu estava apoiada naquele momento. Um ombro amigo perfumado, e que perfume.
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  — A propósito, agradeço por emprestar a casa para ele — disse , o que me surpreendeu. — Te devo uma.
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  Oi?! O rei leão em dívida.
  — Não me deve nada. — em recusa. — Sabe que sempre pode contar comigo, apesar das nossas diferenças.
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  — Bom saber disso. — Ele se remexeu mais um pouco, soltando um suspiro fraco. — Apesar de não ser um felino, nunca deixei minhas considerações por você de lado.
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  — Digo o mesmo — retrucou , brincando. — Rei da Savana.
  Quem são eles e o que fizeram com meus veteranos? Ok, ouvir aquilo já estava me deixando um pouco emocionada e já me matando por teoricamente estar entre essa amizade agora.
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  — Mas… Segundo as palavras do meu irmão, sua namorada ficou impressionada com a piscina aquecida — comentou .
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  — Ah, sim. — riu baixo. — Foi um desafio do professor Brown, achei que ficaria estranho, porém, no final, a piscina foi o charme arquitetônico da casa.
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  — Você realmente leva jeito para isso — comentou .
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  — Vou levar como um elogio. — riu. — Apesar de não ser inicialmente o que queria, arquitetura é legal.
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  — Administração também não é o que eu queria, mas não posso virar as costas para os negócios da família — confessou o leão. — James nunca me passou a confiança de alguém responsável.
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  — Talvez por você ser o mais velho, ele não se sinta obrigado a ser tão responsável. — Refletiu , os atos do felino caçula. — Eu também me sinto um pouco imaturo em alguns casos.
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  — Imaturo… — riu baixo. — Sempre temos um lado imaturo.
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  — Agora me lembrei, você sempre dizia que queria ser um médico cirurgião. — Relembrou . — Seus olhos brilharam quando ganhou aquele kit médico de Natal da Isla.
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  — Aquele que minha mãe jogou na lareira acesa? — Ele soltou um suspiro cansado, parecendo se lembrar do ocorrido. — Salvar vidas e seduzir as enfermeiras, acho que jamais saberei como é essa sensação.
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  — Imagine o King Lion de jaleco branco e estetoscópio no pescoço… — brincou. — Que sexy.
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  — Ficou interessando? — riu e brincou de volta. — Estou solteiro.
  Eles soltaram uma gargalhada cada um e depois silenciaram, então deram mais algumas risadas baixíssimas, ao perceber que eu estava presente em meu falso sono. Me remexi um pouco, agora tomando minha cabeça para me apoiar em . Me segurando para não rir e surtar ao mesmo tempo, pois internamente meu corpo arrepiava só de imaginar o dono da Savana de jaleco branco com aquele olhar que somente ele sabia fazer. Logo senti um dos dois me cobrir mais um pouco com o cobertor que nos aquecia. Um longo momento de silêncio estabeleceu entre o ambiente, e só então pude notar que o filme ainda passava na tv, porém seu áudio estava quase imperceptível.
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  — Me pergunto como seria este ano sem a presença da . — Saiu como um sussurro dos lábios de .
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  — Certamente seria mais pesado e monótono para nós dois — admitiu , em um soar reflexivo. — Não sei como começou, mas agora percebo que estar com ela é como se não existisse mais nada além do seu sorriso.
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  — E o mundo todo fica em câmera lenta, apagando todas as minhas preocupações que deveriam me afogar — completou , num tom baixo.
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  — Como nos apaixonamos pela mesma garota? — indagou . — Somos tão diferentes um do outro.
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  — Eu não sei… Mas sei que o que sinto por ela certamente não sentirei por mais ninguém — afirmou , com entonação.
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  — Todos os meus pensamentos têm sido tomados por ela… — também confessou de forma fluida. — Talvez a palavra correta seja… Amor.
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  Quanto mais eles declaravam seus sentimentos de forma aberta um para o outro, mais eu sentia meu coração acelerado e me reprimia para não alertá-los que já estava acordada. Um frio na barriga e arrepios pelo corpo. Por que ambos tinham que ser tão profundos nas palavras e intensos no que sentiam?
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  — Lembra-se de quando éramos criança? — perguntou , num tom de nostalgia. — Tudo parecia mais fácil.
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  — Tudo se torna mais complexo quando crescemos — concordou . — Mas… Sinto falta daquele tempo, da nossa amizade, de como você usava minha casa para se esconder da sua mãe.
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   riu baixo, parecia lembrar-se dos ocorridos.
  — É louco como eu sempre venho fugindo da minha mãe — concordou, rindo mais um pouco. — Sua casa me transmitia paz… E agora só consigo sentir isso perto dela.
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  Certamente ele se referia a mim, o que me aqueceu por dentro.
  — Mas… Eu também sinto falta da nossa amizade — sussurrou . — Espero um dia voltarmos ao que era antes… Ou pelo menos chegar próximo…
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  — Nunca deixamos de ser amigos — disse de forma serena e segura. — Apenas nos afastamos.
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  — Você quer me fazer chorar? — E brincando com ele: — Não vou me apaixonar, meu coração já está ocupado.
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  — Engraçadinho… — riu baixo. — Meu coração também já pertence a esta pessoa…
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  Mais alguns minutos de silêncio.
  — Serei sincero com você — disse , num tom mais sério — eu não pretendo ser apenas um amigo para ela.
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  — Eu também não… — também se remexeu no sofá, certamente para olhá-lo. — Mas não forçaria nada, é ela quem escolherá no final.
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  — Independente da escolha de … — respirou fundo, mantendo a seriedade. — Sempre vou te considerar meu melhor amigo.
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  — Fechado — concordou . — Faço das suas, as minhas palavras.
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  Eu não resisti a tentação e abri meus olhos, podendo presenciar ambos os cavalheiros em um aperto de mão amigável, cordial e cheio de cumplicidade.
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  — Olha só quem abriu os olhos — comentou , voltando-se para mim.
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  — Acordou tem muito tempo? — perguntou , me olhando sério.
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  Balancei a cabeça negativamente, recebendo mais olhares desconfiados.
  — Acho que o ombro dos cavalheiros é bem mais macio que meu travesseiro. — Ergui meu corpo me espreguiçando. — Porém é melhor ir pra cama, antes que meus pais apareçam aqui.
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  — Falta menos de duas horas para o amanhecer — disse , ao olhar para o relógio em seu pulso.
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  — Piorou. — Me levantei do sofá e me afastei deles. — Eu deveria estar no meu quarto… E vocês, vão dormir, antes que fiquem com olheiras.
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  Eles riram de mim.
  — Alguma programação para o nosso dia? — indagou , sério como sempre, porém sereno.
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  — Temos um luau na clareira — respondi prontamente, revelando as tradições dos jovens da cidade. — Todos os anos no dia seguinte ao Natal, os jovens de Wisconsin se reúnem na clareia para rever os amigos no recesso e se divertir um pouco longe do olhar dos pais.
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  — Em meio à neve? — fez uma careta estranha.
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  — Não se preocupe, terá chocolate quente, marshmallows e uma fogueira para aquecer os cavalheiros — brinquei ao me aproximar da escada. — Vocês vão gostar.
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  Mesmo com o olhar desconfiado de ambos, segurei o riso e segui subindo os degraus da escada.
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  O dia pareceu empurrado e dei graças a Deus que tinha minhas visitas para me distrair com o passar das horas. Finalmente chegando ao final da tarde, nos aprontamos e seguimos para a clareira de Gail, ao sul da floresta local e bem próximo à cabana do velho Smith, o zelador da escola secundária. Beth e meu irmão seguiram na frente, indicando o caminho pela neve e apesar do gelo, tinha que admitir que este ano tinham caprichado na trilha deixando totalmente limpa a ponto de vermos o solo.
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  — Vamos conhecer muitos amigos seus? — indagou com seu tom curioso.
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  — Eu nunca fui popular, se é o que estão pensando. — Já me adiantei na explicação, com o coração acelerando ao avistar Collins ao longe. — Minha única amiga era a Beth.
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  Foi apenas fechar a minha boca e nos aproximar do local, que todos os olhares se voltaram para nós e as pessoas presentes começaram a vir me cumprimentar, puxar assuntos sobre Princeton e algumas até dizer que estavam com saudades de me ver na cafeteria do Louis. Afinal, passei meu ensino médio trabalhando meio período para juntar uma grana para faculdade.
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  — Tem certeza que você não era popular? — perguntou , num tom irônico.
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  — Hum… — Eu me encolhi um pouco. — Bem, tem muita diferença entre ser popular e ser a vice-presidente do grêmio estudantil.
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  Eu não tinha outra explicação óbvia para dar aos olhares desconfiados deles.
  — Tive um mandato bem satisfatório e os alunos gostavam das minhas propostas, então… — Mantive meu olhar distante, disfarçando estar procurando por alguém.
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  — Se você era a vice, obviamente o presidente era o popular — concluiu , voltando o olhar para frente. — Aposto que ele era do time de basquete.
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  — não tem cara de quem se envolve com um atleta — supôs , entrando no jogo do leão, olhando para o grupo dos ex-jogadores do time da escola.
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  — Ambos têm razão… — a voz grossa e rouca de soou atrás de nós, fazendo meu coração esquecer de bater por alguns segundos. — Eu era popular, mas não era do time de basquete…
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  Assim que nos viramos, meu olhar se encontrou com o dele. O garoto por quem fui apaixonada desde a quarta série, e misteriosamente foi meu namorado no ensino médio.
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  — Fui editor-chefe do jornal da escola — completou ele, com um sorriso de canto e o olhar intenso fixo em mim. — Oi, .
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  — . — Respirei fundo, tentando voltar ao meu equilíbrio. — Veteranos de Princeton, este é o presidente do grêmio estudantil e orador da minha turma de formandos… , estes são e , meus veteranos de Princeton.
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  — Prazer. — manteve as mãos nos bolsos da calça, sem a menor vontade de cumprimentá-los com um aperto de mão. — Imagino que sua companhia tenha sido mais do que especial para trazê-los para casa.
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  — é nossa caloura. — manteve o tom seco e olhar avaliativo.
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  — E pertence à minha fraternidade, então… — continuou. — Quisemos fazer uma surpresa.
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  — Sejam bem-vindos à nossa clareira e aproveitem o luau. — se moveu para se retirar, contudo, me lançou uma piscada rápida, daquelas que tinha significado.
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  E qual era? Ele queria falar comigo em particular. E não sairia daquela clareira sem conseguir fazer isso. Tentei agir com naturalidade diante da pequena situação inesperada, então olhei para ambos que me encaravam discretamente pedindo por uma explicação.
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  — Não é da nossa conta, quem ele é… — disse , controlando o olhar frustrado e chateado. — E não precisa dizer se não quiser.
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  — Fale por você — interviu com seriedade. — Eu quero saber quem é ele e o que você dois tiveram além do grêmio estudantil.
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  — Ele foi meu namorado no ensino médio. — Rápida e honesta. — Não terminamos de uma maneira legal, então, se eu desaparecer durante o luau… Não me procurem.
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  — Você ainda gosta dele? — se rendeu à curiosidade e indagou.
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  — Da mesma forma que gosto de vocês — declarei em alto e bom tom. — Como um amigo.
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  Não houve nenhum suspiro de alívio de ambos, e talvez lá no fundo eles desconfiassem que provavelmente não teria dado por terminado nosso namoro. As coisas foram conturbadas entre nós ao longo dos dois últimos anos de colegial, a ideia do grêmio havia partido dele, como uma desculpa para ficarmos mais tempo juntos na escola sem que ninguém desconfiasse. Por mais que a abelha rainha tivesse terminado com ele no primeiro ano do ensino médio, não ficou nada satisfeita quando todos descobriram sobre nossa aproximação.
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  — Desfaçam essa cara emburrada e vamos nos divertir, a noite está estrelada apesar do inverno e quero apresentar a vocês algumas pessoas — disse a eles, abrindo um largo sorriso.
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  — E ainda diz que não é popular. — arqueou a sobrancelha.
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  — Depois não diga que só vai pela comida — alertou , rindo baixo —, pois nunca mais vou acreditar.
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  — Mas eu realmente só vou pela comida. — Ri junto, fazendo-os rirem mais.
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  Seguimos mais pra frente, próximo à fogueira, e os apresentei à equipe do jornal da qual me aproximei por causa do editor chefe. Eram as pessoas mais legais e comunicativas da escola, pois cada membro fazia parte de um grupo diferente. Minha cunhada, Beth, das líderes de torcida, Jorge dos atletas, Kimberly das góticas, Charles dos nerds gamers e Hill dos químicos do MIT. E foi mesmo uma conversa bem legal que levou a trocar contato com Charles, graças ao interesse em comum deles com os cenários dos jogos.
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  Aproveitei a deixa para me afastar deles discretamente e seguir por algumas árvores, sabia que entenderia a referência e me seguiria até o local previsto. Me posicionei em frente ao lago iluminado pela lua, lembrando do meu último dia na cidade e de como conduzimos a nossa conversa de término. Mesmo a decisão sendo unânime, lá no fundo parecia que nenhum de nós dois queria aquilo.
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  — Você em Princeton e eu em Yale… — Sua voz quebrou o silêncio e logo uma brisa fria passou por mim. — Nunca saberemos se realmente daria certo um namoro à distância.
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  A noite, mesmo gelada, parecia suportável até aquele momento.
  — Nós crescemos. — Mantive meu olhar para o lado, vendo o reflexo a lua nele. — Nossos pensamentos mudam constantemente e…
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  — Qual dos dois? — indagou ele.
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  — O que? — Me voltei para .
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  Pude ver um leve desespero em seu olhar.
  — Por qual dos dois você se apaixonou? — repetiu ele, de forma clara e objetiva.
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Eu quero você sintonizada em meus olhos
  Sim, você está me fazendo ser um garoto apaixonado.
  – Boy With Luv (작은 것들을 위한 시) / BTS feat. Halsey

14. Escolhas

  Era notório em minha expressão de surpresa que não estava preparada para aquela pergunta, menos ainda diante daquele olhar ansioso por respostas que vinha dele. Procurei em minha mente as palavras mais adequadas que pudesse lhe explicar o que sentia, e ainda assim não sabia o que dizer. Mesmo tendo terminado, juramos ser sinceros um com o outro sempre, além de não deixar a amizade que construímos acabar. Talvez seja esse meu erro, sempre ver a amizade antes do amor e temer perder um amigo, não me importando perder meu coração.
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  — O que te faz pensar que eu estou apaixonada por um dos dois? — Voltei meu olhar para frente e indaguei curiosa por sua percepção inicial da situação.
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  — A forma como olha para eles, assemelha-se a como me olhava — explicou ele, se virando, para ficar de costas para o lago, com as mãos nos bolsos da calça, completou: — até mesmo quando sorri, posso ver um brilho escondido.
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  — Eu os vejo como amigos, assim como você — relatei com serenidade e segurança, era o que eu queria sentir, então não estava mentindo de fato. — Sabe que Princeton é minha prioridade, sempre foi desde o início.
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  — O que não te impediu de chamar a atenção deles — brincou ele, com uma risada baixa e leve. — Assim como chamou a minha.
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  — Em minha defesa… — iniciei meu argumento de sempre.
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  — Nem ouse dizer que só estava lá pela comida — interrompeu ele, me fazendo rir junto. — Me lembro de quando fizemos nosso primeiro trabalho em dupla…
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  — Você e a abelha rainha tinham terminado o namoro e ela estava saindo com o capitão do time de basquete — continuei a história em seu lugar —, você estava péssimo naquele dia, não conseguiu se concentrar e ficamos até tarde na biblioteca.
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  — Que bom que sempre foi boa em geografia, porque eu jamais teria conseguido terminar sozinho — concordou ele, com meus relatos do passado. — Eu gosto de ser seu amigo, mas gosto mais de ser a pessoa que ocupa seu coração.
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  — Achei que estivesse definido nosso status — indaguei tentando não aprofundar aquele assunto.
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  — Talvez para você, mas o que fazer se durante todo o período de aula, meus pensamentos se reuniam em querer saber sobre você em New Jersey. — Era nítido a sinceridade no soar de sua voz, o que me estremecia suavemente por dentro.
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  Será que era isso que minha mãe havia tentado me explicar? Sobre estar longe da pessoa e se sentir aflito por não saber o que ela está fazendo, ou pensando, ou sentindo. Querer a todo momento ouvir a voz dessa pessoa, o som da sua risada ou apenas ficar em silêncio ao seu lado, sentindo o coração acelerar ansioso por algum gesto a mais.
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  Isso acontecia comigo?
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  Acontecia quando eu pensava em ?
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  — Queria poder dizer o mesmo, mas… Tenho estado tão confusa que não conseguiria formular uma resposta concreta. — Apenas deixei que as palavras mais plausíveis soassem.
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  Uns instantes de silêncio pairou entre nós… E parecia ter muito significado para ambos, pois assim como eu, certamente ele também estava meditando nas minhas palavras.
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  — Você já está formulando. — Foi como um sussurro, vindo dele.
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  Em um piscar de olhos, deu o primeiro passo para se retirar, porém de forma involuntária, minha mão segurou em seu braço impedindo-o de continuar. Nossos olhares se encontraram, sendo contemplados por uma leve brisa fria e ao mesmo tempo, reconfortante, curiosamente me fazendo reagir com o arrepio do meu corpo pela baixa temperatura. Se ele interpretou isso erroneamente, eu não sei, mas foi a deixa para que se aproximasse ainda mais de mim e seus lábios sutilmente tocassem os meus.
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  Havia me esquecido de como seu beijo era doce e envolvente, de como sentia conforto e aconchego em seus braços, combinado ao aroma do perfume que usava. Me forcei a não pensar nesses pequenos detalhes que complementaram nosso namoro, e durante todo aquele tempo, por achar que já estava em uma nova fase, apenas deixei o passado na biblioteca do colegial e segui a nova realidade que vivia em Princeton.
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  Mas era isso que eu queria de fato?
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  Por que tinha uma incansável mania de me deixar confusa e pensativa em meio aos nossos beijos, fazendo-me querer mais para continuar em meus devaneios e suposições enquanto sentia o gosto dos seus lábios.
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  — … — eu sussurrei, respirando fundo, mantendo minha mente cauterizada de todos os pensamentos que pudesse vir a seguir e destruir ainda mais minha sanidade.
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  Não queria admitir…
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  Mas lá no fundo, talvez eu estivesse com saudade…
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  Talvez
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  — Me desculpe — disse ele, num tom mais baixo, mantendo o olhar atento em mim, numa intensidade que dava a entender que não estava de fato arrependido pelo beijo. — Eu prometi que não faria sem que me pedisse.
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  — Então, você lembrou. — Não me contive em sorrir de canto, discretamente é claro, apenas observando seu pequeno gesto de tocar meu cabelo.
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  — Amigos então? — Ele me olhou meio risonho e esticou a mão em cumprimento.
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  — Nunca deixamos de ser. — Eu ri ao apertar sua mão, fazendo-o arquear a sobrancelha direita. — E não me olhe assim.
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  — Assim como? — perguntou confuso.
  — Como se não confiasse em mim — expliquei.
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  — É claro que confio em você. — Ele se manteve segurando em minha mão, e num rompante premeditado, me puxou para mais perto e me abraçou apertado. — Isso não quer dizer que não vou lutar por você, não vou desistir de nós.
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  — Talvez eu não queira que desista, mas talvez seja melhor que… — tentei argumentar.
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  — Nem ouse terminar essa frase. — Uma leve repreensão.
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  — Você precisa saber que meus sentimentos estão confusos. — Me afastei de leve e o olhei com sinceridade. — e são dois amigos maravilhosos que entraram na minha vida de uma forma inexplicável, e talvez eu esteja…
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  — Esteja apaixonada por eles — completou ele, seu olhar compreensivo me constrangia.
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  E eu não conseguia mentir para alguém que se tornou tão próximo de mim.
  — Apaixonada é uma palavra forte, mas tenho sentimentos profundos por eles… E isso tem me deixado confusa e ainda mais desnorteada — confessei, e não conseguia entender de qual dos dois sentia mais falta quando estavam longe.
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  — Apenas deixe seu coração te guiar. — Ele acariciou meu rosto suavemente. — Apesar de eu sempre estar torcendo para que ele te guie para mim.
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  Um sorriso singelo surgiu em meu rosto, meus reflexos involuntários me fizeram dar um leve beijo no seu rosto, mantendo meu rosto suave após.
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  — Sabe que isso me mata, não é? — disse ele, ao segurar em minha mão piscando de leve.
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  Eu apenas assenti com a face e ri um pouco mais. Estava aliviada por me abrir com alguém que me entendia muito bem, e mesmo sabendo que ainda me amava, eu podia sempre contar com ele, assim como poderia contar com meus veteranos de Princeton. Me afastei um pouco mais dele e voltei para o restante do grupo que estava já sentado em volta da fogueira. Aproxime-me dos veteranos e me sentei no meio de ambos, seus olhares curiosos eram visíveis e permaneciam fixos em mim.
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  Fiquei decepcionada com o fato de minhas visitas terem retornado tão rapidamente para New Jersey, por um contratempo na família de King Lion, ambos decidiram retornar juntos. O que resultou em longas semanas monótonas, em que obtive consolo na Netflix e Amazon, com minhas maratonas de Saga Chicago e muitos doramas atrasados. Claro que sempre sendo criticada por minha mãe e pressionada a participar dos momentos em família, a parte boa é que todos foram engraçados e inspiradores, principalmente por meu pai e suas indiretas relacionadas a Princeton.
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  Retorno das aulas em pleno final de inverno, segundo semestre letivo e eu ainda precisava me preparar emocionalmente para enfrentar o professor Brown. A parte boa é que finalmente estaria de volta à agitação do campus, a minha rotina de assistente loba sendo repreendida carinhosamente por Isla, devido ao meu look diário e dos encontros casuais com meus veteranos. E foi um choque para todos ao perceberem que leão e lobo mantinham mais do que apenas uma cordialidade, eles estavam agindo como verdadeiros amigos de infância que sempre foram.
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  — E como está nossa caloura neste dia refrescante? — indagou , ao se aproximar da minha estação de trabalho.
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  Com muitas tarefas no cronograma, resolvi passar minhas tardes no andar do curso de jornalismo, na sala do jornal. E por mais que os gêmeos Hilte do curso de marketing causassem o caos com seu pequeno fã clube, era engraçado ver Juliet, nossa editora chefe, em total surto com eles.
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  — Acho que já deixei de ser uma caloura há muito tempo. — Parei o que estava digitando no computador e olhei para ele.
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  Seu olhar de bobo malicioso para mim fez meu coração acelerar um pouco. Inacreditável como conseguia tão facilmente em apenas segundos. O observei puxar uma cadeira e sentar ao meu lado, demonstrando estar mesmo interessado no que eu fazia.
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  — Sempre será minha caloura favorita. — Ele piscou de leve, mantendo o olhar em mim.
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  — O que quer aqui? — perguntei curiosa. — Pelo que soube, você tinha uma palestra para ir hoje, doutor King Lion.
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  Ele soltou uma gargalhada alta e boba.
  — Sabia que você tinha ouvido aquela conversa — disse.
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  — Em minha defesa, eu ainda estava sonolenta. — Assegurei a realidade. — E estou muito feliz pela amizade de vocês.
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  — Você teve parte nisso. — Ele tombou de leve a cabeça, me deixando ainda mais sem palavras. — Minha palestra estava chata, então resolvi sair à francesa e te sequestrar por algumas horas.
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  Por que ele tinha que ser tão atraente e ao mesmo tempo fofo comigo? Talvez não fosse apenas uma atração, talvez houvesse algo mais profundo que me fazia pensar nele em alguns momentos do meu dia, principalmente nas horas de refeição. tinha um lado debochado e divertido que me fazia esquecer os problemas e as pressões da vida acadêmica, ele em minha vida era sinônimo de agitação e surpresas.
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  — E só veio aqui para me observar?! — indaguei sua presença.
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  — Vim para te convidar para dar uma volta. — Ele sorriu. — Você não pode passar o dia nesta sala fechada.
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  — Meu cronograma é bem apertado, nem comecei o semestre e já tenho dois artigos para entregar, um sobre arquitetura clássica e outro sobre sistemas estruturais modernos — revelei a ele meu choque de realidade logo na primeira semana de aulas, um dos motivos de possivelmente não comparecer à festa de boas-vindas que Maya estava organizando.
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  — Sistemas estruturais? — Ele pareceu confuso. — Isso não faz parte da aula de história da arte e da arquitetura, faz?
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  — Digamos que a professora de sistemas estruturais achou divertido a implicância do professor Brown comigo e leu um dos meus artigos — expliquei resumidamente.
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  — O que significa que você é muito boa na escrita. — A serenidade em seu olhar me dava segurança naquelas palavras. — Pode seguir carreira.
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  — Eu ainda não sei qual sentido vou seguir no design, mas não sei se teria algo relacionado à escrita, obviamente pelos traumas decorridos do curso — refleti um pouco. — Enfim, ainda tenho tempo para pensar e me decidir.
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  — Faça aquilo que te dê felicidade ao realizar — aconselhou ele, ao se levantar da cadeira. — Agora vamos, que o dia está belo e você precisa de um tempo de descanso.
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  — Você jura? — Eu ri me levantando junto, não iria relutar, afinal estava mesmo querendo esvaziar a mente e passar um tempo com meu amigo divertido.
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  Na saída do prédio, esbarramos na elite da minha alcateia. estava acompanhado de Chester e Kevin, com algumas pranchas nas mãos e certamente muitos trabalhos de conclusão de curso iniciados. Meus dois veteranos estavam no último semestre de seus cursos, precisavam focar no futuro em que os pais lhes projetaram. E eu estava aqui, sendo uma distração para eles.
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  — Aonde pensa que vai com a minha caloura? — perguntou ao parar diante de nós.
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  — Não vou te dizer… — envolveu seu braço em meu ombro me puxando para perto. — E nem pense em nos atrapalhar, hoje é o meu dia com ela.
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  — Não precisa me lembrar. — revirou os olhos. — Acha que sou o quê? Não quebro minhas promessas.
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  Oi? Olhei desconfiada para ambos, extremamente intrigada.
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  — Como assim hoje é o seu dia? — Me afastei dele e olhei diretamente, então voltei para . — E você? Que promessa foi essa?
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  — Foi você quem disse para sermos amigos — iniciou .
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  — Sim, e me lembro muito bem de falarem que não iriam brigar por minha causa. — Cruzei os braços com o olhar sério, não me importando com os olhares ao redor.
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  — Então estava mesmo acordada. — sorriu de canto, relembrando a noite de Natal.
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  — Isso não vem ao caso — retruquei.
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  — Nós combinamos que em cada dia da semana um de nós passaria o dia com você, e o outro não iria atrapalhar — explicou da forma mais natural possível. — Assim você poderia desfrutar da nossa amizade sem nenhum incômodo.
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  — Vocês combinaram isso sem me consultar? — Não sabia se ficava impressionada ou revoltada. — Eu já disse que não sou um troféu.
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  Dei impulso para me retirar, porém ambos ao mesmo tempo seguraram em minhas mãos, com o olhar parcialmente arrependido para mim. Eu poderia até brigar com eles e ficar revoltada, mas me lembrando de como estava sendo a vida de ambos com suas famílias problemáticas. Então, o que eu tinha a perder sendo a distração deles?
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  E de quebra, faria raiva em algumas pessoas.
  — Se você ouviu nossa conversa… — manteve sua seriedade habitual, que me estremecia por dentro. — Sabe que nenhum de nós vai desistir, e não queremos que isso atrapalhe nossa amizade.
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  — No final é você quem escolhe — completou , finalizando o nocaute em meu coração. — E jamais será um troféu para nós.
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  — Então hoje é dia do leão?! — Respirei fundo para não surtar com os dois.
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  — Sim. — Assentiu .
  — E amanhã é do lobo. — Voltei meu olhar para o alpha, que assentiu com a cabeça e um sorriso de canto. — A semana tem sete dias, três para um e três para o outro, e o que acontece com o domingo?
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  — Você terá o melhor dos dois. — piscou de leve com um sorriso malicioso.
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  O que me fez segurar o riso, notei que fez o mesmo.
  — Achei que vocês diriam que domingo era meu dia de folga — brinquei entrando no clima de loucura de ambos, ao me afastar deles.
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  — E deixar você sozinha para algum engraçadinho se aproximar? — fez uma careta engraçada.
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  — Quanto ciúmes. — Eu ri deles e segurei novamente na mão do leão, fazendo uma graça momentânea. — Vamos então já que hoje é seu dia de me distrair.
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  — Você fará isso amanhã também? — indagou , com o olhar enciumado.
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  — Isso que é? — perguntei.
  — As mãos dadas — explicou.
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  — Que ciúmes — brincou , rindo dele. — Pare de agir como uma criança.
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  — Somos amigos, direitos iguais para cada um — replicou ele.
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  Aquilo deveria ser levado como um argumento?
  — Amanhã é outro dia. — Desta vez eu pisquei para ele e saí na frente puxando comigo, que ria de tudo aquilo.
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  Seguimos o caminho em direção à sua sugestão de irmos ao paintball mais uma vez, deveria ser uma revanche, entretanto, nosso foco era apenas passar o tempo fazendo algo legal e nos esquecendo dos problemas. Claro, com minhas indagações a ele sobre o tal acordo de parceria, que me deixava cada vez mais curiosa ainda.
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  — Bem, acho que você me deve uma coisa, já que perdeu três vezes para mim — disse com aquele olhar que só ele sabia fazer.
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  — E o que eu te devo? — perguntei inocente, sabendo o que era.
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  Ele apenas sorriu de canto e foi se aproximando mais e mais de mim, até que me beijou com a intensidade de sempre, para desnortear minha sanidade ainda em recuperação. O coração acelerando e meu corpo arrepiando gradativamente, fazendo minhas mãos se ergueram involuntariamente para pousar em seu tórax. A intenção inicial era afastá-lo com sutileza, o que deu errado quando seus braços se envolveram em minha cintura e minhas mãos acabaram agarrando sua jaqueta no impulso.
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  — Eu te amo… — sussurrou ele, ao manter seu rosto aproximado do meu, a ponto de sentir sua respiração.
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  Manhã de sábado, acordei sentindo uma leve dor nas costas, talvez por não ter costume com uma cama tão macia assim. Havia passado horas em reunião com a Isla e as outras garotas da fraternidade, discutindo assuntos como a formatura dos lobos veteranos e seus respectivos substitutos. Por uma insistência de minha veterana, acabei dormindo na mansão da alcateia no quarto da Isla, enquanto ela dormia com Chester.
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   — Hum… — Me espreguicei na cama.
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  — Bom dia, bela adormecida. — O soar da voz grossa de me despertou por completo num susto.
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  — Alpha! — Ergui meu corpo no impulso, puxando os lençóis para me cobrir mais. — Como entrou aqui?
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  — O dono da casa tem a chave mestra para ocasiões de emergência — explicou ele, mantendo-se encostado na parede com as mãos nos bolsos da calça.
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  Um olhar sublime e enigmático ao mesmo tempo.
  — E o que está fazendo aqui? — continuei minhas perguntas.
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  — Vim te convidar para um piquenique — disse ele, com um sorriso de canto. — Sabia que a refeição mais importante do dia é o café da manhã?
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  — Sabia sim… — Me espreguicei novamente com delicadeza e olhei para a janela.
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  O dia parecia ensolarado com a proximidade da primavera.
  — Me dá dez minutos para trocar de roupa? — sugeri, voltando o olhar para a porta.
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  Ele assentiu e se retirou do quarto.
  A princípio, imaginei que nosso piquenique seria no deslumbrante e bem projetado jardim dos lobos, porém, surpreendentemente me levou em outro lugar. Quilômetros de estrada, duas horas de carro, algumas paisagens pelo caminho até chegarmos próximo ao Central Park. Inesperado e milimetricamente bem pensado.
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  — Com um jardim em casa, você me trouxe aqui… — sussurrei, ao descer do carro.
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  — Em breve não teremos mais sábados como este, então… — Ele segurou minha mão e pegou a cesta com a outra fechando o porta-malas. — Quero apenas aproveitar a oportunidade.
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  — Hum. — Eu sorri de leve e me permiti ser guiada por ele.
  Após uma semana cansativa cheia de desenhos técnicos, leituras de livros e artigos e mais algumas revisões e horas de diagramação para o jornal, os momentos diários com meus veteranos haviam se tornado a melhor parte dos meus dias cansativos. Demorou um pouco para ele encontrar o lugar ideal para nosso disfarçado encontro, mas finalmente, embaixo de uma árvore frondosa, ele estendeu o tecido estampado em xadrez Burberry, ajeitando a cesta na ponta, deixando-a semiaberta.
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  — Agradeço pelo café da manhã — disse ao respirar fundo o perfume da primavera que surgia aos poucos. — Inusitado, mas gostei da surpresa.
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  — Por você, vale a pena. — Ele sorriu de canto. — Nem preciso perguntar se está com fome, não é?
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  — Eu só venho pela comida — brinquei.
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  — Eu sei. — Ele tocou de leve em minha face, seus olhos brilhando para mim. — Mas isso não vai me fazer desistir.
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  — Vocês dois realmente não estão facilitando para mim. — Desviei o olhar, pegando um morango da cesta e dando uma mordida.
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  — Do que está falando?! — indagou ele.
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  — A forma como olham para mim e todos os passeios… Sabia que isso tem dificultado tudo ainda mais? — Tentei segurar as palavras, mas precisava ser honesta. — Eu gosto de você, tanto quanto gosto dele.
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  — Por que não esquecemos esse assunto e nos concentramos em nós e neste dia maravilhoso? — sugeriu ele, mantendo a serenidade e empatia. — Não quero falar do , meu foco é você.
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  — Sabe que eu falo de você para ele, não é?! — Fui um pouco mais firme.
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  — Sei, e gosto disso. — Ele riu baixo.
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  — Então vamos à outra curiosidade. — Mudei de assunto. — Como tem ido seu trabalho final?
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  — Tranquilo, eu acho — revelou ele.
  — Seu olhar não está tão animado assim — observei.
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  — Bem… — Ele voltou o olhar para o céu, reflexivo. — Com o passar dos anos eu aprendi a gostar de arquitetura, e agora já me vejo trabalhando com isso, mas…
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  — Mas? — Mantive a atenção nele.
  — Tenho a sensação que as coisas ficarão mais pesadas daqui pra frente. — Ele desabafou. — A vida adulta finalmente vai chegar para mim.
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  — Não é pela vida adulta, posso ver isso em seu olhar — afirmei.
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  — Vou me mudar para Manhattan após a formatura, para trabalhar na construtora da família — contou ele, num tom mais baixo.
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  — Isso quer dizer que vamos nos ver bem menos no futuro — concluí, com ele assentindo com o olhar. — me disse a mesma coisa, que mudaria para Chicago.
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  — A empresa da família dele transferiu a sede para lá — explicou , voltando o olhar para mim. — Questões familiares.
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  — E eu ficarei sem meus veteranos — reclamei, abaixando os olhos com tristeza. — Minhas tardes não serão as mesmas.
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  — Se quiser, pode pedir transferência para a Columbia e ficar perto de mim — sugeriu ele, com um sorriso bobo.
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  — Você sabe que meu sonho sempre foi a Universidade de Princeton — garanti a ele, minha escolha de ficar onde estava. — Mas… Manhattan fica a duas horas do campus.
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  — Esse é o meu consolo. — Ele piscou de leve.
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  — Enfrentaria duas horas de trânsito para me ver? — O olhei surpresa.
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  — Até mais se fosse preciso — assegurou ele, confiante nas suas palavras.
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  Eu sorri de leve, tentando controlar meus impulsos internos e não me deixar levar com o momento, mas não ajudava com aquele olhar profundo para mim. Seu jeito sereno de me olhar e aquela profundidade que parecia me hipnotizar a cada segundo. Aquele lobo cheio de mistérios e silêncio tinha seu charme, acelerava meu coração com sua voz grossa e o perfume envolvente, sempre me transmitindo segurança e aconchego.
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  — Eu te amo, e isso, nem a distância vai mudar — sussurrou ele, ao se aproximar mais e mais de mim, encostando nossos rostos.
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  — Você está muito perto — sussurrei de volta, sentindo sua respiração.
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  — Eu sei. — Ele sorriu de canto e impulsionou mais um pouco até que concretizasse o beijo tão desejado.
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  Me senti aquecida por dentro, principalmente ao toque de sua mão em minha cintura, me puxando para mais perto. Era insano tudo aquilo, e mesmo traçando um perímetro entre eu e ele, de tempos em tempos ambos quebravam as regras e seus beijos me deixavam ainda mais em surto. tinha uma intensidade que era específica dele, algo que me trazia para perto, uma influência incomum aos meus reflexos involuntários que sempre retribuía seus avanços.
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  — Não podemos esquecer o café — sussurrei a ele, retomando o fôlego.
  — Só viemos pela comida, eu sei — brincou ele, me fazendo rir.
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  — Isla também me disse sobre sua preocupação com a formatura — comentei, ao observá-lo me servir com os cookies em um pratinho.
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  — Devo presumir que você ficará no lugar dela como a organizadora dos eventos — supôs ele.
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  — Sim, ela indicou meu nome e não houve objeções por parte de terceiros. — Eu ri de minha própria colocação.
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  — Terceiros… Louise? — presumiu.
  — Sim, terceiros Louise. — Suspirei de leve, ao mordiscar um cookie. — Nem me incomoda mais os olhares odiosos dela.
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  — Louise tem uma vida tão difícil quanto a nossa, e a pressão aumenta quando se é filha do professor Brown… — Suas palavras de advogado soaram como uma pessoa empática que entende a dor do outro. — E levando o fato de que ela não é a filha de sangue dele, como bem sabe.
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  — Ele parece ser um pai bem protetor, ao meu ver — argumentei.
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  — Vai entender que no meu mundo as aparências enganam, mas são elas que importam para a maioria — revelou ele, num tom frustrado.
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  — Você viveria assim? De aparência? — indaguei.
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  — Não… Jamais viveria com alguém que não amo. — Seu olhar se manteve sereno em mim. — E não quero imaginar a possibilidade de não ter o seu amor no futuro.
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  — Se concentre no presente então — sugeri.
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  Ele assentiu com o olhar e mordeu um pedaço do cookie que eu segurava. Foi bom passar aquele sábado com ele, termos mais momentos juntos para fortalecer nossa amizade. Entretanto, eu tinha que colocar um ponto final naquela situação, ter uma decisão final até a formatura dos meus veteranos: Chicago ou Manhattan. Leão ou Lobo. ou .
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  Algumas semanas se passaram, com o semestre a todo vapor cheio de eventos em homenagem aos veteranos formandos, que na maioria eram os representantes das fraternidades, ou seja, a elite. No meio de toda essa correria, estava eu tentando lidar com os acontecimentos e me divertir aproveitando meus momentos ternos com meus melhores amigos. E claro, sendo um pouco de madrinha coruja do baby de Marg, acompanhando sua gestação entre as aulas e idas ao médico com o pré-natal. Até mesmo o chá de revelação já estava sendo organizado por Joy, que se autonomeou a futura titia gata, após sensibilizar com a profundidade da situação envolvendo a mãe de James.
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  — Que vergonha, eu aqui te esperando para um café juntas e minha caloura debaixo das cobertas. — A voz de Isla me fez despertar de meu sono da tarde no susto, com um aperto no coração.
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  E uma sensação de ter feito algo errado.
  — Isla, o que faz aqui? — Tive dificuldades para abrir meus olhos, porém consegui e, erguendo o corpo, esperei até que minha alma voltasse para dentro de mim.
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  — Como assim o que faço aqui?! — Ela colocou a mão na cintura, com o olhar indignado para mim. — O chá de Marg será na próxima semana e não vou deixar aquela gata esfinge metida a Zara Hadid organizar tudo sozinha, temos um compromisso com nossa amiga.
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  Era engraçado como ela se referia à Joy.
  — Hoje é domingo, não podemos falar sobre isso amanhã?! — Fiz uma cara de cansada para ela. — Tive uma semana turbulenta e duas certas pessoas não me deixaram dormir até mais tarde hoje.
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  — Eu não ligo se meu irmão e o leão te arrastaram para uma trilha qualquer, isso não lhe dá o direito de voltar para cama depois do almoço. — Cruzando os braços, eu conseguia ver a minha mãe nela.
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  — Isla, eu te amo amiga, mas me deixa dormir, só mais dez minutos — pedi quase implorando.
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  — Se ela deixar, eu não deixo. — Marg entrou no rompante em meu quarto, já se sentando na beirada da minha cama com seu olhar curioso conhecido. — Até você me contar quem é aquele ser monumental saído de um romance de Jane Austen que está na entrada do campus te procurando.
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  — O quê? — Senti meu corpo gelar.
  De quem ela estava falando?
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  — Como assim tem alguém me procurando? — indaguei a ela. — Será que é o cara do estágio?
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  — Você se candidatou a um estágio? — perguntou Isla. — Mas e a biblioteca?
  — O professor Juan me indicou para um estágio em uma revista de arquitetura de um amigo dele — expliquei a ela, desacreditada da resposta ter sido tão rápida assim. — Mas eu enviei meu currículo com a carta de recomendação na semana passada, e hoje é domingo.
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  — Essas pessoas tendem a ser bem ocupadas, tempo é dinheiro — comentou Marg, avaliando a possibilidade. — Mas ele não me pareceu ser editor de revista.
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  — Vou ter que descobrir por mim mesma — disse ao me levantar da cama.
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  Troquei de roupa em minutos precisos e saí apressadamente em direção à entrada do campus. Lá estava o homem de costas admirando a paisagem do lugar e com alguns grupinhos de garotas parcialmente próximos lhe secando com olhares e muita atenção de geral para ele. Quanto mais próximo eu chegava, mais cochichos surgiam, pois sabiam que ele procurava a caloura de Wisconsin. Uma batida mais forte soou dentro de mim, acelerando meu coração trazendo um frio na barriga.
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  — Collins?! — disse seu nome em alto e bom som, mesmo de costas eu o reconhecia.
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  — . — Ele sorriu de leve para mim, ao se virar.
  — O que faz aqui? — perguntei surpresa com sua visita.
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  Após o luau, voltamos a nos comunicar com mais frequência, comigo contando um pouco da minha rotina e desafios diários. Contudo, sem nenhum anúncio ou comentário de uma visita vindo de sua parte.
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  — Bem… Por onde eu começo. — Ele coçou sua cabeça de leve, envergonhado como uma criança que fez algo errado.
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  — Pelo começo — brinquei descontraindo.
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  — Não há começo, apenas que estarei aqui em Princeton no próximo semestre. — Em alto e bom tom, de forma clara e precisa.
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  Meu coração, que parou com a informação, voltou a bater acelerado enquanto minha mente tentava absorver a ideia. na mesma universidade que eu no próximo semestre, era mais insano ainda que ficar longe dos veteranos. Num piscar de olhos, meu olhar se desviou para os dois homens atrás dele.
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  — Presidente. — Como um coral impecável, as vozes de e soaram com nitidez, me estremecendo ainda mais.
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  — Acho que já conhece meus veteranos — disse com suavidade para amenizar a atenção. — E vocês, acho que se lembram do .
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  Eu me coloquei ao lado de Collins, observando o olhar atravessado dos dois para ele.
  — Sim, o presidente editor. — engoliu seco. — O que faz aqui? Em nossa universidade.
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  — Está muito longe de Yale — comentou , no seu tom sério habitual.
  — Estou apenas vendo uma grande amiga e conhecendo o campus, já que vou estudar aqui no próximo semestre — declarou ele, novamente, com um sorriso final de vitória.
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  — veio me contar a novidade. — Um tom sutil com um olhar singelo.
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  — Bastou um luau para que decidisse estudar em nossa universidade? — cruzou os braços, o olhar furioso.
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  — Algum problema? Já que não vão estar aqui no outono, esta não será mais a universidade de vocês. — Aquele era o lado provocativo e meio competitivo de que me deixava sem sanidade.
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  — Como sabe que não estaremos aqui? — indagou , irritado com aquela provocação.
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  — Fiz o dever de casa. — Collins sorriu de canto.
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  — Princeton sempre será nossa — retrucou , visivelmente se controlando internamente para manter a cordialidade. — Não será um diploma que mudará isso.
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  — Você acha? — manteve sua postura segura e confiante.
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  Foram raras as vezes que o vi nervoso com alguma coisa.
  — , eu posso te mostrar o campus, já que sua nova realidade será aqui — disse ao segurar em seu braço e puxá-lo de leve para irmos embora. — Eu vejo vocês mais tarde na reunião das fraternidades.
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  — Vamos sim. — Ele assentiu com o olhar para mim, porém voltou para ele. — Será uma pena não estarem aqui no próximo semestre, certamente seria interessante.
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  — E quem te garante que vamos embora? — deu um sorriso de canto, voltando o olhar profundo para mim. — Mudança de planos sobre Manhattan.
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  — Digo o mesmo sobre Chicago. — O olhar de também seguiu para mim, dando uma piscada rápida com a malícia de sempre.
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  Se até aqui Princeton estava sendo caótica para mim e meus sentimentos confusos, eu me recusava a imaginar o surto que certamente será meu próximo semestre letivo.
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   , , e agora .
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Eu perdi minha cabeça,
Desde o momento em que te vi.
Só de estar ao seu lado, meu mundo fica em câmera lenta,
Por favor, diga se isso é amor?
– What Is Love / EXO

  “Escolhas: A vida é feita de escolhas, mas nem sempre você quer fazê-las.”
  - Pâms

Fim

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Lelen
Lelen
2 anos atrás

Já amo a Marg, é o tipo de pessoa que eu amo ter por perto HAHAHAH

Por enquanto sou team Demeter, mas obviamente as coisas podem mudar, até porque o Cedric só falou UMA COISA. HAHAHAHAH

QUE COMECEM OS JOGOS, QUEM VAI SER O MELHOR, HUUM? :B

Comentário originalmente postado em 05 de Julho de 2021

Pâms
2 anos atrás
Reply to  Lelen

<3<3<3<3 a Marg é uma amigona mesmo, maravilhosa e muito alto astral.
Que comecem os jogos miga, porque a disputa é acirrada.

Comentário originalmente postado em 10 de Julho de 2021

Lelen
Lelen
2 anos atrás

Eu amei a Isla… Mas, eu ainda sou #teamDemeter porque eu curto uma personalidade mais brincalhona e tal HAHAHAHHA
Mas o lobinho está começando a se expor, então vamos ver no que vai dar. A ousadia do moço em pegar a pulseira, eu hein. E praticamente todas as fraternidades querem um pedaço da Annia, se fosse eu no lugar ia ficar tipo “vou com ninguém, ficarei eu sozinha comigo mesma porque não quero magoar nenhum potencial amigo” KKKKKKKKKKK Ou eu ficava com a Marg, ela surgiu primeiro HAHAHAHHA
Eu tô bem curiosa pra saber onde isso tudo vai dar e qual é a história do Cedric e do Demeter, que aparentemente é um rixa de longa data, né? /hum

Comentário originalmente postado em 20 de Julho de 2021

Pâms
2 anos atrás
Reply to  Lelen

Isla é maravilhosa mesmo <3<3<3<3<3 todo mundo quer um pedaço da pp, ainda tem água pra rolar aí kkkkkkk

Comentário originalmente postado em 22 de Agosto de 2021

Lelen
Lelen
2 anos atrás

Eu AINDA sou #teamDemeter HAHAHAH
Acho que eu teria problemas com o Cedric porque eu sou muito “NINGUÉM MANDA EM MIM” e a gente provavelmente ia se matar em algum momento da história HAHAHAHAH
Mas eu tô LOUCA para saber um pouco mais sobre a história dele pra tentar entender um pouquinho mais <3

Comentário originalmente postado em 04 de Agosto de 2021

Pâms
2 anos atrás
Reply to  Lelen

Cedric precisa te conquistar mulher kkkkkkkkkkkkk

Comentário originalmente postado em 22 de Agosto de 2021

Lelen
Lelen
2 anos atrás

Eu JURO que tô tentando dar uma chance pro Cedric, MAS PQP, HEIN, MOÇO?
Um artigo. UM. ARTIGO. NA PRIMEIRA SEMANA DE AULA. 
Ele enviou ajuda? Enviou. Mas seria muito melhor SE NÃO TIVESSE ARTIGO PRA ESCREVER!!
E Cedric levou bronca do professor também? Por isso ele tava evitando olhar pra Annia? E sr. Brown, não é como se a Annia tivesse se jogado pra cima de qualquer aluno, eles que tão correndo atrás. Por que a bronca tá pra ela? #hunf.

PS: FESTA DE HALLOWEEEEEEEEEEN. AMOOOOOOOOOOOO! <3
MAL POSSO ESPERAR!!!!!!!!!!!!

Comentário originalmente postado em 21 de Agosto de 2021

Pâms
2 anos atrás
Reply to  Lelen

Um artigo na primeira semana kkkkkkkkkkkkkkk é cabuloso mais nós sobrevivemos a primeira semana UFA, mas até que a ajuda da Joy foi muito legal e divertida com as brincadeiras do Demeter também.
Vamos ver o que esta festa de halloween vai dar né <3

Comentário originalmente postado em 22 de Agosto de 2021

Lelen
Lelen
2 anos atrás

EU AMO HALLOWEEEN <3333333333
Cedric, tu vai ter que lutar muito pra me conquistar porque mais da metade do meu coração já tá com o Demeter. Sorry not sorry OPMSDPOAMSDPOASMDP
Mas tenho que admitir que Cedric tem seu charme. E AÍ, MINHA GENTE, O QUE VAI ROLAR NESSA FLORESTA?
Eu amo a Isla e a Marg <3 E toda vez que leio “Joy” eu imagino a Joy do Red Velvet HAHAHAHAH
Tô esperando pela próxima att *—————*

Comentário originalmente postado em 15 de Setembro de 2021

Pâms
2 anos atrás
Reply to  Lelen

A Marg e a Isla são uns amores mesmo <3<3
O Demeter sabe ser charmoso, mas o Cedric não fica atrás e eu confesso que gosto mais do alpha do que do king lion mas seguimos na indecisão.

Comentário originalmente postado em 18 de Setembro de 2021

Lelen
Lelen
2 anos atrás

AAAH, NOSSOS AMORZINHOS VOLTARAM 
tava com saudades já. Cedric, faz alguma coisa porque o Demeter tá a um passo daqui: <3 KKKKKKK
Ai, eu espero que a Isla e a Marg continuem sendo amigas da Annia, amo tanto essa amizade delas! E O QUE A ISLA TÁ APRONTANDO? Suspeito que tenha a ver com o irmão, né. Aceito. HAHAHAH
Espero que você consiga atualizar logo *-*

Comentário originalmente postado em 16 de Fevereiro de 2022

Lelen
Lelen
2 anos atrás

E pra participar da promo porque sim: 
Eu tenho algumas frases favoritas, mas tenho duas especiais kkk

“- E daí? Um late e o outro uiva, é tudo igual. – Ela deu de ombros. – No fim, os felinos são os melhores.” – porque esse foi o momento que eu definitivamente deixei de desconfiar da Marg e suas intenções (porque eu sempre espero que tenha alguma rival no meio da história kkkk)

[…]

“[…] – Aprendi que o silêncio é o melhor caminho, lobos sempre observam mais antes de atacarem.” – porque essa frase foi uma das decisivas para eu começar a me interessar pela história do Cedric e o que pode haver no passado e nas entrelinhas das atitudes dele.

Não comentei nada do Demeter porque simplesmente TODA a presença dele me encanta, sorry, mundo HAHAHAHAH

Comentário originalmente postado em 16 de Fevereiro de 2022

Lelen
Admin
2 anos atrás

EEEEITAA, XOVANA. A história da Louise. Choquita chocada. Mas é claro que a elite tem seus podres, né, não há nenhuma surpresa aí (há sim kkkkk).

ESSE EMBATE NO EU NUNCA FOI MARAVILHOSO, QUERO MAIS KKKKKKK

E gente, como assim, Annia? Tu mandando mensagem pros dois boys ao mesmo tempo e os dois se importam o bastante para aparecerem o mais rápido possível? :O

Quero pra mim. O Demeter ainda é mais o meu tipo na personalidade, mas sejamos muuuuito sinceras, ele tem uma lista grande demais de mulheres que passaram pela cama dele KKKKKKKKKKKKKKKKKKK Já é um ponto pro Cedric que é parece mais reservado, mas ainda tá muito misterioso, apareça mais, bb!

E esse final? Eita. Como que reage numa situação dessas?

AH, EU ACHEI BONITINHO ESSA TROCA DE FARPAS DO LOBO E DO LEÃO HAHAHAHAH Mesmo com suas diferenças, eles conseguiram colocar o bem estar da Annia antes do resto <3

MULHER, PELAMOR, FALA QUE TU JÁ TÁ TRABALHANDO NOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS. EU SEI QUE TU FALOU QUE PRECISA DE FÉRIAS, MAS A ESPERANÇA TÁ AQUI!!!

Lelen
Admin
2 anos atrás

Mas eu tô amando forte essa interação dos dois moços e agora eu tô só “Vocês vão voltar a ser amigos SIM!” KKKKKKKKKK

Eu também estou pensando com quem a Annia vai terminar. Com o leão divertido? O lobo misterioso? Sozinha sendo diva? Com os dois em poliamor? São tantas as possibilidades e todas me interessam e animam muito HAHAHAHAHAH

Tô começando a gostar um pouco mais do Cedric, dessa vez ele teve mais momentos que me chamaram a atenção e tô entendendo o como eu deveria estar dividida tanto quanto a Annia entre esses dois <3

O QUE MAIS VAI ROLAR NESSA HISTÓRIA? Tô sentindo que vai ter intriga com Louise, agora muito mais, né?

Lelen
Admin
2 anos atrás

Eu não consigo não amar o Demeter HASDOASHPDOASHDP

E a Isla é muito diva. Defende a Annia do seu irmão mesmo! u.u

A Annia ainda tá lidando bem com a falta de espaço e tempo para si mesma, eu já ia estar surtando – na verdade, na vida real, estou mesmo KKKKKKK -, ia me isolar em algum lugar que ninguém me achasse e ainda desligava o celular porque sim. Meu Deus, que desespero AHAAHHA

Tô me identificando tanto com os perrengues universitários KKKKRYING queria não. Tô só a Annia: “não quero mais” :B

Desculpa, Cedric, você tá começando a brilhar sim, maaaaaaaas Demeter me conquistou desde a primeira cena, vai ser bem difícil desapaixonar, acho que só se ele for muito babaca na história, o que sinceramente, espero que não HAHAHAHHA

Lelen
Admin
2 anos atrás

Vish, sempre tem picuinha no meio dessas famílias podres de ricas e poderosas, né? Ninguém merece.

EU SABIA O QUE ESTAVA POR VIR COM ESSE CASAL, a hora que a Annia viu o James junto com a Marg, eu já tava

Spoiler
ELA TÁ GRÁVIDA, NÃO TÁ?
fiquei ofendida com essa atitude da mãe. Senhora, venha cá, vamos fazer terapia.

O que vai rolar nesse Natal pra essa turma, hein? No aguardo.

Lelen
Admin
2 anos atrás

PELAMOR, FALA QUE O JEREMY VAI APARECER PRA CAUSAR? EU DEIXOOOOOO

Meu gzus, Demeter E Cedric juntos no Natal da Annia… No que isso vai dar?

E eu super apóio a Beth na ideia de poliamor KKKKKKKKK

Tô amando essa fase mais amigável do Leão e do Lobo, espero que dure e volte a ser amizade de verdade, quero. Mimdá.

O que os próximos capítulos nos reservam? :OOOO

Lelen
Admin
1 ano atrás

Ai, gente, eu já amo uma família *—-*
E Demeter e Cedric juntos como quase amigos é a coisa mais maravilhosa que já vi. Preciso de mais cenas com eles se dando bem e… COMO ASSIM ESSE TIPO DE COISA É DE FAMÍLIA? posha, me passa um pouco disso, Annia, por favor. Eu tô aceitando HAHAHAHHA
O que os próximos dias nos reservam? E será que as famílias deles não vão se incomodar com a falta da presença deles no Natal? /humm
PODE CHEGAR, PRÓXIMA ATT!

Lelen
Admin
1 ano atrás

Só queria dizer que a Marg me representa nas viagens JKKKKKKK

Lelen
Admin
1 ano atrás

Yaaay, e tivemos a aparição de Jeremy e um pouco mais sobre o passado da nossa protagonista <3
Eu tô torcendo muito para a amizade do lobo e do leão permaneça, coisa mais lindinha os dois amigos *—-*
E eu realmente não me importaria se tivesse um final poliamor aí HEIOEHIOEHOIHEO Escolher para quê, não é mesmo? :B
(Vou dizer que meu coração, em particular, ainda é do Demeter, nada contra Cedric, juro)

Lelen
Admin
1 ano atrás

COMO ASSIM??? AGORA QUE O CIRCO VAI PEGAR FOOGOOOOOO!!
Amo, tô aqui pelo caos HEHEHHEEHHE
Amei que os dois 22kos de Princeton voltaram com a amizade e ainda tão unidos no ciúme contra o moço de Wisconsin HAOHAODIASHDO
Eu vou dizer que talvez eu arraste uma asinha pro Jeremy, viu? Eu toda errada kkkkkkkk
DEUS, DÁ TEMPO E INSPIRAÇÃO PRA ESSA AUTORAR CONTINUAR A HISTÓRIA, OBRIGADA.


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