Capítulo 1
- Saving Grace. – Tim dizia para o diretor contratado pela banda para criar o novo videoclipe. Eles já haviam decidido que ‘Saving Grace’ seria a próxima música a ser gravada. Até aquele momento, apenas as músicas mais fortes haviam tido um vídeo para elas, eles precisavam de um som mais calmo para mudar um pouco a linha de criação. Até aquele momento, apenas ‘Into Your Arms’ tivera um vídeo em cima de uma música lenta. E foi um grande sucesso, por isso, não havia erro. O novo clipe seria tão bem recebido quanto o anterior, contando com o sucesso que ‘Saving Grace’ já tem com seus fãs.
- Certo, e qual é a história da música?
- Nós estávamos pensando em fazer algo muito clichê. – Kennedy, o guitarrista e back vocal da banda inicia a conversa. Os cinco integrantes estavam sentados na mesa no espaço principal do ônibus de turnê, onde ainda estavam com o Augustana e Austin Gibbs. Devido à correria, eles tiveram que decidir rapidamente qual música teria um vídeo e qual seria a história dele. Algo facilmente imaginado, quando ‘Saving Grace’ já havia uma história por detrás de sua letra.
- É, do tipo um casal que se conhece por serem vizinhos e acabam se apaixonando. – Patrick, o baterista e irmão mais novo de Tim, empresário da banda, continua.
- E então eles acabam se separando, porque ela tinha de estudar no outro lado do país. – Jared, guitarrista principal da The Maine, finaliza com as mãos em cima da mesa.
Todos se mantiveram calados enquanto o diretor pensava na história criada por eles. Era realmente algo fácil de ser gravado, principalmente porque eles não haviam entrado em detalhes. Achava que a banda iria dificultar sua vida com limitações e cenários específicos. Mas John ainda não havia falado nada. Até aquele momento:
- Nós queremos seguir essa linha de flashback. – ele começa a fazer mímica com as mãos em cima da mesa, chamando a atenção de todos presentes. – Tudo começa com ela tentando escrever uma carta para o amor dela, mas não consegue, porque não sabe como ele está, então começa-se o flashback de como tudo se iniciou e chegou até onde estão.
- Seria bom se a imagem fosse um tanto editada para que se parecesse com o flashback. – o último Maine que não havia se pronunciado finalmente dá a palavra. Garrett continua: – E ela então volta para a cidade para encontrar o moço, trazendo à tona, todas as imagens do flashback de volta à realidade.
- Certo. – o diretor rapidamente concorda, finalizando o momento
brainstorm, para que eles não dificultassem ainda mais. – Então teríamos três tipos de cenário. As casas vizinhas, o quarto da universidade e o retorno dela para casa?
Os cinco concordam com a cabeça.
- Bom, vou criar um roteiro para ser mais fácil de ser seguido. Confiem em mim, ficará exatamente da maneira que vocês imaginaram. – o homem diz com um sorriso. – Sobre a seleção da atriz…
- Nós meio que prometemos a uma agência que escolheríamos alguém de lá. A dona é amiga da mãe de Kennedy, então é meio que um favor que nós devemos à ela. – Jared diz sem graça, encarando Tim que os olhava surpreso. – Foi mal, lembramos hoje de manhã.
- Me passem o contato dela mais tarde. – o empresário apenas diz, fazendo com que os quatro integrantes olhassem para Kennedy, que retira o celular do bolso de sua camisa xadrez azul.
As gravações começariam em uma semana e meia. Tempo o suficiente para que o diretor pudesse organizar todos os cenários e personalizar o roteiro adaptando à ideia dos meninos.
Obviamente, John era o principal. O que não era óbvio, era a diferença que a nova garota faria em sua vida futuramente.
Capítulo 2
- Sou . – a garota alta com seus cabelos e diz com um pequeno sorriso. A dona da agência havia ligado para ela há uma semana, dizendo que havia um ótimo trabalho com um bom rendimento. Ao saber que estava escalada para participar do novo clipe do The Maine, se sentiu maravilhosamente bem. Ela adorava a banda de tempos atrás, e apesar de não ser uma fanática pelos seus integrantes, sabia reconhecer muito bem todas as músicas tocadas por eles.
Os garotos haviam acabado de chegar de turnê, portanto, estavam cansados e não muito afim de fazer sala para atrizes. Mas não podiam deixar o papel de bons garotos de lado. Assim que foram apresentados à , trataram de iniciar uma divertida conversa sobre a vida na estrada e compará-la com a vida de uma atriz ainda não reconhecida, o que gerava altas risadas. Com o passar da conversa, os cinco se sentiam muito mais à vontade com a companhia da garota. Sabiam que ela era uma fã, não havia alguém ali em Arizona que não conhecesse uma das bandas mais famosas saídas do Estado, porém, não esperavam que ela fosse tão sociável e não-obsessa por eles. Ao mesmo tempo que era bom ter alguém com um interesse enorme em suas vidas profissionais, era melhor ainda saber que ela não os forçava a fazer nada do que não queriam ou se sentirem desconfortáveis por terem de lidar com mais uma garota-escândalo.
- Vamos nos encaminhar para a primeira cena do flashback. – Marco, o diretor, estava com enormes fones de ouvidos que parecia uma tiara, depositadas em seu pescoço. Ele se aproxima dos cinco, mas olha somente para John e . – Vamos aproveitar que estamos aqui e se der tempo hoje, gravaremos todas as cenas dos flashbacks, onde vocês quatro também entrarão. – aponta para Pat, Kennedy, Jared e Garrett, que concordam com a cabeça obedientemente.
John e se entreolham e ela abre um belo sorriso sem malícia e sem nenhuma segunda intenção, embora tivesse deixado o vocalista um tanto atordoado. Algo naquele sorriso mexia com ele, e não era os lábios carnudos ou o modo que seus olhos se fechavam. Era abstrato.
- Você é nova no bairro. – Marco olha para , que prestava bastante atenção no que ele dizia. Havia lido o script, mas não sabia como se manusear dentro do cenário. – Sairá de dentro do carro com os pais. – e aponta para dois atores mais velhos, até se surpreendera em como o homem que iria fazer o pai se parecia com ela. – Enquanto isso, John estará sentado no meio-fio encarando o nada e percebe a chegada da nova vizinha. Se levanta para cumprimentar os pais e ao encarar , mostre que está encantado com seu sorriso.
Por algum motivo, John imediatamente pensou que aquilo não seria tão difícil de fazer, nem muito menos pareceria falso, uma vez que ele decididamente sabia que havia algo com o sorriso da garota que lhe mantinha pasmado.
- Você não cantará nada nesta cena, John. Nós vamos deixar apenas o primeiro encontro de vocês no ar. Vou mudar a cena para uma em que vocês estarão tocando em um cenário diferente. Todas as cenas com aqui serão atuadas, e não cantadas, para que pareça ainda mais real e significativo. Você apenas irá cantar nas cenas em que estará se lembrando dos bons momentos com sua vizinha, em que estará pensando em como ela faz falta.
- Certo. – ele diz e arrisca olhar para a garota, que ainda tentava captar todos os detalhes, e pensava em que afeições faria durante a gravação.
- Vamos lá então. Garotos, vou pedir para que saiam do cenário. – ele olha para os quatro restantes, que se apressam em se retirar. O diretor se senta em sua cadeira e pega o megafone, gritando: – Em seus lugares!
, antes de entrar no carro, sorri mais uma vez para John, como se quisesse acalmá-lo por estarem gravando. Para a surpresa do vocalista, o sorriso funcionou de maneira contrária. O que antes ele não estava sentindo, agora ele sentia tudo ao mesmo tempo. Se afastou e sentou no meio-fio como dito pelo diretor. Ouve o grito ‘Ação!’ e começa a brincar com algumas pedrinhas que estavam caídas no chão. Ao ouvir o som do carro se aproximando e estacionando por perto, desvia seu olhar, vendo os dois adultos saírem do veículo conversando animados.
Ele olha para a placa de ‘Vendido’ que estava espetado em frente ao jardim da casa ao lado da “sua” e a “mãe” de segue até ela, retirando-a e deixando em um canto do jardim. Ele então se levanta e se dirige aos dois, dando-lhe as boas-vindas. Em um momento muito espontâneo, ele olha para a filha, que saía do carro com seus fones de ouvido ainda tapando sua audição. Ao vê-lo, ela os retira e abre o mesmo belo sorriso que o encantava, deixando-o encarando-a pasmo, a boca levemente aberta e os olhos fixos em sua beleza facial.
- Corta! – ele ouve a voz do diretor soar em algum lugar afastado. sorri ao ver que ele continuava com a mesma expressão.
- Está tudo bem? – ela sacode uma das mãos em sua frente e ele balança a cabeça, saindo de seu transe e dando uma risada.
- É, tá tudo legal. – diz. – Próxima cena? – desconversa virando seu rosto e procurando pelo diretor. Olha para o céu antes de encontrá-lo e vê que o dia ainda estava apenas começando. O sol sequer começara a descer, o que dava para saber que ainda não chegaram nem ao meio-dia.
- Esta é uma cena pequena, marca vocês dois conversando sentados no meio-fio por um longo tempo. Modificaremos o cenário atrás de vocês, como se ficassem um dia inteiro sentados aí conversando sobre todos os tipos de assunto e mesmo assim não se cansando da presença do outro. – o diretor posiciona John e um ao lado do outro em frente ao meio-fio, posicionados bem entre as duas casas. – Vamos lá! – ele corre berrando um ‘todos aos seus postos!’.
Os dois se sentaram como mandado, mas permaneceram calados por um breve tempo, até John começar a falar:
- Houve um dia durante a turnê. Era a primeira vez que nós estávamos na estrada. – ele dizia olhando para o céu. – Nós ainda andávamos em uma van. – ele sorri com a lembrança. – Como eu sou um dos mais velhos, eu sempre me sentia no poder de dirigir mais do que os outros. – e dá uma risada. Olha para , que mantinha um sorriso nos lábios, prestando bem atenção no que ele dizia. Não sabiam se já estavam gravando a cena ou não, mas se mantiveram daquela maneira. – Uma fã de Nova Jersey nos trouxe um presente um tanto afeminado para nossa van. O carro era muito especial para todos nós e passou a ser uma marca registrada nossa. – sua empolgação começara a fluir e ele agora passava a usar as mãos para descrever toda as cenas que vinha em sua cabeça. – Elas vinham com canetas hidrocor para escrever em nossa van branca, e quando vimos, ele estava decorado com diversas canetas coloridas que nos mostrava mensagens de todos os tipos. – ele solta uma risada. – Era engraçado o modo que elas falavam sobre as orelhas de Pat.
- Todos falam sobre as orelhas dele, pobrezinho. – comenta para que não parecesse que apenas John mantinha a conversa em um monólogo. O vê concordar com a cabeça e então continuar:
- Essa fã de Nova Jersey veio toda animada para nós cinco quando estávamos prestes a deixar a cidade para ir até a próxima. – ele dá outra gargalhada. – E nos fez abrir o presente em sua frente. Tudo o que lembro é que vi um pedaço de pano meio que estofado com a estampa rosa de um leopardo. – ele ouve rir ao seu lado e dizer um ‘Não!’ – Não, é sério! Estou falando sério! – ele responde rindo. – Nós ficamos completamente sem graça e não podíamos simplesmente dizer que aquilo era coisa de garotas peruas. Ou uma moda
à la minha avó de quase oitenta anos. – ele não conseguia se segurar em se manter sério enquanto ouvia as gargalhadas de soar ao seu lado. – Foi então que nós descobrimos que era uma capa para a direção. Nos fez colocá-lo lá. Não pudemos dizer ‘não’. – ele ria. – E então saímos de Nova Jersey dirigindo uma van cuja direção era coberta por uma capa de leopardo. – as risadas de aumentavam e ela jogava a cabeça para trás se divertindo com a cena. – O pior é que era confortável!
- Confortável? – ela ria ainda mais.
- Pra caramba! – ele balançava a cabeça veermente. – Nós olhávamos para a direção e nos sentíamos a banda mais gay do mundo, mas quando estávamos dirigindo, tudo o que pensávamos era: “Caramba, como isso é bom de manusear!”. – estava quase caindo de lado com suas risadas e John se sentiu bem em vê-la assim. Não sabia como, mas sentia que aquelas risadas não eram atuadas, mas sim verdadeiras. – Decidimos que iríamos manter a capa ali. Tenho certeza que se ainda tivéssemos a van, a capa estaria ali para nós.
Depois de ter terminado de contar sua história, a única coisa que pode ouvir fora as risadas de . Ela não era alta, tampouco baixa, não era escandalosa, muito menos discreta. Parecia ser feita na medida certa para ser usada em qualquer situação, e em qualquer lugar. Diminuiu suas risadas para um sorriso e um olhar de admiração à garota.
- Muito bem, tocante sua história, O’Callaghan. – o diretor diz em seu megafone, tirando risadas de todos presentes. – Eu disse ‘corta’ faz uns cinco minutos, mas parece que seu enredo estava bem interessante. – ele brinca com o casal, fazendo corar sem graça e John lhe mandar um joinha. – Vamos à última cena do flashback, sim? – ele faz um sinal para os outros quatro integrantes do The Maine se aproximarem. e John se levantam e caminham em encontro ao resto, parando em um semicírculo ao lado de Marco. – Vocês estarão se divertindo e John e estarão caminhando e trocando sorrisos e carinhos. Como se fossem mesmo namorados já. – ele olha para o ‘casal’, que assente. – Finjam que não veem os dois, apenas se divirtam fazendo gracinhas uns com os outros atrás. – ele volta o olhar para os quatro, que murmuram coisas como ‘fácil’, ‘moleza’ e ‘demorou’.
A câmera desta vez correria de frente para eles. A rua escolhida era grande, o que causaria uma longa cena que seria cortada e usada durante várias partes do clipe. Ao se porem em um lado da rua, o diretor grita um ‘Ação!’, fazendo com que a câmera começasse a gravar e John passasse o braço pelos ombros de , e ela segurando a mão que estava pendurada em seu ombro e enlaçando a cintura do vocalista com o outro braço. Eles não conseguiam ver o que os quatro outros integrantes faziam atrás de si, mas pela gritaria, podiam perceber que eles estavam mesmo fazendo o que o diretor havia falado e abusando nas brincadeiras e gracinhas com os outros.
- Eu, na verdade, nunca quis ser atriz. – ela diz em uma expressão sem graça, o vendo desviar seu olhar para ela. Caminhavam devagar e uma brisa, em consequência do clima fresco, batia em seus rostos, esvoaçando os cabelos de para trás. – Eu preferia ser fotógrafa, mas meu tio que mexe com isso adorava me ter como modelo dele. Acabei entrando nesse rumo dessa maneira.
- Você é boa. – John diz e recebe o olhar surpreso de . – Pelo menos está sendo agora. – e abri um calmo sorriso, sendo retribuído por ela.
Quem visse de fora, poderia facilmente distinguir um olhar apaixonado vindo dos dois, um sentimento que não descrevia a realidade.
Foram cerca de oito minutos caminhando a rua inteira e trocando carícias, como beijo na bochecha de John e na cabeça de . Abraços laterais apertados e troca de olhares significativos. John nunca se sentira tão parte do personagem que ele mesmo havia criado para o clipe. Haviam alguns momentos que parecia até que ele não estava fingindo.
Capítulo 3
- Muito bem, vamos à cena da despedida. – Marco dizia para os dois depois de almoçarem às duas e meia da tarde. Os atores que faziam os pais de voltaram e estavam parados ao lado do vocalista e da jovem atriz. – Venham cá. – ele chama pelo casal mais jovem, que se aproximam. – Enquanto vocês dois – aponta para os pais -, estão colocando as malas de no carro, vocês estarão se despedindo com dor no olhar. Acaricie sua bochecha, se abracem, façam tudo o que um casal faria quando estivesse se separando contra a vontade. Em seguida, caminharão de mãos dadas até o carro, onde ela entrará e você fechará a porta para ela, dando um passo para trás e a observando se afastar dentro do automóvel para longe de você. Ainda gravaremos se virar para ver John mais uma última vez e você deverá acenar para ela, de modo que quem assiste deve pensar que vocês se verão novamente um dia.
- Tudo bem. – John ouve responder naturalmente. Engole seco. Ele não sabia o que fazer. Talvez deixasse que ela tomasse conta da situação. Se ela respondera, era porque sabia o que devia fazer.
Marco pediu para que todos que não fossem fazer parte da cena, saíssem do cenário. Os “pais” estavam prontos com malas e sacolas em mãos e se aproximou de John, depositando suas duas mãos nos ombros do vocalista, que se obrigou a enlaçar sua cintura.
- Não fique nervoso. – ele a ouve sussurrar.
- Não estou. – ele sussurra de volta. Os dois trocavam olhares agora mais intensos devido à proximidade. Ele podia contar o número de cílios nos olhos da garota. Podia sentir o ar saindo de seus lábios.
- Suas mãos tremem. – ela abaixa o olhar para sua cintura e é acompanhada com ele. Pego no flagra, ele abre um sorriso e então aperta suas mãos contra o tecido da blusa da garota, fazendo com que ela desse um passo mais perto e o espaço entre seus corpos praticamente se extinguisse.
- Não queria parecer abusado.
- Estamos apenas atuando.
De alguma maneira, ele não gostava de ouvir aquilo. Fora então que ouviram o ‘Ação!’ vindo de Marco.
- As cenas a seguir serão cantadas. Selecionei algumas frases em específico da música, pois sei exatamente como elas irão se encaixar no vídeo. – Marco dizia para John, que estava agora sentado na porta de uma das casas, a sua casa. O resto da equipe estava aos fundos e bebia uma água e comia um lanche, já que estava na parte da tarde e parecia que o almoço havia sido há anos. – Você viu no script, certo?
- Vi. – John se limita a dizer, olhando de canto na direção de e vendo-a sorrir ao conversar com Jared.
- Muito bem, vamos lá. – o diretor mais uma vez se afasta e ele vê toda a produção sumir do cenário. – E… Ação!
John encarava um ponto qualquer com uma expressão pensativa e cantava:
“I walk the fault line
In a dirt field in the springtime
I feel the wind start to remind me of you
and the sweet talk on the sidewalk
It’s true, all I know is…”
Ele sabia exatamente onde as frases iriam ser encaixadas. Eles não haviam gravados cenas em meio-fio e em meio brisas e árvores carregadas de flores.
“You leave in December
What can I do to make you stay?
’Cause we won’t fade away
We’ll find peace while others’ changing”
Continuou. Levantou os olhos para o céu. Enquanto mexia sua boca e soltava sua voz, pensava nas sensações que tinha quando estava perto da garota. Ela era apenas uma garota. Houvera diversas outras em sua vida antes.
“We are, we are, we are
Lovers lost in space
We’re searching for our saving grace”
Ele sabia que ela era diferente. Soubera desde o primeiro momento em que a viu horas antes naquele mesmo dia.
Como se o tempo quisesse colaborar com eles, o céu escurecera quando ainda era quatro da tarde. Marco ainda dissera mais cedo que gostaria que a cena final fosse em baixo de uma chuva, para que tudo fosse ainda mais mágico e clichê. Ouviram uma trovoada avisando que o aguaceiro estava se aproximando e todos trataram de rapidamente proteger os aparelhos, enquanto o diretor explicava a cena do retorno de até John.
- Você está cansada, pois pegara um ônibus da outra cidade para esta e seu dinheiro acabara no momento em que pisara na rodoviária. – Marco explicava a cena que gravaria com no dia seguinte. – Mas a saudade e a vontade de ver John é tão forte, que decide vir correndo mesmo em baixo da chuva. – ele diz ouvindo outra trovoada e olhando rapidamente para o céu já escuro. – Em um momento na rodoviária, você pegará o jornal deste senhor que estaria comprando algo para beber e usa o papel como cobertura, o que não dura até aqui, então você chegará com ele praticamente despedaçado. Compramos dois para que possamos usar o outro amanhã para a gravação da cena na rodoviária.
- E se amanhã não chover? – John, como sempre, complica a vida do diretor.
- Vamos rezar para que chova. – ele apenas diz e olha para . – Vamos deixar você um pouco em baixo da chuva, para parecer que você passara um bom tempo debaixo dela no caminho da rodoviária até aqui. – John continua sentado no degrau da casa observando agora a chuva cair, com uma expressão entediada. Em um momento eu darei um sinal para que você olhe distraidamente para o lado e veja no final da rua. – e aponta para o local onde estaria. – Você se levantará em um pulo, achando ser miragem e esfrega os olhos, como se quisesse ter certeza de que está enxergando correto. Se dirige para a chuva em passos receosos, como se ainda duvidasse que era ela. E ao vê-la começar a correr em sua direção, abre um iluminado sorriso e seus braços, correndo em sua direção.
Os dois se encaravam enquanto as primeiras gotas começam a cair. Pessoas da produção já estavam preparadas com enormes guarda-chuvas para que John e Marco não se molhassem, ao contrário de , que tinha a produção de seu cabelo desfeita pela água que caía do céu. Mas ela pouco se importava. Até que era regrescante depois de um dia de sol.
- Vocês não precisam se beijar. – finalmente viram seus rostos em expressões surpresas para Marco, ouvindo gracinhas dos amigos de John afastados, em um lugar coberto do set. – Mas cheguem perto disso, ok?
Desta vez nenhum dos dois responderam nada. Apenas concordaram com a cabeça. O diretor esperou um pouco mais para ter completamente encharcada e pediu que ela caminhasse para o outro lado da rua com alguém da produção. Lhe deram um blusao sintético para que não pegasse um resfriado já que não havia sequer uma parte de seu corpo seco. Enquanto isso, John caminhava com um guarda-chuva o seguindo para proteger da chuva, até os degraus da casa onde estava antes cantando trechos da música. Volta a se sentar e vê que a garota ainda não havia chegado aonde o diretor queria.
Fica mais um tempo pensando com seus botões sobre o fato dela prender sua atenção e tomar conta de seus pensamentos. Eles haviam se conhecido não faziam nem vinte e quatro horas. Ele nunca acreditara muito no amor à primeira vista. Talvez de fato não existisse. Talvez ao tê-la conhecido da maneira que ela é, se encantou pela sua maneira de demonstrar atenção e interesse nele e nos outros integrantes.
Ouve o ‘Ação!’ do diretor e rapidamente pisca para tomar forma da expressão que ele havia pedido. Apoia o cotovelo no joelho e o queixo na mão, vendo a chuva cair desinteressado. Depois de alguns pouquíssimos minutos, vê o sinal de um dos staffs a mando de Marco e passa a olhar para o lado com a mesma expressão de tédio. Até vê-la parada ali. Como se não fosse planejado, ele se levanta rapidamente, esticando o pescoço para enxergar além das cercas vivas que separavam as casas da vizinhança. Ela era ali. Dá alguns passos em direção da chuva, agora fechando os olhos que não estavam acostumados com os pingos da chuva atrapalhando sua visão. Caminha ainda mais até chegar ao meio da rua. A mão que até então protegia seus olhos da água, cai ao lado de seu corpo, sua boca aberta em um ‘O’ e os olhos vidrados. Tudo muda para um sorriso, principalmente ao vê-la começar a correr em sua direção. Não se lembrando das instruções do diretor, ele começa andando rápido, aumentando cada vez mais os passos até estar correndo.
Assim que seus corpos se tocaram, ela enlaçou o pescoço do vocalista e ele a enlaçara pela cintura, a levantando do chão com um sorriso bobo nos lábios. Ela olhava para baixo pelo fato de agora estar mais alta que ele e segura seu rosto, encostando sua testa ne dele e ambos fechando os olhos sentindo a respiração ofegante do outro devido à correria. Ele então a deposita no chão, fazendo-a voltar a ficar mais baixa que ele, mas mesmo assim ela não retirou as mãos de seu rosto e ele, em um impulso, beijou-lhe o canto dos lábios ficando por cerca de um minuto inteiro ali, tocando a pele fria da garota. Ela apertava seu corpo contra o dele e fechara os olhos com um sorriso, sentindo os lábios quentes em contraste.
Ao se separarem, trocaram um olhar que o outro poderia não saber ser verdadeiro, mas cada um sabia exatamente até aonde aquilo era real.
Capítulo 4
Três dias depois, a The Maine estava na gravação final do clipe, onde eles apenas teriam de gravar a música inteira cantada umas duas vezes. Demorara dois dias para que finalmente chovesse novamente em Phoenix, atrasando em um dia e meio a gravação do resto do videoclipe.
O cenário, diferente de todos os outros, era em um campo aberto, parecido tirado de um daqueles antigos filmes medievais, cujas flores coloriam o campo e o início do dia parecia mais o final por não estar nem claro e nem escuro. e John ainda tinham de tirar algumas fotos que fariam parte de um álbum que ela estaria vendo enquanto estivesse na cena da faculdade. Tais fotos que seriam tiradas ali naquele mesmo campo.
Como sempre, os meninos não demoraram a gravar a cena conjunta. Era fácil quando já se havia feito diversas vezes em todos os outros vídeos já criados pela banda. O meio da tarde até o final da mesma fora dedicado exclusivamente ao casal da história. Eles estavam vestidos com roupas leves. trajava um short jeans curto com uma blusa de algodão de alça, porém um fino casaco de lã bege que contrastava com a grama verde e o céu azul. Seus cabelos estavam presos em um rabo malfeito e os pés estavam vestindo galochas personalizadas que iam até o meio de sua batata. John, vestindo uma larga camiseta branca com uma jeans escura e um chinelo, a produção queria que eles não parecessem clichês em cima do cenário que já era completamente esquematizado.
Durante os dias que gravara a cena na rodoviária e parte da cena da universidade, que fora utilizada uma ali mesmo de Arizona, porém na cidade vizinha, onde tiveram permissão de gravar as cenas, ela e John não mantiveram contato, apesar de seus pensamentos decididamente estar um no outro. Ao se reverem neste terceiro dia, o que eles pensavam antes ser uma mera ilusão, passaram a acreditar de que era de fato realidade.
- Vocês mesmo quem deverão tirar as fotos. – Marco dizia entregando uma câmera para . – Deitem e rolem, tirem quantas fotos quiserem, nós selecionaremos algumas e colocaremos no álbum que irá ver enquanto estiver dentro da universidade. Enquanto isso estaremos lanchando. – e aponta para uma tenda bem ao fundo, onde os outros quatro integrantes já faziam a festa com todas as guloseimas.
John sabia que ele estava fazendo isso para uma privacidade maior aos dois.
Durante os três últimos dias, Pat, Kennedy, Garrett e Jared não paravam de lembra-lo sobre seu interesse na atriz contratada para o clipe:
- Admita, John, você está interessado nela.
- Nunca disse que ela era desinteressante. – John retruca Kennedy, que revira os olhos. – Só acho que vocês estão exagerando.
- Talvez você é quem estivesse exagerando nas suas ações e olhares na hora da gravação, John. – Jared diz calmamente, fazendo com que o vocalista balançasse a cabeça.
- Eu só fiz o que o script pedia.
- É, mas você fez com vontade que fosse realidade. – Pat se pronuncia.
- Ah, qual é, John! Você sabe que estamos certos! – Garrett se cansa. – Você está interessado nessa garota, nós conhecemos o seu olhar; acontece que desta vez, nós não sabíamos o que estava acontecendo.
Ele encara o amigo confuso. Eles o conheciam bem, mas não o conheciam?
- O que Garry quis dizer, John, é que nós sabemos quando você está brincando ou sendo apenas você. – Kennedy diz paciente. – Só que no dia da gravação, você estava de uma maneira mais… Avoada.
- Eu? Avoado? – ele não conseguia acreditar que estava ouvindo isso de seus amigos. Não estavam falando sobre o mesmo assunto.
- Você estava com um olhar encantado, admirado. – Jared diz. – Parecia que finalmente havia encontrado a pessoa certa, sabe?
- Deixa de ser teimoso, John. Você se interessou pela .
- Não engane a você mesmo, amigo. – Pat dá dois tapinhas nas costas dele.
John passara o resto do dia e mais o dia seguinte pensando sobre o assunto. E fora apenas quando vira no terceiro dia da gravação que soubera que talvez os amigos estivessem certos. Talvez ele estivesse cego. De amor? Quem sabe.
Os amigos brincavam com a cara de John ao verem as fotos tiradas pelo “casal” do clipe. já não estava mais lá, havia ido embora por ter outro bico a fazer de noite. Os quatro fizeram questão de pedir a Marco que os deixassem selecionar as fotos para o álbum, algo que o diretor não vira porque negar. Se arrependera ao ver a cara de John na décima foto que os quatro viam.
- Ohhhh, retiro o que disse,
essa é a foto mais gay. – Garrett apontava para a pequena tela da máquina, tirando risadas dos amigos.
- Pare com isso, Gary. Aquela quarta fora a mais gay. – Patrick diz lhe dando um tapa na nuca e recebendo outro de volta, tentando revidar mais uma vez, mas não obtendo sucesso.
- Ok, agora chega. – John tira a máquina do centro da rodinha, fazendo os quatro reclamarem. – Não, não, já selecionaram. Não eram apenas oito fotos? Já foram dez, toma Marco. – e entrega a câmera para o diretor que ria tanto da expressão desesperada de John para retirar aquele objeto das oito mãos, quanto dos amigos tirando sarro ainda mais da cara do vocalista.
- Não se preocupe, John, seu segredo está bem guardado conosco. Ninguém ficará sabendo que você está apaixonado. – Jared deposita a mão no ombro do amigo.
- Ops, acho que um passarinho Twittou. – Garrett coloca a mão na boca e todos olham para o celular em sua mão. Puderam ver as orelhas de John ficarem vermelhas e Garrett correr para longe do amigo, que por ter pernas mais longas, alcançaram-no rapidamente.
Capítulo 5
Era a premiére do vídeo. Todos estavam juntos na enorme sala da casa dos Kirchs. Geralmente as reuniões aconteciam lá, já que tanto o baterista, quanto o empresário viviam na casa dos pais, mesmo não morando mais lá. também fora convidada e conversava animada com as supostas amizades coloridas de Patrick e Garrett, além das oficiais namoradas de Jared e Kennedy. Todo mundo já conhecia Annie e Mary de longas datas, apesar de sempre terem dúvidas se eram elas mesmas as namoradas dos dois.
- Caroline disse que ela é demais. – Garrett murmura com um copo de cerveja em mãos. Os quatro o encaram. – O quê? Eu não pedi para ela fofocar para mim!
- E mesmo assim você vem fofocar para nós? – Kennedy diz e o amigo não pode responder nada senão ficar de boca aberta procurando algo para retrucar. – Tsc tsc. – ele faz o barulho com a boca, balançando a cabeça em negação.
- Vamos lá, meia-noite, pessoal! – Tim anuncia ao olhar para o relógio enquanto conversava com Nathalie, rolo pré-histórico de Pat, ligando a enorme TV e colocando o DVD no aparelho.
Eles haviam combinado que iriam assistir ao clipe junto com todos os fãs do mundo. Ele seria liberado à meia-noite, portanto a banda assistiria também no mesmo horário.
Todos se acomodaram pela enorme sala, já preparada para ocasiões como essa. Era o que se esperava de uma família que vinha com quatro filhos homens.
A cena se iniciou em um bloco de notas escrito um ‘Dear John’. O rosto de demonstrava dúvida sobre o que escrever. Ela arrisca algo, mas desiste, arrancando a folha, amassando-a e tacando junto com as outras bolas feitas. Assim que a voz de John surgira ao fundo, ela se levanta e caminha até a janela, se sentando na borda e pegando o álbum feito à mão que estava por perto.
“I walk the tight rope
On my way home
You’re my backbone
I know you’re somewhere close behind me”
A imagem era esfumaçada da cena de sentada à beira da janela e o cenário da banda tocando no campo aberto e John à frente com o microfone em mãos. Então o rosto de encarando janela afora e a entrada do flashback em que mostrava ela chegando em sua nova casa com os pais e John cumprimentando-os:
“I walk the fault line
In a dirt field in the springtime”
Entra a cena de John sentado à frente de casa cantando:
“I feel the wind start to remind me of you”
E então a cena dos dois conversando sentados ao meio-fio. Como visto antes pelos amigos e produção, nada parecia fingido, mas sim real:
“And the sweet talk on the sidewalk
It’s true”
E retorna a John sentado em frente à casa:
“All I know is…”
A cena que se seguiu no refrão fora a da banda no campo e flashes da troca de olhares ou quando um olhava para o outro sem o outro estar atento à reação. E assim fora até o final do mesmo refrão:
“All we have is what’s left today
Hearts so pure in this broken place
’Cause we are, we are, who we are
Lovers lost in space
Searching for our saving grace”
Durante a parte tocada, apenas estava em um outro cenário, caminhando pelo campus da universidade com as mãos no bolso de seu moletom. O rosto de John aparecia fraca encarando o céu.
E então voltara para a banda tocando, John encarava a câmera com um brilho no olhar que quem fosse mais próximo ao vocalista, saberia que não era normal:
”And I still remember
How your lips taste
On Holidays”
Aparecera John e se despedindo, enquanto os pais carregavam o carro com sua mala. A imagem de John cantando em transparência fazia quem estava assistindo saber que era ele relembrando o momento doloroso de vê-la partir. Sua expressão enquanto cantava sentado não era das melhores:
“You leave in December
What can I do to make you stay?
’Cause we won’t fade away
We’ll find peace while others’ changing”
Era possível ver os meninos bagunçando enquanto os dois compartilhavam do melhor momento. As cenas variavam entre eles juntos e os quatro se divertindo ao fundo e em pé no meio do campus da universidade e então retirando uma corrente de ouro do bolso, vendo o pingente em forma de coração e ao abri-lo, a frase: ‘Keep on searching’.
“I know you’re somewhere close behind me
And it’s true, oh the sweet sound
In the background
It’s you
All I know is…”
Fora o suficiente para ela olhar para o céu e decidir correr para longe da universidade. Houvera uma cena em que ela tentava pegar um táxi e então na rodoviária, comprando sua passagem com os trocados que haviam no bolso. John aparecia cantando ao microfone e o tempo chuvoso da rodoviária onde se encontrava, se contrastava com o perfeito céu limpo do campo onde John se encontrava cantando com a banda logo atrás.
“All we have is what’s left today
Hearts so pure in this broken place
’Cause we are, we are, we are
We are, we are, we are
Lovers lost in space
We’re searching for our saving grace
Oh yeah…”
A câmera mostrava sua ansiedade enquanto estava dentro do ônibus. As gotas da chuva escorriam pela janela do automóvel. Ela desce na rodoviária e vê que os bolsos estavam vazios por ter gastado toda a economia no táxi e na passagem. Olha para a chuva e então para o jornal que um senhor havia deixado de lado para comprar uma bebida. Sem pensar duas vezes, pega o jornal e corre em direção à chuva, colocando o papel em cima da cabeça, tentando, em vão, proteger-se da chuva.
“We’re searching for our saving grace
Oh yeah…
Enquanto isso John estava sentado nos degraus de sua casa entediado. Encarando o céu com um explícito desinteresse, ele suspira:
“I walk the tight rope
You’re my way home
You’re my backbone
You’ll always be here right beside me”
Em um determinado tempo, ele distraidamente olha para o lado e vê um ponto que lhe chamou a atenção. Reconhecia aquelas curvas. Se levanta em um pulo e dá alguns passos em direção à chuva, tentando enxergar melhor a pessoa que caminhava no meio da rua do outro lado e então parara. Ele caminhara até ficar de frente para ela. Ao finalmente ver quem era, a mão que até a pouco protegia os olhos da água estava caída ao lado da perna, que se moviam lentamente, passando a dar passos mais largos até estar correndo na direção da garota e tê-la fazendo o mesmo até si:
“All we have is what’s left today
Hearts so pure in this broken place
’Cause we are, we are, we are
We are, we are, we are
Lovers lost in space
We’re searching for our saving grace!”
O casal finalmente se encontra, trocando carinhos debaixo da chuva, que naquele momento não parecia nada mais do que água. O sorrisos que ambos trocavam faziam todos se esquecerem da chuva que os molhavam. Então as câmeras focalizam os outros integrantes durante a cena em que a banda tocava. Kennedy cantava de fundo, Jared estava parado em um canto enquanto Garrett se agitava mesmo a música sendo mais lenta que seus movimentos. Pat obviamente se localizava atrás de todos em sua bateria:
“(Keep on searching)
(Keep on searching)
Our saving grace!
A última cena do vídeo fora o olhar que John e trocaram.
“We’re searching for our saving grace…”
O mesmo olhar que os dois trocaram assim que a TV se desligaram.
E o que veio a seguir será sempre um mistério para até você que está lendo.
Fim
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