Santa, You Bitch
Querido papai Noel, gostaria de pedir…
Querido velho pançudo, queria pedir…
Velho senhor Noel, poderia me fazer o favor de me dar uma mãozinha? Sei que você não faz milagres, mas acho que para quem consegue descer por uma chaminé, deixar presentes em todo o mundo em uma única noite, e ainda não ser pêgo de surpresa, isso pode ser fácil.
É, eu sei. É ridículo um cara de anos fazer pedidos ao Papai Noel.
Mas eu tenho um motivo e como minha mãe diz: épocas desesperadas pedem medidas desesperadas.
Sou e estou apaixonado, e esse é o motivo do meu desespero. O quê? Tem coisa pior do que ser um “ninguém” na vida e estar apaixonado pela garota mais incrível do planeta? Não, não tem.
O nome dela é , minha vizinha. Certo, é clichê, mas quem disse que na vida não existe isso?
Desde que me mudei para esse lugar gosto dela, não perco sequer um movimento visível dela, conheço os melhores amigos dela, mas nunca falei com ela.
Patético.
O grande problema é que toda vez que eu tentava uma aproximação, acontecia alguma coisa para dar errado. A primeira vez, quando eu estava no primeiro ano do colegial, tentei falar oi para ela e o que aconteceu? Levei um soco na cara dado por Dwai-Gorila-McCarthy. Segundo ele eu estava “arrastando minha anti-popularidade” para ela. Nem consegui ver a expressão no rosto de , ela foi arrastada pelo grupinho “popular”.
Sei que ao ler isso vai pensar que ela é completamente babaca, mas não. Digo isso porque às vezes quando me reconhecia na rua, ela sorria para mim, mas sem dizer nada.
Tudo bem, eu era idiota. Um idiota que queria um milagre. Se alguém pudesse fazer isso, seria grato o resto da vida.
Véspera de Natal e estava sentado na guia da calçada. Meus pais resolveram sair para jantar e comemorar em um restaurante, eu não quis ir. Deu pra perceber que o anti-social na história sou eu… Olhei para o portão da casa da frente, imaginando onde poderia estar naquele momento. Eu não esperava que a resposta viesse tão rápido…
A garota de cabelos apareceu abraçada a um rapaz, que eu reconheceria de longe. Era Dwai. A raiva subiu e eu senti meu rosto esquentar. Levantei num pulo da calçada e fui para dentro de casa.
Noel, seu puto! Eu pedi uma ajuda para mim e agora ela está nos braços de um outro puto!
Suspirei. Nem mesmo o Papai Noel poderia me ajudar…
Enquanto resmungava comigo mesmo, voltei a me sentar na calçada, estávamos perto da meia noite e eu queria ver os fogos que seriam lançados na festa de Natal beneficente da cidade. Foi quando percebi que mais alguém tivera a mesma ideia que eu, mas estava sentada a minha frente, completamente absorta em pensamentos. Ela estava sozinha? Onde estava Dwai?
Olhei para os lados e tentei enxergar através da escuridão da casa de , a procura de vestígios de que Dwai ainda estava lá. Por incrível que pareça não encontrei nada. A casa estava vazia e aparentemente os pais de não estavam lá também.
Essa é sua chance de falar com ela, . Restruquei em pensamento.
Eu pigarreei para chamar sua atenção e ela logo me encarou confusa por um instante.
- ! – exclamou abrindo um lindo sorriso… Espera, ela sabia meu nome?
- Erm… Oi, … . – Me engasguei ao dizer seu apelido. Eu não era íntimo para chamá-la assim.
- . – Ela disse se levantando.
Não pude deixar de arregalar os olhos quando a vi vindo em minha direção e se sentar ao meu lado. Uma leve brisa trouxe o aroma do perfume que ela usava para perto de mim.
- E então, o que faz aqui? – perguntei curioso.
- Vim ver a queima de fogos. – Ela murmurou encarando o céu.
- Essa ideia era minha. – IDIOTA, podia ficar quieto já que não tem o que dizer!
Ela riu docemente e por um instante me esqueci do tempo. Esqueci que dia era, esqueci da hora, esqueci de tudo. Só conseguia enxergar ela, completamente sorridente a minha frente.
Foi quando a queima de fogos começou e eu me sobressaltei, acordando do meu devaneio com as gargalhadas de . Só então percebi que estava estatelado no chão. Grande , dava para ser melhor que isso?
Eu ri sem graça para ela, que logo sorriu e me estendeu a mão se colocando de pé.
- Levante, , vamos ver os fogos do telhado! – Ela me puxou assim que peguei sua mão.
me conduziu para dentro de sua casa e logo subimos as escadas parando no telhado. A vista lá era linda e podíamos ver os fogos sem dificuldade agora.
Ela sorriu enquanto encarava o colorido no céu noturno. Alguns minutos depois, o barulho cessou, se virou para mim e me abraçou. Fiquei estático, não esperava isso.
- Feliz Natal, ! – ela exclamou ao mesmo tempo que me abraçava.
- Feliz Natal, … – Murmurei meio desconcertado. Ela sabia meu sobrenome também?
riu alegre e ficamos mais um tempo admirando a noite daquela madrugada de 25 de Dezembro.
Querido Papai Noel, desculpe por ter te chamado de puto, mas a cena que vi me deixou irado. Contudo, tudo deu certo, não é?
Os presentes foram entregues nas casas certas e os pedidos realizados…
Parece então que você, afinal, faz milagres, hum?
Tudo bem, vou parar de agir como se acreditasse mesmo nisso. E erm…
Feliz Natal, velhinho.
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