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Sem curiosidades para essa história no momento!

Rosas e Violetas

Capítulo 1

  Os pés de Phoebe suspiravam aliviados à medida  que  ela desamarrava  o que alguns  poderiam considerar   objetos de tortura, mas  a seus olhos, eram  os elementos cruciais que a levariam à realização de seu maior sonho.
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  Desde que se entendia por gente, a garota de cabelos castanhos se expressava através da dança e toda vez que passava em frente à academia de balé mais renomada da cidade, a pequena aspirante a artista implorava ao seu pai que a matriculasse, contudo, infelizmente, Hank Thunderman não possuía condições, naquele período, de realizar o pedido da filhinha, recém divorciado, o dedicado pai lutava com unhas e dentes trabalhando em uma lanchonete como garçom, a fim de sustentar a casa.  Phoebe entendeu, sem problemas, afinal, mesmo sendo apenas uma criança, conseguia perceber as lutas do pai.
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  Contudo, ela não desistiu de seu sonho. Já adolescente, se inscreveu para um programa especial da academia  que ofereceria uma bolsa de estudos. A garota de cabelos castanhos agarrou a chance com unhas e dentes. Todos os dias depois da escola treinava sem parar com uma sapatilha velha comprada com suas economias em um brechó. O esforço da jovem valeu a pena, ela conseguiu a bolsa e agora, aos vinte quatro anos de idade, era uma das alunas da turma especial da senhorita Lily, uma professora renomada, mas muito exigente e mal humorada. Phoebe teve que lutar para conquistar sua admiração, muitas vezes chegava atrasada nas aulas com as mãos cheirando a gordura. Sempre antes da garota conseguir explicar que ela ajudava seu pai na lanchonete própria inaugurada depois de muitos sacrifícios. A senhorita Lily a advertia na frente de todas as outras alunas esnobes, o que obviamente deixava Phoebe constrangida, porém não era o suficiente para fazê-la desistir de seu sonho, muito pelo contrário, a fazia se sentir ainda mais determinada. A falta de recursos ela compensava dando o melhor de si, o atraso, ela compensava ficando todas as vezes depois do horário, a fim de praticar os movimentos.
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  Dessa forma, com o tempo, a jovem sonhadora conquistou a admiração da rígida instrutora. Agora, a senhorita Lily não se importava mais com os atrasos daquela que considerava uma de suas melhores alunas. Mesmo assim, Phoebe ainda era insegura, pois não podia ajudar a academia financeiramente como as outras garotas, de famílias afortunadas, faziam, por essa razão, quando a senhorita Lily perguntou se poderiam conversar, a garota engoliu em seco, esperando o pior.  Cabisbaixa, ela se encaminhou em direção a mulher de cabelos ondulados e nariz arrebitado.
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  A professora a encarou de baixo a cima enquanto Phoebe tentava esconder as mãos trêmulas, o que ela teria feito? Será que as outras garotas teriam reclamado do cheiro da gordura vindo das roupas de trabalho que ela deixava no vestiário? Ou pior, será que finalmente haviam armado um plano para expulsá-la de vez? Antes que a senhorita Lily pudesse dizer qualquer coisa, começou:
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  — Eu juro que se o cheiro estiver incomodando eu dou um jeito de deixar a roupa de trabalho em outro lugar, é que eu venho direto…
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  A dançarina experiente fitou a aluna com as sobrancelhas erguidas em sinal de confusão.
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  — Do que você está falando?
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  — É… se não foi isso, então qual foi a reclamação?
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  — Reclamação? — A professora cruzou os braços pela primeira vez mostrando disposta a escutar.
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  A jovem aspirante a bailarina então decidiu se abrir:
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  — A senhora já deve ter reparado, mas as outras garotas não gostam muito de mim… — admitiu em tom mais baixo.
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  — Sim, eu já percebi, o problema é delas porque mesmo nas suas condições, atualmente é a minha melhor aluna.
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  Phoebe não escondeu o sorriso, seus ouvidos provavelmente a enganavam, não era possível. Quer dizer, a garota estava ciente de que a professora agora não a olhava de forma torta como nos primeiros dias e já havia dado sinais de que aprovava seu esforço, mas ouvir as palavras naquela voz rouca? Era uma nova e maravilhosa sensação.
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  — Nossa, obrigada, é uma honra ouvir isso da senhorita.
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  — Você já está aqui há bastante tempo e seu desempenho na aula, apesar dos atrasos constantes, é impecável e sua dedicação admirável.  Por isso acredito que dará conta.
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  — Darei conta de que?
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  O coração de Phoebe parecia não caber mais no peito de tanta ansiedade e alegria, mas mesmo com esse turbilhão dentro de si, ela se manteve serena por fora, enquanto a senhorita Lily explicava:
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  — Você já deve saber que eu estou organizando um espetáculo profissional aqui na cidade: O lago dos cisnes…
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  — Sim, quer dizer, eu já comprei o meu ingresso! Vai ser tão legal.
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  — Bom, acredito que não precisará de ingresso, já que fará parte do espetáculo se assim desejar.
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  — Nossa, que honra, eu serei uma dançarina de apoio? Porque é incrível fazer parte de uma produção profissional.
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  — Na verdade você será a cisne branca.
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  Phoebe quase caiu para trás antes de se beliscar de forma discreta para ter certeza de que não se tratava de um sonho.
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  — Quer dizer a protagonista?
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  — Sim.
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  — De um espetáculo profissional? Eu? — Sua voz saiu trêmula.
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  — Exato, a minha antiga protagonista quebrou a perna e por isso ficará de repouso por uns meses, como o espetáculo estreia em alguns dias, preciso de uma solução rápida.
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  — Eu? Sou a solução rápida?
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  — Claro, afinal, é dedicada, talentosa e já está aqui, o que vai me poupar gastar com qualquer passagem de avião… mas o que me diz, você aceita?
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  — Se eu aceito? Esse sempre foi o meu sonho!
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  — Ótimo, mas já aviso que não será fácil, afinal, terá que treinar as coreografias de forma dobrada se quiser estar pronta para o dia da estreia.
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  — Não se preocupe, isso é comigo.
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  — Sei que será trabalhoso e já que a primeira protagonista se machucou no ensaio e tive que indenizá-la, não poderei te pagar, mas se fizer tudo certo, poderá sim ser recompensador.
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  — Ah, com certeza, quer dizer… protagonizar um espetáculo…
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  — Não só isso, eu estou falando dos meus amigos olheiros da Royal Academy.
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  Outra vez Phoebe pressionou para confirmar que seus ouvidos não a enganavam.
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  — Desculpa, quer dizer da mais prestigiada academia de balé do mundo? O sonho de qualquer bailarina?
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  Phoebe conhecia muito bem a Royal Academy, sempre assistia aos vídeos dos espetáculos deles, mas nunca cogitou a hipótese de tentar entrar, primeiro porque só a matrícula custava mais do que uma mansão e segundo porque o processo de seleção era muito rigoroso, incluía somente as melhores.
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  A voz rouca da senhorita Lily a fez voltar ao momento presente.
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  — Essa mesma, eu falei para eles virem analisar a minha protagonista durante o período em que ficaremos em cartaz, mas agora eles vão analisar você para uma vaga.
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  Phoebe precisou de alguns segundos para se recompor antes de responder:
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  — Senhorita, esse é meu sonho, mas eu nunca teria condições de arcar com…
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  — Eu sei, mas eles vieram dispostos a oferecer uma bolsa de estudos integral.
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  Parecia bom demais para ser verdade.
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  — Como é?
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  De forma impaciente a professora retrucou:
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  — Eu não vou ficar repetindo, você ouviu muito bem. Se você mostrar seu talento nesse espetáculo, pode ganhar uma bolsa integral na maior escola de dança do mundo. Infelizmente eles não vão bancar moradia nem todo o resto…
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  — Isso não é problema, quer dizer, eu tenho uma reserva guardada! — afirmou Phoebe tentando acreditar nas próprias palavras, mesmo sabendo que era impossível, afinal não tinha um tostão furado de reserva.
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  — Ótimo! Então, depois acertamos os detalhes!
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  — Tudo bem!
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  Phoebe chegou na lanchonete com um misto de emoções, felicidade por finalmente ter a chance de realizar seu grande sonho, e insegurança, afinal, se ganhasse a bolsa de estudos, como iria se manter? A garota não tinha coragem de pedir ao pai, afinal ele já lutava com dificuldades para manter a lanchonete de pé e sustentar a casa, seria injusto exigir que ele a sustentasse em outro país. Claro que Phoebe ganhava um salário pela ajuda que dava a seu pai na lanchonete em seus períodos vagos das aulas na academia, porém este mesmo dinheiro ela usava para ajudá-lo a pagar as contas, portanto não sobrava nada para ela mesma…Não que estivesse reclamando, afinal fazia de bom grado, porém talvez aquela situação exigisse uma nova solução.
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  Hank Thunderman que conhecia de longe a filha, percebeu sua preocupação e, enquanto continuava limpando as cadeiras, indagou:
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  — O que está incomodando a minha pequena Phoebes?
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  A aspirante a bailarina sorriu ao som do apelido que lhe trazia conforto desde a infância.
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  — Pai, eu recebi uma ótima oportunidade. Já te falei que a senhorita Lily está organizando um espetáculo profissional aqui na cidade do Lago dos Cisnes, que estreia na semana que vem, não é?
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  — Sim, eu me lembro, inclusive você me pediu para usar parte do seu salário para comprar os ingressos, o que é mais do que justo. Já te falei, querida, não precisa abrir mão de todo seu dinheiro…
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  — Eu quero, pai, já discutimos isso, mas agora eu nem vou mais precisar do ingresso porque eu vou ser a protagonista. A bailarina que iria fazer o cisne branco se machucou e vou assumir o papel!
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  — Isso é maravilhoso, filha! Quer dizer, não para a bailarina, coitada, mas para você! Meu Deus, querida, é o seu sonho!
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  — E não para por aí, alguns olheiros da Royal Academy, a maior academia de dança do mundo, virão assistir ao espetáculo e se gostarem do meu desempenho ao longo das apresentações podem me oferecer uma bolsa integral.
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  — Que maravilhoso, filha! Nossa, onde fica essa academia, Nova York, Los Angeles?
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  — Moscow! — sussurrou ela já pronta para a reação chorosa do pai.
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  — Nossa, mas isso é muito longe, não sei se vou aguentar ver minha filhinha do outro lado do mundo, mas é o sonho, então vou te apoiar ainda mais sendo uma bolsa de estudos.
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  — Sim, a bolsa de estudos é integral, mas terei que arcar com outras despesas como moradia e alimentação.
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  Através do suor no rosto de Hank, Phoebe conseguiu enxergar uma ruga de preocupação.
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  — Bom, podemos dar um jeito, se isso acontecer eu posso pegar mais um empréstimo…
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  — Não pai, já temos dívidas o bastante para manter a lanchonete, eu nunca te pediria  isso.
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  — Mas então como irá realizar o seu sonho, filha?
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  — Bom, como o espetáculo não vai ser pago, eu estava pensando em arranjar outro emprego, mas não se preocupe, pai, vou continuar te ajudando aqui da melhor forma.
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  — Imagina, filha. Você é tão talentosa, tem tanto potencial para crescer, olha só o que conseguiu, ainda adolescente entrou na melhor academia da cidade por seu próprio mérito e agora vai protagonizar um espetáculo profissional. Eu quero tanto que você tenha uma vida melhor do que essa que eu posso te oferecer. Por mais que eu goste da sua companhia, jamais te prenderia nessa lanchonete fedorenta para sempre.
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  Phoebe sentiu uma dor no coração ao ouvir a pessoa que mais amava no mundo e que mais a havia apoiado falar daquela maneira.
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  — Pai, não, eu nunca pensei isso. Nossa lanchonete não é fedorenta, viu? Ela é o nosso orgulho, não se esqueça disso. E jamais pense que eu me envergonho dessa vida, muito pelo contrário, eu chego nas aulas com minha roupa suja, mas muito orgulhosa porque, ao contrário daquelas esnobes, eu sei o valor do trabalho, porque você me ensinou! E eu jamais vou esquecer, pode ter certeza que no último dia de espetáculo eu vou agradecer ao meu pai, que vai estar lá na primeira fila!
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  Hank não segurou as lágrimas diante de tanto carinho da filha
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  — Você é mesmo uma filha de ouro, meu amor! Eu só queria poder ter te proporcionado todas as oportunidades que você merece… Sabe, uma escola melhor, não ter que trabalhar …
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  — Pai, você nunca me deixou faltar nada e além do mais, me deu o mais importante! Carinho e apoio!!
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  — Eu te amo, minha pequena Phoebe.
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  — Também te amo, pai!
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  Os dois se juntaram em um abraço amoroso e emocionado.
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  — Desculpa interromper — começou Cherry, uma jovem funcionária da lanchonete que ajudava Hank durante as noites. — Eu não pude deixar de escutar e, Phoebe, eu acho que sei de uma oportunidade de emprego para você.
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  — Mesmo?
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  — Sim. Como vocês sabem, eu trabalho como professora de artes em uma escola durante o dia, sabe como é, tenho dois filhos para sustentar… enfim, a diretora estava procurando uma nova professora de economia doméstica, como você tem experiência aqui na lanchonete, quem sabe?
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  — Olha só, minha filha professora! — exclamou Hank orgulhoso, enquanto terminava de ajeitar as cadeiras.
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  — Será? Quer dizer, eu não tenho experiência em sala de aula…
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  — Bom, se quiser você pode ir comigo amanhã, eu te apresento para a diretora, afinal fazer a entrevista não custa nada.
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  — É, tem razão… muito bem, amanhã vou com você, então. Quem sabe?
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  Dessa forma, Phoebe terminou a noite empolgada com a ideia de realizar seus sonhos e de um novo emprego, sem saber que além de tudo isso, o destino também lhe reservava outra surpresa…
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Capítulo 2

  Phoebe penteava seus fios longos e castanhos enquanto se encarava no espelho. A ideia de trabalhar em algum outro lugar que não fosse a lanchonete de seu pai a fazia sentir um certo frio na barriga, afinal, tendo Hank como patrão, ela podia se dar ao luxo de sair um pouco mais cedo a fim de não se atrasar ainda mais para as aulas de balé ou cometer erros sem o medo de ser despedida. Não que servir aos clientes esnobes e preparar os lanches fosse uma tarefa fácil, pelo contrário, ainda mais nas vezes que seu pai precisava sair para fazer compras de novos ingredientes, ela ficava sozinha, precisando dar conta de fazer os lanches e ouvir reclamações de clientes metidos que nunca haviam entrado em uma cozinha na vida. Por suporte no fim da tarde e ajudava Hank a fechar o local quando chegasse a hora, assim a garota de cabelos marrons podia ir despreocupada para as aulas de balé. Agora com seu novo trabalho, Hank ficaria sozinho durante toda parte do dia, o que a preocupava, contudo, não era a primeira vez que ele se sacrificava a fim de realizar as vontades da filha.
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  Quando conseguiu a bolsa de estudos para a academia, a lanchonete havia sido inaugurada há pouco tempo, por isso seu pai não podia contratar outro funcionário. Não querendo exigir nada do bondoso pai que se sacrificou tanto para criá-la, Phoebe chegou a esconder os papéis, quase abrindo mão de seu grande sonho, contudo, Hank os encontrou e indagou a filha por que ela havia mentido dizendo que não havia passado. Phoebe suspirou, explicando que se aceitasse, Hank ficaria na lanchonete sozinho e ela não queria isso.
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  Hank, ao invés de concordar, limpou a testa suada e pediu que a filha se sentasse ao seu lado.
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  — Meu amor, você tem que aceitar, é o seu sonho.
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  — Não posso, pai, eu sei o tanto que o senhor batalhou para conseguir abrir nossa pequena lanchonete, e sei também que não temos condições de contratar um funcionário agora. Você fez tanto por mim, preciso te ajudar.
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  Segurando as lágrimas, Hank respondeu:
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  — Ah, Phoebe, você é mesmo uma filha de ouro, por isso merece realizar seu sonho, quer dizer, dançar é sua paixão, que tipo de pai eu seria se te impedisse de fazer o que gosta para ficar aqui comigo fritando hambúrgueres?
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  — Mas, pai.
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  — Nada de mas, eu tenho algumas economias, vou usá-las para contratar alguém apenas para a parte da tarde, assim você pode sair mais cedo e ir para a sua aula.
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  A garota sorriu incrédula e grata por ter o melhor pai de todo o universo.
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  — Obrigada. — Sua voz saiu em um sussurro, enquanto abraçava Hank sem se importar com as manchas de gordura.
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  Phoebe se deliciava com as lembranças, ao mesmo tempo em que se sentia culpada, com o espetáculo e esse novo trabalho ficaria tão ocupada que talvez nem conseguisse ajudar seu pai na lanchonete… todavia ela sabia que o pai não a deixaria desistir.
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  Seus pensamentos foram interrompidos por uma batida na porta.
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  — Está pronta? — Cherry indagou não escondendo a empolgação.
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  Phoebe respirou fundo antes de fazer que sim com a cabeça.
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  Naquela manhã, Max havia acordado atrasado, talvez devido à noite mal dormida causada por uma rápida mensagem com um efeito catastrófico. Se dependesse dele, ficaria debaixo das cobertas pelo resto do dia, porém era um adulto e tinha uma escola para dirigir, afinal a posição de vice-diretor que havia conquistado há alguns meses vinha com grandes responsabilidades. Dessa forma ele se sentou à mesa e deu uma mordida em suas panquecas.
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  Sua mãe, Barbara, sabendo do ocorrido e por terem escutado o choro noturno, evitou tocar no assunto.
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  — Bom dia, e então, como está, querido? — Barbara se limitou a perguntar.
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  Max encarava a panqueca exibindo um olhar vago, como se sua vida tivesse perdido o sentido.
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  — Eu estou bem. — Continuou sem se preocupar em olhar a mãe nos olhos. — Eu tenho um ótimo trabalho com o qual sempre sonhei e essa é a vida…
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  — Então não está mais triste pela Alisson ter te dado o fora? — Era a voz de Chloe, a caçula.
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  — Querida — repreendeu Barb.
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  — Tudo bem, mãe, essa baixinha adora me irritar, sorte dela que não estuda na minha escola, senão ficaria de castigo todo dia.
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  — Deus me livre ter meu irmão como vice-diretor, já não basta você querendo me dar ordens aqui em casa, achei que ficaria livre de você depois que se casasse, mas a Alisson desistiu, garota sensata.
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  — Chloe — Barb repreendeu outra vez as provocações da caçula.
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  Max havia conhecido a bela e doce Alisson quando a mesma se voluntariou na escola para um projeto relacionado a educação ambiental, não demorou, os dois começaram um intenso romance que resultou em um pedido de noivado por parte de Max, ele passou dias escolhendo o anel perfeito e comentando seus planos para a mãe e a irmã, queria construir uma vida ao lado da amada, contudo quando se ajoelhou, a palavra de três sílabas que saíram dos lábios dela, não foi a esperada.
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  Agora seu coração estava partido e fechado para o amor…
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  — Isso mesmo, garotinha, você vai ter que me aguentar porque eu vou mergulhar no trabalho e não pretendo me apaixonar tão cedo — afirmou Max sem um pingo de dúvidas, Chloe, no entanto, tinha outra opinião.
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  — Não teria tanta certeza… Eu ouvi dizer que quando não procuramos por algo, é aí que ele aparece.
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  — Isso é bobagem… — zombou o mais velho.
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  — Será mesmo? Aposto que em uma semana no máximo você vai conhecer uma bela garota que vai te balançar outra vez. — A garotinha fez um gesto de coração com os dedos em tom de brincadeira.
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  — Não me joga praga, Chloe. Agora, se me dão licença, preciso ir…
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  Max se levantou da cadeira e caminhou risonho até a escola, ainda caçoando das palavras da irmã, mal sabia ele, que ela estava certa…
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  O jovem diretor estacionou seu carro na vaga de costume, ver seus alunos no caminho do escritório e cumprimentá-los com um sorriso o fazia se sentir melhor.
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  — Bom dia, Diretora Wong!
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  A mulher em torno de cinquenta anos, de descendência chinesa e cabelos presos por um coque, deixou de lado os papéis em que estava trabalhando a fim de cumprimentar o colega de trabalho.
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  — Bom dia, vice-diretor Mecbugger, que bom que chegou, estamos com um grande problema.
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  O garoto suspirou já imaginando o que o esperava.
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  — O que foi dessa vez?
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  — O zelador Billy pediu demissão.
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  — O quê? Mas ele trabalha aqui há anos, não tem volta mesmo?
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  — Não, quer dizer, ele saiu furioso gritando coisas que eu não posso repetir.
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  — Droga, isso é que dá dependermos de um único zelador, e agora?
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  — Eu já coloquei o anúncio nas redes, mas só conseguirei entrevistá-los na semana que vem.
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  — E o que vamos fazer até lá?
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  — Bom, eu estou cheia de trabalho, agora mesmo vou entrevistar uma candidata a vaga de professora de economia doméstica, a indicação da Chery, mas você vai pensar em uma solução.
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  Max suspirou sabendo que teria um longo dia pela frente.
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  Os dedos trêmulos de Phoebe hesitam girar a maçaneta da sala que definiria seu futuro, Cherry, já conhecendo a garota, segurou sua mão em um gesto de amizade.
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  — Não se preocupe, querida, a diretora Wong é uma pessoa muito legal, não precisa ficar nervosa.
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  — Eu sei, mas é que eu sou tão jovem e inexperiente e preciso muito desse emprego para conseguir me sustentar na Russia, quer dizer, nem sei se os olheiros vão mesmo gostar de mim, mas tenho que me preparar porque senão…
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  — Ei, calma, lembra do que eu te ensinei quando por um raro momento a lanchonete estava muito cheia, você teve que matar aula de balé para me ajudar e um cliente gritou com você por ter errado o pedido?
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  — Sim, respirar fundo e contar até três.
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  — Exatamente, então vamos juntas?
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  Phoebe sorriu já se sentindo melhor, desde que foi contratada, Cherry se mostrou uma mulher muito gentil e amiga, muitas vezes fazendo o papel da mãe que Phoebe nunca teve.
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  Após algumas respirações, Cherry indagou:
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  — Está melhor?
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  — Sim, você sempre salvando minha vida, sério, nem sei como te agradecer por ter me indicado, quer dizer, se eu fizer alguma besteira é seu nome que vai estar em jogo…
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  — Ei, eu confio cem por cento em você! E te indiquei com muito orgulho! Agora vamos?
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  Phoebe se limitou a fazer que sim com a cabeça, enquanto agradecia silenciosamente por seu pai ter escolhido uma pessoa tão legal para substituí-la no turno da noite.
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  A sala não era muito diferente das que Phoebe já tinha estado, troféus exibidos em prateleiras mostravam o orgulho de todas as vitórias já conquistadas por aquela instituição e duas mesas completavam o local, em uma delas, uma mulher de fios negros digitava em seu computador de forma concentrada.
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  — Diretora Wong?
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  A mulher em questão desviou o olhar do computador e as encarou com um sorriso.
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  — Cherry! Que bom que chegou, imagino que essa seja a Phoebe.
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  — Sim senhora, sou eu mesma! — a jovem respondeu cabisbaixa.
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  — Podem se sentar.
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  Phoebe obedeceu sem pensar duas vezes.
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  A diretora colocou os óculos antes de indagar.
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  — Então, Phoebe, a Cherry deve ter dito que a vaga é para professores de economia doméstica, certo?
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  — Sim
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  — Você tem experiência com esse tipo de tarefa?
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  — Sim, quer dizer, desde mais nova eu trabalho na lanchonete do meu pai, eu faço de tudo, separo os ingredientes, preparo os lanches, lavo a louça, além do mais, como somos só meu pai e eu, aprendi desde novinha a cozinhar e a cuidar da casa, eu só não tenho muita experiência ensinando… — admitiu.
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  A mulher de cabelos negros sentada à sua frente a encarou de cima a baixo.
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  — É. Eu imaginei, afinal você parece ser muito jovem, o que me faz indagar se conseguiria impor respeito aos alunos?
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  Phoebe sentiu um nó se formar em sua garganta, enquanto as ideias de resposta se misturavam em seu cérebro, contudo, antes que ela pudesse abrir a boca, Cherry interveio.
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  — Sim, Phoebe é ótima nisso, ela sempre cuida dos clientes mais jovens.
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  A aspirante a dançarina encarou a amiga em um silencioso “obrigada”.
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  — Certo, você parece mais disposta do que os outros que entrevistei ontem, então vamos fazer uma experiência, o que acha? Seria possível trabalhar na parte da tarde?
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  Phoebe sentiu um aperto no coração ao imaginar seu pai na lanchonete sozinho, contudo, ele havia sido o primeiro a apoiá-la, então não demorou a responder:
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  — Claro. — Phoebe sorriu incrédula. — É claro que eu posso! Muito obrigada!
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  As duas caminharam, felizes, até uma sala que Cherry explicou ser a sala dos professores.
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  — Nossa, não dá para acreditar que eu consegui.
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  — Pois é, mas eu sabia, você é muito capaz e talentosa! — Cherry a abraçou.
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  — Eu não teria conseguido sem você, muito obrigada. Quer dizer, você voltou correndo depois das suas aulas para me buscar e me salvou naquela última pergunta.
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  — Imagina, meu amor, o mérito é todo seu, agora vamos porque você não pode se atrasar para a aula de balé e seu pai está me esperando…
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  — Estou tão feliz… — Porém, ao se encaminhar para a porta, Phoebe se deparou com um aviso.
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  — Escala para limpar a escola? O que é isso?
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  Cherry se aproximou igualmente curiosa.
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  — Parece que o nosso único zelador se demitiu e até contratarem um novo o vice-diretor montou uma escala para todos os outros funcionários, incluindo professores, limparem a escola, hoje pelo visto é meu dia.
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  — O quê? Ele não pode fazer isso… Quem esse vice-diretor pensa que é para fazer os professores limparem a escola? Ele não pensa nos funcionários que como você tem outro emprego para se manter…? Ah, como uma pessoa assim tem competência para ser vice-diretor? Eu não entendo, eu aposto que nunca teve que trabalhar na vida, com certeza é um filhinho de papai arrogante que… — Antes que Phoebe pudesse terminar a fala, percebeu a cara assustada de Cherry
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  — O que foi?
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  — Ele está atrás de você. — Sua voz saiu trêmula
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  A afirmação fez Phoebe sentir seu corpo inteiro congelar.
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Capítulo 3

  Sentindo o estômago embrulhado, Phoebe se virou para encarar a face zangada que provavelmente a esperava, porém, ao invés de um homem de meia idade e fios brancos, ela se deparou com um jovem adulto, provavelmente da sua idade, de olhos cintilantes, barba rala e uma franja que por algum motivo a lembrava de Justin Bieber na época de ouro, este por acaso seu cantor favorito da adolescência.
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  O vice-diretor em questão, que Phoebe precisava admitir ter uma aparência muito mais agradável do que a imaginada, a fitou de cima a baixo. Os dois continuaram se encarando por alguns segundos até que finalmente Cherry interveio:
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  — Senhor Macburgger, esta é a Phoebe, professora de economia doméstica que eu indiquei, a diretora Wong acabou de contratá-la.
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  Na tentativa de quebrar o gelo, a garota de fios marrons estendeu a mão.
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  Max cruzou os braços enquanto analisava cada detalhe da garota à sua frente, ele precisava admitir que não esperava uma professora nova tão jovem e bonita, seus olhos refletiam um brilho diferente… Por algum motivo naquele instante sentiu seu peito acelerar, talvez pela surpresa, de toda a forma precisava manter a postura, ainda mais depois do que havia escutado, por isso ao invés de tocar as mãos aparentemente delicadas respondeu:
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  — Ah, sim, uma professora de economia doméstica que pelo visto não é muito chegada a uma faxina.
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  Phoebe engoliu seco com o insulto discreto. Droga! Seu primeiro dia de trabalho e já havia ofendido o chefe, chefe este que mais parecia um superstar e não um vice-diretor, mas o que ela estava dizendo?
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  Inúmeras combinações de palavras flutuavam pela mente de Phoebe, se fosse por sua vontade colocaria aquele metido com cabelo de Justin Bieber no devido lugar naquele instante, quem ele pensava que era para insinuar que ela não gostava de faxina só por reclamar de uma escala absurda? De repente, ela se lembrou de alguns garotos que a provocavam no ensino médio, eram da mesma forma, bonitos, mas cruéis, tudo bem que eles a ofendiam de graça e no caso em questão, ela havia começado, de toda forma, uma coragem inesperada surgiu em seu peito para que ela pudesse afirmar:
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  — Para a sua informação, eu trabalho em uma lanchonete desde mais nova, já limpei mais banheiros do que se pode imaginar, e segundo, os professores são pagos para dar aula não faxinar, se o zelador da escola de demitiu, isso não é problema nosso.
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  Max respirou fundo em choque com a audácia da garota. Como ela se atrevia a respondê-lo daquela forma?
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  — Phoebe, não é? Devo te lembrar de que acabou de ser contratada e eu mesmo posso demiti-la agora mesmo. — A voz de Max saiu firme enquanto ele se aproximava da garota de cabelos castanhos.
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  A aspirante a bailarina teve que se segurar para não responder à altura, afinal, o Justin Bieber da escola estava certo em dizer que ela havia acabado de ser contratada e precisava do dinheiro para se bancar na Rússia, mas, pensando bem, ela preferia ralar o dobro no futuro do que aguentar aquele absurdo.
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  — Tudo bem, não me importa, eu já estou indo mesmo. Cherry, não quero te prejudicar, você fica, eu aviso o papai.
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  A funcionária da lanchonete disse que sim com a cabeça.
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  Durante todo o caminho a garota tentou se acalmar. Como uma escola permitia um vice-diretor tão insolente e explorador, porém bonito e com certo charme… mas o quê? Ela realmente deveria estar maluca, afinal o mal educado havia acabado de ofendê-la e provavelmente a feito perder o emprego, porque com certeza ela não seria mais bem-vinda ali, pelo menos se dependesse do “Justin Bieber”.
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  Enfim, era hora de concentrar no seu sonho. Pela primeira vez, Phoebe chegou a aula sem que suas mãos estivessem com cheiro de gordura, porém as outras alunas a encaravam torto da mesma forma e, naquela tarde, de um jeito ainda pior, era como se ao invés de somente desprezo também tivesse pitadas de… inveja, claro.
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  Com a cabeça erguida, Phoebe as ignorou e caminhou até a senhorita Lily, que também pela primeira vez abriu um sorriso ao vê-la.
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  — Ah, Phoebe, pontualmente … muito bom! Então, depois da nossa aula eu quero falar com você para acertarmos todos os detalhes, certo?
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  — Claro!
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  Já de coque desfeito, a jovem com dedos trêmulos girou a maçaneta da sala onde poderia definir seu futuro na dança.
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  — Quer falar comigo, senhorita Lily?
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  — Sim, sente-se.
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  A garota obedeceu sem fazer cerimônia, enquanto tentava pescar alguma dica do que estava por vir através do olhar de sua professora, mas suas emoções eram mais fechadas que um túmulo.
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  — Muito bem, Phoebe, é o seguinte, o espetáculo estreia em alguns dias, como sei que é dedicada, não duvido que irá conseguir.
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  — Sim, eu treino noite e dia se for preciso, além do mais, já estou familiarizada com a maioria das coreografias do Lago dos Cisnes.
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  — Eu imagino que sim, mas lembre-se que este é um espetáculo profissional, um erro pode custar a sua carreira inteira na dança, mas os acertos podem garantir uma bolsa na melhor academia de ballet do mundo.
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  — Eu sei, não acredito até agora, mas vai ser interessante ter uma nova experiência e trabalhar também em um país diferente.
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  A última frase, fez a instrutora erguer as sobrancelhas.
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  — Trabalhar?
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  — É, a senhora disse que eles não vão me dar nada além da bolsa e esse é o único jeito de me manter por lá.
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  — Ah, querida, não, entre as exigências da bolsa está a exclusividade, como bolsista você tem que se dedicar ainda mais, não terá como trabalhar, sem contar que as aulas são integrais.
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  — Bom, eu tinha conseguido uma maneira de juntar dinheiro antes de ir, mas pelo jeito…
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  — Então encontre outra porque senão pode dar adeus…
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  — Não, eu vou conseguir! — afirmou tentando acreditar nas próprias palavras.
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  — Certo, então vamos aos detalhes…
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  Phoebe fez que sim com a cabeça, lutando para manter a aparência tranquila, mas em seu peito e sua mente o caos reinava. Onde arrumaria outro emprego tão rápido além da lanchonete para a sustentar? Bom, o jeito seria implorar e pedir perdão de joelhos ao vice-diretor arrogante com pinta de superstar, o que feriria seu orgulho? Com certeza, porém ela estava mais disposta do que nunca a fazer o que fosse preciso para alcançar seu sonho.
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  Ao abrir a porta do apartamento, Max se deparou com os olhares curiosos de Barbara e Chloe. Ele nunca pensou que terminar um namoro o tornaria o centro das atenções.
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  — Meninas, eu estou bem, antes que me perguntem.
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  — Tem certeza, querido? Quer dizer, eu sei o quanto você gostava da Alisson e o quanto deve estar doendo para você, então só quero que saiba que se quiser conversar, eu estou aqui! — Barb tomou os ombros do filho de forma delicada.
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  — Obrigado, mas eu tive um dia muito estressante, o zelador se demitiu e a Wong disse que era para eu resolver, como se não bastasse, a nova professora de economia doméstica da escola é uma atrevida, acreditam que eu a peguei falando mal da minha proposta de revezamento entre professores para limpeza, enquanto não contratamos um novo zelador? Ela me chamou de filhinho de papai, quer dizer, se ela soubesse…
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  O nome de Ray Mcburger era praticamente proibido naquela casa, quando Chloe nasceu, Barbara teve um parto muito complicado e quase não sobreviveu, Ray não aguentou a pressão e abandonou a família deixando para trás apenas um bilhete frio. O pequeno Max não conteve as lágrimas. Por que seu pai o havia deixado? Será que não era bom o bastante? Teria feito algo para decepcioná-lo? Desde aquele dia, o garoto decidiu que sempre faria de tudo que estivesse a seu alcance para ser perfeito e o mais eficiente possível em tudo que fizesse, fosse na escola, no comportamento… O término com Alisson trouxe de volta as lembranças dolorosas, mas pelo menos a garota lhe deu uma explicação decente.
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  Percebendo o olhar triste do filho mais velho, Barbara o envolveu em um caloroso abraço.
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  — Querido, se o seu pai não pode enxergar o menino maravilhoso que deixou para trás, e agora o homem incrível que ele está perdendo a oportunidade de conhecer, ele é quem está errado nessa história.
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  — É, quer dizer, eu não o conheci, porém imagino que seja um covarde! — insultou Chloe.
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  — Tudo bem, meninas, eu já sou infinitamente feliz por ter vocês e ela não fez por mal…
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  — Max, eu aposto que ela é uma velha coroca rabugenta, não é? — Chloe cruzou os braços curiosas e já exalando raiva por Phoebe sem nem a conhecer.
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  — O pior que não, irmãzinha, ela tem a minha idade… — O jovem vice-diretor não pôde evitar se perder nas lembranças daqueles olhos penetrantes e corajosos, afinal a maneira como a garota o havia enfrentado…
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  — Ah, não, não vai me dizer que… — Chloe o trouxe de volta à realidade com sua insinuação. Droga, por que aquelas duas precisavam o conhecer tão bem?
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  — Do que você está falando, Chloe? — Max indagou, se fazendo de desentendido.
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  — Ah, nem vem, Max, você sabe muito bem, ela é bonita?
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  — Que pergunta mais idiota, Chloe, só porque ela tem minha idade não significa que vai se tornar minha namorada nem nada do tipo, até porque é bom lembrar que ela é subordinada a mim, e a escola proíbe namoro entre diretores e professores, então, mesmo se eu quisesse e não… eu não quero.
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  — Tem certeza… eu conheço muito bem esse olhar que você fez agora a pouco, é o mesmo de quando conheceu…
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  Antes que Barb pudesse completar a frase, Max elevou a voz.
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  — Chega! Por favor. Eu pedi minha namorada em noivado ontem e ela recusou, eu tive um dia super estressante onde tive que resolver um problema gigante, fui insultado, e quando chego em casa ainda tenho que aguentar vocês fazendo insinuações bobas? Tenham paciência.
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  Barb e Chloe se encararam cabisbaixa.
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  — Desculpe, Max, nós não…
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  — Eu preciso de um banho e depois de uma boa noite de sono, então, se me dão licença, boa noite!
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  O garoto se limitou a dizer antes de ir para o quarto.
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  Na manhã seguinte, Phoebe acordou com as mãos trêmulas, a conversa com a senhorita Lily ecoava em sua mente. Não havia outra saída, ela precisava conseguir uma boa reserva de dinheiro caso quisesse ter alguma chance de estudar na escola dos seus sonhos. Isso não seria o problema se aquele vice-diretor mandão não a tivesse escutado. Que droga, por que ele precisava ter entrado na sala dos professores bem naquela hora e por que ele precisava insinuar que ela não era chegada em faxina? Tão arrogante, mas de certa forma charmoso. A franja caída na testa a fez voltar ao tempo em que suspirava pelo pôster de Justin Bieber colados em suas paredes. Não que aquele vice-diretor filhinho de papai chegasse aos pés do cantor, quer dizer, ele era sim bem bonito, Phoebe não podia negar, e sua voz, por mais autoritária que tivesse soado na conversa, era tão melodiosa…
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  Mas no que ela estava pensando? Ele seria seu patrão, se tivesse sorte e conseguisse convencê-lo a aceitá-la de volta.
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  Pelo menos se ele fosse careca e velho como os outros vice-diretores que ela já havia conhecido, talvez seu coração não estivesse tão disparado.
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  Depois de um beijo de despedida do pai, a garota foi para o metrô torcendo para conseguir se acalmar até chegar na escola.
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  Phoebe colocou um pé de cada vez ao passar pela mesma porta que tinha passado no dia anterior, dessa vez, ela já sabia o caminho, então foi direto para a sala da direção, onde a mesma senhora simpática a recebeu.
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  — Ah, Phoebe, que bom que você está aqui, eu pensei…
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  — Diretora Wong, eu sei que não esperava me ver aqui hoje e eu não sei o que o vice-diretor falou sobre mim, mas eu preciso muito desse emprego, meu maior sonho está em risco, então se me der uma chance, eu prometo que nunca mais vai acontecer…
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  A diretora ouviu atentamente antes de se levantar.
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Capítulo 4

  Phoebe sentiu seu coração se transformar em uma bomba enquanto a diretora a encarava de cima a baixo. Porém, para a surpresa da aspirante a dançarina, a mulher de cabelos negros indagou:
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  — Como assim? O vice-diretor Mcburger não fez nenhuma queixa sobre você, pelo contrário, até te elogiou?
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  Phoebe arregalou os olhos, crente de que seus ouvidos a estavam enganando. Não era possível que o vice-diretor Justin Bieber tivesse falado bem dela depois de todas as ofensas que haviam saído de sua boca.
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  — Como é?
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  — Sim, ele me falou que foi você quem teve a ideia de usar o salário do zelador, que não estamos gastando, para dar hora extra aos professores da escala de limpeza pelo segundo serviço prestado.
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  Phoebe não pôde segurar o sorriso. Talvez ela o tivesse julgado mal e ele não fosse assim tão ruim.
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  — Bom, eu falei mesmo isso para ele, afinal não é justo os professores terem que ficar até mais tarde, realizando uma segunda função e não receberem nada em troca.
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  — E você está completamente certa, por isso hoje mesmo o vice-diretor Macburger já implantou o novo sistema.
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  — Isso é ótimo. Então quer dizer que eu não fui demitida antes mesmo de começar?
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  — Claro que não, querida, pode se preparar para as aulas!
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  — Muito obrigada, diretora Wong. Bom, eu já vou me preparar então.
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  Por sorte, a pequena fagulha de esperança dentro da garota a fez levar os materiais que usaria. Ao entrar na sala dos professores, a jovem se deparou com aquele que deveria agradecer. O vice-diretor Justin Bieber se encontrava concentrado em alguma tarefa no computador, seu cabelo parecia ter ficado ainda mais bonito de alguma forma.
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  Phoebe pigarreou a fim de chamar sua atenção. No mesmo segundo ele voltou seu olhar para a garota, seus lábios formaram um sorriso, um belo sorriso, por mais que Phoebe não quisesse admitir.
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  — Ora se não é a amante da limpeza! — brincou.
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  Dessa vez a garota de cabelos castanhos não levou para o pessoal.
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  — Pois é, preciso me preparar para o primeiro dia …
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  — Eu me lembro como foi o meu.
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  — Me deixa adivinhar, você tinha cinco anos de idade?
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  A sugestão fez Max rir.
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  — Claro que não… foi dois anos atrás.
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  — Eu imaginei, é só que um vice-diretor tão jovem… é surpreendente de se ver.
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  — Digo o mesmo sobre uma professora de economia doméstica da minha idade, mas aposto que você também não começou com cinco anos…
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  — Não tão cedo, mas eu comecei a trabalhar bem jovem sim, depois que minha mãe morreu e meu pai abriu a lanchonete.
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  — Nossa, eu sinto muito… — Diferentemente do dia anterior, seu tom era dócil.
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  — Tudo bem, quer dizer, meu pai faz o que pode, ele é maravilhoso.
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  Por algum motivo, mesmo tendo acabado de conhecer a garota de olhos brilhantes e cabelos cheirosos, Max sentia que podia se abrir com ela, então, de forma automática, afirmou:
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  — Eu queria poder dizer o mesmo do meu pai, quer dizer, ele me abandonou quando eu nasci… — Ele não escondeu sua vulnerabilidade.
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  De certa forma, o vice-diretor ter coragem de contar a ela sobre algo tão profundo era fofo.
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  — Nossa, agora sou eu que sinto muito…
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  — Imagina, minha mãe é incrível e nunca me deixou faltar amor, nem para mim nem para a minha irmãzinha.
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  Ah, então o vice-diretor jovem e com cabelos charmosos tinha uma irmãzinha, isso talvez explicasse o corte, ou não, já que sendo mais nova ela provavelmente não havia vividos a época de ouro do ídolo pop canadense.
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  — Pelo visto, além de sermos trabalhadores jovens da educação, também temos em comum o fato de uma ausência paterna ou materna…
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  — Pois é…
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  Os dois riram e se encararam por alguns segundos até que Phoebe voltou à realidade.
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  — Bom, eu tenho que te agradecer, quer dizer, depois de tudo que eu disse ontem antes de saber que você era tão jovem e que acataria a minha ideia…
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  — Não sou tão filhinho de papai quanto você imaginava, não é? — provocou, cruzando os braços.
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  Phoebe engoliu seco enquanto tentava se recompor para responder:
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  — Eu sinto muito por tudo que eu disse, eu só fiquei revoltada principalmente pela Cherry, não porque ela teve que faltar ao trabalho na lanchonete, mas porque ela batalha tanto para sustentar o filho e ficar aqui até tarde sem receber hora extra…
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  — Imagina, você estava coberta de razão, até porque a escola nem terá prejuízo, visto que usaremos o salário do zelador para pagar as horas extras. A Cherry, inclusive, vai receber por ontem.
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  — Que bom, ela precisa muito
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  — Eu sei. Bom, preciso ir, sabe como é, vida de vice-diretor, mas boa sorte com as aulas!
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  — Obrigada, senhor Macburger — agradeceu Phoebe, tentando ignorar o quanto era estranho chamar um garoto fofo da sua idade de senhor.
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  Como se lesse sua mente ele afirmou:
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  — Max, pode me chamar de Max.
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  — Tudo bem, eu sou a Phoebe, mas acho que você já sabe disso.
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  O garoto colocou as mãos no bolso e riu de forma tímida.
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  — Sim, eu já sabia. Bom, nos vemos por aí, Phoebe!
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  — Sim, nos vemos, vice… quer dizer, Max.
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  O Justin Bieber da educação lançou um último sorriso antes de sair. Definitivamente ele não era assim tão ruim, mas também não deveria ser bom ao ponto de fazer as mãos de Phoebe tremerem. O que estava acontecendo? Ela estava ali para trabalhar e conseguir realizar seu sonho da melhor forma, não para paquerar, além de tudo, com certeza o vice… quer dizer, Max, não havia esquecido as ofensas do dia anterior, apesar de sua atual gentileza.
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  Colocando os pensamentos no lugar, Phoebe se encaminhou até os cartazes, a fim de ver em qual sala seria sua primeira aula, porém encontrou algo pelo qual não estava esperando. Seu nome estava escrito no cartaz da escala de limpeza para aquela noite.
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  Pelo visto o vice-diretor Justin Bieber havia encontrado um jeito de ter sua vingança. Ela não se importaria, ainda mais recebendo, contudo, aquela era justamente a noite de seu primeiro ensaio para o espetáculo. Droga.
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  — Ai, como eu fui boba de acreditar em toda aquela gentileza forçada. Isso é para você aprender, Phoebe, nunca confie em um rostinho bonito acompanhado de um cabelo charmoso.
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  Max se encaminhou para o refeitório já vazio, se sentindo um pouco culpado, afinal, Phoebe havia pedido desculpas, havia sido gentil quando ele contou sobre seu passado e realmente tinha um ponto, já que fazer os professores trabalharem até mais tarde na faxina sem receberem nada em troca era errado e cruel, talvez até mesmo uma atitude de super vilão. Max riu com o pensamento que o levou a infância. Ao contrário da maioria das crianças, ele sempre admirou os malvados pelo simples fato de eles terem capas e roupas muito mais legais, contudo, obviamente, depois de crescido ele passou a analisar o caráter ao invés do estilo. Além do mais, ao ser abandonado pelo pai, sentiu o gosto do que é a verdadeira maldade.
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  Mesmo assim, ele havia agido como um tirano e se sentia mal com isso, se não fosse pela fala de Phoebe, talvez ele não tivesse acordado para o seu erro, então talvez, ele é quem devesse agradecer a garota de fios marrons e olhos incríveis, mas obviamente ele nunca faria isso. Max podia não ser um super vilão, porém seu orgulho o impedia de tal atitude. Dessa forma, ele deu uma garfada em seu almoço, tentando ignorar esses pensamentos.
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  Phoebe girou a maçaneta da sala com dedos trêmulos enquanto um milhão de dúvidas invadiam sua mente. Será que ela seria uma boa professora? Será que conseguiria dar o seu melhor para aqueles estudantes apesar de estar tão ocupada com o espetáculo e ainda ter a responsabilidade de ajudar seu pai nas horas vagas? Eram tantas preocupações, mas a principal delas não estava relacionada àqueles adolescentes que a aguardavam, e sim a uma jovem senhora de cabelos loiros geralmente presos num coque, esta receberia uma notícia não muito agradável.
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  Será que sua falta no primeiro ensaio custaria o papel com o qual sempre sonhou? Será que valeria a pena abrir mão disso por um trabalho secundário que só serviria para bancá-la durante os futuros estudos de dança? Droga, se não fosse a vingança infantil do vice-diretor Justin Bieber, ela não estaria agora nesse dilema. Como alguém de certa forma charmoso podia ser tão mesquinho e orgulhoso? Bom, ela não poderia culpá-lo por completo, já que ele não tinha como saber sobre o espetáculo, se dependesse da futura protagonista, continuaria exatamente assim… Pelo menos era o que a garota de cabelos marrons e ondulados desejava. Mal sabia ela que o destino tinha outros planos…
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  Para o alívio de Phoebe as turmas a receberam com respeito e até riram de algumas de suas piadas, provavelmente por pena da nova professora, tão jovem e tão inexperiente, afinal até mesmo adolescentes têm coração. No fim do dia, a filha de Hank saiu com a sensação de dever cumprido e aliviada por ter conseguido conquistar a turma e sobrevivido ao primeiro dia.
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  Provavelmente, no entanto, sua próxima missão provavelmente não teria tanto sucesso. Depois de respirar fundo e repetir para si mesma de que tudo ficaria bem, ela discou o número de senhorita Lily que atendeu depois de alguns segundos, exibindo seu habitual mau humor apenas pelo tom de voz.
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  — Alô?
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  Phoebe sentiu sua garganta secar, precisaria ser forte.
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  — Olá, senhorita Lily?
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  — Phoebe? O que aconteceu?
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  A garota não pôde deixar de se sentir lisonjeada pelo fato de a bailarina experiente reconhecer sua voz, já que normalmente não prestava atenção nas pessoas.
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  — É, eu sei que está em cima da hora, mas houve um imprevisto no meu outro trabalho e eu não vou conseguir ir ao primeiro ensaio hoje.
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  Após alguns segundos de silêncio que pareceram uma eternidade para Phoebe, resmungos surgiram do outro lado da linha.
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  — Phoebe, você sabe que a vida de uma bailarina profissional se resume à dança, não é? Precisamos dar cem por cento de nós a todo instante, o ensaio é sagrado, você sabe muito bem disso, apesar de sempre chegar atrasada… — alfinetou.
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  — Eu sei e eu quero muito isso, mas eu também preciso desse emprego caso consiga a bolsa na Rússia, a senhora mesma disse que eu não teria outra opção.
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  — Mas eu não achei que você o deixaria intervir na sua vida no ballet. Talvez eu tenha tomado a decisão errada, talvez você não esteja pronta…
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  — Não, por favor, senhorita Lily, isso é tudo que eu sempre quis, eu prometo que a partir de amanhã eu posso ensaiar a madrugada toda se a senhora quiser.
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  Mais resmungos surgiram do outro lado.
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  — Tudo bem, eu vou te dar outra chance por causa do seu talento.
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  Phoebe suspirou aliviada enquanto um sorriso surgia em seus lábios.
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  — Muito obrigada, senhorita Lily, eu prometo que não irá se arrepender.
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  — Assim espero, porém, se chegar atrasada um segundo sequer para o ensaio de amanhã…
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  — Eu não vou chegar, prometo!
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  — Eu não quero promessas, Phoebe, quero resultados.
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  — E a senhora terá!
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  — Ótimo.
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  A jovem desligou a chamada contente por tudo ter se resolvido, quer dizer, quase tudo, porque graças a um certo vice-diretor, ela tinha uma escola para limpar. A garota já estava mais do que acostumada ao trabalho, já havia perdido as contas de quantas vezes limpou sozinha a lanchonete, contudo, aquela situação era completamente diferente, ela não estava ali por amor ou porque acreditava no que estava fazendo, mas sim para conseguir dinheiro, nada mais, Phoebe sempre havia sido contra a filosofia de se trabalhar apenas visando o pagamento, mesmo tendo tido que aplicá-la até agora.
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  Ao imaginar o quanto gostaria de estar no ensaio, ela sentiu suas pernas se balançarem enquanto passava a vassoura pelo chão, de repente, um som de piano invadiu seus ouvidos e ela não pôde evitar se mexer com a música, mesmo o som estando somente em sua cabeça, a jovem, como toda boa dançarina apaixonada, não precisava de muito para fazer sua arte, assim, o corredor se tornou um palco enquanto Phoebe girava da mesma forma que fazia nas aulas de balé.
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  — Interrompo algo? — Uma voz conhecida a arrancou de sua maravilhosa fantasia.
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  A professora de economia doméstica sentiu as bochechas corarem ao ver Max à sua frente.
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Capítulo 5

  Max fitou a bailarina de cima a baixo como se estivesse diante de uma alienígena, mas não no mau sentido, estava diante de uma garota que, por alguma razão, o fascinava. Seus movimentos não eram nem um pouco desengonçados, será que ela era dançarina? De toda forma, apesar das ideias precipitadas e da insensibilidade anterior, Max ainda tinha um pingo de percepção dentro dele para ter ciência do quanto sua chegada havia constrangido a nova professora, ele conseguia ver isso, não apenas pelas suas bochechas vermelhas, mas também pela forma como sua respiração estava acelerada.
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  — Me desculpe, eu só estava…
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  — Imagina, eu não queria interromper, eu só pensei em te oferecer ajuda?
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  Phoebe sentiu mais uma vez a raiva subir em seu peito. Como se não bastasse o fato de ele a ter escalado para limpar corredores na noite mais importante de sua vida, agora ainda queria humilhá-la? Isso não ficaria barato.
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  — Por quê? Está preocupado que a nova professora reclamona não dê conta do recado? — provocou, deixando a vassoura de lado e colocando as mãos na cintura.
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  Como aquela garota era atrevida, nunca nenhum outro professor havia falado com Max daquele jeito antes, todos sempre obedeciam sem questionar, com medo de perder o emprego ou no máximo davam suas sugestões de forma pacífica. De certa forma, isso o incomodava porque, afinal, a escola não era para ser um ambiente autoritário. Tudo bem que ele era o vice-diretor e os docentes lhe deviam respeito, contudo ele não queria trabalhar com pessoas que tivessem medo dele ou achassem que lhe deviam alguma obediência, ele queria compartilhar ideias, ouvir o que os outros colaboradores tinham a dizer. Talvez isso era o que ele achava tão atraente sobre Phoebe… mas o que ele estava dizendo? De toda forma, ela era uma atrevida. Certo, uma atrevida que o havia ajudado e feito perceber o erro que seria colocar os professores para faxinar de graça, contudo, ainda assim, atrevida.
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  — Você também fala assim com o seu outro patrão? — Foi a vez do vice-diretor provocar.
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  — Quer dizer com meu pai? Se ele me obrigasse a limpar fora do horário combinado, sim, eu brigaria — afirmou, tentando se concentrar na tarefa de varrer o chão, porém era impossível com Max ao seu lado.
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  O garoto deu uma risada.
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  — Você vai receber, do que está reclamando?
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  Phoebe engoliu seco enquanto se lembrava do telefonema doloroso com a senhorita Lily.
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  — Há coisas muito mais importantes que o dinheiro, você não entenderia… — se limitou a responder, por mais que uma parte dela quisesse contar tudo ao diretor Justin Bieber e dar a ele pelo menos o direito de entender a sua raiva.
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  — Mulheres… — Max pegou outra vassoura e começou a esfregar no mesmo ritmo de Phoebe.
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  — Nossa, sério?
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  — Me desculpa, quer dizer, eu não sei o motivo pelo qual você ficou tão brava, mas eu tenho uma notícia que vai te animar: eu consegui contratar um novo zelador que começa amanhã! Então, esse é o último rodízio! — exclamou ele como se estivesse contando que uma super estrela participaria do show de talentos da escola.
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  Phoebe, no entanto, levantou uma sobrancelha incrédula em constatar como Max realmente era tão insensível.
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  — Sério? Então quer dizer que eu e a Cherry fomos as únicas “premiadas”? Que sorte! — soltou ela irônica, enquanto se movia para o outro canto, tentando se afastar ao máximo do vice-diretor Justin Bieber. Ele, no entanto, a seguiu, finalmente percebendo seu erro.
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  “Droga, eu vivo com duas mulheres e cometi uma gafe dessas” ele lamentou consigo mesmo, já imaginando a reação de sua mãe e de Chole caso ele contasse o ocorrido.
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  — Espera, você tem razão, eu sinto muito por você ter que limpar essa noite, quer dizer, os professores depois do trabalho geralmente só ficam assistindo televisão e…
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  Phoebe saiu de perto novamente, enquanto se controlava para não acertar a vassoura que segurava naquele rosto bonito.
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  Max suspirou percebendo que sua falta de jeito com as mulheres atacava novamente. Tudo bem que ele havia estado em um relacionamento por algum tempo, mas Alysson era diferente de todas as outras e ela era tão decidida… o que de certa forma o fazia se sentir frustrado algumas vezes…
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  — Mas você provavelmente tinha algo mais importante para fazer, não é? — O jovem educador tentou a sorte.
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  Phoebe, no entanto, continuou concentrada no chão que varria, o ignorando, gesto que de certa forma o deixava maluco.
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  — Tudo bem? Eu vou te ajudar com isso, aí acabaremos na metade do tempo e quem sabe ainda consiga ir para o seu compromisso.
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  Por mais que quisesse, Phoebe não conseguia esconder seu olhar de tristeza.
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  — Certo, imagino que não tenha mais jeito, quer dizer, a não ser que viremos o Flash, eu posso ajudar com isso. — O rapaz esfregou o mais rápido que podia, enquanto seus pés aceleravam.
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  Phoebe, no entanto, se lembrando de que apenas alguns segundos antes havia passado a vassoura com sabão naquele exato lugar, soltou o alerta:
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  — Espera, não precisa ser tão rápido. — Contudo, ela soube que era tarde demais quando viu o vice-diretor caído no chão.
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  — É, já sei — afirmou em meio aos dentes, enquanto lutava para se levantar, contudo o sabão o puxava de volta.
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  Phoebe colocou as mãos no lábio, na tentativa inútil de controlar o riso. O vice-diretor de rosto bonito, porém tirano, teve o que mereceu.
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  — É… Uma ajuda?
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  Ela voltou a si e se posicionou perto das costas de Max, ela segurou os braços do jovem educador e por algum motivo arrepios subiram por todo seu corpo, porém não era nisto que deveria estar prestando atenção.
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  Usando toda a força do braço ela o puxou.
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  — Mais forte! — gritou Max.
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  — Eu estou dando o meu máximo.
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  — Mas não é o suficiente! — apontou.
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  A vontade de Phoebe era deixá-lo preso para sempre naquele chão escorregadio, contudo não podia correr o risco de ser demitida de novo, precisava se lembrar de seu sonho. Então, mesmo sentindo os braços arderem, ela continuou, porém, mesmo que seus braços estivessem dispostos a lutar, seus pés a deixaram na mão e escorregaram, a fazendo cair bem em cima do vice-diretor.
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  A proximidade fez com que ambos entrassem em um mundo paralelo onde pretendiam permanecer pelo máximo de tempo possível. Contudo, foram trazidos de volta à força quando uma voz feminina indagou:
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  — O que está acontecendo aqui?
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  O casal se deparou com a diretora Wong de braços cruzados e olhos arregalados.
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  — Diretora Wong, nós só estávamos… — A voz de Phoebe saiu trêmula, mesmo não tendo feito absolutamente nada de errado a garota tinha pavor do que poderiam pensar ou dos boatos maldosos que poderiam se espalhar pela escola se mais alguém visse aquela cena. A garota estava pronta para pedir desculpas, porém Max a interrompeu.
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  — Essa bagunça é culpa minha. Eu fui ajudar a Phone… quer dizer senhorita Thunderman, e acabei escorregando, ela tentou me ajudar e acabou caindo também.
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  A mulher de cabelos negros cruzou os braços enquanto avaliava a situação. Phoebe sentiu seu coração na boca, ela não podia correr o risco de ser demitida de novo, caso o contrário, como arcaria com os custos na Rússia? E se recusava a ter perdido o primeiro dia de ensaio sem motivo algum.
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  — Realmente professores e vice-diretores não foram feitos para a limpeza, ainda bem que você já conseguiu resolver esse problema, senhor McBurguer! — Seu tom neutro não fez nenhum dos dois se acalmar.
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  — Sim, ainda bem — comentou Max esticando as mãos para receber a ajuda da diretora logo depois de Phoebe.
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  Agora, já de pé, os dois se encararam, enquanto esperavam a bronca, contudo, para o alívio de ambos, ela não veio.
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  — Muito bem, só enxuguem esse chão e podem ir para casa, o novo zelador cuidará do restante do corredor amanhã.
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  Em uma perfeita sintonia, os dois responderam ao mesmo tempo:
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  — Sim, senhora.
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  — Ainda bem que tudo deu certo… — Phoebe se limitou a comentar, enquanto enxugava o molhado.
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  — Pelo menos agora você sabe que eu corro tanto risco de perder meu emprego quanto você. Por isso, jamais prejudicaria ou colocaria seu nome no rodízio de propósito — explicou Max antes de jogar o cabelo da exata mesma forma que um certo cantor canadense. Dessa vez Phoebe nem se preocupou em disfarçar o riso.
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  — O que é tão engraçado? — indagou o jovem educador realmente curiosos para saber o que havia feito para que aquela bela garota de cabelos castanhos mudasse de humor rapidamente.
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  Obviamente, a aspirante a dançarina nunca iria revelar o apelido “carinhoso” que havia dado ao vice-diretor, por isso, tratou de se recompor antes de responder:
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  — Não é nada, só vamos limpar, está bem?
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  O casal continuou em silêncio, contudo, não era um silêncio do tipo constrangedor, mas sim reconfortante, como se finalmente tivessem selado a paz.
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  Max entrou em casa com os cabelos umedecidos e a camisa social ensopada, fato que não passou despercebido pelos olhos de Barb e Chloe que foram logo indagando.
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  — Meu irmão, quem fez isso com você? — Chloe encostou na blusa para ter certeza de que realmente era água e não algum outro líquido nojento.
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  — Phoebe! — Se limitou a explicar.
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  — A nova professora da sua idade?
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  — O que aconteceu? Ela te molhou? — Foi a vez de Barb entrar na conversa.
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  Max não queria explicar a situação, temendo uma interpretação errada, contudo, se mentisse seria pior.
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  — Mais ou menos, eu fui ajudá-la a limpar o corredor e acabei escorregando.
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  — Nossa, você nunca me ajudou a lavar a louça quando te pedi — reclamou Chloe antes de expor a conclusão que Max tanto temia. — Você deve estar mesmo a fim dessa garota…
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  O vice-diretor sentiu as bochechas corarem, talvez sua irmã não estivesse de todo errada, afinal, não dava para negar que Phoebe tinha algo especial, contudo, ele jamais admitiria isso em voz alta.
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  — Não fala bobagem, eu tive a ideia de fazer os professores limparem, o mínimo que pude fazer era ajudar. Agora, se me dão licença, vou tirar essa blusa e secar meu cabelo.
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  Ele caminhou para o quarto o mais rápido que suas pernas ainda doloridas da queda, permitiam, porém, sem deixar de refletir sobre tudo que havia vivido naquela noite…
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  Phoebe pendurou o casaco na porta da lanchonete e ao entrar no local ouviu a familiar e confortável voz de Hank.
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  — Oi, querida!
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  — E então, como foi a limpeza? — indagou Cherry enquanto arrumava as mesas.
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  — Não limpamos o corredor inteiro …
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  — Espera, nós? Alguém te ajudou? — Cherry colocou as mãos na cintura, deixando o pano que segurava de lado.
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  Phoebe engoliu seco tentando não tirar conclusões precipitadas.
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  — Sim, o vice-diretor.
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  — Ah, claro. Nós podemos ir na cozinha, preciso da sua ajuda com… os hambúrgueres.
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  — Tudo bem.
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  Chery segurou a mão de Phoebe e a puxou para um lugar privado o mais rápido que pôde.
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  — O que foi?
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  — O vice-diretor Macburguer não me ajudou ontem, eu fiz tudo sozinha — afirmou sem um pingo de raiva na voz, apenas curiosidade.
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  — Bom, talvez o Max estivesse ocupado…
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  — Max? Você chama ele de Max?
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  — Foi ele quem me deu permissão, por que, você não o chama assim?
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  — Claro que não, ele é meu chefe… Phoebe, não é por nada, mas eu acho que ele gostou de você…
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  A garota engoliu em seco outra vez, tentando impedir que seu coração se tornasse uma bomba dentro de seu peito.
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  — O quê? Para com isso, Cherry que viagem, ele só deve ter percebido o quanto pedir para os professores limparem a escola depois do horário é errado e decidiu ajudar.
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  — Será mesmo?
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  — É, Cherry, nada mais do que isso, não fica colocando minhocas na cabeça.
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  — Eu não estou colocando, mas de todo jeito, mesmo que ele estivesse gostando de você, o regimento da escola proíbe qualquer relação amorosa entre empregados.
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  Phoebe, por algum motivo, sentiu a notícia como um soco no estômago. Não que ela tivesse qualquer interesse no vice-diretor Justin Bieber, mas talvez, só talvez… Quanta bobagem, afinal, ela estava lá para conseguir juntar dinheiro para realizar seu sonho e não viver um grande amor, ponto final.
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  — Ainda bem! — se forçou a exclamar, enquanto tentava convencer a si mesma de que a afirmativa que saía de sua boca era verdadeira.
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  Desesperada para mudar de assunto, a garota de olhos castanhos comentou:
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  — De todo jeito, o importante é que esse pesadelo, faxina depois do horário, acabou! Agora vamos logo porque as mesas não vão se arrumar sozinhas — afirmou Phoebe na esperança de se distrair com o trabalho, contudo, sabia que seu cérebro não seria capaz de concentrar naquela noite que não fosse um certo alguém…
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Capítulo 6

  Phoebe acordou no dia seguinte com um sorriso no rosto, não evitando as lembranças da noite anterior que insistiam em invadir a sua mente. Seus lábios formavam um sorriso diante da imagem de Max jogando os cabelos da mesma forma que seu cantor favorito da adolescência, só podia ser brincadeira do destino. De toda forma, sua disposição naquela manhã tinha nada a ver com o fato de a faxina ter sido bem mais divertida e empolgante do que imaginava. Não, Phoebe estava radiante porque aquele, se não houvesse nenhuma surpresa desagradável vinda do vice-diretor Justin Bieber, seria seu primeiro dia de ensaio como uma bailarina profissional. Era a realização do maior sonho da Phoebe adolescente que chegou até mesmo a vender sanduíches na escola para conseguir dinheiro e uma sapatilha de ponta. Finalmente ela teria condições de dar a seu pai a vida que ele merecia ao mesmo tempo em que fazia o que mais amava. Certo, a senhorita Lily havia deixado bem claro que não poderia pagá-la por aquele espetáculo em questão, porém seria sua porta de entrada para que outros produtores artísticos vissem seu talento e a contratassem, oferecendo bons cachês, além da chance de ganhar uma bolsa de estudos na maior escola de dança do planeta. Seu currículo seria irresistível! Então, mesmo que não recebesse um centavo sequer financeiramente naquele momento, tudo valeria a pena em um futuro não muito distante. Quer dizer, quando pisasse no palco pela primeira vez usando a roupa do cisne branco, já teria sua recompensa, afinal sua paixão pela dança falava mais alto do que tudo.
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  Todavia, antes de ir ao ensaio teria que dar aulas, o que não era tão ruim, o problema era a enorme chance de esbarrar, sem querer, no vice-diretor Justin Bieber. Se isso acontecesse, sem dúvidas, seu coração teimaria novamente em virar uma bomba, enquanto suas bochechas tomariam uma coloração avermelhada em questão de instantes. Droga, o que estava acontecendo, ela nunca havia sido o tipo de garota que se deixava intimidar por uma paixonite? Paixonite? Ela, por Max? Não, isto estava fora de questão, não podia acontecer, por inúmeros motivos, e o mais recente que havia descoberto era o regulamento da escola. 
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  Como ela queria que a notícia dada por Cherry na noite anterior não a tivesse deixado tão incomodada. Até porque a última coisa que ela precisava naquele instante era um novo amor, afinal, em poucos meses, se tudo desse certo, estaria embarcando para o outro lado do mundo em busca de seu sonho. Sendo assim, precisava manter a cabeça no lugar e os olhos longe de um certo alguém. Assim, naquela tarde o universo atendeu seu pedido, as aulas correram da melhor forma possível e nem sinal de Max, talvez ele estivesse ocupado demais. Sua mente dizia que a situação devia faze-la suspirar de alívio, contudo, seu maldito coração insistia em indagar se ele a estaria evitando. Claro que não, quanta bobagem, se fosse o caso, melhor ainda! Certo? Certo! Tentou convencer a si mesma, sem sucesso.
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  Os dias se passaram dessa forma, Phoebe dividia seu tempo entre dar aulas, ensaiar e ajudar seu pai na lanchonete sempre que possível. Não era de se estranhar que ela chegasse exausta ao final do dia, porém esse era o caminho para uma vida melhor, a vida com a qual sua mãe havia sonhado e nunca pôde ter… um aperto surgia em seu peito toda vez que se lembrava da mãe… mas sua vida estava caminhando e isso era o mais importante.
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  Quanto a um certo diretor, para sua sorte ou tristeza, ele estava a uma distância segura de seu caminho, nas poucas vezes que se cruzavam nos corredores, ambos se limitavam a um leve aceno de cabeça, a atitude fazia Phoebe nutrir um pingo de esperança de que talvez o vice-diretor estivesse tão sem graça quanto ela, às vezes Max percebia que ela estava com curativos nos pés sem saber que estes eram cortesia de longos e cansativos ensaios, contudo não se atrevia a indagar o motivo.
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  Após algumas semanas de muito trabalho, dedicação e corretivo de pele para disfarçar olheiras, o dia da estreia do espetáculo finalmente havia chegado! Lá estava Phoebe experimentando sua roupa de cisne branco, mesmo sendo uma roupa cheia de penas, a fazia se sentir poderosa, capaz de chegar aonde quisesse. Alguns anos atrás, enquanto encarava sapatilhas de ballet na vitrine de lojas com os olhos brilhando, aquilo parecia tão distante de sua realidade, como se alguém com seus traumas e condições nunca fosse capaz de ter, mas agora, lá estava, prestes a protagonizar seu primeiro espetáculo profissional! Um misto de alegria e nervosismo tomava conta de seu peito, contudo não havia como ser diferente, se tudo desse certo, ela estaria mais perto do que nunca de se tornar alguém no mundo da dança, porém se falhasse, tudo pelo qual havia batalhado teria sido em vão. Por isso a escolha era óbvia.
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  Naquele momento também, a garota não pôde deixar de lembrar da mãe, com certeza a mesma estaria sentada na primeira fila ao lado de Hank, aplaudindo a filha a cada segundo. De alguma forma, a garota de cabelos castanhos sentia sua presença aconchegando e dando forças para subir naquele palco e dar o seu melhor. A ideia a fez abrir um sorriso involuntário que foi interrompido por uma batida na porta.
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  — Posso entrar? — Hank segurava uma rosa.
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  — Claro, pai!
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  — E então, preparada?
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  — Bem nervosa, mas com certeza tudo vai dar certo!
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  — Claro que vai, eu não tenho dúvidas! Ah, minha filha, eu estou tão orgulhoso de você, desde jovem lutou pelos sonhos e agora olha onde chegou!
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  — Eu não teria conseguido sem seu apoio, pai! Obrigada por ter entendido todas as vezes que eu saí mais cedo da lanchonete para ir às aulas!
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  — Ah, querida, não tinha como ser diferente, você é tão talentosa, seria um crime eu te prender naquela lanchonete para sempre!
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  — Não fala assim, o senhor sabe que eu não tenho vergonha alguma.
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  — Eu sei, mas é verdade, quer dizer, você tem tanto potencial e quando estiver se apresentando nos maiores palcos do mundo e quando seu espetáculo estiver passando na tevê, eu vou falar para os clientes todo orgulhoso. Olha lá! É a minha filha.
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  Phoebe deu uma leve risada.
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  — Te amo, pai! — declarou ela o abraçando.
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  — Eu também! Ah, antes que eu me esqueça, você sabe que se eu pudesse, te daria um colar de diamantes em uma ocasião como esta, mas espero que goste dessa rosa!
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  Phoebe pegou a flor de forma delicada.
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  — Era tudo que eu queria! Eu amei e vou guardá-la com todo carinho, pai, com certeza vai me dar sorte.
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  — Essa é a ideia! Bom, agora deixa eu ir para deixar minha estrela terminar de se preparar!
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  — Espera, pai, um último abraço!
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  Ela se aconchegou nos braços de Hank antes de dar um último sorriso. Era hora de respirar fundo, pois o espetáculo começaria em menos de uma hora. Terminando de se arrumar, Phoebe firmou o coque com gel fixador e olhou para os dois objetos minúsculos que estavam na penteadeira, lentes de contato. Se tivesse escolha, ela exibiria sem problemas seus belos olhos castanhos herdados dos avós, contudo, senhorita Lily havia feito a exigência alegando:
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  “Olhos verdes são chiques e atraem a atenção do público, além do mais, a nossa antiga protagonista possuía essa mesma cor de olhos” ela apontou para as lentes quando as mostrou a Phoebe pela primeira vez há alguns dias. A filha de Hank não teve como argumentar. O objeto “invasor” fez seus olhos arderem a princípio, eram preciso alguns segundos para que os mesmos assimilassem a nova realidade. Phoebe se olhou no espelho, ela até que ficava bem de olhos verdes, mesmo que não se sentisse cem por cento confortável com a ideia ainda, era como se fosse uma impostora tentando pegar o lugar de outra pessoa ou como se tivessem arrancado uma parte de sua identidade. Olhos verdes não eram para qualquer um, assim como a posição que estava ocupando.
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  Sua mente começava a se questionar se ela era realmente merecedora daquela oportunidade, afinal, por que mesmo que ela quisesse, nunca teve a chance de se dedicar cem por cento à dança como as outras garotas da turma que frequentava. Além do mais, a senhorita Lily sempre pegava mais em seu pé do que de qualquer outra, não somente quanto aos atrasos, mas durante todo o tempo. “Estique mais esses dedos, Phoebe”, “sua mão precisa ser corrigida”. Contudo, ao mesmo tempo, talvez isso fosse um bom sinal, sinal de que a professora enxergava potencial nela, e essa teoria tinha grandes chances de estar correta, considerando Phoebe entre todas, havia sido a escolhida para estar ali, apesar dos pensamentos intrusivos que teimavam em invadir sua mente. Era fato, a senhorita Lily a havia escolhido por livre e espontânea vontade, não por falta de opções.
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  Ao se sentir mais aliviada, a garota de cabelos castanhos abriu um sorriso antes de preencher o rosto com a última peça do figurino: Uma máscara branca cheia de penas. Outra vez ela se olhou no espelho, a máscara só deixava sua boca e os falsos olhos verdes visíveis, escondia suas imperfeições, como se ela fosse outra pessoa quando fosse entrar no palco e de certa forma era assim mesmo o que ela sentia, porém ao mesmo tempo ainda era a velha Phoebe, a garota da lanchonete, que por esforço havia se tornado uma dançarina, uma dançarina com sangue nos olhos, disposta a agarrar a oportunidade dada com todas as forças.
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  Max revisava os últimos planejamentos para a escola em seu quarto quando a voz de Chloe chamou sua atenção.
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  — Poxa, mãe, é sério mesmo?
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  — Eu sinto muito, minha filha, sei o quanto queria ir neste espetáculo, mas é uma emergência no trabalho, eu não posso deixar de atender.
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  Chloe suspirou frustrada, enquanto encarava o irmão mais velho que chegava para entender a situação.
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  — O que foi?
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  — Você lembra do espetáculo para o qual eu comprei dois ingressos há muito tempo?
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  — Sim, claro, O Lago dos Cisnes… Ele comentou relembrando a admiração da irmã pela arte da dança.
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  — Pois é, a mamãe está me dizendo agora que não vai poder me levar…
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  — É uma emergência de trabalho, não tem nada que eu possa fazer… — Seu tom de voz era suave e apresentava um certo tom de tristeza, afinal, Barb gostava de ser uma mãe presente.
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  — Que pena… mas eu posso ir sozinha?
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  — Claro que não, está maluca, Chloe? Você só tem treze anos — Barb lembrou a filha.
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  — É, mas eu sou bem madura para a minha idade. Por favor, mãe, eu quero tanto ir…
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  Barb cruzou os braços enquanto sua mente tentava pensar em uma solução, depois de alguns segundos, um sorriso se formou em seus lábios.
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  — Bom, sozinha você não vai, mas o seu irmão mais velho pode te levar.
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  Os olhos de Chloe brilharam ao encararem o vice-diretor.
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  Max suspirou ao perceber que provavelmente não teria escapatória.
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  — Ah, Chloe, amanhã eu vou para a escola cedo, estou cansado e …
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  Contudo, a irmã mais nova sabia ser convincente, sua expressão se tornou semelhante à de um cachorro abandonado, enquanto ela implorava.
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  — Por favor… Por favor, Max eu sou sua irmãzinha, é só hoje, não custa nada.
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  O garoto cruzou os braços enquanto refletia, talvez realmente fosse bom ele sair para espairecer um pouco e tentar manter a mente longe de uma certa professora de economia doméstica, que por algum motivo ocupava seus pensamentos de forma insistente. Além do mais, era só uma noite, que mal poderia fazer? Se bocejar demais no dia seguinte, era só regar o copo de café como sempre fazia, não havia mistério.
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  — Tudo bem, Chloe, você me convenceu, eu te levo!
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  A pré-adolescente pulou em euforia.
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  — Oba, obrigada, Max, você às vezes é um chato, mas neste momento te considero o melhor irmão mais velho do mundo!
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  O abraço de Chloe fazia qualquer sacrifício valer a pena, de certa forma, Max era sua única figura paterna e aquele instante o fez perceber que talvez devesse dar mais atenção a esse papel.
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  — Que bom ouvir isso, eu só vou me arrumar e já volto.
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  O vice-diretor pegou o casaco que estava em cima da mesa, sem saber que uma simples saída com sua irmãzinha para um espetáculo de ballet seria capaz de fazer seu coração acelerar e mudar tudo…
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Capítulo 7

  A escuridão do teatro fez os olhos de Max arderem no primeiro instante, enquanto seus ouvidos se concentravam em ouvir o som dos dedos de Chloe se movimentando devido ao pacote de pipoca que ele mesmo havia comprado para ela na entrada. Enquanto caminhavam até a primeira fila, lugar ao qual os ingressos comprados davam direito, Max, mesmo entre sombras, percebeu o padrão das pessoas que estavam ali, mães com suas filhas, famílias inteiras, avós tios e alguns adolescentes aborrecidos que provavelmente só estavam ali porque foram obrigados, ou porque queriam agradar aos pais por alguma razão. Max riu ao pensar que se fosse um adolescente, com certeza estaria da mesma forma, de lábios cerrados em mau humor, pés batendo em impaciência procurando algo com que se distrair.
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  Claro que ele não era o maior fã de ballet e tinha muitas outras coisas que gostaria de estar fazendo naquele instante, tudo bem, talvez nem tantas assim, porém, como um adulto de vinte seis anos que amava a irmãzinha de todo o coração e a tinha quase como sua própria filha, lá estava. Obviamente ele não esperava encontrar nada de interessante naquele lugar, contudo tentaria ao máximo para ver Chloe feliz.
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  — Olha, são esses os nossos lugares! — Apontou a pré-adolescente arrancando o irmão de seus pensamentos.
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  Os irmãos se sentaram nos dois assentos marcados como reservados, era engraçado notar como a simples palavra escrita em um pedaço de papel foi capaz de colocar um sorriso enorme no rosto da menina de fios loiros que não hesitou ao exclamar:
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  — Olha, eu tive que prometer ajudar a mamãe com as roupas por um mês para ela comprar estes ingressos, mas valeu a pena. — Chole se acomodou.
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  Max deu uma risada com a empolgação da irmã, se lembrando de como era bom ser jovem e ficar feliz com algo tão simples quanto um par de ingressos.
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  — Você fez mesmo o “sacrifício” de ajudar a mamãe com as roupas para poder assistir a este espetáculo? — indagou o vice-diretor se sentando ao lado da irmã.
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  — Bom, mas não é qualquer espetáculo, o cisne será interpretado pela Paris Berlec. — Enquanto colocava mais pipoca na boca, a garota pronunciou o nome em questão como se estivesse falando sobre um artista mundialmente famoso, o que não era o caso.
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  — Ah, sim, mas eu continuo sem entender.
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  — É uma bailarina profissional que eu sigo nas redes sociais, ela é tão incrível… Mal posso esperar para vê-la dançando na minha frente ao vivo e depois tirar uma foto!
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  — O quê? Como assim? Tirar uma foto?
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  — Os nossos ingressos dão direito a uma visita no camarim.
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  Que ótimo, além de assistir ao espetáculo, teria que aguentar sua irmã conversando com uma bailarina provavelmente muito sem graça, mas o que ele não fazia para ver Chloe feliz… Contudo, nenhum dos dois imaginava que não seria Paris que entraria naquele palco, e sim uma certa professora de artes.
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  Antes que Max pudesse dar a sua sincera opinião, no entanto, uma luz amarelada iluminou o centro do palco, evidenciando uma garota mascarada que logo começou a dançar.
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  Chole a fitou de baixo a cima como se algo estivesse errado.
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  — O que foi? — indagou Max em sussurro a fim de não invocar reclamações.
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  — Essa não é a Paris. — Chloe apontou para a garota mascarada no palco que movia seu corpo de forma graciosa.
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  — Como você sabe? Ela está mascarada.
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  — É, mas eu conheço a Paris de longe, eu bem vi que ela havia se machucado, mas como ela não postou nada, achei que já tinha melhorado e estaria aqui. Que droga, implorei para a mamãe à toa! — Chloe cruzou os braços emburrada.
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  — Ah, qual é, agora já estamos aqui, tenta aproveitar, quer dizer, essa bailarina também deve ser boa… — Foi a vez de Max fitá-la de cima a baixo, começando pelas sapatilhas até chegar na máscara, nos hipnotizantes olhos verdes que o cativaram de uma maneira como nunca antes, quer dizer… por algum motivo ele tinha a sensação de conhecer aquela expressão misteriosa de algum lugar, contudo não conseguia se lembrar. A jovem se movia de forma tão apaixonada…
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  — Eu quero dizer, não boa, muito boa, maravilhosa… — As palavras saíram de forma involuntária, enquanto ele continuava encarando a protagonista.
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  — Espera, você gostou da bailarina?
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  Mesmo com o escuro à sua volta, o garoto sabia que suas bochechas haviam se avermelhado diante da indagação da irmã.
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  — O quê? Claro que não… — Sua voz saiu trêmula, fato que ele torceu para que Chloe não tivesse percebido.
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  — Sei, eu te conheço muito bem… E você nunca chamou nenhuma garota de maravilhosa antes, nem mesmo a Alysson, quer dizer, pelo menos não na minha frente.
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  Max sentiu uma pontada no peito ao ouvir o nome da ex-namorada.
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  — Chloe, você sabe que eu não gosto que falem o nome dela.
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  — Eu sei, porque ela te magoou muito, mas irmão, você tem que recomeçar sua vida, e aquela bailarina no palco, quem sabe não seja uma chance? Não se esqueça de que vamos encontrá-la mais tarde e você vai poder pedir o número dela e marcar um encontro…
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  A mente de Max doía, ele estava tão confuso, quer dizer, obviamente a garota ali no palco o havia fascinado e ele queria ter a oportunidade de conhecê-la melhor, assim como gostaria de ter a mesma oportunidade com… Phoebe. Droga, o nome da nova professora de economia doméstica tinha invadido seus pensamentos mais uma vez?
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  — Chloe, não viaja! Eu não estou procurando por nenhum romance agora e você sabe disso.
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  — Ah, qual é, pode ser legal, eu vi como a olhou quando a encarou de cima a baixo agora a pouco, ela deve ser bem legal, quer dizer, não tanto quanto Paris, mas ela é mesmo boa, você está certo, quem sabe ela não vira minha cunhada? A não ser que seu coração já esteja ocupado por uma certa professora novata. Qual o nome dela mesmo…
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  A menção ao nome que ecoava em sua mente, por mais que ele não quisesse admitir, fez uma raiva crescer dentro do garoto.
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  — Já chega Chole. Você veio aqui para assistir ao espetáculo ou para ficar falando da minha vida amorosa?
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  Chloe engoliu seco e pelo resto do espetáculo o único barulho que o garoto ouviu vindo de sua irmã foi de seus dentes mastigando o que restava da pipoca. Ele não gostava de ser grosso ou ríspido com sua irmãzinha, mas às vezes a maneira como a mesma se intrometia em assuntos que não lhe diziam respeito o tirava do sério, ainda mais quando era um assunto sobre o qual ele mesmo ainda tinha tantas dúvidas…
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  Os pés de Phoebe pisaram no camarim, enquanto a garota de cabelos castanhos ainda tentava assimilar o que havia acontecido na última hora. Seu primeiro espetáculo profissional, e como protagonista! O que mais ela poderia querer? Seus ombros agora respiravam aliviados sem a pressão da estreia que vinha caindo sobre eles desde o convite.
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  A jovem caminhou até o espelho onde se olhou mais uma vez, seu rosto coberto pela máscara de certa forma a dava coragem, afinal, Phoebe Thunderman talvez nunca tivesse subido naquele palco, contudo, de certa forma, aquela máscara branca do cisne, por mais que escondesse sua identidade, lhe dava a liberdade de ser quem ela sempre sonhou, sem julgamentos. Quando a usava, ela não era a bolsista que sempre chegava na aula de ballet com as mãos cheirando a gordura, e sim uma bailarina que apenas seria analisada por sua performance, nada mais. Considerando tudo pelo que teve que passar para chegar até aquele momento, essa ideia era um alívio, um alívio pelo qual ela não se importava em esconder em seus olhos castanhos.
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  O palco para a filha de Hank naquela noite havia se tornado um portal que a levou direto para um conto de fadas, um conto de fadas com o qual ela sonhava quando criança e continuava a imaginar mesmo depois de adulta. Por esse ponto de vista, Phoebe até achava uma pena ter que voltar ao mundo real… e deixar seu mundo perfeito… bom, quase perfeito, só faltava algo que, mesmo não admitindo, ela considerava importante: amor… contudo, a garota naquele instante nem podia sonhar que seu desejo mais secreto estava prestes a se tornar realidade…
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  — Phoebe? — A voz da senhorita Lily chamou da porta.
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  A garota caminhou até a instrutora de dança lutando contra a ansiedade que gritava em seu peito para saber a opinião da mestra sobre o espetáculo.
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  — Que bom que ainda não tirou a máscara e já te explico o porquê, mas antes… Eu gostaria… — Os olhos de Phoebe se enrijeceram como se estivessem preparando para se defenderem de um ataque iminente. — … de te parabenizar.
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  Os globos oculares da jovem, mesmo coberto pela lente, se arregalaram diante da última frase saída da boca tão rigorosa da senhorita Lily.
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  — Como é?
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  — O seu desempenho foi impecável, tanto que as pessoas nem ficaram chateadas quando perceberam que você não era a Paris.
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  — Espera, como assim?
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  — Ah, desculpa, eu esqueci de comentar, mas nós divulgamos o espetáculo inteiro no nome da bailarina que é famosa na internet, noventa por cento das pessoas compraram os ingressos exclusivamente para vê-la, imagina o que aconteceria se tivéssemos divulgado que ela não seria a protagonista? Além disso, não queria te colocar ainda mais pressão.
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  Phoebe não pôde deixar de se sentir um pouco mal diante da constatação, afinal não sabia o nome da bailarina que havia sido cotada primeiro para estar ali e nunca podia imaginar que era alguém tão visada no mundo da internet e da dança ao mesmo tempo, todavia, se sentiu orgulhosa pela professora ter pensado nela para assumir um lugar deixado por alguém tão importante, mesmo assim, continuou atenta à fala da instrutora.
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  — Ela fez um post do hospital e eu a adverti, então logo depois ela disse que estava bem, quando ainda precisava de repouso e de um tempo longe dos palcos. Sim, eu temi a reação das pessoas quando descobrissem a verdade, mas confiei no seu talento e você não deixou de atender às minhas expectativas.
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  Os lábios de Phoebe formaram um sorriso involuntário.
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  — Nossa, eu nem sei o que dizer…
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  — Não precisa.
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  — Então, agora o meu nome vai estar na próxima tiragem de panfletos do espetáculo? — indagou, roçando as mãos tentando conter o nervosismo.
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  — Eu queria, mas infelizmente não será possível, as pessoas te adoraram, e esse ar de mistério de não saberem quem é a bailarina por trás da máscara vai ser ótimo para o espetáculo. Por isso peço que não conte a ninguém além de sua família sobre o seu protagonismo aqui e peça sigilo a eles também.
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  Phoebe imaginou a decepção nos olhos do pai quando recebesse a notícia, afinal, Hank estava muito animado em contar para todos que sua filha era uma dançarina profissional, contudo, ele entenderia, além do mais, seu ego não era tão inflado a ponto de deixar uma oportunidade como aquela passar por um motivo tão bobo quanto não ter seu nome divulgado. Algo, no entanto, a incomodava, então a senhorita Lily pareceu ler sua mente.
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  — Antes que me pergunte, sim, os olheiros já sabem seu nome, pra sua sorte, eles aceitaram vir analisar uma desconhecida e caso te aprovem para a bolsa, ela irá para você, pode ficar tranquila.
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  — Ótimo, então por mim, está tudo certo! — concluiu a garota ao ter sua maior dúvida sanada.
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  — Agora eu vou para você poder receber os seus fãs.
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  — Fãs?
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  — Sim, quem pagou o ingresso VIP das primeiras filas ganhou direito a uma visita no camarim depois do espetáculo. Claro que esse bônus foi pensado para a popularidade da Paris e para atrair os admiradores dela, mas com certeza os pagantes também vão se empolgar em conhecer a “dançarina mascarada”. Quem não gosta de mistério? Só fique caracterizada até o fim das visitas.
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  — Claro.
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  — Nos vemos, então, amanhã, os dois primeiros já estão aqui na porta!
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  Phoebe sentiu seu coração disparar ao pensar que teria fãs. Tudo bem que os mesmos não saberiam sua verdadeira identidade, mas a elogiarem pelo trabalho já seria suficiente. Além do mais, quais seriam as chances de alguém conhecido estar na lista de pagantes? Infelizmente mais altas do que ela pensava.
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  De toda forma, a dançarina sonhadora tratou de colocar um sorriso no rosto enquanto escutava os passos dos primeiros visitantes, o sorriso, no entanto, se transformou em espanto quando ninguém mais ninguém menos que o vice-diretor Justin Bieber apareceu na sua frente.
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Capítulo 8

  Inúmeros pensamentos invadiram a mente de Phoebe, afinal o que o vice-diretor Justin Bieber estava fazendo ali? O universo só podia estar querendo lhe pregar uma peça, afinal, quais eram as chances da pessoa que ela menos queria que a visse naquele momento entrar pela porta do camarim? Não muito altas, provavelmente, porém isso não impediu que Max estivesse ali parado em sua frente, acompanhado de uma garotinha de sorriso meigo e cabelos loiros ondulados.
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  — Oi, meu nome é Chloe e esse é meu irmão Max! — começou a garota esclarecendo sua relação com o vice-diretor Justin Bieber. Este por sua vez a encarava de um jeito diferente, como se estivesse hipnotizado, como se tivesse um milhão de coisas para dizer, mas as palavras não saíssem.
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  Phoebe sentiu suas bochechas corarem a ideia de que Max poderia no fim das contas ter gostado de vê-la dançar. Não era possível, até porque ele já havia presenciado uma cena constrangedora um tempo atrás.
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  Phoebe pigarreou se esforçando para mudar a voz o máximo que conseguisse, de forma alguma se permitiria ser reconhecida.
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  — Ah, oi, Chole, muito prazer. — Seu tom era frio e misterioso à medida em que se afastava do casal de irmãos.
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  — Sabe, eu admito que comprei o ingresso por causa da Paris, até porque ela é minha heroína, mas você foi tão bem, o meu irmão, por exemplo, te achou maravilhosa!
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  — Chole… — advertiu Max não escondendo o quão sem jeito a fala inesperada da irmã caçula o havia deixado.
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  Phoebe não pôde conter uma risada, se ele soubesse…
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  — O que foi? Eu não falei nenhuma mentira! Você usou exatamente essa palavra — afirmou a pré-adolescente de fios loiros.
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  — Tudo bem, agora que você já conheceu a bailarina, precisamos ir.
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  — Espera, a gente pode saber seu nome?
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  Phoebe pensou por alguns instantes em como sairia daquela armadilha antes de finalmente responder.
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  — É, Rose! — Seus lábios se franziram da mesma forma que faziam toda vez que era obrigada a soltar alguma mentira, por sorte Max e a irmã não a conheciam o suficiente para saber disso.
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  — Muito prazer, Rose! Você é mesmo uma excelente bailarina, não é, Max?
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  O vice-diretor Justin Bieber abaixou a cabeça a fim de evitar encarar a intérprete do cisne branco nos olhos.
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  — Bom, isso é verdade. — O jovem educador se limitou a responder.
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  — Ele está sem graça, mas aposto que se der o seu número para ele…
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  Max naquele instante desejou ter uma fita para colar na boca de Chloe, não era possível que ela o estivesse envergonhando daquela forma.
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  — Já chega, vamos embora. — Ele segurou a mão da irmã menor a fim de arrastá-la para fora antes que mais alguma bobagem saísse de seus lábios.
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  Ao se ver novamente sozinha, Phoebe se permitiu cair na risada, se não fosse tão perigoso, ela diria que a situação havia sido cômica. Pelo visto alguém sabia tirar o vice-diretor Justin Bieber do sério. Chloe parecia uma garotinha adorável. Embora atrevida. De toda forma, a pergunta que não queria calar era: Max havia mesmo a chamado de maravilhosa? A ideia, por algum motivo estúpido, fazia seu coração saltitar de alegria, contudo, esta se transformou em tristeza e inquietação quando Phoebe se deu conta de um fato: Ele não a havia reconhecido. Ou seja, se ele realmente tivesse ficado hipnotizado pela dança, era pela Rose, a bailarina misteriosa, não pela Phoebe, a professora atrapalhada de economia doméstica.
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  Talvez fosse melhor assim, até porque nem de longe Phoebe estava procurando um relacionamento, ainda mais com aquele que de certa forma era o seu chefe.
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  Assim sendo, ela tentou convencer a si mesma de que sua alegria era pelos elogios feitos ao seu trabalho como dançarina, nada mais, porém era inútil, pois ela sabia muito bem que a fala de Chole afirmando o elogio feito por Max era a verdadeira responsável por seu coração naquele instante estar batendo a mais de cem por hora.
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  De toda forma era melhor esquecer que aquilo havia acontecido, até porque se Max realmente tivesse ficado encantado por ela, esse sentimento não passaria de uma paixão platônica.
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  No entanto, antes que sua mente pudesse mergulhar ainda mais fundo nestes pensamentos, os segundos espectadores VIPs passaram pela porta, a forçando a colocar um sorriso no rosto, pelo menos dessa vez não seria preciso modificar a voz, pois dessa vez, para seu alívio, se tratavam de dois completos desconhecidos.
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  Durante todo o percurso de volta, Chole não parou de tagarelar sobre como o irmão era um covarde medroso.
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  — Chole, eu já falei mais de mil vezes, não estou pronto para um novo relacionamento, então pode parar com isso.
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  — Ah, irmão, eu não acredito nem um pouco, e eu ainda vou te convencer a ir atrás da Rose.
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  — Pode tirar o seu cavalo da chuva, já não basta o mico que me fez pagar.
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  — Mico porque você não teve nenhuma atitude, se tivesse confirmado minha fala, poderia estar agora com aquela bela garota passeando sob o luar, mas ao invés disso está aqui com a sua irmã caçula irritante.
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  Por um instante Max se permitiu imaginar como seria se tivesse feito o que Chloe havia acabado de dizer. Será que Rose teria aceitado? Ou teria rido dele? Fazia tanto tempo que o vice-diretor não chamava alguém para sair que já havia perdido o jeito, mas sim, a bailarina era bem charmosa e misteriosa, ele queria ter a chance de conhecê-la melhor, porém será que valeria a pena se jogar no amor de novo? Será que dessa vez seria diferente? Ou ele acabaria com o coração ainda mais partido? Só havia um jeito de saber. Assim, pela primeira vez, Max resolveu que era hora de uma atitude ousada.
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  — Pode parar o carro aqui por você? Chloe, vai para casa, eu tenho um assunto para resolver — se limitou a explicar enquanto descia.
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  O teatro não ficava tão longe, mas se fosse a pé correria risco de perder a bailarina misteriosa, por isso Max gastou o resto do dinheiro vivo que lhe restava em um táxi rumo a uma nova aventura da qual ele não sabia o que esperar, mas fazia seu coração bater mais forte e isso era tudo que importava.
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  Quando o último espectador VIP foi embora, Phoebe finalmente relaxou os ombros. A noite havia sido um sucesso, apesar do “encontro” com o vice-diretor Justin Bieber. Ela mal podia esperar para que Cherry soubesse do ocorrido, com certeza as duas dariam umas boas risadas.
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  Como se tivesse adivinhado o fim das visitas, Hank bateu a porta novamente.
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  — Posso entrar?
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  Phoebe arregalou os olhos, ao mesmo tempo feliz e preocupada.
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  — Pai, e se alguém te reconhecer?
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  — Do que está falando, meu bem? E por que ainda está com essa lente e com essa máscara?
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  De repente ela se lembrou de que Hank ainda não sabia do ocorrido.
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  — Ah, desculpa, pai, mas eu tive uma conversa com a senhorita Lily e ela me pediu para eu manter minha identidade em segredo.
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  — O quê? Por quê? Todos ficaram tão encantados com sua performance que as pessoas precisam te conhecer.
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  Phoebe esfregou as mãos antes de continuar:
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  — Eu não vou dizer que não fico decepcionada, óbvio que eu queria ser reconhecida da mesma forma que a Paris se tornou o que é.
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  — Quem é Paris?
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  — A bailarina que seria a protagonista, ela é superfamosa e a maioria das pessoas que estão aqui vieram esperando vê-la, mas por causa de um acidente, a senhorita Lily teve que me chamar.
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  Hank conhecia a filha o bastante para a enxergar a tristeza no fundo de seus olhos, por mais que ela tentasse esconder.
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  — Não é justo, você lutou tanto para estar aqui e quando consegue, precisa manter segredo.
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  — Eu sei, pai, o mundo da dança não é justo, mas os olheiros aceitaram virem me ver, então eu ainda tenho chances de entrar na Royal.
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  Hank suspirou desacreditado.
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  — Eu não sei…
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  — Pai, esse é meu sonho e se eu tiver que me manter no anonimato e não ser reconhecida pelo meu trabalho, pelo menos por enquanto, tudo bem. Imagina quando eu estiver na Rússia, vou me esforçar bastante e aí sim o meu nome vai estar nos cartazes de espetáculos, com letras bem grandes, quando essa hora chegar, o senhor vai ficar no camarim comigo o tempo todo, farei questão!
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  — Eu tenho certeza que você vai conseguir tudo que quer, meu amor, com a sua doçura, não há limites!
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  — Obrigada, pai, e obrigada por entender!
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  — Imagina, meu amor! Se você está feliz, eu estou feliz!
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  Hank deu um beijo na testa da filha antes de sair com um sorriso no rosto, não que ele tivesse deixado de se preocupar, afinal, enquanto os outros espectadores enxergavam a “bailarina misteriosa”, ele via sua menininha que lhe implorava para comprar sapatilhas enquanto ele não tinha um tostão furado. Realmente o mundo não era justo, mas como Phoebe tinha dito, se este anonimato servisse para que sua carreira no futuro tivesse o brilho merecido, tudo bem. Com esse pensamento em mente, o dono da lanchonete foi para casa.
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  Phoebe por sua vez, se permitiu tirar os acessórios que haviam coberto seu rosto durante aquela noite. Era hora de sair da personagem na qual havia se sentido tão poderosa. “Rose” alguém tão confiante e cheia de brilho que havia sido capaz de conquistar o coração do vice-diretor Justin Bieber. Quer dizer, Phoebe não podia ter certeza, porém a forma como as bochechas de Max ficaram vermelhas quando Chloe o dedurou. Sim, por mais que tentasse negar, ela prestava atenção em cada detalhe daquele rosto angelical que a lembrava de um certo pop star canadense. Quanta bobagem, só porque Max havia sido fofo em alguns momentos não significava que ela havia esquecido o fato de ele ter colocado seu nome naquela noite e quase arruinado sua maior chance de uma carreira sólida na dança.
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  Então por que seu coração disparava toda vez que pensava nele, e se tornou próximo de uma bomba ao vê-lo entrar por aquela porta e não apenas pelo desespero de ser reconhecida, no fundo ela estava radiante com o fato de ele ter gostado da performance, e como a irmãzinha mesmo havia dito, a chamado de “maravilhosa”. Ao se lembrar desse fato, Phoebe começou a rir sozinha, igual a uma adolescente ingênua.
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  Bom, uma garota poderia ter uma paixão platônica, não podia? Até porque ela e Max nunca passariam disso. Ele havia ido ao espetáculo naquela noite e nunca mais voltaria. Já na escola, quando se encontrassem, se limitariam a um cumprimento educado. Pelo menos era o que Phoebe pensava.
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  Apesar de apreciar sua verdadeira imagem, a ideia de ser pega por algum fã sem os acessórios a fez colocá-los novamente até chegar em casa. Assim, lá estava, pronta para abrir mão de sua verdadeira identidade e dar lugar a “Rose”. De alguma forma, Phoebe havia gostado, afinal usar uma máscara e uma lente verde a haviam feito se sentir mais poderosa e dado a liberdade de experimentar, até porque ninguém a reconheceria. Talvez essa ideia não tenha sido tão ruim, afinal. Ela poderia errar e aprender protegida por uma “identidade secreta” e quando seu verdadeiro nome estivesse em um quadro na porta de um teatro na Europa, estaria bem mais confiante e segura para se apresentar como Phoebe Thunderman.
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  Outra vantagem da máscara foi protegê-la do vento cortante que invadia aquela noite escura, mais brilhante para a garota sonhadora que havia dado o primeiro passo na direção de seus sonhos e ainda havia sido elogiada por… Não, ela não poderia ficar feliz com aquele maldito elogio, quer dizer, até poderia usá-lo para massagear o ego, mas isso não significava que estivesse de alguma forma gostando do vice-diretor Justin Biber, isso era impossível e não poderia acontecer de nenhuma maneira.
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  A agitação de seus pensamentos fez Phoebe andar distraída pelos arredores do teatro, e quando se deu conta, estava no chão, esbarrada por alguém.
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  — Nossa, eu sinto muito.
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  — Imagina… Até porque era você mesma que eu estava procurando.
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  O vento não era mais nada comparado aos arrepios que ela sentiu ao ver Max na sua frente.
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Capítulo 9

  Phoebe agradeceu aos céus pelo fato de o vice-diretor Justin Bieber não conseguir escutar a bomba que havia se instalado em seu peito. Aquilo não podia estar acontecendo, só podia ser um pesadelo, ou um sonho incrível, afinal ao mesmo tempo em que a garota estava ciente das consequências de se envolver com Max, estava cada vez mais difícil conter a curiosidade sobre qual seria o gosto de seus lábios. Quanta estupidez.
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  “Calma, Phoebe, ele deve querer apenas um autógrafo para a irmã, nada demais, tudo vai ficar bem”, afirmou para si mesma, no fundo não querendo acreditar nas próprias palavras. Ela sabia que ficar longe de Max era o certo a se fazer, pois essa atitude mantinha a paz, a do seu emprego, a paz em sua vida, mas então, por que seu coração clamava pelo caos?
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  — Eu sinto muito aparecer desse jeito.  — Max coçou a cabeça de forma desajeitada, porém fofa aos olhos da bailarina. — Você não deve nem mesmo se lembrar de mim depois de ter falado com tanta gente naquele camarim. Por que guardaria o rosto de um completo desconhecido?
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  Phoebe cruzou os braços tentando conter a risada. Pouco depois, no entanto, precisou se concentrar a fim de disfarçar novamente a voz.
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  — É verdade, mas eu lembro de você, foi o primeiro a entrar junto com sua irmã caçula, certo? — Phoebe indagou fingindo não dar tanta importância ao ocorrido.
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  — É. Isso mesmo. Bom… vim para dizer que minha irmã não mentiu, ela foi uma intrometida sim, como ela sempre é desde que o nosso pai…
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  Phoebe arregalou os olhos diante da menção de uma informação tão íntima, que claro, ela já sabia, pois o próprio vice-diretor Justin Bieber havia lhe contado na escola, porém aquilo era diferente. Como “Rose”, ele somente a havia visto no palco e depois no camarim por alguns minutos.
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  Contudo, o próprio Max se interrompeu ao tomar consciência da atitude impulsiva.
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  — Me desculpa, você deve estar exausta e nem um pouco a fim de escutar um estranho falar sobre seus problemas…
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  Naquele momento Phoebe se deu conta de algo sensível e assustador. Max não sabia quem ela era. Um sorriso surgiu em seu rosto quando ela decidiu tirar proveito dessa liberdade para deixar pelo menos um terço de seus sentimentos aflorarem.
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  — Imagina, na verdade, achei até fofo…
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  O jovem educador corou diante do elogio.
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  — Sério, você me achou fofo?
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  Phoebe sabia o quão perigoso aquilo era, afinal, se Max, por algum mínimo deslize de sua parte, descobrisse sua verdadeira identidade, tudo estaria perdido, porém não havia mal em se dar a esse luxo por pelo menos um instante.
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  — Do que mais eu poderia chamar alguém que leva a irmã menor em um espetáculo ao qual ele claramente não queria assistir?
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  — É…  Não é que eu não quisesse assistir…
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  — Tudo bem, eu sou uma estranha, não sou? Você não me deve nenhuma satisfação sobre o seu gosto por ballet.
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  Max soltou uma risada sincera.
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  — Bom…  se você aceitar sair comigo qualquer dia desses, quem sabe você não me faz mudar de ideia?
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  O convite atingiu Phoebe mais forte do que uma dinamite atinge o chão. Aquilo já estava indo longe demais.
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  — Eu tenho que ir, mas a gente se vê por aí, é… — Ela estalou os dedos como se estivesse tentando se lembrar do nome que nunca havia saído de sua mente desde que se conheceram.
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  — Max. Meu nome é Max!
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  — Certo, foi um prazer te conhecer, Max! — Em um impulso, ela se aproximou e fez o vice-diretor se arrepiar inteiro ao sentir os lábios da bailarina em sua bochecha.
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  Por mais que quisesse, Phoebe não se permitiu ficar para ver nenhuma reação e correu o mais rápido que suas pernas cansadas permitiam.
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  O vice-diretor Justin Bieber por sua vez, demorou alguns instantes para voltar a si. Como podia estar tão encantado por uma garota misteriosa que havia acabado de conhecer? Não tinha lógica, porém, quem disse que o amor é racional? Chloe estava certa, ele precisava se arriscar, por esse motivo o não daquela noite não seria o bastante para fazê-lo desistir.
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  Phoebe tentava acalmar suas mãos trêmulas antes de abrir a porta da lanchonete que por sorte estava vazia, porém seu pai e Chery a esperavam ansiosos.
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  — Olha aí a nossa estrela! — Hank exclamou a assustando.
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  — Oi, pai, oi, Chery!
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  — O Hank me contou que você precisou usar uma máscara e uma lente para não ser reconhecida, o que eu também sou totalmente contra, porém, já que você concordou… E então, como foi subir em um palco desse tamanho pela primeira vez? — Chery tirou os olhos da vassoura que estava usando para varrer o chão da lanchonete.
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  Phoebe engoliu seco enquanto tentava se lembrar de todas as técnicas de atuação que já havia aprendido na vida, que não eram muitas.
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  — Foi legal! — Se limitou a responder desesperada para subir até seu quarto onde poderia se dar ao luxo de surtar em paz. 
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  Hank e Chery, todavia, não pareciam dispostos a colaborar com seu plano.
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  — Legal? A Phoebe deu um show! Parecia que dançava profissionalmente há anos! — Hank era um poço de orgulho.
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  — Ah, pai, você está exagerando, agora se me dão licença…
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  — Ah, você é muito modesta, filha! Acredita que no primeiro dia ela já recebeu até fãs? — O dono da lanchonete continuou para o desespero da filha. Claro que em qualquer outra situação ela ficaria muito contente por ter deixado o pai tão orgulhoso, porém as circunstâncias exigiam que saísse dali naquele segundo antes que seu coração saltitante ou suas pupilas dilatadas a entregassem.
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  — Eles estavam esperando encontrar a Paris…
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  — Mas aposto que adoraram encontrar você!
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  — É, alguns sim… — Phoebe já se encaminhava para as escadas.
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  — Mesmo? E tinha alguém conhecido? Chery a fitou de cima a baixo, como se tivesse percebido tudo.
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  Phoebe gaguejou.
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  — O quê? Claro que não. Imagina se algum conhecido nosso ia assistir um espetáculo de ballet. Nenhum conhecido. Agora se me dão licença…
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  A garota de fios castanhos correu para a cozinha onde deu um suspiro de alívio antes de retirar do rosto os dois objetos que escondiam sua identidade.
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  — Pelo jeito eles não perceberam nada, ainda bem…
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  — Não percebemos o quê? — A voz  de Chery a fez saltar.
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  — Chery, o que você…?
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  — Seu pai pode não ter percebido nada, mas eu, por outro lado, sei quando está escondendo algo…
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  — O quê? Eu estou escondendo algo? Claro que não, Chery… — Phoebe tentou escapar, mas a amiga a impediu.
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  — Pode tentar o quanto quiser, mas não vai adiantar, então melhor acabar logo com isso.  Que conhecido foi te ver no camarim?
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  Phoebe suspirou percebendo que realmente era inútil tentar enganar a mulher que era como sua segunda mãe.
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  — O Max — sussurrou cabisbaixa da mesma forma que uma criança que havia feito algo errado e não queria confessar.
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  — Como? — Chery cruzou os braços entendendo perfeitamente o jogo da dançarina que havia visto crescer.
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  — O Max, satisfeita?
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  — O Max, vice-diretor da escola onde trabalhamos?
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  — O próprio. Acontece que a irmã mais nova dele é fã de ballet e precisava de um acompanhante…
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  — Nossa, o mundo é mesmo pequeno, e ele te reconheceu?
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  — Claro que não…
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  — Então por que está nervosa desse jeito?
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  Mesmo querendo manter sua paixonite e o ocorrido em segredo, Phoebe se sentia como uma garrafa cheia até o bico, prestes a transbordar. Chery havia sido sua melhor e única amiga durante muito tempo. Phoebe se lembrava muito bem do momento quando finalmente havia ganhado suas tão sonhadas primeiras sapatilhas, ela chegou na lanchonete com seu habitual sorriso no rosto. Chery segurou diante da pequena maria-chiquinha em sua frente e a incentivou desde o primeiro momento. Alguém tão presente em sua vida era a pessoa ideal para desabafar e finalmente tirar a angústia de seu peito.
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  — Porque ele está a fim de mim, quer dizer, da Rose.
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  — De quem?
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  — É o nome que eu inventei depois que ele me perguntou. 
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  A garota de fios castanhos relatou em detalhes tudo que havia acontecido naquela noite, desde a entrada do vice-diretor em seu camarim acompanhado da irmã, até o beijo na bochecha roubado. Essa última parte rendeu uma bronca.
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  — Você por acaso quer colocar mais lenha na fogueira? Bom, pelo menos não aceitou o convite dele.
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  — Sim, quer dizer, eu queria aceitar. Droga, por que ele tinha que ser fofo e ter minha idade? Você não podia trabalhar em uma escola onde o vice-diretor fosse um velho rabugento cheio de verrugas? — Phoebe lamentou apoiando a cabeça nos ombros da amiga em sinal de vulnerabilidade.
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  — Ah, minha pequena. Você não tem jeito. Se te faz sentir melhor, eu acho que também me apaixonaria pelo Max se fosse mais nova…
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  — Espera aí, se apaixonar é uma palavra muito forte, eu só acho ele fofo, e sinto meu coração sair pela boca quando ele está por perto, e acho o cabelo dele igual ao de Justin Bieber.
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  Chery caiu na risada diante da menção ao ídolo teen.
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  — Agora está explicado.
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  — Eu te dei um trabalho danado para pendurar os posteres na minha parede sem o papai saber, não é?
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  — Sim e quis arrancar tudo, menos de dois meses depois, pois começou a achar o Bieber brega.
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  — Sim, mas o penteado continuou sendo fofo… De toda forma, eu não sei o que fazer, quer dizer, e se ele procurar a Rose de novo? O que eu vou fazer?
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  — Ah, querida, as chances de isso acontecer são mínimas, não gosto de fazer fofoca, ainda mais sobre pessoas do trabalho, mas o Max passou por um término muito difícil pouco tempo atrás.
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  — Como é?
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  — Sim, o nome dela era Alysson, garota legal, pelo menos parecia quando nos cumprimentava sorridente e discursava o tempo todo sobre salvar a Terra…  E os dois estavam bem apaixonados.
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  Diante da descrição de uma garota tão perfeita, a bailarina não pÔde evitar sentir uma pontada de ciúmes.
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  — Nossa, se ela era tão incrível, por que terminaram? — Phoebe cruzou os braços.
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  — O Max a pediu em casamento e ela recusou.
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  — Meus Deus, que horrível. — Todavia, um leve sorriso surgiu no canto dos lábios da filha de Hank. — Ele deve ter ficado arrasado.
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  — Sim, ele ficou e desde então não saiu com mais ninguém, por isso eu te digo, ele só deve ter te achado atraente no primeiro instante, mas assim que chegou em casa esqueceu de tudo.
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  Phoebe se forçou a soltar um suspiro de alívio, quer dizer, deveriam ser boas notícias, afinal ela não queria nenhum relacionamento, então por que aquele maldito beijo roubado não saía de sua mente?
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  — Ótimo, então não há mais riscos! Até porque foi apenas uma ida ao camarim em que ele me elogiou, nada demais. — Ela omitiu a parte onde eles se encontraram na saída. Se Chery estivesse certa, aquele era um momento que ela queria guardar para si, como uma lembrança feliz e engraçada.
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  — Sim, está vendo?
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  — Foi uma paixonite que vai passar para nós dois. Nada demais — Phoebe afirmou tentando acreditar nas próprias palavras, porém, enquanto seus lábios diziam aquelas palavras, as lembranças do vice-diretor Justin Bieber a convidando para sair rodavam em looping em sua cabeça confusa. Será que em algum momento iriam embora? Para o bem de todos ela esperava que sim.
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  Max foi recebido no apartamento por uma Chloe de olhos atrelados à curiosidade.
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  — Onde você foi? Ou melhor, vou direto ao ponto: por que voltou ao teatro?
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  Max engoliu seco. Sua irmã podia ser policial, pois era especialista em interrogatórios.
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  — Nossa, Chloe, que susto. E quem te disse que eu voltei lá?
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  — E precisa? Sua cara de decepção já entrega tudo. A bailarina te deu o fora, não foi?
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  O jovem educador suspirou sabendo que tentar driblar a pré-adolescente seria inútil.
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  — Tudo bem, foi isso mesmo, eu levei um fora, satisfeita? Pode rir da minha cara.
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  — Na verdade, eu vou te dar os parabéns por ter tido coragem. Bom, ela pode ter dito não agora, mas quem sabe se você mudar a abordagem… Ainda tem muitos dias de espetáculo
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  — Chloe, chega! Está bem? Eu nem queria tanto assim conhecê-la… — ele mentiu sabendo que o gosto dos lábios da bailarina nunca mais sairia de sua bochecha. Essa parte, no entanto, ele guardaria para si mesmo. Até porque Chloe não precisava saber de tudo.
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  — Mentira! Eu te conheço bem o suficiente para saber que se não tentar de novo irá se arrepender pelo resto da vida.
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  Max cruzou os braços e abaixou a cabeça, seu silêncio era uma confirmação.
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  — Eu sabia!  Mas para sua sorte eu tenho uma ideia!
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  Mesmo tentando parecer indiferente a afirmação da irmã, Max sentiu seu peito se encher de expectativa.
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Capítulo 10

  Naquela manhã Phoebe desejou que a mesma água que limpava seu rosto também pudesse limpar as lembranças da noite anterior. Droga, por que ela tinha ficado tão mexida com um beijo roubado? E o mais importante? Por que ela teve aquele impulso? O pior era que, bem no fundo, ela sabia muito bem a resposta. Ela não conseguia esconder de si mesmos o que o vice-diretor Justin Bieber havia despertado em seu coração. Era algo novo, ao mesmo tempo assustador e empolgante. Por muito tempo, o maior sonho de Phoebe foi se tornar uma dançarina profissional, essa mudança guiava sua vida, os treinos dobrados, as noites em claro costurando a sapatilha para que não fosse preciso comprar uma nova. Abrindo mão dos melhores anos de sua juventude, tendo em Chery sua única amiga e nos clientes da lanchonete seu único vestígio de vida social. Agora, quando finalmente estava vivendo o sonho de estrelar um espetáculo profissional, sentia seu coração vibrar em busca de algo mais, algo que não tinha nada a ver com ballet, mas sim com seu coração.
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  Desde a perda da mãe, Phoebe havia se tornado pé no chão, enxergando a vida somente como um lugar onde você precisava trabalhar duro para ter o mínimo de felicidade e realização. Então, por que aquele maldito beijo na bochecha de Max a havia feito se sentir mais viva e realizada do que nunca? Seria possível que a felicidade estivesse disponível a ela assim de forma tão fácil? Contrariando tudo em que vinha acreditando até aquele momento?
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  Bom, não era de forma assim tão simples, afinal havia tantos problemas que a impediam de sequer pensar na possibilidade de um relacionamento romântico com o vice-diretor Justin Bieber. Primeiro havia o regimento da escola, que proibia qualquer tipo de relação entre funcionários. Mesmo estando lá somente até conseguir o dinheiro necessário para se manter na Rússia, a garota de fios marrons não se sentiria bem quebrando uma regra tão clara e tão importante, até porque Chery a havia indicado e se por um acaso suas ações gerassem consequências negativas para sua única amiga, ela jamais se perdoaria. Segundo, havia sua identidade secreta “Rose”, um nome tão simples como o da flor, o primeiro a vir em sua mente ao ser interrogado pela irmãzinha de Max e o mesmo que usou durante a conversa com o jovem educador já fora do teatro. Por mais que no fundo de seu coração ela desejasse que o garoto com cabelos de pop star, se encantasse pela Phoebe professora de economia doméstica que trabalhava com roupas simples e não um lindo figurino branco cheio de brilhantes, esse sonho parecia cada vez mais distante.
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  Quando ele a observou dançar naquela noite em que limpavam juntos os corredores da escola, uma faísca de esperança havia se acendido em seu peito, porém, depois da noite anterior, a mesma se apagou de forma definitiva. Não havia como ele estar tão encantado por Rose, uma dançarina confiante e charmosa, e sentir algum tipo de atração por Phoebe, a professora desajeitada e reclamona. Dessa forma, só restava tratar a noite anterior como uma fantasia tola que não fazia parte de seu mundo real. Até porque, com a rejeição, ela duvidava que o vice-diretor Justin Bieber a procurasse de novo. Assim esperava. Ou melhor, era o que precisava acontecer para o bem de todos, mesmo que seu coração clamasse pelo exato oposto…
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  Durante a tarde, Phoebe deu suas aulas tentando manter a mente afastada de tudo. Os alunos eram divertidos e educados, o que tornava tudo mais fácil. Sua vida parecia estar entrando novamente nos eixos até aquele fatídico momento, o forno da sala havia pifado e ainda havia uma aula a ser dada com seu uso.
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  — É sério? — indagou para si mesma, enquanto limpava as mãos engorduradas no avental. — Bom, se você acha que vai me vencer, fogão, está muito enganado, eu sou Phoebe Thunderman, já consertei vários como você em horário de pico, isso aqui não é nada. Certo vamos lá.
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  Ela esticou os braços antes de começar o trabalho. O fogão usado pela escola, todavia era bem mais complexo do que o da lanchonete de Hank, havia vários botões diferentes cujas funções ela estava longe de conhecer.
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  — Droga, mas não é isso que vai me parar, vamos dar uma olhada…
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  Uma voz masculina conhecida, no entanto, a fez desviar o olhar do equipamento.
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  — Precisa de ajuda? — O vice-diretor Justin Bieber se encontrava na porta da sala e seu pedido parecia sincero.
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  Ótimo, como se já não bastasse o problema do forno, agora ela teria que lidar também com seu maldito coração acelerado.
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  — Não, imagina, eu tenho bastante experiência com esse tipo de problema. Está tudo certo. — Ela voltou mais que depressa sua atenção ao eletrodoméstico, a fim de não correr o risco de ser hipnotizada mais uma vez por aqueles malditos olhos brilhantes.
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  — Tem certeza? — Max insistiu, parecendo realmente interessado.
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  — Tenho, pode voltar para os seus afazeres e…
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  A fala de Phoebe foi interrompida por um barulho de explosão vindo do aparelho à sua frente.
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  — O que foi isso? — Ela saltou para trás como que por instinto.
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  Sem perder tempo indagando novamente se a garota teimosa de cabelos perfeitos precisava de ajuda, Max correu até ela e começou a mexer no fogão.
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  Phoebe engoliu seco tentando controlar suas reações. Por sorte, Max estava concentrado demais para perceber o quanto sua presença a deixava nervosa.
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  — Você sabe consertar fogões? — A garota não conteve a curiosidade.
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  — Claro — Max começou sem se desconcentrar nem por um segundo. — A escola nunca teve interesse em contratar um faz-tudo e não é a primeira vez que isso acontece.
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  — Mas você é o vice-diretor…
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  — Quando se trabalha em equipe, não podemos nos apegar a títulos.
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  A fala arrancou um sorriso sincero de Phoebe, Max realmente era do tipo trabalhador e pé no chão, assim como ela. E pensar que o havia chamado de “filhinho de papai” no primeiro dia, antes mesmo de conhecê-lo… Além de ofender sua solução para uma crise emergencial. Agora lá estava ele fazendo de tudo para ajudá-la sem pensar duas vezes. Sua atitude altruísta era admirável e o fazia parecer ainda mais atraente a seus olhos. Droga.
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  — Muito bem, acho que consegui, só preciso puxar e tudo certo!
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  — Ótimo, então já está consertado! — Em um impulso, Phoebe colocou uma das mãos em cima do aparelho.
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  Max, percebendo o gesto, gritou:
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  — Espera, não…
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  Porém, era tarde demais, a mão de Phoebe já estava queimada.
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  — Droga! — Ela não se preocupou em disfarçar a dor.
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  No mesmo instante, Max se aproximou com um olhar de preocupação.
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  — Vamos pra enfermaria. Eu vou fazer um curativo
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  Phoebe sentiu seu coração bater forte com a ideia de sentir novamente o toque das mãos de Max nas suas. Ela não tinha dúvidas de que a dor cessaria no mesmo instante, contudo era muito arriscado.
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  — Não precisa, sério.
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  — Como não? Olha, você se queimou, se não fizermos um curativo agora, pode piorar.
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  — Imagina. Eu trabalho em uma lanchonete, isso já aconteceu várias vezes — explicou, tentando convencê-lo, mas sem sucesso, visto que o vice-diretor Justin Bieber continuou insistindo:
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  — Mesmo assim, vamos olhar isso, não seja teimosa.
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  A voz de Max soou tão firme que era impossível contrariar. Assim, Phoebe fez que sim com a cabeça e o seguiu até a enfermaria.
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  Phoebe se sentou na cadeira, enquanto Max procurava o kit de primeiros socorros. Segundos depois, já com a maleta em mãos, ele começou a enrolar a fita sobre a queimadura.
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  Phoebe o encarava com admiração.
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  — Quer dizer que além de consertar fogões você também sabe fazer curativos?
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  Max não tirou os olhos do ferimento, enquanto respondia:
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  — Bom, eu tenho uma irmã caçula bem travessa, então tive que aprender… — A bailarina sorriu ao se lembrar da pré-adolescente atrevida que havia envergonhado o irmão em seu camarim na noite anterior.
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  — Sim, deu para perceber — Phoebe soltou de forma automática e só se deu conta do erro quando os olhos brilhantes de Max a encararam surpresos.
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  — Você conhece a minha irmãzinha?
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  Phoebe engoliu seco, enquanto seu cérebro tentava criar uma resposta convincente.
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  — Não… — começou, sua voz saiu trêmula. — Mas para você conseguir fazer um curativo tão bem feito e tão rápido, eu posso imaginar. — Ela exibiu a mão agora já enfaixada, torcendo para que o elogio tivesse sido suficiente para afastar qualquer suspeita da mente do jovem educador.
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  Max, por sua vez, abriu um sorriso sincero, enquanto sentia suas bochechas se avermelharem em questão de segundos. A professora de Economia Doméstica tinha o seu chame, aquele sorriso meigo, olhos expressivos. De alguma forma o vice-diretor já os tinha visto em algum lugar, mas não sabia dizer onde… Se pelo menos ele imaginasse…
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  — Imagina, nem ficou tão bom…
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  — Mas foi o bastante. Obrigada… — Ela se levantou.
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  — Imagina, não fiz mais do que a minha obrigação! — o garoto se justificou, tentando acreditar nas próprias palavras, mesmo sabendo que era inútil, pois no fundo ele sabia muito bem que, enquanto Phoebe estivesse ali, ele a trataria de forma especial… De toda forma, era preciso evitar qualquer tipo de suspeita acerca de segundas intenções, então ele completou: — Quer dizer, você se machucou em um ambiente de trabalho, e como vice-diretor e o único presente no momento do ocorrido, era meu dever prestar o socorro.
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  Phoebe sentiu seus lábios murcharem, enquanto sentia qualquer expectativa que tivesse sobre os sentimentos do vice-diretor Justin Bieber desaparecer.
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  — Claro… Agora eu já vou indo, porque ainda tem outra aula para dar, afinal era para isso que eu estava arrumando o fogão. — Phoebe caminhou para a porta
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  — Claro…
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  — Ela tem muita sorte…
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  — Quem? — Max indagou, imaginando se a jovem professora por algum motivo sabia sobre seu interesse na bailarina misteriosa. Contudo, para seu alívio, ela respondeu:
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  — A sua irmãzinha.
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  Max sorriu, ele sempre tentava dar o seu melhor a fim de suprir a ausência do pai. Mesmo assim, às vezes parecia nunca ser o suficiente. Era bom escutar que alguém reconhecia seu esforço. Ele não podia negar que de certa forma se sentia atraído por Phoebe, ela parecia inteligente, determinada e sem medo de dizer o que pensava. Ele riu ao se lembrar de quando a pegou criticando seu plano de colocar os professores na faxina. Se as circunstâncias fossem diferentes… ele com certeza gostaria de conhecê-la melhor, contudo, havia a maldita regra de conduta da escola que não permitia relacionamentos entre funcionário, mesmo sendo o vice-diretor, ele não tinha poder para mudar o decreto. Além do mais, havia Rose, a dançarina hipnotizante de olhos verdes… se o plano de Chloe desse certo, talvez ele tivesse uma chance.
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  Depois das aulas Phoebe correu para casa a fim de se arrumar para o segundo dia de espetáculo. Dessa vez ela esperava não ter nenhuma surpresa. Ela sorriu, enquanto passava os dedos pelo curativo feito por Max. Como ela havia se enganado sobre o vice-diretor Justin Bieber, ele havia sido tão gentil, porém deixou claro que teria essa atitude se visse qualquer professor ferido em sua frente. Ela não poderia culpá-lo… Era hora de aceitar que ela e o jovem educador nunca teriam nenhuma chance de dar certo. Não importa se seu nome fosse Phoebe ou Rose… até porque ela havia recusado o convite… O arrependimento muitas vezes batia em seu peito e a curiosidade a fazia imaginar inúmeros cenários. Para onde ele a levaria? Seria cavalheiro? De toda forma, essas ideias ficariam apenas em sua imaginação. Afinal, o vice-diretor Justin Phoebe não voltaria mais ao teatro. Dessa forma, a garota tratou de deixar os pensamentos intrusos de lado e se concentrar em seu sonho.
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  O espetáculo foi perfeito. Phoebe acertou todos os passos e foi aplaudida de pé. Em alguns momentos ela se permitiu olhar para a plateia, a ausência dele lhe causava um misto de alívio e tristeza.
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  No camarim, ela renovou o coque e se sentou à espera dos primeiros espectadores VIPs que viriam cumprimentá-la. Dessa vez, só desconhecidos preencheram seu tempo com elogios e pedidos de fotos. Tudo parecia ter entrado nos eixos como deveria ser, até o momento em que, ao pendurar a máscara, ela se deparou com uma rosa vermelha atrás da porta acompanhada de um bilhete.
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Capítulo 11

  As mãos trêmulas de Phoebe se esticaram em direção aos objetos. Sua mente torcia para não ser um presente de quem ela estava pensando, porém, seu coração clamava o contrário.
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  Depois de respirar fundo, ela abriu o pedaço de papel e se deparou com o seu pior medo e maior desejo ao mesmo tempo.
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  “Eu não sei se você gosta de rosas, mas não dá para negar que combina com o seu nome. Você pode me contar o que achou amanhã depois do espetáculo no bar no fim da rua. O que acha? Estarei te esperando.
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   Beijos do garoto fofo que não curte ballet”
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  A dançarina soltou uma risada sincera com a descrição. Droga, lá estava, já imaginando como seria se aceitasse o convite, será que de alguma forma esse relacionamento maluco poderia dar certo? Ou ela só estava maluca?
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  A garota de cabelos castanhos colocou os objetos na bolsa, enquanto seguia para casa sabendo que nada seria como antes.
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  Como já esperado Hank e Chery a receberam com um sorriso orgulhoso.
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  — Minha estrela da dança! Hoje você não precisa lavar louça, vai descansar. — Hank se aproximou da filha a abraçando.
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  Por mais que fosse muito grata pelo apoio sem medidas do pai, naquele momento o que ela mais precisava era sentir o cheiro da cozinha que lhe era tão familiar, e claro, desviar os pensamentos de um certo alguém…
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  — Claro, imagina, você me conhece! Mas obrigada pelo apoio, pai. Agora se me dá licença, a Chery deve estar precisando de ajuda com os pratos. — Ela deu um beijo na bochecha de Hank antes de se dirigir para a cozinha.
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  O som da torneira aberta a fez sentir um pouco mais calma. Como esperado, ao ouvir o barulho da porta, Chery se virou, exibindo um semblante alegre.
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  — Olha ela aí! A nossa superstar! E aí, como está hoje?
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  Phoebe engoliu seco.
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  — Foi bem. — Ela caminhou para a pia cabisbaixa.
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  — Foi bem? Me conta mais detalhes, recebeu muitos aplausos…
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  Phoebe se manteve calada na tentativa de fazer com que Chery não percebesse seu semblante ansioso, porém era inútil.
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  — É… — gaguejou. — Nada demais, agora me deixa te ajudar com isso. — Ela tentou, sem sucesso, pegar um dos pratos na mão da funcionária.
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  — O quê? Imagina, você deve estar exausta, eu é quem devo te ajudar. Vai, me deixa guardar esse casaco pra você.
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  — Não! — Sua negativa saiu mais alta do que gostaria.
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  Chery arregalou os olhos em desconfiança.
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  — Por que não?
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  — É… — Outro gaguejo.
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  O braço direito de Hank encarou a menina que tinha visto crescer de cima a baixo, foram preciso apenas alguns segundos para que concluísse.
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  — Você está escondendo algo… Deixa eu…
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  Antes que Phoebe pudesse impedir, Chery enfiou a mão em seu bolo e encontrou os objetos.
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  — Uau, uma rosa e um bilhete, alguém tem um fã… — Ela abriu o pedaço de papel e chegou à conclusão óbvia. — Por favor, me fala que “ O garoto fofo que não gosta de ballet” não é quem eu estou pensando.
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  O olhar culpado da bailarina serviu como resposta
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  — Droga, Phoebe.
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  — Não me olha assim, eu fiquei tão surpresa quanto você quando encontrei isso no chão do meu camarim.
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  — Pelo jeito ele não desistiu.
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  — Pois é, significa que ele quer mesmo me conhecer, digo, conhecer a Rose… — A última parte fez o sorriso no rosto da garota desaparecer.
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  — Você não está pensando em ir neste encontro, não é, Phoebe? Com certeza ele vai querer que você tire a máscara. E agora?
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  — Eu não sei, quer dizer, você tem razão, porém, se eu não for nesse encontro, ele não vai desistir.
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  — Ou talvez desista…
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  — E se eu for só para dispensá-lo? Sabe, se eu disser mais uma vez que não quero vê-lo mais, pode funcionar.
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  — Eu acho arriscado, mas precisamos que ele desista, quer dizer, se você quiser manter seu emprego.
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  — Claro que eu quero, pelo dinheiro para a Rússia, mas…
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  Mais uma vez Chery mostrou conhecer a garota como a palma da mão.
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  — Você gosta dele, não é?
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  Sentindo suas bochechas se avermelharem, ela fez que sim com a cabeça.
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  — Ah, Phoebe, se ele não fosse o vice-diretor… Eu juro que seria super a favor desse romance.
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  — Eu podia pedir demissão e me revelar para ele amanhã, mas está tão difícil arrumar um emprego, especialmente um de meio período com que eu possa conciliar com o espetáculo, ensaios e a lanchonete. Fora que meu salário da lanchonete não é o bastante para que eu me mantenha em outro país.
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  Chery, de forma maternal, segurou as mãos da bailarina a confortando.
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  — Eu não posso decidir por você. Mas se quiser arriscar, saiba que estarei do seu lado.
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  Phoebe sorriu ao encarar aquela que havia cumprindo o papel de sua segunda mãe desde que entrou em sua vida.
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  — Não sei o que faria sem você, Chery! Obrigada.
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  — Imagina, meu bem. Agora vai dormir, quem sabe amanhã, com a cabeça fresca, você consegue tomar uma decisão?
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  — Tem razão.
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  Phoebe deu um beijo na bochecha da funcionária e poucos minutos depois de uma chuveirada, estava na cama. Ao seu lado, a rosa. Ela não pôde evitar…
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  Mesmo devendo estar concentrado no contrato à sua frente, os olhos de Max não se desgrudaram do relógio. Como ele queria que aquele dia terminasse rápido para que ele tivesse suas expectativas cumpridas ou frustradas! O jovem educador não sabia se a dançarina misteriosa e atraente aceitaria seu convite, mas se aceitasse… Havia tanto que ele queria saber, como seriam seus cabelos soltos? E os olhos verdes sem estarem cobertos pela máscara? Será que ela vivia da dança? Ou tinha outro trabalho para pagar as contas? Mal sabia ele que já tinha todas essas respostas…
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  — Vice-diretor Macburguer? — A voz da diretora Wong o arrancou de seus pensamentos.
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  — Eu já estou terminando de ler esses relatórios, ainda hoje eles estarão na sua mesa.
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  — Assim espero.
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  Max respirou fundo, enquanto tentava se concentrar, porém era inútil, pois todas as palavras à sua frente ele enxergava em forma de dança…
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  Depois do que pareceu uma eternidade, finalmente estava experimentando roupas com Chloe, que havia insistido em ajudá-lo, pois segundo ela, “Até mesmo um macaco tinha mais senso de moda do que seu irmão mais velho”. Após inúmeras tentativas frustradas e desfiles improvisados, Max apareceu com uma blusa preta coberta por uma jaqueta jeans rasgada. O jovem educador não se sentia confortável, mas Chloe, pela primeira vez naquela noite, o aplaudiu.
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  — Perfeito, viu? Não foi tão difícil!
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  — Com você me ofendendo e me mandando me trocar a cada cinco minutos? Tenho minhas dúvidas.
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  Chloe cerrou os punhos em sinal claro de agressão, contudo, ao invés de soco no rosto, o jovem educador recebeu um abraço.
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  — Eu te amo, Max, desculpa por não te dizer isso tanto quanto eu deveria.
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  O vice-diretor não se preocupou em conter a emoção enquanto retribuía o gesto.
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  — Eu também te amo, Chloe! — Ele acariciou os fios loiros da menina que tinha carregado no colo.
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  — Você sempre foi mais do que um irmão, você sempre foi e sempre será como um pai para mim.
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  Max suspirou satisfeito, pois havia feito seu melhor e pelo visto, havia sido suficiente.
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  — Você também é como minha filha, uma filha que pode ser bem irritante às vezes.
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  A fala fez Chloe rir.
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  — Eu, só estou te dizendo isso porque quero que seja feliz e encontre alguém que cuide de você e te ame tanto quanto eu. Por algum tempo eu achava que essa pessoa poderia ser a Alison, mas nós dois sabemos onde acabou.
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  Os olhos de Max se entristeceram diante das lembranças ainda dolorosas do passado.
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  — Você ficou tão triste e eu odiei te ver daquele jeito. Mas agora o seu brilho no olhar voltou e esse é o Max que eu quero!
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  — Meu brilho voltou graças a você, irmãzinha, afinal, se não tivesse me arrastado para aquele espetáculo eu não teria conhecido a Rose.
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  Chloe esfregou as mãos em nervosismo.
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  — Na verdade, eu notei esse brilho voltar antes disso…
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  A constatação fez Max arregalar os olhos em curiosidade.
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  — Sério? Como assim? Eu ainda estava bem triste. Quando foi que você notou esse “brilho voltar”, então?
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  A pré-adolescente abriu um sorriso nada ingênuo e cheio de certeza.
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  — No dia em que nos contou sobre a Phoebe!
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  A fala atingiu o peito de Max como uma dinamite. A garota de cabelos castanhos atrevida realmente tinha chamado sua atenção ao chamá-lo de “filhinho de papai”, afinal apesar de tudo, havia mostrado coragem, determinação e um certo charme… Dias depois, quando limparam a escola juntos, onde ele conheceu sua risada tão deliciosa que mais parecia uma música feita para acalmá-lo… E por fim, sentiu sua pele macia, enquanto cuidava da ferida em sua mão. Era um toque que, por mais que não admitisse, queria sentir mais vezes e mais profundamente… O que ele estava dizendo? Mesmo que ele tivesse se interessado pela professora de economia doméstica, o regimento da escola era bem claro, além do mais, Rose também havia feito seu coração bater mais forte, com seus movimentos tão suaves, porém, firmes. Aqueles olhos verdes hipnotizantes que pareciam esconder algum mistério ao mesmo tempo em que o convidaram a desvendá-los… De certa forma, as duas garotas tinham aspectos em comum, determinação, força e garra… uma pena que não pudessem se juntar em uma pessoa só. Se pelo menos ele soubesse…
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  — É sério isso, Chloe? Eu aqui, prestes a sair para meu primeiro encontro com a Rose e você me lembra da Phoebe?
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  A menina de fios loiros cruzou os braços satisfeita.
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  — Então você admite que ela também te chamou a atenção.
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  Max coçou a cabeça enquanto sentia o rosto queimar.
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  — De que isso adiantaria, você sabe da regra da escola…
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  — Regras foram feitas para serem quebradas.
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  — Isso pode funcionar na sua idade, mas no mundo adulto, tudo é bem diferente… e de que lado você está, afinal?
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  — Do seu, claro.
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  — Se você quer me ver feliz, me deseje boa sorte.
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  — Boa sorte, e se conseguir, pede um autógrafo dela para mim.
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  Max soltou uma risada suave antes de se despedir da irmã caçula com um beijo na bochecha.
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  Lá estava ele, prestes a embarcar em uma nova aventura amorosa, mas será que dessa vez finalmente encontraria a felicidade ou acabaria com mais um coração partido? Só havia uma maneira de descobrir.
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  Naquela noite Phoebe teve que colocar alguns sorrisos falsos no rosto para receber seus fãs, visto que seu coração estava cheio de angústia por não saber o que fazer. Se dependesse apenas da vontade de seu coração, ela sairia correndo naquele mesmo instante ao encontro do vice-diretor Justin Bieber, porém sua mente lembrava que aquele seria um jogo perigoso. Será que ela estaria disposta a encará-lo?
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  Quando o último visitante saiu, ela suspirou, se sentindo sufocada pela briga entre razão e emoção que ocorria em seu peito. Droga, por que Max tinha que ter entrado em sua vida dessa forma tão inesperada e tão intensa? Mesmo com poucos encontros, ela sentia como se o conhecesse há tempos, talvez por isso seu coração temia por ele e não dava sinal de desistência. Porém, ela estava disposta a colocar tudo a perder? Suas mãos se encaminharam para o rosto, um sinal claro de que estava prestes a retirar a máscara que cobria sua identidade, contudo, antes que pudesse completar o ato, seu olhar foi puxado pela rosa vermelha. De repente, ela soube o que fazer.
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  Max andava de um lado para o outro na tentativa de conter a ansiedade, seus olhos encaravam o relógio em seu pulso a cada cinco segundos. Já havia se passado uma hora. Seu coração se apertou com a possibilidade de ter tomado um bolo. Será que ela não havia gostado do bilhete ou da rosa? Será que seu gesto não foi o suficiente para fazer a bailarina misteriosa mudar de ideia? Por acaso estaria ele destinado a sempre sofrer por amor?
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  Sentindo a esperança em seu peito se desfazer, o garoto caminhou para a porta, quando um objeto mais que familiar o impediu.
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  — Achou que eu não viria? — indagou “Rose” o fazendo sorrir de orelha a orelha.
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Capítulo 12

  Max se aproximou, transformando o coração da bailarina misteriosa em uma bomba e sua mente em mais um turbilhão de emoções e dúvidas. Por um lado, tudo que queria naquele instante era se jogar nos braços do vice-diretor Justin Bieber para nunca mais sair. Contudo, mesmo ela tendo ido até aquele bar com essa intenção, sua racionalidade voltou a falar mais alto. Em meio ao caos que controlava sua cabeça, a garota de fios castanhos não percebeu que seu “chefe” segurava uma de suas mãos fazendo o toque ressoar em todo o seu corpo através de arrepios.
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  — Eu já estava achando mesmo que tinha tomado um bolo. — Max colocou as mãos no bolso e manteve o olhar cabisbaixo exibindo sua excitante timidez.
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  A dançarina se limitou a soltar um sorriso tímido.
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  — E então? Gostou das rosas?
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  — Sinto muito te desapontar, garoto fofo que não gosta de ballet, porém apesar do meu nome, violetas são muito mais do meu tipo — provocou em tom de brincadeira.
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  — Mesmo? Eu devia ter imaginado que é o tipo de garota cheia de surpresas!
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  — Você não faz ideia… — sussurrou para si mesma.
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  — Mal posso esperar para saber o que mais posso descobrir.
  Prestes a tornar aquele encontro ainda mais perigoso, Max aproximou a mão direita da dançarina e seus olhos, a mesma que, sem saber, havia enfaixado. Obviamente, Phoebe havia lembrado de tirá-la, contudo ainda havia sobrado a marca.
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  — O que aconteceu com sua mão? — Max exilava preocupação ao invés de desconfiança.
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  Phoebe engoliu seco, por sorte, era boa em criar desculpas.
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  — Um pequeno acidente no ensaio, nada demais…
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  Max fitou a ferida. O vice-diretor não pôde evitar se lembrar da bela e insolente professora de economia doméstica e como a havia ajudado. A marca do toque de Phoebe ainda permanecia em sua pele, por mais que negasse.
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  — Essa vida de bailarina não deve mesmo ser fácil, mas tenho certeza que até nosso próximo encontro, já vai ter saído.
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  Phoebe suspirou antes de começar.
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  — É, na verdade não teremos um próximo encontro. — As palavras que saíram de sua boca cortavam seu coração como uma faca.
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  — Como pode ter certeza se ainda nem começamos esse?
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  — Max, não é? — Era difícil disfarçar a voz com o nó que crescia em sua garganta. — Sinto muito, mas isso não pode acontecer… Eu te disse isso quando me procurou e estou dizendo de novo.
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  A afirmação atingiu o peito do jovem educador como um soco.
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  — Mas então por que veio até aqui?
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  — Porque… você é muito legal, é fofo divertido e… eu gosto de você… — Ela se permitiu admitir a verdade sob a proteção da máscara.
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  — Então qual o problema? — Ele ainda segurava a mão da bailarina misteriosa.
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  — O problema é que… minha vida agora está um caos. Não posso me dar ao luxo de viver um romance e nem de conhecer alguém, mesmo que eu queira…
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  O vice-diretor se esforçou para conter as lágrimas prestes a descerem por suas bochechas.
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  — Sinto muito, de verdade, e te conhecer foi muito especial para mim, quem sabe algum dia, se as circunstâncias forem outras…
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  Ela se permitiu sentir a bochecha do jovem educador em seus lábios uma última vez através de um beijo delicado.
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  — Espera, antes de ir, posso pelo menos…
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  Seus dedos se encaminharam para a beira da máscara. Entendendo o que o vice-diretor Justin Bieber estava prestes a fazer, ela o afastou de forma automática.
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  — Não, isso iria complicar tudo — se limitou a explicar, antes de sair.
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  Chloe nem esperou Max tirar o casaco antes de indagar.
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  — E, então? Como foi? O meu plano deu certo? Sorte sua que a filha do dono do teatro é da minha turma. Está me devendo essa, porque vou ter que fazer o dever de matemática dela por um mês… O que aconteceu? — A pré-adolescente conhecia bem o irmão mais velho para saber que algo estava errado.
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  — Deu tudo errado, Chloe. — Ele se sentou no sofá.
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  — A sua bailarina misteriosa não apareceu?
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  — Na verdade ela apareceu e disse com todas as letras que também gosta de mim.
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  — Então por que está chateado? — Ela apoiou a cabeça no ombro de Max em sinal de apoio.
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  — Porque, apesar de tudo, ela me dispensou. — A tristeza era evidente em sua afirmação.
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  — O quê?
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  — Disse que sua vida está um caos e não há espaço para um romance, mas quem sabe no futuro.
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  — Sinto muito, irmão… Pelo menos ela é bonita? Quer dizer, ela tirou a máscara, certo?
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  — Essa foi a parte mais estranha, eu pedi para ver seu rosto, mas quando eu me aproximei, ela me afastou e saiu correndo, falando que iria complicar tudo. Parecia até que estava com medo de ter sua identidade revelada… Que mal poderia ter em eu saber quem ela é? Quer dizer, duvido que nos conheçamos de outro lugar…
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  — Ah, Max, às vezes ela é tímida, ou tem algum tipo de contrato que não sabemos. O que mais poderia ser? Espera, já sei, às vezes ela é uma fugitiva da polícia e meu irmão se apaixonou por uma assassina — ela brincou, concretizando o objetivo de arrancar uma risada do irmão.
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  — Ah, Chloe, só você para me deixar alegre uma hora dessas.
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  — Quer saber? Ela não te merece!
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  — Eu só queria conhecê-la melhor, pelo menos ver como são aqueles olhos verdes e aquele sorriso para além da máscara e cisne branco… Só uma vez…
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  Chloe soltou um sorriso malicioso.
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  — Bom, com isso posso te ajudar… — Ela exibiu dois pares de ingressos VIP para o espetáculo. — São para amanhã!
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  — Mas como?
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  — Achou mesmo que eu não teria um plano B?
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  — Você é demais, maninha.
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  — Eu sei, mas só estou te avisando que vou torcer para ela ser horrorosa, de agora em diante, sou totalmente do time da professora de economia doméstica! — provocou antes de se despedir do irmão com um abraço.
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  Chloe realmente não tinha jeito, contudo, não estava totalmente errada. Phoebe realmente tinha feito seu coração bater mais forte de certa forma, até mesmo antes de Rose. Ela era atrevida, porém doce, seus olhos podiam não ser verdes, porém eram bem brilhantes, sedutores… e seu toque… bom, tudo que poderia dizer é que tinha sim vontade de senti-lo outras vezes e em outras circunstâncias que não um acidente com fogão. Se não fosse pela regra estúpida que proibia funcionários de se relacionarem, ele não pensaria duas vezes. Contudo, mesmo sendo vice-diretor, o jovem apaixonado não tinha autoridade para mudar o estatuto da escola, então era impossível, entretanto isso não o impedia de passar um tempo com a garota e sua mente já havia bolado o plano perfeito para isso acontecer…
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  Phoebe passou cabisbaixa pelo portão da escola naquela manhã, temendo que seus olhos se encontrassem com aqueles que ela tinha feito ficarem tão tristes na noite anterior. Se pelo menos conseguisse um outro trabalho ou se o vice-diretor Justin Bieber não fosse tão charmoso em todos os sentidos… Por essa razão, ela somente daria sua aula e sairia dali o mais rápido possível, contudo, antes que pudesse caminhar para a sala sem ser vista, aquela voz sedutora a chamou.
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  — Phoebe, digo, senhorita Thunderman.
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  Ela respirou fundo antes de atender ao chamado. Era impressionante como mesmo a chamando de forma tão normal a voz de Max lhe trazia aconchego como nenhuma outra.
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  — Pode falar. — Sua voz saiu fria.
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  Max a fitou de cima a baixo, como se pela primeira vez estivesse enxergando algo novo, realmente os olhos da professora de economia doméstica eram duas preciosidades.
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  — As aulas de hoje foram canceladas. A equipe está toda ocupada e precisamos de alguém para cuidar da feira de cupcakes do primário — afirmou com autoridade.
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  Ali estava o Max de sempre.
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  Phoebe arregalou os olhos confusos.
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  — Como é?
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  O vice-diretor soltou um sorriso sincero antes de responder, ele estava justamente contando com a teimosia da garota para que seu plano secreto funcionasse.
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  — Você ouviu. Serão ao todo trinta e seis crianças e cada uma terá direito a cinco bolinhos.
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  A bailarina fez as contas em silêncio.
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  — Você espera que eu faça cento e oitenta cupcakes sozinha?
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  Max teve que conter a felicidade que crescia em seu peito ao perceber que a adorável professora estava mordendo a isca.
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  — Bom, como eu disse, o resto da equipe está ocupada, então… sim.
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  Phoebe sentiu a raiva crescer dentro de si, mesmo com aquele cabelo de pop star e um sorriso adorável, ele não se safaria tão fácil.
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  — Ah, não, senhor vice-diretor, pode esquecer. Se quer que eu faça esses cupcakes, você vai me ajudar!
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  Era tudo que o jovem educador queria ouvir, contudo, era preciso manter a frieza aparente.
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  — Muito bem. Deu sorte que não tenho nada melhor para fazer — provocou.
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  O casal então se encaminhou para a cozinha onde todos os ingredientes já os esperavam.
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  Phoebe, sempre atenta, não pôde deixar de reparar que já havia dois lugares preparados.
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  — Olha só, você realmente queria que eu fizesse o trabalho de duas pessoas sozinhas.
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  Max colocou as mãos no bolso, se pelo menos ela soubesse…
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  Depois de algum tempo de trabalho em silêncio:
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  — Claro que não. Mas as colaboradoras responsáveis ficaram doentes… — mentiu agradecendo aos céus por sua mente rápida em inventar desculpas.
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  — Entendi, e por isso você pensou na professora de economia doméstica aqui.
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  — Bom, isso é urgente, afinal é uma feira para os alunos e pais, a boa reputação da escola depende disso.
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  — E você por acaso é tão bom em manter reputações quanto é em consertar fornos e fazer curativos?
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  Os olhos de Max foram atraídos para as mãos da garota, ele não pôde deixar de reparar que ela já havia retirado as gazes, só restava uma pequena cicatriz, bem parecida com a de Rose…O universo só podia estar pregando uma peça, afinal quais as chances das duas garotas donas de seu coração se machucarem ao mesmo tempo e com marcas tão similares? Ele não demoraria muito a descobrir a resposta…
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  — Talvez.
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  Phoebe não respondeu, evitando ao máximo se deixar ser hipnotizada outra vez pelo charme do garoto fofo que não curtia balé. Assim os dois trabalharam em silêncio, até que as mãos de Max imploraram por descaso o fazendo passar as mãos sujas de massa no cabelo.
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  — Droga.
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  A fim de tentar consertar o erro, ele movimentou a franja do mesmo jeito que um certo popstar canadense.
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  — Nossa, me desculpe por isso, deve estar me achando um idiota depois de me ver movimentando o cabelo igual ao…
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  — Justin Bieber. — Phoebe não hesitou em completar.
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  — Exato. Imagina só. — Ele repetiu o movimento em sinal de brincadeira e Phoebe se permitiu gargalhar como se não houvesse amanhã. As risadas de ambos se encontravam em perfeita sintonia, como se tivessem sido feitas para estarem juntos.
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  — Que mico, não é? — Max voltou ao trabalho. — Até porque não existe nada mais brega do que um pop star da década passada.
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  — Na verdade eu era fã dele… — A garota de fios castanhos admitiu, sem revelar o apelido secreto.
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  — Sério? Por essa eu não esperava.
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  — Por quê? Acha por acaso que eu era uma pré-adolescente excluída das modas?
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  — Não, é que você é tão autêntica e firme.
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  Phoebe o encarou por alguns segundos.
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  — Nossa, obrigada. Nada mal para se redimir depois de ter me arrastado para essa tarefa.
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  — Estou falando sério, é o que acho. Olha, sei que é contra as regras, mas você por acaso, um dia desses não gostaria de …
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  Contudo, antes que ele pudesse terminar a pergunta, uma secretária entrou no local.
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  — Vice-Diretor MacBurguer, os pais e alunos já estão impacientes.
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  — Já estamos indo — respondeu sem tirar os olhos de Phoebe.
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  A garota, no entanto, que não era boba, percebeu as intenções de Max, mesmo ainda não acreditando que ele poderia ter se interessado por Phoebe, seria possível? Esse mistério a impediu de prestar atenção em qualquer acontecimento da tal feira, seu cérebro limitou a respostas monossilábicas como sim, é ótimo toda vez que algum pai ou criança a procurava. Todavia ela não pôde deixar de reparar o quando o vice-diretor Justin Bieber levava jeito com as crianças, tão carinhoso e delicado. Droga, por que seu maldito coração insistia em reparar esses detalhes?
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  Depois de algumas horas, era chegado o momento de encerrar a feira.
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  — Muito bem, foi um sucesso! — o garoto exclamou, enquanto usava uma toalha para limpar o rosto.
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  — Não teria conseguido sem você.
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  — Imagina, você parecia um mestre. Nunca pensou trabalhar com crianças menores?
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  — Seria meu sonho.
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  — Então, por que é vice-diretor no ensino médio?
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  — É uma longa história, mas para resumir, eu não tive oportunidades tão boas na parte infantil, enquanto aqui, a dona Wong me deu uma chance. Comecei como seu assistente, a ideia era no futuro me tornar professor do primeiro, mas aí ela acabou me promovendo e decidi ficar aqui. Sabe, se eu arriscasse, poderia perder tudo.
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  Phoebe entendia muito bem do que ele estava falando, quer dizer, se não tivesse se arriscado, talvez não conseguisse a bolsa de estudo e não estaria protagonizando o espetáculo, porém essa parte não poderia ser revelada em voz alta.
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  — Mas se não tentar, nunca irá saber e eu aposto que se daria bem, quer dizer, acabei de te assistir, alguém com tanto jeito não pode ser desperdiçado.
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  Max abriu um sorriso, nunca havia escutado palavras tão reconfortantes, era como se Phoebe o conhecesse melhor até do que ele próprio.
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  — Uau, eu realmente precisava ouvir isso. Obrigado, Phoebe.
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  — Imagina. É verdade, sempre sou sincera — afirmou, tentando acreditar nas próprias palavras
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  — Sei disso, é um dos motivos por que gostaria de te conhecer melhor e…
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  Sabendo onde o vice-diretor pretendia chegar, ela mudou de assunto mesmo querendo mais do que tudo dizer um sim.
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  — Nossa, sinto muito, Max. Estou atrasada para meu outro trabalho, preciso correr.
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  — Se me disser onde é posso te dar uma carona!
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  Ela engoliu seco, afinal não podia levá-lo até o mesmo teatro onde ele a tinha visto dançar mascarada.
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  — Não, não precisa.
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  — Imagina, não seria problema nenhum para mim, além do mais poderíamos continuar a conversa… e… — O mesmo toque da noite anterior se apossou de um dos braços da bailarina.
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  — Eu agradeço, mas só iria complicar tudo. — Ela se soltou antes de sair o mais rápido possível.
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  Um enorme deja vu invadiu a mente de Max, aquelas palavras eram as mesmas ditas pela dançarina misteriosa que não o havia deixado ver seu rosto. Outra incrível coincidência depois das mãos machucadas no mesmo exato lugar. Seria possível que… Bom, todo esse mistério seria revelado naquela noite.
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Capítulo 13

  Os passos apressados de Phoebe ecoaram pelo teatro chamando a atenção da senhorita Lily, que a encarou exibindo um semblante de desaprovação.
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  — Me desculpem pelo atraso. — Ela curvou o tronco.
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  A professora, apenas com olhar, mandou que as outras bailarinas saíssem do palco e logo em seguida caminhou na direção das protagonistas.
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  — Phoebe, pensei ter deixado bem claro da última vez que atrasos não seriam mais tolerados. — Ela se aproximou de forma repressora.
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  — Eu sei, senhorita Lily sinto muito por isso, tive um evento na escola…
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  — Espera, escola? Você ainda está trabalhando como professora? Achei que já tínhamos conversado sobre isso.
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  — Sim, mas senhorita Lily, eu não tenho como me manter na Rússia sem esse emprego, quer dizer, apesar da bolsa, eu ainda preciso ir pagar aluguel e…
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  — Chega! Não quero ouvir mais nada, até agora os olheiros da Royal só têm sido elogios ao seu desempenho. — Não havia qualquer sinal de alegria em seu rosto. Phoebe, por sua vez, se permitiu abrir um sorriso.
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  — Mesmo? Nossa, isso significa muito…
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  — Mas não sei se uma bailarina que chega ao ensaio desse jeito está à altura de uma das maiores academias de dança do mundo…
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  Phoebe seguiu o olhar da professora e se deparou com manchas de glacê rosa por todo seu collant. Suas bochechas se avermelharam no mesmo instante. Droga, como havia sido tão descuidada a ponto de se trocar com as mãos sujas? Bom, ela sabia a resposta e tinha tudo a ver com um certo vice-diretor.
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  — Me desculpe, mesmo, foi uma emergência e…
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  — Como eu disse, os olheiros até agora só te elogiaram, porém com certeza irão mudar de ideia quando ficarem cientes do ocorrido. — Ela lançou um olhar de desprezo.
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  Phoebe, naturalmente, estava cansada de saber que o mundo da dança era traiçoeiro, bailarinas querendo assumir o lugar umas das outras a qualquer custo, casos de sapatilhas cheias de cacos de vidro e pés quebrados em “acidentes”. Essas histórias resultaram em muitas noites em claro, porém a garota sempre soube que precisava conhecer o mundo onde almejava tanto entrar. Contudo, ela nunca esperaria tal punhalada vinda justamente da pessoa que a havia ensinado tudo e lhe confiado sua primeira oportunidade profissional. Era uma dor que só não era pior do que ter que esconder a verdade de Max…
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  A filha de Hank não gostava de implorar, porém era seu sonho que estava em jogo, então mais uma vez estava disposta a se ajoelhar.
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  — Por favor, senhorita Lily, você mesma disse que minha performance tem somente recebido elogios, não somente dos especialistas, mas do público também.
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  A coordenadora experiente, no entanto, a fitou de cima a baixo como se estivesse diante de um pedinte
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  — Elogios não são nada quando a bailarina não está à altura do papel. Sorte minha que esse é o penúltimo dia de espetáculo — se limitou a dizer antes de sair.
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  Phoebe por sua vez, teve que conter as lágrimas e se recompor antes de executar os passos que, naquela altura, já sabia de cor. De repente, aquele teatro não era um lugar de sonhos, mas sim de pesadelos, e pela primeira vez ela teve dúvidas se realmente gostaria de estar ali mais vezes… Afinal, sempre achou que um espetáculo profissional seria cheio de alegria, realizações, companheirismo e reconhecimento, mas era o último dia e até aquele instante tudo que havia experienciado eram humilhações, sofrimentos e mentiras. Quantas mentiras. No primeiro dia, ainda anestesiada por finalmente ter tido a grande oportunidade com a qual sempre havia sonhado, a garota de fios marrons aceitou sem questionar a condição de manter sua identidade em segredo. Contudo, o olhar de decepção no rosto de seu pai e principalmente as lágrimas que Max foi obrigado a esconder na noite anterior, a fizeram perceber que talvez tivesse sido um preço alto demais a se pagar. Agora já era tarde demais.
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  Ela entrou no camarim e de forma apressada procurou pelo único objeto capaz de lhe proporcionar aconchego naquele instante. A rosa vermelha. Ela sentiu seu aroma, entre as pétalas era possível encontrar o perfume favorito de Max, ela havia aprendido a reconhecê-lo pelo cheiro. Amora com uma pitada de blueberry… Na verdade havia decorado tantos detalhes sobre o vice-diretor Justin Bieber… a maneira como sua testa franzia quando estava concentrado, como as covinhas surgiam fascinantes em seu rosto toda vez que ria. Além desses pequenos detalhes, ela amava quando ele a cumprimentava, quando riam juntos e podia escutá-lo falar sobre a irmãzinha durante um dia inteiro com um enorme sorriso no rosto, tudo isso a fazia amá-lo cada vez mais. Sim, podia parecer loucura, mas naquele instante, ela teve certeza de seu sentimento por Max era muito maior do que apenas uma paixonite, era amor. Por esse motivo, se arrependeria pelo resto da vida de o ter deixado escapar. Tudo o que lhe restava agora era aquela flor em suas mãos e o bilhete. Pela primeira vez, ela se deu conta de que trocaria aquela oportunidade sem pensar duas vezes para ter um encontro de verdade com o jovem educador, um encontro sem máscaras, sem mentiras, onde ela seria apenas a Phoebe, uma garota apaixonada, mas acima de tudo feliz. Algo que nunca havia sido naquele lugar.
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  Ao escutar uma batida na porta, ela se recompôs. Se fosse a senhorita Lily, teria que segurar a raiva que crescia em seu peito, para sua sorte, ao girar a maçaneta, ela encontrou a contrarregra sorridente.
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  — Cinco minutos!
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  — Obrigada!
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  Ao colocar o figurino, ela percebeu que naquela noite em particular ele nem parecia mais tão glamoroso, na verdade era pinicante. Ela realmente havia trabalhado tanto para usar aquilo? A constatação a fez cair na risada, porém o semblante de angústia voltou ao seu rosto quando chegou a hora do toque final. Os objetos, causadores de seus tormentos. Era impressionante como uma simples máscara e uma lente de contato verde haviam causado tanto estrago. Tudo que queria era jogá-los na parede para nunca mais precisar vesti-la, porém ainda havia duas apresentações pela frente, apresentações essas em que daria seu melhor e independente do que acontecesse, se sentiria orgulhosa de si mesma!
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  Max sentia as pernas tremerem, enquanto entregava seu ingresso ao segurança. Chole, percebendo mais uma vez o desconforto do irmão, lhe lançou um sorriso encorajador que dizia: não importa o que aconteça essa noite, eu estarei ao seu lado.
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  Max retribuiu o gesto agradecendo aos céus por ter uma irmã tão incrível. Durante o espetáculo, ele não pôde evitar mais uma vez se sentir hipnotizado pelo magnetismo e talento de Rose. A maneira como seus dedos dos pés pisaram no palco e a graciosidade de seus olhos verdes o seguiam. Não apenas isso, porém a confiança que exibia era inspiradora a ponto de fazer seu coração saltar. Sua ansiedade aumentava ao se lembrar de que logo saberia quem havia conseguido fasciná-lo tanto, mesmo atrás de uma máscara.
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  Max nem acreditou quando o espetáculo chegou ao fim, afinal naquela noite as danças pareciam ter sido duas vezes mais longas. Contudo, havia chegado a hora de se encaminhar para o camarim da bailarina principal e finalmente descobrir seu nome…
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  Os pés de Phoebe se encaminharam de forma automática até a penteadeira onde finalmente a garota poderia voltar a ser ela mesma. Com os dedos escorregadios e trêmulos sob a máscara, ela refletiu sobre tudo que havia acontecido em tão pouco tempo. Seu sonho de estrelar um espetáculo profissional havia se realizado, porém às custas de sua identidade. O amor verdadeiro que antes parecia tão distante, agora se encontrava tão perto… quer dizer, era estranho, pois ao mesmo tempo ele continuava tão fora de alcance… tudo por causa de uma máscara e de um regulamento estúpido.
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  De repente, Phoebe sentiu ainda mais raiva daquela máscara, a verdade é que não suportava mais usá-la, nem mesmo por mais uma noite. O objeto lhe havia tirado a felicidade da possibilidade de reconhecimento entre tantos outros problemas. Era hora de arrancá-la. Contudo, uma batida na porta impediu que completasse o movimento.
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  — Pode entrar! — Sua voz, mesmo disfarçada, soou firme.
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  Pelo visto teria que fingir mais um pouco.
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  Uma mulher de fios ruivos presos por um rabo de cavalo se aproximou exibindo um sorriso sincero.
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  — A bailarina misteriosa, certo?
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  Phoebe se limitou a mover a cabeça em sinal positivo, enquanto tentava imaginar o que viria a seguir.
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  — Muito prazer, meu nome é Nora Riecke. Repórter do jornal local.
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  Phoebe não disfarçou o espanto.
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  — Eu sou do nicho de cultura e por isso vim todos os dias assistir a seu espetáculo e preciso te dar os parabéns!
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  Pela primeira vez naquele dia, uma pequena faísca de orgulho cresceu no peito da dançarina.
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  — Obrigada! — Ela tentou soar simpática mesmo por trás do timbre propositalmente modificado.
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  — Bom, será que poderia nos dar a honra de entrevistá-la?
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  Phoebe engoliu seco. Já tinha sido difícil o suficiente manter aquele diálogo simples. Que dirá uma entrevista.
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  — É… os fãs estão me esperando e…
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  — Por favor, serão apenas algumas perguntas.
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  A garota suspirou sabendo que se não aceitasse levaria mais uma bronca da senhorita Lily, afinal ela havia dito para manter a identidade em segredo, não atrapalhar a divulgação do espetáculo.
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  — Certo, só algumas perguntas.
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  — Maravilha. — A ruiva se acomodou na poltrona ao seu lado. — Muito bem, agora que o espetáculo terminou, podemos saber quem foi que substituiu a honorável Paris de forma tão brilhante?
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  A filha de Hank se calou por alguns instantes, enquanto sua mente formulava a resposta.
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  — Pode me chamar de Rose.
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  — Rose? Isso é um apelido. Me diz o seu nome verdadeiro? Com certeza já o ouvimos em algum lugar, quer dizer. Um talento desses já deve ter pisado em inúmeros palcos e ter um currículo invejável. Quem sabe não veio da Europa, França, talvez?
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  Phoebe sentiu um nó se formar em sua garganta, aquele era o penúltimo dia de espetáculo, ela já havia conquistado o afeto do público, todos já conheciam seu talento, será que não era hora de se revelar? Mas então o medo a dominou. O que as pessoas diriam quando soubessem que a “bailarina misteriosa” na verdade era cozinheira e precisava de bolsa para conseguir dançar… será que a receberiam da mesma forma? Phoebe nunca teve vergonha de suas origens, pelo contrário, fazia questão de contar a todos que perguntassem qual era a profissão de seu pai e sua real condição financeira. Contudo, se tornar “Rose” lhe deu a chance de ser vista de outra forma, de uma forma com respeito. Pela primeira vez em um ambiente relacionado ao balé não estavam rindo do seu cheiro de gordura e sim a enxergando como uma bailarina que merecia estar ali. Revelar sua verdadeira identidade poderia arruinar tudo, talvez até mesmo suas chances na Royal, afinal os olheiros podiam saber seu nome, porém ela duvidava que a senhorita Lily tivesse contado a história toda.
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  — É, isso fica para o final da entrevista, pode ser?
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  Nora cruzou as pernas desapontada, porém concordou.
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  — Muito bem, agora vamos falar sobre sua vida pessoal. Sei que esse papel exige muita dedicação e profissionalismo, mas eu te pergunto, Rose, por acaso algum cavalheiro conseguiu conquistar o coração dessa mascarada? Se sim, ele deve estar muito orgulhoso
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  Aquela foi a gota d’água.
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  — Por favor, saia.
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  — O quê? Mas a entrevista ainda não…
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  — Por favor, estou pedindo educadamente.
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  Mesmo confusa, a repórter obedeceu.
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  As lágrimas já estavam na beirada dos olhos, contudo não havia tempo de chorar, pois seus fãs a aguardavam.
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  Um sorriso falso a impediu de entrar em prantos durante uma hora. Pelo menos os elogios sinceros dos espectadores sempre a faziam esquecer de tudo por alguns instantes, uma pena não terem sido o suficiente dessa vez.
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  Max colocou as mãos no bolso depois de ter corrido para chegar até a porta do camarim, porém se desapontou ao ver o local vazio.
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  — Droga, ela já deve ter atendido todo mundo — provocou Chole.
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  — Se alguém não tivesse tido que parar a cada cinco segundos por causa das pernas bambas, teríamos chegado a tempo.
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  Todavia, antes de o casal de irmãos se virar para ir embora, a porta se abriu revelando uma menina loira, provavelmente dona do ingresso VIP anterior.
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  Max abriu um sorriso.
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  — Conseguimos! — Ele socou o ar em comemoração. Seu coração batia a mil por hora diante da possibilidade de finalmente saber como era o rosto por trás daquela máscara encantadora.
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  Porém, ao colocar os dedos na maçaneta, seus ouvidos foram atraídos pelo som de choro que vinha de dentro do camarim.
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  — Isso parece… será que ela está bem? Chloe, fique aqui fora, vou entrar.
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  “Rose eu…”
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  O garoto, no entanto, não conseguiu completar o raciocínio ao perceber que a responsável pelo barulho era Phoebe, com os fios castanhos presos por um coque, em uma das mãos ela segurava duas lentes de contato verde e na outra o objeto responsável por esconder sua identidade. Não podia ser!
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Capítulo 14

  O pigarrear da charmosa voz de Max, voz esta que a dançarina estava evitando até o momento, a obrigou a enxugar as lágrimas e olhar para cima. O espanto e o desespero invadiram seu peito.
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  — Max, o que você está fazendo aqui? — indagou, sem modificar a voz, já não havia mais necessidade.
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  O jovem educador por sua vez, a encarou de cima a baixo, enquanto tentava assimilar a informação. Phoebe era Rose, Rose era Phoebe. As peças se encaixavam, em um estalar de dedos, tudo fez sentido, a recusa e o desespero da professora de Economia Doméstica diante da sua oferta de carona, poucas horas atrás. Enquanto sua mente era invadida por flashes, ele se torturou internamente por ter sido tão cego. Naquele instante, recordando os detalhes, era tão óbvio. Mesmo sob a máscara e com a voz disfarçada, era evidente desde o início que Phoebe e Rose possuíam o mesmo olhar, a mesma risada, o mesmo jeito enérgico e teimoso. Não à toa, havia se apaixonado pelas duas. Por essa mesma razão também, foi afastado por ambas.
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  Passado o choque inicial, Max sentiu a tristeza invadir seu peito. Mais uma vez, suas expectativas haviam sido quebradas quando se tratava do amor. Deus, por que ele não podia ser feliz? Essa tristeza se manifestou em forma de raiva.
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  — O que EU estou fazendo aqui? O que você está fazendo fingindo ser outra pessoa? — Sua garganta ardeu com a elevação do tom de voz.
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  De novo a encarou tentando achar algum resquício da garota doce por quem havia se encantado, no fundo, sabia que encontraria, porém naquele momento tudo que sua raiva o permitia enxergar à sua frente era uma mentira.
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  — Esse tempo todo… — continuou, agora em forma de sussurro. — Só estava brincando comigo.
  Phoebe não se preocupou em conter as lágrimas antes de responder.
  — Não, Max…
  — Me fala, quantas vezes você ficou rindo de mim pelos cantos com suas colegas? Qual era a sua ideia? Espera, não me fala, já assisti comédias românticas o bastante com a Chloe para tentar adivinhar: uma aposta. Aposto que faço o vice-diretor se apaixonar por mim se nos encontrarmos em outras circunstâncias.
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  As acusações de Max atingiram o coração da dançarina como uma faca.
  — Não é nada disso, você não entende.
  — Eu não entendo? Não entendo o quê?
  — Como eu poderia saber que viria ao espetáculo na noite de estreia?
  Max respirou fundo antes de continuar:
  — Pode até ter sido surpreendida, mas aí viu a oportunidade. Droga, quantas chances teve de me contar?
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  — Você não sabe como eu quis! Porém, fui instruída a manter minha identidade em segredo para benefício do espetáculo…
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  — Ah, claro, uma ótima desculpa — zombou o vice-diretor ainda lutando para esconder o quanto seu coração estava partido.
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  — Por favor! Você não está sendo justo.
  — Eu, não sendo justo? Me fala, se eu não tivesse entrado aqui, por quanto tempo pretendia manter essa farsa? Meses? Anos?
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  — Tudo que eu mais queria era que tudo fosse mais simples, Max. Não teve aposta nenhuma se é o que está pensando… Eu… — Se quisesse ter alguma chance, ela precisava dizer a verdade dessa vez. — Eu gostei de você desde o primeiro momento, quer dizer, teve toda a história da faxina, mas você foi me conquistando cada vez mais e não tem ideia do quanto foi difícil recusar suas investidas, mas eu precisei, justamente para evitar essa situação. Será que não vê? Eu nunca quis te magoar porque… Mesmo com toda essa bagunça, mesmo eu tendo realizado o sonho de protagonizar um espetáculo profissional, você foi a melhor coisa que me aconteceu nestes últimos meses.
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  As palavras de Phoebe fizeram o coração do garoto saltar, dessa vez de alegria. Todas as recusas eram tentativas de se afastar, mas ela sentia o mesmo!
  Embora estivesse zangado, seu maior desejo naquele instante era tomá-la nos braços. Todavia, a mágoa ainda era forte o bastante para o impedir.
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  — E eu achava o mesmo, mas na verdade foi a pior. — As palavras saíram de forma automática. Eram da boca para fora, no fundo Max sabia que a garota desajeitada era dona de seu coração e não precisa devolvê-lo. Na verdade, nem mesmo o queria de volta.
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  Phoebe se amaldiçoou por ter deixado a situação chegar naquele ponto. Deus, a última coisa que queria no mundo era magoar o único garoto por quem já havia sentido algo tão intenso e agora o havia perdido para sempre. Se pudesse voltar no tempo… trocaria sem pensar duas vezes o posto de protagonista, desistiria da Rússia, apenas para ver Max sorrindo mais uma vez e para terem apenas mais um instante juntos. Era irônico pensar que estar ali agora não era mais seu maior sonho, mas sim apenas o que havia restado.
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  Chole não demorou nem dois segundos antes de começar a encher o irmão de perguntas.
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  — E então? Ela é bonita?
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  Max se permitiu uma leve risada.
  — Sim, a garota mais bonita que eu já vi.
  — Que ótimo! Então por que está com essa cara triste?
  — Porque eu já a conhecia. E já gostava dela antes de vê-la no palco naquela noite.
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  Chole cruzou os braços pronta para escutar o que viria a seguir.
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  Phoebe girou a maçaneta e foi recebida por uma Chery cheia de empolgação.
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  — Como foi hoje, minha estrela? O penúltimo dia e… — Ela se interrompeu ao bater os olhos na feição triste da jovem dançarina. — Meu bem, o que aconteceu?
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  Entre soluços, a garota de fios castanhos conseguiu explicar:
  — Ele descobriu tudo, Cherry, acabou.
  — Essa não, vem cá.
  A funcionária a envolveu em seus braços como uma verdadeira mãe.
  — Eu sei que é difícil, mas amanhã já é o último dia. Não deve ter problema se ele revelar sua identidade para alguém, além do mais, mesmo que seja difícil, você pode arrumar outro emprego para se manter na Rússia e…
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  — Eu não ligo mais para o emprego e muito menos para a Rússia. Eu o perdi, isso é o que dói.
  — Tudo bem, eu estou aqui. — Ela acariciou os cabelos da dançarina. — Chora, pode chorar.
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  Phoebe seguiu o conselho e no mesmo instante, as lágrimas voltaram a cair.
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  Max se jogou na cama antes de finalmente se permitir colocar tudo para fora. Não podia ser. Por que o universo era tão injusto? Quando achava que tinha encontrado o amor novamente e teria a chance de ter seu final feliz, descobria que tudo não passava de uma ilusão. Por mais que tentasse evitar, sua mente foi inundada por imagens da garota, imagens estas onde a mesma não estava usando a máscara ou as lentes, mas era apenas a Phoebe, a garota atrevida e sonhadora, capaz de dançar em meio a uma faxina de um corredor escolar.
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  Max se lembrava de cada detalhe daquela noite. Mesmo não estando em um palco, agora ele conseguia enxergar que naquele momento, a garota se encontrava ainda mais graciosa, pois estava sendo verdadeira e se divertindo. Um sorriso sincero invadiu os seus lábios enquanto seu coração se aquecia diante das lembranças dos dois rindo como dois adolescentes. Mesmo a tendo visto inúmeras vezes com a deslumbrante roupa de cisne. Naquela noite na escola, com um simples moletom e o rosto limpo, era onde Phoebe estava perfeita. Talvez não perfeita para os outros, mas para ele, e isso bastava… uma pena ter chegado a um fim.
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  Phoebe ainda se encontrava de baixo dos lençóis, sem coragem para ir à escola, pensou inúmeras vezes em ligar dizendo que estava doente, porém, apesar de ser uma professora nunca ter estado na lista de emprego dos sonhos, a garota gostava de estar envolta dos alunos, eram compreensivos, diferente de uma certa instrutora de dança, e poderiam fazê-la se distrair… talvez trabalhar fosse o que ela precisava naquele momento, desde que não cruzasse com… bom um certo vice-diretor.
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  Juntando toda a coragem que ainda restava, ela se levantou, e em poucos minutos estava pronta. Ao colocar os pés na escola, um frio diferente tomou conta de seu estômago, afinal tinha plena consciência de que se esbarrasse com ele, desmoronaria. Para seu alívio, no entanto, não havia sinal do garoto fofo que não curtia ballet. Será que ele havia dado uma desculpa? Bom, de toda forma, era melhor assim.
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  Aliviada, ela se encaminhou até a sala dos professores a fim de se preparar para a primeira aula. Todavia, enquanto mexia nos materiais, percebeu que precisaria de talheres. Ao perguntar na recepção onde poderia encontrá-los, foi informada da existência de um depósito de materiais, para onde se encaminhou logo em seguida.
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  Max encarava a tela de seu laptop. Seu corpo estava sentado em sua cadeira de vice-diretor, porém sua mente estava em outro lugar, em outra pessoa para ser mais preciso. Droga, por que ele não conseguia simplesmente arrancar o que sentia pela professora/bailarina teimosa do seu coração de uma vez por todas? Seria tão mais fácil.
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  — Vice-diretor Macburguer? — A desatenção do garoto não passou despercebida pela diretora Wong.
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  O garoto voltou à realidade.
  — O que aconteceu com você hoje? — Ela cruzou os braços. A pergunta era mais uma bronca do que preocupação.
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  — Me desculpe eu só…
  Antes que pudesse terminar a frase, no entanto, a diretora, sem a menor consideração, indagou:
  — Será que poderia pegar uns documentos pra mim do depósito de materiais?
  Ele não ia naquele quartinho desde a promoção.
  — Claro. — Sua voz saiu fria.
  Ele caminhou até o depósito cabisbaixo. Não era ideal que os alunos o vissem naquele estado, porém sua tristeza o impedia de se importar com essas formalidades. Bom, talvez procurar documentos em uma sala escura fosse o que precisasse naquele momento para se distrair. Sua ideia, todavia, foi por água abaixo quando se deparou com Phoebe ao chegar no depósito.
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  Seu coração saiu pela boca, mesmo naquele escuro, os olhos da garota se destacavam de uma forma impressionante.
  — Não pense que estou te seguindo, só vim pegar uns papéis — afirmou evitando encará-la diretamente.
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  Phoebe cruzou os braços antes de soltar uma leve risada irônica.
  — Por que eu pensaria isso? Você deixou bem claro na noite passada o quanto me odeia.
  Ele quis gritar que por mais magoado que estivesse, jamais conseguiria odiá-la, porém decidiu entrar no jogo.
  — Você fez por merecer. — Sua voz saiu seca.
  Phoebe sentiu como se uma flecha tivesse atingido seu coração. Max a odiava e isso doía muito mais do que seus pés depois de um mês de espetáculo.
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  — Você nem me deu uma chance de me explicar…
  — Eu deveria? Alguém que me enganou desse jeito não merece o meu tempo — provocou, enquanto suas mãos se ocupavam dos papéis.
  — Então o que ainda está fazendo aqui conversando comigo? — Ela soltou a caixa cheia de talheres com força, em tempo de entorta-los e criar mais uma dívida, porém essa era a menor de suas preocupações naquele momento.
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  Max fez a mesma pergunta mentalmente. Por que havia dado tanta atenção a ela desde o começo? Por que havia tido a maldita ideia de levar Chole naquele espetáculo estúpido?
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  — Você está certa. Já encontrei o que precisava. Passar bem.
  Ele se afastou em direção a saída ansioso para sair dali, não porque realmente a desprezasse, muito pelo contrário, mas porque tinha medo de que se ficasse mais tempo, não aguentaria a tentação.
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  Phoebe engoliu seco, seu peito clamava para que deixasse o orgulho de lado e implorasse a ele para ficar, já que sua vida não fazia mais nenhum sentido, contudo sua mente e seu orgulho a impediram. Por mais que doesse, era preciso aceitar que Max não queria vê-la nem pintada de ouro, e o pior: ela mesma havia se colocado naquela situação. Se pelo menos tivesse tido coragem de dizer a verdade… Se tivesse ignorado as regras por pelo menos uma vez… com certeza estaria sem seu emprego e teria escutado sermões da senhorita Lily. Contudo, estaria bem mais feliz, pois teria o vice-diretor Justin Bieber ao seu lado.
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  Por mais que desejasse, Max não olhou para trás durante todo o caminho até a porta, porta essa que se encontrava fechada, alguém devia ter passado e feito esse “favor”, não era um problema, contudo, ao colocar a mão na maçaneta enferrujada, percebeu que estava mole demais e bastou o toque do vice-diretor para que ela caísse no chão os trancando ali dentro. Era só o que falta.
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  — Ainda não foi embora? — indagou Phoebe também já pronta para deixar o local com sua caixa de talheres.
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  — Eu já teria ido, mas estamos presos. — Ele apontou para a maçaneta no chão.
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Lelen
Admin
7 meses atrás

Eita, o que será que espera a Phoebe nesse dia que vem aí? E será se vai dar tudo certo com ela estreando como protagonista da peça?

Lelen
Admin
7 meses atrás

Meu Deus, esse futuro casal já vai começar com o pé errado, né? HAHAHAHAH

Lelen
Admin
6 meses atrás

Mas gente, coitada da Phoebe, ela só tá dando bola fora nesse novo emprego HAHAHA
E Max, tu podia ter ficado quietinho só admirando a dança da Phoebe, mas nããão, tinha que falar, né?
Agora vamos ver como vai terminar esse flagra cômico de vice-diretor e professora HAAHAH

Lelen
Admin
5 meses atrás

Meu Deus, esses dois são trapalhadas ambulantes HAHAHAHAH
E eu imaginando o Max com cabelinho do Justin de Baby e jogando os cabelos pro lado EHEIHEIH
Quer dizer que os regulamentos da escola proíbem o relacionamento entre funcionários, hein? E agora, minha gente? Que essa paixonite já se instalou entre os dois!

Lelen
Admin
5 meses atrás

MEU DEUS, ACONTECE LOGO ESSE ENCONTRO FORA DA ESCOLA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Lelen
Admin
4 meses atrás

Gente, o moço vai ficar nessa de não reconhecer, será? Mesmo se ela falar?
É SÓ UMA MÁSCARA, GENTE, PERA AÍ.
Quero ver a Chloe virando fã da Phoebe também. E virando cupido HAHAHAHA

Lelen
Admin
3 meses atrás

O Max, coitado, já apaixonou HHAHAHAH
Bora, Chloe, vai arrastar seu irmão pra mais encontro VIP no backstage da apresentação de balé! Agora eu quero ver o encontro na escola. Eu seria terrível se fosse a Cherry porque EU NÃO IA ME AGUENTAR e ia ficar só com aquela cara quando visse a Phoebe interagindo com o Max na escola kkkkkkkkkk

Lelen
Admin
3 meses atrás

Ai, meu deusinhooo!
Uma tá achando que não é o suficiente pro moço, o outro tá achando que pode viver um triângulo amoroso sem saber que as duas garotas que interessam ele são a mesma pessoa. A CONFUSÃO, MEU DEUS!
TÔ PRONTA PRO CAOS!

Lelen
Admin
2 meses atrás

AI QUE AGONIA SABER DA VERDADE E FICAR SÓ ASSISTINDO ESSES DOIS SE ENCONTRAREM E DESENCONTRAREEEEEM.
Quero nem ver quando a verdade tiver que ser dita ou for descoberta, GZUUUUS.
E eu amei o momento com a Chloe, aqueceu o coração <3

Lelen
Admin
2 meses atrás

Vish, o que vai acontecer nesse encontro aí de novo no VIP, hein? Será que finalmente a gente vai ter a revelação e o drama vai ficar no “a gente não pode se relacionar por causa do trabalho”, ou a Phoebe ainda vai conseguir dar umas desviadas como Rose?
Enquanto isso, o Max só tendo o coração trincado, tadinho AHOIASDOIASDNOI

Lelen
Admin
1 mês atrás

OINASDASOPDNIMASPODNA SOCORRO, A VERDADE NEM BATEU NA PORTA E CHEGOOOOOOU
Meu Deus, o que vai ser da Phoebe com essa desilusão com o sonho de infância dela, quase um sonho de vida? E agora o Max vendo ELA no camarim da ROSE. Será que finalmente sai a verdade ou vai ter alguma tentativa de mentira?
PELAMORDEDEUS, SÓ SE BEIJEM LOGO E ADMITAM O QUE SENTEM. DEPOIS VOCÊS PENSAM NO QUE VÃO FAZER KKKKKKKKKKKKK

Lelen
Admin
24 dias atrás

NOSSA, MAS EU TAVA PRONTA PRA DAR UNS TAPÕES NESSES DOIS, mas aí veio o final do capítulo e eu fiquei só HEHEHEHEH e passou a raivinha.
AGORA FIQUEM AÍ DENTRO TRANCADOS ATÉ FAZEREM AS PAZES U.U


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