Paths To Friendship
Encarei o apartamento que dividia com e sorri. Ele ficava no centro de Tóquio, não era barato por causa de sua localização, mas nada que meu “novo status” de herdeira não pudesse dar um jeito.
O lugar tinha nitidamente o toque de nós dois. A sala tinha uma parede coberta por um painel em que havia pendurado várias fotos tanto nossas quanto de paisagens e lugares que ele havia ido. Todos os cômodos tinham várias luminárias e os lustres possuíam várias lâmpadas para manter cada canto bem iluminado como eu sempre gostei. Ainda na sala, havia uma TV relativamente grande e um videogame que jogava em suas horas vagas e às vezes me convidava para jogar junto e nas prateleiras da estante de TV, haviam meus livros favoritos.
Fui andando para o painel de fotos e comecei a me lembrar da primeira vez que encontrei com neste mundo…
Eu estava correndo pelas ruas de Seul depois da primeira vez em que vi se agarrando com outra mulher, minha mente estava um caos e eu não conseguia pensar direito, só conseguia sentir a dor no peito de desgosto e infelicidade. Eu mal olhava para onde ia quando trombei fortemente com alguém, o que me fez perder o equilíbrio e cair no chão, não muito diferente da outra pessoa.
— Uou, você está bem, senhorita? — Ouvi uma voz perguntar enquanto eu tentava decidir se respondia, chorava ou simplesmente permanecia ali, existindo. — Hei…? — Uma mão balançou em frente ao meu rosto e eu finalmente resolvi olhar para a pessoa com a qual eu havia trombado.
— Eu estou… — Comecei a dizer, mas me interrompi quando vi um rosto familiar me encarando com expressão preocupada. — ? — Perguntei mais para mim mesma do que para o rapaz que estava agachado à minha frente.
Ele pareceu surpreso e seus olhos passaram a vasculhar meu rosto com mais atenção.
— Nós nos conhecemos? — perguntou erguendo a sobrancelha.
Fiquei calada por um momento e me lembrei de que não estava mais no meu mundo de “sonhos” e que as pessoas que eu pensei que conhecia, na verdade não existiam.
— Ah… Acho que te confundi com um amigo meu… — Murmurei desviando o olhar.
Alguns instantes se passaram e então ele se levantou e estendeu a mão para mim. Não pensei muito e aceitei a ajuda para me levantar. Ficamos ali parados durante alguns instantes sem dizer nada, até que ele limpou a garganta.
— Então… Tá tudo bem? — Perguntou enquanto eu assenti com a cabeça. — Você estava chorando… — Murmurou apontando para o meu rosto que estava molhado de lágrimas que eu prontamente limpei com as mangas da minha blusa.
— Ah… — Murmurei fungando e rindo sem graça. — Não foi nada.
assentiu e olhou ao seu redor com a câmera fotográfica em mãos.
Respirei fundo e olhei à minha volta para tentar me localizar, e com um súbito desespero percebi que eu não fazia ideia de em qual parte do bairro que estava visitando com eu estava. Soltei uma pequena exclamação aflita.
voltou seus olhos curiosos para mim.
— Eu acho que estou perdida… — Murmurei ainda olhando ao meu redor, tentando encontrar algum ponto de referência.
soltou uma exclamação de compreensão, mas voltou a tirar fotos do ambiente ao seu redor.
— Escuta, hum… — Eu disse tentando chamar sua atenção e esperando que ele se apresentasse oficialmente para mim.
— Ah, meu nome é . . — Ele sorriu da forma que eu adorava em meu mundo.
— Cha . — Respondi sorrindo de leve. — Senhor , será que poderia me emprestar o seu celular? — Perguntei achando completamente estranho tratar meu melhor amigo de forma tão formal.
— Pode me chamar de . — Ele sorriu parecendo mais à vontade naquele instante.
— … Eu esqueci meu celular. — Murmurei lembrando da cena de beijando sua secretária sem a menor cerimônia e de como eu havia saído em disparada sem pensar em levar nada comigo. — E não faço ideia de onde estou…
assentiu e sacou o celular do bolso de sua calça, me entregando o aparelho de forma despreocupada. Segurei um risinho desacreditado. Parecia que o daquele universo era exatamente o mesmo do meu universo. Despreocupado, amigo, aquele tipo de pessoa gostosa de se ter por perto.
Peguei o aparelho de sua mão enquanto ele voltava a fotografar seu arredor. Quando desbloqueei a tela, soltei uma exclamação de desânimo.
— Sem sinal… — Murmurei sentindo que começaria a chorar de novo a qualquer momento.
— Oh… — murmurou fazendo careta, pegando seu celular e dando alguns passos para ver se o sinal voltava.
Cruzei os braços e comecei a me sentir terrível. O dia havia começado de um jeito bom, mas então houve a traição de e agora além de estar me sentindo com a confiança abalada, ainda estava perdida.
Fui surpreendida com um leve toque no braço.
— Podemos ir para uma loja de conveniência e comprar fichas para a cabine telefônica. — Meu melhor amigo sugeriu já caminhando em direção ao lugar.
Eu o acompanhei protestando, eu não tinha dinheiro comigo!
— Não se preocupe, senhorita Cha. — sorriu para mim me entregando as fichas que tinha comprado enquanto ignorava o que eu dizia.
— Eu vou te pagar de volta. — Prometi e ele riu.
— Foi só uma moeda. — Ele piscou e apontou para fora da loja onde havia uma cabine telefônica.
Me lembro de ter tentado ligar para o meu próprio celular, mas ninguém atendeu, então o pânico voltou a me invadir. pareceu assustado quando saí da cabine com olhos marejados e então, depois de me acalmar um pouco, sugeriu que pegássemos um táxi para o endereço de minha casa. Depois de muito protestar, concordei em meu melhor amigo pagar a corrida, eu não tinha outra opção à vista. Quando cheguei ao meu endereço fechou a porta do táxi e com um sorriso brincalhão, me estendeu um papel dizendo um “Foi divertido ficar perdido com você!” e partiu.
Sorri com aquela lembrança e caminhei até a janela para olhar o lado de fora. A vista dava para outro prédio e entre ambos havia um pequeno riacho correndo com patos e peixes nadando nele. Era uma paisagem estranha, mas agradável a de natureza e selva de pedra se encontrando tão tranquilamente.
Fiquei observando o movimento na rua por algum tempo e me lembrando de quando viemos, e eu, visitar apartamentos na região de Tóquio para definirmos onde iríamos morar. Era um dia ensolarado, mas frio, havia nevado na noite anterior. No entanto parecia animado demais para sentir a temperatura baixa que fazia. Ele praticamente saltitava ao caminhar, como uma criança feliz.
— , você é precioso demais para esse mundo. — Eu ri quando ele quase caiu no meio da rua ao escorregar no gelo acumulado no chão, girando os braços para se manter equilibrado.
Quando finalmente conseguiu se manter firme, ele veio até mim com um olhar analisador.
— , quando nos encontramos da primeira vez, você me chamou de … — Murmurou pensativo.
— E não é o seu nome artístico? — Perguntei me fingindo desentendida.
— Sim, mas você não parecia me conhecer como fotógrafo quando me chamou assim e… — voltou seu olhar para mim. — Depois você disse que tinha me confundido com um amigo.
Balancei a cabeça concordando e ao mesmo tempo querendo entender por quais caminhos a mente de meu melhor amigo estava caminhando.
— Você me trata como se fôssemos velhos conhecidos. — Ele começou a andar em direção ao riacho que passava por baixo da rua em que estávamos e se escorou na grade.
Fiquei um pouco sem graça porque eu realmente o tratava como o velho que eu conhecia no aparente universo paralelo que havia vivido e ele nunca tinha reclamado, o que me fez continuar com essa loucura. era o único componente que parecia não ter mudado de personalidade nos meus dois mundos e eu queria desesperadamente me agarrar àquilo.
— E às vezes fala de algumas coisas com um ar de nostalgia, mesmo parecendo que é a primeira vez que passa por aquilo…
— E se eu te dissesse que na verdade eu vim de outro universo? — Interrompi, percebendo que iria ficar especulando até chegar às próprias conclusões e poderia não ser bom para mim. Decidi contar a verdade.
— Como um alien? — Perguntou de forma curiosa, os olhos brilhando com animação.
Eu gargalhei, aquele não podia ser outro a não ser o meu .
— Não, mais como um universo paralelo, sabe? — Fui me encostar na grade da ponte que nos separava do riozinho semi-congelado.
ficou em silêncio de forma pensativa por alguns instantes.
— E como era esse universo?
Sorri, mas sentindo meu coração afundar no peito. Me virei em direção ao rio e fiquei observando uma família de patos encolhida nas margens do lugar.
— Como esse, com as mesmas pessoas, só que com personalidades diferentes. — Murmurei lembrando do meu .
se virou para o rio também e senti que ele me encarava, analisando.
— Tinha um lá?
Eu assenti, sem dizer nenhuma palavra, com medo de que aquilo me trouxesse mais lembranças do quão feliz eu era ao lado do meu .
— Tinha um eu lá?
Eu não pude segurar a risada ao ouvir o tom interessado em sua voz e me virei para encará-lo. O brilho de animação permanecia em seus olhos.
— Sim, um que era meu melhor amigo e me entendia melhor do que eu mesma. — Sorri refreando a vontade que eu tinha de abraçar aquele homem à minha frente como eu faria com meu melhor amigo.
Ele balançou a cabeça em concordância.
— E o que eu era no seu mundo? Quer dizer, o que ele era.
— O do meu outro mundo fazia parte do grupo de pop coreano mais famoso do planeta. Ele usava “” como nome de palco. E tinha uma namorada maravilhosa.
— Whoa… — exclamou parecendo um pouco embasbacado com a informação. — Eu era mundialmente famoso E tinha uma namorada… — Murmurou pensativo.
Gargalhei de novo com a cara de bobo que ele havia feito.
— , está decidido. — se endireitou e olhou para mim de forma séria. — Você vai me ajudar a encontrar a minha namorada. — Sorriu alegremente.
— Quê?
— Você sabe como ela é e aparentemente as pessoas do seu universo permanecem perto de você de alguma forma. Então talvez ela esteja por aqui também. — Ele começou a falar enquanto voltava a caminhar.
Eu fiquei parada encarando as suas costas por vários segundos até perceber que eu não o acompanhava.
— , como você pode aceitar o que eu disse desse jeito? — Perguntei quando ele voltou-se para mim novamente. Ou ele realmente acreditava em mim, ou estava tirando com a minha cara, o que me deixaria muito chateada.
ficou numa expressão pensativa e então voltou até onde eu estava.
— Bem, é que é a única coisa que faz sentido para as minhas dúvidas. — Ele encolheu os ombros. — A outra alternativa seria que você é algum tipo de stalker que investigou toda a minha vida, meus gostos e personalidade para me atrair para sua armadilha. — Pontuou num tom que se usa para comentar o tempo. — Mas a minha vida teria que ser um dorama para esse tipo de coisa acontecer. — Ele riu e eu o acompanhei.
— Mas eu poderia ser uma lunática também. — Argumentei e ele deu de ombros.
— Você provou me conhecer bem demais para ser uma lunática… E eu prefiro acreditar em você, por mais doida que essa história possa parecer. — Ele sorriu da forma doce que eu sempre amei, então não consegui me segurar e o abracei com força.
Eu sorri sentindo o coração aquecer com aquela lembrança.
Por mais que eu tenha tido uma desilusão amorosa com , ao menos continuava sendo o meu de sempre…
Eu voltava estava para me sentar no sofá quando a campainha tocou e eu fui verificar quem era pelo vídeo do interfone. Revirei os olhos e ri quando percebi a imagem de parada do lado de fora.
— Eu esqueci as minhas chaves… — Murmurou sem graça assim que abri a porta para que ele pudesse entrar.
— Meu Deus, . — Balancei a cabeça tentando me fazer séria, mas ele me devolveu um olhar de cão sem dono e eu não pude segurar o sorriso.
— , eu encontrei um lugar que vende os melhores biscoitos do mundo! — Exclamou voltando a ficar animado como sempre. — Podíamos ir lá.
— Claro, só dizer quando.
— Agora, que tal? — Perguntou e eu ergui a sobrancelha. — Quê?
Estava pronta para protestar, mas eu sabia que ganharia qualquer discussão que eu iniciasse contra aquela ideia.
— Eu vou só trocar de roupa… — Murmurei num suspiro e rumei para meu quarto.
Depois de me trocar, saímos. estava completamente empolgado e praticamente me puxou pelo caminho todo para que eu o acompanhasse. Sua animação me contagiou e por um momento eu senti que poderia seguir naquela vida se tivesse meu melhor amigo ao meu lado como naquele instante.
AIIIII que coisa mais fofa passar um tempo com o Hobi <3 ele é muito precioso, socorro! Apesar de eu NÃO ter terminado com o Taehyung, né, não sei DA ONDE você tirou isso, sua tirana, a fic é MUITO fofa! help!
Comentário originalmente postado em 07 de Agosto de 2020
Meu Deus, tô de coração quentinho após ler essa fic, sério. Hobi é um amor, e eu adorei o universo que você criou!
Comentário originalmente postado em 11 de Agosto de 2020