Painting Flowers For You
encarava o teto de seu quarto com total desânimo.
Já fazia três semanas desde o ocorrido, mas o rapaz ainda custava a acreditar. se fora e o havia deixado sozinho para encarar o resto da vida. Ele fungou. não havia partido com outro, ou para outra cidade ou país, o que com toda a sinceridade preferia que tivesse acontecido. Não, ela havia partido para outro mundo, outra realidade, outro lugar que ele não poderia alcançar tão cedo.
Essa perda estava lhe custando a falta de inspiração para novas canções de sua banda e isso estava afetando ao restante dos integrantes da mesma.
Encarou o porta-retrato na mesinha de cabeceira que guardava a foto dos dois num dia de diversão, fazendo careta e se abraçando. Como é que o destino pudera ser tão cruel a ponto de levar a pessoa mais especial que já habitara o mundo?
não sabia a resposta, só o que sabia era que em seu interior tudo desmoronava aos poucos.
Mais alguns minutos a questionar tudo e o rapaz pegou no sono, um sono profundo que se iniciara de forma diferente das demais noites desde o acontecimento que lhe tirou a vontade de viver. Dessa vez não havia a cena anterior ao fim de , ele não sonhava com o momento da briga que tiveram; dessa vez ele estava parado em meio a um imenso jardim repleto de flores coloridas.
encarou aquele cenário confuso. O que diabos estava fazendo ali?
Foi quando ouviu sussurros às suas costas, o que de imediato o fez virar para ver do que se tratava, não encontrando ninguém. Então, logo em seguida pôde ouvir uma risadinha divertida e marota que ele bem conhecia.
- ? – perguntou logo emudecendo ao constatar que sua namorada estava parada sorrindo marota à sua frente. – , é você mesmo? – Ele não podia acreditar.
- Claro que sim, seu bobo! – Ela riu ajeitando alguns fios de cabelo que estavam atrapalhando a visão.
- Mas você… Você… – mal conseguia ordenar as palavras que gostaria de dizer.
- É, , eu ainda estou morta. – sorriu um pouco triste com o que acabara de dizer.
Um instante de silêncio foi o suficiente para que o rapaz voltasse a sentir-se culpado.
Seu rosto estava vermelho por tentar segurar o choro, não podia chorar na frente de daquela forma.
A moça encarou o namorado e sorriu se aproximando mais. Acariciou-lhe os cabelos e o aninhou num abraço carinhoso.
- Me perdoe, … Por favor… – Ele sussurrava enquanto deixava as lágrimas escorrerem.
acalentou e sussurrou algumas palavras enquanto o rapaz chorava ainda mais.
- Foi tudo culpa minha! – Ele se desvencilhou dos braços da garota limpando as lágrimas que teimavam em escorrer por seu rosto. – Se eu não tivesse dito aquelas coisas… Se eu não tivesse brigado com você… Você ainda estaria do meu lado! – exclamou parecendo furioso consigo mesmo.
o encarou triste, mas depois sorriu e se aproximou novamente, limpando com suas mãos algumas lágrimas do rosto do namorado.
fechou os olhos com o toque das mãos suaves de . O quanto quis sentir aquelas mãos em seu rosto novamente naquelas três semanas tão longas e torturantes.
- , não foi culpa sua. – Ele ouviu-a sussurrar acariciando sua face.
- Claro que foi, … – Uma outra lágrima que escorria foi limpada pelos dedos da garota.
- Não, , não foi. – Ela ergueu um pouco o rosto do namorado, a fim de fazê-lo olhá-la. – Sabe, tem coisas na vida que simplesmente precisam acontecer, e essa foi uma delas. – acariciou mais uma vez. – Não me pergunte por que. – Ela deu de ombros fazendo o rapaz rir, era típico da namorada brincar para fazer o clima se amenizar um pouco. – Mas não foi por isso que vim aqui hoje, .
- Veio me levar com você? – O garoto até parecia esperançoso para que a resposta fosse sim.
- Claro que não, . – o encarou séria. – Ainda não é a hora. Mas quando for, se ainda quiser, eu venho lhe fazer companhia. – Ela murmurou. – Mas meu propósito é exatamente o contrário.
encarou a namorada pensativa. Como ela estava linda!
Com seu vestido branco rendado, seus cabelos soltos como sempre gostava de deixá-los, sua expressão serena e o cheiro de seu perfume favorito ao seu redor.
- , precisa parar com essa falta de vontade de viver. – Ele ouviu murmurar parecendo nada satisfeita.
- Não quero viver sem você ao meu lado.
- É isso que quero que entenda, . Eu nunca vou deixar de estar ao seu lado, sempre estarei lá, até o último instante, mesmo que você não saiba. Eu vou estar lá. – Ela concluiu com um sorriso.
O rapaz ia dizer alguma coisa, quando percebeu que toda a paisagem ao seu redor começava a ficar borrada e confusa, estava se misturando aos borrões.
- O que está acontecendo?! – ele perguntou aflito.
- Meu tempo se esgotou. – murmurou tristonha enquanto seu corpo ia sumindo em meio ao turbilhão confuso.
- Não, , não! – O rapaz tentava desesperadamente segurar sua amada no lugar, em vão.
- Não se esqueça, , estarei com você pra sempre e por esse tempo te amarei. – Ela lhe deu um último sorriso e desapareceu.
Tudo o que restou foi escuridão. Escuridão e um solitário.
Na manhã seguinte, por incrível que pareça o rapaz não se sentia tão mal quanto nos dias anteriores. Na verdade se sentia leve como nunca antes. Encarou o criado mudo e percebeu que havia uma caneta e uma folha de papel em branco segurada pelo porta-retratos. Ficou confuso, com toda a certeza aquilo não estava ali na noite anterior. Deu de ombros e pegou a folha e a caneta sentindo o que não sentia há três semanas, a vontade e a inspiração para escrever uma nova canção.
Observando a foto de na mesinha de cabeceira ele começou a escrever, e quando terminou sorriu.
podia não estar visível aos seus olhos, mas ele sabia que ela estava ali ao seu lado, ele podia sentir o perfume doce dela se espalhando ao seu redor. Dando mais uma olhadela para a foto, deixou em seu criado mudo a folha em que escrevera e deitou-se na cama novamente apreciando a presença de sua …
When I wake up,
the dream isn’t done.
I wanna see your face,
and know I made it home.
If nothing is true,
What more can I do?
I am still painting flowers for you.
Fim
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