Our Saving Grace (short ver.)
Rachelle caminhava pelos corredores do asilo de St. Patrick verificando se todos os internos já estavam dormindo ou se precisavam de alguma coisa em especial.
Aquele lugar era parte de uma quase promessa de ações de graça. No ano passado sua família inteira havia resolvido que ajudaria em alguma instituição ou coisa parecida, Allan, o irmão mais velho de Rachelle resolvera ir a um orfanato divertir as crianças; sua mãe havia decidido por ir a uma instituição que ajudava crianças com câncer, e seu pai estava ajudando no grande almoço que o prefeito da cidade estava promovendo no dia de Ação de Graça.
Rachelle optara por visitar e ajudar no asilo St. Patrick, diziam que os “moradores” do lugar adoravam visitas de jovens, gostavam de contar histórias de suas vidas, de ter com quem conversar e interagir, gostavam de pessoas que as ligavam ao mundo do outro lado daquelas paredes enormes do asilo.
Rachel gostava de ouvir histórias e isso foi um ponto que a fez escolher a visita à casa de repouso, desde o dia de Ações de Graça há um ano, ela continuava a visitar e ajudar no lugar como voluntária. Em um único dia havia feito amizade com muitos dos internos, e na primeira semana longe deles já sentiu falta, não conseguiria deixar de visitá-los toda tarde para ouvir uma boa história de guerra do senhor Wood, ou ganhar um daqueles bolinhos deliciosos da senhora Hopkins, mas tudo isso era só uma parte do que a mantinha naquele lugar dia após dia até as onze da noite.
Na realidade nada se comparava ao tempo de meia hora que passava com a senhora todas as noites antes dela dormir.
era uma senhora delicada, frágil e graciosa. Havia se formado em pedagogia e passara muitos anos de sua vida ensinando crianças, sabia contar histórias como ninguém e tinha um dom magnífico para escrita e poesias.
Há muito já não escrevia muito mais do que poemas e textos que criara quando mais jovem, sempre com um nome em evidência em todos eles: .
Rachelle sorriu. A senhora era uma mulher completamente apaixonada apesar dos anos que haviam se passado, completamente apaixonada por ,
seu .
Sua história com o rapaz fora bonita enquanto durou, mas teve um fim trágico – pelo menos era o que Rachelle pensava sobre o assunto.
— Não foi um fim trágico, minha querida, apenas uma pequena interrupção — a senhora sempre dizia quando Rachel comentava o quanto achava aquilo tudo triste.
e namoraram por um bom tempo durante a adolescência, tiveram momentos inesquecíveis como casal e melhores amigos, mas era homem e, como todo homem, devia servir sua pátria em momentos de crise. Foi o que teve de fazer, servir sua amada pátria para
defendê-la, e ele não se referia em defender seu país, mas um alguém em especial que jamais deixaria de amar.
Fora numa segunda-feira nublada que a família de bateu à porta da casa dos com uma carta em mãos e lágrimas a escorrer dos olhos. havia morrido em combate tentando resgatar uma criança do fogo cruzado.
Com toda a certeza fora um baque no primeiro instante para , mas não muito tempo depois, ela voltou a sorrir como antes, ninguém era capaz de compreender exatamente como ela conseguira, mas tampouco importava, ela estava bem ao menos.
Os anos se passaram, a senhora se formou e começou a ensinar as pequenas crianças numa pequena escola perto de sua casa. Nunca se casou e, por isso, algumas vezes deixara sua mãe chateada, não teria chances de ter seus netos, pensava.
Ao envelhecer, se mudou para o asilo de St. Patrick, já que não tinha filhos e nem mais parentes com quem pudesse contar. Por anos permanecera ali não muito contente, não gostava de contar suas histórias a qualquer um, mas então, eis que Rachelle surgiu, e com ela uma linda amizade, quase familiar. contou toda a sua vida para a jovem que se deliciava com cada história. A senhora, porém, nunca usava seu próprio nome para falar das situações vividas, mas Rachelle sabia que se tratava dela mesma, de alguma forma.
Todas as noites Rachel colocava a senhora para dormir depois de ouvir uma parte de sua história, e todas as noites a garota ficava um pouco mais naquele pequenino quarto branco, vendo a senhora dormir com um sorriso estampado em seu rosto. Um dia, perguntou com o que ela sonhava todas as noites e respondeu com um sorriso tímido:
— Com poemas, minha menina.
Rachelle não entendeu muito bem de início, mas já estava acostumada com aquela forma de falar de .
Numa noite como qualquer outra, depois de terminar de arrumar as coisas na cozinha do lugar, a jovem estava a caminho do quarto branco da senhora quando percebeu um certo aglomerado de enfermeiras na porta. Então, já com lágrimas nos olhos, ela se aproximou mais para constatar que estava certa: havia falecido durante o sono.
Rachelle chorou por uma hora inteira antes de ir embora para sua casa naquela noite. Sentiria muito a falta daquela senhora de alma jovem e apaixonada, sentiria falta de ouvi-la recitar poemas como só ela sabia e, mais do que tudo, sentiria falta de suas histórias.
Enquanto caminhava pelos corredores desertos do asilo, Rachelle parou em frente a uma porta em especial que estava aberta e vazia.
Fazia um mês que a senhora havia deixado para trás pessoas que se afeiçoaram a ela, um mês sem suas maravilhosas histórias. Rachel entrou com cuidado no antigo quarto de e acendeu a luz do lugar, suspirando, sentindo ainda mais saudade da mulher. Sentou na cadeira de balanço em que costumava se acomodar durante as histórias e olhou ao seu redor, como aquele lugar ficava triste e solitário sem o espírito alegre de .
— Ah, senhora , você nem pôde me contar o final da história… — murmurou Rachelle se sentindo completamente boba por estar falando sozinha.
Ela deu mais uma olhada ao seu redor e então avistou uma folha de papel dobrada e caída ao pé da cama, quase invisível ao seu olhar.
Agachou-se e pegou a folha, havia algumas frases escritas com a caligrafia da senhora :
Eu ando na corda bamba
No meu caminho de casa
Você é a minha espinha dorsal
Eu sei que você está em algum lugar perto de mim
Tudo o que temos é o que resta hoje
Coração tão puro neste lugar quebrado
Porque nós somos amantes perdidos no espaço
Nós estamos procurando por nossa graça salvadora
Rachelle sorriu boba lendo e relendo os versos de , agora sabia que sempre estivera ao lado de sua amada , que aquela história que a senhora contava não teria fim até que o fim chegasse, e naquele quarto, há um mês, o fim finalmente chegara. Um final feliz depois de uma longa interrupção na história de amor dos dois, depois de anos separados pela vida, afinal, permaneceriam juntos eternamente.
Fim
Nota: Tava vendo meus arquivos antigos de fics e eis que encontrei essa shortfic que foi o ponto de início para a saga que era Our Saving Grace, a primeira história romântica e ligeiramente de época – ligeiramente porque, na real, ela é meio atemporal kkkk – que eu escrevi. Eu nunca postei essa versão short antes porque tinha colocado na cabeça que a história de Genevieve e Isaac merecia uma versão completa… Só esqueci de considerar que eu sou terrível com histórias longas (e ainda mais de romance lol). Mas estou considerando revisar OSG versão longa e finalizar ela. Quem sabe, né? Torçam por mim HAHHAHAHAH
PS: Para quem não sabe, essa história foi basicamente toda baseada na música Saving Grace do The Maine (sim, The Maine desde 2010 inspirando meu lado autora <3), deixo ela a seguir para quem tiver interesse 😀
LELEN, VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO DE ME FAZER CHORAR A ESSA HORA DA NOITE!!!!
eu jurava que tinha lido essa história quando entrou no site, mas cá estou eu, deixando registrado que eu adorei a fic! me emocionei real, e queria uma long desse casal, sabe…………………… hihi
o final me pegou demais <3