Our Day

   estava nervoso.

  Mas, mais do que o seu nervosismo, a sua vontade enlouquecedora de encontrar uma certa pessoa falava mais alto, e ele mal via a hora do amanhã chegar, que é quando finalmente veria o amor da sua vida: , a sua namorada e se ela disser sim, futura noiva. tinha tudo preparado, desde a sua viagem ao outro lado do mundo para encontrá-la – já que eles tinham um namoro quase que a distância – até o discurso que faria durante o pedido, assim como o cenário perfeito e a trilha sonora digna de um filme. Ele não conseguia conter a empolgação com o pensamento de poder encontrar em breve, e durante o trajeto do trabalho para sua casa, se viu envolvido em um mar de memórias do passado, traçando uma linha do tempo desde o segundo em que seu olhar cruzou com o dela, dando início ao relacionamento tão doce que tinham.

  Foi um pouco antes de setembro começar – mais precisamente, dia 26 de agosto – que, em uma de suas idas ao clube de esportes em uma tarde calorosa de verão, se deparou com , que movia o seu corpo lentamente ao som da música de fundo, transformando aquela cena em algo tão mágico. A forma como a mulher dançava o fez se encantar por ela imediatamente, e quando percebeu, havia se perdido no seu olhar e sorriso, tendo a certeza de que havia encontrado o tão famoso “amor da sua vida”. Eles começaram como amigos, já que demorou um pouco mais de um ano para aceitar as investidas do rapaz; como morava bem longe de , se viu relutante em se envolver com alguém que não conseguiria ver muitas vezes, contudo, após começarem a sair e se verem com mais frequência, ela sabia que a sua decisão foi certa – da mesma forma que o namorado, também se apaixonou à primeira vista e sabia que não poderia ignorar o seu coração por tanto tempo.

  Quando conheceu a família de , se sentiu um pouco perdido em como agir, mas bastou meia hora na presença de todos os para perceber que, igualmente a namorada, sua família era calorosa e receptiva, o acolhendo mesmo com o pai da mulher e a irmã mais nova lhe fazendo passar por um interrogatório para saber se ele era digno da primogênita. Nesse dia, ao irem embora, teve a certeza de que queria fazer parte daquela família se o aceitasse, e não é preciso dizer que, no final de semana seguinte, o rapaz recebeu inúmeros convites dos três para que ele participasse dos eventos familiares. Com também não foi diferente, quando o namorado percebeu, sua própria família havia adotado a mulher, e ao irem para a casa dele, disse que adorava fazer parte dos , e o único pensamento que pairava na cabeça de era que se a mulher quisesse, eles poderiam dar início a sua própria pequena família.

   podia ficar horas e horas contando as inúmeras histórias de aventuras que ele e passaram ao longo desses quatro anos, histórias que, um dia, ele gostaria de eternizar em forma de livro e música. Poder vivenciar algo tão incrível e tão doce com quem você ama era magnífico, e o rapaz sempre tinha aquele sorriso bobo estampado no rosto toda vez que pensava na mulher e no quanto eles cresceram juntos, o enchendo de orgulho e felicidade. Todos os dias 26 passaram a ter um significado diferente a partir do segundo que conheceu , e gostaria de dar continuidade à data mais do que especial com o seu pedido, no entanto, ao abrir a porta de casa, viu uma certa silhueta o esperando com aquele sorriso que tanto amava e um olhar carinhoso, de braços abertos. não precisou pensar por mais de um segundo para assimilar que estava na sua frente, e logo correu para os seus braços, a levantando no ar e a rodopiando.

  — Surpresa! — Disse assim que foi posta no chão, mas ainda estava nos braços do rapaz. — Eu sei que você ia me visitar, só que eu consegui uma semaninha de folga e estava com saudades, sabe…

  — Eu estava com mais — falou manhoso, enterrando o seu rosto no pescoço dela. — Eu adorei a surpresa, .

  — Bom, tecnicamente é só amanhã, mas podemos aproveitar para começar as comemorações hoje! Ei, tá prestando atenção?

  — Uhum — respondeu quase que em um sussurro por estar ocupado demais dando vários beijinhos na namorada.

  — Tá, se for pra ficar me dando vários beijos, precisa me dar um demorado de boas-vindas, não acha?

   sorriu ao jogar seus braços ao redor do pescoço do namorado, o trazendo para si e acabando com a distância entre eles. Ao selarem os lábios, era como se fogos de artifício tivessem sido soltos, fazendo com que recordassem do primeiro beijo que deram e de todas as emoções que sentiram naquele momento. Toda vez que estavam juntos, o casal possuía a certeza de que havia feito a decisão certa e nada mais importava; por isso, ao se afastarem o suficiente para se olharem, segurou a mão esquerda da namorada e pegou a caixinha da aliança – que coincidentemente estava no bolso do seu blazer – e respirou fundo, fazendo o seu tão planejado pedido:

  — Você aceita se casar comigo, meu amor?

  Mesmo com inúmeros planos para o pedido, percebeu que enquanto tivesse ao seu lado, até as coisas mais simples se tornavam magníficas. É claro que faria um segundo pedido com tudo o que tinha direito, mas, agora, a única coisa que importava era que o relógio batia meia-noite e mais um dia 26 de agosto se iniciava, e com ele, a resposta tão aguardada:

  — Sim, eu aceito!