Ohana
Parte I — Mar
A brisa do mar nunca me trouxe tantas recordações como agora. Olhar o céu estrelado, era como viver novamente aquele romance de verão de três anos atrás.
Faltavam três meses para o campeonato anual de surf.
Para mim, a época mais importante do ano depois do Natal. Minha irmã, Nina, só encontrava tempo para seus dois empregos. Até mesmo David, agora seu marido, se sentia solitário de tempos em tempos, com tantas obrigações que ela tomou para si. Eu não era mais uma criança imatura, já tinha 16 anos e podia muito bem me cuidar sozinha e arranjar um emprego de meio período. Se sou tão responsável por ser guardiã do Stitch, também posso ser em outras coisas.
É claro que Nina nunca me acharia responsável o suficiente como ela. Mas uma ohana não deveria ser um fardo em nossas vidas, e sim nossa torre de apoio, e era isso que David queria ser para ela. O que eu achava muito fofo e ao mesmo tempo me sentia deslocada. Não queria ser sempre a irmã caçula que a Nina tinha que se preocupar. E quando ela tiver seus filhos? Quero ser uma tia que eles possam se orgulhar.
— O que acha dessa blusa, Stitch?! — Me voltei para o meu bichinho, com um olhar animado, porém o mesmo não me deu confiança. — Que malvado, nem mesmo me dá atenção, está se comportando como minha irmã.
Ele abriu um largo bocejo, parecia ter entendido o que falei e não se importando mais ainda.
— Você já foi mais solidário, sabia?! — Resmunguei.
— Estou com sono — disse ele, com uma voz sonolenta.
— Onde foi parar a nossa Ohana? — Perguntei a ele. — Você só tem tempo para o Jumba agora, não sei o que tanto fazem naquele laboratório.
Bufei de leve e troquei a blusa em meu corpo pela que estava em minha mão. Então, pegando minha mochila, joguei algumas coisas dentro e segui para a porta.
— , aonde vai? — Perguntou Nina.
Me assustei ao vê-la naquele horário em casa. Mesmo não sendo de manhã cedo, ela não teria que estar trabalhando agora? Isso me deixou mais do que intrigada.
— À aula de surf — respondi, procurando por minha prancha. — Não acredito que se esqueceu que agora trabalho na escola do professor Hula.
— Já conversamos sobre você trabalhar, seus estudos são a prioridade — retrucou ela.
— E eu já disse que é somente meio período. Quero ter minha independência, Nina — argumentei.
— Se eu sentir que seu rendimento está fraco…
— Eu vou continuar sendo a melhor aluna da classe, nem mesmo a Edmonds vai me superar — assegurei a ela.
— Assim espero, — ela riu de mim e voltou o olhar para o que preparava no fogão. — E onde está o Stitch?
— Aquele folgado? Dormindo — respondi. — Depois de passar mais uma madrugada fora de casa.
Meus olhos brilharam um pouco ao achar minha prancha escondida debaixo do sofá.
— Estou indo agora, antes que me atrase mais — disse, seguindo para porta. — Até mais tarde, Nina.
— Se cuide, ! — Gritou ela.
Segui meu caminho o mais depressa possível. Quando cheguei na escola de surf, Hula já estava organizando algumas pranchas que deixaria disponível para os alunos novos.
— Eu cheguei! — Disse ao vê-lo concentrado no que fazia.
— , achei que não viria mais — comentou ele, voltando o olhar para mim.
— Por um curto espaço de tempo, perdi minha prancha, mas já a recuperei e estou pronta para ser a melhor professora que essa escola já teve — bati continência de brincadeira e sorri.
— Estou feliz por sua empolgação — disse ele, impressionado. — Mas…
— Mas…? — Indaguei.
— Só tenho um aluno para você — continuou ele.
— Como assim só um aluno? — Aquilo foi um balde de água fria em meu entusiasmo.
— Como eu sei que a Nina ainda é contra você trabalhar, mesmo que meio período, resolvi não abusar muito da sorte — explicou ele, dando um sorriso disfarçado. — Começaremos com calma, como um teste, para ver se não vai te atrapalhar mesmo.
— Mas eu consigo ensinar mais de um aluno sem atrapalhar os estudos — argumentei, confiante em minhas habilidades.
— Não fique triste, tenho certeza que, mesmo sendo apenas um, será uma excelente professora — garantiu ele.
— E onde encontro meu aluno? — Perguntei.
— Ali — Hula apontou para um garoto sentado em algumas rochas.
Respirei fundo e, levando minha prancha junto, me aproximei dele.
— Bom dia — disse animada, recebendo um olhar desinteressado. — Me chamo .
— Sou — disse ele, quase em sussurro.
— Está tudo bem? O Hula disse que é meu aluno — deixei a prancha encostada na rocha ao lado e me sentei ao seu lado. — Você já fez isso alguma vez?
— Não. Para ser sincero, não estou muito animado com essas aulas, só estou fazendo isso porque minha mãe me obrigou — ele manteve o olhar no horizonte.
Como eu poderia ensinar alguém que não quer aprender?
Soltei um suspiro frustrado, mas tentei me manter empolgada. Faria o meu melhor para que meu aluno gostasse de surf tanto quanto eu gosto do Elvis.
— Que tal começarmos pelo básico, então? — Disse, não me abalando por suas palavras. — Você sabe alguma coisa sobre a história do surf?
— Talvez.
— Bem, reza a lenda que o surf foi criado por um havaiano que se sentiu muito entediado por olhar para as ondas do mar e não conseguir atravessar seu interior, então ele percebeu que, assim como os barcos de madeira flutuavam na água, uma tábua de madeira… — Eu estava totalmente imersa em minha história, visualizando toda a cena diante de mim, até que senti o olhar confuso de em mim, me fazendo olhá-lo. — O que foi?
— Você está totalmente errada — disse ele.
— O quê? — Aquilo me deixou em choque.
— Você está errada. Há relatos de alguns historiadores de que o surf nasceu na Polinésia, que é um conjunto de ilhas do Oceano Pacífico — ele iniciou sua brilhante, e estraga prazeres, aula de história. — Acredita-se que o esporte surgiu quando pescadores perceberam que, usando uma tábua de madeira, era mais fácil chegar à margem do mar. Mais tarde, os exploradores polinésios cruzaram o Equador através da direção dos ventos e chegaram às ilhas havaianas, encontrando apenas formações rochosas, tempestades e poderosas ondas, onde iniciaram a sua civilização.
Eu revirei os olhos e me levantei, então fiquei parada diante dele com os braços cruzados.
— Você disse que não sabia — mantive minha expressão séria e pouco irritada.
— Eu disse que talvez — corrigiu ele.
— Não importa. Eu moro aqui, eu nasci aqui e já estudei sobre isso, mas esses historiadores não sabem de nada — descruzei os braços e peguei minha prancha. — Agora vamos à aula prática.
— Não está pensando que eu vou me jogar no mar com a sua prancha, não é? — Ele manteve um olhar assustado. — Eu não sei nadar.
Oh, não! Era só o que me faltava.
— Bem que eu gostaria de te ver se afogando agora — ri de leve, sem me importar com ele.
— É por isso que eu não queria fazer essas aulas — ele se levantou e deu impulso para ir embora.
— Espera — disse num tom mais alto. — A aula não acabou.
— Qual a parte de “eu não sei nadar” que você não entendeu? — Ele disse no mesmo tom que eu.
— A parte em que eu vou te ensinar que você não entendeu — retruquei.
Ele ficou sem reação. Claro que jamais me dou por vencida no primeiro obstáculo. Se convenci a todos que posso ser a tutora do Stitch, posso fazer esse nojentinho surfar…
E ainda vou ganhar o campeonato nacional este ano.
Você não pode apenas ficar bravo com o mundo
Só porque ele não vai do jeito que você quer
Não precisa disso.
Mr. Simple – Super Junior
Parte II — Ondas
Confesso que foi engraçado, para mim, tentar ensiná-lo a nadar na parte rasa da cachoeira Hanakapiai Falls. Claro que eu não seria tão cruel assim em jogá-lo ao mar de primeira e mandá-lo se salvar. Bem que eu queria, já que aquele mau humor dele me deixava quase depressiva, mas após dois quilômetros de trilha, com ele reclamando o caminho todo, lá estava aquele monumento da natureza diante de nós.
— Chegamos — disse empolgada.
— Por que me trouxe aqui? — Perguntou ele.
— Você não achou mesmo que eu ia te jogar no mar e deixar as ondas te levar, né? — O olhei com ironia.
Seu suspiro fraco já foi uma resposta positiva dele, o que me fez bufar irritada.
— Vamos começar com o básico. Você precisa perder qualquer medo que possa ter da água — expliquei a ele. — E nada como esse lugar para te ajudar.
— Por que aqui? — Perguntou ele.
— É o lugar mais lindo e tranquilo de Costa Na Pali — respondi. — Além do mais, aqui é bem mais raso que as outras que existem pela ilha.
— Hm — ele deu de ombros, como se não se importasse.
Eu respirei fundo e controlei meus impulsos. Se ele não era um teste de paciência para que eu desistisse de ser professora de surf, eu não sabia o que ele era. Mas, mesmo assim, juntei todas as minhas forças e empolgação.
As semanas foram passando…
E a cada caminhada pela trilha rumo a cachoeira, era uma surpresa nova sobre ele. Não gostar de frutos do mar era aceitável em partes – não posso julgar uma pessoa pela comida que ela não gosta de comer –, entretanto, não gostar de músicas foi a gota que faltava pra eu ter certeza do motivo dele ser tão mal humorado.
— Podemos não fazer isso hoje? — Perguntou ele.
— O que aconteceu? — Perguntei a ele. — Você foi tão bem ontem, já está pegando o jeito.
— Nada — ele voltou seu olhar para frente, mantendo a atenção na cascata de água que caía diante de nós.
— Sabe, se você quiser conversar… — Insisti.
O pouco tempo em que o conhecia, já tinha observado suas mudanças de humor. Sim, ele tinha algumas sutis variações de humor pelo dia e uma vez consegui até mesmo arrancar um sorriso discreto e tímido dele. Mas especificamente hoje ele estava com um olhar mais triste que o habitual.
— Não quero te encher com meus problemas — disse ele.
— Eu não me importo de te ouvir — olhei para ele.
Confesso que estava curiosa para saber mais sobre meu único aluno.
— No início eu achei que nossa vinda ao Hawaii seria apenas para as férias — iniciou ele, num tom baixo, mantendo o olhar para frente. — Até que descobri que eles estão se separando, e talvez eu vá morar com meu pai.
— Nossa… — Sussurrei. Eu não sabia o que dizer.
Ter sua ohana incompleta era doloroso e eu sempre sentia saudades dos meus pais. Mas, no caso dele, ambos estão vivos e desistiram da sua ohana.
— Eu sinto muito — sussurrei novamente. — Meus pais faleceram quando eu era pequena. Ainda sinto falta deles de tempos em tempos. No início foi difícil me adaptar à realidade, mas olhe pelo lado bom, seus pais estão vivos.
— Está tentando me consolar? Com a sua história triste? — Ele me olhou confuso.
— Só estou te fazendo ver o copo meio cheio — expliquei. — E não é para ficar com pena de mim, eu estou muito feliz com a minha ohana, tenho o Stitch, a Nina e David e em breve o pequeno bebê vai nascer. Não é completa, mas é a minha ohana.
— É bonito a forma que você fala, seus olhos brilham — ele sorriu de forma discreta e tímida.
Aquilo fez meu coração acelerar um pouco, de uma forma estranha e nova. Olhando-o assim, era bem bonito e tinha um olhar profundo. Era triste, mas profundo. Passamos mais algum tempo ali conversando sobre assuntos aleatórios que eu inventava para distraí-lo. Até mesmo contei quando conheci Stitch, de como nos tornamos amigos e virei sua tutora aqui na Terra. Engraçado foi quando eu mostrei a nossa foto fazendo cosplay do Elvis, e ele se assustou por Stitch ter quatro braços. Pobre inocente, nem mesmo quis acreditar que existia alienígenas quando contava a história.
— Sua vida parece ser bem legal — comentou ele.
— Bem, teve seus altos e baixos ao longo dos anos, mas saber que tinha uma família que me ama e me apoia foi o ponto crucial — contei a ele, certa em minhas palavras.
— Ohana quer dizer família — ele sussurrou o significado.
— Família quer dizer nunca abandonar ou esquecer — completei.
— Eu não tinha entendido esse significado quando você me disse pela primeira vez — comentou ele. — Mas sempre que me conta sobre sua vida, eu consigo entender um pouco melhor.
— Espero que, mesmo nesta situação, você possa encontrar apoio em sua ohana — disse como um desejo de amiga. — E, se quiser, pode se considerar parte da minha ohana, também.
— Sério? — Ele me olhou confuso.
— Claro, somos amigos — sorri de leve para ele e pisquei, arrancando assim um sorriso espontâneo e cativante de .
— Obrigado — disse ele, com um olhar agradecido.
— Pelo quê? — Perguntei sem entender.
— Por não ter desistido de ser minha professora — ele voltou o olhar para frente. — Passar essas semanas com você tem significado muito para mim.
Mas dias passaram e desistiu de aprender a surfar. Eu já tinha me dado por satisfeita de tê-lo ajudado pelo menos a aprender a nadar. Claro que enfrentar o mar era diferente de uma simples cachoeira, mas fiquei feliz quando ele disse que queria continuar tendo aulas comigo, mesmo que fosse somente para apenas me ver surfar.
— !!! ? — Eu ouvi a voz de Stitch me chamando ao longe.
Estava ainda sonolenta. Eu queria aproveitar ao máximo minhas férias antes de voltar ao cansaço das aulas. E mais, aproveitar cada segundo que ainda tinha no Hawaii. Ele tinha mencionado sobre ir para Nova Iorque com o pai no final do verão, o que deixou meu coração apertado por não saber se o veria novamente.
— Hm… — Resmunguei, cobrindo minha cabeça. — Hoje sou eu quem quero dormir, Stitch.
— Então tá, eu vou ali tomar café com seu aluno de surf no seu lugar — disse ele, com um tom provocativo.
— O quê?! — Descobri a cabeça e o olhei no susto. — está aqui?
— É… E a Nina o convidou para o café — ele riu da minha cara boquiaberta e saiu do quarto cantando Can’t Help Falling In Love.
Eu realmente tentei entender o que ele queria dizer cantando a música mais romântica do Elvis. Soltei um suspiro fraco e me levantei da cama. Em um piscar de olhos pisei em cima de uma blusa minha que estava jogada no chão e escorreguei, caindo de cara.
— Ai — reclamei de dor em um sussurro. — De onde saiu essa blusa?
De fato, eu não era um poço de organização, e meu quarto estava muito, mas muito bagunçado, dava até vergonha. Eu não podia deixá-lo assim, não quando tínhamos visitas e a mesma era meu aluno. Me levantei depressa e comecei a jogar tudo dentro do guarda-roupa. Assim que terminei, troquei de roupa e finalmente pude ir para sala. David estava de folga naquela sexta e Nina de atestado, devido a alguns desconfortos causados pela gravidez. Era emocionante acompanhar toda a gestação dela de perto, e no futuro eu seria a melhor tia que aquele bebê poderia ter.
— — disse, desviando meu olhar para ele, sentado no sofá, conversando com meu cunhado.
Seu olhar parecia ainda assustado por nossos amigos do espaço. Stitch estava com o joystick na mão jogando algo que eu não entendi o que era com Jumba. Já Pleakley estava na cozinha com Nina, aprendendo a preparar mais uma receita – ele realmente tinha se descoberto no ramo da culinária.
— Ah, finalmente — disse Stitch de uma forma debochada.
O ignorei.
— Bom dia, — se levantou do sofá com um olhar tímido. — Me desculpa vir aqui cedo, não é nosso dia de aula…
— Não tem problema, não tenho nada de importante para fazer hoje mesmo — comentei.
— , você não ia treinar um pouco para o campeonato de surf? — Perguntou David.
— Surf é algo para se viver o momento, e não para ser treinado como uma corrida de obstáculos — retruquei.
— A gente pode caminhar um pouco, então, depois do café? — Sugeriu .
— Claro — assenti, controlando minha empolgação interna.
Era bem diferente agora que ele estava um pouco mais aberto para conversas e menos mal humorado também. Nossa aproximação foi difícil no início, mas aconteceu de uma forma bem suave. Após o café, que foi totalmente bombardeado por indiretas de Stitch ao som de Elvis, seguimos pela trilha que dava a nossa cachoeira favorita.
— Estou curiosa para saber o motivo da sua visita — comentei assim que chegamos ao local e me sentei em uma das rochas.
— Eu… Só queria te ver — confessou ele, permanecendo de pé.
— Me ver? — O olhei surpresa.
— Gosto da sua companhia — disse ele, num tom mais baixo.
— Isso me deixou surpresa… — Admiti. — Mas eu também gosto da sua companhia — confessei. Internamente, eu lutava para não pensar que ele iria embora no final do mês.
— Eu não sei se poderei te ver de novo, depois que for para Nova Iorque — disse ele, voltando seu olhar para mim. — Por isso, quero guardar todos esses dias com você na minha memória.
Suas palavras me deixaram um pouco emocionada. Quem diria que realmente nos tornaríamos amigos?
— Eu também vou guardar na minha memória — assegurei a ele.
— — esticou sua mão para mim.
De início não entendi o motivo, mas assim que me levantei da rocha e peguei em sua mão, ele me puxou de leve para mais perto e me abraçou, forte e carinhosamente. Aquilo me deixou estática de início, mas aos poucos retribui o abraço, conseguindo sentir até seus batimentos cardíacos tão acelerados quantos os meus.
Finalmente o campeonato de surf tinha chegado, próximo do final das férias de verão, mas com grande estilo. Era meu momento de brilhar dentro do tubo. Não foi difícil manter a concentração e colocar o meu peso na perna de trás, para manter a borda da prancha na parede. Apesar do mar agitado, foi divertido e mais uma vez obtive uma boa pontuação que me rendeu o segundo lugar.
Falando com sinceridade?
Não me importava de perder para o surfista mais talentoso e experiente de Los Angeles, que veio competir na minha ilha. Estava mesmo feliz por ter ficado na frente da Edmonds e seu nariz esnobe. Subi no pódio improvisado, recebi minha medalha e o troféu do segundo lugar. Minha família logo se aproximou para me dar os parabéns. Consegui ver o olhar orgulhoso de Stitch para mim, seguido de um sorriso engraçado. Em meio as pessoas que me parabenizaram, senti alguém segurar a minha mão e me puxar para longe da praia.
Era , que me guiou em direção a trilha para a nossa cachoeira. Era nosso lugar exclusivo. Eu coloquei meu pequeno troféu no chão e olhei para ele.
— Por que me trouxe aqui? — Perguntei a ele, curiosa.
— Hoje é meu último dia na ilha — revelou ele.
— Já? — Aquilo me pegou de surpresa.
— Sim — assentiu.
— Eu não estava preparada para isso — confessei.
— Me desculpe — sua voz falhou um pouco.
— , a culpa não é sua — eu segurei em sua mão, o fazendo me olhar. — Às vezes essas coisas acontecem na nossa vida, mas o que importa é que teremos boas memórias para lembrar no futuro.
— Obrigado por me dar boas memórias — ele entrelaçou nossos dedos. — Foi o melhor verão da minha vida.
— Concordo, este também foi o melhor verão da minha vida — sorri de leve para ele.
Ficamos nos olhando em silêncio por um tempo, até que tive uma ideia.
— Aqui — eu retirei a medalha do meu pescoço e coloquei no dele. — Assim, nem mesmo se quiser, vai se esquecer de mim.
— Mas… É sua medalha da vitória, , não posso ficar com ela — disse ele, estático com minha atitude.
— Eu vou ficar com o troféu. Por favor, fique com a medalha — insisti. — Quem sabe, no futuro, você sinta vontade de aprender a surfar.
Ele sorriu com timidez.
— Claro que não vai ser tão bem quanto eu — assegurei a ele.
permaneceu em silêncio e foi se aproximando lentamente de mim. Em instantes, senti o toque dos seus lábios nos meus. Ao fechar meus olhos, meu coração já estava acelerado e minhas pernas trêmulas. Uma sensação nova para mim, que nunca tinha vivenciado algo assim. Talvez meus sentimentos por fossem maiores que uma simples amizade.
Será que a canção que Stitch passou os últimos dias cantando estava certa?
E eu estava apaixonada?
E após esses três anos, em nenhum dia eu deixei de pensar em , com a esperança que vê-lo novamente.
— ! — Ouvi uma voz me chamar.
Conhecida e suave, que fez um sorriso se abrir em meu rosto. Movi meus pés na areia da praia e me virei de costas para o mar, para ver o dono da voz.
Meu coração acelerou de imediato assim que meus olhos encontraram os dele, com um sorriso singelo e cativante no rosto.
— — disse seu nome, mantendo meu sorriso no rosto.
Os sábios dizem que só os tolos se entregam
Mas eu não posso deixar de me apaixonar por você
Poderia estar?
Seria um pecado se eu não pudesse deixar de me apaixonar por você?
Can’t Help Falling In Love – & Stitch (Elvis)
Fim
Subscribe
Login
0 Comentários