Natashia Kitamura
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O Que é o Amor?

  Eu era pequeno e não sabia muito sobre consequências. Meu único desejo era de me divertir como nos desenhos e nos filmes infantis; ser uma criança normal. Creio que isso não fora possível, já que, durante meu primário, ginásio e colegial, não tive como sair sem seguranças, ter colegas que queriam andar no meu carro ou visitar minha mansão localizada no Upper East Side. Não tive um primeiro amor, nunca entrei para algum time escolar e não fui na festa de celebração dos formandos por chamar bastante a atenção. Fora uma perda de tempo para os paparazzis estarem lá me esperando e eu não aparecer.
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  E então, como se fosse num passe de mágicas, eu havia completado meus 21 anos. Poderia tomar conta de mim mesmo e arcar com minhas próprias atitudes. Com este pensamento, disse a meus pais que queria uma nova vida. Queria sair daquele cotidiano onde o mais era mais e o menos era menos, economicamente falando. Eu já não aguentava mais ver as pessoas atrás de mim dizendo frases legais e se esforçando para eu deixar que elas andassem ao meu lado apenas para dizerem que estão ao meu lado. Essa falsidade que pairava em minha volta me revoltava, fazendo pensar que minha vida inteira era uma farsa.
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  Não foi necessário muito para convencer os dois de que a Califórnia era o melhor lugar para mim. Mesmo eles querendo que eu fizesse a NYU (New York University), dei um jeito de provar que a UCLA (University of California, Los Angeles) era o melhor lugar para eu amadurecer. Eles conversaram com os advogados e nós conseguimos – claro, o que ricos não conseguem? – uma identidade falsa para que eu pudesse me inserir na universidade sem ter de aguentar o peso do meu sobrenome influenciando minha vida.
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  Todos os dias de madrugada, antes mesmo da cinco da manhã, maquiadores vinham à minha casa mudar meu rosto, para que eu não pudesse ser reconhecido nos campus da universidade de Los Angeles. Como a maioria dos alunos que possuíam carros por lá eram ricos, não fazia muita diferença eu aparecer com um Volvo, além do mais, ninguém se atrevia a chegar perto de mim por causa da minha péssima aparência. De todas as minhas características, a única coisa que fora mantida em meu rosto foram meus olhos. No início, tudo era perfeito. Maravilhoso, para dizer a verdade. Ser ignorado, não ter pessoas por perto para me amolar ou se intrometer em minha vida… Contudo, depois de um tempo, a posição começou a me aborrecer. Eu sentia falta das pessoas virem falar comigo por vontade própria, não me olharem com repugnância.
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  Conversei com os advogados e meus pais sobre o assunto, para que eu voltasse a ser como era. Fora dos meus planos, as coisas não aconteceram da maneira que eu queria. Eles haviam assinado um contrato com a UCLA para manter minha imagem daquela maneira por dois dos quatro anos de curso; tempo o suficiente para que as pessoas amadurecessem e parassem de achar que qualquer um poderia se tornar meu amigo. Faltavam ainda dois meses para o contrato acabar, mas eu estava morrendo no tédio e no aborrecimento. Não aguentava mais ser motivo de piada ou brincadeiras de mal gosto que achava somente ver alguém enfrentar no colegial. Não aguentava mais ter de passar todos os finais de semana preso em casa porque não queria usar aquela maquiagem grotesca. Conforme o contrato, não pude voltar a ser o que era, tinha que lidar com tudo aquilo.
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  Eu já não conseguia mais suportar todo aquele ambiente. Todos os dias, durante a hora do almoço, os grupos de amigos se juntavam na enorme sala de refeição da universidade para comerem juntos. A mesa que eu sentava acabou se tornando a mais indesejada da universidade. Por mais comprida que ela fosse, ninguém sentava por perto, muito menos, nela. Depois de um tempo ali, estar na minha companhia significava ser um perdedor. Ninguém queria ser um perdedor. Não era legal ser um.
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  Era possível ouvir cochichos ou risadas com dedos apontados em minha direção. Era verdade, minha aparência era horrível demais para um cara que anda com um Volvo esportivo. Havia cansado de ouvir garotas se questionarem entre si por que eu não gastava dinheiro com minha aparência, ao invés de comprar um carro. Minha personalidade orgulhosa queria tirar aquela máscara de maquiagem do meu rosto e fazer da vida de todos, um inferno. Entretanto, não poderia perder o voto de confiança de meus pais. Queria ser digno do posto de presidente da empresa quando saísse da universidade e agir como um garoto mimado não era a resposta que eles queriam ver em mim.
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  Eu não tinha nenhum amigo. Ninguém para me chamar para uma festa na sexta ou convidar para um churrasco no final de semana. Eu via as pessoas combinarem saideiras e me atrevia a sorrir para elas, que logo faziam uma careta e se afastavam de mim rapidamente; agiam como se estivéssemos na escola, como se fossem crianças, como se eu tivesse alguma doença.
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  Era uma quinta-feira quando ela parou à minha frente. Eu comia com os olhos grudados em um livro, a única maneira que achei para fazer com que o tempo passasse rápido. Na universidade, era proibido se manter na sala de aula durante o intervalo, pois casos de furto acontecia e os alunos que estavam presentes eram culpados, prejudicando até os inocentes. Olhei para cima ao sentir ser observado por um longo tempo – algo que nunca acontecera desde meu primeiro dia de aula. Vi seus olhos castanhos me encarando como jamais pensei que alguém pudesse me olhar enquanto estivesse usando a minha máscara. Havia um sorriso estampado em seu rosto e a bandeja em mãos.
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  - E-eu já estou indo… – comecei a falar, juntando a comida espalhada na mesa em cima de minha bandeja.
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  - Não, não! – ela disse rapidamente, apoiando a bandeja que segurava e esticando um de seus braços para me impedir de continuar. – Eu só queria saber se há alguém sentado aqui. – com a mão livre, apontou para a cadeira vazia à minha frente. Olhei para os lados e vi grande parte do refeitório nos encarar, sérios ou boquiabertos. Encolhi os ombros imperceptivelmente e voltei a encará-la.
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  - Não… Não há ninguém. – disse baixo.
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  - Você se importa?
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  Ninguém, assim como eu, acreditava que ela queria mesmo sentar ali. Eu poderia até duvidar que ela estivesse dentro de algum tipo de aposta, mas tão rápido quanto pensei no fato, desisti. Já havia visto pessoas tentarem se aproximar de mim por aposta e não conseguirem. A humilhação de estar com o cara mais feio da universidade e ser alvo de sua atenção era demais para todos que se acham “legais”. Silenciosamente, fiquei a observando se sentar em minha frente e arrumar os pratos em sua bandeja, como fiz com a minha. Doces mais longe, bebida, mais perto. A mesma regra da ordem do que irá ingerir primeiro mais próximo. Ao me ver encarando-a, sorriu:
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  - Hoje está lotado. – apontou ao redor. – Obrigada por me deixar sentar aqui. A propósito, sou . – e estendeu a mão para me cumprimentar.
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  Desajeitadamente, por fazer tempo que não necessito reagir a este tipo de cumprimento, o fiz.
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  - Sou .
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  - … – ela repetiu pensativa. – É um nome muito bonito. – finalizou com um sorriso.
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  Um tempo passou até que consegui juntar coragem de lhe perguntar:
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  - Por que está falando comigo?
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  Seus olhos se levantaram em surpresa e o garfo parou à caminho da boca, sendo levado de volta para o prato sem perceber. Ela não parecia entender minha pergunta.
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  - Por que não falaria?
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  Eu não conseguia entender a razão daquilo tudo. Ela estaria brincando? Ou seria uma novata na área? Diversas perguntas passavam pela minha cabeça, mas nenhuma parecia ser fácil de ser respondida. Não para uma pessoa como eu, que era excluída do círculo de contato de todos os alunos de UCLA. Remexi meu traseiro no assento quente e vi que, gradativamente, os alunos que não falavam para prestar atenção em nós dois voltavam a conversar.
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  - Ninguém fala comigo. Na verdade, você é a primeira. – apontei para o lado com a cabeça, fazendo-a perceber que éramos agora o centro das atenções. Mesmo todos fingindo discutir sobre algum assunto alheio, suas atenções estavam, na verdade, cravados em nós dois. abriu a boca em surpresa e me encarou.
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  - Você é algum artista?
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  - Eu sou feio.
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  Ela hesitou por um instante, seus olhos voltando a se arregalar e me analisando por um longo tempo.
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  - Feio?
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  - Você não acha? – levantei as sobrancelhas finas demais para meu rosto. Ela me analisou por alguns instantes, e então disse:
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  - Na verdade… Não, não acho.
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  Foi quando tudo começou.
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  - Um sorvete, talvez? – eu disse, pouco depois de ter se posto ao meu lado.
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  Um mês havia se passado desde a primeira vez que ela havia falado comigo no refeitório. Conversando, ela ficou sabendo de tudo o que passei e descobri que ela era tão desligada quanto eu durante a aula de gestão empresarial. era… Ingênua. Não via as pessoas de verdade até conhecê-las. Se importava apenas com seu mundinho – que era bem mais rosa do que o de muitos. A partir de então, passei a andar com ela, afim de gastar meus últimos três meses na companhia de pelo menos uma pessoa que me desse atenção, o que me fez me sentir muito melhor do que quando eu era sozinho. Caminhando ao lado de , pude ver que não importava quem fosse aquele que praticava bullying comigo, o importante é você saber que tem alguém do seu lado.
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  - Desculpe, , tenho uma entrevista de estágio hoje. – ela diz com os passos apressados que eu só percebi a estar acompanhando porque minhas pernas eram muito mais compridas do que as dela. – Naquela agência literária, lembra?
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  - Ah, sim. – coloco as mãos no bolso. – Quer uma carona? – vejo-a me encarar com um grande sorriso.
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  - Mesmo?
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  - Por que não? Vamos lá. – sorrio e a ouço me agradecer diversas vezes seguidamente.
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  Entramos em meu Volvo e dou a partida enquanto, como sempre, vejo as pessoas nos encararem, enojadas. Aquilo não era mais importante para mim e por sorte, tampouco para , que no momento encarava para seu histórico escolar que havia retirado na hora do intervalo na secretaria.
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  - Então… Se você conseguir…
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  - Não é como se eu quisesse trabalhar lá, você sabe. – ela começa a dizer, e a olho surpreso, voltando a encarar o trânsito que era para sair da faculdade. – É só que eu preciso do trabalho, senão meus pais… Bem, você sabe.
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  Eu sabia. Os pais de eram contra toda essa filosofia de literatura e aulas com histórias. Eles eram cientistas e queria que a filha do meio fosse advogada, já que a mais velha era médica e a mais nova já dera sinais de que seguiria a mesma carreira dos pais. Eles queriam ter uma médica, uma advogada e uma cientista para que as três pudessem cuidar da empresa deles. nunca fora boa com argumentos e seu coração sempre fora bom demais para julgar alguém em corte. Ela tentou fazer um ano de direito, mas desistiu logo depois que fora obrigada a condenar alguém à morte. Chorou durante a apresentação.
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  Com isso, os pais dela perceberam que ela não era exatamente o que eles esperavam, então decidiram que seria melhor para ela se ela fosse a administradora, porém, era péssima com números e logísticas, não conseguiu entrar em Harvard. Foi quando disse querer trabalhar com livros. Demorou um ano para convencer os pais a deixá-la fazer o que queria. Eles então criaram um acordo em que ela deveria provar a eles que teria uma boa vida fazendo o que queria fazer. Não foi exatamente o que ela conseguiu mostrar nos dois primeiros anos e meio da faculdade. Morava nos dormitórios da universidade e fazia alguns bicos. Mesmo assim, sempre dizia aos pais por telefone que ela estava ótima e adorando o curso, o que não era o que sua expressão dizia.
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  Depois que soube da história, achei um pouco esquisito este tipo de acordo entre pais e filha, mas como eu queria ao meu lado por ser a única pessoa no mundo que jamais iria me olhar com quaisquer olhos, decidi aceitar e ignorar o caso. Porém, não pude deixar de lado por muito tempo. disse que se ela não conseguir provar para os pais que estava dando tudo certo em sua vida, eles a levariam de volta para Washington, onde moravam. Ela odiava a cidade do presidente. De acordo com ela, tudo era virado a ele.
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  - Você tem que ver em épocas de eleição, a cidade inteira se pinta de vermelho, branco e azul, chega a ser bizarro. – ela comentou quando falávamos sobre o assunto.
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  Eu estava me preparando para chamá-la para passar o natal comigo. Ela sempre comentou como queria ficar longe dos pais dela um pouco para respirar, porque mesmo estando na Califórnia, eles não paravam de atormentá-la por estar fazendo algo que eles não aprovavam. Tive essa ideia então de levá-la até minha casa de praia em Malibu para que meus pais pudessem conhecê-la, já que qualquer pai consciente que soubesse do meu caso, iria querer conhecer a única pessoa do mundo que falou com o filho-terrivelmente-modificado-para-parecer-grotesco. Eles sabiam que ela não era qualquer pessoa.
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  Por mais que eu não percebesse, de vez em quando, me pegava pensando o que era de verdade o que eu sentia por . Ela era uma garota normal. Não daquelas arrumadas como as que eu convivi em Nova York desde sempre e que são maioria aqui na Califórnia.
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  Não era uma tarefa fácil. era uma pessoa correta. Que sabia diferenciar o certo do errado e, imagino eu, o amor de amigo com amor… Bom, amor.
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  - Posso ficar te esperando? – pergunto assim que parei à frente do prédio que seria a entrevista dela. Ele era pequeno, chuto que tinha no máximo dez andares, o aspecto velho para uma cidade moderna como Los Angeles. Não haviam porteiros ou seguranças. Me pergunto se era seguro ela ficar por ali.
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  - Não precisa se preocupar, . – ela sorri, enquanto fechava a porta do carro. – Sei pegar um ônibus daqui para casa.
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  - Sim, mas é que eu queria falar com você sobre algo importante. – digo nervoso e ela pareceu entender. Eu devia estar com ‘urgente’ estampado no meio da testa, porque ela apenas abriu um meigo sorriso e concordou. Disse que me daria um toque quando tivesse saído.
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  Só achei um lugar para estacionar alguns quarteirões atrás, depois de duas voltas que havia dado. Não sabia o quão difícil era achar um lugar para estacionar na rua. Fiquei ligando o celular de tempo em tempo para ver se havia perdido sua ligação; se não fazia isso, olhava para os lados, preocupado. Liguei para meu segurança e pedi para que ele ficasse por perto, já que não gostava deles na universidade, para que minha identidade não fosse descoberta.
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  Achava que meu celular estava quebrado, quando ligou dizendo que já estava no elevador. Liguei o carro rapidamente e o levei até a porta, onde ela entrava desanimada:
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  - Conseguiu? – perguntei e a vi negar com a cabeça.
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  - Eu não sou o tipo de gente que eles queriam para a vaga, disseram. – falou entristecida e suspirou. – Para onde vamos?
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  - Tomar um sorvete. Agora temos uma razão a mais para comer o melhor doce existente no mundo. – acelero, a ouvindo rir enquanto colocava o cinto de segurança.
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  Assim que entramos na sorveteria, pudemos ver alguns dos alunos da universidade, por causa de seus olhares intensos para cima de nós dois. O fato era que apenas os alunos me olhavam dessa maneira. Tudo bem, algumas outras pessoas também, mas não todas. tampouco se importava, olhava com atenção para os sorvetes que iria escolher em sua casquinha. Apontou para alguns e recebeu seu copo com generosas bolas verde, vermelha e marrom. Olhou para mim e apenas disse que queria o mesmo.
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  - Não sabia que tínhamos o mesmo gosto! – ela sorri como se tivesse acabado de descobrir o mundo. Abro um pequeno sorriso e me sento em uma mesa mais afastada de todo mundo. – O que você tem para falar? – perguntou assim que se sentou em minha frente com nossos sorvetes.
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  - Na verdade, eu queria saber o que você tem planejado para o natal.
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  - Hum… – ela para de tomar o sorvete e olha para cima pensativa. – Estou ainda pensando, meus pais não deixarão eu passar o natal longe por qualquer motivo.
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  - Você quer passar comigo? – pergunto, a vendo olhar para mim surpresa. – Meus pais passam em Malibu e é muito chato.
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  - Entendo. – ela concorda, sem perceber que provavelmente estava dizendo que eu achava chato porque era feio. Assim se tocou do que dissera, olhou para mim com os olhos arregalados. – N-não é isso!
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  Solto uma gargalhada. sempre dava este tipo de resposta quando está desligada do mundo e então acaba por se tocar do que havia falado, ficando desconcertada. Obviamente nunca me deixei entender pelo lado errado, mas simplesmente acho divertido vê-la tentar se corrigir.
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  - Você tem certeza de que está tudo bem? – ela pergunta, insegura. Concordo veemente e então a vejo sorrir para mim. – Tudo bem então. Vou passar o natal com você, desde que não se esqueça do meu presente.
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  - Nem você do meu. – falo com um grande sorriso tornando a tomar meu sorvete, tão doce quanto minha animação em receber o feriado de final de ano.
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  Naquele mesmo dia, liguei para meus pais para avisá-los de que estaria levando uma amiga. Minha mãe me perguntou se era uma namorada e eu disse que ‘não viajasse’, afinal, quem é que iria querer namorar um cara feio como eu? Minha mãe riu e disse que eu ainda era muito inexperiente com assuntos do coração, mas que ela julgaria o caso melhor quando conhecesse . Revirei os olhos depois de desligar o telefone, porque minha mãe sempre achava que sabia o que é o amor, mesmo tendo se casado com meu pai por obrigação, devido aos negócios da família dos dois.
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  Por não ter nenhum amigo, conversava sempre com os advogados dos meus pais, que não eram tão velhos, mas poderiam ser cerca de 10 anos mais velhos que eu. Mesmo assim, era melhor conversar com eles do que com uma pessoa que estivesse prestando atenção em minha feiura, do que em minha conversa. Além do mais, com os advogados eu poderia ser eu mesmo, ignorando todos os quilos de maquiagem.
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  - Olha só quem chegou sorrindo pela primeira vez em meses! – Joshua disse, colocando sua pasta em meu sofá na tarde de sábado. A semana seguinte seguiu com as últimas aulas do semestre mas, por haver um feriado na quarta-feira, todos os alunos já comentavam na universidade que iriam faltar. Quando perguntei à se ela iria nos quatro dias restantes, disse que iria com certeza na segunda, por ter de entregar um relatório para um de seus professores, que mandava uma carta aos pais de com honorários da filha, meio que ela encontrou de fazê-los aceitarem sua escolha.
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  Olhei curioso para Joshua, enquanto Matthew estava na cozinha por ter trazido nosso jantar.
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  - Você ainda não tirou isso? – Evan era o mais novo de todos, três anos mais velho que eu, mas estudamos juntos numa aula extra que eu fiz a pedido dos meus pais em Nova Iorque. Por ter pego uma grande amizade com ele, perguntei se não poderia me representar como meu advogado, quando as pessoas procurassem por mim, já que tive que sair da mídia em Nova Iorque e no mundo. Ele teve de estudar ainda mais, pois Matthew e Joshua são advogados já renomados e com uma boa fama de representar pessoas importantes. Eu era a primeira da lista de Evan, que ainda se esforçar para melhorar e chegar no nível dos outros dois. Dessa maneira, Evan fechou o círculo de advogados da minha família.
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  Passei a mão no rosto e suspirei:
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  - Tive de sair hoje de manhã para ir a um museu com uma amiga. – falo, percebendo a surpresa expressa em todos os rostos, inclusive de Matthew, que voltara da cozinha. – Pois é. – concordei.
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  - Quem é? – Joshua perguntou, pegando seu iPad. Como sempre, seus deveres eram saber com quem eu estava andando.
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  Uma vez, um conhecido de meu pai que era uma grande influência na Rússia teve seu filho raptado por um grupo de socialistas rebeldes. O grupo se fez de amigo do garoto por quinze anos, até quando o menino formou 21 anos, tendo posse de parte da conta familiar. Foi um enorme desfalque para toda a família e meu pai, assim como outros homens influentes do mundo, acabou por encerrar contato com o conhecido, de modo que o cara entrou em falência e se suicidou com a repentina mudança de situação econômica. Ao ver o exemplo dele, meu pai mandou os advogados da família sempre conferirem a ficha pessoal e criminal das pessoas que fossem mais próximas à mim, o que foi um pequeno problema para eles, considerando quando estou em minha aparência normal e todos se aproximam por interesse. Podemos até dizer que esta minha atitude fora oportuna para eles, que não tem tanto trabalho a fazer quanto quando estou em Nova Iorque.
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  - . . – respondo obediente. Ao contrário de todos os filhos de milionários do mundo, não tenho a intenção de ser rebelde e nem causar na mídia para chamar a atenção. Da maneira que meus pais mandam eu fazer, se não sou contra e acho que não será um problema para mim, faço sem pestanejar. – Quer saber o que eu sei sobre ela? Que ela me disse?
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  - Vá em frente. – Joshua se sentou no sofá com seu iPad, enquanto Matthew trazia uma taça de vinho para nós.
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  - Bem, seus pais são cientistas. Trabalham no ramo, acho que possuem uma empresa, mas não sei o nome. É a irmã do meio; a mais velha é médica clínico geral e a mais nova está para entrar em uma universidade para seguir a mesma carreira dos pais. Estudou em uma escola de freiras, por isso, tem a tendência a não ser nada religiosa. – pauso para saber se as informações coincidiam com as que Joshua estava lendo, porém, tudo o que ouvi fora um ‘uhum’ dele. – Passou uma vez as férias em Aspen porque seu pai queria que ela praticasse o snowboard, mas por viver em uma cidade praiana, odiou toda a neve. Sempre passa o natal com eles em Washington. – Certo, não há nada que não bata. – Joshua fechou a capa de seu iPad e me remexo em meu sofá, o vendo perceber minha ansiedade. – O que foi, ?
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  - Bem, no seu relatório… – mexo as mãos sem graça. – Tem como saber algum histórico sobre… Hum… Ex-namorados?
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  Vi os três me encararem com um olhar cômico, como não acreditassem que eu estava perguntando sobre a lista de ex-namorados de . Não os culpo, em toda nossa vida juntos, nunca demonstrei interesse algum sobre qualquer mulher. Mesmo minha mãe, tudo o que eu não sabia sobre ela, perguntava-lhe eu mesmo. Com a minha falta de interesse em relacionamentos, meus pais se preocupavam em terem de arranjar uma esposa para mim quando fosse um pouco mais velho, algo que não sou contra, já que não acredito muito no amor. Até então.
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  - O que essa cara feia fez com sua segurança, ? – Evan brincou comigo, fazendo com que eu carrancasse com seu comentário.
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  Era verdade. Minha personalidade sofreu uma drástica mudança desde quando me tornei feio. O fato de ter pessoas me julgando apenas porque meu rosto não é dos mais bonitos me fez pensar se era aquilo mesmo o que eu gostaria – ou talvez os maquiadores tenham exagerado um pouco na dose de simplicidade.
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  - Sem ex-namorados, satisfeito? – Joshua comentou quando eu estava prestes a retrucar Evan, enquanto isso, podia ouvir as risadas silenciosas de Matthew ao meu lado. Por ter recebido a resposta da maneira que eu queria, não me preocupei em continuar a discussão, pois sabia que argumentar contra três advogados não seria uma boa escolha. Assim que me lembrei sobre minha atual relação com , o sorriso sumiu de meu rosto, dando espaço à preocupação. Por não serem burros, os três logo se entreolharam. – Você ainda não falou para sobre sua verdadeira identidade? – ele decididamente era o advogado do meu pai. Olhei para sua expressão e era como se eu estivesse em um psicólogo. Era óbvio que ele havia entendido tudo. – Você terá que fazer.
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  - Eu sei. – respondo, sério. – Estou apenas pensando como.
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  - Seu pai veio perguntar sobre a garota. – Joshua falou. – Assim que desligou o telefone, até sua mãe ligou para Matthew para saber mais sobre ela. Você nunca foi de apresentar garotas aos dois, ela estava um tanto desconfiada.
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  Revirei os olhos de acordo com o que ouvia. Minha mãe sempre foi um pouco ciumenta comigo e meu irmão mais novo, mas isso nunca quis dizer que ela iria odiar nossas escolhas. Thomas sempre foi mulherengo e trouxe várias garotas para casa dizendo ser sua nova namorada, enquanto eu sempre evitei fazer rebuliço, pois a cada nova garota que chegava, minha mãe achava que ele estava prestes a se casar. No entanto, meu irmão e meu pai sempre disseram que eu seria a primeira pessoa a se casar dentre nós dois. Dessa maneira, minha mãe parou de se preocupar com Thomas e passou a procurar pretendentes para mim; obviamente, ela não se sucedeu e acabou por aceitar que se quiser ter uma nora por mim, terá que aguardar eu escolher.
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  Quando falei para meu pai que iria passar o natal conosco, a primeira coisa que ele perguntou foi: “Filha de quem?” Meu pai sempre foi a favor de casamentos arranjados, assim como aconteceu com ele e minha mãe. No entanto, ele somente tem essa opinião porque o casamento dele deu certo, assim, acredita que outros darão também. Honestamente, conhecer minha futura esposa uma semana antes de me casar com ela não é a maneira que eu me vejo ter em meu futuro. Além do mais, sempre fui do tipo de homem que sempre gostou de fazer as coisas por mim mesmo, e não depender dos outros. Entretanto, como havia dito antes, se chegar a um momento que preciso me casar para mostrar mais seriedade à vida e receber o título de presidente por ser o primogênito, não me importaria de dizer ‘sim’ ao padre com uma mulher desconhecida ao meu lado. Meus pais não escolheriam uma pessoa qualquer; de acordo com a educação que me deram, não exigiriam menos para uma esposa.
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  Olhei para o calendário digital que marcava em um objeto grudado na parede e vi que faltavam apenas alguns dias para o natal. Meus planos era que se não fosse na semana que vem para as aulas, nós pegássemos o meu jato para Malibu, onde meus pais já se encontravam com Thomas e a namorada da vez. Porém, como ela dissera que iria na segunda-feira, terei de esperar três dias para informar aos meus pais e meus seguranças, quando irei para a ilha.
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  Assim que a vi entrar no carro com a cara emburrada, soube que não seria o melhor momento para perguntar sobre nossa viagem.
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  - Parece que vai explodir de tão vermelha que está.
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  - Estou prestes a cometer um assassinato! – ela diz nervosa e solta o ar, fechando os olhos e relaxando o corpo. – Eu daria de tudo por uma massagem agora. Daquelas de torcer o corpo e me querer fazer dormir o resto do dia para acordar revigorada.
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  Marco em minha mente o presente que darei para ela no dia de Natal, estava preocupado que não encontrava nada para lhe dar, já que ela sempre está feliz com tudo e não costuma dizer que quer alguma coisa. Por isso, quando ela dá algumas gafes assim, devo prestar bastante atenção e exercitar minha memória para que ela ganhe de mim algo que queira ou esteja precisando.
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  - Por que tanto ódio? – pergunto, dando partida no carro.
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  - Aquela professora maldita. – resmunga. – Só porque eu pedi para sair quinze minutos mais cedo, me mandou trazer um relatório do livro do semestre amanhã. Acho um absurdo, pois de trinta e sete alunos, apenas eu e mais cinco fomos na aula.
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  - Então quer dizer que amanhã terá de vir à universidade novamente? – pergunto desanimado. Não havia percebido que minha expressão tomou conta de meu tom de voz, pois vi seu olhar sem graça olhar para mim.
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  - Quando iremos à Malibu?
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  - Bem, eu queria marcar o voo para amanhã pelo início da tarde. Conversei com algumas pessoas da área que conheço e elas me disseram que amanhã será um bom dia para voar.
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  - Ah. – olhou para fora um tanto desesperada. – Bem, você pode me deixar em casa agora para fazer meu relatório e então peço para minha amiga entregar amanhã para a professora. Só que terei que desmarcar nosso cinema hoje.
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  - Bem, eu poderia então ficar na sua casa para ter a sua companhia? Onde estou não tenho nada para fazer.
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  - Sua tia ainda não chegou? – ela perguntou arrumando a mochila no colo, entro na próxima rua e olho para ela, negando com a cabeça. – Bem, então tudo bem, desde que não me atrapalhe.
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  - Ficarei quieto como um bicho preguiça. – comento.
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  De fato, eu era um bicho preguiça.
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  Assim que chegamos à casa dela, me deitei em sua cama enquanto ela se acomodava em sua escrivaninha. Logo que a vi abrir a tela de seu notebook, não demorei a fechar os olhos e cair em sono profundo.
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  - , … – ouvi meu nome. Abri os olhos lentamente, pronto para reclamar com a pessoa que me acordou, mas então percebi que era li. – Já são nove da noite.
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  - Ah… Terminou o trabalho? – perguntei coçando os olhos.
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  - Relatório. – me corrigiu. Balancei a mão informando que não me importava e a ouvi responder: – Sim, terminei fazem algumas horas.
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  - E por que não me acordou?
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  - Você não parece ser uma pessoa que dorme muito. – ela sorri. – Então deixei você com seu sono e aproveitei para tomar um banho e arrumar as minhas malas para amanhã.
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  - Quer dizer então que você já pode ir comigo para minha casa?
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  Era impressionante como eu me sentia confortável perto dela, a ponto de me esquecer que eu não era eu, o cara de Nova Iorque que quando dizia para garotas que as levaria até minha casa, elas se sentiriam as garotas mais sortudas do mundo. Pareci um imbecil e aposto que minha expressão acompanhava, quando vi os olhos de se arregalarem e suas bochechas corarem.
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  - O que eu quis dizer… – comecei a falar sem graça. – É que assim nós podemos acordar mais tarde amanhã e eu economizo gasolina para vir te pegar e irmos até o aeroporto.
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  - A-ah… Sim… Bem… Acho que não tem problema… – ela se levanta e dá uma risada sem graça. Olhou para a pequena mala e me pergunto quando é que roupas de duas semanas e meia de viagem caberiam ali, mas não a questionei. Ao contrário, prestei muita atenção em sua reação, me divertindo com seu desconcerto e as maçãs do rosto tão vermelhas quanto o sangue.
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  Mesmo vindo para minha residência, não fizemos nada mais do que somente jantar algo deixado por Matthew e então assistirmos um filme. Minhas malas, como sempre eram feitas pelas fashion stylists contratadas para manter uma boa imagem minha e de Thomas. Assim, tudo o que precisava estava dentro da mala – que era o triplo da mala de -, depositada no hall de entrada da cobertura.
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  Malibu é um ótimo lugar quando se está cansado. Sempre achei ótimo o fato de, mesmo estando no inverno, o tempo não parecer frio, estando frio. Eu e chegamos para o almoço do dia 24. Entre problemas de tempestade e os atrasos com os voos, mudando nosso roteiro duas vezes, finalmente chegamos à mansão onde meus pais, Thomas e sua nova namorada nos aguardavam com sorrisos no rosto.
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  Meus pais não pareceram tristes com . Sempre foram pessoas justas que, como a própria , apenas enxergam depois de conhecer uma pessoa. Além disso, o fato de Thomas já ter trazido pessoas piores ajudou bastante em terem se surpreendido com uma garota educada e bem vestida. Mesmo que ela esteja por conta de si e o dinheiro seja contado todos os meses, a família era rica por causa da empresa de pesquisa mantida pelos pais.
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  - Espero que goste de alcaparras. É o tempero favorito de . – minha mãe dizia, afastando de Thomas, que ria junto com meu pai, de minha péssima aparência.
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  - Quando é que você vai tirar essa cara feia do rosto, ? – Tom passou o braço por meus ombros quando ficamos somente nós três. – E como é que um rostinho bonito como o dela conseguiu se deixar aproximar de você?
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  - Ao contrário de você, Tom, eu tenho sorte com as mulheres. – olho para Paige, uma morena que, mesmo no frio e dentro de casa, usa saias curtas e salto alto. – Da onde ela veio?
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  - Do céu. – Thomas levantou os braços, como se homenageasse alguém acima de si. Dei uma gargalhada com meu pai, que já não se importava com as peças que ele trazia para casa porque sabia melhor que ninguém que eram apenas diversões. Quando se fala de relacionamento, desde que ele não peça ninguém em casamento ou engravide uma qualquer, ele poderia trazer quantas garotas quisesse. Tem apenas 18 anos e não precisa se preocupar em parecer perfeito, digno do cargo de presidência. – Você gosta dela? Finalmente descobriu o que é o amor?
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  Abri um pequeno sorriso, incerto sobre o que responder. Gosto de , isso é bastante claro; contudo, não sei se o que sinto chega a ser amor. Acho seus olhos castanhos bonitos, o modo como sorri gracioso. Quero sempre sua companhia, seja na universidade sobre uma aparência feia ou em Nova Iorque sendo alvo dos holofotes. Uma vez, já me peguei pensando em uma vida conjugal com ela e não achei uma má vida. Pelo contrário, gostei tanto do que imaginei que me senti sem graça por estar imaginando tanto as coisas a ponto de corar sem estar sob a vista de ninguém. Me perguntei se isso era o que as pessoas feias faziam; se iludiam com quem achava belo.
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  - Seja qual for este sentimento – meu pai finalmente começou a falar. -, ele poderá descobrir por si só e dizer à ela quando estiver pronto. – colocou sua mão em meu ombro, me encorajando a decidir-me logo sobre o que sinto por . – Me pareceu uma boa garota.
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  - Mesmo não sendo herdeira? – Thomas olhou para ele. Curioso por sua resposta, observei meu pai pensar.
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  - Vamos primeiro saber o que seu irmão sente por ela e então nos preocupamos com essas causas.
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  Olhei para Thomas e demos uma alta gargalhada. De fato, meu pai sabe como sair de uma encrenca.
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  Diferente dos outros anos, este, por causa de minha aparência e , pedi a meus pais que não fossemos à festa dada pelos amigos da família para a vida da noite. Não faria sentido ir com minha máscara para a festa apenas para continuar fingindo para . Logo depois dos brindes e de conversar por longas horas, cada um se recolheu para seu quarto. Olhei em meu relógio, decidido que era o momento certo para abrir o jogo com ela. Seja o que for, meu desejo é que ela não me odeie por ter mentido para si durante todo esse tempo.
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  Dei dois toques em sua porta, que foi aberta alguns segundos depois. vestia um conjunto de calça e blusa de pijama. A blusa não era nada sensual, ao que sempre estive acostumado das mulheres de Nova Iorque, mas não a questionei, tampouco me senti menos atraído por seus cabelos bagunçados e molhados, e os lábios vermelhos por ter acabado de escovar os dentes, de acordo com o aroma de pasta de dente de menta.
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  - Está com muito sono? Eu gostaria de conversar. – falei, vendo-a arregalar levemente os olhos, surpresa por eu atrapalhar seus costumes noturnos somente para saciar uma vontade de ‘bater um papo’.
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  - Não, ia ler um livro, entre. – afastou-se da porta e me deu espaço para entrar e sentar em sua cama. Sentou-se no lado que dormiria, cobrindo os pés descalços debaixo da coberta e prestando atenção em mim. – Você não me parece bem.
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  - Estou nervoso. – admiti, vendo-a inclinar a cabeça para o lado, confusa. – O que tenho para falar… Não sei se você verá com bons olhos ou não.
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  - É muito grave?
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  - Para nossa relação… Pode ser. – apontei para nós dois, vendo-a se remexer desconfortável em sua cama.
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  - Ser direto é menos doloroso numa situação dessas. – vi em sua voz que tentava arduamente parecer compreensiva, mesmo já sentido a dor de ser enganada.
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  - Antes de vir para a Califórnia tinha uma vida perfeita. Pelos olhos dos outros, minha vida era uma boa vida, mas para mim, minha vida não era tão boa assim. Diferente de agora, minha aparência era muito bonita. Pode parecer brincadeira, mas não é. – disse, rapidamente, antes que ela pensasse que eu estava brincando. – O fato de eu ser… Hum… Muito bonito, fazia com que as pessoas quisessem sempre estarem ao meu lado. Ao contrário do que dizem das pessoas ricas e bonitas, elas não são rodeadas por pessoas que apenas gostam de suas aparências; elas querem tirar proveito disso. Estar ao meu lado começou a ser um prêmio para todas as pessoas e senti que a única pessoa que perdia era eu. Decidi que queria uma vida onde as pessoas não me vissem pelo meu sobrenome; queria saber se conseguiria encontrar alguém que gostasse de minha companhia pelo que sou, por isso, há dois anos, planejei com meus pais e os advogados da minha família, um esquema com a UCLA para que pudesse acobertar toda a minha beleza. – com o mesmo esforço de todos os dias durante as aulas, retirei a máscara que cobria meu verdadeiro rosto.
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   abriu a boca, estupefada por ver meu verdadeiro eu. Nunca imaginei que a diferença fosse tão grande até então. Ver sua boca aberta, os olhos arregalados e os braços caídos em cima do edredom, senti meu coração começar a acelerar com o medo de receber um chute ou de ver lágrimas em seus olhos por ter sido enganada durante estes três meses.
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  - Você… Enganou a todos. – falou. – Durante todo esse tempo?
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  Não pude responder verbalmente, por isso, somente assenti com a cabeça.
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  Em um movimento, abraçou suas pernas, escondendo parte de seu rosto atrás de seu joelho. A vi me encarar com olhos entristecidos, obviamente desapontada por não ter confiado o suficiente em si.
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  - Por que não me contou antes? Três meses é muito tempo. – sua voz baixa preencheu o quarto silencioso. Suspirei, coçando atrás da orelha, nervoso.
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  - Achei que porque você gostava de mim daquela maneira, se eu lhe dissesse a verdade, perderia sua companhia. Eu… Gosto de você, . Mais do que achei que poderia um dia gostar de uma mulher. No começo, eu achei cômodo finalmente ter alguém com quem conversar; aos poucos vi que você era exatamente a pessoa que eu procurava. Alguém que visse meus olhos e enxergasse meu verdadeiro eu. Meu nome é , mas não é Yatch. É .
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  Com o sobrenome bastante conhecido devido as empresas de meu pai, não foi possível evitar ver o choque em seu rosto. Ela estava tendo um relacionamento com o herdeiro da empresa no qual a empresa de seu pai era filiado indiretamente.
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  - Eu estou rezando para qualquer santo que possa me ajudar, a fazer que você não desista de mim. – extingui minha vontade de me aproximar dela.
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   permaneceu calada abraçando suas pernas por um longo tempo. Como ela não ousou desviar seus olhos dos meus, fiz o possível para manter este contato, o único que me garantia saber estar em seus pensamentos.
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  - Bem… – começou a dizer, minutos depois. – Eu sempre gostei mais de seus olhos mesmo. – abriu um pequeno sorriso, acalmando meu coração. – Isso faz de mim uma garota com as outras? Por gostar da única coisa que é igual ao ?
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  Abaixei a cabeça, feliz demais para demonstrar minha alegria. Sem pensar, me aproximei bruscamente, sem dar-lhe tempo de reagir ao meu beijo. Foi somente um beijo, talvez técnico, congelado, mas que retribuiu todo meu agradecimento por finalmente ter encontrado a pessoa que procurei por tanto tempo.
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  Desta vez, quando encontrei com seus olhos, saber que ela enxergava a mim da maneira que realmente sou, por dentro e por fora, senti meu coração aquecer meu corpo inteiro.
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  - Você sabe o que é o amor? – perguntei para ela em um sussurro.
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  Apoiado em seu corpo, o peso em meu braço direito para não lhe sufocar por ser pesado demais, a vi acariciar meu rosto, tentando se acostumar com sua nova visão.
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  - Não sei exatamente, mas estou disposta a aprender com você.
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Fim

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Srta_Clessi
Srta_Clessi
2 anos atrás

QUE LINDA! História maravilhosa. Só faltou uma coisinha pra ficar ainda mais perfeita… A reação do povo da faculdade quando ele aparecesse lindo e belo. Kkkkkkk Mas mesmo assim, me apaixonei pela história. <3

Comentário originalmente postado em 27 de Março de 2017


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