Nothing But Trouble
My Instagram Model
Quando a conheci?
Foi algo bem maluco e sem sentido, eu tinha acabado de assinar um contrato com o ANAHEIM DUCKS, simplesmente o melhor time de hóquei no gelo do mundo. Era um sonho que eu estava realizando, entraria para o time titular como o center e certamente, com meu talento e amor pelo esporte, seria o novo capitão em breve. Foi nesse mesmo dia que saí para comemorar com alguns amigos, e na volta para casa esbarrei nela em meio à estação de metrô. Bem, para ser sincero, não esbarramos fisicamente, porém, que homem conseguiria ignorar uma garota em lágrimas com roupa de baile, sentada no chão da plataforma?
Eu não consegui ignorá-la, talvez teria sido melhor, mas não consegui e ofereci meu ombro amigo. Acabei descobrindo que ela tinha levado um fora do rei do baile, em plena formatura, o que me deixou ainda mais sensibilizado com aquela rainha solitária que nem se importava mais se seu vestido estava sujando ou não. Depois daquela noite, nos tornamos próximos, tanto que fiquei impressionado assim que ela se mudou para a Califórnia. Foi então que ficamos ainda mais próximos, tanto que começamos a namorar, estar com ela me fazia bem, mesmo com suas fotos repentinas que sempre queria registrar nossos momentos juntos e postar no Instagram.
Eu tinha que admitir, ela era um pouco ambiciosa, principalmente por querer ser popular, ter muitos seguidores e sonhar em estar nas capas de revistas de celebridades, mas para mim, no início, era bastante divertido. Até o momento que alguns dos meus amigos do time começaram a criticar esse lado dela.
— E mais uma vez estamos brigando por causa disso — disse jogando algumas roupas minhas na mala.
— Estamos brigando? — Ela cruzou os braços. — Até agora só você quem falou aqui, se está insatisfeito com meu jeito de agir, não posso fazer nada por você, antigamente não reclamava.
— Antigamente eu não era tão conhecido assim, sou um atleta profissional, sabia que minha vida pessoal reflete na profissional? — Alterei um pouco meu tom de voz. — E adivinha, suas postagens estão sendo muito comentadas entre o time.
— E por um acaso isso está atrapalhando? — retrucou ela demonstrando indignação.
— Quando minha namorada posta foto cheia de joias e carros diferentes. — Eu fechei a mala e a olhei. — Já viu todos aqueles comentários maliciosos?
— Sério? — Ela bufou. — Está mesmo preocupado com o que as pessoas estão falando de mim?
— Não só de você, mas a maioria das pessoas acham que nosso relacionamento é comprado, que você só quer meu dinheiro, minha fama, algo do tipo. — Mantive a seriedade no olhar.
— E você? O que acha? — Me mantive em silêncio. — Nem precisa responder. — Ela pegou sua bolsa que estava em cima da escrivaninha e saiu do meu quarto.
— Espera, — disse indo atrás dela. — Não é isso que-
— Pare. — Ela me olhou. — Você já disse tudo que queria dizer.
Eu nem tive mais reação, meu celular começou a vibrar no meu bolso. Era um dos staffs do time, que veio para me buscar, teríamos um jogo importante em dois dias contra o Vancouver Canucks no Canadá, em nosso terceiro jogo pela National Hockey League.
Assim que entramos no avião, tentei deixar todos os meus problemas com na Califórnia, limpar minha mente do que não era necessário para ganhar o jogo. Porém, nem tudo que queremos é o que temos, e sempre que tentava desviar meus pensamentos dela, mais e mais seu rosto invadia minha mente. Talvez eu tivesse sido muito frio com ela, entretanto, sua forma de agir sempre tinha sido assim, e ela nunca negava que o lado positivo em estar comigo era meu grande sucesso como jogador de hóquei. Talvez por isso eu estava tão inseguro quanto ao que ela realmente sentia por mim, queria confiar nela, mas não sabia como.
— Ei, cara, você está mesmo bem? — perguntou Sam, outro jogador titular e um grande amigo. — Ficou calado durante todo o voo.
— Só um pouco cansado, tivemos dois jogos com datas próximas e muitos treinos. — Dei uma desculpa qualquer relacionada ao time. — Mas estou bem sim.
— Hum, e a namorada? — insistiu ele. — Eu vi as postagens dela esta manhã.
— Olha, não me leve a mal, mas eu quero me manter concentrado. — Vou para o meu quarto.
Segui para a direção do elevador, já tinha encerrado mesmo a reunião com o treinador no auditório do hotel, então nosso dever era descansar para a partida, era o que eu tentaria fazer, descansar de forma física e mentalmente. Consegui por um tempo, até que o meu celular vibrou dentro do bolso da minha calça me despertando de um cochilo. Estava um pouco zonzo, mas percebi que nem tinha trocado de roupa, me levantei e caminhei para o banheiro tirando a roupa, agora tomaria um banho para relaxar ainda mais meu corpo. No momento em que peguei o celular novamente e olhei as notificações, tinha uma do instagram, era mais uma postagem de .
Respirei fundo antes de abrir, era uma foto dela jogando uma pulseira de esmeralda que eu tinha lhe dado de presente de Natal. Fiquei sem reação, ela era louca e não tinha medo de assumir isso, ainda de me fazer pensar se ela realmente só estava comigo pela minha imagem ou não. Suas postagens seguintes me deixaram ainda mais pensativo e confuso e era bem óbvio que aquilo já estava me afetando de alguma forma não muito positiva. Mesmo tentando não aparentar para ninguém, menos ainda para o técnico, não tinha mais nem certeza se conseguiria jogar, mas não iria atrapalhar o time com meus problemas pessoais.
— Essa garota é um problema — disse um dos jogadores do time rival, assim que se aproximou de mim no ringue de gelo.
— O quê? — Eu o olhei sem entender.
— Não dê ouvidos a esse idiota — disse Finn ao se aproximar de mim.
— Não, eu quero que ele me diga por que disse isso — retruquei já me irritando.
— Deveria olhar no instagram. — Ele se afastou rindo.
— Já marquei esse cara — disse me virando para Finn —, eu vou quebrar os dentes dele hoje.
— Calma, — disse ele —, pensei no time, esse jogo de hoje é importante para nós, você é o nosso melhor atacante, está quase conseguindo o posto de capitão, não estrague tudo.
— Não vou estragar — o tranquilizei. Não iria mesmo.
Assim que o apito soou, o jogo mais violento entre todos começou, e claro que eu me aproveitaria disso para tirar minhas satisfações. Finn iria me desculpar, mas a provocação oculta não ficaria de graça, foi neste momento que o filho da… Esclareceu que ele estava falando de , um assunto que já estava rodando no meio de todos os times de hóquei, me deixando ainda mais raivoso. A consequência de suas palavras foi muitas colisões violentas durante o jogo, uma bela briga nos últimos minutos com direito a algumas fraturas e expulsões. Resultado, eu havia me machucado, no meio da confusão levei um corte no braço direito, acidentalmente provocado pelo patins de um dos adversários que também entrou na briga.
Fui levado às pressas para o hospital, para minha sorte, e que sorte, aquele corte não era tão profundo assim e não tinha afetado meus ligamentos ou artérias. Meu braço estava cinquenta por cento comprometido, pela quantidade de sangue que eu tinha perdido ele estava um pouco gelado, mas não a ponto de ter que amputar ou algo do tipo. O médico não quis me esclarecer muita coisa, talvez para não me deixar ainda mais preocupado ou me sentindo culpado por ter provocado a briga, mas no geral, segundo ele, eu ficaria bem. Entretanto, minha preocupação não era comigo mesmo e sim com uma certa garota problema, era assim que todos a estavam chamando.
Sim, o que queria ela conseguiu, havia voltado a atenção de todos que conheciam o hóquei para ela, me deixando ainda mais louco.
– – –
Uma semana naquele hospital, esperando a poeira abaixar e a mídia parar de falar sobre aquela briga desastrosa, ainda recebi muitas ligações.
— Tenho que te lembrar que o técnico está uma fera com você? — disse Calton ao me ajudar a levantar da cama do hospital.
— Não precisa, mas agora a única coisa que quero é ir para casa, com o técnico eu me resolvo assim que voltar a jogar. — Respirei fundo. — Além do mais, essa briga toda já está sendo esquecida pelas pessoas.
— Não sei de onde você tira essa sorte. — Ele deu uma risada boba. — Briga no jogo, quase perde o braço, não vai poder jogar nos próximos jogo e ainda assim continua tendo patrocínios.
— Tenho que ter sorte em algo, já que minha vida amorosa está um desastre. — Suspirei fraco.
— Nem vou comentar para não estragar seu dia.
— Agradeço a empatia.
Ele riu um pouco de mim. Mas era uma cruel realidade, minha vida amorosa realmente não estava muito boa, eu ainda gostava de , mas não sabia se ela gostava mesmo de mim. Calton me acompanhou até meu novo apartamento na Califórnia; após me deixar devidamente instalado, ele seguiu para o prédio do DUCKS para reportar meu relatório médico atual.
Seria complicado para um destro fazer tudo com a mão esquerda, mas eu tentaria me virar naquele novo lar. Abri minha mala que Calton tinha deixado na sala e procurei meu celular que tinha ficado todo o tempo ali dentro descarregado, estava mesmo me distanciando de qualquer contato que poderia ter com redes sociais. Assim que coloquei o celular para carregar, a campainha tocou. Estranho o porteiro não ter anunciado nada pelo interfone. Caminhei até a porta despreocupado e sem conferir quem seria pelo olho mágico, abri a porta.
— ?! — disse assustado.
— Oi, . — Ela logo desviou seu olhar para meu braço enfaixado. — Posso entrar?
— Claro. — Abri um pouco mais a porta e a deixei entrar. — Fique à vontade.
— Eu passei no DUCKS para saber se estava bem, então me disseram que estava de volta e aqui.
— Bem, eu achei melhor me mudar para um lugar próximo ao meu trabalho — expliquei fechando a porta. — E você?
— Eu o quê?
— O que faz aqui?
— Vim para cuidar de você?
— O quê? — Por essa eu não esperava.
— Achou mesmo que eu deixaria meu namorado assim? Quando mais precisa de mim? — Ela cruzou os braços me olhando desacreditada.
— Seu namorado?! — Agora eu não estava entendendo mais nada.
— Sim — assentiu ela dando um sorriso natural. — Não achou que eu tinha terminado né?
— Mas e as fotos no instagram? — perguntei.
— Bem, eu estava um pouco chateada com você, ou melhor, estava irritada. — Ela cruzou os braços. — Principalmente por ouvir outras pessoas e não acreditar em mim.
— Me perdoe, por isso. — Me aproximei um pouco mais dela. — Eu fui totalmente injusto com você.
— Foi mesmo. — Ela desviou seu olhar para a mesa de centro. — O que são todas essas garrafas de Soju?
— Eu estava planejando me afundar nelas — expliquei meio envergonhado.
— Sério? — Ela me olhou. — Ia mesmo se embebedar com o braço assim?
— O que tem? É o meu braço que está enfaixado, não meu fígado — retruquei.
— Aish. — Ela pegou a sacola com as garrafas e levou para a cozinha. — Não vou deixar você se alcoolizar ainda se recuperando de um machucado.
— Você vai mesmo ficar aqui e cuidar de mim?
— Claro — confirmou ela. — Achou que eu estava brincando?
— Não, é que…
— Olha, , serei sincera com você — ela estava um pouco mais séria, porém com o olhar sereno —, admito que cinquenta por cento de mim quer se beneficiar da sua fama, não serei hipócrita em dizer que não.
— E os outros cinquenta por cento? — Agora era a hora da verdade.
— A outra metade de mim te ama de verdade. — Ela sorriu de canto. — Sei que posso ser um problema-
Eu a interrompi com um beijo intenso e doce, era como se meu coração e cérebro não precisassem de mais nada, mais nenhuma explicação.
— Não diga mais nada, não me importo que seja um problema — sussurrei. — Você é a minha garota problema.
“Eu estou enfrentando a garrafa,
Para todos os meus problemas,
Estas modelos Instagram,
São nada além de problemas.”
– Nothing But Trouble (Instagram Models) / Charlie Puth
“Amor: Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.” – Pâms
Eu da vida real, ofendidíssima com o pp da história HAHAHA
Na boa, eu teria terminado sim, sou rancorosa, beijos.
Mas a história foi no POV dele, então dá pra dar um descontinho, ele foi defender a pp e por isso se ferrou no jogo. Eu até perdoaria, mas antes eu ia ter que lidar com meu orgulho por algum tempo, aí depois eu ia conversar HHAHAHAHA