not yours
— Aquele não é o seu namorado?
null rolou os olhos pela terceira vez, cansada de ouvir a mesma pergunta repetidamente; sessenta minutos se passaram desde que chegara na festa e suas amigas já vieram questioná-la sobre null null, o seu até então ficante fixo mais longo de toda a sua vida. Soltando a fumaça pela boca, apagou o cigarro que a acompanhava e pegou um drink que o garçom servia e bebericou o líquido lentamente, observando o homem do outro lado da casa com os olhos semicerrados. Não é como se ele estivesse dando em cima de outra pessoa, mas a inquietação de null começava a se tornar visível para ela mesma, o que a incomodava profundamente.
null e null se conheceram em uma festa de um amigo em comum, conhecido como “cupido” – nome por si só é autoexplicativo – e acabaram recebendo uma flecha cada, o que significava que, se quisessem, poderiam ir para um dos quartos conversar. Uma forma de juntar casais um tanto sem noção, pensou a mulher na hora, contudo, logo se animou ao perceber que não era a única curiosa para descobrir mais da sua dupla.
null nunca tinha sido escolhido por seu amigo por acreditar que esse “método” era infantil, no entanto, não negava que o amigo possuía um ótimo tino para juntá-lo com a garota que estava a fim a noite inteira. Unindo o útil ao agradável, o cupido se sentiu satisfeito ao ver duas de suas amizades mais próximas indo conversar, e voltou para a sua festa e para o seu projeto de formar casais.
Atrás da porta, ao contrário do que os fofoqueiros pensavam, null e null passaram o restante da comemoração batendo papo. Bastou cinco frases para engatarem em vários assuntos que perderam total noção de tempo e para dizer que não houve sequer um beijo, null o beijou brevemente no canto de seus lábios, já que o motorista do aplicativo havia chegado e não queria que a buzina do carro acordasse a vizinhança. Não é preciso comentar que depois de descansarem em suas devidas residências, os dois jovens se encontraram, foram ao cinema e jantaram em um restaurante próximo à casa da mulher, onde terminaram o restante do date enrolados em lençóis.
E tem sido dessa forma há mais ou menos sete meses.
Com a faculdade de null e a carreira de null, eles fizeram esse relacionamento dar muito mais que certo apesar de parecer impossível, porém, ninguém ousava colocar um rótulo no que tinham. Os amigos em volta os consideravam um casal oficial, contudo, sempre que o assunto era levantado, ambos reviravam os olhos e negavam veemente o tal título.
A mulher possuía uma opinião sobre si que vagava entre ser um desastre e não querer ser muito um incômodo, só não tinha ciência que o rapaz partilhava do mesmo. Por mais que às vezes faltasse uma comunicação mais clara entre os dois, uma das únicas coisas que tinham em comum acordo – somente mentalmente, claro – era o fato de que não querer que o outro ficasse com outras pessoas.
Mas, sempre que tentavam externar essa questão, eles se lembravam que não eram namorados, então o silêncio se fazia presente e ambos ficavam presos em seus pensamentos.
Apesar de conversar com uma colega, null não conseguia parar de espiar null e mesmo que tentasse disfarçar, não passou despercebido por sua companhia.
— Por quanto tempo vocês vão ficar nessa enrolação, null? — A mulher revirou os olhos enquanto virava o restante da bebida. — Sério, sua garota está me fuzilando com o olhar e é tudo culpa sua.
— Culpa minha? — O seu tom demonstrava que ele estava levemente incrédulo.
— Sim, inteiramente sua. — Deu de ombros. — Já está mais do que na hora de você colocar um anel no dedo dela, mas null null prefere continuar com seu título de solteiro mesmo estando praticamente namorando. E eu te pergunto: a troco de que, exatamente? Qual é o problema de vocês dois?
null não estava errada e o rapaz não tinha nem palavras para se defender do que acabou de ouvir, muito menos lhe sobrou alguma energia para isso após ver null conversando com um homem que null não conhecia.
A ideia de estar apaixonado por null parecia loucura, no entanto, não tinha como negar que sim, o seu coração pertencia à ela e somente a null. Contudo, o relacionamento dos dois é complicado, e independente de se declarar, não mudaria o status deles tão cedo. Nem ele sabia o motivo de prosseguirem com essa relação desse jeito quando visivelmente ambos se gostavam e se incomodavam com o pensamento de que eles poderiam estar com outras pessoas.
— Definitivamente… complicados. — null virou toda a bebida em seu copo e o encheu novamente com o intuito de se distrair.
*
null se apoiou no balcão que lhe dava total visão da festa, encarando de novo o seu ficante que estava na parte térrea da casa. Agora, ela tinha quase certeza que a sua companhia não era uma de suas amigas, todavia, provavelmente alguma garota que ele ficaria a qualquer momento. Isso fez com que null revirasse os olhos, e mais uma vez se sentia incomodada e com ciúmes, mas, a realidade sempre batia em sua porta nessas situações.
— Eu não sou sua namorada, você não é o meu namorado… — Soltou o ar pesadamente, acendendo outro cigarro. — Que patético.
— Resmungando sozinha? — Uma voz levemente rouca soou atrás de si, a fazendo olhar por cima do ombro.
— null. — null voltou a sua atenção para a festa, sem se importar com a aparição de seu amigo.
— E o seu humor está horrível. — Ele encostou as costas no balcão e lhe ofereceu a sua bebida, vendo a cerveja indo embora em segundos.
— Vá à merda, meu amor.
— Você não deveria descontar a sua irritação no seu melhor amigo que te ama tanto e te suporta até quando a senhorita está com um péssimo humor. — Por mais que quisesse ignorá-lo, null tem razão. Ninguém a aguentava além dele, então, com um sorriso pequeno se desculpou. — Assim é melhor, não acha?
— Não tem nada melhor para fazer? — ela perguntou normalmente, um pouco curiosa.
— Não — respondeu sinceramente —, a festa está meio chata.
— Concordo.
— O seu príncipe encantado ainda está de papo com outra enquanto fica te encarando falando comigo? — null reprovou a sua fala com o olhar. — Yah! Estou fazendo um favor para vocês dois, já já null sobe aqui para te salvar.
— Só nos seus sonhos, null. Não vê que ele está muito ocupado?
— Não sei por qual razão vocês não namoram. Sério, não consigo entender, e eu te conheço desde que éramos crianças! Se os pombinhos sentassem e conversassem, nada disso estaria acontecendo e teríamos um final feliz para essa novela que é a relação de vocês. Enfim — suspirou profundamente —, eu queria uma namorada.
— E o que te impede de arrumar uma?
— Não é tão fácil. Eu sou muito exigente, sabe? — null não conteve a risada ao ver a feição de convencido do seu amigo.
— Aposto que a primeira garota que aparecer e te pedir em namoro você aceitará.
— Não sabia que minha melhor amiga acha que eu sou tão desesperado assim… — O seu drama não surtiu efeito, mas não deixava de melhorar o humor da outra. — Depois vemos os termos dessa aposta. A minha deixa para sair chegará em menos de um minuto.
null o encarou confusa, porém, voltou para a sua posição inicial e pensou no que null havia falado. Ela e null precisavam conversar, só que quando se trata de externar os sentimentos, os dois travam e não conseguem manter uma conversa. Terem essa dificuldade em se abrirem era uma merda, mas mais merda que isso, é o fato de não tentarem dar um passo para frente.
— null — null a chamou baixinho, próximo ao pé da sua orelha.
— Meu amor número dois.
— Continuo perdendo para null? — A garota fingiu um assobio, sorrindo por fim.
— A sua companhia parece estar procurando por você… — comentou despretensiosa.
— Mas a minha está bem na minha frente.
— Se lembrou que eu existo? — null apoiou uma mão no ombro do rapaz, se aproximando de seu rosto.
— E quando foi que eu esqueci da única mulher da minha vida? — null respondeu seriamente, a olhando fixamente. null se sentiu hipnotizada por breves segundos até tomar de volta o seu controle, o retrucando:
— Falando desse jeito até parece que é o meu namorado, mas não é. Engraçado, certo?
— Então não se importa se eu voltar lá pra baixo?
— Eu não sou sua namorada, você é livre para fazer o que quiser, null null.
As palavras tinham um gosto amargo e mesmo que a incomodasse, null não daria o braço a torcer, principalmente por ter dito sem pensar muito bem. null respirou fundo, pondo a sua mão na cintura da garota e descansou a cabeça na curva de seu pescoço, sentindo o aroma de seu perfume que tanto adorava. null estava certa, só que null estava cansado disso. E ele possuía plena noção que a sua null também.
— Nós precisamos conversar.
— É, precisamos. — O rapaz a viu morder o lábio inferior e logo se prontificou em segurar o rosto dela com cuidado.
— Você vai acabar se machucando.
— Eu sei. — Ela sorriu de canto, o abraçando em seguida. — Podemos conversar depois da festa?
null assentiu e a puxou mais para si, retribuindo o abraço na mesma intensidade. Não demorou para eles se beijarem e se perderem em um dos quartos, voltando a agir como namorado e namorada, mais uma vez.
Fim
N/A: o início da fic já tava pronto há um tempinho, e finalmente consegui finalizar \o/
Particularmente, eu não sou fã de falta de comunicação, acho isso um porre SJNDJSNDJA
PORÉM, confesso que queria escrever um casal um pouco diferente dos que geralmente escrevo, então, é isto hehehe a autora espera que eles tenham realmente conversado, sabe
Enfim, espero que tenham gostado dessa história com o meu xuxuzinho <3
Até a próxima <3
Senhora, tu tem que fazer uma continuação com um final feliz pra esses dois, não admito isso não HAHAHA
Ou se não for feliz, que seja um final que eles resolvam logo se são casal ou não HAOSAPOS
Hannie não é meu favorito, mas amo as bochechas de hamster desse menino HAHAH
MIMDÁ CONTINUAÇÃO, POR FAVOR, EU SEMPRE TE PEÇO COISA <3
PODE PEDIR <3
E quem sabe? Confesso que não pensei em uma continuação (ainda) hehehehe