Night Changes

  – Eu ainda não acredito que você vai com a gente! – Disse a quando a mesma entrou no carro da amiga. se limitou a rolar os olhos enquanto a outra amiga de , qual não se lembrava o nome e muito menos de onde era, dava risadinhas.

   e eram amigas desde muito pequenas, quando no primeiro dia de aula na escolinha começaram a conversar sobre a princesa na mochila de cada uma, a partir dai a amizade foi crescendo com elas, agora as duas meninas prestes a irem para a faculdade ainda se consideravam a melhor amiga da outra. Apesar das duas serem um pouco parecidas fisicamente, era apenas isso que as duas tinham em comum. Ninguém (nem elas próprias, para falar a verdade) entendiam como as duas conseguiam ser tão amigas mesmo tendo tudo de diferente, mas elas apenas se entendiam, apesar de todas as suas diferenças e, ei, quem somos nós para questionar quando duas amigas, de certa forma, se completam?

  O gosto para festas era apenas mais uma coisa no mar de diferenças, mas isso nunca abalava a amizade das duas, e estavam sempre prontas a toparem tudo que a amiga propunha. Se não gostassem da programação, você se pergunta? Não era um problema, apenas davam um jeito de tornar as coisas mais divertidas para si mesmas, como era o caso com nesse momento.

  Viera a uma festa de um conhecido de uma amiga da amiga de , sim, aquele tipo de festa que você não faz ideia de quem é ou onde é, e estava óbvio para quem olhasse para que ela não estava se divertindo, mesmo depois de toda a uma hora todinha que ela passou tentando achar uma pessoa interessante para conversar ou esperando que tocasse alguma música boa para que ela pudesse dançar. Depois de algum tempo a garota desistiu e aceitou a derrota, mas como estava por ai, provavelmente se divertindo mais do que ela, a única solução possível na cabeça da garota foi procurar um lugar mais quieto para sentar com seu fiel escudeiro para esses momentos: seu caderno.

   tinha a mania de levar um caderninho para cima e para baixo onde quer que fosse desde que aprendera a escrever; o que ela escrevia nesse caderno era um mistério que só era revelado para as pessoas mais próximas da garota, mas que todo mundo ao redor dela já havia se perguntado.

  E foi procurando um lugar com um pouco de paz para que pudesse escrever um pouco – sentia a inspiração chegando por tudo que observava naquela hora e tanto que ficara na festa – que encontrou a magnifica área da piscina da casa, um lugar muito bonito, com bastante verde e espreguiçadeiras combinando entre si, com cara de confortáveis, e logo tratou de se acomodar um uma delas e pescar seu caderno e caneta dentro da pequena bolsa que fazia parte do look escolhido para a festa.

   começou a escrever enquanto pensava na sorte que tinha por estar ali sozinha, nunca imaginou que conseguiria ficar sozinha naquela casa apinhada de pessoas! E que talvez não fosse de todo ruim ficar ali em companhia de seus pensamentos enquanto a amiga ainda não decidia que era hora de ir embora.

  Em meio a suas comemorações, não pode deixar de imaginar se as estava usando muito cedo, ela avista um menino esguio, com um sorriso de lado e cabelos meio bagunçados, como se ele estivesse desistido no meio de bagunça-los do jeito que deveria, que está andando em direção a ela. Oh no, a garota não pode deixar de soltar um longo suspiro e fechar a cara, mais conversas sem futuro?

  - Olá, garota sem nome, o que faz aqui fora sozinha?

  - Quem é você? – Só depois que as palavras deixam a boca da menina que ela percebe o quão grosseira deve ter soado, mas quer saber? Ela não se importa, nunca nem viu o menino! Mas ele não parece se abalar pela grosseria da garota, continua com o mesmo sorriso lateral que chegou.

  - Eu sou o e você? Por que está sentada aqui fora sozinha? Não estava se divertindo lá dentro?

  - Epa, calma ai, metralhadora de perguntas! – O garoto solta um riso gostoso, não que tenha achado que o riso dele era gostoso e de jeito nenhum o sorriso no rosto dela era por causa disso! – Sou , vim aqui fora procurar um lugar quieto para sentar.

   torcia para ele entender a indireta, como ela torcia!

  - Bonito nome, … Gostei. Te vi aqui sentada e vim te fazer companhia. E por que você trouxe um caderno para uma festa, ? Está estudando? , você sabia…

  - Meu Deus, pare de falar meu nome! E não precisa me fazer companhia não. – A garota interrompe aquele menino estranho, que parecia muito mais sem pretensão de ir embora agora que tinha recostado na espreguiçadeira e se acomodado.

  - Por que eu não…

  - E pare de me fazer perguntas, caramba, você está aqui há minutos e já deve ter feito o quê? 30 perguntas!

  - Não acho que foram tantas assim, . E eu gosto do seu nome, é gostoso de se dizer.

  A garota se limitou a olhar para o garoto com uma sobrancelha arqueada e voltar a atenção para seu caderno para ver se o menino entendia o recado e a deixava em paz, mas só se deu conta que isso, provavelmente, fora um erro tarde demais, quando já ouvia a voz do tal novamente.

  - O que você está escrevendo?

   olhou para cima e viu o garoto mais perto do que poderia ser considerado aceitável para dois estranhos, mas não pode deixar de reparar no quão bonitos eram os olhos do tal .

  - Sei que você está aqui com a melhor das intenções e não quer me incomodar, mas sério, não precisa! Pode ir lá com seus amigos, , eles devem estar sentindo sua falta.

  - Meus amigos estão muito bêbados para sentir falta de qualquer coisa. E, , você não me disse o que está escrevendo.

  - Se você chegar mais perto para olhar meu caderno eu te jogo na piscina, sério! E não acha que por seus amigos estarem bêbados mais ainda que você deveria estar perto deles?

  - Eles já são grandinhos e sabem se virar – O rapaz voltou a encostar na sua espreguiçadeira, mas não desistiu de saber o que tinha no caderno da garota -, mas agora você pode me contar o que está escrevendo? Você escreve aquelas histórias da internet?

  - O quê? Por que eu mostraria o que estou, ou melhor, estava né, escrevendo para você? Eu nem te conheço!

  - Exatamente por isso, ai você vai saber que minha opinião é imparcial. – Ele nunca tirava aquele sorriso de lado do rosto? Aquilo já estava irritando .

  - Você é louco, sério.

  - Não sou não, vai, deixa eu ler!

   não pode deixar de rir de toda aquela situação doida que tinha se metido. Também não queria entender o porque de não ter levantado e ido embora até agora. É claro que não tinha nada a ver com o fato do tal ser bem bonitinho até, de jeito nenhum!

  - Para, não vou deixar você ler nada.

  - Já está até rindo pra mim, acho que estamos avançando! – alargou seu sorriso, tinha simpatizado muito com a menina estressadinha da piscina – Já que eu não posso ler, que tal você ler pra mim?

  - Não vai parar de insistir né, Levi¹?

   olhou para a garota com uma interrogação gigante, o que a fez gargalhar pela primeira vez naquela festa.

  - , assim você me magoa, já te disse que meu nome é . – Sério que ele nunca para de sorrir? Isso não parecia possível para .

  - Eu sei, só fiz uma piada com um livro que gosto e tem um personagem que lembra você, porque ele… – resolveu que não faria sentindo explicar sobre o personagem e como ele lembrava o garoto, então desistiu no meio da fala – Esquece vai, mas ‘tá bom, senhor insistente, você pode ler a música que estava escrevendo.

  - Você escreve música? Não acredito! – Os olhos de estavam mais arregalados do que achava seguro.

  - Sim, essa ainda não tem melodia, só a letra, mas já que você insiste tanto né…

  - Wow, que foda – ouve dizer baixinho enquanto ela lhe passa o caderno na página da letra que estava escrevendo há pouco antes de ser interrompida pelo mesmo.

  Leva mais algum tempinho para o garoto terminar de ler todas as palavras e, quando termina, ainda fica encarando as páginas por mais alguns momentos, talvez pensando no que dizer, supunha . Talvez ela não devesse estar tão preocupada com a opinião dele assim, afinal tinha acabado de conhecer o menino, mas ela estava ficando ansiosa com aquele silencio.

  Foi quando ele levantou a cabeça de uma vez, olhando para ela como se tivesse descoberto algo extremamente importante.

  - Você estava escrevendo sobre a festa!

  - Uau, o que lhe deu a dica? – disse risonha, pra ela estava óbvio a qualquer um, ainda mais alguém que estava naquela mesma festa, mas aparentemente não.

  - Talvez entre a menina que estava fazendo fofoca sobre seus amigos e a que estava na cozinha falando sobre os haters não existentes dela. – Opa, sorriso de volta ao rosto de . achava que não era possível para o garoto não sorrir, quase como não respirar, não tem como.

  - Sério? Isso é só no fim da letra! Achei que você ia perceber logo no começo.

  - Confesso que não presto muita atenção a minha volta, mas ouvi a menina dos haters quando fui a cozinha, por isso. – parecia um pouco envergonhado, mas talvez fosse só impressão de – Mas, nossa, você tem muito talento, queria ler outras músicas suas, mas tenho certeza que você me bateria com esse caderno mesmo, por isso vou só devolvê-lo a você.

   riu, mesmo que ela própria não tenha entendido o motivo de tanto riso ao lado do menino. Dessa vez talvez porque ela sabia que realmente faria aquilo se ele ousasse virara página e se sentiu um pouco impressionada com o fato do garoto saber disso também.

  - Estou falando sério, , você é muito boa nisso! Acho que não vai demorar muito para ver o seu nome por ai com várias músicas fazendo muito sucesso.

  - Bobagem, eu só faço isso para me divertir.

  - Por isso mesmo que logo mais você estoura, escreve o que estou te dizendo. – estava gostando cada vez de receber um sorriso daquele menino e não queria admitir isso a si mesma, então tratou de mudar de assunto para um mais seguro.

  - Você conhece o dono da festa?

  Se havia se incomodado, não havia demonstrado, mas também duvidasse que algo incomodaria, de fato, o garoto. E foi assim, conversando inutilidades e coisas sem futuro, que a garota mesmo enchia o peito para dizer que odiava – preferia conversar sobre coisas relevantes, era o que dizia -, mas estava ali, adorando conversar sobre tudo e nada ao mesmo tempo com o menino que havia conhecido há pouco.

  Estavam engatando em mais um papo sobre filmes e séries e, pelo rumo da coisa, se deixassem iam até amanhã só conversando sem nem perceber, mas claro que as coisas são exatamente do jeito que queremos e quando queria ir embora havia sumido, agora que não se importaria de ficar a menina aparece? Ainda mais falando que elas tinham que ir? Não era justo.

   havia deixado sozinha novamente para se despedir de , enquanto ela ia buscar a amiga que veio junto com elas – também conhecida como a razão de estarem indo embora – que estava passando muito mal.

  - Então acho que já estou indo, tenho que ajudar minha amiga a levar a garota para casa… – disse a sem realmente fazer qualquer movimento para se levantar.

  - Vocês precisam de ajuda? Posso ajudar a levar a menina para casa.

  - Não precisa, sério. Estou indo, foi muito legal te conhecer e conversar com você, .

  - Espera, . Me empresta seu caderno e uma caneta aqui rapidinho.

  - O quê? Pra quê?

  - Só empresta, confia em mim. – E assim fez mais uma vontade do garoto naquela noite e entregou o caderno e a caneta a – Pronto, devolvido para a senhorita, viu, não aconteceu nada com o caderno.

  - Você escreveu nele! O que escreveu nele?

  - Relaxa, foi só meu telefone, você poderia me ligar amanhã, o que acha? Gostei de conversar com você, , nem vi o tempo passar e queria te conhecer melhor.

  - Não vou ligar pra você, ! A gente se conhece há, sei lá, no máximo umas duas horas e eu não ligo nem para quem eu conheço há anos, quem dirá para quem acabei de conhecer! – disse com toda convicção do mundo e rolando os olhos.

  - Vai sim, pode me ligar, eu vou te atender.

  - Não vou ligar, pare com isso. Vou achar a , tchau – disse aquilo tão rápido que achava que nem ela havia entendido direito, mas não disse nada, só ficou olhando pra ela com aquele sorriso fácil que estava pensando ser estupido.

  O dia seguinte chegou e não parava de pensar em e no número que ele tinha escrito em seu caderno. Ela tinha se divertido ontem a noite conversando com ele, não tinha? Que mal teria passar mais um tempinho com ele? passou meio dia pensando no que deveria fazer; parte dela dizia que ela deveria ligar, eles haviam se dado tão bem e foi muito bom conversar com ele e outra parte dizendo para ela parar de ser besta e ele provavelmente não se lembraria de metade do que haviam conversado e ela iria fazer papel de boa e sabia que não queria fazer papel de boba.

  Mas parece que o destino decidiu por ela quando resolveu passar a propaganda – repetidas vezes, diga-se de passagem – de um filme que havia dito que era muito bom e valia a pena assistir. tomou isso como sinal divino que deveria ligar para .

  Ela pegou o caderno achando que deveria desistir, achou o número dele escrito lá ainda achando que deveria desistir, discou os número quase, de fato, desistindo. Foi quando ele atendeu, no terceiro toque, que pensou que talvez tenha sido, sim, uma boa ideia.

  - Oi, , é a – A garota disse baixinho, não parava de achar que ele iria zombar dela dizendo que sabia que ela iria ligar e ser todo convencido, mas, aparentemente, julgava muito mal as pessoas, pois o garoto apenas parecia feliz que ela tinha ligado quando respondeu, sorrindo ela apostava, perguntando se ela queria se encontrar com ele na sorveteria próxima ao shopping.

  Talvez não tenha sido ruim aquele garoto do sorriso fácil, conversa mais fácil ainda e cabelo bagunçado achar que ela estava deslocada e ir até lá insistir para conversar, pensou sorrindo enquanto dizia que em vinte minutos estaria na sorveteria.

  Nota: Olá, galerinha! Olá, amiga secreta!

  Espero que tenham se divertido com a história e gostado dela, gostei muito de ter escrito! Deixa um comentário dizendo o que vocês acharam, tá?