Need you tonight

  null tamborilava os dedos no balcão, sem estar minimamente interessado no inferno a sua volta. A noite no submundo havia acabado de começar, mas para o jovem demônio, nada capturava a sua atenção, nem mesmo os diversos pretendentes que lhe ofereciam uma bebida. Por mais que amasse a arte da sedução, já fazia um tempinho que ninguém chamava a sua atenção, e isso começava a incomodá-lo, afinal, ele era o demônio mais cobiçado de todo o inferno, no mínimo teria alguém para curtir a noite. null quase se deu por vencido nessa batalha, contudo, quando os seus olhos em um tom de vinho avistaram a mulher mais linda que já pisou no submundo, o seu coração errou uma batida. Não é como se fosse amor à primeira vista, no entanto, ele acreditava fielmente em “atração à primeira vista”, e aquela mulher parada do outro lado do bar com certeza seria a companhia perfeita para ele passar a noite. Ou quanto tempo ela quisesse.

  — Você pode me dar um momento?

  O demônio lhe deu o sorriso mais cafajeste que existia nos três mundos, além de estar perigosamente perto do rosto que parecia ter sido esculpido pelos deuses. A bela demônio levou longos segundos entre um suspiro impaciente e um olhar de desprezo direcionado a null, que sentiu um arrepio percorrer a sua espinha; o homem nunca havia vivenciado uma rejeição, ainda mais sendo o demônio mais bonito que existia. Essa nova experiência deveria deixá-lo incomodado e ofendido, mas, o rapaz estava animado o bastante com a sua companhia para ligar para isso, e não se importaria caso ela quisesse ignorá-lo, só faria com que sua curiosidade aumentasse.

  — Por qual motivo? — A mulher apoiou o queixo na mão, com a expressão neutra. Seus olhos também eram vermelhos, em uma tonalidade mais viva que a de null e o demônio se viu preso naquele olhar.

  — A imortalidade é só uma, querida. Não concorda que devemos aproveitá-la da melhor forma? — Ele falou no pé do seu ouvido com a voz baixa e rouca.

  — E eu deveria aproveitá-la com você?

  — Exatamente! — Exclamou como se fosse óbvio, recebendo mais um suspiro como resposta.

  Antes que null pudesse falar mais, a mulher o puxou pelo pescoço, selando os seus lábios de maneira rápida; o homem a segurou pela cintura, apertando a região conforme ambos aprofundavam o beijo, ainda perdido em como a situação escalou tão veloz.

  — Você fala demais, null.

  — Como sabe o meu nome? — O demônio inclinou a cabeça, ligeiramente confuso.

  — Aquele pessoal ficou falando de você por mais de dez minutos — apontou com o indicador, virando o corpo para encarar o grupo que a olhava de cara feia. — Então decidi ter a certeza se você é tudo isso que afirmaram.

  — E eu sou? — Arqueou uma sobrancelha, genuinamente curioso com a resposta.

  — Se você for tão bom em tirar a minha roupa quanto é para me irritar, talvez.

  null piscou algumas vezes enquanto assistia a mulher se perder na pista de dança, lhe dando um último olhar que dizia “vem dançar comigo”. Ele sabia que aquilo não era um pedido, e sim, uma ordem, e a sua única reação foi jogar a cabeça para trás e gargalhar, chegando à conclusão de que aquela garota que nem fazia ideia do nome era extremamente interessante.

  E null, mais do que nunca, precisava dela nessa noite.

  A festa havia acabado, mas para os dois jovens demônios, a noite só estava começando. null e a mulher já tinham perdido a conta de quantas vezes transaram, aproveitando cada segundo daquela atratividade que os deixavam em êxtase. Assim como o rapaz, a garota também acreditava em “atração à primeira vista”, e por mais que não fosse assumir, ela já estava de olho nele desde que chegou no bar. A sua curiosidade aumentou ao escutar as pessoas falando dele e de sua fama, o que casava perfeitamente com o seu objetivo inicial.

  — Então… — null passou a ponta dos seus dedos pelas costas nuas dela, a admirando. — Você quer alguém para te ajudar a chegar no trono?

  — Sim — levou a taça aos lábios, saboreando o vinho tão delicioso.

  — Você realmente é o meu tipo, null. Mas, sinto em informar que eu também quero o trono.

  — Podemos ter uma competição depois que nos livrarmos dos velhotes, o vencedor será o novo governante do inferno.

  O demônio riu, sem acreditar que o destino o uniu à uma mulher que era tão ambiciosa quanto ele, e se bobear, o passava nesse quesito. Além de null ser totalmente o seu tipo, ela era a única pessoa nos três mundos que o fazia ficar nervoso, mesmo a conhecendo por menos de vinte e quatro horas. Havia algo nela que o fazia se sentir hipnotizado, sem saber se era somente a sua beleza estonteante ou a química que compartilhavam.

  — Você sabe que para isso precisaremos nos casar, né?

  — Sim. — null se acomodou no colo do homem, mais uma vez se encaixando perfeitamente enquanto entrelaçava as mãos no pescoço dele.

  — E tudo bem aceitar o pedido de um completo estranho?

  — Se for para me fazer atingir os meus objetivos, qual o problema? — A mulher roçou os seus lábios nos dele, sorrindo. — Por mais clichê que pareça, eu sinto como se nos conhecêssemos há séculos. Algo me diz que seremos ótimos amigos, null.

  O jovem demônio a beijou delicadamente, selando aquele contrato silencioso com a estranha que acabara de conhecer; apesar de parecer loucura, o rapaz sentia que com null ao seu lado, os seus dias não seriam mais solitários ou desinteressantes, e ele estava extremamente ansioso para criar uma bela amizade com a mulher – que mais tarde descobriria ser a mulher da sua vida. Por mais incerta que a imortalidade pudesse ser em vários momentos, a única coisa que o demônio tinha completa certeza era que ele precisava de null Morningstar não só nessa noite, mas em todas durante os seus dias infinitos.