Nas Garras do Medo
“Você deve apagar todas as memórias comigo, eu sou venenoso. Eu sei que não consigo mais aguentar isso…”
encarava o espelho agora quebrado diante deles enquanto a respiração de começava a se normalizar.
Em todos os anos juntos, dentro da bagunça e do caos completo que era o relacionamento dos dois, aquela era a primeira vez que algo tão intenso como aquilo havia acontecido com os dois.
era
intempestivo, temperamental, ansioso, mandão, impulsivo e sabia disso desde o começo do namoro dos dois, que claro, era cheio de idas e vindas.
Brigas como aquela eram comuns, faziam parte da rotina dos dois, mas nunca havia chegado num ponto como aquele: o espelho rachado em pedaços depois do descontrole de .
As mãos dele agora sangravam, estavam completamente machucadas com cortes provavelmente profundos.
Mas ele não sentia dor, não sentia nada além do vazio e da adrenalina que o consumia. A raiva que ele havia liberado estava agora substituída por um silêncio pesado, desconfortável. Seus olhos estavam fixos naquelas peças de vidro quebradas, espalhadas pelo chão, refletindo os pedaços de uma relação que, em algum momento, pareceu perfeita. Mas ele sabia, no fundo, que algo havia se quebrado há muito tempo.
, por sua vez, estava congelada. Ela não sabia o que dizer, o que fazer. A tensão entre eles parecia estar no auge, mas tudo o que ela queria era entender como haviam chegado até ali. Como tinham se perdido tanto a ponto de explodir daquela maneira. Suas mãos trêmulas se apertavam em seus jeans, como se tentassem se manter em pé, firmes, apesar de todo o caos que a cercava.
—
...— Ela sussurrou, a voz falhando no meio da palavra. Ela queria falar mais, mas o medo a paralisava. O medo de dizer algo errado. O medo de que, se tentasse consertar, tudo fosse se despedaçar ainda mais. Eles já estavam quebrados o suficiente.
Ele a olhou, os olhos carregados de culpa e arrependimento, mas havia algo ali também—algo que ela não podia ignorar.
O medo. Medo de perder o controle, medo de ser rejeitado, medo de acabar completamente sozinho. Ele sabia que não podia mais mentir para si mesmo; não conseguia mais esconder o que sentia. Eles estavam se destruindo juntos, mas ao mesmo tempo, ele não conseguia imaginar um futuro sem ela.
—
Eu não sou bom para você, . Você deveria me odiar! — Ele murmurou, a voz embargada, com uma fragilidade que ela raramente via nele. Era quase como se ele estivesse se entregando, reconhecendo o que nunca admitira antes. O medo que ele tinha de ser abandonado havia sido a única coisa que o mantinha preso a ela, mas agora, ele via que isso não estava mais funcionando.
deu um passo à frente, hesitante, mas seus olhos não saíam do rosto dele. O coração dela batia acelerado, a sensação de desespero quase a sufocando. Eles haviam chegado a esse ponto, a esse momento insustentável, e tudo o que ela sentia era uma mistura de raiva e tristeza.
—
Eu não te odeio, … Eu nunca poderia… mas eu não posso mais viver assim. Eu me perdi, você se perdeu… Estamos nos afundando nisso. se afastou, pegando o pedaço de vidro mais próximo e observando-o em silêncio. A ironia daquilo não passava despercebida por ele.
—
Você está certa… — disse ele, a voz rouca. —
Estamos quebrados. E, como esse espelho, eu não sei como nos consertaremos. Era uma confissão. Ele sabia que algo precisava mudar, mas as palavras dele, mesmo sendo verdadeiras, eram carregadas de um peso que nem ele sabia se conseguiria carregar sozinho. Eles estavam à beira de algo que talvez fosse a única saída: a separação. Mas, ao mesmo tempo, havia algo neles que os impedia de dar o último passo.
olhou para ele com os olhos marejados, sentindo a dor do que estavam perdendo.
—
E se a gente simplesmente se libertasse disso? — Perguntou ela, a voz carregada de uma dor silenciosa, mas também com uma ponta de esperança. —
Eu preciso de um tempo. Para mim, para nós. Não é ódio, , é só… precisamos respirar, parar de nos machucar. balançou a cabeça lentamente, as palavras dela ressoando em sua mente, mas ele não sabia o que pensar. A ideia de liberdade o aterrorizava.
—
Você está me deixando… — ele murmurou.
—
Não estou te deixando — respondeu com firmeza. —
Estou tentando salvar o que ainda resta de mim. Havia algo cruel na decisão que ela tomava, mas ao mesmo tempo, um alívio tímido. Não estariam mais se matando aos poucos com as brigas, com os gritos. Mas, ainda assim, se separar parecia impossível. O medo de terminar aquilo era maior que o medo de ficar.
O espelho rachado no chão parecia refletir exatamente aquilo que estavam vivendo:
fragmentos de algo que um dia foi inteiro, agora despedaçado.
🪞🪞🪞
“Eu sei que nada é para sempre, mas ainda assim não consigo abrir mão! (Me diga o que você quer) Acontece que o amor que eu quis dar a você, está me machucando mais.”
—
Eu disse que precisava de um tempo … — suspirou pesadamente enquanto passava uma das mãos pelo rosto, exasperada.
tinha uma garrafa de vodka nas mãos, ela já estava na metade e o viu cambalear levemente antes de se escorar no batente da porta do apartamento dela.
“Ah que ótimo! Ele está bêbado!” pensou antes de abrir a porta com tudo e ajudá-lo a entrar no apartamento, cambaleando mais um pouco, o peso do corpo dele indo de encontro ao dela, que fez um esforço quase descomunal para segurá-lo, mas acabaram caindo juntos, no sofá…
sentiu o peso de contra ela, o corpo dele caindo no sofá de forma desajeitada, como se não tivesse forças para se sustentar. Ele estava em um estado entre o descontrole e a lucidez, os olhos semicerrados, mas ainda tentando fixá-la. O cheiro da vodka estava forte no ar, misturado com o cansaço de uma noite difícil. Mas o que a fez parar por um momento foi o toque inesperado. Quando ele se apoiou nela, sua pele quente e úmida do suor fez estremecer, algo que ela não esperava. A proximidade entre os dois, o calor de seus corpos colados, provocou uma sensação estranha em seu estômago.
Ela tentou afastá-lo, mas , mesmo bêbado, não parecia querer se soltar. Seus olhos estavam fixos nela de maneira intensamente vulnerável, algo que raramente via. Ele não estava apenas pedindo ajuda. Havia um pedido silencioso de algo mais, algo que ela não conseguia entender claramente, mas que a fazia se sentir desconfortavelmente próxima dele. O espaço entre eles parecia diminuir a cada respiração.
—
… — ela disse, sua voz tremendo levemente, sem saber exatamente como agir.
Ele a olhou com aqueles olhos sem foco, e mesmo embriagado, havia uma leve tristeza neles, uma fragilidade que fez o coração dela apertar. Mas, ao mesmo tempo, ela sentiu uma raiva crescente dentro de si, uma raiva que ela não sabia exatamente como canalizar.
—
Eu não sou… Eu não sou… — murmurou, mas suas palavras saíram confusas. Ele tentava falar, mas parecia que estava lutando contra uma onda de emoções que não conseguia controlar.
respirou fundo, tentando se manter firme enquanto a tensão entre eles aumentava. Ela queria empurrá-lo para longe, queria gritar e dizer que não era mais assim que as coisas deveriam ser, mas a proximidade dele, o peso de seus corpos juntos, fazia tudo parecer muito mais complicado do que deveria ser.
Os dedos de , ainda com a garrafa de vodka nas mãos, quase tocaram o rosto dela, mas hesitaram. sentiu a falta de controle dele, uma mistura de desejo, dor e medo em cada movimento. Ela queria empurrá-lo, mas o toque dele, mesmo instável, despertava algo em seu interior — algo que ela tentava enterrar há muito tempo. Era um desejo reprimido, uma vontade de se entregar àquele caos, porque, no fundo, o que ela mais temia era justamente a separação, o fim de tudo o que haviam vivido.
A mão dele agora tocava o rosto dela, com delicadeza, quase como se estivesse tentando encontrar algo, algo perdido, que ele não conseguia mais recuperar. sentiu o calor de sua mão, e por um breve segundo, seu corpo paralisou. Não era só a presença dele ali, não era só o cheiro da vodka ou o desespero em seus olhos. Era o fato de que ela ainda se importava. E isso a consumia.
Ela fechou os olhos, sentindo o peso das emoções, a pressão que a envolvia. Se afastar dele agora parecia impossível. Ela não sabia mais se o que sentia era medo ou algo mais intenso, mais profundo.
—
Eu não consigo… — ela sussurrou, mais para si mesma do que para ele.
, apesar de todo o seu estado, conseguiu sorrir de maneira triste. Ele se aproximou mais dela, seus lábios quase tocando os dela, mas ele parou. O espaço entre eles estava carregado de algo que nenhum dos dois sabia como enfrentar.
A tensão no ar era palpável. Eles estavam tão perto, mas ao mesmo tempo tão distantes, como se cada um estivesse lutando contra o mesmo desejo de se entregar, mas com medo do que aconteceria depois.
sabia o que ele queria, mas a dúvida, o medo de se perder de novo, fazia tudo parecer um jogo impossível. Ela sabia que se cedessem agora, estariam voltando a um ciclo do qual não sabiam como sair.
—
… — ela repetiu, agora com mais firmeza, mas ainda sem conseguir empurrá-lo totalmente. —
Isso não vai funcionar… —
Eu sou perigoso, tão inflexível… A verdade dura vale mais que o meu coração. franziu o cenho com as palavras confusas e um tanto quanto fora de contexto proferidas por .
—
Você está bêbado e não está falando coisa com coisa, vamos tomar um banho para tirar essa inhaca de vodka de você! puxou , tentando erguer o corpo dele do sofá. A tarefa parecia mais difícil do que ela imaginava, já que o peso dele, somado ao estado de embriaguez, tornava qualquer movimento um esforço árduo. Ele estava preso em sua própria falta de controle, e , embora ainda tivesse forças, sentia o impacto daquela situação se tornando cada vez mais difícil de lidar.
—
Eu sou… tão inflexível… — balbuciou novamente, mais uma vez repetindo palavras desconexas, sem nenhum sentido. Seu corpo se movia lentamente, como se estivesse tentando compreender o que acontecia, mas estivesse preso em algum lugar entre a realidade e a névoa do álcool.
suspirou, passando um braço ao redor da cintura dele para sustentá-lo. Ela sabia que não poderia deixá-lo cair, mas cada passo que davam em direção ao banheiro parecia mais difícil que o anterior. O cheiro de vodka ainda pairava no ar, e o toque de , embora desajeitado, fazia com que o corpo dela ficasse em alerta.
—
Vem, … — ela murmurou, puxando-o mais um pouco. Ele estava mais pesado do que imaginava. Cada passo que ela dava, ele cambaleava ao seu lado, como se o próprio corpo estivesse se rendendo ao cansaço da noite.
A porta do banheiro parecia longe demais, e teve que se concentrar em não se perder em seus próprios sentimentos enquanto lutava para sustentá-lo. Ela ouviu o murmúrio dele novamente, mas as palavras se misturavam, sem fazer sentido, como se ele estivesse perdido em um mundo só seu.
Finalmente, eles chegaram ao banheiro. conseguiu, com um esforço final, empurrar a porta com o ombro, fazendo-a se abrir. Ela olhou para , agora praticamente sem forças, com a respiração acelerada, e respirou fundo.
—
Vamos, você vai se sentir melhor depois… — ela disse, tentando soar firme, mas a tensão entre os dois era palpável.
Ela o guiou até o box, ajudando-o a se despojar das roupas com certa dificuldade, enquanto ele tentava, em vão, manter o equilíbrio. Seu corpo estava quente, e sentiu, por um momento, o desconforto de estar tão próxima a ele, tocando-o de maneira que não era mais a mesma. Mas ela tinha que manter a compostura.
, sem conseguir se manter de pé, quase desabou para trás, mas rapidamente segurou sua cintura com mais força, impedindo que ele caísse. A proximidade deles foi intensa, e ela sentiu o calor do corpo dele, como se a intensidade do momento tivesse uma energia própria. Os olhos de estavam um pouco mais focados, mas ainda carregados de uma tristeza profunda, uma dor que ele não conseguia esconder. Ele não falou nada, apenas se deixou guiar pelas mãos dela, como se estivesse esperando por algo, ou talvez apenas buscando conforto.
—
Me ajuda… — Ele disse, a voz embargada, e as palavras soaram como um pedido desesperado, um sussurro de alguém que não sabia mais como pedir ajuda sem se perder ainda mais.
fechou os olhos por um momento, sentindo o peso das palavras dele. Ela não sabia como lidar com isso, não sabia como dar uma resposta que não fosse cruel ou impessoal. Mas, de alguma forma, ela sabia que naquele momento, era ela quem tinha que manter tudo junto, pelo menos até ele se acalmar.
—
Eu estou aqui, … — ela sussurrou, quase sem querer dizer aquelas palavras, mas sem saber como evitá-las.
Ela não sabia mais como separar o que sentia do que estava acontecendo, mas agora não importava. Eles estavam juntos ali, em um espaço que era só deles, e a fragilidade dele a fazia sentir que, de algum modo, talvez ela fosse a única coisa que o impedia de se perder completamente.
🪞🪞🪞
“Tenho que sair dessa, não posso mais hesitar. Tudo se torna cinza, eu corto a fantasia para fora de mim e fujo antes que o veneno se espalhe. Preciso fugir…”
o encarou, deitado sobre os lençois de sua cama, ele vestia apenas a boxer preta, os cabelos úmidos do banho que ela deu nele com dificuldade — ora ele se desequilibrava, ora ela sentia que ia jogar tudo pro ar e beijá-lo ali mesmo debaixo da água gelada.
O peito dele subia e descia, com uma tranquilidade agora quase serena, contrastando com os momentos anteriores, e ela resolveu preparar um chá para ele. Mas antes que ela pudesse alcançar a porta ele gemeu baixinho levando a mão ao ombro, e ela se virou:
—
Devo ter mandado em algum lugar enquanto tentava chegar aqui… eu precisava tanto te ver! —
E porque não me ligou? Precisou de tanta vodka assim para vir até aqui, ? olhou para , seus olhos já menos nublados pelo álcool, mas ainda carregados de algo que ele não conseguia processar. Ele havia se deitado na cama dela, os lençois frios e a sensação de vulnerabilidade tomada por uma mistura de arrependimento e frustração. A voz dele saiu com um tom ácido, mas a tristeza por trás das palavras não passava despercebida.
—
Porque eu não sei mais o que fazer, ! — Ele se sentou abruptamente, a respiração ainda pesada, e as palavras escaparam de sua boca como uma explosão. —
Eu venho até aqui, me afasto de tudo e de todos, tentando te encontrar, e você… você sempre me empurra para longe! É mais fácil me afogar em vodka do que admitir o quanto eu preciso de você! A última palavra saiu em um sussurro, mas a intensidade dela fez o peito de apertar. Ela queria responder, queria brigar de volta, mas as palavras dele eram como facadas, cortando mais fundo do que ela queria admitir. Ela sabia que ele estava falando da dor, da angústia de uma relação que já estava partida, mas ela também sentia sua própria fraqueza diante dele.
olhou para ela, seus olhos agora brilhando, ameaçando transbordar lágrimas. Ele tentou desviar o olhar, como se a vulnerabilidade o envergonhasse, mas não conseguiu. Seus olhos se encheram de água, os limites de sua resistência se quebrando sob o peso do que ele guardava dentro de si.
—
Tenho levado uma vida impura… Desculpa o olho cheio e minha acidez. Eu… eu não sei o que fazer, … — Sua voz vacilou enquanto ele tentava se controlar, mas não conseguiu. As lágrimas começaram a escorrer, uma após a outra, e ele se permitiu finalmente sentir. Ele estava quebrado, e a última coisa que restava a fazer era fingir que tudo estava bem.
Ele a encarou, a dor nos olhos mais forte do que qualquer palavra que ela pudesse dizer. Ele não queria mais ser o homem forte, o controle, a fachada de quem tudo podia suportar. Ele queria que ela visse quem ele realmente era — um homem perdido, desesperado para encontrar algum tipo de salvação, e talvez, só talvez, ela fosse a única pessoa capaz de lhe oferecer algo real.
—
Minha cabeça é a minha prisão, deixei pra trás quem eu fui sem razão. — Ele soltou um suspiro profundo, tentando recuperar a compostura, mas as palavras ficaram presas. —
Eu sei que estou… errando em tudo, … Eu só sei que preciso de você, mais do que eu gostaria de admitir. umedeceu os lábios sentindo a garganta apertar, como se estivesse engolindo um punhado de espinhos. Amargava…
—
Eu bato o meu carro, aprendo a roubar, eu arranjo briga, bebo em algum bar… Beijo qualquer boca, eu traço algum plano… Só pra não lembrar, que ainda te amo. se sentou na cama, um tanto quanto desajeitadamente ainda, e a encarou parada na porta, os olhos dela pareciam gritar de dor, enquanto a boca permanecia fechada. Nenhum som saia de lá…
—
Tenho medo de terminar, então eu minto de novo… Até minhas lembranças estão ficando contaminadas! Por favor, querida, você precisa sair de perto de mim! Alguém me diga o que devo fazer… —
Você precisa se decidir ! Ou vai nos matar de vez! Você me puxa para perto com toda a força e depois me empurra para longe com a mesma intensidade, isso é loucura! A voz dela subiu algumas oitavas e foi a vez das lágrimas que tanto segurou, escorrerem por suas bochechas. Quentes, ávidas, generosas. Estava às livrando da prisão que manteve durante toda a semana.
—
Continuo repetindo seriamente que eu te amo, e então me arrependo de novo… Eu não quero abrir os seus olhos para esse tipo de perigo. Estou sendo egoísta eu sei, . Mas… Ele parou abruptamente de falar e levou as mãos até os olhos, esfregando-os com intensidade, como se quisesse apagar as lágrimas antes que elas viessem, ou talvez, como se estivesse tentando se livrar de toda a dor que sentia ali dentro.
O gesto, embora simples, era devastador. Havia uma vulnerabilidade crua na maneira como ele se entregava àquilo. Ele não estava mais tentando ser o homem forte, aquele que controlava as emoções. Ele estava, ali, nu em sua dor, buscando alguma forma de alívio em um gesto tão primal, tão desesperado. Era como se as lágrimas que ele tentava conter fossem a última coisa que restava de sua resistência, e ele estava disposto a fazer qualquer coisa para evitar se afundar nelas.
, observando-o de pé, paralisada na porta, sentiu o peso daquele momento pesar sobre ela. A intensidade do gesto de a tocou profundamente, fazendo sua respiração falhar por um instante. Ele estava se desfazendo diante dela, e ela sentiu uma onda de compaixão tomar conta de seu peito. Seus olhos se encheram de preocupação, o desejo de correr até ele quase incontrolável. Mas havia também uma dor ali, um medo que ela não sabia como lidar. Ela sabia que ele estava quebrado, mas, ao vê-lo tão vulnerável, ela não podia deixar de se perguntar se era ela mesma que estava se partindo também.
Com as mãos trêmulas, deu um passo à frente, o coração batendo forte no peito. O impulso de se aproximar dele, de consolá-lo, era quase irresistível. Mas ela hesitou por um segundo, sentindo o peso da decisão que ainda estava por vir. Ela não sabia mais como lidar com a intensidade de tudo aquilo. a puxava para perto, mas ao mesmo tempo, havia algo nele que a afastava, algo que ela temia que fosse maior do que ela podia enfrentar.
Ela deu mais um passo, mais perto dele, e então, com um movimento lento, colocou uma mão sobre o ombro dele, tentando oferecer o conforto que ele tanto precisava. O calor de seu toque parecia a única coisa que ainda fazia sentido no meio daquele caos. Sua mão estava gentil, mas firme, como se estivesse tentando dizer, sem palavras, que ela ainda estava ali, mesmo que não soubesse o que mais fazer.
levantou o olhar, os olhos vermelhos, ainda cheios de lágrimas não derramadas, e seus olhos se encontraram com os dela. Não havia mais espaço para orgulho ou máscaras ali. Ele estava completamente exposto, e algo nos olhos dele refletia o que ela sentia — uma mistura de arrependimento, medo e um tipo de pedido silencioso, uma súplica de que, apesar de tudo, ela ficasse.
—
Minha visão tá turva, é de se desesperar… ‘Cê me jogou pro alto só pra me ver quebrar! Eu tenho andado louco e a culpa é sua, sempre que bebo acho que te vi, quero gritar a minha dor. Quando me vi, já estava entrando no meio dos carros da sua rua, mais fraco e frágil pra falar de amor… Meu veneno se espalha em uma noite profunda e dolorosa. Por que meu coração ignora a verdade?
🪞🪞🪞
“Saia da minha mente! Eu não consigo lidar com isso, estou com medo de mim mesmo. A verdade me deixou impotente, meu coração está contaminado e tenho medo que te mude também…”
, ainda com os olhos lacrimejantes, balbuciou as palavras, mas elas soaram como um grito de desespero. Seu corpo estava tenso, como se tentasse se manter firme, mas a fragilidade de suas palavras entregava sua total rendição à dor que o consumia. Ele havia falhado em esconder suas emoções, e agora, mesmo com a energia que restava, parecia mais vulnerável do que nunca.
sentiu a pressão em seu peito aumentar com cada palavra que ele dizia. Ele estava ali, à sua frente, exposto, admitindo o quanto estava perdido, o quanto o amor deles havia se tornado um campo minado de arrependimentos e medos. Ela sentiu o calor do toque sobre o ombro de se intensificar, como um reflexo de uma conexão profunda que não podia mais ser ignorada.
Por um momento, ela não sabia o que fazer, como reagir a tudo aquilo. Estava se afogando na própria indecisão, enquanto o homem que ela amava se despedia de qualquer fachada que ele pudesse ter mantido.
Ela queria se afastar, mas sabia que não podia. Não agora. Não quando a dor dele estava tão viva em seus olhos. Não quando ele a implorava silenciosamente para ficar, para ajudá-lo a não se afundar mais fundo.
deu outro passo à frente, agora tão perto de que poderia sentir o ritmo irregular de sua respiração. Ele olhou para ela, e foi como se o tempo parasse. Ela estava ali, frente a frente, com o homem que lhe causava tanto sofrimento, mas também o homem que fazia seu coração bater com uma intensidade que ela não podia controlar.
—
… — Sua voz falhou, quebrando a tensão no ar. Ela se agachou na frente dele, suas mãos tocando suavemente o rosto dele, como se quisesse se assegurar de que ele estava realmente ali. Não apenas em seu coração, mas fisicamente presente, vulnerável. Ele era a tempestade e a calmaria ao mesmo tempo.
Ele fechou os olhos por um momento, como se sentisse o toque dela e a dor que ele causou a ambos. Ele sabia que tudo isso estava desmoronando, mas havia uma parte dele que ainda queria a chance de reconstruir.
—
Eu estou perdendo você… e não sei como fazer isso parar, … — a voz dele estava rouca, quase inaudível, mas carregada de um peso tão grande que ela sentiu o impacto como um soco no estômago. Ele estava perdido, ele sabia disso. E, ainda assim, havia algo nele que queria lutar, algo que queria agarrar, mesmo sabendo que suas chances eram poucas.
olhou para ele, os olhos marejados, sentindo o nó em sua garganta apertar mais a cada palavra. Ela sabia que, apesar de todo o sofrimento, o que mais doía era a incerteza de tudo isso. Eles estavam tão entrelaçados em seus próprios medos e inseguranças que a ideia de se libertar parecia impossível. A dependência emocional entre os dois, tão profunda, tão cheia de amor e dor, os mantinha presos.
—
, eu… — Ela hesitou, mas as palavras vieram, não com a certeza que ela desejava, mas com a vulnerabilidade que ela não conseguia mais esconder. —
Eu também estou perdida… Mas não sei se podemos continuar assim… Ele a encarou, os olhos cheios de uma mistura de arrependimento e um pedido silencioso. Era como se ele estivesse esperando que ela dissesse algo que poderia salvar o que restava, que, apesar de tudo, eles ainda poderiam sair daquele ciclo de dor.
E então, no calor do momento, talvez sem mais nada a perder, ele se aproximou, mais uma vez colocando a distância entre eles em risco. Não era um gesto impulsivo, mas uma tentativa desesperada de se conectar de alguma forma. As palavras não foram suficientes. Ele precisava sentir a presença dela, precisava de algum tipo de confirmação de que ainda havia uma chance.
, por sua vez, não conseguiu resistir. Ela cedeu ao impulso de estar com ele, ao desejo de se perder e se encontrar de novo. Quando ela inclinou a cabeça para frente, seus lábios se encontraram de maneira lenta, mas carregada de toda a dor e a paixão não dita.
O beijo deles não foi doce ou suave. Foi uma explosão de sentimentos reprimidos, de todas as palavras não ditas e de todas as lembranças que não podiam mais ser apagadas. Um beijo cheio de medo, mas também de uma saudade que ela não sabia como lidar.
Quando os lábios de e finalmente se separaram, o ar parecia pesado, carregado com uma eletricidade que nenhum dos dois sabia como lidar. Eles estavam imersos em um silêncio profundo, e cada respiração parecia reverberar dentro deles, como um eco das emoções ainda não resolvidas. sentiu a dor em seu peito aumentar, mas não conseguia entender se era o alívio momentâneo de estar tão perto dela ou a angústia de saber que nada estava realmente resolvido.
recuou lentamente, ainda atordoada pelo beijo, mas o olhar de a fez sentir como se algo estivesse quebrando dentro dela. Ele estava com os olhos fechados, o rosto contraído, como se tentasse controlar a tempestade interna que o consumia. O peso da culpa parecia tão intenso que ela podia sentir quase fisicamente a distância que começava a se formar entre eles.
—
Eu não posso… — finalmente falou, sua voz rouca e cheia de arrependimento. Ele se afastou de , a mão tremendo ao tentar afastar uma mecha de cabelo que caíra sobre sua testa. Seu corpo estava tenso, a postura rígida. Ele estava a ponto de explodir, mas sabia que não podia mais puxá-la para dentro do caos que ele representava. —
Eu não posso te machucar mais, … Ele passou a mão pela face, como se quisesse se livrar da dor que a consumia, mas as palavras não paravam de ecoar em sua mente.
Você merece mais do que isso… sentiu uma dor aguda no peito ao ouvi-lo falar dessa forma. Ela sabia que, no fundo, ele estava certo. Não podia continuar assim, não podia se perder ainda mais dentro da mesma rotina de promessas quebradas e sentimentos destruídos. Mas, ao mesmo tempo, o desejo de continuar, de buscar algum tipo de reconciliação, ainda a consumia. O beijo dele ainda ardia em seus lábios, e o amor que ela sentia por ele não desapareceria facilmente.
—
Eu… não sei o que fazer… — ela murmurou, a voz falhando com o peso da dúvida. Ela olhou para ele, as lágrimas quase transbordando de seus olhos, mas ela as conteve, pois sabia que não era apenas ele que estava quebrado. —
Eu também tenho medo, … Mas… depois de tudo o que aconteceu, eu não sei mais o que esperar de nós dois… O olhar dele foi como um golpe no coração dela. estava se afastando, mas, ao mesmo tempo, parecia estar implorando silenciosamente por alguma forma de resgatar o que eles tinham, mesmo sabendo que não sabiam como seguir em frente. Ele sabia que ela tinha razão. Eles estavam em um ponto onde o amor parecia um veneno, algo que se espalhava e os consumia lentamente, e ele tinha medo de que, se continuassem a se entregar, eles estivessem cavando um buraco cada vez mais fundo.
—
Eu te amo, … — Ele sussurrou, quase para si mesmo, com uma dor indescritível nos olhos. —
Mas você está me destruindo e eu te estou destruindo… não sabia o que responder. As palavras que ele dizia a estavam dilacerando por dentro. O sentimento que ela tinha por ele não podia ser apagado, mas ela também sentia o peso da culpa, a dor de estar presa a um ciclo tão destrutivo. Ela sabia que precisava sair dessa espiral, mas também sabia que não seria fácil.
Ela deu um passo para trás, sentindo a pressão no peito crescer. Seu corpo estava dizendo uma coisa, mas sua mente estava gritando outra. O espaço entre os dois aumentava lentamente, como se algo invisível os separasse, mas ela não sabia mais se isso era uma necessidade ou uma forma de proteção.
—
Eu… — começou, mas a voz dela estava fraca. —
Eu não posso mais continuar assim, . Não posso ser… Ela hesitou, as palavras faltando.
Não posso ser a pessoa que te destrói também. Não podemos mais nos manter nesse jogo de idas e vindas. Ele a olhou com os olhos molhados, a dor de suas palavras mais doída do que qualquer grito. Mas ele sabia, no fundo, que o que ela dizia era a verdade. Ele não queria mais feri-la. Ele não queria mais viver no meio desse fogo que queimava os dois.
—
Eu sei, . Eu sei… — respondeu, sua voz quebrada. Ele queria mais do que tudo poder fazer as coisas darem certo, mas ele não tinha forças para lutar contra a correnteza que os separava.
Eu só… não sei como viver sem você, mas… talvez seja isso que a gente precise agora. Um tempo… O ar entre eles estava carregado, como se tudo o que restava era uma despedida silenciosa, mesmo que os dois ainda se amassem de uma forma que parecia impossível de ser esquecida. Eles estavam se afastando, não porque não se amassem, mas porque a dor e os medos deles tinham se tornado maiores do que o amor que compartilhavam.
O silêncio se estendeu entre eles, pesado e denso, enquanto ambos sabiam que estavam tomando uma decisão que mudaria tudo.
🪞🪞🪞
“Você deve apagar todas as memórias comigo, eu sou venenoso. Eu sei que não consigo mais aguentar isso. Mesmo que eu não possa ir além, me ame como eu sou, do jeito que eu amo, do jeito que eu amo.”
Dias depois…
não conseguia parar de pensar nas palavras de . Elas se repetiam em sua mente como um eco, uma música amarga que não a deixava em paz. Ela tentava continuar sua rotina, como se o mundo ao seu redor fosse o mesmo, mas tudo parecia mais distante, como se a própria realidade estivesse embaçada. Ela sabia que a separação entre ela e era necessária, mas também não sabia como viver sem ele. A dor de ainda amá-lo e a necessidade de se libertar de um relacionamento que estava cada vez mais tóxico a consumiam de formas diferentes.
Ela decidiu sair por um tempo, afastando-se da cidade para tentar clarear a mente. Um retiro silencioso em uma cabana afastada na montanha, longe de tudo e de todos. Mas mesmo nesse lugar isolado, ela ainda sentia o peso da presença de , como se ele a seguisse aonde quer que fosse. O que ela precisava era de um espaço para se encontrar, um tempo para entender o que ela realmente queria.
Enquanto isso, estava em sua própria batalha interna. Ele sabia que a relação estava destruída, mas ele ainda não conseguia se desvencilhar dela, mesmo que a dor fosse insuportável. Ele evitava sair de casa, preso ao silêncio de sua própria mente. Passava seus dias pensando nas escolhas erradas que fizera, nas palavras que havia dito e que agora parecia que não poderiam ser desditas. Ele sabia que precisava mudar, mas não sabia por onde começar.
Era um fim de tarde quando o telefone de tocou. O número não era familiar, mas uma parte dela soube, sem precisar olhar, que era ele. . Ela hesitou, o coração batendo forte em seu peito. O que ele queria agora? Ela tinha se afastado, dado o espaço necessário, mas ele ainda estava lá, na sombra de seus pensamentos. Decidiu atender.
“
…” — a voz dele estava carregada de um peso que ela não podia ignorar. — “
Eu sei que a gente está afastado, mas eu não sei como lidar com isso. Não sei como seguir em frente, mas…” — Ele fez uma pausa, como se procurasse a palavra certa.
Ela se recostou contra a parede, sentindo a pressão de suas palavras. O silêncio que se seguiu foi sufocante. Era claro que ele não estava pedindo para reatar, mas que ainda havia algo ali, uma necessidade de fechar um ciclo que, de alguma forma, ainda não tinha sido terminado.
“
Eu… também não sei, . Eu queria te dizer que eu estou bem, mas não estou. Eu só… não sei como seguir em frente com tudo isso. Eu preciso de tempo. Só… de tempo.” — respondeu, a voz tremendo.
Eles ficaram em silêncio por um momento, antes que respondesse:
“
Eu entendo. Eu não espero nada. Eu só… precisava ouvir sua voz. Talvez, em algum momento, a gente consiga se encontrar de novo, mas de uma forma diferente.” Era um adeus suave, mas não definitivo. As palavras deles pareciam sugerir que, apesar da separação, o amor não morria, apenas tomava um novo rumo. Ambos estavam se afastando, mas ao mesmo tempo, deixando espaço para o que poderia ser no futuro. Algo mais saudável, algo mais maduro.
O espaço para o crescimento. Nos dias que se seguiram, se permitiu sentir a ausência dele sem a culpa. Ela caminhou pela floresta ao redor da cabana, refletindo sobre sua vida e o que realmente queria para o futuro. Sentia falta de , mas também sabia que, por mais que o amasse, ela não podia mais ser arrastada para um relacionamento que só a fazia perder quem ela era.
, por sua vez, começou a frequentar um terapeuta, finalmente decidindo que era hora de lidar com os demônios internos que o atormentavam. Ele sabia que não seria uma jornada fácil, mas a cada sessão, ele sentia que estava começando a entender a si mesmo de uma forma que nunca tinha feito antes.
O tempo passou, e tanto quanto se afastaram, mas o peso do amor que ainda compartilhavam não foi fácil de carregar. Ambos seguiram seus caminhos, em busca de um entendimento mais profundo de si mesmos e da relação que os conectava. Eles aprenderam, aos poucos, que o amor, em sua forma mais pura e intensa, pode ser tanto um abrigo quanto uma prisão. Mas ainda assim, algo neles dois dizia que aquele amor, mesmo com suas cicatrizes, não poderia ser apagado.
havia aprendido a se fortalecer sozinha. Ela havia passado meses se reencontrando, descobrindo partes de si mesma que estavam esquecidas no turbilhão do relacionamento. Ela via agora com clareza as áreas de sua vida que precisavam de cura e os espaços onde ela ainda precisava crescer. Seu coração ainda carregava a marca de , mas, ao invés de dor, ela agora sentia uma aceitação tranquila. O amor dela por ele ainda era real, mas ela aprendeu a se amar mais, a se colocar em primeiro lugar.
, por sua vez, também teve que aprender a se ver sem os rótulos do passado, sem as armaduras que ele usava para se proteger. O processo de autoconhecimento foi doloroso, mas essencial. Ele se permitiu ser vulnerável, enfrentando as partes mais sombrias de si mesmo, e finalmente buscando ajuda profissional para curar as feridas que ele carregava. A decisão de não mais ferir os outros, nem a si mesmo, foi um passo necessário para ele poder entender o que o amor verdadeiro realmente significava.
🪞🪞🪞
“Isso é amor, me consumindo por completo, todos os meus medos e as cicatrizes dentro de mim… Mesmo que você me machuque todos os dias, esse é o jeito que eu amo, o jeito que eu amo!”
Em uma tarde chuvosa, meses depois de se separarem, caminhava pela praça onde se encontraram pela primeira vez. Ela não sabia por que estava ali, talvez porque sentisse que o ciclo precisava ser fechado, que ela precisava entender o que ainda restava entre ela e . Quando chegou àquela praça, um silêncio pesado a envolveu, e logo ela ouviu passos atrás de si.
Ela se virou lentamente e o viu. . Ele estava ali, de pé, com os olhos mais claros e mais serenos do que ela lembrava. Ele a olhou com uma intensidade que a fez sentir o tempo parar por um momento. Não havia mais raiva, nem frustração. Havia algo mais suave em seu olhar.
—
Eu… eu nunca te deixei ir, . — disse com a voz baixa, mas firme. Ele estava ali, diante dela, com a mesma vulnerabilidade que a havia tocado antes. —
Eu sei que te machuquei, e nunca vou me perdoar por isso. Mas eu só queria dizer que, mesmo que a gente tenha passado por tudo isso, eu… ainda te amo. Não da maneira que a gente amou antes. Não mais tão cega, mas de uma forma mais real. De uma forma mais nossa. sentiu uma pressão no peito, mas agora não havia mais dor. Havia compreensão. Ela respirou fundo, sentindo a batida de seu coração acelerar, mas sem o medo de antes. Ela se aproximou dele, e, dessa vez, não foi uma corrida desesperada em busca de um resgate. Foi uma caminhada calma, onde ela podia ver, nos olhos dele, a sinceridade do que ele estava dizendo.
—
Eu também te amo, … — ela respondeu, o sorriso em seus lábios, embora triste, refletia a aceitação. —
Mas esse amor é o que vai nos fazer crescer. Não é perfeito, mas é o jeito que a gente ama. Eles ficaram em silêncio por um momento, as palavras pendendo no ar entre eles. Não havia necessidade de mais explicações. Ambos sabiam que o caminho à frente não seria fácil, mas, dessa vez, não era sobre fugir ou se perder. Era sobre seguir em frente, juntos ou separados, com a consciência de que a vida, e o amor, exigem aprendizado e evolução.
Eles não se abraçaram, nem se beijaram novamente, mas o olhar que trocaram dizia tudo. A dor do passado já não os dominava. Eles estavam, finalmente, livres. Libertos da ideia de que precisavam ser a solução um para o outro. Eles se amavam, mas também se libertavam. E talvez, mais do que qualquer coisa, esse fosse o maior amor que poderiam oferecer a si mesmos e um ao outro.