My Little Thief
Prólogo
Aquele deveria ser somente mais um simples trabalho, porém às vezes contratempos acontecem na vida de todos e os planos traçam outros rumos.
Era uma madrugada estrelada em Manhattan, eu estava há duas quadras de Wall Street, entrando pelo estacionamento de um edifício empresarial.
Eu havia conseguido driblar os dois vigias do estacionamento, estava disfarçada de mecânica e disse a eles que estava ali para avaliar o sistema do elevador, uma vistoria de rotina. Pensei que seria difícil acreditarem, mas, para minha sorte, meu sócio já havia desenrolado uma história e notificado a equipe de segurança que teria um técnico no local, tenho que admitir em segredo que meu sócio sempre pensa em tudo, todos os detalhes.
Entrei no elevador e desci até o subsolo, passei pela casa de máquinas sem problemas e entrei na sala onde o sistema do elevador ficava; retirei toda aquela roupa de disfarce, o boné e os equipamentos, deixando todos jogados no chão ao lado da porta, ficando somente com uma regata branca e um short preto que estava por baixo da roupa de técnico. Peguei minha pistola
Taurus PT 100, que estava na caixa de ferramentas e saí da sala, caminhei pelos corredores atirando nas câmeras de segurança, não deixando que registrassem meu rosto nas filmagens.
Quando cheguei no final do corredor, guardei minha arma na bota e peguei o cartão de identificação no bolso da calça que roubei de um dos seguranças. Passei o cartão e abri a porta, desci mais um lances de escadas e me deparei com mais uma porta, a abri de leve e vi bem ao fundo da sala em cima de uma escrivaninha, o meu objeto de desejo atual, um atraente notebook branco que continha as informações que eu havia sido contratada para roubar.
Tirei um saquinho de dentro da bota e abri, peguei um pouco de farinha que estava dentro e soprei de leve. Observei por um momento, checando se estava tudo tranquilo, então entrei na sala tranquilamente, indo até o notebook; o abri e liguei, retirei do bolso meu celular e liguei para meu sócio.
— Entrei. — disse para ele.
— Muito bem,
Little Thief. — brincou ele, me chamando pelo apelido que tinha inventado para mim — Agora vamos passar todos os dado para o pen-drive que te enviei.
— Ok. — retirei o pen-drive do meu bolso e pluguei. — Conectado, agora é com você, faça sua parte.
— Let’s go,
Little Thief.
Em exatos dois minutos, através do vírus que estava no pen-drive, ele entrou no software do notebook e transferiu todos os dados que precisávamos para o pen-drive. Eu desliguei o celular e o taquei na parede, pisei um pouco mais o quebrando, o peguei novamente retirando o cartão de memória.
Coloquei o pen-drive no bolso e o cartão de memória joguei dentro de um jarro de flores que estava com água dentro. Saí da sala tranquilamente e voltei pelo mesmo corredor; quando cheguei na parte superior do subsolo, seis seguranças já estavam armados me esperando. Levantei as mãos lentamente olhando para eles em silêncio, sorri de canto caminhando bem devagar olhando para o chão.
Um deles se aproximou de mim, e quando foi pegar em meu braço, girei meu corpo lançando minha perna direita em seu rosto o jogando no chão e peguei minha arma rapidamente aturando no segundo. O terceiro atirou primeiro e eu desviei atirando nele, o quarto veio para cima pegando em minha arma, soquei sua cara com força com minha mão esquerda e soltando minha arma, segurei no terno dele para sustentar meu corpo e o rodei lançando minha perna direita sobre o quinto homem.
Vendo isso, o sexto homem atirou e virando novamente o corpo do quarto homem, o deixei ser atingido, peguei minha pistola e atirei no sexto homem. Sem pensar em mais nada, saí correndo pelo corredor até o elevador, como este estava demorando, abri a porta de saída de emergência e comecei a subir uns lances de escadas, até que vi que outros seguranças estavam descendo.
Minha sorte é que eu já estava no andar que queria. Entrei no saguão do térreo e caminhei tranquilamente em direção à porta da frente. Ao segurar na maçaneta e abrir, olhei para trás e lá estavam mais outros seguranças todos trajando seus ternos preto e devidamente armados, saindo dos corredores em minha direção. Saí do prédio e corri até o outro lado da rua, subi na moto que havia estacionado, dei a partida e acelerei.
A perseguição continuou por muito tempo, eu em minha moto desviando dos carros na avenida principal da cidade, e vários carros esportivos preto atrás de mim. Olhei de relance para o painel da moto e percebi que a gasolina estava acabando, droga! Justo naquele momento eu realmente iria começar a ter má sorte? Entrei com minha moto em um beco estreito e sem saída, estacionei desligando ela e desci, olhei para trás e os carros estavam parando aos montes com aquele homens saindo vindo em minha direção.
Subi em cima de uma grande lixeira que havia lá e pulei a parede de alvenaria, caí de mal jeito sentindo uma leve dor no meu braço direito, mas não podia perder tempo com aquilo, então eu corri mais um pouco tomando impulso, e pulei segurando no último degrau de uma escada suspensa que havia na lateral do prédio. Com certa dificuldade, consegui subi na escada e rapidamente erguendo meu corpo subi correndo os degraus já recebendo vários tiros em minha direção.
Senti a escada balançar um pouco, olhei de relance para baixo e vi três homens subindo atrás de mim, quando cheguei no topo pulei novamente me agarrando ao beiral do terraço e me esforçando joguei meu corpo para dentro. Senti logo uma me puxar pela perna me derrubando no chão, eu olhei para trás e lancei minha outra perna na cara dele chutando seu rosto, me livrando dele. Me levantei e corri novamente pelo telhado, quando cheguei no final olhei para trás e os outros dois que estavam atrás de mim já se aproximavam.
Respirei fundo tomando fôlego, eu já estava ali e não desistiria de terminar meu trabalho. Dei alguns passos para trás e corri pulando em direção o telhado do prédio ao lado, me agarrei no beiral da janela do último andar que por sorte estava aberta, eu entrei rapidamente e me abaixei já sentindo os tiros acertarem a parede ao lado da janela. Fiquei alguns instantes ali parada tentando pensar como eu conseguiria sair daquela situação, quando olhei pela janela novamente vi os homens entrando no prédio onde eu estava.
Me levantei rapidamente e corri pelo corredor novamente até chegar no final dele, saí pela outra janela e comecei a me locomover minunciosamente pelo estreito beiral e me agarrei na janela ao lado, quando olhei para dentro da janela era um quarto. Não pensei nos possíveis detalhes e me joguei dentro do quarto tentando não fazer nenhum barulho.
Nesta altura, eu já não sabia mais o que faria naquela situação, eu não sabia onde estava, nem sabia como conseguiria sair dali,
se eu conseguiria sair viva. Dei alguns passos pelo quarto observando todo o lugar, ouvi algumas vozes vindo da sala, abri bem devagar a porta do quarto e andei pelo corredor sem fazer sequer um barulho:
— Então, hyung, é tão bom poder ficar aqui por uns dias, acho que já estava pirando naquela casa. — disse a primeira voz, masculina, porém um tanto complicada de distinguir, com certeza era a voz de um adolescente ou algo parecido.
— É por isso que saí de casa e vim morar sozinho, pelo menos agora não tenho mais nosso appa querendo controlar minhas escolhas. — a segunda voz era mais grossa e concentrada, senti um leve arrepio ouvindo ela, fiquei curiosa para saber como seria o dono daquela voz tão atraente à minha primeira impressão.
Logo o barulho de pessoas batendo na porta, eu deveria ter previsto que aqueles homens iriam entrar em todos os apartamentos. Voltei cautelosamente e mais que depressa para o quarto que entrei, dei algumas voltas sem saber o que fazer e como sairia dessa, quando olhei para a mesa ao lado da cama. Tinha um porta retrato, peguei e vi que na foto tinha quatro pessoas, um casal que aparentava ter seus cinquenta anos, um jovem com cara de colegial e um homem um tanto chamativo e bonito, com certeza o dono da voz atraente.
Quando coloquei o porta retrato no lugar, notei que tinha um celular, peguei e desbloqueei de forma prática e fácil, olhei rapidamente seu álbum de fotos e vi que em todas ele estava sozinho. Isso era bom e havia me dado uma ideia, aquela seria a primeira vez que faria aquilo para fugir de uma centena de homens furiosos e armados.
— , sua louca. — sussurrei para mim mesma.
Eu era louca, sempre fui, mas o que eu estava fazendo ia além de loucura. Retirei minha blusa e meu short jogando-os no chão, permaneci somente de lingerie, lancei meu olhar para a porta ouvindo vozes no corredor, sem pensar em mais nenhuma consequência do que estava prestes a fazer, desarrumei a cama e me deitando fingi que estava dormindo. É isso mesmo, eu iria me passar por namorada, ou algo do tipo daquele homem na foto, aquilo era a coisa mais perigosa que eu estava fazendo em toda minha vida até aquele momento.
Eu definitivamente estava deixando minha vida nas mãos de um desconhecido.
“Você vai se machucar! Fuja ou você vai se machucar!
Às vezes ser corajoso demais pode ser ruim.”
– Face / Nu’Est
Capítulo 1
— Então, hyung, é tão bom poder ficar aqui por uns dias, acho que já estava pirando naquela casa. — disse Sam se espreguiçando na poltrona.
— É por isso que saí de casa e vim morar sozinho, pelo menos agora não tenho mais nosso appa querendo controlar minhas escolhas. — eu ri de leve me lembrando das cobranças do meu pai, olhei para janela, estava começando a amanhecer.
De repente, bateram fortemente na porta gritando para que abríssemos. Eu me levantei do sofá meio assustado com tanta agitação vindo do lado externo do apartamento. Quando abri a porta, quatro homens armados e aparentando ser seguranças entraram bruscamente olhando para os cantos do apartamento.
— Teremos que revistar este apartamento. — disse um dos homens me olhando.
— Por quê? — perguntou Sam se levantando.
— O que estão procurando? — perguntei não gostando daquela invasão. — Estão aqui a mando de quem?
— Nada de perguntas. — o outro homem meio ruivo subiu um pouco a manga do seu terno mostrando sua tatuagem em forma de dragão com cinco estrelas ao redor. — Vamos olhar todos os cômodos.
Respirei fundo assentindo, eu não sabia o que aqueles homens queriam e nem quem eles procuravam, mas sabia para quem eles trabalhavam, os Chang. Meu pai lutou no passado para selar a paz com esta família, uma das cinco famílias mais poderosas de Xangai, eles controlavam a Chinatown de New York. Não seria eu que quebraria essa paz entre minha família e os Chang, então resolvi cooperar.
Enquanto os outros dois foram checar na cozinha e no banheiro juntamente com Sam, o ruivo e o outro robusto foram em direção ao meu quarto comigo. Ao girar a maçaneta e abrir a porta, tive alguns segundos e paralisia total, tanto do meus músculos quanto do meu cérebro. Havia algo a mais no meu quarto que eu não sabia como havia parado ali, respirei fundo e entrei, acompanhado dos dois, ainda estava absorvendo aquela cena.
Uma mulher de lingerie deitada em minha cama, com metade do seu corpo, incluindo o rosto, tampados pelo cobertor, fingindo estar dormindo, suas roupas no chão e algumas minhas também, só havia uma resposta para aquilo, aquela mulher era o que estavam procurando, e estava ali deitada em minha cama dependendo da minha ajuda. Naquele momento eu tinha duas opções: a primeira era entregar ela e deixar que a levassem, porém, a segunda me interessava mais, eu entraria no personagem e levaria aquela cena adiante, estava curioso para saber quem era aquela corajosa mulher.
— Quem é esta? — perguntou o ruivo.
— Minha noiva. — eu disse num tom sério e olhei novamente para ela, observando suas curvas. — Tivemos uma noite longa.
— Imagino. — o robusto a olhou fixamente. — Meus parabéns amigo. — elogiou ele.
— Acho que o que procuram não está aqui, não ouvimos nenhum barulho. — eu disse caminhando discretamente até minha cama.
— Muito bem, vamos procurar em outro apartamento. — disse o ruivo saindo juntamente com o robusto.
Eu esperei eles saírem, juntei suas roupas e as coloquei no cofre do meu armário, caminhei tranquilamente até a cama e me debrucei de leve aproximando meu rosto e sussurrei no ouvido dela:
— Agora você me deve sua vida. — eu me afastei aos poucos vendo os pelos do seu corpo se arrepiar, segurei o riso e saí do quarto, indo em direção à sala, precisava ter certeza que aquele homens realmente tinham ido embora.
Assim que ouvi o barulho da porta se fechando novamente, consegui voltar a respirar direito. Ainda não sabia se aquele meu arrepio era de alívio ou por causa daquele sussurro dele, sua voz me deixava um tanto admirada. Ergui meu corpo lentamente, passei a mão em meu cabelo de leve respirando fundo.
— Não acredito que fiz isso. — sussurrei para mim mesma. — , você é definitivamente louca.
Me levantei da cama e olhei para o chão, percebi que faltava algo, minhas roupas não estavam mais lá. Olhei em minha volta tentando não me desesperar, vasculhei entre as roupas que ainda estavam no chão e minhas peças realmente não estavam lá. Caminhei até seu guarda-roupa abri e comecei a procurar sem muito sucesso, parei por um momento e me lembrei que quando ele se aproximou de mim, eu havia sentido que suas mãos tinham algo.
— Filho da mãe. — fechei meus olhos pensando no que iria fazer.
Peguei uma blusa de moletom cinza dele que encontrei em uma das gavetas e uma calça preta um tanto larga, mas que possuía uma liga regulável e me vesti rapidamente. Me aproximei da janela com cautela e olhei por entre a cortina, alguns homens ainda estavam pelo perímetro me procurando, eu não sabia quanto tempo iria durar aquilo, mas tinha em mente que não poderia sair daquele apartamento tão cedo.
Após os homens saírem, Sam ficou me olhando ainda sem entender. Eu o olhei de forma preocupada, estava pensando se contaria ou não para ele sobre a mulher estranha na minha cama. Foi quando ouvi o barulho da porta do meu quarto se abrir.
— Quem está aqui com você? — perguntou meu irmão um tanto surpreso pelo barulho. — Você não me disse que estava acompanhado, hyung.
— Eu… — ainda escolhia as palavras, que insistiam em fugir de mim.
— Onde estão minhas coisas? — perguntou ela ao aparecer na porta do corredor, estava usando minhas roupas, aquilo era interessante, era a primeira vez que eu estava gostando daquela blusa de moletom velha que ganhei da minha avó no natal passado.
— Quem é ela, hyung? — meu irmão a olhou meio boquiaberta.
— Eu sou a noiva do seu hyung. — ela respondeu de imediato, me olhando de forma ousada e fixa.
— Então, era essa a surpresa que eu tinha para nossos pais. — eu disfarcei concordando com ela, era uma boa ideia não envolver meu irmão mais novo naquela loucura que estávamos embarcando.
— Uau. — Sam ainda estava meio abobalhado olhando para ela. — E qual o nome da noona que conquistou meu irmão?
— Pode me chamar de . — ela sorriu de leve, um sorriso meio angelical que eu não imaginava que uma mulher como ela pudesse fazer.
— Prazer. — disse Sam meio empolgado. — Não sei se o hyung falou sobre mim, sou o Sam, o maknae da família, filho mais novo.
— Ah, sim. — ela caminhou até mim com naturalidade — Ele me falou um pouco sobre você.
— Se eu soubesse que estava acompanhado, não teria vindo. — Sam me olhou inocentemente.
— Sam, poderia nos deixar à sós? — perguntei a ele.
— Claro. — ele se afastou indo em direção ao corredor. — Preciso mesmo descansar.
Tanto eu, quanto ela, permanecemos em silêncio até ouvirmos a porta do quarto de Sam se fechar, ela voltou seus olhos para mim e ficou me encarando por um tempo.
— Você não me respondeu. — insistiu ela.
— Sobre?
— Onde estão minhas coisas? — sua face séria estava com uma faísca de fúria. Me parecia que ela queria bem mais que suas roupas, eu havia visto um objeto no bolso do short.
— Está assim pelas roupas? Ou pelo pen-drive? — sorri de canto debochadamente.
— Onde está? Onde o colocou? — ela se aproximou de mim.
— Não se preocupe. — eu ri de leve — Você terá de volta, assim que responder algumas perguntas minhas.
— Acha mesmo que vou cair em chantagens? — ela me olhou com desprezo.
— Não sei, mas acho que aquele pen-drive é muito importante para você. — eu me aproximei ainda mais dela. — Eu conheço aquele caras que estavam atrás de você, o que roubou deles?
— Não lhe interessa. — ela deu de ombros e se virou olhando a janela.
— Tenho amigos que podem descobrir sobre isso. — insisti a olhando. — Você trabalha para quem?
— Por que quer saber de mais? — ela me olhou — Isso pode te matar um dia.
— Isso o quê?
— Sua curiosidade. — ela se sentou no sofá. — Agora, me devolva o que é meu.
— Não.
— Como? — ela se levantou novamente, pude sentir sua raiva.
— Como eu disse antes, você me deve sua vida, só irei te devolver suas coisas depois que me fizer alguns favores.
— Você acha que eu sou o quê? — ela bufou indignada.
— Ou você me ajuda, ou nada de pen-drive.
— Tudo bem. — ela desviou seu olhar para a porta engolindo seco. — O que você quer?
— Preciso me livrar de uma garota, e você irá me ajudar com isso.
Ela me olhou de imediato como se tivesse entendido o que eu estava querendo dizer, assentiu com o olhar e logo deu um sorriso gentil.
“Você realmente existe? Você parece apenas fantasia
Estou vagando entre sonhos e além?”
– Black Pearl / EXO
Capítulo 2
Eu só conseguia pensar no prazo que tinha para enviar aquele pen-drive ao meu sócio, e em como conseguiria minhas coisas de volta. Agora que eu sabia seu nome, tudo ficaria mais fácil, ou pelo menos eu poderia investigar mais sobre ele e sua família.
tinha me deixado dormir em sua cama naquela noite, enquanto dormia no chão, um tanto cavalheiro de sua parte. Logo pela manhã, quando acordei, me espreguicei de leve em sua cama macia e abri meus olhos, ele não estava mais no quarto, me levantei e olhei de relance para a cadeira ao lado da janela, minha roupas estavam lá.
Me aproximei e peguei, mas ao procurar nos bolsos do meu short, meu pen-drive não estava lá; é claro que ele esconderia o que eu mais queria, aquele homem estava brincando com sua vida. De repente ouvi um barulho vindo da sala, abri a porta do quarto lentamente e ouvi algumas vozes vindo da sala, estava falando com uma garota, de voz bem enjoativa por sinal.
Eu fechei a porta e logo me lembrei do nosso acordo, será que aquela garota era a mesma que ele queria se livrar? Eu estava começando a ficar curiosa para conferir isso.
Eu havia deixado dormindo em minha cama, saí do quarto em silêncio para não acordá-la e fui diretamente para cozinha, preparei o café e me concentrei em ler meu jornal como de costume. A campainha tocou minutos depois que terminei de me alimentar, achei estranho, pois meu irmão já tinha a chave, então quem estaria me visitando àquela hora da manhã?
— ! — disse Tiffany com empolgação ao quase pular em meu pescoço me dando um abraço de surpresa. — Quando soube que tinha voltado para Manhattan, não acreditei.
— Oh, é você. — disse, me soltando dela de forma rápida, tentando ser gentil. — Eu não te esperava aqui.
— Vim ver como estava. — ela entrou olhando em sua volta. — Este apartamento não combina muito com você, oppa.
— Preferi ficar em algo que eu possa pagar com meu próprio dinheiro. — expliquei a ela o motivo do meu apartamento ser pequeno e simples.
— Ah, sim. — ela me olhou. — Sua estratégia de independência dos seus pais, pelo menos o bairro é um tanto tranquilo.
— Sim. — eu a olhei meio sem jeito, queria fazê-la ir embora, mas não tinha coragem que dizer.
— Amor?! — ouvi uma voz vindo do corredor.
Senti meu corpo arrepiar na hora, quando virei meu rosto, a mesma paralisia repentina que tinha tido no dia anterior, havia voltado. estava encostada na porta do corredor de braços cruzados, estava de lingerie usando somente uma camisa minha com o segundo botão abotoado. Eu a olhei de baixo para cima, deixando meus olhos um pouco mais em suas pernas, respirei fundo tentando voltar ao meu nível normal de raciocínio.
— Oppa, quem é ela? — Tiffany me olhou sem entender.
— Desculpe atrapalhar, não sabia que estava com visitas. — caminhou em minha direção sinuosamente — Mas você estava demorando tanto para voltar para cama. — ao chegar perto de mim, ela me beijou de surpresa.
No início fiquei um pouco desnorteado e sem saber como reagir, mas meu corpo entendeu a mensagem antes mesmo do meu cérebro e eu retribui o beijo de forma espontânea e sutil.
— Oh. — Tiffany se encolheu.
— Hum. — se afastou de mim e a olhou com superioridade. — Me desculpe, não me apresentei, sou a noiva de , pode me chamar de .
— No… Noiva? — Tiffany gaguejou um pouco e olhou para mim. — Eu não sabia que… Eu tenho que ir, tenho outros… — ela parecia mais desnorteada do que eu naquilo tudo. — Foi um prazer te ver e conhecer sua no… noiva.
Eu ainda não conseguia ter nenhuma reação depois daquele beijo, nem mesmo consegui dizer um adeus à Tiffany. passou por mim e fechou a porta entre risos, deu alguns passos até o sofá e se jogou nele.
— Então, devo presumir que essa era a garota que queria se livrar? — perguntou ela pegando o controle e ligando a TV.
— Sim. — eu a olhei, minha mente ainda estava absorvendo tudo aquilo.
— Hum, até que ela era um pouco bonitinha. — brincou, trocando os canais da TV, — Mas você realmente tem que ter um pouco mais de coragem para dar um fora em uma garota.
— Infelizmente, eu sou cavalheiro demais para isso. — retruquei a olhando.
— Entendo. — ela respirou fundo. — Onde está seu irmão?
— Correndo pelo quarteirão.
— Hum… — ela se levantou indo em direção à cozinha. — Enfim, quando você estiver pronto, me devolva meu pen-drive.
— Ah. — eu a olhei, trato era trato, mas eu ainda queria saber mais sobre ela.
Assenti sem nenhum problema e voltei para meu quarto, abri o armário ao lado da porta e, destravando o cofre, peguei seu pen-drive. Quando me virei para o lado, ela já estava na porta me olhando com uma maçã em sua mão direita meio mordida.
— Só mais uma coisa antes de devolver. — eu disse.
— Diga.
— Seu verdadeiro nome. — fui direto e preciso.
— Por que quer saber? — ela me olhou intrigada. — Acha mesmo que pode investigar quem sou eu?
— Bem, eu preciso saber um pouco mais sobre minha noiva misteriosa. — brinquei a fazendo rir.
Ficamos parados nos olhando por um longo tempo, até que nossas respirações estavam em sincronia com a profundidade dos nossos olhares. Parecia que ela ainda estava relutando em responder aquilo, ela sabia meu nome graças ao meu irmão, nada mais justo que eu soubesse o verdadeiro nome dela também.
— Sei que vou me arrepender depois. — ela se aproximou mais de mim e pegando suavemente o pen-drive da minha mão — Meu nome é .
Ela pegou sua roupa que estava na cadeira e saiu do quarto ainda vestida com minha camisa. Fiquei alguns minutos parado no quarto olhando para porta, talvez eu devesse ir atrás dela ou não, no impulso, saí do quarto e fui até a sala.
— . — disse, mas ela já havia ido embora.
— Hyung?! — disse Sam entrando — Oh, acabei de esbarrar na descendo as escadas.
— Escadas? — eu me desviei dele e saí do apartamento.
Desci as escadas correndo um pouco desesperado, e saí do prédio. Andei de um lado para o outro na rua, tentando ver a direção que ela foi.
Fiquei por um tempo dentro da lavanderia do outro lado da rua vendo ele me procurar. Peguei a jaqueta de um cara que estava distraído, quando mexi no bolso, logo um sorriso apareceu em minha face, tinha umas chaves que pareciam ser da sua moto. Coloquei o capacete enquanto ele estava distraído paquerando uma garota e saí vestida com a jaqueta.
Subi na moto e dei a partida, parei no semáforo por um tempo e olhando para o meu lado, lá estava ele ainda me procurando, segurei o riso e acelerei quando o sinal abriu. Minha próxima parada seria em uma agência dos correios. Estacionei a moto em frente a agência combinada, desci e entrei, peguei a senha e logo fui chamada por um funcionário.
— Bom dia senhorita, em que posso ajudar? — disse a moça sorridente de cabelos castanhos.
— Caixa postal 77, código
Little Thief. — disse a ela.
— Um instante, por favor. — a moça se afastou do balcão e entrou em uma sala.
Dois minutos depois, um homem engravatado veio e minha direção.
— Bom dia. — ele possuía um voz grossa, levantou a suas mãos e mostrou uma caixa. — Bem, estávamos à sua espera, senhorita. — ele abriu a caixa.
— Houve alguns contratempos, mas aqui está a encomenda. — eu coloquei o pen-drive na caixa.
— Seu pacote chegará ainda hoje. — informou ele.
— Bom saber. — eu olhei para a caixa sendo fechada e selada. — Alguma coisa para mim?
— Sim. — ele retirou um papel do bolso e me deu juntamente com um recibo da agência.
— Obrigada. — disse de forma séria pegando o recibo e o papel.
Saí da agência e caminhei pela rua, a esta altura o dono da moto estaria procurando por ela. Parei no semáforo esperando o sinal fechar, um homem parou ao meu lado. Virei minha face de leve e, descendo meu olhar para seu bolso, de forma rápida e suave retirei seu celular de lá; assim que o sinal abriu, deixei que o homem seguisse em frente e continuei caminhando na mesma calçada que estava.
Destravei com facilidade o celular e liguei para meu sócio, após alguns toques ele finalmente atendeu:
— Pacote enviado. — eu disse.
— Ah! Como é bom ouvir sua voz,
Little Thief. — disse ele demonstrando empolgação.
— E meu pagamento? — perguntei a ele olhando algumas vitrines de lojas que estava passando em frente.
— Depositado. — respondeu ele. — Não vá gastar tudo em sapatos. — brincou ele.
— Para de implicar. — eu ri de leve parando em frente a vitrine de uma loja de sapatos. — É somente um hobby.
— Não sabia que comprar sapatos fosse um hobby. — retrucou ele rindo.
— Quando se tem dinheiro, o que você quiser pode se tornar um hobby. — tombei um pouco a cabeça olhando um scarpin azul marinho, parecia que o sapato estava me chamando.
— Preciso desligar agora, me contate novamente quando chegar em casa.
Após ele encerrar a ligação, entrei na loja, imediatamente uma vendedora super simpática veio me atender. Após algumas horas experimentando alguns modelos, acabei escolhendo o scarpin azul marinho que namorei desde o início, uma bota de cano longo e uma sandália dourada.
— A senhora vai pagar em espécie ou cartão? — perguntou a vendedora.
— Bem, estou sem meu cartão e não trouxe dinheiro, mas posso ligar para meu banco e autorizar a transferência. — respondi a ela.
— Claro, como quiser. — a moça sorriu e logo pegou o telefone.
Não demorou muito tempo até que a transação foi feita, saí da loja carregando três grandes sacolas e com um largo sorriso no meu rosto. Parei um táxi, entrei e segui em direção ao condomínio onde morava, no bairro Upper East Side. Para minha sorte, o vigia que era muito simpático comigo, estava no seu turno e pagou o táxi para mim.
Caminhei por um longo tempo pela rua até chegar na minha pequena e luxuosa residência, era a casa mais distante do condomínio, eu gostava de tranquilidade e privacidade total. Continha dois andares muito bem arquitetados, uma mistura de concreto e vidro que deixava a parte interna clara e bem iluminada pela luz natural, em volta da casa tinha um jardim contínuo, uma vegetação que eu podia admirar a todo momento que abria as persianas da casa. A garagem onde eu guardava meus carros era subterrânea, a piscina era interna, onde a passagem dava através da parede lateral do escritório.
No primeiro andar, tinha minha ampla sala de estar com pé direito duplo, uma cozinha digna de master chef, a sala de jantar, um lavabo para visitas e uma pequena biblioteca que havia criado recentemente ao lado do escritório. No segundo andar, um quarto de hóspedes, apesar de nunca ter tido nenhum, e minha suíte master imperial. Eu costumava apelidar assim, além do amplo espaço do quarto e o banheiro clássico e sofisticado, eu tinha dois closets, um para roupas e outro exclusivo para meus sapatos.
Quando entrei em casa, coloquei as sacolas ao lado da porta, olhei para o corredor que dava para sala de jantar e lá estava ele, meu lindo cachorro, um doberman adulto e muito bem treinado.
— Olá, Cronos. — eu disse ao olhar para ele com um sorriso. — Sentiu falta da mamãe?
Ele correu até mim colocando suas patas dianteiras em mim, e latindo forte.
— Sim. — eu concordei como se soubesse o que ele estava falando. — Também senti sua falta, espero que não tenha dado trabalho à Stephanie.
Ele se sentou e ficou me olhando, eu olhei para o lado e peguei as sacola, subi as escadas sendo seguida por ele, Cronos era uma boa companhia para mim, eu o tinha ganhado de presente do meu sócio, quando ainda era filhote. A única pessoa que ele teoricamente obedecia além de mim, era minha empregada Stephanie.
Quando entrei e minha suíte, fui direto para o closet de sapatos e coloquei meus novos pares em seus lugares de direito. Retirei minha roupa no quarto e caminhei em direção ao banheiro, tomei um relaxante banho, estava mesmo precisando passar horas na minha banheira de hidromassagem.
”Você brilhou radiante em um curto período de tempo como um relâmpago
Você iluminou o mundo por um instante
Como se o mundo inteiro me pertencesse
Você me mostrou e partiu.”
– Thunder / EXO
Capítulo 3
:
Assim que acordei pela manhã, troquei minha roupa e caminhei pelo condomínio com Cronos, fazia tempos que não passeava com ele, percebi alguns rostos novos durante minha caminhada, com certeza alugaram a minha outra mansão que ficava mais no início do quarteirão que eu estava alugando.
Na hora do almoço resolvi testar meus dotes culinários, havia feito um curso de gastronomia italiana pela internet, cozinhei um spaghetti ao molho branco com bacon e brócolis, até me dei ao luxo de jogar queijo prato por cima quando fui comer. Até que não estava nada mal para uma primeira vez, porém quando olhei para a cozinha após terminar de me alimentar, parecia que um furacão havia passado ali.
Eu ri de início, olhando aquelas vasilhas sujas amontoadas na pia, minha empregada me mataria se visse aquilo, então me animei e organizei tudo, deixando a cozinha limpa como estava. Era divertido fazer aquilo com certa frequência, minha vida era tão diferente que quando me ligava em fazer esses tipos de tarefas domésticas, me sentia uma pessoa comum.
Saí da cozinha e caminhei pela casa até a sala de TV, liguei minha ostentação no lugar de televisão e comecei a ver um filme que estava em minha lista de favoritos no Netflix. Me joguei no sofá retrátil, Cronos sentou a meu lado e ficou prestando atenção na televisão, logo meu celular tocou, eu retirei do bolso e atendi colocando no viva voz.
— Boa tarde para o melhor sócio de mundo. — eu ri de leve, pausando o filme.
— Boa tarde, Little Thief. — ele riu do outro lado da linha. — Sabe o motivo da minha ligação?
— Estou de férias. — adverti. — Esse último serviço me sugou muita energia.
— A culpa não é minha se teve um contratempo. — retrucou ele. — Mas eu sei que sempre dá espaços de tempo entre um serviço e outro, então só irei alertar para onde vai desta vez.
— Quer preparar meu psicológico? — eu ri. — Me surpreenda desta vez.
— Vegas, baby, desta vez será em Vegas.
— Interessante, soube de uma loja da Prada em Vegas que estava mesmo querendo ir.
— Foco, Little Thief. — repreendeu ele rindo de mim. — Sapatos são diversão e diversão vem após o trabalho.
— Eu sei disso. — respirei fundo. — E terei que roubar o quê?
— Um cassino, mas não direi tudo agora, na próxima semana te enviarei todas as informações, só preciso que me diga seu preço para ajustar o valor para nosso novo cliente.
— Assaltar um cassino, para ter um preço, preciso saber o que vou roubar.
— É algo valioso, porém sem valor financeiro.
— Odeio seus enigmas, vou desligar pois preciso terminar meu filme, à noite te envio uma mensagem com meu possível valor.
— Vou esperar.
Eu desliguei o celular, o coloquei em cima da mesa de centro e retornei ao meu filme. Conforme o tempo passava, eu continuava pensando quanto cobraria por aquele serviço, um cassino não era tão fácil de entrar quanto uma empresa no meio do centro financeiro de Manhattan. Eu teria que forjar um álibi, um disfarce, uma entrada e uma saída triunfal, mas não iria me preocupar com isso agora, iria tirar as minhas três semanas habituais de recesso entre um trabalho e outro e descansar com a companhia do meu lindo cachorro.
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Havia passado duas semanas que ela havia entrado e saído da minha vida como um relâmpago. Seu rosto ainda estava nítido em minha mente e seu sorriso me tirava o foco no trabalho. Não era tão complicado ser um vendedor em uma livraria no shopping, mas eu tinha que manter atenção aos clientes. Minhas lembranças dela em minha cama na primeira vez que a vi estavam afetando tanto minha mente, que pensei tê-la visto andando pelos corredores do shopping há dois dias.
Era sexta e eu estava saindo mais cedo, meu irmão já havia retornado para casa e eu estava sem companhia para aquela noite, resolvi ligar para um amigo e combinei de ir à um pub com ele. Saí um pouco mais animado, pois não terminaria minha sexta sozinho em meu apartamento; quando cheguei ao pub, meu amigo já estava na parte interna me esperando.
Ao entrar o lugar já estava um pouco cheio e algumas pessoas se divertindo na pista de dança, eu caminhei até ele e sentei no banco ao seu lado.
— , finalmente. — disse ele ao me ver.
— Sim, hora do rush é complicado o trânsito. — eu olhei para o barman. — Vou querer uma garrafa de soju, por favor.
— Sempre com sua cerveja coreana, estamos na América, . — ele riu de mim.
— Costumes nunca mudam. — eu esperei o homem me servi e pegando a garrafa tomei um pouco. — Me faz lembrar de casa.
— Sei. — ele riu. — E como vai as novidades, soube pela Tiffany que está noivo.
Eu, que estava bebendo, quase engasguei, respirei fundo e o olhei meio sem resposta. Não imaginava que Tiffany espalharia para todos aquele leve fato ocorrido no meu apartamento e agora o que eu iria fazer, confirmar ou não?
— É. — eu tentei disfarçar um pouco. — Pode-se dizer que sim, mas vamos falar sobre outra coisa, e você, continua com a Mary?
— Terminei, agora estou aproveitando a vida de solteiro. — ele riu um pouco me fazendo rir também.
— Vida de solteiro é um lado bom e obscuro ao mesmo tempo. — olhei para o lado de relance e vi um rosto conhecido.
Senti meu corpo gelar no mesmo instante, seria mesmo ela? estaria naquele mesmo lugar que eu? Me levantei tentando ver direito e, sim, lá estava ela no canto sendo cortejada por um homem, paralisei de início ao olhar para seu rosto, não sabia se estava feliz ou boquiaberto com a coincidência. Eu percebi que ela estava tentando se livrar do homem, mas ele se mostrava insistente, então me levantei e fui em direção a eles.
— Oi amor, desculpe a demora. — eu disse ao me aproximar dela, toquei de leve em sua cintura e lhe deu um beijo de leve.
— Oh, que bom que chegou. — ela me olhou surpresa em me ver lá. — Hum, Kyle seu nome, não é? — ela olhou para o homem e depois me olhou dando um sorriso. — Este é meu noivo, .
Eu a olhei sentindo meu corpo se arrepiar, era estranho senti aquilo, mas cada vez que falávamos aquilo, eu começava acreditar ainda mais. O homem pediu desculpas rapidamente e se afastou de nós, ficamos nos olhando por um tempo até que ela começou a rir de leve.
— Parece que você me salvou de novo, aquele cara não estava querendo entender que eu não queria nada. — explicou ela.
— Parece que você me deve uma novamente. — ri um pouco. — Mas pode pagar agora mesmo.
— Como? — ela me olhou meio em reação.
— Preciso que continue sendo minha noiva esta noite. — eu segurei em sua mão sem que ela pudesse dizer qualquer outra coisa, e a guiei até onde eu estava com meu amigo.
— , me virei e tinha sumido. — disse meu amigo e descendo seu olhar viu que eu estava segurando a mão dela. — Hum, presumo que seja sua noiva.
— Sim. Joe, esta é . — ele me olhou. — , este é um amigo meu Joe.
— Prazer. — disse ela meio surpresa.
— Uau, bonita sua noiva. — elogiou ele. — Diferente de todas as namorada que já teve.
— Espero que seja num bom sentido. — ela disse de forma suave.
— Com certeza é. — eu a olhei, fazendo-a olhar para mim.
Ficamos algumas horas lá, dançamos um pouco até que ela resolveu desaparecer quando supostamente foi ao banheiro feminino. Fiquei preocupado por ela não ter retornado e quando cheguei na porta do banheiro feminino uma senhora que parecia ser uma funcionária me entregou um bilhete.
Eu ri de imediato quando li, era um recado dela me agradecendo pela ajuda e dizendo que estávamos quites. Não acredito que ela havia desaparecido novamente, voltei para meu apartamento com o dia clareando, aquela noite havia sido surpreendente para mim e eu estava feliz por ter visto ela naquele pub.
As horas se passaram e quando eu consegui acordar já no final da tarde estava com uma ressaca forte, de repente meu celular começou a tocar, senti como se fosse marteladas na minha cabeça, não queria atender, mas a ligação era de casa, e eu já sabia que quando me ligavam de lá é porque alguma coisa importante tinha acontecido.
— falando. — eu disse.
— Filho. — sua voz estava um tanto desesperada. — Que bom que atendeu, aconteceu algo grave.
— Como assim mãe, algo grave? — eu me levantei da cama ainda me sentindo tonto — O que aconteceu.
— Seu pai, filho. — ela parou por um momento, pude perceber que estava chorando. — Seu pai sofreu um infarto repentino.
— Mãe. — eu me sentei novamente. — Mas como ele está agora?
— Bem, felizmente, porém ainda hospitalizado, os médicos disseram que seu quadro está estável. Filho, estamos com tantos problemas na empresa, e seu pai sempre teve problemas com o colesterol alto.
— Não se preocupe mãe, enquanto o papai estiver se recuperando, eu vou assumir os negócios da família. — eu respirei fundo. — Só não sei por onde começar.
— Vão ligar para você da matriz informando tudo. — ela parou por um momento novamente. — Querido, seu pai acordou e está me chamando terei que desligar.
— Sim, omma.
Eu desliguei o celular e me levantei, caminhei até o banheiro e lavei meu rosto, fui até a cozinha e fiz um café extra forte para melhorar. Minutos depois me ligaram da empresa para relatar toda a situação, estávamos tendo um problema com os funcionários em uma das filiais e eu como filho, e agora no lugar do meu pai, teria que resolver.
Fiquei um pouco em saber como iria tomar a frente da empresa que um dia quis sair para ser independente, mas estava ajudando minha família e era o que importava. Arrumei minhas malas logo à noite, pegaria o voo pela manhã cedo, meu destino: Vegas.
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Finalmente havia chego o dia da viagem. Documentos e passagens estavam prontos e separados dentro da minha bolsa, minha mala organizada com roupas devidamente selecionadas, eu havia deixado as ordens com Stephanie para os cuidados com a casa e do Cronos.
Havia reservado aquela data uma semana antes da viagem para repassar todos os detalhes da minha operação, pois cada um deles era crucial para o sucesso do meu trabalho, até mesmo o hotel onde ficaria e a pessoa que receberia a encomenda estava acertado.
Enfim eu embarcaria num voo após o almoço, tentei me concentrar ao máximo durante aquelas horas no avião, ouvindo músicas. Eu sentia bem lá no fundo que meu próximo trabalho em Vegas seria surpreendente.
“Eu não preciso de um mapa, meu coração me leva a você
Mesmo que o caminho seja perigoso, eu não posso parar agora
Eu nunca me esqueci de você por apenas uma hora
Se eu só posso vê-la no final do horizonte distante.”
– Black Pearl / EXO
Capítulo 4
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Já fazia uma semana em Vegas e o ritmo da empresa estava acabando comigo, eu não imaginava que seria tão estressante e cansativo resolver todos os problemas no lugar do meu pai. Eu estava um tanto desacostumado com os negócios da família e nem me lembrava mais como funcionava tudo na transportadora, confesso que nunca fui o aluno destaque na faculdade de logística, mas teria que colocar em prática meus estudos da Universidade de Oxford.
Eu estava concentrado olhando algumas planilhas que a secretária havia deixado para mim em cima da mesa, quando novamente a imagem dela naquele pub invadiu minha mente, constantemente ela invadia meus pensamentos me roubando a atenção mesmo estando longe. Não sabia como, mas eu queria vê-la novamente, a mulher estranha que invadiu minha casa e se tornou minha noiva.
— . – eu sussurrei voltando a realidade. — Preciso parar de pensar em você.
Continuei analisando as planilhas até que bateram na porta.
— Entre. — eu disse jogando a pasta na mesa olhando para porta.
— Ah. — John abriu a porta e entrou. — Ainda está aqui?
— Sim, estou tentando entender o ponto inicial do problema, mas não chego nele.
— Então deixe para terminar após o almoço. — ele riu, — Se ficar mais tempo nessa sala, vai acabar infartando como seu pai, com todo respeito pela brincadeira.
— Pior é que você tem razão. — eu ri me levantando da cadeira e indo até a porta. — Vamos almoçar.
John era o diretor regional das filiais dos Estados Unidos, ele controlava o fluxo de todos os portos e aeroportos do país e estava ali para me ajudar a entender como funciona, e como resolver aquele problema que estávamos tendo com algumas entregas e a insatisfação de alguns funcionários antigos.
Fomos almoçar em um restaurante perto do edifício que ficavam as salas da filial. Era estranho estar e Vegas à trabalho, de todas as vezes que estive nesse lugar, era diversão ou fuga da minha família. Engraçado como as coisas são, mesmo no trabalho eu estava sentindo que iria ser surpreendido por alguma coisa boa, eu realmente queria que algo bom acontecesse ali.
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Assim que desembarquei, segui direto de táxi, para o hotel que meu sócio tinha reservado para mim. Dean era um ótimo sócio que havia me ajudado quando eu perdi minha família em um acidente de carro aos 14 anos, ele havia me ensinado tudo que eu sabia e me treinado com perfeição.
— Finalmente vou poder pensar melhor. — sussurrei de leve olhando em minha volta, o quarto ela confortável com um toque clássico.
Coloquei minha mala ao lado da porta e peguei meu notebook, caminhei até a mesa que estava na varanda, coloquei o notebook em cima já ligando-o e abri os arquivos que Dean havia me enviado. Continuei analisando toda minha rota de entrada, o tempo que teria para agir e minha rota de fuga, calculando todos os detalhes e fragilidades possíveis no meu plano. Eu só tinha aquela tarde para deixar tudo em ordem, pois à noite colocaria em prática. De repente, ouvi meu celular tocando.
—
Little Thief na linha. — disse ao atender.
— Chegou bem? — perguntou Dean.
— Perfeitamente bem, agora estou repassando meus passos dentro do cassino. — eu respirei fundo olhando a planta no notebook. — Todos os contatos estão notificados?
— Sim, querida, só esperando seu momento te agir.
— Ok, ligo para você após a conclusão de tudo. — eu desliguei meu celular e me levantei da cadeira me espreguiçando.
Senti meu corpo um pouco cansado por causa do voo, caminhei até o banheiro, enchi a banheira de espumas e me deitei nela, fiquei alguns minutos de olhos fechados relaxando um pouco minha mente, deixei o celular tocando algumas músicas calma dos anos 90, aquele era meu momento de concentração total.
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As horas se passaram e finalmente eu poderia me livrar daquele escritório, graças a John, consegui resolver os últimos detalhes no novo cronograma de trabalho dos funcionário e todas as cargas paralisadas já estavam em ordem para o transporte.
— ?! — disse John entrando na sala.
— Não me diga que ainda temos trabalho a fazer. — protestei já rindo.
— Não. — ele riu de leve. — Tenho algo melhor para este final de noite.
— Surpreenda-me.
— Vamos ao Cassino Royal, como esta será sua última noite aqui em Vegas, deixei o melhor para agora.
— Hum, agora me interessei. — me levantei da cadeira, peguei minha maleta e as chaves do carro que tinha alugado.
Demorou alguns minutos até que chegamos ao Cassino. Para os clientes mais VIPs, o estacionamento era na parte subterrânea do edifício, estacionei um pouco mais ao fundo e subi pelo elevador especial.
— , vou te deixar por uns instantes, tenho que encontrar uma pessoa. – disse John já se afastando de mim.
— Espera, John. — eu tentei ir atrás dele, porém minha atenção se voltou para uma funcionária que estava um pouco ao longe.
Ela estava com sua face abaixada, carregando algumas bandejas em sua mão, tinha a aparência de uma senhora, algo me dizia que tinha coisa errada naquela senhora, imprevisivelmente eu reconhecia aquela forma de andar. Eu tentei segui-la por um tempo até que ela entrou pela porta da cozinha, planejei continuar ali esperando para que ela retornasse, eu iria mesmo pará-la e olhar em sua face.
Já não sabia que era somente coisa da minha cabeça perturbada pela imagens de , ou se realmente eu queria que ela estivesse ali, meu coração a queria naquele momento.
— oppa. — disse uma voz feminina vinda de trás de mim.
— Hum?! — eu me virei. — Tiffany, o que faz aqui?
— Estou a trabalho oppa, a revista está fazendo um editorial de moda aqui neste cassino, estou feliz por estar aqui.
— Ah. — fiquei um tanto chocado em vê-la ali, não era bem aquele tipo de surpresa boa que eu esperava encontrar em Vegas.
— Sua noiva veio também? — perguntou ela olhando em volta.
— Não, eu somente vim à trabalho Tiffany, estou aqui com um amigo.
Em um momento desviei minha atenção de Tiffany, vi a senhora saindo pela porta da cozinha e entrando no elevador. Eu tentei ir até ela, porém Tiffany me pegou pelo braço dizendo que queria me apresentar a uns amigos que poderiam ser possíveis clientes para a transportadora.
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Eu já estava em total sincronia com meu plano, dentro do elevador e seguindo para a cobertura do cassino onde se localizava o cofre. Desta vez eu iria roubar uma ficha especial que somente alguns jogadores conseguiram conquistar, a ficha premium, folheada a ouro 24 quilates com cristais cravejados em sua borda. Para as pessoas normais era somente mais uma ficha, porém, para um jogador profissional ou um viciado em poker, aquela ficha representava ostentação e status. E o cliente que havia me contratado queria ardentemente essa ficha, afinal, ele não era tão sagaz no jogo para vencer a banca do cassino.
Assim que o elevador parou, segui em direção à sala de segurança que ficava também na cobertura, quando entrei, dei a desculpa que estava ali para a limpeza leve do local, os seguranças assentiram e me deixaram entrar. Caminhei até o vestiário deles, empurrando o carrinho de limpeza e entrei no banheiro, me olhei no espelho e segurei um pouco o riso, aquele disfarce de senhora da limpeza estava um tanto engraçado.
Retirei a roupa do disfarce e a peruca branca, assim como aquela maquiagem que envelhecia minha pele, joguei tudo dentro do vaso sanitário e fechei a tampa. Finalmente eu estava como queria, vesti minha blusa regata e meu short preto, retirei o sapato de salto que havia levado para meu disfarce da fuga e coloquei, juntamente com um casaco cinza de tecido fino e maleável. Olhei para o teto e subi na tampa do vaso, me estiquei um pouco até retirar o bloco do forro do teto e o coloquei delicadamente no chão, tomei impulso e pulei me agarrando ao teto, com muito esforço consegui entrar no tubo de ventilação, e engatinhando comecei a caminhar pelos dutos na direção que havia traçado para sala das fichas.
Havia sido complicado memorizar aquela planta, mas eu havia conseguido, quando cheguei ao ponto certo, retirei as grades do duto de ventilação e entrei na sala. O espaço parecia uma sala bem luxuosa de uma casa; pela descrição de Sam, naquele lugar era realizado as partidas mais importantes de pôquer do hotel, as partidas onde somente os jogadores que possuíam a ficha premium jogavam.
Dei alguns passos até a bancada que ficava as fichas, haviam 4 delas todas dentro de uma pequena redoma de vidro. Peguei uma e joguei no chão. Logo que os cacos de vidro se espalharam, retirei um fino decido de linho do bolso e peguei a ficha com ele embrulhando-a e colocando no bolso novamente. Me virei de leve e vi um boné jogado ao lado da bancada, reconheci o emblema do hotel, com certeza era de um dos seguranças.
Colocando o boné, me virei caminhando em direção à saída, olhei para porta de saída, a maçaneta virou de repente, senti meu corpo congelar no mesmo instante, a porta se abriu e era um segurança. Eu me virei de imediato e abaixei minha cabeça, ele não podia ver meu rosto.
— Ei, moça, não pode estar aqui, é um lugar restrito. — gritou ele.
Eu permaneci em silêncio pensando no que faria para sair daquela situação, ouvi ele relatando algo no rádio, de imediato eu peguei uma pequena escultura que tinha na mesa de centro e lancei na direção da cabeça dele, o homem caiu devido ao impacto, me certifiquei que ele estava bem, e por minha sorte só tinha desmaiado. Saí da sala tentando manter minha face o mais coberta possível com o boné.
De repente ouvi movimentação de algumas pessoas e olhando para trás, alguns seguranças haviam virado o corredor, eu entrei rapidamente pela saída de carga dos funcionários e comecei a descer aqueles lances de escadas. Era um pouco mais complicado fugir de salto, mas valeria a pena no final, entrei em um dos andares e vi mais seguranças correndo em minha direção, para minha sorte o elevador de carga se abriu ao meu lado e entrei.
Deixei que descesse até o subterrâneo onde meu carro já estava esperando, quando cheguei, saí do elevador e caminhei até um vaso de planta que tinha ao lado da porta, abri a porta de saída para as escadas e vi que vários seguranças estavam descendo, voltei para o hall, retirei o casaco e o boné, jogando-os ao lado do elevador e remexi o vaso da planta.
— Aqui está! — suspirei de alívio pegando o pequeno controle do carro.
Saí no estacionamento e ativando o controle, meu carro começou a se locomover no piloto automático, eu já havia arquivado na memória do piloto a rota que ele faria, aquela seria minha distração para fugir dali sem ser pega. Mas o que eu não sabia era como eu sairia dali de fato, minha alternativa era roubar um carro.
Foi neste momento que ouvi vozes vindo da direção do elevador, guardei o controle no bolso e virei minha face de relance e há poucos metros vi um rosto conhecido mexendo no celular. Pela primeira vez meu coração havia acelerado ao ver um homem, era ele, meu por acaso anjo da guarda, .
— Oi, amor. — disse de forma sinuosa me aproximando dele.
Assim que ele levantou sua face, pude ver a surpresa em me ver no seu olhar, e sem que pudesse reagir, eu o beijei de forma intensa e doce, ele retribuiu de imediato envolvendo seus braços em minha cintura. Senti meu corpo se arrepiar, estava com medo de que aquele beijo era realmente pelo disfarce ou se eu queria aquilo de fato.
Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na sua vida.”
– Quem de Nós Dois / Ana Carolina
Capítulo 5
Aquilo havia me deixado aquecido, eu estava gostando do fato dela aparecer naquela hora, aquele era a surpresa que eu estava ansiando durante aqueles setes dias em Vegas, estar perto dela me deixava mais vivo e meu coração acelerava com tudo aquilo. Eu me afastei um pouco e a fiquei olhando por um tempo, permanecemos em silêncio até que alguns homens apareceram.
— Casal! — gritou um dele.
— Sim? — eu segurei na mão dela e olhei para o homem. — Algum problema?
— Bem, senhor Cho. — disse o homem que parecia me reconhecer. — Uma pessoa invadiu o hotel e estamos atrás dela. — ele virou seu olhar para .
— Estou aqui com minha noiva e não vimos ninguém passar por aqui. — eu olhei para ela. — Vamos, querida.
— Vamos.
Eu olhei para o segurança e vi ele se comunicando no rádio com outro homem.
— Foi avistado pelas câmeras um carro em alta velocidade saindo do cassino, temos que ser rápidos. — o homem olhou para mim. — Desculpe-nos o incômodo senhor, desejo uma boa noite.
Esperamos até eles se afastarem e desaparecerem, ela me olhou demonstrando não entender uma parte do nosso teatro.
— Senhor Cho? – disse ela dando um sorriso de canto. — Então este é seu sobrenome?
— Sim, e agora você sabe. — eu olhei para o carro e suspirei fraco. — Posso saber por que eles estavam atrás de você?
— De mim, não, sou sua noiva. — ela riu indo até o outro lado do carro e entrando nele.
— Yah. — eu entrei no carro e a olhei. — Você sabe do que estou falando.
— Estava em um trabalho.
— Estava roubando o cassino. — eu dei a partida e olhei para frente.
— É o meu trabalho. — ela riu um pouco. — Já te disse que te devo minha vida?
— Sim, esta é a terceira vez. — eu sorri de canto conduzindo o carro para fora do cassino. — Ainda estou curioso para saber o que roubou desta vez.
— Uma ficha. — ela respondeu num tom desinteressado.
— Você invade um cassino para roubar uma ficha? — eu a olhei de relance não acreditando.
— Sim. — ela virou a face para rua olhando os carros.
— Ficha premium? — conclui.
— Conhece sobre?
— Meu pai tem uma.
— Meu cliente tem uma agora também. — ela riu baixo.
— Bem, já que te salvei pela terceira vez, preciso que faça algo para mim.
— Hum, o que seria? — ela me olhou.
— Meu irmão acidentalmente disse aos meus pais sobre você, agora preciso te apresentar para eles.
— O quê? — ela tossiu um pouco como se estivesse se engasgando. — Como? Você poderia ter dito que não estamos mais juntos.
— Eu até pensei nisso, mas meu pai está com problemas de saúde e como ele ficou animado com essa coisa de noiva vindo de mim.
— Entendi. — ela suspirou. — Não me custa nada, já que você me salvou pela terceira vez.
— Agradeço.
— Posso saber como eles sabiam quem era você?
— Como eu disse, meu pai tem prestígio aqui, é um dos jogadores VIP e amigo do pai dono do cassino.
— Interessante. — ela respirou fundo. — Sabe, eu acho que você está me seguindo.
— Acho que é o contrário. — eu ri. — Estou em Vegas há uma semana.
— Hum.
Estacionei em frente ao hotel que eu ficava, ela desceu do carro e se virou em direção à rua. Me posicionei ao lado dela e fiquei a olhando, tentei disfarçar um sorriso, mas acho que não consegui.
— É aqui que nos separamos. — disse ela se virando.
— Espera.
— Sim? — ela se virou e me olhou.
— Vou para Londres amanhã, queria que fosse comigo.
— Acho que terei uma folga depois que concluir meu trabalho. — ela respirou fundo. — Estarei aqui amanhã à tarde, pode ser?
— Não. — eu já não sabia o que estava dizendo, mas não queria que ela fosse. — Vamos jantar juntos, tenho certeza que depois de muita adrenalina, você precise recarregar as energias.
— Acho que posso demorar um pouco mais. — ela sorriu gentilmente.
Seu sorriso me deixava encantado de uma forma inexplicável, entramos no hotel nos dirigindo ao restaurante, quando chegamos, nos deparamos com uma pequena festa acontecendo, o gerente se aproximou de nós com um largo sorriso.
— Bem-vindo novamente, senhor Cho, vejo que está acompanhado.
— Sim, esta é minha noiva. — expliquei a ele.
— Prazer, senhorita. — disse ele.
— Igualmente. — ela olhou em sua volta. — O que estão comemorando?
— Estamos promovendo um baile à fantasia no restaurante, convido ambos para participarem.
— Ah, não, não tenho boas lembranças com bailes à fantasia. — recusei de imediato.
— Vamos adorar participar. — disse ela segurando em minha mão.
Aquele pequenos gestos vindos dela me deixavam tão desnorteado, me faziam acreditar que era real nosso falso noivado. Após me convencer a participar daquilo, escolheu uma fantasia para mim e outra para ela, era divertido ver aquele lado espontâneo dela, um lado que me atraía ainda mais.
— Então como estou? — disse ela com empolgação.
— Sexy. — respondi de imediato, sem saber que outra palavra a definia. — Está vestida apropriadamente para seu trabalho.
— A mulher gato sempre foi minha heroína-vilã favorita. — ela riu olhando para a jaqueta preta que estava vestindo.
— E eu, como estou? — perguntei meio sem jeito.
— Se o capitão Jack Sparrow te visse, ficaria com inveja. — ela sorriu de canto me olhando.
Nos sentamos em uma mesa bem ao centro do lugar e fizemos nossos pedidos. A cada momento que eu olhava para ela, sentia meu coração pulsar mais forte, pelo modo como ela agia, a certeza de que não sentia o mesmo por mim era grande. Jantamos bem e conversamos um pouco sobre assuntos variados, ela deixou escapar que tinha um cachorro, isso me arrancou um sorriso de leve.
—
Ladies and gentlemans,
couples aqui presentes, em instantes realizaremos o casamento coletivo do hotel. — anunciou o gerente.
Eu olhei para ela, estava sem saber como reagiria.
— Estou entendendo seu olhar. — disse ela antes que eu pudesse dizer algo.
— Como assim? — eu ri sem graça.
— Estamos em Vegas, não é mesmo? — ela se levantou, me olhado sinuosamente. — Quer se casar comigo?
Fiquei ainda mais em choque e sem saber o que responder, eu me levantei e continuei a olhando.
— Vou considerar seu silêncio como um ‘sim’. — eu ri de leve, já imaginava que fosse reagir daquela forma, ele ainda era um tanto tímido quando se tratava de mulheres.
— Não sei o que dizer. — disse ele desviando seu olhar para o chão.
— Então não diga. — eu dei um selinho de leve nele e segurei sua mão, o puxando para perto do pequeno palco onde seria realizado o casamento coletivo.
— Oh, temos mais um casal. — anunciou o gerente ao nos ver aproximando. — Sejam bem-vindos a todos os casais aqui, existe uma lenda no hotel que diz que todos os casamentos realizados aqui são eternos.
Os casais que estavam lá gritaram com emoção, eu ri um pouco e olhei para .
— Ele diz isso porque não conhece nossa relação. — eu disse.
— Verdade. — ele retribuiu o olhar. — Mas com todos estes encontros inesperados, talvez esta lenda se realize em nossas vidas.
— Seria interessante. — eu desviei meu olhar para o palco.
— Atenção, atenção! Agora, vamos para o momento mais importante. — o gerente segurou o riso. — As noivas aceitam estes noivos sem preconceitos e arrependimentos?
— Sim! — eu disse juntamente com as outras rindo de tudo aquilo.
— Aos noivos, a mesma pergunta.
— Sim! — respondeu ele junto com os outros rindo também.
Foi divertido me casar em Vegas, a cada momento que olhava para , ele estava olhando para mim, pelo que conhecia bem de sua forma sem jeito de agir com as mulheres, eu estava desconfiando que ele estivesse se apaixonando por mim. E pela forma como me olhava, eu descuidadamente estava conquistando ele.
Pouco antes do final da comemoração no restaurante, eu saí sem que ele percebesse, tinha meu compromisso para finalizar. Quando cheguei no hotel que estava, me aproximei do gerente e lhe entreguei a ficha embrulhada no tecido como combinado, fui para meu quarto descansar, meu corpo precisava relaxar e minha mente também. Pela manhã, esperei na porta do hotel que ele estava como o combinado.
— . — disse ele ao se aproximar de mim. — Como desapareceu ontem, pensei que não viria.
— Sempre cumpro minha palavra, eu disse que iria com você, não disse? — sorri para ele e olhei para a rua. — Acho que podemos ir então.
— Já finalizou seu trabalho?
— Sim, estou à sua disposição.
Ele sorriu sem jeito e entramos no táxi que nos esperava, assim que chegamos ao aeroporto, embarcamos rumo à Londres. Sem planejar nada, eu iria conhecer um pouco mais da vida de , e isso me deixava ainda mais curiosa.
“Oh sim! Vamos lá!
Não tenha pressa
Por alguma razão meu coração palpita.”
– Love Me right / EXO
Capítulo 6
Assim que o avião aterrissou em Londres, recebi uma mensagem do meu sócio, me afastei de , indo até o banheiro. Ele estava preocupado por eu ter viajado sem dizer o roteiro, enviei outra mensagem a ele dizendo onde estava e com quem estava, a essa altura da situação, Sam já sabia de toda a história maluca que rolava entre e eu.
Quando voltei do banheiro, já estava acompanhado do seu irmão mais novo Sam, respirei fundo e entrei no personagem.
— Demorei muito? — perguntei ao me aproximar.
— Oh, não. — sorriu meio sem jeito. — Nossas malas já estão no carro, vamos?
— Claro. — me virei para Sam. — Que bom te ver novamente.
— Igualmente, cunhadinha. — ele sorriu de leve.
Caminhamos até o carro e deu a partida, combinamos dele me deixar no hotel onde ficaríamos e seguir para a empresa do pai. Não me importava de passar a tarde sozinha, tinha mesmo que fazer minhas ligações para o meu sócio, Dean. Quando entrei na suíte presidencial reservada para nós, me surpreendi com o luxo do quarto, sua decoração clássica e sofisticada eram fascinante.
—
Little Thief na linha. — disse ao atender meu celular, encostada na porta que dava para a varanda.
— Agora você pode me explicar essa história de férias em Londres? — disse Dean, ainda desacreditando da minha loucura.
— Já expliquei, passarei algumas semanas aqui em Londres conhecendo a família dele.
— Você não está se arriscando demais? — ele tossiu um pouco, estava resfriado. — Não o conhecemos para ter este tipo de confiança e até mesmo ligação.
— Fique tranquilo, está tudo sob controle. — eu dei alguns passos para dentro do quarto e olhei para as malas no chão. — Sabe que sei me proteger.
— Sim, mas sempre vou me preocupar com você. — ele permaneceu em silêncio por um momento. — Mas esta sua viagem para Londres pode se muito bem aproveitada.
— Surpreenda-me. — eu suspirei fraco, já imaginando mais trabalho pela frente.
— Eu soube por fontes seguras que daqui duas semanas vai acontecer uma exposição surpresa no Alexandra Palace, que reunirá as maiores joalherias do mundo, somente a elite e celebridades serão convidadas e…
— O que devo roubar? — perguntei já o interrompendo.
— Já enviei para seu e-mail o catálogo com algumas peças que serão expostas e posteriormente leiloadas, nosso alvo é um raro diamante rosa que estou carinhosamente apelidando de Pink Panter. — ele riu.
— Como no filme? — eu ri junto já imaginando que não seria fácil.
— Basicamente, já temos contato dentro da organização do evento, então dentro de dois dias receberá a planta do lugar.
— Você adora me dar este tipo de serviço.
— Um ponto positivo, já confirmei a lista de convidados e sua nova família está nela.
— Então já temos meu álibi. — conclui.
— E sua rota de fuga também, logo terá todas as informações que necessita, entrarei em contato novamente dois dias antes da exposição.
— Posso saber se já temos um comprador?
— Quer saber quanto vai ganhar? — ele riu.
— Querido, minha cabeça vai estar a prêmio neste evento, tenho certeza que outros também vão tentar roubar.
— Fala de Caius?
— Aquele traidor sempre desejou ter meus roubos, mas vamos ao ponto, depois que analisar tudo, lhe mandarei meu valor.
— Ficarei à espera.
— Muito bom, agora vou desligar, preciso descansar e me preparar para esta noite, vou conhecer meus sogros.
— Ainda não acredito que se casou em Vegas.
— Nem eu. — eu ri desligando o celular.
Peguei minha bolsa e ajeitei meu cabelo ao me olhar de relance no espelho, saí pelas ruas de Londres olhando as vitrines até que parei em frente à loja da Prada, os pelos do meu corpo se arrepiaram no exato momento em que meus olhos fixaram em um sapato preto de solado vermelho, acho que minhas pupilas até dilataram na hora.
Respirei fundo, tentando me controlar, e entrei na loja, uma vendedora se aproximou, demorei alguns minutos para finalizar a compra, pois outros dois sapatos estavam me namorando desde o momento em que entrei na loja, não me importava muito com que roupa eu iria, mas o sapato teria que ser arrasador.
Quando retornei ao hotel, deixei meus pacotes em cima da poltrona ao lado da cama e caminhei em direção ao banheiro. Aproveitaria ao máximo aquela banheira cheia de espumas, fechei meus olhos e deixei meu corpo relaxar.
Assim que a deixei no hotel, fui para a empresa, Sam voltou para casa de táxi. Meu pai já estava à minha espera em sua sala. Ao entrar, o vi falando ao telefone, mal havia tido alta do hospital e já estava no trabalho, tinha receio que sua saúde piorasse.
— Ah, . — ele me olhou ao desligar o telefone. — Que bom que chegou, estava conversando com John, ele me contou sobre como resolveu os problemas em Vegas com precisão.
— Aprendi com o senhor. — eu sorri de canto o olhando. — Mas não deveria estar aqui, pai, ainda está se recuperando.
— Eu sei, mas tinha que vir, senão enfartaria novamente sem notícias.
— Não se preocupe, pai, estou aqui para resolver tudo.
Nós conversamos um pouco e ele afirmou estar empolgado em conhecer minha “noiva”, dei um suspiro fraco na hora. Saímos da empresa e o levei para casa, ao entrar na mansão, fui recebido com um abraço pela minha mãe, ela estava feliz em me ver e com saudades de mim.
— Estou tão contente por estar de volta em casa. — ela me apertou um pouco mais em seus braços.
— Mãe, assim não consigo respirar.
— Deixa de ser fracote. — brincou Sam.
— Yah, mamãe é muito forte. — eu ri.
— E sua noiva? Não veio? — perguntou ela.
— Calma, mãe, ela virá logo mais à noite. — eu respirei fundo e olhei para ela. — E como estão os preparativos para o aniversário de casamento do casal?
— Tiffany está me ajudando. — ela suspirou fraco. — Fico triste que você não esteja com ela, mas tenho certeza que sua noiva deve ser tão gentil quanto.
— Desde quando Tiffany está aqui? — eu achei estranho, pois havia visto ela no cassino.
— Ela estava aqui em Londres me ajudando nos preparativos, teve que ir para Vegas por causa do pai ou algo do tipo, mas ela estará no jantar.
— Ah, entendi.
Ficamos conversando por um tempo, relevei um pouco as brincadeiras de Sam sobre minha noiva e de como eu era sortudo por uma garota bonita como ela querer ficar comigo. Minha mãe nos fez um lanche para o café e ao final da tarde voltei para o hotel, tinha que tomar um banho e trocar de roupa para o jantar.
Quando entrei na suíte do hotel que tinha nos hospedado, me paralisei ao vê-la ao lado da porta que dava para varanda, com um vestido preto básico que valorizava um pouco suas curvas e um sapato preto, ela se virou para mim e ficou me olhando.
— Boa noite. — disse ela dando um sorriso presunçoso.
— Boa noite. — respondi quase sussurrando.
— Está um pouco atrasado. — ela riu.
— Me dê dez minutos.
Era engraçado quando agimos daquela forma sozinhos, deixava tudo mais real em nossas vidas. Eu me dirigi para o banheiro, tomei uma ducha rápida e coloquei o terno que havia reservado para mim. Em poucos minutos eu já estava estacionando o carro em frente à mansão, respirei fundo ao sair e olhei para ela novamente, sabia que depois daquela noite teria que supostamente terminar tudo entre nós dois, mas não queria, eu estava me apaixonando por ela.
— Pronto para mais uma atuação? — ela riu de leve.
— Prometo que será a última. — eu desviei meu olhar para a porta.
— Que pena, eu estava me divertindo tanto. — ela riu, deixei escapar um sorriso de canto.
Assim que nos aproximamos da porta, minha mãe a abriu de imediato com um largo sorriso.
— Boa noite, mãe. — eu sorri de leve. — Esta é .
— Oh, é um prazer te ver. — minha mãe a abraçou no impulso. — Estava curiosa para te conhecer.
— Ah. — ficou meio paralisada. — Digo o mesmo senhora.
— Não, não me chame de senhora. — ela sorriu. — Pode me chamar de Mary.
— Como preferir. — me olhou, percebi um pequeno brilho em seus olhos.
Entramos e meu pai veio em nossa direção, após alguns elogios para ela, dizendo que sua beleza era um tanto única e que não se parecia com as minhas ex-namoradas, fiquei um pouco constrangido por isso. Logo minha mãe a puxou para o fundo da sala para apresentá-la às suas amigas, senti um pouco de ciúmes na hora, afinal, a partir daquele momento teria que dividir a atenção dela com minha família.
A mãe de era simpática e muito meiga, eu estava se sentindo à vontade entre aquelas pessoas, era a primeira vez que estava em uma festa de família, me sentindo uma pessoa normal. Porém, estava me sentindo um pouco incomodada também, havia um homem me observando demais, eu desviava meu olhar para ele às vezes, despistadamente, como se estivesse procurando . Aquilo me preocupava um pouco, o rosto daquele homem misterioso era familiar para mim, porém, não me lembrava de onde eu o conhecia.
— Posso roubar minha noiva por um instante? — disse ao se aproximar.
— Não demore muito, estávamos em uma conversa muito agradável. — disse minha mãe.
— Omma, a noiva é minha. — ele pegou em minha mão e me puxou em direção à saída para o jardim de inverno na lateral direita da mansão.
Eu não sabia o que ele estava tramando, mas estava feliz em sair das vistas daquele homem misterioso.
— . — eu o olhei.
— Aqui está mais tranquilo, pensei que você fosse surtar com tanta pergunta e fofocas delas.
— Sua mãe e as amigas dela são bem simpáticas. — eu sibilei um pouco escolhendo minhas próximas palavras.
— Pelo pouco que te conheço, está parecendo preocupada.
— Não é nada. — eu respirei fundo. — Mas obrigada por me trazer aqui, este jardim é lindo.
Ficamos nos olhando por algum tempo até que seu celular começou a tocar, ele me deixou por um instante para atender a ligação. Não demorou nem dois minutos para que o homem entrasse no jardim com uma taça de champanhe na mão direita me olhando.
— Olha quem está novamente cruzando meu caminho. — ele sorriu de canto.
— Me desculpe, senhor, o que disse? — eu o olhei me fazendo de desentendida.
— Não seja tão cínica, depois de muito tempo, te encontrei, justo aqui. — ele colocou a taça na mesa que estava perto da porta e se aproximou de mim. — Agora poderá me devolver o que tirou de mim.
Senti meu corpo congelar na mesma hora, não sabia o que fazer e nem como reagir aquela acusação, se eu o enfrentasse, colocaria tudo a perder, se eu negasse, poderia ser pior, eu estava me lembrando do seu rosto, mas não me lembrava o que havia roubado dele.
— Eu não sei do que está falando. — dei um passo para trás.
— Sabe, sim. — ele segurou forte em meu braço. — Vai me devolver tudo, ou eu acabo com você, Cassie.
Cassie, eu me lembrava daquele nome, era o nome que eu usava em alguns roubos específicos, tentei empurrá-lo para longe de mim, começando a pedir desesperadamente que me soltasse, porém, a cada tentativa ele me segurava ainda mais forte, me machucando ainda mais.
“Não posso dar um passo para trás nesse caminho sem fim
Woo woo woo, não se abale
Não posso cair nesse momento de confusão
Woo woo woo, há somente uma chance.”
– One Shot / B.A.P
Capítulo 7
Não poderia me desesperar naquele momento, pensei até que não conseguiria me salvar, mas então, uma mão empurrou ele para longe de mim, era meu anjo. o socou agressivamente, o derrubando no chão e segurou minha mão em seguida.
— Nunca mais toque nela. — disse ele num tom alterado e agressivo.
— Me desculpe, eu a confundi com uma outra pessoa. — o homem limpou o sangue que estava escorrendo com a mão direita e me olhou como se não estivesse convencido.
— Vamos, , só foi um mal-entendido. — estava aliviada por ter continuado com minha representação e por ele ter aparecido bem na hora.
— Está avisado, Davi. — ele entrelaçou nossos dedos e me puxou consigo para fora do jardim.
Permaneci em silêncio, não sabia nem mesmo como agradecer ele, estava aliviada demais para pensar nestes detalhes.
— Depois conversaremos sobre isso. — sussurrou ele num tom sério.
— Como quiser. — sussurrei de volta assentindo com a face de leve, eu não devia nenhuma explicação para ele, mas queria me explicar.
O restante da noite foi um pouco tranquilo, Davi ainda me olhava de longe como se estivesse marcando minha face em sua memória, Tiffany também apareceu um pouco antes do jantar ser servido, Sam deixou escapar que ela era a preferência de Mary para se casar com . O jantar foi muito saboroso e a senhora Mary me convenceu a me sentar ao lado dela, suas amigas continuaram contando algumas histórias do passado de , e seus amigos de infância que estavam presentes também.
No final da noite, resolveu que ficaríamos na mansão, após todos se recolherem, fomos para o quarto dele. Ficamos nos olhando por um momento, eu estava evitando aquela conversa que me fora prometida, acho que ele estava escolhendo as melhores palavras para que eu não fugisse da resposta.
— Sei o que está pensando. — disse a ele.
— Não, você não sabe. — ele cruzou seus braços e se encostou de leve na escrivaninha ao lado da cama.
— O que aconteceu hoje está no meu passado. — expliquei a ele sem rodeios e detalhes.
— Não tenho nada a ver com seu passado, mas só estas palavras não são suficientes para mim. — seu olhar estava sério e sua voz amarga.
— Isso está parecendo até uma DR de casal. — passei a mão direita em meus cabelos desviando meu olhar para janela. — Há cinco anos, roubei uma senha de um cofre de Davi, me parece que ele gravou meu rosto, ou alguma característica minha.
— O que você roubou dele?
— Uma fórmula de um cosmético, que futuramente renderia milhões para ele. — eu respirei fundo e o olhei, sua face continuava séria. — Como eu já lhe disse antes, este é meu trabalho, você sabe que eu não sou uma garotinha inocente.
Ele desviou seu olhar para o chão, permanecendo em silêncio, não sabia mais o que dizer, nem acreditava que estávamos passando por aquele clima de casal em briga, não tínhamos que dar satisfação um ao outro, mas estávamos tão envolvidos que realmente parecia real nosso relacionamento.
— Você já me salvou de diversas formas diferentes, devo minha vida a você, e por isso não vou mais te colocar nesta situação. — me virei em direção a porta, estava tomando coragem para sair daquela mansão naquele momento.
— Espera. — ele segurou em meu braço me virando para ele. — E se eu quiser estar nessa situação?
— Seria louco. — desviei meu olhar para janela, não queria encará-lo.
— Sempre fui. — ele me beijou de surpresa, envolvendo seus braços em minha cintura.
Aquela poderia ter sido uma noite memorável de consumação do nosso eventual casamento em Vegas, porém, uma ligação do meu sócio interrompeu todo o nosso clima.
Eu deveria me focar no meu próximo trabalho e seria mesmo uma distração que eu estava disposta a encarar.
Ela estava certa, eu sabia quem ela era e o que fazia, não tinha direito de ter ficado daquela forma, mas algo positivo consegui tirar de tudo aquilo, pela primeira vez ela tinha sido sincera comigo de uma forma espontânea. Passei a noite em claro vendo ela conversar com seu sócio misterioso, me parecia concentrada em algo muito importante, possivelmente mais um roubo.
As horas se passaram, o gerente do hotel mandou nossas malas a meu pedido, iríamos ficar na mansão com meus pais. Era divertido ver o quanto minha mãe se entusiasmava com , estava feliz porque até meu pai havia se animado mais em seus dias de recuperação.
Mais dois dias se passaram e curiosamente mexi no notebook de que estava aberto em cima da cama. Era um arquivo em PDF com um catálogo de joias, naquele momento entendi o que e onde seria o próximo roubo dela.
— Não sabia desse seu lado, . — disse ela ao entrar no quarto segurando duas xícaras de chá em suas mãos.
— Deixe-me adivinhar, diamante rosa? — a olhei.
— Está tão óbvio assim? — ela esticou uma xícara para mim.
— Será a peça mais cobiçada da noite. — peguei a xícara.
— Vai me ajudar? — ela se sentou na cama tomando um gole do chá.
— Por que eu deveria? — sorri de canto.
— Acho que mereço um presente de casamento. — ela riu com malícia.
— Seu nome já foi incluído na lista dos convidados, se é isso que queria.
— É claro que sua noiva não poderia ficar em casa. — ela tomou mais um pouco mantendo seu olhar em mim.
— Como pretende roubar aquilo? O evento vai estar com o dobro de seguranças.
— Se contar, não vai dar certo, não conto nem mesmo para meu sócio.
— E por falar em seu sócio, que dia vou conhecê-lo?
— Está com ciúmes? — ela abaixou a xícara, seu olhar era de uma predadora.
— Por que estaria? Tenho motivos? — sorri de canto e me aproximei mais.
— Ah. — disse minha mãe ao entrar pela porta. — Estou atrapalhando?
— Não senhora, quer dizer, Mary.
— Ah, que alívio, quero te mostrar alguma fotos.
— Vou adorar ver.
saiu do quarto rindo, demonstrando empolgação com tudo aquilo, ela tratava minha mãe com gentileza e simpatia, e seu sorriso estava sempre natural. Passaram as semanas e a cada momento ela se envolvia ainda mais com minha família, até mesmo minha avó havia gostado dela, inacreditável como ela representava bem, ou não tão bem assim, pois haviam momentos que parecia verdadeiro.
Finalmente havia chegado o dia do evento, estava de frente ao espelho me preparando psicologicamente para o que eu iria fazer, e fisicamente também, teria que sair tudo minunciosamente perfeito como eu tinha imaginado. Dean havia descoberto que mais dois ladrões estavam de olho no diamante e eu não deixaria que eles pegassem antes de mim.
Meu plano era um pouco complexo, mas bem estruturado, faria de uma forma que ninguém iria descobrir um roubo. Desta vez cheguei pela porta da frente, ao lado de e sua família, fiquei os primeiros vinte minutos andando pelos corredores dos estandes com Mary, tinha que ser vista com ela para meu álibi funcionar.
Foi neste momento que meus olhos encontraram um sapato todo cravejado de cristais
Swarovski, meu coração acelerou na hora, eu teria que obter aquele sapato para mim, de alguma forma aquele sapato seria meu. Fechei meus olhos me concentrando, instantes depois aproveitei que Mary estava distraída olhando uma gargantilha de esmeraldas e me afastei dela cautelosamente em silêncio, fui mais que depressa em direção à área dos funcionários. Precisava ser rápida com tudo aquilo, pois já tinha avistado um concorrente no meio dos convidados.
Entrei em uma das portas onde estava o ponto cego da câmera mais próxima e caminhei até o vestiário masculino. Dean havia conseguido a chave de um dos armários para mim, troquei minha roupa em menos de cinco minutos e coloquei um boné e um bigode para completar o disfarce, e coloquei o vestido dentro do armário para meu retorno. Antes sair do vestiário, peguei uma caixa de ferramentas que estava ao lado da porta, caminhei até a sala de preparo onde organizariam as peças a serem leiloadas em pequenas caixas de vidro.
Haviam algumas pessoas trabalhando no local, me desviei de algumas seguindo em direção à sala onde estava o Pink Panter. Disfarçadamente, peguei o cartão de acesso do bolso de um dos seguranças quando esbarrei nele e segui direto pelo corredor até a sala, quando cheguei em frente, lá estava meu primeiro concorrente, sorri de canto olhando aquele patético cheio de instrumentos tecnológicos tentando descobrir como abriria a porta.
— Por que não deixa uma profissional fazer isso? — disse a ele com um sorriso de canto debochado.
— Hum. — ele se virou, estava surpreso em me ver ali. —
Little Thief.
— Fish, está muito longe da água. — começamos a nos tratar pelos nossos nomes de profissão, Fish era um antigo aprendiz de Dean.
— E você de casa. — ele olhou para trás e viu que vinha dois seguranças.
— Ei, você. — um dos seguranças gritou para Fish.
— Senhor, ele está tentando entrar à força. — engrossei a voz de leve gritando para eles.
— Você me paga. — Fish juntou suas coisas e saiu correndo.
Os seguranças acionaram a central, eu me comprometi a ficar até que o responsável chegasse, enquanto eles foram atrás de Fish. Aproveitei o momento para passar o cartão roubado na fechadura eletrônica da porta e entrar. No meio da sala estava o cobiçado diamante rosa. Eu teria que ser precisa neste momento, pois ele estava ligado a um alarme de segurança, respirei fundo retirando uma relíquia perfeita e fiel ao formato e cor do diamante do bolso e em milésimos de segundo fiz a troca, prendi a respiração no susto pensando que o alarme tocaria, mas deu certo em minha troca.
Coloquei o diamante verdadeiro no bolso da calça e saí, ao fechar a porta e me virar dei de cara com uma ex amiga que também estava lá pelo diamante.
— Sabia que estaria aqui hoje,
Little Thief.. — disse ela num tom esnobe. — Presumi que Fish não conseguiria ganhar de você e esperei que fizesse o trabalho sujo.
— A quanto tempo, Sery. — lancei meu olhar. — Foi bom te ver, mas tenho que ir.
— Não tão fácil assim, este diamante sairá daqui comigo.
Respirei fundo, sabia que não seria fácil, assim como eu e Fish, Sery também havia sido treinada por Dean, porém, como eu era a melhor, ela havia sido dispensada. Ela avançou, partindo para cima de mim, me desviei no susto e começamos a lutar, ela estava um pouco mais rápida e habilidosa pelo que eu lembrava de nossos treinos juntas. Talvez fosse por minha causa que certamente estivesse praticando mais, afinal, de todos os sete aprendizes de Dean, eu sempre me destacava mais.
Eu a estava procurando há um tempo, tinha certeza que já estava praticando seu roubo, de repente o alarme de segurança começou a tocar, senti um frio na espinha pensando que haviam pego ela. Meus olhos percorreram a multidão até que avistaram quem eu tanto procurava, ela estava parada em um canto olhando fixamente para um sapato, seus olhos brilhavam com intensidade, sem que percebesse, me aproximei dela e fiquei ao seu lado.
— Finalmente me encontrou. — disse ela num tom previsível como se soubesse que eu a estava procurando.
— Então sabia minha posição. — eu ri baixo.
— A profissional aqui sou eu. — ela olhou para as pessoas confusas pelo alarme.
— Temos que sair daqui. — a adverti.
— Tenho mais um objeto de desejo em vista. — ela voltou seu olhar para o sapato.
Em uma fração de minutos as coisas começaram a sair de controle no salão, pois um homem apareceu correndo no meio da multidão fazendo com que todos os seguranças se concentrassem naquele lugar. Eu peguei ela pela mão e a puxei comigo, tentou se soltar, certamente ela aproveitaria a confusão para roubar o sapato que tanto queria, porém, eu a retirei do lugar antes que pudesse pensar em como se livraria de mim.
“A resposta é você
Minha resposta é você
Eu te mostrei tudo de mim
Você é o meu tudo, eu tenho certeza
Eu serei mais cuidadoso e te protegerei
Então o seu coração nunca será machucado
Eu nunca me senti assim antes
Como se minha respiração fosse parar.”
– My Answer / EXO
Capítulo 8
Mantive silêncio todo o caminho, estava tão chateada por não ter conseguido pegar o sapato que tanto queria, não conseguia nem olhar em seu rosto pela raiva. Mantive minha atenção na rua todo o caminho, antes de voltarmos para casa, passamos em uma banca de jornais que funcionava 24 horas, aquele era meu endereço de entrega do pacote, não dei muitas explicações para , estava zangada com ele.
— Boa noite, senhor. — disse ao me aproximar da banca.
—
Little Thief. — disse o senhor.
— Aqui está o pacote desta noite. — retirei o tecido embrulhado e entreguei a ele. — Diga ao Dean que espero a ligação dele.
— Claramente, senhorita. — ele pegou o tecido embrulhado com o diamante e colocou em uma caixinha de madeira.
Eu me despedi do contato e voltei para onde estava o carro de , seguimos para a casa dos seus pais.
— Não vai mesmo falar comigo? — perguntou ele assim que entramos no quarto.
— Não. — caminhei até a janela e mantive minha atenção na rua.
— Está tudo bem? — ele insistiu.
— Não. — eu respirei fundo pedindo a Deus para ele não dizer que era somente um sapato.
— Esta noite eu dormirei no sofá, como fazem os casais normais?
Eu o olhei séria e inexpressiva, não conseguia ficar com raiva a ponto de jogar ele pela janela, mas ninguém além de mim entendia meus sentimentos pelos sapatos que tanto me despertava interesse. Resolvi não dizer nada e desviei minha atenção para rua. Ele saiu do quarto sem insistir mais.
Eu não podia ficar chateada com ele com tanta intensidade, e nem deveria, comecei a rir ao me lembrar da sua pergunta sobre dormir no sofá. Gostaria de saber quando que nosso relacionamento falso chegou a este nível de realidade, era engraçado aquilo tudo. Depois de alguns minutos ele entrou novamente no quarto com uma sacola, colocou em cima da cama e encostou na parede cruzando os braços, me olhando.
— O que é isso? — eu olhei para a sacola.
— Abra e veja. — sua voz parecia provocativa e sinuosa.
— Hum. — eu andei tentando não demonstrar curiosidade, olhei de leve tinha uma caixa, me paralisei por um instante e retirando, abri a caixa. — Não acredito. — meus olhos brilharam ao ver aquele sapatos cravejados de cristais
Swarovski, que eu havia desejado durante toda aquela noite. — Você comprou os sapatos.
— Presente de casamento. — ele sorriu de canto caminhando em minha direção e me beijou com um pouquinho de intensidade.
Aquele beijo havia me pego de surpresa, era uma sensação intensa que foi interrompido pelo toque do meu celular, era meu sócio Dean, saiu do quarto para me deixar mais à vontade.
—
Little Thief na linha. — disse ao atender, colocando no viva voz.
— Encomenda entregue pontualmente, depósito concluído. — ele tossiu um pouco. — Você foi espetacular, como sempre.
— Obrigada, três semanas desta vez. — eu ri. — Preciso de um tempo para mim.
— Pretende aproveitar a lua de mel? — ele riu.
— Não foi real.
— Me parece muito real. — ele tossiu um pouco. — Mas, sobre as três semanas…
— Nem continue essa frase. — eu respirei fundo. — Assim que soube que eu vim para Londres, me jogou o Pink Panter.
— Você está na Europa e o cliente ofereceu o dobro do valor para operações urgentes. — ele explicou. — Posso te garantir que este é mais fácil que os últimos.
— Onde e o quê?
— Está interessada? — ele riu. — É a melhor e sabe que só dou para você as melhores missões.
— Claro, de todos os sete só te sobraram dois e seu primogênito não tem tanta destreza assim. — eu suspirei. — Quanto ao grau de interesse, depende da sua resposta.
— Será em Portugal, seu alvo é uma medalha escondida no templo dos antigos cavaleiros templários.
— Terei que ser caçadora de relíquias desta vez também? — eu ri.
— Por isso dobrei o valor.
— Desta vez envie as informações para meu tablet, quando devo embarcar?
— Amanhã à tarde.
— Te ligo do aeroporto, então.
— Seu voo já está reservado.
— Só mais uma coisa, eu encontrei Fish e Sery no evento, acho que eles estão trabalhando juntos, apesar de eu ter encontrados eles separadamente.
— Como assim?
— Não sei explicar, mas pensando mais claramente, acho que Fish estava lá para causar distração. — respirei fundo.
— Enquanto Sery pegava nosso diamante.
— Basicamente.
— Conversaremos sobre isso depois.
Eu desliguei o celular e sentei na cama, só desejava pelo menos trinta dias de descanso, mas Dean em geral nunca permitia mais que duas semanas, olhei para a porta e lá estava me olhando de braços cruzados, ele ficava mais charmoso naquela pose.
— Está aí a muito tempo? — perguntei.
— Quer saber se ouvi a conversa toda?
— Não exatamente, mas… — eu ri de leve. — Interprete como desejar.
— Eu não pretendia ouvir nada, mas esqueci meu celular na escrivaninha, então ouvi a parte sobre Portugal.
— Hum. — eu me levantei da cama. — Bem, como ouviu, partirei amanhã.
— Então acho melhor descansar. — ele se virou e saiu do quarto.
Parecia um pouco dramático seu tom de voz e seu olhar triste, mas era meu trabalho e não tínhamos nada real mesmo, não me deixaria sentir culpada por ir tão cedo.
Não queria que ela fosse tão cedo, mas como o combinado dela era estar ali para conhecer meus pais, já tinha cumprido com o combinado e não me devia mais nada. Porém, isso não diminui o fato que eu não aceitava que ela fosse assim tão rapidamente, desci as escadas e entrei no escritório, para minha sorte estava vazio, me deitei no sofá e fechei meus olhos.
A imagem dos olhos de brilhando ao ver o sapato logo veio em minha mente, eu sorri de leve, espontaneamente, em pouco tempo aquela mulher havia se tornado alo significativo em minha vida, mesmo nosso relacionamento não sendo real, eu conseguia sentir uma pequena verdade naquilo tudo sempre que estávamos perto um do outro.
— Sem sono, meu filho? — perguntou meu pai da porta.
— Pensando. — abri meus olhos e o olhei. — E o senhor?
— Tomando meu remédio. — ele riu. — Sua mãe nunca me deixa esquecer.
— Isso é bom. — eu me levantei me sentando e ele se sentou ao meu lado.
— Sabe, filho, tenho pensado muito esses dias, vendo você com sua noiva me fez perceber que meu segundo filho cresceu e se tornou um homem.
— É o que parece. — eu desviei meu olhar para o chão, sempre ficava sem saber como reagir quando inseriam a no assunto, era uma falsa realidade que me preocupava.
— Gostaria que seu irmão tivesse seguido pelo menos uma parte deste caminho e não se jogado em um hospital por mais de 24 horas seguidas.
— Ele gosta da sua profissão e ser médico não é tão ruim assim. — eu sorri de leve. — Eu estou aqui agora, pai, e como prometi, vou cuidar dos assuntos da família.
— Até que eu me recupere. — senti um pouco de tristeza em sua voz.
— Talvez até depois disso, eu gostei do que fiz em Las Vegas, no porto, talvez tenhamos que mudar algumas coisas na empresa, mas acho que não será tão ruim assim seguir seus passos.
— Você não imagina o quanto me deixa orgulhoso de suas palavras. — ele me olhou. — Estou feliz que tenha encontrado uma mulher como , ela me parece uma boa moça, é educada e bonita, conquistou a simpatia de sua mãe.
— Sim.
— Querido. — disse minha mãe ao chegar da porta. — Vamos dormir, você precisa descansar, tivemos momentos turbulentos nas últimas horas.
— Sim. — ele se levantou. — Boa noite, filho.
— Boa noite. — eu olhei para minha mãe, que sorriu de leve para mim.
Eu também estava feliz por ter em minha vida, só não sabia até quando ela iria permanecer, mas eu iria tentar aproveitar cada segundo ao seu lado. Na manhã seguinte, assim que acordei, ouvi alguns barulhos vindo do banheiro, ela já estava acordada se arrumando, suas malas fechadas ao lado da porta e sua bolsa em cima. Ela saiu do banheiro já com a roupa trocada e inteiramente agasalhada.
— Seu voo não seria à tarde? — perguntei.
— Foi antecipado, já conversei com seus pais dizendo do meu imprevisto de trabalho.
— Trabalho? — eu me levantei meio assustado, não imaginava o que ela tinha inventado a eles. — O que disse?
— Calma, não precisa ficar assim. — ela riu. — Eu disse a eles que trabalho como fotógrafa para uma editora americana, do tipo que viaja bastante atrás de boas fotos para editoriais de viagens.
— Fotógrafa? — ele parecia mais surpreso ainda.
— Sempre achei interessante essa profissão e foi a primeira que me veio à mente. — ela parou por um momento e olhou para a mala. — A primeira que teria lógica viajar muito.
— Quer que eu a leve ao aeroporto?
— Se não for incômodo. — ela sorriu de leve.
Peguei suas malas e levei para o carro, após tomarmos o café da manhã com meus pais e Sam, eu a levei ao aeroporto. Ao chegarmos, eu a acompanhei até o balcão de informações, ela pegou sua passagem já trocada com a coordenadora responsável. Esperamos alguns minutos até que anunciaram seu voo, a levei até a plataforma onde embarcaria e me despedi, parecia que nunca mais iria vê-la novamente.
“Acredito que ainda podemos voltar
Agora, um, dois, nós contamos os segundos, como medimos a distância.”
– Thunder / EXO
Capítulo 9
Assim que desembarquei no aeroporto, recebi uma ligação de Dean, eu já havia lido todas as informações recebidas. Ele ainda estava preocupado com minha aproximação de , mas como eu sempre dizia, estava tudo sob controle.
Fiz o check-in no hotel reservado para mim e descansei um pouco no quarto. Para Dean era um trabalho fácil, mas não seria tão fácil assim encontrar uma pequena medalha perdida nas paredes daquele templo. Dormi um pouco antes das dez da noite, tinha que relaxar e manter minha concentração. Acordei um pouco antes do amanhecer para revisar o mapa do templo, meu destino era o Castelo de Almourol no distrito de Santarém, o castelo que era o templo dos cavaleiros no passado, ficava em um pequena ilha em um ponto do rio Tejo.
A localização era fácil e a vista do lugar era linda. Dean havia me inscrito em um grupo de turistas, seria meu álibi para entrar e sair sem despertar qualquer tipo de suspeita, o grupo era um pouco grande, então minha ausência não seria muito notada. Assim que entramos, analisei todas as câmeras da entrada e das laterais; eu me senti incomodada no início, pois havia um homem que sempre passava por mim, me olhando como se estivesse analisando meus movimentos, eu tentei disfarçar e assim que este misterioso homem desviou sua atenção para o guia, eu me afastei do grupo e entrei pelos corredores.
Não tinha a localização exata da medalha, só uma imagem dela no celular enviada por Dean e a certeza que estava em alguma parede do castelo, meu maior desafio naquele trabalho não era habilidade e nem velocidade, e sim a sorte de encontrar a medalha antes do final da expedição do grupo de turistas.
Andei um pouco em círculos tentando não me desesperar, por duas vezes um guarda me parou para perguntar se eu estava perdida. Eu estava começando a ficar meio desesperada e sem motivação para concluir aquele trabalho, não conseguia ligar para Dean, pois meu celular não dava sinal.
— Senhorita? — um guarda se aproximou de mim.
— Sim? — eu me virei para ele.
— Está tudo bem? Está perdida?
— Bem, acho que sim, eu estava procurando um lugar que tivesse água e me perdi do grupo.
— Ah, eu te mostro onde pode beber água.
O guarda me acompanhou até a lateral leste do castelo onde tinha os banheiros públicos para os visitantes, eu me afastei dele até o bebedouro e tomei um pouco de água, olhei de relance para o lado, tinha uma fresta do que parecia uma passagem secreta. Olhei para trás e, aproveitando que o guarda não estava, caminhei até a fresta e empurrei de leve, era uma porta velha e enferrujada. Entrei no corredor, estava um pouco escuro então liguei a tela do celular para iluminar um pouco meu caminhou, fiquei olhando atentamente nas paredes até que em um movimento espontâneo com a mão, meu celular iluminou alguma coisa que refletiu em meu olho.
Me abaixei e olhei com mais cuidado, parecia algo folheado a ouro, sorri de leve e pegando um chave de fenda que tinha escondido na bolsa, cavoquei um pouco a parede e consegui desgrudar o objeto, analisei por alguns minutos e o limpei na barra da calça. Era a medalha que eu estava procurando, a guardei no bolso da calça e retornei pelo mesmo caminho. Para minha sorte, quando cheguei na lateral, havia algumas mulheres do grupo entrando no banheiro, aproveitei para entrar junto e me limpei um pouco. Assim que saí do banheiro disfarcei meu olhar na direção do homem estranho que ainda me observava com naturalidade, achava mesmo que eu não tinha observado que ele estava me analisando ou vigiando.
Mantive minha naturalidade e fotografei um pouco os lugares que era permitido fotografar, passaram alguns minutos a mais até que o guia nos organizou para a nossa volta. Assim que retornamos para a agência de turismo, o gerente se aproximou de mim:
— Senhorita, espero que tenha se divertido com o nosso passeio. — o homem era alto de cabelos grisalhos e voz suave.
— Ah, sim. — eu sorri de leve. — Foi uma ótima oportunidade para minhas fotos e obter mais conhecimento do passado. — levantei minha câmera profissional de leve.
— Posso pedir que me envie estas fotos para que eu possa colocar em nosso mural?
— Ah, claro, com prazer. — eu respirei fundo pensando em como faria aquilo. — Só me passar seu cartão.
— Aqui está. — o gerente retirou o cartão do bolso e me entregou.
Ao pegar o cartão eu o virei e lá estava escrito
Little Thief, neste exato momento percebi o que ele estava querendo dizer, ele era meu contato para finalizar o trabalho, eu olhei disfarçadamente para o homem que me observava da porta e, virando meu corpo ficando de costas, retirei cautelosamente a medalha do meu bolso e colocando debaixo do cartão de visitas do gerente, peguei a caneta que estava em cima da bancada e escrevi um número qualquer lá.
— Aqui, este é meu número, peça a sua assistente para me ligar, se eu ficar com seu cartão não vou lembrar de enviar as fotos e tenho certeza que o cartão vai se perder na minha bolsa.
— Entendo. — o gerente pegou com cuidado e logo colocou no bolso do terno. — Foi um prazer ter conosco uma pessoa tão gentil como a senhorita.
— Igualmente, adorei o passeio.
Eu me retirei da agência e peguei um táxi que estava parado na porta, peguei o celular e liguei para Dean, estava preocupada com o fato daquele homem misterioso estar me observando tanto.
— D na linha. — disse ele ao atender.
—
Little Thief ligando. — eu brinquei. — Pacote entregue com sucesso.
— Recebi a mensagem há um minuto. — ele riu.
— Antes que eu diga que quero férias e você me negue novamente, tenho algumas preocupações que quero compartilhar.
— Diga.
— Um homem estava me observando de mais hoje, ele estava entre os turistas do grupo que acompanhei.
— Não seria por sua beleza? — ele riu.
— Não estou brincando, Dean, ele estava bem focado em mim.
— Continue agindo naturalmente e descanse.
— Se você me der três semanas eu irei descansar tranquilamente.
— Três semanas? — ele respirou fundo.
— Dean, estou há cinco anos sem férias, sabe quantas coisas já fiz, e muitas quase levaram minha vida.
— Está querendo férias para descansar mesmo ou quer voltar para sua falsa família?
— Não acredito, está mesmo me fazendo essa pergunta?
— Ainda não confio neste .
— Eu já lhe dei o sobrenome dele, faça sua pesquisa e me deixe ter minhas férias, até meu cachorro está cansado das minhas viagens.
— Para demonstrar que me importo com você e que eu não estou com ciúmes, tenho uma proposta definitiva.
— Já estou percebendo que não terei minhas férias.
— Você terá que fazer mais cinco serviços para mim, cinco que não posso entregar para outra pessoa.
— Hum. — eu respirei fundo pensando. — Tudo bem, mais cinco serviços e depois quero quatro meses de férias.
— Você quem manda,
Little Thief, transferência concluída.
Eu desliguei o celular ainda contrariada, mas não iria brigar com Dean, ainda mais que ele estava fazendo aquilo tudo para realmente me manter longe de . Pedi ao taxista para me deixar na avenida comercial de Lisboa. Para retirar todo o estresse somente fazendo compras, e depois de alguns passos olhando as vitrines das lojas, meu olhar foi em direção a um all star branco de renda, confesso que minha preferência era sempre sapatos de saltos, mas eu também me sentia atraída pelo conforto dos tênis.
Ao contrário das críticas do Dean sobre meu closet de sapatos, eu não gastava todo meu dinheiro neles, mas sempre encontrava alguns solitários nas vitrines que mereciam ir para casa comigo. Quando voltei para o hotel, assim que entrei no saguão me esquivei direto para o elevador, aquele homem de mais cedo estava conversando com o gerente do hotel, consegui entrar no elevador sem que ele me visse e chegar ao meu quarto com segurança, mas não sabia como eu iria sair do hotel da mesma forma.
Estava tão preocupada que decidi nem sair do quarto e pedi para enviarem meu jantar, liguei novamente para Dean e o alertei, passamos a madrugada em claro pesquisando sobre este homem, ao amanhecer Dean recebeu uma mensagem de um amigo que reconheceu o rosto do homem. O nome do sujeito era Cedric, ele era um importante agente da Interpol, que obviamente estava ali por minha causa.
— Dean, se ele está aqui é porque ele me quer, ele quer a minha cabeça.
— Calma,
Little Thief, ele não vai te pegar, não tem provas contra você.
— E Davi? Ele me reconheceu, pode testemunhar.
— E você tem um álibi. — ele tossiu um pouco. — Uma família e um emprego de fotógrafa.
— Ah, sim, o álibi que você não confia. — eu bufei — Dean, minha cabeça deve estar como prêmio, e tem pessoas no nosso meio que me odeia.
— Continue fazendo o que você faz de melhor, da sua segurança eu cuido, não se preocupe, está tudo sob controle.
— Vou confiar em você, como sempre. — respirei fundo. — Espero que melhore desse resfriado. — desliguei o celular antes mesmo que ele pudesse dizer mais algo.
Arrumei minhas malas e coloquei meu All Star novo, eu tinha certeza que ele me daria sorte naquele momento de adrenalina. O motorista do hotel me levou até o aeroporto e assim que peguei minha passagem no balcão, senti uma pessoa me pegar pelo braço.
— Cassie. — disse uma voz masculina.
— O quê? — eu me virei, era o homem misterioso, Cedric, o agente da Interpol. — Me desculpe, mas está me confundindo com outra pessoa.
— Não estou. — ele sorriu de canto. — Tenho suas fotos espalhadas pelo meu apartamento, e agora você virá comigo.
— Você tem algum mandado oficial? — aquela voz vinda de trás de mim, a voz que fez meu corpo arrepiar, meu anjo da sorte.
— Quem é você? — perguntou Cedric.
— , sou o marido dela. — ele pegou em minha mão me afastando do agente, senti meu coração paralisar naquele momento. — Seu nome é Cho, ela não é esta Cassie que tanto procura.
— , irmão, o que está acontecendo aqui? — um homem se aproximou de nós e logo reconheci seu rosto, de alguns anos atrás.
— Um pequeno problema, Siwon, que estou resolvendo. — olhou para o agente. — Então, oficial, acho que temos um engano aqui.
— Que engano? — Siwon olhou mais atentamente para mim, sua reação pareceu estar em choque. — Oh, .
— Oi, Siwon. — eu olhei meio sem graça, nos olhou sem entender como eu conhecia seu irmão, e seu irmão me conhecia e sabia meu verdadeiro nome.
— Bem — Cedric engoliu seco, tentando manter a calma —, eu devo ter me enganado, então, são mulheres muito parecidas.
— Acontece com as melhores pessoas. — eu sorri de leve para ele, não ia deixar passar aquela oportunidade.
— Espero que me desculpem pelo mal entendido. — Cedric lançou um último olhar de vingança e se afastou.
Eu respirei fundo e olhei para , seu olhar estava confuso como alguém que queria respostas, Siwon estava surpreso em me ver ali e o mais louco como esposa do seu irmão.
— Eu poderia perguntar o que estão fazendo aqui, mas o meu voo vai sair em cinco minutos.
— Não se preocupe, teremos muito tempo para conversar, vamos no mesmo voo que você. — me olhou sério, senti um calafrio na hora.
Me mantive em silêncio em todo o momento, na classe executiva, minha poltrona ficava em frente a deles. Siwon sempre desviava seu olhar do livro para mim, já mantinha seus olhos fixos em mim todo o tempo. Queria poder ouvir seus pensamento por um minuto apenas.
Não conseguia parar de olhá-la, dentro daquele avião, a única coisa que passava em minha mente era como e desde quando ela conhecia meu irmão mais velho. Será que ele sabia do lado criminoso da vida de , ou pior, será que ele tiveram algo íntimo no passado deles?
“Vou lutar e procurar você todo o tempo
Eu nunca acreditei nas coisas que são para sempre
Mas se houver você, eu realmente quero acreditar.”
– Black Pearl / EXO
Capítulo 10
Desembarcamos no aeroporto de Londres ao pôr-do-sol e voltamos para a casa dos meus pais. Eles ficaram felizes quando Siwon entrou primeiro, minha mãe o abraçou forte e bateu em seu ombro, estava feliz por sua volta e triste por ele ter ficado tanto tempo longe de casa.
— Yah, seu filho ingrato — ela reclamou — Por que me deixa tanto tempo longe de você?
— Desculpa, mãe, mas não foi somente eu quem ficou longe de casa — Siwon me olhou.
— Yah, não jogue para cima de mim, eu voltei há mais tempo — sorri de canto.
— Oh, só não brigo com você, , porque quando voltou trouxe uma garota maravilhosa — minha mãe se aproximou de e a abraçou — Que bom que resolveu voltar, querida.
— Sim, terei alguns dias até retornar para Manhattan e minhas fotografias foram rápidas — explicou retribuindo o abraço.
— Ah, que bom, ficará mais tempo com nossa família — minha mãe sorriu e olhou para Siwon — E quando você nos trará uma garota tão gentil quanto ?
— Prometo me casar antes do Sam, satisfeita? — ele de leve.
— Moleque — meu pai bateu em seu braço direito — Olhe como responde sua mãe.
— Nós vamos subir primeiro — eu peguei na mão de e subi carregando sua mala na outra mão.
Quando entramos no quarto, tranquei a porta para que ninguém, ou melhor Siwon, nos interrompesse. Eu coloquei sua mala ao lado da porta, e encostei na parede a olhando, encostou na janela e me olhou.
— Está curioso para saber de onde conheço seu irmão? — ela tinha uma forma sinuosa de falar que me deixava maluco.
— Vai me contar? — cruzei meus braços.
— Há cinco anos meu sócio tinha, como posso explicar, foi o momento em que eu me joguei a fundo nessa profissão, antes, eu só era auxiliar de fuga para um outro profissional, então foi na minha primeira missão que conheci seu irmão.
— Na universidade?
— Sim — ela olhou para a rua e depois para o céu — Eu tinha que pegar algo que era guardado em uma fraternidade onde seu irmão era membro, o alarme assoou e na minha fuga ele me ajudou.
— Devo saber como? — eu a olhei sério.
— Da mesma forma que você, eu entrei no quarto dele por engano achando que era um corredor de acesso à cozinha, estava tudo escuro e não tinha muito tempo para mudar a rota do meu caminho, então vi ele dormindo, retirei parte da minha roupa e deitei ao seu lado e fechei meus olhos cobrindo a cabeça.
— Então sua loucura vem de tempos — desviei meu olhar para o chão.
— Sim, acho que foi por isso que me senti meio atraída a fazer a mesma coisa quando entrei no seu quarto.
— Presumo que ele te ajudou.
— Sim — ela respirou fundo — Quando entraram no quarto dele, ele assentiu que estava ocupado e descobriu minhas pernas para mostrar que estava acompanhado. Todos engoliram, exceto o vice líder da irmandade, então tivemos que disfarçar um curto namoro, até que eu me transferi para a Universidade de New York.
— Hum — eu resmunguei e me virei para sair do quarto, ela veio até mim e segurou em meu braço.
— Espera — ela me olhou — Está tudo bem entre a gente?
— Por que não estaria? — eu me soltei de leve dela — Não existe nada real entre nós.
Eu saí do quarto no mesmo instante, não sabia o que pensar ou o que sentir, o que ela havia me dito tinha acontecido há anos, mas o fato de ter acontecido com Siwon me deixava um pouco desconfortável.
— Pensando coisas inoportunas? — perguntou Siwon ao se aproximar de mim no escritório.
— Siwon — eu o olhei — Por que essas palavras?
— Sobre , não tivemos nada muito profundo.
— Ela me contou tudo — eu desviei meu olhar para porta.
— Tudo, tudo? — ele tossiu um pouco — Até a parte do trabalho dela?
— Se está falando do fato dela ser uma ladra, foi assim que nos conhecemos — eu o olhei — Da mesma forma que vocês dois.
— Na sua… — ele segurou o riso — Ela é mesmo muito aventureira.
— Sim — tive que concordar.
— Mas pelo que pude ver, vocês levaram mais adiante isso.
— Para dizer a verdade estamos em um acordo que beneficia ambas as partes, e eu me transformei no seu álibi perfeito.
— E quando foi que você se apaixonou por ela? — ele me olhou de forma séria.
Aquela pergunta tinha me deixado sem reação, apesar de saber a resposta.
Acidentalmente eu havia ouvido aquela conversa, não acreditava, ou melhor, confesso que já imaginava o interesse dele por mim, e como a forma como ele agia nos últimos dias parecia ciúmes, eu não sabia como reagir aquilo.
— Incomodo? — disse ao entrar.
— Não — me olhou — Você está com fome?
— Sim — assenti me encostando na porta.
— Vou preparar algo para nós, quer também, Siwon?
— Sendo assim com tanta boa vontade, aceito.
saiu tranquilamente, parecia que ele queria mesmo que eu e Siwon ficássemos sozinhos. Eu respirei fundo olhando para Siwon que retribuía o olhar segurando o riso.
— Então, Little Thief, há quanto tempo… — ele sorriu de canto.
— Sim — eu caminhei até ele e o abracei — Não imaginava te ver novamente.
— Nem eu, principalmente com meu irmão. — ele me olhou — Então ele sabe também.
— Sim — sorri de canto — Acho que sou muito atraída pelos homens da sua família.
— Se atraiu tanto, que nos conheceu exatamente da mesma forma — ele brincou — Será que desta vez vai permanecer para sempre, ou pretende sumir novamente?
— Curioso, mas não sei, não gosto de me apegar — desviei meu olhar para porta.
— Em outras palavras, Dean não confia em ninguém — ele segurou em minha mão — Mas e você, o que sente ao estar aqui com minha família?
— Por que você não especifica dizendo o nome adequado? Está com ciúmes do ?
— Acha que ainda sinto algo por você? — ele me olhou de forma profunda.
— Estou correta em achar que sim? — o olhei retrucando.
— Se for assim, se for — ele respirou — Como reagiria ao saber que os dois irmãos que te protegeu estão apaixonados por você?
— Está falando por outra pessoa — eu ri e encostei na mesa que tinha próximo à parede da porta.
— Tenho certeza e acho que você também já percebeu — ele me olhou sério, eu realmente percebi — Não me respondeu.
— Minha resposta é como eu, puro mistério — eu sorri de canto — Vamos, estou com fome.
Eu sai indo em direção à cozinha, assim como disse a Siwon, esta resposta estava se tornando um mistério até mesmo para mim. Siwon era um passado que eu fugi para não me apaixonar mais por ele e era um presente que mesmo com medo de se tornar real, eu insistia em manter em minha vida. Não acreditava que estava começando a viver um dilema, logo eu, que nunca tive dúvidas de nada.
— ? — disse .
— Hum? — eu o olhei.
— Está tudo bem? — sua face havia preocupação.
— Sim, só pensando nas minhas férias.
— Dean vai te deixar ter férias? — perguntou Siwon — Finalmente?
— Sim, depois de longos cinco anos de trabalho duro — eu sorri.
— Você conhece Dean? — o olhou mais surpreso ainda.
— A história é um pouco mais longa do que parece, mas aos poucos você vai descobrindo que é uma caixinha e surpresa — ele sorriu de canto e me olhou.
Confesso que Siwon sabia demais segredos meus que e que nossa história foi além do período que mencionei a ele mais cedo. Os pais deles estavam no quarto e Sam havia saído com seus amigos, nos sentamos à mesa e saboreamos os sanduíches que tinha feito para nós. Estava silencioso até que meu celular tocou em meu bolso, retirei e fiquei olhando por um tempo.
— Aposto que é o Dean, mande um abraço para ele por mim — Siwon sorri e levou seu copo de sua a boca, estava um tanto engraçado ver ele meio que mostrando a seu grau de intimidade comigo.
— Pode deixar — eu me levantei e atendi o celular caminhando para o escritório — Little Thief falando.
— Olá LT, como estamos? — perguntou ele — Alguma novidade?
— Consegui escapar, mas algo me diz que você tem algo nisso.
— Eu meio que mudei a rota do avião que estava seu marido — ele riu — Acho que já deve ter esbarrado em Siwon.
— Sim, como soube dele?
— Google é tudo, minha criança. — ele riu mais alto — Pesquisei um pouco mais sobre a família dele e xeque-mate.
— Não vejo graça, Dean, como fez para o avião deles… — eu ainda ficava sem entender como Dean conseguia realizar as proezas que realizava.
— Seu marido foi buscar o irmão dele em Paris, fiz o avião se desviar para Portugal.
— Parabéns, funcionou, no aeroporto o nosso querido Cedric queria me levar presa, me acusando de ser Cassie.
— Hum, a traiçoeira Cassie, sua irmã gêmea que não existe — ele riu — E por falar em avião…
— Nem continue, já entendi. — eu respirei fundo — Qual minha próxima parada?
— Marrocos, baby. — ele tossiu um pouco — Teremos uma missão delicada que envolve sentimentos familiares no meio, uma briga entre irmãos.
— Acho que entendo um pouco sobre isso — me virei e olhei a porta, lá estava os dois de braços cruzados me olhando, desliguei o celular.
— Outro trabalho? — perguntou .
— Qual o lugar desta vez? — Siwon me olhou curioso.
— Só porque sabem um pouco sobre mim, não significa que devem saber tudo — eu dei um sorriso de canto — Não vou avançar nosso grau intimidade, garotos. — eu pisquei de leve e passei por eles na porta, pegou em minha mão.
— Posso subir com você? — sua face ainda séria.
— Ainda somos casados? — retruquei com outra pergunta, soltei minha mão da dele e olhei para Siwon — Boa noite, estou mesmo feliz por você aqui.
Eu me afastei em direção às escadas e subi para o quarto, era meu defeito ser enigmática e inexpressiva às vezes, mas adorei deixá-los sem reação.
“Pode até parecer que eu não tenho nenhuma preocupação,
Mas na verdade eu tenho muito a dizer,
A primeira vez que te vi, me senti tão atraído por você.”
– My Answer / EXO
Capítulo 11
Entrei no quarto me espreguiçando, só naquele momento senti sono e um pouco de cansaço em meu corpo, tirei um conjunto de moletom da minha mala e caminhei até o banheiro. Tomei uma ducha quente para relaxar meu corpo, fiquei alguns minutos ali pensando nos meus próximos passos, tinha mais cinco serviços para chegar as minhas férias e agora a volta de Siwon a minha vida. Ainda mantinha minha preocupação naquele agente da Interpol, precisava ser ainda mais cautelosa em meu trabalho, definitivamente não me via sendo presa.
— Ah, você precisa se focar mais — sussurrei para mim mesma voltando para o quarto já vestida.
— Está preocupada? — perguntou , estava sentado na janela me olhando.
— Também, mas não importa agora — me sentei na cama tranquilamente e peguei meu tablet dentro da bolsa — Imagino que tenha mais milhares de perguntas em sua mente agora.
— Percebi que sua ligação com meu irmão não é tão simples quanto me fez acreditar mais cedo — ele mantinha seu olhar fixo em mim.
— Como eu disse, eu e seu irmão tivemos que conviver por um tempo — desviei meu olhar para o tablet, tinha que analisar todos os arquivos enviados por Dean.
— Vai ficar mais quanto tempo?
— Dois dias — respondi já abrindo o arquivo principal e olhando os relatórios de Dean sobre o que eu roubaria.
— Posso te fazer uma pergunta?
— Não — eu me levantei da cama e caminhei até ele enquanto segurava o tablet — Não quero ser rude com você, menos ainda ser ingrata por sua ajuda, mas o que temos não é real, então não se sinta no direito de me fazer perguntas.
Antes que ele pudesse reagir a minha resposta eu saí do quarto, apesar de estar me divertindo com todo aquele clima e gostar do fato dele estar interessado em mim, não podia deixar que tanto ele quanto Siwon me tirasse o foco e minha concentração. Apesar de ser a melhor no que fazia, a imagem daquele agente da Interpol começou a invadir meus pensamentos constantemente.
— Preciso mesmo de férias — sussurrei ao sair para o jardim e me sentar em uma cadeira de balanço, voltei a analisar os arquivos de Dean.
Eu teria que me infiltrar em uma festa de um Sheik em Marrocos e roubar uma túnica importante de família, algo simples para mim que já roubei muitas outras coisas mais admiráveis, porém a túnica era especial, pertencia ao pai do Sheik que havia dado a outra pessoa, porém usurpado por ele. E é aí que a insinuação de Dean entra, meu cliente era a outra pessoa, o irmão mais novo que tinha ganhado a túnica do pai e foi traído pelo irmão.
— Noite propícia para se perder o sono — comentei ao sentir uma pessoa se sentar ao meu lado.
— Sim, ainda mais quando se tem uma pessoa que não vê a muito tempo em sua casa — Siwon riu de leve mantendo seu olhar no jardim.
— Ironias do destino, misturada a ações de Dean.
— Aí explicamos o desvio do avião, tudo começou a fazer sentido depois que te reconheci no aeroporto — comentou ele — Estava curioso para conhecer a noiva do meu irmão e saber sobre a saúde do meu pai e acabo me surpreendendo.
— A vida é mesmo uma caixinha de surpresas — sorri de canto mantendo minha atenção no tablet — Quem diria que em um momento de tensão, apareceria para me ajudar e, de surpresa, você estaria para confirmar meu álibi.
— Então aquele agente é o motivo dessas expressões preocupadas em sua face? — ele se virou para mim — Não tente negar, o pouco que convivi com você, consegui aprender muita coisa a seu respeito.
— Em cinco anos nunca estive tão perto de ser pega — apesar de não sermos tão próximos, eu tinha uma afinidade com Siwon vindo de nossos momentos do passado, sabia que poderia desabafar sobre isso com ele — Agradeço por acrescentar a Cassie em minha vida.
— No final minha ideia de um nome falso não foi tão ruim assim como Dean achou que seria — ele riu um pouco mais — Mas o que ele pensa sobre esse agente?
— Disse para continuar tranquila e agir naturalmente — respirei fundo desligando meu tablet e olhei para ele — Este é o preço para uma vida de aventuras.
— Como sabemos, você é a melhor no que faz — ele sorriu de canto — E quanto ao ?
— Por que está perguntando sobre isso novamente? — desconversei.
— Porque estou curioso para saber como inventaram a ideia do noivado — seu olhar estava mais sereno do que o normal — Foi no momento em que ele te achou na cama dele ou depois?
— Não acredito nisso — eu ri um pouco alto — Mais um sinal de ciúmes, devo presumir?
— Curiosidade não é ciúmes — retrucou ele.
— Pelo que me lembro, foi em um momento em que estavam invadindo o apartamento dele e eu enrolada nos lençóis da sua cama fingindo estar dormindo, acho que foi nesse momento — olhei para o céu fingindo estar pensando.
— Uau — ele riu — E quando será o casamento?
— Está desatualizado — eu o olhei — Nos casamos em Vegas.
— Vegas? — ele riu ainda mais — Sabemos que o que acontece em Vegas, fica em Vegas.
— Acho que a outra parte disso está levando muito a sério — afirmei.
— Então ele está mesmo apaixonado pela Little Thief.
— Se está ou não, não tenho tempo para isso agora — me levantei e o olhei — Mas fiquei curiosa em saber como você desviou sua direção e acabou parando em medicina.
— Segui seu conselho em fazer algo que me deixaria realizado — ele sorriu de leve.
Eu sorri de volta e entrei na casa, voltei para o quarto em silêncio, quando entrei, estava deitado na cama, respirei fundo segurando o riso malicioso que me veio ao imaginar os dois interessados em mim. Mesmo preocupada com meu trabalho, com aquele agente intrometido e minhas férias, eu não iria deixar de me divertir com aquela situação de triângulo amoroso que estava vivendo.
Me deitei ao lado de e me aninhei ao seu braço direito, eu percebi que ele estava acordado mesmo com os olhos fechados e a respiração tranquila, consegui arrancar um sorriso de sua face ao me deitar ao seu lado. Será que minhas ações acenderia ainda mais algum sentimento no coração dele? Seria interessante, porém, eu já sabia do seu leve problema em se relacionar com as mulheres, quando o conheci, não conseguia nem mesmo dar um fora em uma garota.
— Bom dia — disse ele ao abrir a cortina.
— Quem disse que eu queria acordar cedo? — resmunguei cobrindo minha cabeça.
— Não vai mesmo aproveitar o dia? — insistiu ele.
— Por que está tão animado com o dia de hoje? — perguntei descobrindo minha cabeça e o olhando.
— Por nada — ele riu — Levante, vamos tomar o café.
Eu a deixei no quarto e desci em direção à cozinha, minha mãe estava cantarolando alguma coisa enquanto tinha a ajuda de Siwon para colocar os pratos e copos na mesa. Me encostei na porta cruzando os braços e fiquei olhando ambos se movimentarem sincronizadamente na cozinha.
— Não quer nos ajudar? — perguntou minha mãe.
— Ah, não, não quero atrapalhar — rindo me aproximei sentando na cadeira — E além do mais, Siwon deve pagar pelos meses que esteve longe.
— Olha só quem fala — ele me olhou segurando o riso — O rebelde da família.
— Yah, pelo menos eu voltei antes de você.
— Bom dia, família — disse Sam entrando com nosso pai.
— Olha quem acordou, milagre estar tão cedo acordado! — Siwon comentou se sentando.
— Onde está ? — perguntou minha mãe.
— Acordada, graças a — ela apareceu atrás de Sam com um sorriso meigo nos lábios — Bom dia a todos.
Era impressionante como ela conseguia se comportar tão natural e espontânea quando estava perto de todos da minha família, era aquele momento em que eu me desligava de tudo e acreditava que era real nossa relação. Ela se sentou entre eu e Siwon, internamente, entre nós três, estava um clima obscuro de triangulo amoroso, era visível meu interesse por ela e parecia que Siwon ainda não tinha finalizados seus assunto do passado também. Os sentimentos de eram enigmáticos como sua vida e seus olhares não eram de uma pessoa bipolar, mas mudava frequentemente suas reações quanto a nós dois, parecia uma forma de esconder e camuflar seus sentimentos.
— E como foi seu trabalho em Portugal, ? — perguntou Sam com curiosidade.
— Foi fascinante — respondeu com tranquilidade ao pegar seu copo de suco — E a paisagem era linda.
— E para onde foi? — minha mãe estava com um olhar curioso.
— Um castelo de Almourol, foi de guerreiros templários, vai render um editorial incrível para revista de turismo — explicou ela de forma rápida e um pouco detalhada.
— Já estive visitando este castelo em minha juventude, um lugar muito bonito mesmo — comentou meu pai.
— Uau, estou muito curiosa para ver as fotos — minha mãe tomou um gole do café de sua xícara.
— Posso te mostrar depois do café, algumas ficaram meio insatisfatórias, porém consegui muitos enquadramentos bons — ela estava tão segura no que falava que me deixou impressionado, olhei para Siwon e pelo seu olhar, também estava surpreso, a postura de era de uma profissional.
— Ah, quero muito te apresentar a um amigo, ele é fotógrafo profissional também, está iniciando uma exposição em uma galeria de arte em Paris — minha mãe a olhou com um brilho nos olhos — Você poderia ir conosco a essa exposição.
— Nossa, vou adorar — se mostrou mais animada ainda para minha surpresa.
— Então vamos todos para Paris — comentou Siwon com um sorriso presunçoso — Mas e seu trabalho em Marrocos?
— Dependendo da data, terei tempo para passar em Paris — respondeu .
— Ah, que notícia boa! — minha mãe se levantou — Fiquei tão animada agora, por que não saímos para fazer compras, precisamos de um momento de garotas. — brincou ela.
— Oh, claro! — concordou um pouco admirada com o convite da minha mãe se levantando — Vai ser divertido.
Ela olhou para mim, sorrindo espontaneamente, e depois desviou seu olhar para Siwon de forma breve, minha mãe a pegou pelo braço a levando junto. Meu pai riu de leve com aquela cena, realmente vazia tempo que minha mãe não se animava tanto com eventos e uma visita.
— Me parece que sua… — Siwon tossiu um pouco — Noiva, conquistou nossa mãe com facilidade.
— Ah, isso é porque noona é muito gentil e divertida, além de bonita — explicou Sam na minha frente.
— Exatamente — eu ri e terminei de tomar meu café.
Meu pai e Sam saíram em direção à garagem, eles iriam assistir a uma corrida de Fórmula 1 que aconteceria na cidade aquela manhã. Siwon tomou o último gole de suco que estava em seu copo e me olhou segurando o riso.
— Confesso que estou surpreso — disse ele começando a rir — Desde quando ela surgiu com essa coisa de fotógrafa?
— Há pouco tempo, segundo ela, é uma profissão promissora que serve como explicação para suas viagens repentinas — respondi rindo também.
— Uau, ela pensa em tudo — ele se espreguiçou na cadeira — Ainda me surpreendo com essa garota, mesmo a conhecendo um pouco.
— Gostaria de conhecê-la mais — reclamei de leve, invejada um pouco o passado de Siwon com ela — Ela realmente é uma caixinha de surpresas.
— Verdade — concordou rindo.
— Como pode ser tão natural, nunca imaginei ela indo fazer compras com nossa mãe.
— Eu nunca imaginei ela agindo como uma pessoas normal — ele levantou da cadeira indo em direção a porta — Me parece que esses cinco anos a deixou mais madura e concentrada o suficiente para sair de situações perigosas.
Era estranho ter uma pessoa falando com tanta certeza sobre perto de mim, me fazia me sentir no escuro, como seu não conhecesse nada além daquela garota que sorria naturalmente perto dos meus pais. Eu queria mudar isso, queria me fixar na vida dela como Siwon, queria conhecê-la e conquistá-la.
“Eu quero ser o seu único campeão
Tudo o que passa pelos caras que estão tão mais ou menos
Eu sou um pouco diferente deles, baby o que você quer?
O que você queria? O que você sonhou?”
– Ace / Taemin
Capítulo 12
Meus dias de análise, preparação e algumas diversões passaram rápido e eu já estava desembarcando no aeroporto internacional de Casablanca em Marrocos. Meus plano tinha algumas fases distintas; eu tinha que entrar, me disfarçar, chegar até meu alvo e sair de forma silenciosa e precisa. Dean tinha alguns contatos fortes na Interpol e monitorava cada passo do agente que estava me vigiando, Cedric era uma preocupação em vista, porém, minha concentração era maior.
Assim que cheguei no hotel onde ficaria, joguei minha mala ao lado da cama e peguei minha câmera dentro da bolsa, iria aproveitar aquela tarde para tirar algumas fotos. Imprevisivelmente, eu tinha mesmo me interessado por fotografia e, nos momentos vagos, estava estudando sobre o assunto e técnicas de enquadramento fotográfico. Acho que estava começando a ter mais um hobby que futuramente iria tirar meu tédio em momentos de calmaria.
— Bom dia, senhor, consegue entender o que digo? — perguntei ao me aproximar de um turista que também estava passeando pelo Parque da liga Árabe.
O homem se curvou de leve fazendo um sinal que não me entendia, eu agradeci como pude e continuei em minha caminhada pelo jardim principal, a cada direção que eu seguia, era proporcionada por mais paisagens e muitas fotos. Parei por um momento para chegar às últimas fotos que tinha registrado e senti uma pessoas se aproximar de mim, senti um frio na espinha e pedi aos céus que fosse um dos dois homens que disputavam minha atenção, porém, para a ironia da minha sorte, era a pessoa que eu menos queria perto de mim.
— Ficaram admiráveis suas fotos — comentou aquela voz que passou a me aterrorizar em poucos dias.
— Você — virei minha face com suavidade e o olhei um pouco surpresa — Veio me acusar novamente?
— Não — ele sorriu de canto — Difícil de acreditar, mas é pura coincidência te encontrar aqui.
— Ah, deixe-me adivinhar, está a passeio com a namorada e o cachorro? — minha voz soou como um deboche, tentava deixar meu olhar suave, mas não conseguia me manter calma internamente perto dele — Ou seria namorado?
— Seria namorada, porém não possuo — ele segurou um pouco do riso — Mas o que faz aqui sozinha, onde está seu noivo?
— Bem, temos nossa vida profissional a parte — respondi como uma incógnita.
— E devo presumir que está aqui a trabalho — ele direcionou seu olhar para a câmera — É fotógrafa?
— Sim.
— Um bom motivo para se viajar tanto, estou começando a ficar ainda mais curioso sobre você.
— Não está pensando em me acusar novamente, não é? — eu abaixei minha mão que estava com a máquina e ajeitei minha bolsa transversal no ombro — Posso te processar dessa vez.
— Não — ele respirou fundo — Como uma forma de me redimir, gostaria de te convidar para tomar um café.
— Como sabe, sou comprometida — o relembrei, adorava quando utilizava daquele lindo e perfeito álibi.
— Oh — ele segurou de leve em minha mão, estava mesmo me analisando com seu olhar fixo — É somente um café, representando minhas desculpas por minha falha.
Assenti com um pouco de receio, afinal, em teoria, quem não deve, não teme, essa era uma oportunidade para conhecer de perto meu inimigo, seria natural e original como sempre, porém, com uma ponta de cautela para não deixar nenhum fio solto da minha vida. Ele me levou na cafeteria muito apreciada chamada Venezia Ice, sua decoração simples, porém muito harmônica nas cores e moderna me fizeram tirar algumas fotos de registro, claro que não perderia a oportunidade de tirar algumas dele sem que percebesse.
Nos sentamos em um ponto que proporcionava uma vista incrível do mar, e isso me levou mais algumas fotos para a coleção, incrível mais por dentro estava empolgada pelas fotos, pois teria o prazer de mostrar a mãe de . Pedimos dois expressos e uma sobremesa que era a indicação da casa, brownie com sorvete, foi uma excelente decisão de nossa parte, senti meus hormônios vibrarem com aquela explosão de chocolate e sabores maravilhosos.
— Você foi muito eficaz me fazendo dizer o motivo de estar em Marrocos, porém não compartilhou o seu motivo — instiguei o olhando atentamente.
— Sim — ele sorriu de leve — E você muito atenta percebeu isso.
— Sou uma fotógrafa, atenção e observação são nosso lema — eu comi uma colherada do sorvete tranquilamente mantendo meu olhar nele — Mas sua resposta é…
— Estou de folga — ele respirou fundo, parecia procurar as palavras certas — Depois do incidente no aeroporto, meu superior me mandou para cá, precisava colocar minha mente em ordem.
— Hum… — eu imaginava que metade daquelas palavras era verdadeiras — Ele fez um bom trabalho, você quase prendeu uma inocente.
— Acho que já posso ter suas desculpas agora — sugeriu ele.
— Talvez, um homem ganha muitos pontos com uma mulher quando lhe dá algo como chocolate — eu ri de leve.
— Devo presumir que você gosta de chocolates? — perguntou.
— Entenda como quiser — eu desviei meu olhar para a xícara de expresso e a peguei tomando um gole — Porém…
— Porém?
— Também fiquei curiosa sobre a mulher que tanto confundiu comigo — eu fiz cara de desentendida — Ela é tão bonita quanto eu?
— Uau, uma mulher nada modesta — comentou ele dando um sorriso enigmático.
— Como todos dizem isso de mim, me deixo ter essa autoestima — sorri de volta com maus leveza — E novamente você fugindo da minha resposta.
— Bem, como um agente, não posso detalhar muitas coisas para civis — explicou ele.
— Acho que tenho o direito, já que quase fui envolvida nisso — insisti.
— Uau, você é muito persistente.
— Você ainda não viu nada.
— Digamos que a mulher que procuro fez algumas coisas erradas aos olhos da lei e o fato de você ter a mesma postura que ela quando andam, me fez achar que era ela.
— Hum, acho que estou sendo seguida então, fiquei com medo agora — brinquei de leve o fazendo rir um pouco.
— Não se preocupe, te vendo agora de perto, realmente não há nenhuma chance de ser comparada novamente a Cassie — afirmou ele.
— Então fico mais aliviada.
O clima entre nós dois era de muitos mistérios e desconfianças, nossos olhares afirmavam isso de alguma forma, algo me dizia que ele não acreditava em mim, assim como eu não acreditava nele, porém, como provar que eu era Cassie? Todo o álibi já havia sido montado por Dean e, para todos os efeitos, Cassie poderia ser minha irmã gêmea dada como morta na maternidade, eu amava o meu trabalho.
Ficamos mais alguns minutos conversando e claro que pedi mais sobremesa para mim, assim que terminei de saborear aquela maravilha da culinária moderna, ele pediu a conta e de forma cavalheira e calculista, me levou para o hotel onde tinha me hospedado. Outra jogada rápida do meu sócio foi me hospedar em nome da falsa empresa que eu trabalhava, uma surpresa para mim era que Dean tinha criado uma editora de revistas online só para ser meu mais novo álibi, eu realmente tinha uma vida normal aos olhos da sociedade.
— Não — disse Dean ao telefone — Ainda não acredito que você fez isso.
— Sim — eu me joguei na cama rindo — Eu fiz.
— Você é louca? Se arriscou demais — questionou ele.
— Eu precisava conhecer mais o inimigo, ele tinha tantas informações sobre Cassie, eu — respirei fundo — Pelo menos todo aquele medo que estava dele caiu por terra com essa nossa conversa casual.
— Ainda te acho louca.
— Para sua despreocupação, eu tirei algumas fotos dele e vou te enviar depois — eu ri de leve batendo meus pés na cama — Deveria ter visto nossos olhares misteriosos um para o outro, foi divertido e ainda comi uma sobremesa tão maravilhosa.
— E com toda esta exposição, o que descobriu?
— O que eu temia, ele não acredita em nenhum dos meus álibis, porém, para nossa sorte, não tem nenhuma prova.
— Isso é bom, mas o que pretende fazer agora?
— Fazer meu trabalho com perfeição e mais uma vez deixar ele a dois passos de distância de nós.
— Boa garota — ele pareceu vibrar do outro lado da linha — Gosto de ver você assim, segura e tranquila.
— Apesar de ter se arriscado e passado o dia com um estranho inimigo — ele parecia ainda relutante a aceitar o que eu tinha feito.
— Hum, falando assim vou considerar isso muito mais que somente preocupação profissional.
— O que está insinuando?
— Você sempre reclama quando homens se aproximam de mim.
— Isso é cuidado — explicou rapidamente.
— Conheço por outro nome — eu ri de leve — A conversa está boa, mas vou desligar agora, amanhã será um dia longo e cheio de surpresas.
— Tenha cuidado e aproveite a festa — brincou ele mesmo sendo num tom sério.
Desliguei o celular e fechei meus olhos, precisava de uma noite tranquila e relaxante, para minha sorte, tive. Na manhã seguinte, depois de um café reforçado em meu quarto, me preparei para mais aquele trabalho, meu nível de concentração tinha que ser mais elevado que o normal. Pois, para minha não surpresa, aquele agente bonitão estava me vigiando dentro de um Chevy 96 prata do outro lado da rua.
Não seria fácil sair sem ser vista, porém, nada é impossível. O habitual seria realmente seria sair pelos fundo escondida, mas nada me garantiria que teria um parceiro dele para me pegar em flagrante, então resolvi ser nada convencional e sair pela porta da frente com minha cara de turista e à vista dele. Entrei no táxi que o hotel chamou para mim e pedi para me levar ao Anfa Palace Shopping Center, era um lugar grande, moderno, movimentado e fácil de se perder dentro.
Mesmo não podendo perder o foco do meu propósito naquele lugar que era distrair Cedric e me livrar dos olhos dele num bom sentido, não consegui deixar de notar alguns solitários sapatos gritando por meu nome nas vitrines da loja. Desesperador não poder comprar nenhum, mas respirei fundo e segui em frente, entrando e saindo de várias lojas, percebi mais duas pessoas me seguindo, realmente, minhas desconfianças eram válidas e precisas.
Minha direção final foi no cinema, em meio à escuridão da sala, eles me perderam de vista e consegui ficar em um lugar privilegiado olhando os três olharem ao redor me procurando. Uma etapa concluída, tinha a outra, entrar em uma festa de casamento. Segui de táxi até o endereço que Dean me passou. A rua estava em festa com o início da cerimônia do casamento, o noivo era o filho do dono da túnica que eu roubaria, era o início da segunda fase do meu plano.
“Quando olho, parece um labirinto,
Quando pego é como areia e o tempo passa
Na minha mente, como uma névoa,
Como peças espalhadas de um quebra-cabeças, enigmático.”
– Danger / Taemin
Capítulo 13
:
Não sabia como Dean conseguia selecionar com tanta rapidez as pessoas que me ajudariam ao longo das minhas missões. Eu sempre contava alguns pontos cruciais dos meus planos que exigia ajuda externa, mas ele nunca sabia mais do que isso e sempre conseguia as melhores para me ajudar na execução. E nesse momento não foi diferente, assim que fiquei em uma posição próxima do cortejo, uma mulher me pegou pelo braço me arrastando para dentro da casa que era da noiva, de onde todos estavam saindo.
Ela fez sinal de silêncio e eu assenti de imediato, me dando um uniforme de cozinheira, mostrou onde poderia me trocar, para minha sorte, estávamos num país onde a mulher esconder a face era parte da cultura e eu poderia utilizar disso para me favorecer. Não poderia demorar muito, pois aquele seria somente meu primeiro disfarce para entrar na festa. Me misturei no meio dos outros empregados do buffet contratado e seguimos até a casa do noivo.
Minha preocupação com o tempo era instável, o cortejo circularia algumas ruas da cidade até irem para a casa do noivo, percebi alguns seguranças da família atentos aos movimentos de todos os funcionários do buffet, eu sabia que para adentrar ainda mais na casa não poderia permanecer com aquele disfarce. Levei alguns minutos ajudando ali na cozinha para disfarçar e aproveitei nosso trabalho de levar as caixas de alimentos para dentro para contar quantos seguranças tinham e o total de câmeras espalhadas pelo jardim.
Observei alguns pontos cegos que poderia utilizar, mas cautela nunca é demais, olhei para o céu e já era início da noite, o cortejo longo chegaria e eu tinha que mudar minha estratégia, aí entrou a terceira etapa do meu plano. Assim que o grupo de dançarinas do ventre chegou para a animação da festa, me infiltrei entre elas, a organizadora do grupo aparentemente era conhecida de Dean, pois assim que me aproximei ela me deu uma roupa de odalisca na tonalidade amarela, que tinha uma etiqueta escrita
Little Thief.
Só não estava surpresa, porque nada mais que vinha de Dean me impressionava, vesti a roupa e fiquei treinando alguns movimentos de improviso com uma das dançarinas. Assim que o organizador do evento na casa anunciou a chegada dos noivos, respirei fundo e me preparei para me infiltrar no meio dos convidados pegar a chave do quarto onde estava a túnica e finalizar a noite com perfeição.
Seria fácil? Não, claro que não, eu teria que roubar a chave do dono da casa, pai do noivo e aquele que estaria rodeado de pessoas. Assim que a música foi surgindo pelos cantos da casa, eu e as outras mulheres começamos a dançar livremente entre os convidados, meu alvo estava com sua esposa recebendo os votos das pessoas ao lado dos noivos. Mantive meu olhar nele durante longos minutos enquanto dançava, até que uma certa mão segurou em meu braço me puxando para a lateral da sala.
— Siwon — meu suspiro de alívio era nítido.
— Calma — disse ele me olhando com preocupação.
— Você me assustou. — recuperei meu fôlego — O que está fazendo aqui?
— Acredite ou não, sou amigo do noivo, fizemos faculdade juntos. — ele riu de leve. — Até tinha me esquecido desse casamento, me lembrei dele quando ouvi que estava vindo para Marrocos.
— Estou feliz que seja você — admiti sem vergonha.
— O que houve? Aquele agente está aqui também?
— Sim — desviei meu olhar para o meu alvo novamente —, está me seguindo sem a menor preocupação.
— Se está aqui é porque vai roubar algo daqui.
— Óbvio — assenti.
— Quer ajuda? — perguntou ele.
— O que você acha?
— Como nos velhos tempos — comentou ele.
Era óbvio que precisava de uma ajudinha para chegar mais rápido até meu alvo, e ele seria a distração perfeita, ou o contrário. Expliquei a Siwon as partes mais importantes e que precisava daquela chave a qualquer custo, ele entendeu de imediato e se aproximou dos noivos para cumprimentar seu amigo e entregar uma caixinha que seria o presente aos noivos, aproveitei para causar a distração.
Chamei mais duas dançarinas que estavam perto e começamos a dançar em uma sincronia inacreditável, aos poucos as outras se aproximaram e começaram a se harmonizar com nossos movimentos, se não fosse eu no meio daquele improviso, diria que haviam ensaiado muito para aquele número. Resultado esperado, a atenção de todos estavam em nós, sem exceções, até os seguranças nos olhavam, meus olhos estavam nos movimentos de Siwon que estava muito próximo do nosso alvo.
Ele ainda se lembrava de algumas coisas que tinha aprendido comigo, assim que me certifiquei do sucesso de sua ação, fiz com que as dançarinas se dispersassem novamente entre os convidados. Algumas pessoas se arriscavam a dançar junto, no meio de tanta euforia, disfarçadamente me dirigi em direção aos quartos, Siwon entendeu a mensagem e me seguiu. Assim que chegamos no corredor certo dos quartos tinha que encontrar a porta certa, e não poderia perder muito tempo em encontrar, pois o dono da chave poderia dar falta dela a qualquer momento.
Em um movimento louco e involuntário, sentindo a chegada de alguém, Siwon me beijou de surpresa com uma estranha intensidade. Não tive como reagir e logo retribuir, era um pouco estranho beijar ele novamente, não pelo fato de ser irmão de , mas pelo tempo que estive afastada dele. Confesso que há cinco anos, quando o conheci, me deixei apaixonar por ele, mas escolhi meu trabalho ao invés do amor, beijá-lo novamente me trazia aquelas lembranças e não era uma boa hora lembrar do passado.
— Nossa — disse, me afastando de leve dele para recuperar o fôlego.
— Eu não conto se você não contar — ele sussurrou dando uma piscada rápida e um sorriso malicioso.
— Oh, me desculpe — disse o segurança se retirando.
— Continua rápido — comentei pegando a chave da mão dele — Eu assumo a partir de agora.
— Você quem manda — concordou.
Eram algumas portas, então resolvi contar com minha parceira sorte e escolher uma, e como ela nunca me abandona, era exatamente a certa. Entramos em silêncio e eu fui diretamente ao closet do casal; como imaginava, tinha um cofre eletrônico que certamente abrigava meu objeto de desejo do momento. Precisava agora de um telefone, olhei para Siwon e peguei o celular que estava em seu bolso, para minha surpresa ele ainda mantinha o número de Dean registrado na memória.
— Little Thief na linha — disse sem rodeios.
— Uau, o que está fazendo com o telefone do Siwon? — perguntou ele surpreso.
— Acredite ou não, ele apareceu na festa e agora estamos aqui diante de um cofre, fale a senha, sem demora.
— Bem — ele parecia meio atrapalhada no momento.
— Dean, foco — disse num tom sério e firme.
— Ok, nosso cliente deu algumas possíveis senhas e teremos que testar.
— Não acredito que não tenha nada certo — reclamei.
— Calma, já temos um álibi para o caso das coisas saírem do controle.
— Vá falando as senhas, antes que eu perca meu controle.
Estava um pouco furiosa com aquele deslize de Dean, não acertar a senha colocaria em risco todo o meu trabalho e o meu pescoço também. Para minha felicidade, na sétima tentativa o cofre abriu e para meu desespero, eu tinha menos de dez segundo para fechar antes que o alarme tocasse. Foram os dez segundo de maior adrenalina da minha vida, quando Siwon fechou o cofre e eu olhei para a túnica que estava em minha mão, meu suspiro de alívio veio em seguida.
— Então este é o objeto da vez? — perguntou Siwon.
— Sim — eu respirei fundo dando uma última conferida para ter certeza se era realmente aquilo.
— E agora?
— Preciso sair daqui com essa túnica — respondi objetivamente.
— Como?
— Não sei — eu me levantei — Dean me tirou a concentração e me esqueci do meu plano de fuga.
— Vem comigo — ele pegou em minha mão —, eu serei seu plano de fuga.
Antes de sairmos do quarto, coloquei a chave em cima da escrivaninha com um pequeno bilhete que tinha guardado no sutiã, era um recadinho do meu cliente para o dono da casa. Siwon me levou para o quarto da casa onde estava hospedado. Como amigo do noivo, ele realmente era convidado de honra da família.
— Ainda não acredito. — disse me sentando na cama — Conseguimos.
— Do jeito que ficou com o Dean ao telefone, achei que o mataria se ele estivesse aqui pessoalmente — ele riu enquanto guardava a túnica no fundo falso de sua mala.
— Ele se descuidou e contou com a sorte. — bufei de raiva. — Nunca mais o deixo fazer isso de novo.
— Está tudo resolvido agora. — Siwon jogou suas roupas na mala novamente e a fechou. — Passo no hotel amanhã para te buscar e entregamos a túnica.
— Obrigada por me ajudar hoje — me levantei da cama.
— Não precisa agradecer, essa adrenalina… — ele se espreguiçou — Estava com saudade disso, disso e de você.
— Não vamos começar com isso — me desviei indo em direção a porta.
— E para onde vai? — perguntou cruzando os braços.
— Tenho que voltar para o meu hotel, esqueceu que tem uma pessoa me vigiando?
— Espera — ele foi até a cadeira e abriu sua bolsa lateral masculina retirando uma câmera semi profissional de dentro — Tire algumas fotos antes de voltar, álibi perfeito um editorial de casamento marroquino.
— Hum — eu caminhei até ele e pegando a câmera — Estava com saudades desse seu lado, sempre pensando nos detalhes.
— Detalhes são tudo — sussurrou ele no meu ouvindo fazendo meu corpo arrepiar.
Agora estava explicado por que a voz de havia me atraído tanto, ambos tinham uma entonação que me deixava sem reação. Sorri de leve e saí do quarto com a câmera na mão, passei pela sala disfarçadamente até chegar novamente na cozinha. A moça que me ajudou mais cedo estava lá, tinha guardado minhas roupas, me troquei rapidamente, peguei minha bolsa e voltei de táxi para o hotel.
Não era surpresa o agente estar no saguão me esperando, eu passei por ele tranquilamente como se não soubesse de nada, entramos no elevador juntos, curiosamente ele apertou o botão do meu andar. Segurei o riso o máximo que pude, ainda estava com a câmera nas mãos, aproveitei minha deixa para jogar meu álibi na cara dele sem utilizar nenhuma palavra, comecei checar as fotos que tinha tirado da festa.
Assim que fechei a porta do meu quarto desabei em risos, inacreditável como eu tinha feito ele de palhaço. Esperei até amanhecer e Siwon chegar, ele veio diretamente em meu quarto, não perdi a oportunidade de contar sobre o agente, minutos depois da entrada dele, bateram na porta, era uma camareira e meu contato, do lado de dentro da manga da blusa do seu uniforme tinha escrito
Little Thief.
— Serviço concluído — disse ao fechar a porta após a camareira sair.
— Sim — concordou ele rindo, com curiosidade ele pegou a minha câmera e começou a olhar as fotos que tinha tirado no dia anterior — Interessante.
— O quê? — eu o olhei.
— Desde quando é amiguinha do agente? — disse ele virando a câmera para mim e mostrando a foto que tinha tirado de Cedric.
— Desde ontem — respondi naturalmente o olhando.
— E diz assim?
— Ah, não — eu comecei a rir —, você não.
— Eu o quê?
— Quando é que os homens da minha vida vão parar de se sentir no direito de ter ciúmes de mim? — perguntei em um desabafo pessoal.
— Não é ciúmes. — ele desviou o olhar. — É cuidado.
— Você andou muito tempo com Dean — me virei desviando minha atenção para o relógio que estava na parede.
— Me desculpa. — ele segurou em minha mão me virando para ele. — Se quiser, posso manter segredo do seu maridinho.
— Senti a ironia na palavra, maridinho. — comentei rindo. — Está triste por seu irmão ter chegado a este nível.
— Chegar não é o mesmo que permanecer — retrucou ele.
— Hum, então posso presumir que ambos lutarão pelo meu coração? — agora tinha uma ponta de deboche em minha voz.
— Quem sabe.
— Um belo álibi para finalizar a falsa relação. — sibilei pensando. — Estou tentando imaginar como sua mãe reagiria ao saber que um filho pegou sua noiva na cama do outro filho.
— Seria embaraçoso. — comentou ele rindo. — Mas enquanto não resolvemos nossa vida.
— O que tem? — olhei para ele.
— O álibi da dançarina desaparecida da festa temporariamente está seguro.
— O que aconteceu? — estava curiosa.
— Como você disse, assim que o pai do meu amigo percebeu o que tinha acontecido, colocaram a culpa em você, por ter sumido das câmera e dos olhos de todos, porém….
— Porém?
— Nosso segurança tendo nos visto no corredor saiu em sua defesa sem que eu precisasse tomar partido, então só precisei confirmar e dizer que estávamos junto no quarto.
— O resto eles presumiram.
— Ah, sim, sem nenhum problema.
— E no final do dia, saí como a mulher infiel — eu brinquei automaticamente começando a rir e fazendo ele rir também.
Sendo falsa ou não, minha relação com sem dúvidas sempre entraria em todos os assuntos possíveis e agora, com Siwon, este assunto divertido renderia muito mais.
“Não ligo se é veneno, tomo tranquilamente
Nenhuma tentação pode ser mais doce ou forte que você.”
– Last Romeo / Infinite
Capítulo 14
:
Eu ainda estava com aquela história do passado de e Siwon em minha mente, quanto mais tentava não pensar em ambos, mais eu pensava. Tinha que me concentrar para uma reunião importante na matriz da empresa, já que tomaria a frente dos negócios da família. Meu pai, com toda sua euforia, me acomodou na sala que era dele. Como as coisas poderiam mudar tanto em um curto espaço de tempo? Eu, que não queria nada relacionado à empresa da família, agora estava atrás de uma mesa dirigindo o nosso império no ramo da transportação.
— Nem preciso repetir que estou impressionado por estar à frente de tudo — disse James rindo enquanto sentava na cadeira em frente à minha mesa.
— Até eu estou impressionado comigo mesmo. — suspirei fraco. — Mas não deixaria nas mãos de terceiros tudo que meu avó conquistou em anos e meu pai lutou para manter.
— Olha, suas palavras são dignas de orgulho meu amigo. — ele sorriu de canto e olhou para janela. — E essa história de noiva é mesmo séria?
— Por que a pergunta? — eu o olhei como se fosse mesmo verdade.
— Ah, não se faça de desentendido, você sempre foi uma negação quando o assunto era mulheres, tudo isso por causa da Taylor.
— Precisa mesmo tocar nesse passado que está morto e enterrado? — desviei meu olhar para a janela.
— Só estou curioso para saber como superou o passado, e se sua noiva é bonita.
— Ha… ha… ha… — eu suspirei fraco. — Não se preocupe, se você for na exposição do François em Paris, irá conhecer ela.
— Uah, eu estava desanimado para rever aquele convencido, mas agora até me interessei em ir. — ele riu um pouco. — Porém, tenho compromissos familiares.
— Ok, agora vamos falar do futuro. — eu me espreguicei um pouco da cadeira. — Como estão as negociações para a compra do novo espaço no porto de Los Angeles?
— Na fase das negociações de preço, a empresa que detém o espaço está em processo de falência e o espaço está em poder do banco, mas John me disse que está tratando desse assunto pessoalmente.
— E vai demorar quanto tempo para resolver tudo? — perguntei.
— Segundo ele, mais algumas pressões e conseguiremos por um preço satisfatório a nossa empresa.
— Isso é bom, quanto menos forem os gastos, maior será nossa possibilidade de investimento.
— Assim será. — ele se levantou da cadeira. — Seu modo de agir nos negócios é semelhante do seu pai, estou impressionado.
— Devo levar isso como um ponto positivo para a empresa? — perguntei me levantando da cadeira.
— Claro. — ele se levantou também rindo. — Afinal, a forma como seu pai sempre trabalhou ajudou a fazer essa empresa crescer em pouco tempo.
— Minha meta é somente manter o que meu pai fez. — eu caminhei até a porta e abri rindo. — Vamos almoçar?
— Você paga? — ele riu um pouco mais.
— Yah, deixe ser mesquinho, seu salário dá para pagar o almoço de todos desse andar e ainda sobra para a sobremesa.
— Tenho uma esposa com um filho a caminho, sabe o quanto isso é dispendioso — explicou ele saindo da sala na minha frente.
— Todos do nosso grupo de amigos dissemos para não se casar tão cedo — eu o segui rindo.
— Olha só quem fala, o próximo na fila do altar.
— Pelo menos minha noiva tem uma profissão — pensei por alguns instantes sobre ser fotógrafa, mas depois me lembrei que aquilo não era real.
— Está viajando nos pensamentos aí, ou só preocupado com os custos do casamento após o altar? — ele riu apertando o botão do elevador.
— Não, só me perdi um pouco em meus pensamentos — eu estava mesmo tão perdido naquela mentira que por uma fração de segundo me esqueci que era uma ladra e eu o seu álibi.
:
— Então, suas malas estão prontas? — perguntou Siwon ao se levantar da poltrona ao lado da janela do quarto.
— Nossa, seu tom foi tão preocupado que até parece que tenho bagagens extras para despachar. — eu ri de leve. — Só trouxe uma mala, minhas outras coisas estão em Londres.
— Você realmente se fixou na casa da minha família — ele me olhou serenamente se encostando na parede.
— Digamos que aquela casa está me servindo muito bem aos meus propósitos profissionais, além do mais, foi ideia da sua mãe eu passar algum tempo com vocês.
— Minha mãe está animada com seu relacionamento com . — seu olhar ficou sério. — Isso me preocupa, já que é uma mentira e minha família já foi abalada várias vezes por causa de mentiras.
— E se por acaso se tornar realidade? — eu o olhei atentamente, observava cada expressão facial e corporal.
— Ficaria triste e ao mesmo tempo feliz. — ele desviou seu olhar para janela. — Devo levar suas palavras de suposição a sério?
— Está preocupado se ainda tem chances comigo? — eu caminhei até ele e toquei de leve em sua face o fazendo olhar para mim. — Se realmente tivesse a possibilidade de ficar com você, acha que seus pais lidaria bem com isso?
— Eu roubar a noiva do meu irmão? — ele arqueou a sobrancelha direita com um olhar pensativo como se tivesse considerando aquela possibilidade. — Não seria a primeira vez que isso aconteceria.
— Hum — agora eu estava intrigada, pensava que era a primeira a causar essa louca disputa entre ambos, mas parecia que essa história já está repetida na vida deles.
— Mesmo não perguntando, consigo ver seu olhar de curiosidade.
— E eu devo saber sobre o passado dos meus pretendentes? — brinquei de leve com a situação que aos olhos de uma pessoa comum era embaraçosa.
— O nome dela era Taylor. — disse ele tranquilamente. — Ela foi uma ambiciosa mulher que conseguiu namorar nós dois ao mesmo tempo.
— Bem — eu me aproximei um pouco mais dele e sussurrando em meu ouvido direito —, pelo menos comigo, nenhum dos dois está sendo enganado.
— Sim — assentiu ele.
Siwon se moveu poucos milímetros de forma estratégica e sem que eu pudesse reagir, ele me beijou como sempre fazia, um gosto doce e enigmático que arrepiava meu corpo. Aquilo em tese não era bom para meu momento de foco profissional, mas aquela parte de distração estava se tornando minha válvula de escape para experimentar como era uma vida
“normal”. A parte de ambos estarem apaixonados por mim não era bem normal, mas o que seria dos romances sem um triângulo amoroso clichê.
— Acho melhor irmos, se não perdemos o voo. — eu me afastei um pouco dele. — E acho melhor você se afastar um pouco, sou uma mulher comprometida.
— Suas palavras soaram com um pingo de ironia.
— Essa sou eu. — sorri de canto para ele e peguei minha bolsa — Tenho certeza que como um cavalheiro, meu cunhado carregará minha mala, enquanto eu tiro algumas fotos para meu projeto pessoal.
— Projeto pessoal? — ele me olhou curioso.
— A exposição do amigo da sua mãe me deu uma ideia.
— Não me diga que… — ele riu de leve como se já tivesse captado minha ideia.
— Sim, vou fazer algumas fotos conceituais e montar um acervo para uma exposição em uma galeria de Manhattan.
— Depois eu é que sou obcecado por detalhes — ele riu pegando minha mala.
— Aprendi com o melhor — retruquei rindo junto.
Acomodei-me na poltrona, com nossas malas guardadas e esperando o avião decolar com Siwon ao meu lado. Foi estranho não ver a cara do agente quando saí do hotel e por todo o caminho nenhum sinal dele, estava preocupada com isso, não sabia se era melhor ele longe ou por perto, pelo menos, quanto mais perto, mais saberia seus passos contra mim.
— Seu olhar é de preocupação — comentou Siwon com sua atenção fixa em mim.
— Odeio ficar perto de pessoas que me conhecem, não posso nem mudar minha expressão facial, que percebem — respirei fundo direcionando meu olhar para ele. — Meu novo amigo está desaparecido de minhas vistas e isso me preocupa um pouco.
— Tente não deixar isso te afetar, Dean já disse que está tudo sob controle.
— Acha mesmo que vou confiar, depois do que ele me fez naquela festa? — eu ri baixo e olhei para a janela do avião. — Mesmo confiando, nunca devo dar cem por cento da minha confiança, ele mesmo me dizia isso.
— Por isso persiste em ser tão inacessível? — perguntou ele.
— Se eu fosse mesmo assim, você jamais saberia de tudo que sabe, nem .
— Você ainda possui muitos segredos encobertos.
— E estão melhores assim. — eu suspirei fraco. — Afinal, segredos foram feitos para serem guardados.
— Existem alguns que se pode compartilhar com outras pessoas.
Permaneci em silêncio, não queria render aquele assunto e nem dar espaço para perguntas que não teriam respostas, tombei de leve minha cabeça deitando no ombro dele e fechei meus olhos. De alguma forma, estava feliz pela curiosidade profunda de Siwon e , mesmo que eu não quisesse, ambos já eram parte da minha vida, mesmo que fosse por interesse profissional e talvez amoroso.
— Chamamos um táxi ou ligamos para seu marido? — perguntou Siwon num tom de brincadeira ao desembarcarmos.
— Qual seria a melhor opção? — perguntei mantendo minha atenção em um segurança que me olhava demais.
— Ainda com a preocupação de estar sendo vigiada? — perguntou ele desviando sua atenção para o segurança também.
— Sei que tenho que ser menos paranoica, mas não terei meus álibis para sempre.
— É uma previsão do futuro próximo ou distante?
— Uma hora terei que sair da vida de vocês definitivamente — eu o olhei séria e inexpressiva.
— Ou você pode escolher se fixar na vida de um de nós.
— Não vai mesmo desistir e abrir caminho para seu irmão?
— Não acredito em coincidências, se está aqui, é porque de alguma forma a vida quer me dar uma segunda chance — respondeu ele com certa convicção.
— Muito bem — eu toquei de leve do bolso da calça dele e deslizando minha mão de leve peguei seu celular — Eu ligo para meu noivo.
— Não era marido?
— Não foi você que disse que o que acontece em Vegas, fica em Vegas?
Eu sorri maliciosamente e digitei os números, ficou surpreso em ouvir minha voz no celular do seu irmão. Em minhas condições profissionais eu sempre mudava de número e na maioria das vezes jogava o celular contra parede ou na água. Em menos de trinta minutos estacionou eu carro em frente à entrada do aeroporto, Siwon o ajudou a colocar nossas malas no carro. Seguimos pela rua principal até o trânsito ficar um pouco engarrafado, o clima de silêncio estava tomando conta do carro até que meu aparelho de celular que estava na bolsa tocou, de certo era Dean que havia arrumado outro número para mim.
—
LT falando — disse ao atender.
—
Como o som da sua voz soa como música aos meus ouvidos — disse ele como se tivesse recitando aquelas palavras.
— Isso não vai passar a raiva que estou de você — retruquei num tom sério e áspero, Siwon riu do banco da frente.
—
Devo desculpas, sei disso, mas tenho uma notícia importante e agradável aos seus ouvidos.
— Uma notícia agradável aos meus ouvidos seria minhas férias.
—
Estamos a quatro roubos para o descanso merecido. — ele riu. —
Mas minha notícia, é que meu informante da Interpol me disse que nosso amigo foi transferido de caso.
— Por quê? E como?
—
Hum, estava ficando interessada nele, Little Thief?
— Não, mas se ele foi mudado, é óbvio que outro pode entrar no lugar.
—
Não, não vai. — ele tossiu um pouco. —
Porque um cliente em que você fará o trabalho para ele daqui algumas semanas é um tanto influente neste meio e fez algumas ligações.
— E isso nos custou algo a mais?
—
Não, só a conclusão do trabalho, mas como sabemos que você é a melhor, não irá custar nada.
— E que trabalho seria?
—
Não posso dizer agora, uma coisa de cada vez. — Tudo bem, quando a hora chegar, saberei, agora tenho que desligar.
Encerrei a ligação e olhei para frente, ambos estavam atentos à minha conversa com Dean, seus olhos cheios de curiosidade eram nítidos, eu sorri para eles de forma debochada e olhei para rua. Não demorou muito até que estacionou em frente à casa deles, saí tranquilamente e, pela primeira vez, olhei ao meu redor para as casas que tinham na vizinhança. Toda vez que voltava para aquela casa, me dava uma sensação de complemento, talvez porque nunca tive de fato uma família, e Dean era o único que considerava um pouco mais próximo de mim.
— Mãe, pai, Sam, chegamos! — gritou Siwon entrando com sua mala.
— Acho que ainda não chegaram. — estava com minha mala em sua mão direita. — Vou colocar sua mala no quarto.
— Como quiser, amor — minha voz estava um pouco mais irônica que o normal, deu um sorriso de canto como se não importasse, mas gostasse das minhas palavras.
Senti uma respiração funda vindo de Siwon que estava trás de mim, ele deixou sua mala no pé da escada e se dirigiu em direção à cozinha, era de se esperar que ele não gostasse daquela brincadeira. Eu respirei fundo e subi as escadas até o quarto onde ficava com , quando entrei, olhei para o lado e minha mala estava ao lado da porta do banheiro.
— Tomei a liberdade de guardar suas coisas no closet, acho que quando for voltar para Manhattan, terá que comprar mais duas malas — disse ele parado perto da janela olhando a rua.
— Agradeço por ceder um pouco de espaço para uma intrusa — brinquei de leve mantendo minha atenção nele.
— A melhor intrusa que entrou em minha vida.
— Você quer mesmo que eu fiquei indefesa com esse olhar profundo? — eu ri de leve; ele manteve sua face séria, mas com uma serenidade espontânea. — E essa voz chamativa?
— Talvez — ele sorriu de canto sem menor remoço se eu iria ou não me deixar levar por isso.
Fiquei me perguntando qual seria os pontos positivos e negativos em escolher no final da disputa, era a primeira vez que pensava na possibilidade de entrar mesmo para aquela família. Mesmo que sua voz fosse atraente como a de Siwon, tinha algo a mais em seu olhar, algo que de alguma forma mexia comigo intensamente. Eu virei em direção ao banheiro, mas fui interrompida ao ser puxada levemente pelo braço por , nossos rostos ficaram próximos por um tempo com a respiração sincronizada, até que finalmente ele me beijou.
“Vou lutar e procurar você todo o tempo
Eu nunca acreditei nas coisas que são para sempre
Mas se eu houver você, eu realmente quero acreditar.”
– Black Pearl / EXO
Capítulo 15
:
Era noite e estava no quarto, deitada na cama, mexendo em alguns arquivos no meu tablet, quando meu celular tocou, era Dean e com certeza meu próximo alvo.
— Diga — disse meio desanimada olhando para o tablet.
—
Sua voz demonstra desânimo — observou ele.
— Só agora, depois de um banho quente, meu corpo sentiu o cansaço.
—
Pense que está mais perto dos tempos de calmaria — aconselhou ele.
— Não é só fisicamente, mentalmente estou cansada também. — respirei fundo. — Mas consigo aguentar firme.
—
Então, tenho uma notícia que vai te deixar mais aliviada e animada.
— Surpreenda-me.
—
Seu próximo alvo está na mesma galeria em que irá visitar uma certa exposição.
— Você realmente não dá um ponto sem nó — observei rindo de leve.
—
Pode parecer proposital, mas coincidências acontecem.
— Assuma, é proposital — retruquei.
—
Ok, desta vez foi mesmo, este cliente está na fila de espera há um tempo querendo este objeto e agora que surgiu a oportunidade, não podemos perder.
— Se você diz, espero que nestes últimos objetos esteja cobrando trinta por cento a mais.
—
Não se preocupe, sua conta estará recheada no final de tudo isso.
— Então, o que terá minha atenção na galeria? — assim que acabei de perguntar, entrou no quarto e se dirigiu em direção ao banheiro, me mantive concentrada em Dean.
—
Um quadro de Debret, mas você deve agir de forma sutil e discreta.
— Ou seja, irei fazer uma substituição.
—
Sim — confirmou ele.
— E como eu vou tirar um quadro de uma galeria sem chamar atenção em meio a uma exposição? — perguntei.
—
Sei que fará seu melhor. — ele riu de leve. —
Vou desligar agora.
Aquilo era normal e rotineiro, Dean sempre me dava os trabalhos mais difíceis e eu tinha que me virar para conseguir executar com perfeição, desta vez teria que estudar muito bem meu plano para que nada saísse do percurso em que eu traçaria. Tantas preocupações e minha mente insistia em não querer funcionar, meu cansaço era tão visível que até a mãe de notou, ela passou aqueles dias me perguntando frequentemente se eu estava mesmo bem para ir a exposição, caso eu não estivesse disposta, ela entenderia. Mas o fato de eu ir não era mais um capricho do meu lado normal da vida, e sim mais um álibi para minha verdadeira vida.
— Não precisa ir, se não quiser. — disse ao sair do banheiro enrolado na toalha. — Minha mãe vai entender.
— Hum. — eu fiquei olhando por um tempo para aquelas pequenas gotas que escorriam pelo seu abdômen, comecei a cogitar a ideia de ser proposital da parte dele, eu ri de leve. — Não é somente por sua mãe.
— Ah. — ele riu de leve. — A ligação do Dean, seu próximo objeto está em Paris.
— Sim — assenti sem menor preocupação.
— Posso me arriscar a cogitar a ideia de que estará na galeria da exposição?
— Aprende rápido. — eu sorri tranquilamente e me levantei da cama. — Minha vez de tomar banho.
Entrei rindo para o banheiro, desta vez eu me rendi aos encantos da banheira que tinha no banheiro dele e enchi de espumas me jogando dentro, finalizei com uma ducha bem quente em minha costas e quando voltei para o quarto, ele já não estava mais lá. Eu tinha a opção de descer e desfrutar de um jantar em família com olhares enigmáticos entre eu, Siwon e , mas definitivamente minha mente estava pedindo por um daqueles momentos de silêncio e paz, que só a minha cama me proporcionava. Foi uma longa, revigorante e tranquila noite de sono, parecia que não existia mais mundo fora daquele quarto, quando abri meus olhos pela manhã, me deparei com uma bandeja de café ao meu lado onde era o lugar de . Fiquei impressionada a primeiro momento, tanto que poderia afirmar que as pupilas dos meus olhos dilataram ao sentir o saboroso aroma daquele cappuccino de chocolate.
— Bom dia — disse aquela voz grossa vindo da janela.
— Bom dia — eu sorri de leve erguendo um pouco meu corpo ficando sentada.
— Não quis te acordar e como imaginei que acordaria com fome, então te trouxe isso — ele estava sentado na janela me olhando com suavidade, seu jeito natural de agir comigo contribui para dar mais realidade a nossa relação falsa.
— Um marido como você, é até pecado não ser real — sibilei um pouco, aquelas palavras arrancaram um sorriso disfarçado no canto dos lábios dele.
— Vou levar como um elogio, já que sei que não quer se envolver — ele manteve seu olhar fixo em mim.
— E se eu mudar de ideia? — perguntei curiosa pela reação dele.
— Seria surpreendente — ele desviou seu olhar para a rua por um momento e voltou a me olhar.
— Ouvi um nome um tanto sugestivo de Siwon — comentei desviando minha atenção para a bandeja começando a escolher o que comeria primeiro.
— E qual seria?
— Taylor — minha voz estava suave e tranquila, como se aquele nome fosse um qualquer.
— Se ouviu, então sabe de quem pertence. — ele se levantou da janela. — Está preocupada quanto a isso?
— Fiquei decepcionada em saber que não sou a primeira nesta brincadeira — respondi desviando meu foco de atenção.
— Sei. — ele sorriu de canto. — Não se preocupe, com você está mais divertido.
Disfarcei um sorriso e voltei para minha bandeja que estava saborosa, me deixou sozinha no quarto, eu já me sentia tão à vontade que para mim era normal. Tirei aqueles dias para me concentrar em como e quando eu trocaria os quadros e pegaria o verdadeiro, planos loucos e surreais eram comigo mesma e inacreditavelmente sempre davam certo. Enfim, no dia anterior ao início da exposição, desembarcamos no aeroporto internacional de Paris, ficamos acomodados no Le Bristol Paris, a vista do quarto em que fiquei com era linda e inspiradora para um casal apaixonado, segundo a sua mãe.
Mesmo em meu esquema de concentração para o dia seguinte, aceitei o convite da minha querida sogra para dar uma volta pelo centro comercial e visitar a loja de sapatos de uma amiga. Eu realmente não conseguia resistir à tentação ao ver aqueles sapatos me olhando e quase gritando meu nome, acabei comprando dois da marca Prada de modelos diferentes. Mary ficou extremamente feliz por tê-la acompanhado e por ver que eu estava mais disposta do que nos dias passados, paramos em uma cafeteria para comermos algo e depois voltamos para casa.
— Vejo que o passeio rendeu bem — comentou Siwon ao me encontrar no corredor na porta do meu quarto.
— Sim, sua mãe conhece bem as ruas de Paris — eu sorri de leve.
— Estou vendo pelas sacolas. — ele riu de leve. — Ainda tem seus encantos por sapatos?
— Pode se dizer que sim — eu abri e porta e entrei no quarto sendo seguida por ele.
— Soube de um certo sapato cravejado de cristais que ganhou do meu irmão — Siwon parou ao lado da porta encostando-se à parede.
— Segundo ele, foi presente de casamento — eu ri de leve colocando as sacolas em cima da escrivaninha ao lado da janela.
— Então este casamento é mesmo sério?
— Já te disse que tudo que me envolva pode ou não ser sério — eu me virei para ele tranquilamente.
— Sim, você é uma caixa de mistério. — ele riu de leve dando alguns passos em minha direção. — Gostaria de poder ver o que se passa em sua mente por pelo menos dez minutos.
— Só isso? — eu o olhei surpresa.
— Tenho certeza que dez minutos é o suficiente para descobrir o que eu quero.
— E o que você quer? — perguntei curiosa.
— Saber por quem seu coração bate — respondeu ele tranquilamente se aproximando ainda mais de mim.
— Se descobrir, por favor, compartilhe com os irmãos — disse aparecendo da porta.
— Me desculpe, rapazes, mas este é um segredo que não será tão fácil descobrir — eu ri de leve caminhando em pouco em direção a porta, parando ao lado de Siwon.
— Fala assim porque não sabe ou está dividida? — Siwon virou sua face e me olhou sério.
— Não vou negar que é divertido, mas sempre irei pensar em vocês dois como meus álibis a primeiro momento.
— O trabalho vem em primeiro então? — perguntou .
— Ao contrário de uma outra pessoa, quero que este nosso joguinho seja limpo.
— Hum. — Siwon riu. — Ainda está com a Taylor na sua cabeça?
— Tem certeza que não está com ciúmes? — completou com um olhar enigmático.
— Tenho um roubo para me preocupar, acha mesmo que vou ter tempo para ciúmes?
— E se eu disser que ela vai estar na exposição? — retrucou com aquele sorriso de canto malicioso.
— Hum. — Siwon se virou para porta lançando seu olhar para o irmão. — Interessante, como soube disso?
— Ouvi alguns comentários sobre a lista de convidados — respondeu ele tranquilamente.
— Ah… — eu ri de leve dando mais alguns passos em direção à porta. — Não gosto desse tipo de quarteto amoro. — parei ao lado de e respirando fundo dei mais alguns passos para fora do quarto. — Posso até achar interessante, se a quarta pessoa fosse um homem e tivesse interessado por mim.
— Suas palavras… — riu um pouco. — Está parecendo mesmo que está com ciúmes de nós.
Ambos ficaram da porta rindo enquanto eu esperava o elevador, segurei o riso, permanecendo séria. Seria mesmo ciúmes que eu estava sentindo deles? Era engraçado aquele sentimento, mas não deixaria que isso colocasse em risco minha concentração para a próxima noite. As horas passaram rápido e pontualmente às sete da noite de uma calorosa sexta feira, deu-se o início da exposição fotográfica do amigo de Mary, aproveitei o momento para usar um dos sapatos que comprei, combinado ao vestido que Siwon havia me dado de presente.
O lugar estava todo iluminado, tinha dois andares e uma fachada de vidro bastante luxuosa, era uma das mais visitadas galerias de arte, eu não tinha estado naquela galeria, porém, Dean havia me enviado as plantas baixas para que eu pudesse analisar com cuidado cada passo dentro do lugar. Assim que entrei ao lado de , o fotógrafo veio em nossa direção para nos cumprimentar.
— Oh, que bom que vieram! — disse ele com um sotaque francês um pouco engraçado. — Estou feliz por estarem aqui.
— Sim, eu disse que não deixaria de vir. — Mary sorriu de leve, ela estava de braços dados com seu marido — Quero te apresentar minha nora, ela também em fotógrafa.
— Oh, estava curioso para conhece-la, você me falou tanto sobre ela — disse o fotógrafo ao sorrir para mim.
— Me parece que já está famosa neste meio — Sussurrou Siwon ao parar ao meu lado.
— Mais um álibi para mim — disse em um sorriso disfarçado.
— , este é François, um dos melhores fotógrafos da França — disse Mary em um sorriso de satisfação.
— É um prazer conhecer o senhor.
— Digo o mesmo, está entrando para uma bela família — comentou ele.
— Ou não — sussurrou em risos.
— Estraga prazeres. — sussurrei de volta. — E se eu quiser?
Siwon riu de leve, pois tinha ouvido tudo aquilo, eu me afastei um pouco deles, sendo levada pela senhora Mary e François para o segundo andar. Foi uma boa conversa técnica e artística sobre ângulos, enquadramento de câmera e sentimentos a serem passados através do olhar do fotógrafo. Depois disso eu nem precisava fazer um curso de aperfeiçoamento, estava entendendo por que ele era realmente um dos melhores.
:
Eu havia me perdido dela por um momento, tinha certeza que aquela noite ficaria ao lado de minha mãe em todo o tempo, ou quase todo o tempo, já que ela teria um trabalho naquele lugar. Estava curioso para saber o que era e como ela iria roubar sem ser notada, Siwon acabou encontrando alguns amigos em um dos corredores. Me distanciei dele e fiquei olhando as fotografias que estavam expostas no térreo da galeria, até que parei em frente a foto de uma família na praia ao pôr do sol.
— Pensando em quando terá a sua? — disse uma voz feminina e sinuosa vindo de trás de mim.
— Ainda tentando saber meus pensamentos? — disse mantendo minha atenção na fotografia. — Soube que seu nome estava na lista, mas não achei que tivesse coragem de aparecer.
— Digamos que eu estava com saudades dos meus velhos amigos — disse ela dando mais alguns passos até parar ao meu lado.
Eu ri de leve, aquelas palavras pareciam irônicas com um toque de sarcasmo que me faziam lembrar . Virei minha face para o lado e a olhei com naturalidade; fisicamente, Taylor ainda era a mesma mulher linda e atraente que brincou com o sentimento de dois irmãos. Porém, ela não era mais a mulher que me atraía, ficamos nos olhando por um tempo e quando eu ia tomar a frente e iniciar a conversa, a luz apagou de repente, deixando todo o lugar em completa escuridão.
Eu deveria achar estranho, porém, naquele mesmo ambiente tinha uma mulher incomum que certamente estava iniciando mais uma de suas peripécias.
“Pode até parecer que eu não tenho nenhuma preocupação,
Mas na verdade eu tenho muito a dizer
A primeira vez que te vi, me senti tão atraído por você
Andando sem rumo, Não pude dizer uma palavra.”
– My Answer / EXO
Capítulo 16
Com toda a energia desligada, eu tinha exatos cinco minutos para executar meu plano até que o gerador reserva ativasse automaticamente; cinco minutos que poderiam passar como segundos. Retirei meus óculos noturnos da bolsa de mão e os coloquei, caminhei diretamente onde meu objeto de desejo estava, olhei à minha volta e tinha algumas pessoas por perto se apoiando nas paredes. Não me preocupei mundo e me voltei para meu trabalho, meu plano consistia em trocar os quadros, o verdadeiro ficaria comigo e o falso ficaria no lugar para não levantar suspeitas.
Era um trabalho minucioso, pois poderia ter algum alarme com energia extra atrás do quadro que poderia me denunciar, mas para minha sorte não tinha nenhum. Com certa dificuldade, retirei o quadro da parede e com cautela fiz a troca ali mesmo, era, sim, algo de risco, já que apesar de todo o lugar estar escuro, tinha muitas pessoas espalhadas pelos corredores. Mas meu foco estava ao máximo, e com agilidade e destreza realizei aquela troca, e coloquei o quadro falso no lugar, enrolei o verdadeiro com cuidado e coloquei no tubo de folhas que estava comigo.
Exatamente quando o cronômetro do meu celular apitou dentro da bolsa de mão, encerrando os cinco minutos, as luzes voltaram, eu abaixei a face e retirei o óculos rapidamente, o guardando novamente, disfarçando estar com minha visão incômoda pela luz repentina. Quando levantei minha face novamente, Siwon estava ao meu lado me olhando com seriedade, ele desviou seu olhar para o quadro que estava na parede e depois para o tubo que estava em minha mão. Dando um sorriso de canto disfarçado, ele voltou seu olhar para mim e ficou em silêncio como se esperasse alguma explicação de mim.
— Ah, , graças a Deus você está aqui. — disse Mary ao se aproximar de nós. — Fiquei preocupara com você!
— Ah, eu estou bem. — disse a ela dando um sorriso disfarçado.
— Oh, você não levou o tubo para o carro ainda? — perguntou ela surpresa em ver o objeto em minha mão.
— Bem, como as luzes se apagaram tão de repente, eu fiquei com receio de descer as escadas e acabar me machucando, então resolvi ficar aqui parada até tudo voltar ao normal. — era uma desculpa muito lógica e convincente de minha parte.
— Ah, que bom. — ela sorriu para mim e olhou para Siwon. — E você? Onde estava?
— Com uns amigos que encontrei, até vir procurar pelas duas. — ele olhou novamente para o tubo. — Mas o que tem aí dentro?
— O François resolveu dar uma fotografia de presente para , um meio de motivar ela a se especializar ainda mais. — explicou a minha mãe. — Para dizer a verdade, eu estava interessada em comprar como presente meu, mas você conhece o François…
— Sei, conheço sim. — Siwon elevou seu olhar e me olhou nos olhos, havia algo como
“que garota de sorte” em seu olhar, me fazendo sorrir disfarçadamente.
— Bem, agora que tudo voltou ao normal, tenho que colocar isso no carro.
— Vou com você — disse Siwon num tom autoritário.
— Agradeço a companhia — eu sabia que não tinha como recusar, já que a curiosidade estava saltando de seus olhos.
Nós descemos pela escadaria secundária e saímos pela segunda porta lateral, o carro dele estava estacionado bem próximo da entrada, assim que chegamos em frente ao carro, Siwon abriu o porta-malas em risos, eu me segurei para não rir junto e o olhei tentando ficar séria.
— Do que está rindo?
— Da sua cara quando me viu. — ele riu mais um pouco. — Foi como uma criança sendo pega pela mãe fazendo travessuras.
— Seu bobo. — eu ri de leve e coloquei com cuidado o tubo no porta-malas. — Tenho que disfarçar melhor minhas expressões faciais então.
— Para falar a verdade, é divertido quando consigo finalmente ver nos seus olhos o que está sentindo. — ele fechou o porta-malas e me olhou novamente. — Então, estou curioso, era aquele quadro seu objeto de desejo?
— Não mais — eu ri de leve o fazendo perceber que o roubo estava concluído.
— Garota surpreendente você, e quando foi que minha mãe entrou no seu plano? — perguntou ele intrigado.
— Bem, eu precisava de um lugar para transportar tudo e quando ela disse que queria me dar uma das fotografias especiais de presente, vi uma oportunidade.
— Sua sorte é admirável. — ele deu um sorriso simples, mas fofo. — E devo presumir que uma impecável falsificação está no lugar do original neste momento.
— Digamos que sim. — eu sorri de volta para ele — Pensei que a troca seria a parte difícil, mas encontrar uma cópia é que foi a pior parte.
— Só uma dúvida, caso eles descubram que é falso o quadro, como ficaria suas digitais, já que não usou luvas? — perguntou curioso.
— O papel que está a falsificação possui uma resina especial muito difícil de detectar, essa resina impede que as digitais fiquem marcadas no objeto — eu sorri de canto com satisfação por me preocupar com cada detalhe de meus serviços.
— Hum… Como sempre tudo termina perfeitamente como planeja. — ele estendeu seu braço me olhando tranquilamente — Vamos voltar para a exposição?
— Sim. — eu segurei de leve em seu braço — Acho que agora posso aproveitar como se deve.
Voltamos para a galeria entre risos e alguns comentários de Siwon sobre minha sorte excessiva em meus trabalhos, assim que entramos pela porta da lateral, meu sorriso se desfez automaticamente ao ver conversando com uma mulher alta, ruiva e com um corpo que parecia ser de uma modelo. Percebi que Siwon acompanhou meu olhar ao ver que minha face havia ficado séria, senti que ele havia engolido seco, talvez ele não estivesse assim preparado para ver aquela mulher. Será que era a tal Taylor?
— Então finalmente encontramos você. — disse Siwon ao nos aproximarmos deles. — E vejo que está acompanhado.
— Bem, fui deixado por minha família e acabei encontrando uma velha amiga pelos corredores — explicou lançando seu olhar para mim.
— Então, como tem passado, Taylor? — perguntou Siwon espontaneamente se mantendo sério e frio em relação a presença dela.
— Bem, minha vida só não tem andado tão agitada assim. — ela desviou seu olhar para mim. — Você deve ser a .
— Talvez. — eu me afastei de Siwon dando um sorriso presunçoso. — Vai depender do que ouviu a meu respeito.
— Ouvi que é uma amiga família — disse ela num tom provocativo.
Ambos os irmãos deram um sorriso disfarçado, talvez fosse uma provocação de intencionada a ver minha reação, tanto ele quanto Siwon queria que eu me decidisse entre eles e não deixar suas vidas, eu iria jogar aquele jogo em grande estilo e sem deixar meu lado misterioso ser afetado.
— Quem sabe eu seja bem mais que isso? — eu olhei para com um sorriso malicioso o fazendo sorrir de volta e voltando meu olhar para ela. — Vou ver onde minha querida sogra está.
De cabeça erguida e andar sinuoso, me afastei deles, por fora parecia normal, mas por dentro estava rindo. Encontrei a senhora Mary com o pai deles e Sam conversando com François logo na entrada principal, eles falavam sobre o sucesso que a exposição estava sendo.
— Ah, encontrei vocês — disse ao me aproximar deles de forma natural.
— Querida, que bom que chegou, François estava me dizendo de um curso de aperfeiçoamento para fotos noturna que vai começar em uma escola especializada em Milão.
— Nossa, parece interessante!
—
Oui. — concordou François. — É somente para profissionais recomendados, como sou muito amigo do dono da escola, posso te colocar na lista.
— Sério? — aquilo havia me deixado surpresa.
— Seríssimo, tenho certeza que você vai adorar.
— Já estou adorando só de ouvir. — eu sorri de leve.
— Sabia que você iria gostar! — Mary me olhou com os olhos brilhando.
— , você já se encontrou com a ex dos meus irmãos? — perguntou Sam curioso.
— Aish, menino. — Mary bateu de leve no braço dele. — Pare de fazer perguntas inoportunas.
— Ai, omma. — ele se encolhei de leve. — Doeu.
— Se está falando da Taylor, sim, eu a conheci há alguns minutos — respondi tranquilamente.
— Ah, querida. — Mary me abraçou de leve, era bom o carinho dela por mim, sentia como o carinho de uma mãe. — Não queria tivesse passado por isso.
— Não se preocupe, estou bem — disse a tranquilizando.
— Aquela garota, nunca gostei dela. — comentou o pai deles num tom frio. — Não é como você, ela não tem princípios.
— Concordo, querido. — Mary me olhou com carinho — Estou feliz que nosso filho tenha te conhecido.
Eu sorri agradecida pelo carinho deles, mas lá no fundo estava sentindo um pingo de remorso, tinham uma boa imagem de mim e mal sabiam eles quem eu era de verdade. Ficamos mais alguns minutos conversando com François até que Mary decidiu voltar para casa, ela iria no carro do marido com Sam. Eu resolvi esperar por meus álibis, pois ainda tinha um serviço para terminar, fiquei encostada em frente ao carro de Siwon esperando eles saírem da galeria. Assim que ambos saíram acompanhados da tal Taylor, mantive minha face despreocupada e meu olhar sínico de quem não se importa com eles.
— Estávamos te procurando — disse Siwon ao se aproximar acompanhando de .
— Agora encontraram — disse naturalmente ao olhar para Taylor entrando em seu carro que estava poucos metros à frente.
— Devemos pedir desculpas por ter nos esperado tanto — perguntou .
— O quê? — eu ri de leve vendo a concentração deles em analisar minha reação. — Não acredito, acha mesmo que estou aqui por causa de vocês dois?
— E não está? — retrucou Siwon.
— Óbvio que não. — continuei com meu olhar sereno. — Tenho um objeto de desejo no seu porta-malas, então deve imaginar que vocês dois seriam a última coisa que eu me preocuparia nesta noite.
— Então você realmente efetuou a troca durante o apagão — concluiu .
— Claro. — eu ri novamente. — Ah, vocês me conhecem a tempo o suficiente para saberem que esse tipo de situação que tentaram provocar hoje, jamais iria me fazer voltar minha atenção para o que não é necessário para minha vida.
— O que está tentando dizer? — perguntou de forma seca e amarga.
— Que em nenhum momento, por menor que fosse, eu senti ciúmes de vocês.
Minha voz soou de forma tão natural, leve e convincente que até eu por um breve momento acreditei que não estava mesmo com ciúmes dessa tal Taylor, porém, infelizmente, aquele sentimento estava bem aceso dentro de mim. Eles permaneceram em silêncio, certamente tinham acreditado em minha declaração. Passamos todo aquele tempo em silêncio até que Siwon estacionou em frente a uma cafeteria 24hrs. Meu destinatário estava sentado no banco ao lado da porta com um tubo de folha na mão do mesmo tamanho que o meu.
Em poucos minutos retirei a fotografia que tinha ganhado do meu tubo e entreguei ao homem pegando o que estava na mão dele. Era certo que eu não poderia sumir ou deixar que meu presente fosse degradado, eu havia gostado de ganhar aquela fotografia e como Mary havia previsto, aquela exposição tinha me deixado ainda mais encantada por aquela profissão que seria meu novo hobby.
Assim que voltamos para o hotel, se dirigiu para o elevador sem se importar comigo ou Siwon, nós ficamos parados no hall a olhando de longe. Eu não teria coragem de entrar naquele quarto junto com ela, e Siwon já imaginava isso, após entrar no elevador, meu irmão me arrastou para o bar do hotel.
— Não acredito — disse Siwon olhando para seu copo.
— O que está falando agora? — perguntei.
— Não acredito que ela não tenha sentido nada. — desabafou ele em um suspiro fraco e cansado. — Tenho certeza que ela ama um de nós dois, ou os dois na pior das hipóteses.
— Não acho que conseguiria viver isso novamente. — desabafei também. — Não quero dividir ela com você.
— É recíproco de minha parte. — ele me olhou. — O que deu na sua cabeça de dizer que ela era amiga da família?
— Queria ver a reação dela. — respondi pegando a garrafa de soju e tomando um gole. — Mas acho que neste jogo ela sabe jogar melhor.
— Ela sempre foi assim, boa demais para esconder o que sente. — ele suspirou novamente. — Tão boa que a gente até acredita.
— Posso te fazer uma pergunta?
— Faça.
— O que você sentiu ao ver a Taylor?
— Não sei, raiva talvez? — ele me olhou. — Por quê?
— Não sei, eu acho que senti alívio, se não tivesse acontecido isso, talvez eu não tenha conhecido a .
— Agora fiquei com mais raiva ainda.
— Por quê?
— Porque sem você na vida da , eu teria cem por cento de chance.
Nós começamos a rir do nada, dois bêbados, novamente apaixonados pela mesma mulher.
“Há curiosidade em seus olhos,
Você já está apaixonada por mim
Não tenha medo, o amor é o caminho
Meu amor, eu entendi
Você pode me chamar de monstro.”
– Monster / EXO
Capítulo 17
Já entrei no quarto me espreguiçando e tirando o sapato, precisava de uma noite de sono cheia de silêncio e descanso, afinal, ainda tinha mais três roubos antes das minhas merecidas férias. Coloquei o tubo na escrivaninha e comecei a ouvir um barulho estranho vindo da minha bolsa de mão, era o celular vibrando.
—
LT na linha — disse atendendo a ligação.
—
Pelo seu tom de voz, não me parece nada bem — já comentou ele, Dean me conhecia mesmo.
— Problemas pessoais. — expliquei sem detalhes. — Objeto entregue.
—
Sim, estou abrindo a mensagem de confirmação agora mesmo. — confirmou ele. — Mas ainda vou querer saber a causa de sua voz estranha.
— Minha voz não está estranha — retruquei.
—
Está com um tom de irritada — insistiu.
— Ok. — assenti alterando um pouco o tom da minha voz. — Estou mesmo irritada.
— E posso saber qual a parte do problema pessoal que te deixou irritada? ou Siwon?
— Ambos. — respirei fundo indo até a janela e olhando a rua. — Estou ficando louca.
—
Isso é só por não conseguir se decidir entre um deles? — Dean riu de leve, pude ouvir por um momento o som dele digitando no teclado do computador.
— Não é isso, se fosse, estaria mais tranquila, só que apareceu alguém do passado deles.
— Uma garota?
— Sim — eu sentei meio esquinada na janela e olhei para o céu.
—
Você sabe que a definição deste sentimento é ciúmes, não sabe? — dava para perceber que ele estava segurando um pouco o riso.
— Não importa a definição, não quero sentir isso. — suspirei forte — Estava indo muito bem sem eles, quero voltar ao que era antes.
— Pequena T, nunca será como antes, agora que já provou do amor dos dois.
— Não está me ajudando — recriminei ele de leve.
—
Só estou sendo sincero, e por falar em sincero, você já sabe por qual dos dois está com ciúmes, ou seria pelos dois? — e rindo. — Bigamia é crime, querida, e não é bem visto pela sociedade.
— Não teve graça nenhuma.
—
Teve sim. — ele riu um pouco mais — Não fique assim, estes sentimentos são naturais quando se sente algo por alguém.
— Só quero que tudo isso acabe, para que eu possa me afastar dessa família logo.
—
Está se apegando de mais a eles.
— Pior. — eu olhei para a porta e vi a maçaneta se mexer. — Já estou apegada.
A porta se abriu, era . Assim que ele estrou tentando se manter de pé. eu desliguei o telefone. Ele se apoiou na parede e ficou me olhando, em sua face dava para perceber que parecia arrependido de ter ficado bêbado, seu olhar era de cachorro sem dono, segurei o riso e me afastei da janela. Segui alguns passos em sua direção e quando passei por ele, me pegou de leve pela mão me fazendo parar.
— Não era minha intenção — sussurrou ele.
— Está falando do quê?
— Taylor — ele me olhou profundo nos olhos, acho que queria que eu visse o quanto estava sendo sincero comigo.
— Já disse que isso não me interessa — dei um passo para continuar, porém ele segurou um pouco mais forte em minha mão.
— Quero que ouça uma coisa.
— O quê?
— Isso. — ele me puxou para mais perto dele colando nossos corpos, com suavidade ele tocou em minha cabeça me fazendo encostar em seu tórax. — Está ouvindo?
— Seu coração? — eu suspirei fraco. — Sim.
— Que bom, porque ele só bate por você — sussurrou ele de forma doce.
Cedric
Eu não acreditava que tinham me afastado do caso da Cassie, e pior, com uma desculpa de férias, alguma coisa estava errada nessa decisão dos meus superiores e eu precisava descobrir o porquê. Tinha acabado de tomar uma ducha, assim que saí do banheiro com uma toalha enrolada em minha cintura, percebi uma movimentação suspeita em meu apartamento. Peguei uma das armas que escondia embaixo da escrivaninha ao lado da porta a caminhei lentamente pelo corredor até a sala.
— Oi, amor. — disse Louise ao fechar a geladeira com a garrafa de suco em suas mãos. — Não sabia que tinha voltado de viagem.
— Ah — eu suspirei aliviado por ter mantido a arma abaixada e colocando-a em cima da bancada a olhei sério —, poderia ter entrado anunciando.
— Desculpa — ela me olhou fazendo cara triste.
— Segundo meus superiores, eu preciso de um tempo para minha vida pessoal — expliquei indo em direção a ela.
— Hum. — ela sorriu de leve. — Traduzindo, mais tempo para mim?
— Me desculpe, mas não estou conseguindo imaginar isso — eu envolvi meus braços em sua cintura de leve e a beijei.
— Bem que poderia. — ela ficou me olhando por um tempo fazendo biquinho. — Ando muito enciumada, não é fácil para mim namorar um homem que tem fotos de outra garota espalhadas pelo seu apartamento.
— Sabe que é parte do meu trabalho — relembrei, fazendo-a se aninhar ainda mais em meus braços.
— Sim. — ela concordou. — Mas não quer dizer que seja fácil.
— Eu até estava chegando a um lugar, mas agora estou paralisado pelo sistema.
— Talvez você possa fazer isso de forma anônima — sugeriu ela.
— Anônima? — a olhei surpreso, não tinha pensado sobre isso.
— Já que está tão empenhado.
Eu me afastei dela e caminhei até minha mesa de trabalho, olhei superficialmente todas aquelas fotos de Cassie espalhadas na mesa com as várias pastas de informações abertas.
— Qual o nome dela? — perguntou Louise parando ao meu lado e pegando uma das fotos. — Até que não é feia.
— Aparentemente achei que fosse Cassie, mas agora tenho minhas dúvidas.
— Por quê? Ainda acha que é a garota do aeroporto?
— Talvez. — eu respirei fundo. — Seria muita coincidência não ser ela, mas as histórias de ambas não batem.
— Toda pessoa que vive em contravenção precisa de um álibi — Louise continuou a olhar a foto.
— Sinto que está muito ansiosa para que eu termine minhas investigações — eu a olhei demonstrando estar desconfiado.
— Claro que sim. — ela colocou a foto na mesa e me olhou. — Se você finalizar este caso, essa fotos desaparecerão daqui e talvez você vai ter olhos somente para mim, até que o próximo caso chegue.
— Ah, sua boba.
Eu sorri de leve para ela e a beijei novamente, de repente meu celular tocou e me afastando atendi. Era Peter, um amigo de confiança que trabalhava em um setor administrativo da Interpol, eu havia pedido para ele descobrir que pessoa tinha pedido para me afastar do caso da Cassie, sabia que não era mesmo uma ideia do meu chefe. A ordem havia vindo de alguém estritamente superior, alguém do governo americano que curiosamente queria que este nome Cassie fosse apagado dos registros, eu iria encontrar essa pessoa.
Peter concordou em descobrir quem era essa pessoa do governo, ele sempre dava um jeito de encontrar tudo que eu pedia para ele procurar, no fundo, seu desejo era ser um agente de campo como eu. Antes de desligar, eu precisava confirmar a localização de uma pessoa, que para minha surpresa estava tão perto de mim, troquei de roupa rapidamente, organizei alguns arquivos que iria precisar para dar continuidade as minhas investigações, verifiquei o pouco dinheiro que havia em minha carteira e peguei minhas chaves.
Estava mesmo disposto a não desistir de descobrir a verdade, antes de sair, abri de leve a porta do banheiro, Louise estava tomando uma ducha, a fiquei observando por um tempo, ainda não sabia se tinha feito o certo contando tudo sobre meu trabalho para ela. Fechei a porta do banheiro e ouvi o chuveiro sendo desligado, sorri de canto e caminhei até a sala.
— Acha mesmo que vai ir sem me dar um beijo de despedida? — perguntou ela enrolada na toalha.
— Claro que não — eu sorri de leve e caminhei até ela.
Louise, apresar de se mostrar delicada, era intensa quando queria provar que me amava, estávamos junto há dois anos e parecia bem mais que isso. Peguei um táxi até a estação e pouco mais de quatro horas de trem cheguei a Paris, as coordenadas eram exatas, porém, não iria me mostrar diretamente, afinal, a vida é feita de encontros casuais. E aquele seria muito mais que casual, desta vez aquela mulher não iria fugir de mim como em Marrocos, não com tanta facilidade.
— Oh, me desculpe — disse ao esbarrar nela propositalmente, estava parada na porta de uma loja de sapatos olhando a vitrine.
— Não foi… — ela parou por um momento parecia surpresa em me ver. — Nada.
— Você parece um pouco mais surpresa do que deveria — comentei enigmaticamente, se ela fosse realmente Cassie, esperaria mesmo não me ver.
— Bem, Paris é uma cidade grande, mas ironicamente parece que o mundo é pequeno — seu olhar ficou um pouco mais seguro e sereno, como se ela conseguisse se recompor sob qualquer situação com rapidez.
— Tenho que concordar, já que estamos sempre nos esbarrando agora — eu sorri de canto, queria muito que ela perdesse aquela sua compostura, mas era admirável seu controle diante de mim.
— Surpreendente — sua voz passava firmeza e ao mesmo tempo malícia, talvez fosse divertido para ela estar naquela situação com uma pessoa que quer muito acabar com sua vida de crimes.
Mesmo que não fosse realmente Cassie, havia algo nela, uma áurea de mistério que me puxava como ímã, eu precisava urgentemente saber quem ela era de fato. Se era mesmo a ladra profissional Cassie, ou somente uma mulher atraente e misteriosa que havia sido confundida com outra pessoa.
— Já que nos encontramos novamente, posso te convidar para almoçar? — perguntei meio presunçoso.
— Você sabe que sou uma mulher comprometida — respondeu ela vagamente como esperado.
— Um almoço entre amigos, . — eu intensifiquei meu olhar. — Só quero te conhecer um pouco melhor.
— Posso aceitar, com a condição de te conhecer melhor também — ela sorriu de canto, sabia que era recíproco a curiosidade de um sobre o outro.
— Com prazer.
Eu a levei ao
58 Tour Eiffel Restaurant, a vista da torre era linda e seria um lugar tranquilo para conversarmos. parecia mais atraída pela vista e paisagem, logo ela retirou sua câmera profissional da bolsa e começou a fotografar, eu fingi estar distraído, mas sempre a observava com atenção em suas poses de fotógrafa procurando pelo melhor ângulo, ela parecia mesmo uma profissional experiente.
— Aqui é realmente lindo. — disse ela ao se sentar na cadeira. — Dizem que Paris é a cidade do amor, e com esta vista seguido do seu convite, muitas mulheres ficariam desconfiadas e pensariam outra coisa.
— Tem minha palavra que minhas intenções são honestas — eu sorri de leve.
— Vou acreditar — ela sorriu de volta, estava um pouco mais espontâneo de inocente aquele sorriso, algo mais natural saindo dela.
— Posso tirar uma curiosidade?
— Talvez.
— Por que sapatos?
— Não entendi. — ela desviou seu olhar para a vista proporcionada pela torre.
— Por que compra tantos sapatos?
— Mais uma de suas investigações?
— Talvez. — eu continuei a olhando, analisando com cuidado suas expressões faciais e corporais. — Afinal, eu não disse que queria te conhecer?
— Esta é uma pergunta um pouco inesperada — ela parecia estar sem resposta, ou pelo menos parecia não saber o que responder. — Posso responder ela depois? — perguntou rindo de leve — Porque eu realmente não sei como formular esta resposta.
— Uau. — eu estava admirado — Mas posso ver que gosta muito de sapatos.
— Sim, que mulher não gosta de sapatos?
— Posso então pedir para ser convidado para seu casamento? — perguntei tranquilamente. — Já que está noiva.
— Hum, claro. — ela me olhou serenamente. — Me dê seu endereço que envio o convite. Quem sabe assim você se convence realmente que eu não sou ela.
— Ah, ainda acha que estou te perseguindo? — perguntei dando um ar de ofendido.
— Entenda como quiser — seu sorriso malicioso e chamativo havia aparecido novamente, logo seu olho se desviou de mim para alguém que estava atrás de mim.
Me virei e era um rosto conhecido, acho que o homem tinha alguma relação com o noivo dela.
— Boa tarde. — disse o homem ao se aproximar de nossa mesa. — Espero não estar atrapalhando.
— Claro que não. — respondi de imediato.
— Siwon este é Cedric, acho que deve se lembrar dele — disse ela ao olhar para mim novamente.
— Ah sim, o agente do aeroporto, prazer sou o irmão do noivo dela.
“O jeito que você chora, o jeito que sorri
O quanto isso significa para mim?”
– Sing For You / EXO
Capítulo 18
Foi divertido ver como Cedric agia e reagia perante a presença de Siwon, eu tentava disfarçar a intensidade do meu olhar quando Siwon me olhava, mas acho que Cedric conseguiu perceber que estávamos quase que conversando por telepatia. O tempo passou e após a sobremesa maravilhosa de morango com chocolate que degustamos, Cedric recebeu uma ligação que parecia importante e se despediu de nós. A parte legal é que ele pagou nosso almoço antes de ir embora, Siwon ficou me olhando por um tempo, curioso para saber qual seria minha explicação da vez.
— Nada de ciúmes, querido. — disse rindo um pouco. — Sua cara agora está muito engraçada.
— Imagino, mas não muda o fato de estar curioso sobre isso.
— Digamos que desta vez até eu fui pega de surpresa — admiti respirando fundo, tinha mantido minha pose superior todo aquele tempo, temendo não conseguir manter.
— E desta vez o que ele queria?
— Para minha não surpresa, me conhecer melhor.
— Você não disse que ele estava de férias? — relembrou Siwon.
— Sim e ele está. — eu olhei para a paisagem. — Segundo ele, desta vez foi mesmo uma coincidência, já que ele mora da na cidade de Lyon, perto do prédio da Interpol e veio visitar um amigo aqui em Paris.
— E como ele te achou? — Siwon parecia tão preocupado quanto eu e tinha razão, mesmo Dean afirmando que estava tudo bem.
— Trombamos na rua.
— Nossa, muito proposital isso — insinuou ele em um tom irônico.
— Também achei, pelo menos ele sabe que não está brincando com uma amadora.
— Mas no fundo senti que você estava um pouco desconfortável — seu olhar estava sério e preocupado.
— Eu sei me cuidar. — pisquei de leve para ele e sorri. — Acho melhor assim, manter os amigos perto e os inimigos mais perto ainda.
— Onde aprendeu isso?
— O que acha?
— Dean.
Levantamos da mesa e saímos da Torre em risos, Siwon sempre com seu lado divertido agia naturalmente comigo como no passado, parecíamos um casal de namorado no meio da rua. Eu tentava me afastar um pouco dele, às vezes tirava mais algumas fotos da cidade para disfarçar, mas em alguns momentos tinha uma sensação estranha de estar sendo vigiada, mas ele sempre me fazia relaxar um pouco e esquecer aquela parte chata e cautelosa da minha vida. Mais que um homem que era apaixonado por mim há um tempo, ele tinha um lado amigo que me fazia ficar mais tranquila e segura que o normal, mas claro que eu não admitiria para ele que sua companhia me mantinha calma.
— Hum, chegamos bem na hora — disse Siwon quando nos aproximamos do sofá em que sua família estava reunida na área de estar VIP do hotel.
— Estávamos mesmo falando de vocês. — disse Mary dando um largo sorriso para mim. — Então, , conseguiu encontrar o sapato que estava procurando?
— Espero que tenham falado bem de nós — brincou Siwon se encostando na coluna que havia ao lado da poltrona em que seu pai estava sentado.
— Ah, encontrei, sim, mas não deu tempo de comprar. — respondi tranquilamente me sentando ao lado de , guardando minha câmera na bolsa transversal que estava comigo. — Encontrei um velho amigo na rua e ele me convidou para o almoço.
— Que amigo? — perguntou ao me olhar.
— Cedric — respondeu Siwon segurando o riso.
— É. — desviei meu olhar para Siwon. — Siwon nos encontrou e almoçou com a gente.
— Foi interessante — reforçou Siwon rindo baixo.
— Imagino — desviou seu olhar para o lado suspirando fraco, mais um preocupado comigo sem motivos.
— Bem, existe uma coisa que eu queria perguntar — disse Mary demonstrando empolgação.
— Fique à vontade. — retribui com um sorriso curiosa.
— Vocês já escolheram a data para o casamento?
Nesse exato momento, eu, e Siwon começamos a tossir juntos, era de se esperar que aquela pergunta pegasse a nós três de surpresa. Eu tentei manter meu olhar longe dos dois, não sabia o que responder para ela, não sabia nem mesmo o que responder para os dois sobre o que sentia por eles, ou melhor, lá no fundo eu sabia, mas negaria até a morte.
— Mãe — tentou se recompor —, está muito cedo para falarmos disso.
— Ah, é que eu não sei a quanto tempo vocês estão juntos e queria tanto organizar a cerimônia, e você sabe que nossa família é tradicional.
— Mãe, por favor. — Siwon disse num tom baixo. — Não acho que aqui seja apropriado.
— Espera, quando diz tradicional… — perguntei sem entender a expressão.
— Bem, eu e meu querido não queríamos ter netos com vocês ainda noivos.
— Netos? — dizemos eu, e Siwon juntos e tossimos um pouco mais.
— Sim — ela sorriu de leve com uma naturalidade.
— Nós aceitamos estes relacionamentos modernos de hoje em dia. — disse o pai deles desviando seu olhar para mim. — Mas o sonho de todos pais é verem seus filhos com ótimas esposas e muitos netos pela casa.
— Não está muito cedo para a noona te dar netos, pai? — perguntou Sam rindo no canto com sua atenção para o celular, parecia estar jogando.
— Ah, vocês são jovens e cheios de energia. — Mary me olhou com carinho. — Tenho certeza que já pensaram em ter filhos.
— Hum? — eu já não estava mais conseguindo raciocinar direito com aquela conversa toda de tradicional, netos e relação moderna.
— Omma, appa? Estão assustando a — reclamou Siwon, com certeza ele não estava gostando de tudo aquilo.
— Tenho que concordar. — num tom baixo se levantou. — Mesmo sendo modernos, não teremos filhos e não esperem por um casamento.
Ele se dirigiu para a porta e caminhou seguindo para o hall, eu continuei em silêncio tentando colocar minha mente em ordem, Siwon também saiu da sala, parecia mais decepcionado ainda. Mary se levantou da poltrona que estava sentada e se sentou ao meu lado, pegando minha mão com um sorriso doce.
— Querida, me desculpe se te deixamos desconfortável.
— Só desconfortável? — Sam riu de leve. — A senhora quase jogou ela no altar agora, isso é necessidade de desencalhar o hyung?
— Yah, menino, fique quieto — reclamou ela.
— Não precisa se desculpar. — eu sorri para ela de leve. — Eu só fiquei surpresa, não imaginava que realmente a senhora tinha me aprovado.
— Tenho a imensa certeza que você é a mulher certa para meu .
A sinceridade era nítida em seu olhar e isso me fazia me sentir ainda mais mal, meus planos era não me apegar a eles e Mary era um dos motivos para que eu quisesse mesmo entrar para aquela família. Mary era a mãe que eu nunca tive e gostaria de ter pelo menos uma vez na vida, mas me sentia mal por mentir para ela, não somente para ela, como também para o senhor Hwang, ambos me acolhiam como filha deles, até mesmo Sam me tratava como uma irmã.
Após um longo abraço de Mary, eu me levantei do sofá e fui atrás dos dois irmãos, estavam mesmo frustrados com aquela pequena reunião de família, ambos no bar do hotel com seus copos na mão.
— Uah, então é aqui que vocês dois terminam? — brinquei me sentando na banqueta que estava entre os dois.
— Aceita? — disse Siwon levantando um pouco seu copo para mim.
— Não obrigada, tenho que manter minha saúde, segundo seus pais, terei muitos filhos — não consegui deixar de rir.
— E já escolheu o pai? — me olhou sério.
— Seria errado querer ter um filho de cada? — brinquei ainda mais, eu sabia como deixá-los irritados fácil.
— Não tem graça. — Siwon olhou para frente. — Bigamia é crime.
— Não é a primeira pessoa que me fala isso. — eu ri de leve, arrancando um riso baixo deles.
— Você gosta mesmo desse jogo — comentou .
— Não se preocupem meninos, daqui três serviços terão sua carta de liberdade.
— O quê? — disseram juntos e olharam para mim.
— Isso mesmo. — olhei para e depois para Siwon. — Daqui mais três serviços terei minhas férias e…
— Você vai embora — concluiu .
— Talvez não. — retruquei. — Mas prometo a vocês dar uma resposta após meu último serviço.
— Uma resposta? — Siwon tomou o último gole que estava em seu copo.
— Sim, ficando ou partindo, vocês terão uma resposta — eu me levantei da banqueta.
— Devemos mesmo esperar? — perguntou .
— Faça como quiser — respondi enigmaticamente como de costume.
Me afastei deles e saí caminhando, entrei no orquidário do hotel e retirei a câmera da bolsa, passei algumas horas ali dentro fotografando. Aquele novo hobby era como uma terapia para mim, algo que me mantinha minha mente relaxada e ao mesmo tempo focada, não me deixando pensar em problemas ou situações de riscos. Estava começando a achar que tinha mesmo um certo dom para fotografia, se não fosse ladra profissional, talvez essa poderia ser minha profissão.
Não vi a hora passar e quando retornei para o quarto, já estava deitado na cama lendo um livro. Continuei em silêncio a primeiro momento, deixando minha bolsa e a câmera na escrivaninha, entrei no banheiro, após uma ducha rápida e relaxante, entrei no closet coloquei um pijama e voltei para o quarto. Peguei minha câmera novamente e sentando na cama ao lado dele, comecei a olhar as fotos que tinha tirado naquele longo dia.
— Está mesmo gostando deste novo hobby — comentou ele desviando sua atenção para minha câmera.
— Digamos que sim — eu sorri espontaneamente enquanto passava as fotos e excluía algumas que estavam ruins.
— Está melhorando a cada dia. — elogiou ele. — Vai mesmo fazer o curso que o François recomendou?
— Claro, estou pensando seriamente nisso.
— Tenho certeza que vai gostar. — ele suspirou fraco. — Pelo menos ainda terá um álibi quando tudo isso terminar.
— Falando assim parece até que vou me aposentar. — eu ri e olhei para ele. — Só vou sair de férias.
— Você sabe o que eu quis dizer — ele me olhou fixamente, mesmo triste seu olhar ainda mantinha aquela intensidade que me deixava desnorteada.
— Você, sempre querendo antecipar minhas ações — eu voltei minha atenção para a câmera e continuei passando as fotos.
— Hum. — murmurou ele ao ver uma foto de Cedric. — Seu velho amigo me pareceu bem à vontade com sua sessão de fotos.
— Verdade, achei até estranho ele me deixar fotografá-lo. — eu ri de leve e passei mais algumas até chegar as que tinha tirado de Siwon. — Mas seu irmão também é muito fotogênico.
— Estou vendo. — ele desviou deu olhar para o livro que estava em sua mão. — Me parece que você encontrou bons modelos pessoais.
— Tem razão — eu posicionei a câmera e tirei duas fotos dele em ângulos diferentes.
— O que está fazendo? — ele me olhou.
— Fotografando mais um modelo pessoal meu. — respondi tranquilamente. — E se servir de consolo, você é bem mais espontâneo.
— Apaga isso, nunca fui fotogênico — ele empurrou de leve minha mão que estava na câmera.
— É porque nunca encontrou uma profissional como eu — posicionei novamente a câmera e tirei outra foto dele.
— , não. — ele colocou a mão na frente. — Não gosto.
— Ah, reclama que tiro foto de outro e não quer ter uma sua?
— Vou apagar isso.
— Não vai mesmo.
Ele tentou pegar a câmera da minha mão, nossa brincadeira acabou nos derrubando um pouco, terminamos comigo deitada e ele em cima de mim, nossos olhares estavam fixos um no outro e nossa respiração em sincronia. Meu coração acelerou um pouco e sem entender o porquê, meu olhos se fecharam, talvez estivesse esperando algo acontecer e realmente depois de um longo instante, ele me beijou com suave da e doçura no início, deixando a intensidade e malícia para o final. Meu corpo de aqueceu de forma rápida, senti suas mãos acariciarem meus cabelos, aquele momento estava ficando profundo até que meu celular tocou.
— Eu… — ele se afastou um pouco de mim. — Acho melhor atender.
— É… — eu olhei para o lado procurando o celular. — Também acho.
Eu me levantei da cama e peguei o celular dentro da minha bolsa, olhei para a tela, mais uma vez era meu querido sócio estragando o clima que parecia bom.
—
LT na linha — disse recuperando um pouco o fôlego.
—
Espero não estar atrapalhando — disse ele tranquilamente.
— Não, não está. — respirei fundo. — O que deseja?
—
Preciso de você em casa.
— Como assim em casa? — perguntei sem entender.
—
Em Manhattan — explicou ele.
— O que aconteceu? — estava um pouco apreensiva.
—
Fique tranquila que ele está sendo cuidado.
— O que aconteceu com o Cronos? — perguntei tentando não me desesperar, já imaginava que fosse com meu filhote.
— Seu cachorro só teve um leve momento de depressão e não estava se alimentando direito.
— Não acredito, a culpa é sua! — disse com minha voz um pouco alterada. — Se tivesse me dado as férias, fico longe dele e isso acontece! Dean. de alguma coisa acontecer com o Cronos…
—
Calma, LT, você vai pra casa, fica uma semana com ele e vai ficar tudo bem.
— Assim espero.
—
Seu voo está marcado para amanhã às sete.
— Ok.
Eu desliguei o celular e o joguei na cama, respirei fundo passando a mão em meus cabelos, não acreditava que aquela rotina longe de casa estava afetando negativamente o ser que eu mais amava.
— Você parece um pouco nervosa. — disse ao se aproximar de mim. — Quem é Cronos? O que ele tem?
— Cronos é meu cachorro. — eu respirei fundo. — Ele está doente e eu tenho que voltar para Manhattan amanhã cedo.
— Nossa, eu lamento. — ele parecia não saber como reagir a situação. — Já tem um voo reservado?
— Sim, vou às sete. — suspirei fraco. — Uma semana em casa, foi o máximo que consegui.
— Vejo que se preocupa muito com o Cronos.
— Sim, ele me entende — eu sorri de canto.
me abraçou de leve, parecia querer me consolar ou algo do tipo, seu abraço era confortável e bom.
“Você é linda, minha deusa
Mas você está fechada, sim, sim
Eu vou bater, então, você irá me deixar entrar?
Irei te dar uma emoção escondida”
– Monster / EXO
Capítulo 19
As horas se passaram comigo em claro arrumando minhas malas, fiquei impressionada quando percebi que o número tinha se multiplicado, de uma mala para três, seria, sim, uma oportunidade de levar para casa todas as coisas que tinha comprado e ganhado. Meu sapato de cristal e a fotografia estavam muito bem guardados na terceira mala, além de outras coisas que tinha comprado para mim ao longo desse tempo que estava em Paris. Foi estranho me despedir assim tão cedo de Mary, havia mesmo me apegado a ela como uma mãe, a parte divertida foi Sam dizendo que eu estava fugindo para não ter que dar netos a eles em um tom de brincadeira, que acabou deixando e Siwon mal-humorados.
Despedidas costumam ser tristes, mas esta foi um tanto engraçada e animada, acomodou minhas malas no carro e me levou no aeroporto, Siwon foi junto com a desculpa que estava pegando carona até o centro da cidade. Passamos todos o caminho em silêncio, eu estava preocupada demais com Cronos para dar atenção a eles.
— Não quer mesmo a companhia de um de nós? — perguntou inocentemente.
— Acha mesmo que esta
LT vai nos levar até sua casa? — Siwon riu um pouco. — Claro que não.
— Que bom que sabe. — eu sorri gentilmente. — Não se preocupem, garotos, eu ficarei bem.
— Desejamos melhoras ao Cronos — disse com sinceridade no olhar, ele parecia mesmo preocupado.
— Estão tão acostumados comigo por perto que nem conseguem esconder o olhar de saudades. — eu ri. — E eu nem embarquei ainda.
— Agora percebe a influência que está causando em nós? — Siwon desviou o olhar dando um sorriso de canto.
— Vou agora, hora do embarque.
Deu um abraço um pouco demorado em cada um, não era costume meu agir com tanto afeto assim, só com o Cronos. Desembarquei horas depois, um táxi particular já estava à minha espera, assim que o carro parou e frente à minha casa, saí correndo. Stephanie estava lá e, assim que me viu, disse que Cronos estava em meu quarto, pedi que ela pegasse minhas malas com o taxista e subi correndo para meu quarto. Assim que entrei, vi meu cachorro deitado em minha cama com uma blusa de moletom minha ao seu lado, escorreu uma lágrima no canto do meu olho, ele estava mesmo sentindo minha falta.
— Oh, Cronos. — caminhei até a cama vendo ele me olhando com aquela carinha meio triste, meio alegre. — Bebê da mamãe, não sou uma miragem. — me deitei ao seu lado e comecei a acariciar sua cabeça. — Vim correndo para cuidar de você, não fica triste.
Ele resmungou um pouco, parte daquilo era mesmo culpa minha por deixar Dean me explorar e me deixar tanto tempo fora de casa. Mas nada importava naquele momento, eu iria bajular e cuidar do meu filhote, seria uma semana em casa, mas certamente aquele cretino do Dean não me deixaria parada por isso. Fiquei alguns minutos deitada conversando com Cronos, era loucura, sim, contar para ele tudo o que tinha feito enquanto estava longe de casa, mas para mim já havia se tornado normal, eu passava tanto tempo somente com a companhia dele que para mim não era apenas um cachorro, mas minha família.
— Senhorita
LT. — disse Stephanie da porta. — Posso colocar suas coisas no lugar?
— Sim, separe as roupas sujas e coloque o resto no closet, por favor. — eu desviei meu olhar para as malas que ela colocava ao lado da porta. — Ah, tem um tubo de folha, quero que deixe ele na mesa de centro da sala, é uma fotografia que pretendo emoldurar e colocar na parede da sala.
— Como desejar, senhorita — ela assentiu sempre com seu sorriso fofo e começou a levar as malas uma a uma para o closet.
— Ah — eu me levantei da cama e caminhei até o closet —, por acaso o veterinário prescreveu alguma coisa para o Cronos?
— Não senhorita, ele somente disse que Cronos deveria ficar o mais perto possível de algo que lembrasse a senhorita até que pudesse voltar.
— Então vou dar uma volta pelo bairro com ele — disse pegando na prateleira a coleira de passeio do Cronos.
— A senhorita deseja que eu prepare algo para o jantar?
— Não precisa se preocupar com o jantar, assim que terminar com as malas, pode tirar o resto do dia de folga.
— Sim senhorita, agradeço.
— Eu que agradeço por me aturar, Stef. — ri do meu comentário.
— Magina, melhor do que trabalhar para o senhor Dean — ela riu também.
Saí do closet e coloquei a coleira no Cronos, aquele dobermann enorme nem parecia mais que havia passado um tempo depressivo, já estava dando aquele pulos de animação e altos latidos. Antes de sair, troquei a blusa que estava usando, coloquei o celular no bolso, peguei as chaves da casa e fomos para nosso passeio. Senti alguns olhares estranhos vindo em minha direção enquanto caminhava pela rua principal do condomínio, era um fato que de tanto eu estar fora de casa não conhecia nenhum vizinho, somente o porteiro por ser uma pessoa legal e educada.
Ao sairmos do condomínio, senti uma leve sensação de estar sendo vigiada e Cronos também, ele parou por um momento e ficou olhando para um homem que estava com um jornal na mão enquanto rosnava. Será que era algum informante do meu amigo agente? Seria interessante se fosse, rindo, acalmei Cronos e voltamos nossa caminhada, fiquei mais empolgada ainda e decidi levá-lo ao Central Park, aluguei o disco de um senhor que estava na entrada e comecei a brincar com Cronos.
Nos divertimos muito até que eu fiquei com fome, comprei dois hot-dogs, uma para mim e outro para ele, e nos sentamos em um banco. A vista era linda como sempre, pessoas caminhando, crianças correndo, seria um belo dia para um encontro, se Cronos fosse um homem.
— Ah, , no que está pensando. — olhei para Cronos sentado ao meu lado. — Não acredito que estou com saudade dele.
Oh, eu falei no singular? Será que estava finalmente escolhendo um lado? Balancei minha cabeça, não podia ocupar meus pensamentos com ou Siwon, tinha outros planos para minha vida e não acreditava que uma família estava incluído. Ficamos um longo tempo ali até que uma pessoa conhecida se aproximou de mim, fiquei um pouco surpresa por vê-lo.
— Olá
LT — cumprimento ele com um sorriso de canto presunçoso.
— Carl. — eu cruzei as pernas de leve colocando minha mão sobre o banco como sinal para Cronos ficar alerta, porém quieto. — Há quanto tempo.
— Sim, desde que começamos nossos trabalhos sozinhos. — ele desviou seu olhar para Cronos por um momento. — Curioso, desde quando gosta de cachorros?
— Sempre gostei, Dean é que não me deixava ter um.
— Independência é uma coisa magnífica. — ele riu. — Dean sempre nos impedia de ter muitas coisas.
— Para ele, iria desviar nosso foco, e tem razão, algumas coisas nos tiram o foco.
— Como seus sapatos? — ele riu mais, era um dos prodígios que mais implicava com meu hobby.
— Bem, hoje ele tem que engolir meu closet só para sapatos. — eu ri junto. — Mas a que se deve sua visita a Manhattan? Porque andei sabendo que estava associado ao Tanaka em Tóquio.
— Sim, temos uma parceria muito sólida. — ele suspirou um pouco. — Mas não está sabendo? Eu não sou o único que está aqui na cidade.
— Tem alguma coisa que eu deveria saber? — sibilei um pouco achando aquela resposta estranha demais.
— Dean enviou um convite para um jantar a todos os prodígios, estou admirado dele não ter falado nada para a sua favorita — comentou ele num tom irônico.
— Eu estava ocupada demais trabalhando. — eu em levantei e Cronos acompanhou meu movimento pulando do banco se colocando de pé ao meu lado. — Bem, a conversa está muito boa, mas tenho que ir.
— Bom revê-la,
LT — ele sorriu mantendo seu olhar em mim.
— Igualmente.
Agora eu estava além de surpresa, mais irritada ainda com Dean, como ele teve a coragem de convidar os prodígios sem nem me contar, aquilo era como uma traição de sua parte. Assim que cheguei em casa, tirei a coleira de Cronos e peguei meu celular do bolso, minha ligação tinha um destino certo.
— Dean na linha.
— Você poderia me explicar o significado de jantar e prodígios em uma mesma frase? — disse sendo o mais direta possível.
—
Eu ia te contar. — disse ele como um daqueles maridos infiéis. —
Eu juro que ia.
— Quando? Talvez na hora da sobremesa? — agora eu estava sendo irônica.
—
Desculpa, pequena Thief. — ele respirou fundo do outro lado da linha. —Você sabe que de tempos em tempos eu gosto de celebrar, e como meus prodígios voltaram para o lar, tenho que celebrar a união desta família.
— Como assim voltaram para o lar? — perguntei sem entender mais nada.
—
Todos eles voltaram a trabalhar para mim. — respondeu ele naturalmente. — Acho que viram que você estava na frente deles em tudo, modéstia à parte, eu sou o melhor no ramo.
— Acho que estou entendendo o motivo de aceitar tão rapidamente minhas férias.
—
Não misture as coisas, LT.
— Isso vai mudar alguma coisa para mim? — perguntei.
— Claro que não, você sempre será a melhor e minha preferida.
— E eu terei que comparecer nesse jantar?
—
Pare de perguntar o óbvio, espero você linda e com aquele sapato de cristais Swarovski que disse ter ganhado do seu noivo.
— Você tem sorte de eu não querer te matar.
—
Eu também te amo — ele riu.
— Só mais uma coisa, minha vinda para Manhattan não era somente pelo Cronos, não é?
—
Você sabe que eu sempre tenho mais de dois propósitos para cada coisa que faço. Não me dei o trabalho de responder e encerrei a ligação, estava ainda mais nervosa, irritada e exaltada, não estava nenhum pouco preparada para rever meus “irmãos”. Dean estava planejando alguma coisa com tudo aquilo, ele não dava nenhum passo em falso ou sem pensar em como poderia se beneficiar. Eu estava muito surpresa por eles terem voltado a trabalhar com Dean, afinal, cinco saíram por inveja e ciúmes de mim, já que eu sempre fui a favorita do “papai”.
Deitado em minha cama, olhando para o teto, estava imaginando o que ela estaria fazendo naquela hora, era de se esperar que eu pensasse uma coisa dessas. Ela havia permanecido tanto tempo perto de mim, que não a queria longe, mesmo que não fosse comigo, eu a queria perto de mim e da minha família. Ouvi alguns toques na porta, desviei meu olhar para o lado, era Siwon.
— Te atrapalho? — perguntou ele entrando.
— Não. — ergui meu corpo ficando sentado na cama. — Só estava pensando.
— Nela — concluiu ele.
— Óbvio, não é? — ri.
— Conviver com ela esses dias me fez relembrar o passado, o que vivi com ela na universidade.
— Foi algo profundo? — perguntei meio receoso.
— Em partes, sim, mas ela sempre tentava me afastar de alguma forma, até que um dia desapareceu completamente. — ele suspirou um pouco. — Me deixando em um quarto de um hotel em Dubai.
— A história de vocês deve ter sido interessante — comentei imaginando a cena.
— Tudo que envolve ela é interessante — completou.
— Posso perguntar uma coisa?
— Pergunte — ele encostou na parede e colocou a mão nos bolsos da calça.
— Como conheceu o Dean?
— Só o vi uma vez e ainda assim estava disfarçado. — ele desviou seu olhar para o chão. — Era o segundo serviço profissional dela, estava tão assustada por ter me envolvido no primeiro, não sabia o que faria para me afastar.
— E certamente Dean a fez te usar para adquirir experiência — conclui o óbvio.
— De fato, sim, foi louco para mim me imaginar em uma situação criminosa assim, mas quando percebi o que ela roubava, comecei a entender esse universo que ela pertencia.
— E devo saber quais foram os primeiros objetos de desejo dela? — estava curioso sobre isso.
— O primeiro foi o brasão da minha fraternidade, ela invadiu o prédio da Fênix e eu nem acredito que a ajudei, eu traí meus amigos por uma garota.
— Vamos admitir, ela não é qualquer garota — eu ri o fazendo rir junto.
— Verdade. — um breve suspiro ele continuou. — E o segundo foi a fórmula de um cosmético.
— Davi? — perguntei.
— Você o conhece? — Siwon me olhou surpreso.
— Sim, é o filho de um dos acionistas da empresa. — desviei meu olhar para a janela. — Então foi por isso que ele reconheceu a .
— Ele a reconheceu?
— A chamou de Cassie, mas eu intervi.
— Que bom. — ele respirou aliviado. — Cassie foi um nome falso que inventei para ela, assim poderia se preservar caso acontecesse algo mais sério.
— Uma ideia que certamente a salvou muitas vezes — comentei.
“Passando por cima do tempo, eu estou olhando para você
Embora possa ser diferente agora, o princípio é o mesmo
Acredito que ainda podemos voltar
Agora, um, dois, nós contamos os segundos,
Como medimos a distância.”
– Thunder / EXO
Capítulo 20
Dois dias se passaram. Minha mente estava tão descansada e relaxada, sem pensar em problemas, estresses e curtindo meus dias de folga. Estava jogada no sofá retrátil da sala de televisão, as cortinas fechadas, tudo escuro num clima de conforto, comigo vendo um filme básico na Netflix, Cronos deitado ao meu lado. Se era a vida que eu estava merecendo? Sim, e queria aproveitar mais daquele momento, até que meu celular tocou. Minha primeira reação era jogá-lo na parede, porém atendi:
—
LT na linha — disse num suspiro fraco e cansado.
—
Estou atrapalhando? — perguntou Dean já rindo.
— Sim, estava no meio do meu filme.
—
Hum, que vida boa, vendo filmes a essa hora da manhã.
— O que você quer?
—
Estou enviando os dados para sua nova missão daqui quatro dias — respondeu ele já num tom mais sério.
— E o que seria meu objeto de desejo desta vez? — perguntei um pouco curiosa.
—
Um container — de forma bem natural e despreocupada.
— O quê?
—
Isso mesmo.
— Como você espera que eu consiga manipular isso? É um container.
—
E?
— Dean? Como acha que eu vou conseguir?
—
Não sei, mas sei que vai, afinal, você é a melhor.
— Eu te odeio — desliguei na sua cara.
Não acreditava naquilo, como eu iria fazer um container desaparecer sem que ninguém percebesse? Sou a melhor, é a única desculpa que ele dá. Bufei revoltada e desliguei a televisão, levantei do sofá e olhei para Cronos, ele já estava dormindo, ri de leve e saí em direção a sala onde tinha deixado meu tablet. Peguei o aparelho e caminhei até meu escritório, sentei na cadeira abrindo os arquivos, comecei a ler todas as informações. Meu objeto de desejo, um container enorme que estava no porto de Singapura, o terceiro maior do sudeste asiático e com um fluxo intenso de transportes.
— Ah, Dean, você ainda diz que minha parte é a mais fácil. — suspirei fraco. — Filho da…
Eu não poderia me desesperar, tinha quatro dias não por causa da minha folga, mas porque certamente este container sairia daquele local em quatro dias. Dean era esperto, inteligente e maquiavélico o suficiente para não deixar nenhum detalhe perdido. Transferi os arquivos para meu computador e começar a pesquisar mais sobre a área, rotina das empresas que compõem o quadro de tráfegos, precisava me atentar a todos os detalhes, assim como meu mentor.
— Senhorita? — chamou Stephanie da porta. — Deseja algo especial para o almoço?
— Não, Stef, leve o Cronos para passear por algumas horas e depois tire o resto o dia de folga.
— Sim senhorita — ela sorriu e saiu fechando a porta que era de vidro.
Eu olhei ela caminhando em direção a cozinha, aquela era a melhor parte da minha casa; por ser quase toda de vidro, combinada a algumas paredes em concreto, arquitetura moderna, eu conseguia ver todos os ambientes de um ambiente só. Voltei minha atenção à minha pesquisa de campo; como Dean pensava em tudo, já tinha uma lista de contatos anexada aos arquivos, facilitaria meu reconhecimento de terreno, assim como a enorme planta do local. Acho que se fosse engenheira civil me daria bem, eu havia aprendido a ler plantas baixas tão facilmente, mas meu querido mentor sempre mandava as maquetes em 3D para minha felicidade.
Não adiantava eu me enganar, depois de um dia inteiro analisando todas as informações que ele havia me mandado, a resposta de como eu iria fazer um container desaparecer naquele porto era a mesma. Era, sim, difícil para eu admitir, ainda mais louco será quando eu contar a Dean, ri por um tempo até olhar para a porta. Cronos estava sentado me olhando, eu sorri para ele, meu cachorro não estava mesmo acostumado comigo por tanto tempo em casa. Me levantei da cadeira, contornei a mesa e caminhei até a porta.
— Estava me esperando para o jantar? — assim que passei por ele, Cronos se colocou de pé e começou a me seguir até a cozinha. — Vamos ver o que teremos para o jantar hoje.
Abri a geladeira e fiquei olhando por um tempo o que tinha dentro, até que lembrei de Stephanie tinha feito uma lasanha vegetariana e deixado no congelador. Retirei a pequena travessa e coloquei no microondas para esquentar, enquanto isso, peguei a tigela de ração de Cronos e coloquei em cima da mesa, enchi com um pouco da ração e voltei para o microondas para pegar minha lasanha. Assim que me sentei à mesa, Cronos se sentou na cadeira ao meu lado, meu cachorro, além de treinado, muito educado, sempre fazia as refeições junto comigo.
— Bom apetite, Cronos — eu sorri para ele.
Cronos me olhou e latiu como se tivesse me respondendo, nosso jantar foi tranquilo, assim que terminamos, coloquei as vasilhas sujas no bojo da bancada da pia e retornei ao meu escritório, peguei meu celular que estava em cima da mesa e fui em direção ao meu quarto. Entrei no closet, troquei minha roupa e me deitei, Cronos imediatamente se deitou ao meu lado e ficou me olhando, passei um tempo olhando para o teto até que peguei no sono completamente.
Na manhã seguinte, quando acordei, Cronos não estava mais ao meu lado, me levantei espreguiçando, tomei uma ducha fria para acordar de vez e coloquei uma roupa mais confortável, quando desci, vi ele na sala brincando com Stephanie. Eu sorri de leve e me direcionei para o escritório, assim que entrei fechei a porta, liguei para Dean.
—
Dean na linha — disse ele ao atender.
— Bom dia! — disse num tom animado.
—
Uau, para estar assim tão alegre, deve ter conseguido encontrar algum meio para ser próximo trabalho.
— Como você disse, sou mesmo a melhor. — ri de leve. — E sim, encontrei mesmo a resposta, meu plano será bem simples.
—
E posso saber qual esta resposta? — Adivinha quem é a pessoa que conheço, que a família é dona de uma transportadora?
—
Não! — ele riu alto do outro lado da linha. —
Vai usar a família do seu álibi? — Corrigindo, vou usar a empresa dele — confirmei naturalmente.
—
E ele já sabe disso? — Ainda não, mas logo saberá. — me sentei na cadeira ligando o monitor do computador. — Andei pesquisando a fundo sobre as empresas que controlam aquele porto, a da família dele estava na lista e como sou uma mulher de sorte, nosso container estará no bloco ao lado do deles.
—
Realmente, uma mulher de sorte. — ele riu. —
Poderia dividir com os amigos.
— Ha… Ha… — respirei fundo. — Eu devo saber o que tem dentro deste container?
—
Não, nem eu sei, mas o cliente frisou que era importante e deveria ser manipulado com cuidado. — Hum — respirei fundo desviando meu olhar para a porta.
—
Nem pense em abrir aquele container LT.
— Não estou pensando em nada ainda. — ri um pouco. — Vou desligar, preciso fazer contato com meu álibi.
—
Seja cautelosa, eu ainda não confio naquela família — Dean desligou.
Coloquei o celular em cima da mesa e fiquei pensando nas palavras dele. Desde quando conheci Siwon, Dean não gostou da ideia naquela época e me parecia que continua a mesma coisa. Será que ele tem medo de eu desistir de tudo e querer uma vida normal com essa família? Inclinei meu corpo um pouco, encostando minhas costas no encosto da cadeira e fiquei olhando por um tempo o monitor do computador, estava aberto no arquivo sobre a empresa da família Cho. Ergui meu tronco, me espreguiçando da cadeira, me levantei e peguei o celular novamente, seu número já estava gravado em minha memória e no celular. Disquei aqueles números sem pressa e esperei chamar.
—
Little Thief — disse ele ao atender, aquilo havia arrancado um sorriso de mim já que eu nunca havia ligado para ele do meu celular.
— Como sabia que era eu? — perguntei meio curiosa.
—
Número restrito, quem mais seria? — ele riu baixo, me fazendo rir também, havia me esquecido que tinha ativado essa função no celular. —
Mas se está ligando, é por um motivo sério. — E se eu dissesse que queria ouvir sua voz? — retruquei num tom malicioso e sério, poderia ser verdade, se não fosse eu, ou melhor, era meio verdade, segurei o riso.
—
Com essa voz, acreditaria facilmente, mas se tratando de você, acho que já estou seduzido o bastante. — ele suspirou fraco. —
O que deseja de mim? — Sua empresa — direta e nenhum pouco detalhista.
—
Por que será que isso um dia aconteceria? — ele riu. —
E o que te faz pensar que eu ajudaria desta vez? — Não preciso pensar em nada, sei que vai me ajudar. — respirei fundo. — Te mandarei as informações que precisa.
—
… — disse ele.
— Te vejo em Singapura — desliguei o celular antes mesmo que ele pudesse dizer algo mais.
Se ele me ajudaria ou não, era uma incógnita, mas eu tinha certeza que ele ficaria muito curioso para saber o que eu queria em Singapura.
Cedric
Acordei assustado no meio da noite, estava chovendo, me virei para o lado e olhei para Louise com carinho, ainda não estava acostumado com a presença dela no meu apartamento, afinal, só tinha seis meses que estávamos morando juntos. Às vezes tinha medo de envolver ela ainda mais na minha vida, mas tinha um carinho especial por ela, acariciei de leve seus cabelos e me levantei com cautela para não acordá-la. Peguei meu celular no criado mudo ao lado da cama e caminhei até a sala, parei em frente minha mesa de trabalho, como sempre, as fotos de Cassie espalhadas, todas com ela disfarçada e de costas.
Havia algumas fotos de também, não queria que se transformasse em obsessão minhas desconfianças com ela, mas ambas eram tão parecidas e aquele olhar dela não saía da minha mente. Me voltei para a cozinha e fui preparar um café, Louise estava de folga do seu novo emprego e a teria em casa o dia inteiro, era um pouco diferente namorar uma aeromoça, mas nosso relacionamento estava sobrevivendo a dois anos. Não tinha o que reclamar, já que eu viajava sempre também.
— Acordado a essa hora? — perguntou ela aparecendo na porta do corredor de braços cruzados.
— A chuva me acordou. — desviei meu olhar para ela. — E você?
— Senti que estava faltando alguém do meu lado. — ela sorriu de leve caminhando em minha direção. — Que pessoa normal toma café às três da madrugada?
— Eu não sou normal. — sorri de canto deixando a xícara em cima da bancada e envolvendo meus braços na cintura dela. — E você?
— Estou aqui, então não devo ser normal também — ela riu e me beijou suave.
— Quando acaba sua folga?
— Hoje após o almoço, tenho um voo para Manhattan — respondeu ela.
— Bem, então acho que deveríamos aproveitar as próximas horas — eu a beijei com mais malícia que o normal, aquele café realmente aumentou meus batimentos.
E sim, aproveitamos muito bem em nosso quarto, Louise estava mais animada que o normal e nossas horas foram quentes e proveitosas, ela ainda mantinha a mesma paixão e interesse por mim, mesmo com tantos desencontros por causa do nosso trabalho e sempre ver foto de pessoas espalhadas em meu apartamento. Acordei pouco depois da hora do almoço, ela já tinha ido e deixado um bilhete embaixo da minha xícara de café favorita.
“Te vejo na volta, te amo.”
Sorri ao ler, me sentia um pouco chateado por meu sentimento por ela não ser tão profundo para se chamar de amor, mas ela me fazia sorrir, já era alguma coisa. Olhei para o lado na bancada, meu celular estava vibrando, tinha me esquecido que ele estava no silencioso, era uma ligação de Peter e eu atenderia de imediato.
— Peter — disse ao atender.
— Ah, que bom que atendeu, estou há horas te ligando — disse ele numa voz meio apressada.
— O que aconteceu? — perguntei ficando um pouco preocupado.
— Houve uma movimentação um tanto suspeita. — disse ele. — Lembra que antes de aparecer a Cassie, estávamos investigando cinco outras pessoas que supostamente poderiam ser
os Prodígios?
— Sim, me lembro, me tiraram desse caso e bloquearam meu acesso as informações dele, ainda tenho minhas desconfianças sobre eles estarem singularmente ligados a Cassie.
— E suas desconfianças têm fundamento. — ele deu um tempo, parecia esperar por alguma coisa. — Os cinco supostos prodígios desembarcaram em Manhattan na há dois dias, Caius, Sery, Fish desembarcaram primeiro de manhã, Carl e Tanaka no final da tarde.
— Interessante, será que farão uma reunião de família? — sibilei um pouco imaginando essa possibilidade, se eu estivesse nesse caso poderia bolar uma prisão conjunta. — Ainda quero descobrir quem é o chefe deles.
— Certamente é alguém bem influente e poderoso, para criar seis prodígios muito bem treinados e habilidosos. — ele riu de leve. — Mas você não vai adivinhar a parte final e mais interessante ainda.
— O quê?
— Adivinha quem desembarcou em Manhattan também? Ainda teve um lindo passeio no parque com seu cachorro?
— Não me diga que ela saiu de Paris? — eu desviei meu olhar para a janela o céu estava meio nublado e tinha parado de chover, senti meu coração acelerar. — Ela está em Manhattan?
— Sim, e foi vista conversando com um dos prodígios, Carl. — ele suspirou. — Te mando as fotos ainda hoje.
— Eu sabia! Por isso estou tão atraído por ela, é Cassie.
“Ela está me deixando louco
Por que o meu coração está acelerado?”
– Monster / EXO
Capítulo 21
Finalmente sexta-feira apareceu, e também o dia do tão esperado jantar do Dean. Não estava muito animada para aquele evento, mas a preferida tinha que estar presente de alguma forma, e estava com saudades do Tanaka, o único que sempre foi legal e amigável comigo. Além de uma básica curiosidade para saber como estavam os outros, eu já tinha esbarrado com Fish e Sery no roubo do Pink Panter, mas estávamos em lados diferentes e eu saí vitoriosa.
— Ah Dean, você adora me colocar em situações indesejadas — disse, me espreguiçando ainda deitada na cama.
Logo ouvi alguns latidos vindo da porta, olhei e era Cronos, eu sorri e assenti com a face para que ele viesse, e correndo, ele deu um pulo na minha cama e mais alguns latidos.
— Meu baby — acariciei ele suavemente e logo ele se deitou na cama como se estivesse se sentindo relaxado por meu carinho — Você está ficando muito mal acostumado com a Stef, vive querendo carinho na barriga.
Ri um pouco quando ele fez carinha de inocente e me levantei da cama, ele se virou e ficou me olhando deitado, ignorei de leve sua cara de tristeza. Se eu continuasse ali, não faria mais nada aquele dia, só ficaria dando carinho para ele. Entrei rindo no closet e troquei de roupa colocando um conjunto de moletom de tecido fino e pegando minha bolsa, joguei o celular dentro, peguei as chaves da minha Mercedes-AMG GT C Roadster preta. Daria uma voltinha sozinha, precisava encontrar o look certo para o jantar, um que se encaixaria perfeitamente no meu sapato de cristal.
Deixei Cronos com Stephanie como sempre, não voltaria antes do almoço, então ela poderia passear com Cronos como sempre fazia na minha ausência. Passei na frente de algumas lojas famosas e conceituadas, até que parei em frente à loja da Prada, uma das vendedoras me conhecia muito bem e sabia meu gosto para roupas e sapatos. Não demorei muito até encontrar um macacão estilo social preto que prendeu meu olhar de uma forma incomum, experimentei de imediato e me olhando no espelho constatei que caía muito bem ao meu corpo.
Pensei que minhas compras parariam ali mesmo, porém a vendedora me mostrou a nova linha de sandálias que tinha chegado, não resistia mesmo a uma novidade e acabei comprando duas. Passei no restaurante de um conhecido na hora do almoço, era um bom dia para rever rostos conhecidos, no final da tarde meu carro estava cheio de sacolas e em meu rosto um sorriso suave de viver um dia normal fazendo compras como uma pessoa normal.
— Stef, ainda está aqui? — disse ao chegar em casa colocando as chaves do carro do lado do vaso de bromélia amarela, em cima da mesinha que tinha ao lado da porta.
— Senhorita LT. — ela apareceu na entrada da porta da cozinha que dava para o jardim. — Estava com Cronos no jardim.
Cronos apareceu atrás dela e latiu forte, como se estivesse confirmando o que ela tinha dito.
— Não precise se preocupar com o jantar, estarei fora esta noite e talvez não volte até amanhã de manhã.
— Sim senhorita, se quiser, posso levar Cronos para casa comigo.
— Boa ideia, assim ele não fica sozinho. — assenti com um sorriso desviando meu olhar para ele. — Não esqueça de ligar o alarme ao sair.
Ela assentiu com a face, me virei e subi as escadas até meu quarto, tomei um banho demorado e relaxante de espumas, depois uma ducha quente e rápida, coloquei meu macacão que tinha comprado e o tão mencionado por Dean sapato de cristais, além de jogar um casaco bege por cima. Aquela seria uma noite arrebatadora e movimentada; antes de entrar na Mercedes, deixei mais algumas recomendações com Stef, ela estava na cozinha alimentando Cronos antes de levar ele para a casa da sua família. Assim que entrei no carro, dei a partida e passei o caminho todo me preparando emocionalmente, mentalmente e psicologicamente para esta noite, enfim, encontrar seis pessoas, onde cinco superficialmente me tratavam bem, não seria fácil. Parei o carro em frente ao portão da mansão de Dean, era estranho estar de volta “em casa” e mais estranho ainda com todos lá.
Abaixei o vidro da janela para que a câmera captasse o meu rosto e assim que o grande portão se abriu, dei a partida para entrar, estacionei em frente a mansão, havia mais cinco carros estacionados ao longo da entrada. Havia duas hipóteses, ou alguém ainda não chegou ou alguém pegou carona, desliguei o carro e saí, Dean imprevisivelmente estava na porta me esperando, sua recepção foi um tanto calorosa demais com um abraço.
— Vejo que realmente seguiu meu conselho sobre os cristais — disse se referindo ao meu sapato.
— Sim, já que eu não tinha outra escolha. — suspirei fraco desviando meu olhar para a porta. — Já estão todo aqui?
— Por que não veja por si mesma. — ele sorriu de canto. — Seja bem-vinda de novo à nossa casa.
Devolvi aquele sorriso com outro e entrei, era como se todo o meu passado voltasse, todas as lembranças da infância e adolescência ali com os outros. Logo a governanta se aproximou de mim, tirando meu casaco e pegando minha bolsa para guardar.
— Olha quem acabou de chegar. — anunciou Carl num tom alto e debochado. — A favorita do Dean.
— Boa noite, família. — devolvi com um olhar superior, já que eu era mesmo a melhor entre todos e favorita. — Quanto tempo.
— Então a caçula que ficou com o Dean. — observou Sery ao me olhar de cima para focando seu olhar no meu sapato. — Eu me lembro desses cristais, são Swarovski, não é mesmo?
Assenti com o olhar, mas é claro que se lembrava, eram da mesma feira que eu dei uma surra nela, sorri de canto audaciosamente.
— Ah, olha a nossa caçula favorita. — disse Tanaka ao adentrar na sala com Cauis. — Olha como está crescida e linda. — continuou vindo em minha direção.
— Agora entendo porque ela ama sapatos. — brincou Cauis ao parar perto da poltrona onde Dean sempre sentava. — Está mesmo maravilhosa,
LT.
— Não tanto quanto eu — resmungou Sery enquanto despejava um pouco mais de vinho em sua taça.
— Não liga para ela. — Tanaka me abraçou de leve e sussurrou. — É inveja.
— Eu sei. — pisquei para ele enquanto ríamos. — Mas está faltando alguém aqui.
— Sim. — concordou Fish que estava jogado na chaise que havia embaixo da janela principal, sua voz estava estranha. — Falta a princesinha francesa.
— Hum, pensei que todos já estivessem aqui. — dei de ombros e olhei para Tanaka novamente. — E como vão os negócios em Tóquio?
— Prosperando. — respondeu ele tranquilamente enquanto colocava suas mãos no bolso. — É tranquilo trabalhar com Carl e agora com a ajuda de Dean será ainda mais fácil.
— É mesmo complicado sobreviver sem ele — comentei desviando meu olhar para Sery que não parava de me encarar.
— Sim, ainda mais tendo você no caminho — disse Sery ao tomar um gole do vinho.
— Minhas crianças, não comecem a brigar, não hoje — interviu Dean ao entrar rindo.
— Você está mesmo muito feliz por hoje, não é? — Sery desviou seu olhar para ele. — Nos colocando todos juntos aqui.
— Não serve para vocês minha felicidade em ter todos novamente? — retrucou ele indo em direção sua poltrona.
— Pensei que sua favorita lhe bastasse. — em voz alta Fish abriu seus olhos e ergueu de leve seu corpo. — Você,
LT. — ele desviou seu olhar para mim. — Tirou aquele diamante de mim.
— Me desculpe, mas só fui um pouco mais esperta — sorri de canto.
— Confesso que eu sabia, e disse para ele não ir atrás. — Tanaka se afastou de mim indo em direção ao Fish. — Imaginei mesmo que você iria roubar ele,
LT.
— Vou sobreviver. — Fish me olhou com certa amargura. — Ainda terei minha revanche.
— Quando quiser, Fish — ri de leve e olhei para Dean lançando um olhar de “quero conversar à sós”.
Assim, Dean se levantou e se direcionou para o escritório, eu o segui sem cerimônias, precisava mesmo conversar com ele, após entrarmos, ele fechou a porta e me olhou de forma tranquila.
— Pode falar, o que é este olhar irritado para mim? — disse ele, sua voz suave como sempre e um olhar atento.
— Senha do cofre, Cronos, jantar, agente, está tudo uma bagunça na minha cabeça — respirei fundo desviando meu olhar para a parede ao meu lado.
— Posso acrescentar seu álibi nisso? — brincou ele dando uma risada rápida. — Estou começando a achar que suas férias são mesmo necessárias.
— Álibi, sim. — suspirei fraco. — Eles estão mesmo mexendo comigo.
— Sempre sendo a última a assumir alguma coisa. — ele estalou os dedos por um tempo. — Já sabe de quem está sentindo mais falta?
— E isso seria relevante? — o olhei sem entender.
— Sim, seria sua resposta final.
— Faz sentido — mas eu estava sentindo falta mais do ou de Siwon?
— Mas não é somente isso. Quanto à senha daquele maldito cofre, eu juro que não vai se repetir, mas me senti aliviado em ouvir seus xingos depois de concluído. — ele riu novamente. — Quando ao Cronos, sinto muito, mas agora você terá mais tempo livre para ele.
— Sei, agora a família está reunida novamente — disse ironicamente.
— Não fique assim, pelo menos agora estamos livres daquele agente — ele respirou fundo desviando seu olhar de mim para a parede, parecia querer me contar algo a mais.
— Continua.
— Continuar o quê?
— Papai, eu te conheço — disse num tom debochado e sarcástico.
— Mais tarde, após o jantar, te contarei o que descobri e porque aceitei eles novamente, ou quase todos.
— Sinto que teremos uma breve reviravolta futuramente. — suspirei mantendo meu olhar nele. — Tem a ver com o agente, não tem?
— Você nem imagina o quão profundo é o que vou te contar. — ele se virou para a porta e a abriu. — Vamos, temos um jantar para aproveitar.
Permaneci em silêncio, por mais que eu odiasse a forma enigmática que Dean gostava de tratar as coisas, era complicado tentar entrar em sua mente e descobrir o que estava pensando e o que sabia, Dean sempre estava dois passos a frente de todos nós, até mesmo de Carl, que sempre se mostrou mais esperto e inteligente. Voltamos para sala, Carl e Tanaka estavam rindo de uma piada que Cauis contava para eles, Fish continuava na chaise com uma garrafa de Heineken ao lado, ele parecia mesmo muito irritado comigo, afinal, quase o fiz ser preso. Já Sery estava com a taça de vinho na mão encostada na parede ao lado da janela olhando para fora.
Dean se sentou novamente em sua poltrona de estimação, seu olhar de satisfação em nos ter ali era visível mesmo. Caminhei até os meninos e me coloquei ao lado de Tanaka, eles estavam mesmo se controlando nos risos.
— Foi uma boa história. — disse Carl recuperando o fôlego — E você, LT? Alguma história a nos contar?
— Não, nenhuma tão engraçada como a de Caius — olhei com tranquilidade para ele.
— Soube que conseguiu escolher um álibi. — comentou Tanaka. — Caius nos contou.
— Contou? — agora estava curiosa sobre o que Cauis tinha contado a eles.
— Ser fotógrafa foi uma boa ideia. — Tanaka continuou. — Devo presumir que está encantada por isso.
— Ah, sim, é uma bela e proveitosa profissão. — sorri de leve. — Não tão ostentadora como um colecionador, não é mesmo Caius?
— Verdade. — ele riu. — Colecionar é uma arte maravilhosa, todos aqueles leilões recheados de preciosidades.
— Por isso Dean nunca me mandou para algum. — eu ri desviando meu olhar para Dean. — Você é mesmo muito esperto em ter se especializado em uma coisa só.
— O mais sábio de todos — Carl desviou seu olhar para Caius.
— Sim, acho que fui mesmo. — ele riu. — E vocês dois? — Caius olhou para Carl. — O que realmente fazem em Tóquio?
— Trabalhamos com um vasto sistema de roubos de informações. — explicou Tanaka se espreguiçando um pouco. — Temos muitas famílias da máfia como clientes.
— Hum, está com sono, ou sentindo o fuso horário? — brinquei com ele, por bocejar algumas vezes.
— Com certeza é o fuso horário, não estou conseguindo dormir bem desde que cheguei aqui.
— E por falar em chegar, aquela francesinha está demorando demais.
— Daqui a pouco ela aparece com alguma desculpa. — comentei dando de ombros. — Eu sou a favorita, mas ela é quem sempre causa tumulto.
Ele riram do meu comentário, mas ela era realmente assim, passamos alguns minutos a mais conversando sobre os roubos louco que fazíamos, até que a governata adentrou a sala avisando que a última pessoa havia chegado. Dean se levantou e foi até a porta, um bom “pai” sempre recebe bem sua família. Assim que ele abriu, ela entrou com toda soberba que tinha dentro de si, para mim ela era a prodígia mais repulsiva que Dean tinha, e sempre fomos inimigas declaradas.
Qual a diferença entre a francesinha e Sery? Sery era extremamente sincera e verdadeira, enquanto ela te derruba pelas costas como uma cobra. Assim que Dean fechou a porta e a governanta recolheu suas coisas para guardar, ela nos olhos um a um, permanecendo mais tempo em mim.
—
Bonsoir. — disse com aquele sotaque francês ridículo dela. — Desculpem a demora, família.
— O que importa é que chegou — disse Sery não demonstrando nenhum interesse.
— Antes tarde do que nunca, não é mesmo? — Dean sorriu de canto lançando um olhar para mim. — O que importa é que estamos todos reunidos agora e que Louise também é muito bem-vinda em nossa casa.
Aquelas últimas palavras era minha deixa para ligar os pontos, conhecendo aquele olhar de Dean para mim como conheço, e suas palavras enigmáticas no escritório, de alguma forma louca e estranha eu estava começando a associar Louise ao agente Cedric. Será isso que Dean estava para me contar?
“You can call me monster.”
– Monster / EXO
Capítulo 22
Cedric
Era de se esperar que eu fosse embargado de todos os modos possíveis, além das férias forçadas eu não poderia nem mesmo viajar. Já estava cansativo e óbvio todo aquele esquema da Interpol de me deixar longe do trabalho, ainda mais sabendo que as ordens era de um dos diretores mais graduados. Bufei um pouco ao desligar o telefone, era minha quinta tentativa de comprar uma passagem aérea para Manhattan, se eu soubesse que iria para lá, teria pedido ajuda para Louise me camuflar em seu voo.
— Não acredito que vou perder essa oportunidade. — disse num tom raivoso. — Ah, , eu vou pegar você, nem que isso custe meu emprego.
Estava mais que determinado a prender não só todos os seis prodígios, como também a pessoa responsável por eles. Me sentei na cadeira e fiquei analisando as fotos que estavam espalhadas sobre a mesa, a cada foto, minha certeza só aumentava sobre ser Cassie, respirei fundo, não poderia de deixar ficar obcecado por isso. Logo uma mensagem chegou ao meu celular, era de Peter, avisando que alguns arquivos tinham sido enviados para mim.
Peguei o notebook e entrei no e-mail, era toda a relação de viagens que tinha feito nos últimos quatro meses, além de algumas imagens de vídeo de câmera de segurança. Para todos eu estava fora da jogada, porém, Peter era um ótimo hacker e conseguia muitas informações de fora da Interpol para mim, sem muita dificuldade. Já que eu não poderia sair por enquanto, eu iria reunir minhas provas contra ela, da forma que poderia.
— Sim — disse ao atender a ligação.
— Você deve estar cansado de ver minhas ligações — brincou Peter.
— Para dizer a verdade, estou adorando. — eu ri. — A cada ligação você me traz novidades quentes.
— Bem, isso é um fato — ele riu junto.
— E o que me traz agora? — respirei fundo tentando não ficar ansioso. — Me diz que é algo bom.
— Não sei se é bom, mas descobri uma passagem comprada em nome de para Singapura.
— Será que seu próximo roubo será lá? — presumi de imediato.
— Não sei, mas a viagem está marcada para daqui dois dias — Respondeu ele.
— De qualquer forma, continue monitorando os passos dela. — pensei por um momento. — Monitore também os passos do seu noivo e do irmão Siwon, eles me pareceram muito suspeitos.
— Já estou fazendo isso, descobri que Siwon pediu transferência para estagiar no Lenox Hill Hospital, me parece um pouco suspeito, já que tem moradia na cidade.
— Ainda me pergunto se tem algo a mais na relação deles, que somente de cunhados.
— Quer saber a novidade principal? — ele riu do outro lado.
— Diga.
— Por coincidência, descobri que Siwon conheceu na universidade de Harvard, eles namoraram por um tempo — disse entre risos.
— E posso saber como soube disso?
— Me lembrei dele assim que vi sua foto, éramos colegas de fraternidade, Siwon era bem popular na universidade.
— Mundo pequeno — sibilei um pouco ao pensar que Siwon e se conheciam a tempos.
— Não lembro porque ambos terminaram, mas me lembro dele com uma garota parecida com ela.
— Me pergunto agora se foi somente um golpe de sorte ela conhecer , ou já foi premeditado, já que agora ela teria uma família para ser seu álibi.
— É algo a se pensar, estarei reunindo as informações novas e te mandarei em alguns minutos.
— Vou aguardar. — suspirei fraco. — Só mais uma pergunta, como anda os arquivos dos prodígios no sistema da agência?
— Como da última vez, tudo bloqueado. — ele riu. — Todos os acessos estão sendo permitidos somente para pessoas autorizadas, isso me dá uma depressão.
— Mas você consegue entrar, não consegue?
— Tentei recentemente, são cinco senhas e duas contrassenhas só para começar, para conseguir hackear, talvez eu devesse tentar acessar de um lugar mais elevado.
— Está falando em invadir a sala dos graduados?
— Bem, eu nunca consegui ir até o topo desse prédio, talvez a vista da sala deles seja mais inspiradora — brincou ele.
— Só toma cuidado, eu prometi à sua mãe que não te deixaria entrar em encrencas — o adverti.
— E olha a encrenca que você me meteu, Interpol — ele riu de leve.
— Estarei torcendo para que consiga as informações que precisamos. — eu ri junto. — Antes que me esqueça, assim que conseguir meus documentos de disfarce, me avise, se não posso ir para Manhattan, vou antecipar a jogada dela.
— O que pretende fazer?
— Vou para Singapura.
Desliguei meu celular e voltei minha atenção para o notebook, estava sabendo de mais coisas que poderiam me ajudar no futuro. Me espreguicei da cadeira e voltei a atenção para os arquivos que chegavam para mim, passei o dia concentrado em analisar todos os vídeos, até que ao anoitecer senti uma necessidade de sair daquele apartamento. Me troquei, colocando uma roupa casual e sai sem direção pela rua, parei em frente a um pub modesto e pequeno, não seria uma má ideia tomar algo, precisava esfriar a mente e relaxar um pouco.
— Uma Heineken, por favor — disse ao barman ao sentar na banqueta.
— Um momento — o barman pegou a garrafa e colocou em cima da bancada.
— Duas. — disse um homem ao sentar ao meu lado, fazendo o barman colocar outra garrafa na bancada. — Noite quente.
— Um pouco. — desviei meu olhar para o lado. — Siwon?
— Por que a surpresa? — ele riu de leve após tomar o primeiro gole. — Paris é uma cidade de encontros e desencontros.
— Verdade, mas não imaginava que frequentasse lugares assim.
— Irmão errado. — ele riu. — Não sou o bom moço da família.
— Nem o bom moço e nem o comprometido. — comentei pegando minha garrafa e tomando um gole. — Isso me deixa curioso.
— O que o deixa curioso? — perguntou ele.
— Como sua ex-namorada virou noiva do seu irmão — fui direto ao ponto.
— Está sabendo muito sobre mim. — brincou ele. — Vai me acusar de algo agora?
— Não. — ri novamente. — Ossos do ofício, não consigo evitar.
— Sei.
— Siwon, quanto tempo — disse uma mulher de azul ao se aproximar de nós.
— Barbie. — ele sorriu para a garota. — Sim, muito tempo.
— Ainda sabe dançar? — perguntou ela.
— Claro. — ele riu e olhou para mim. — Como eu disse, não sou o bom moço.
Ele piscou de leve e se afastou com a mulher, suas palavras soaram forte como se fosse um enigma, eu poderia imaginar naquele momento, que ele soubesse da vida criminosa de .
Não era a primeira vez que ela me usaria como álibi em seus roubos, não sabia se seria a última, mas estava ansioso para, quem sabe, ajudá-la, além de curioso para saber o que seria seu novo objeto de desejo. Dei uma olhada rápida nas informações que ela tinha me enviado, para minha surpresa, não era muita coisa, claro que a perfeccionista Little Thief jamais contaria seu plano completo.
— Você é uma caixinha de segredos, . — sussurrei ao conferir o número do container que ela queria. — Vejamos, eu vou ou não te ajudar?
Ri baixo enquanto pensava que aquela resposta era meio óbvia, abri os arquivos da empresa e avaliei superficialmente a planta do porto, para nossa sorte, o suposto container estava em um lugar de fácil acesso, bem ao lado da linha de divisão dos blocos, acho que era proposital aquele pedido de ajuda.
— Filho — disse meu pai ao entrar no meu quarto.
— Sim? — o olhei tranquilamente.
— Está tudo bem entre você e a ? — aquela pergunta tinha me pegado.
— Por que a pergunta?
— Sei que ela ficou desconfortável pelo que eu e sua mãe falamos… — ele encostou na porta me olhando sério.
— Ah, aquela coisa de casamento e filhos. — eu ri rapidamente. — Está tudo bem, ela sabe que é preocupação de pais.
— Mas estávamos sendo honestos sobre isso.
— Eu também, não haverá casamento. — respirei fundo. — Não agora.
— Mais uma pergunta, por que quer ir para Singapura?
— Bem, estou à frente da empresa agora, preciso conhecer todas as filiais — era uma boa desculpa.
— Estou orgulhoso por ter voltado, principalmente por estar em meu lugar.
— Eu queria viver minha vida independente por um tempo, assim aprenderia a ter responsabilidade como um adulto. — o olhei. — Isso me ajudou a voltar e assumir seu lugar.
— No início, não conseguia ver sua ideia de sair de casa com bons olhos. — ele riu. — Mas ouvindo os motivos agora, estou feliz por ter tomado essa decisão.
— Obrigado, pai.
— Espero que tenha uma boa viagem.
Assim que meu pai saiu do quarto, soltei um suspiro de alívio, me levantei da cadeira e caminhei até o banheiro, já estava de noite e não tinha visto a hora passar, tomei uma bucha quente para relaxar meu corpo, assim que voltei para o quarto vestido somente com minha calça do pijama, Siwon estava na porta do meu quarto:
— Interessante, é assim que que você fica com sua noiva presente? — ele riu fechando a porta.
— Ciúmes? — eu ri junto. — Não deveria, a noiva é minha.
— Engraçadinho — ele fez uma careta e sentou em minha cama.
— O que faz em casa? Você não ia sair? — perguntei sem entender o que ele fazia em casa.
— Querido irmão, já viu que horas são? — ele riu. — São quase onze da noite.
— Não vi a hora passar. — ri junto. — Mas o que te trás no meu quarto?
— Adivinha em quem eu esbarrei no pub?
— Se você disser que foi com a …
— Não. — ele riu. — Foi com o amiguinho agente dela.
— Deveríamos ficar preocupados?
— Talvez. — ele tomou seu corpo deitando na cama. — Ele sabe sobre meu namoro com a .
— Agentes, aposto que ele já levantou a ficha da nossa família.
— Ou pelo menos de nós dois. — ele suspirou. — Gostaria de saber o que mais ele sabe sobre nós, sorte a minha que apresentei ela com o nome original.
— O que tem?
— Imagina se eu tivesse falado que ela era a Cassie na universidade? — ele ergueu o corpo novamente e me olhou. — Ele iria ligar os pontos agora.
— Dean não deixaria. — mesmo não querendo eu estava me preocupando além do normal. — Já que ela é a preferida dele.
— Também espero que ele faça algo.
“O mundo tem medo de mim, sou o homem intocável
Mas, no final, você não pode me rejeitar,
Você vai se esconder e roubar olhares meus.”
– Monster / EXO
Capítulo 23
Enfim estávamos todos reunidos, os Sete Prodígios. Tentei disfarçar meus olhares para Dean, que sempre sorria, porém sempre mantendo minha atenção na conversa de Tanaka e Caius. Louise deu alguns passos até Carl, ambos tinham um romance assumido desde nossos tempos de aprendizes, me perguntava como ela, falsa como era, conseguia ter sentimentos verdadeiros por alguém.
— Pensei que os dois já tinham terminado — comentou Caius, desviando seu olhar para o casal.
— Nem entendo como começaram. — segurei o riso. — Louise só pensa nela própria.
— Acreditem ou não, ambos estão mais firmes do que imaginam. — Tanaka riu. — Ela nos ajudou a pouco tempo com um trabalho.
— Sério? Então a miss hacker está na ativa? — por aquela eu não esperava.
— Como hacker, não sei, mas precisávamos invadir o sistema de segurança sul-coreano, ela conseguiu sem esforço.
— Louise sempre se interessou por esse assunto, sempre querendo aprender mais com o Dean sobre programação e coisas do tipo — Caius tomou um copo de whisky que estava em seu copo.
— Hum.
Mesmo não gostando dela, tinha que admitir que Louise era a melhor hacker que conhecia, superado até mesmo nosso mestre Dean. Era útil conhecer essas coisas, ainda mais quando se consegue invadir o banco de informações do governo de algum país. As peças estavam mesmo começando a se encaixar em minha mente, Será que Louise teria tido acesso a informações da Interpol?
— Então irmãos, andei com saudades — disse Louise ao se aproximar de nós.
— Digo o mesmo. — Tanaka sempre gentil. — Mas não faz muito tempo que nos vimos.
— Sim. — concordou ela. — Foi bom trabalhar com você e o Carl.
— Poderia se fixar em nossa parceria. — Carl a abraçou por trás envolvendo seus braços na cintura dela. — Seria proveitoso para todos.
— Eu não vejo problema algum. — Tanaka sorriu. — Você poderia conseguir boas informações para nós de forma mais objetiva.
— Quantos servidores vocês querem que eu invada? — perguntou ela rindo — Não sou um robô.
— Mas é a melhor no que faz. — elogiou Carl. — Nesse quesito, nem mesmo a preferida consegue te superar.
— Cada um com sua área de especialização — senti a indireta dele.
— Verdade. — Louise desviou seu olhar para meus sapatos e depois para meu rosto. — Eu jamais conseguiria realizar com perfeição roubos complexos como ela.
— Agradeço por admitir a realidade. — dei um sorriso meio falso. — Gostou dos meus sapatos? Vejo que está olhando tanto para eles.
— São mesmo muito bonitos, agora entendo seu amor por sapatos. — comentou ela. — Roubou de algum lugar?
— Para surpresa de todos, este foi um presente — respondi.
— Hum, anda ganhando presentes do papai? — Sery me olhou com amargura.
— Não. — Dean se levantou ao ver a governanta no corredor. — Foi de um admirador dela.
— Olha, LT com admiradores. — Tanaka brincou. — Vai roubar o coração do da pessoa também? Ou já roubou?
— É uma pergunta ou uma encomenda? — eu ri ao brincar de volta. — Brincadeira, digamos que essa pessoa não é tão significativa para mim.
— Verdade, seu coração pertence a um certo Cronos — Cauis concordou comigo, ele não sabia nada sobre os irmãos Cho.
— Eu invejo vocês. — Fish se levantou. — Todos tem um foco, eu nem consigo saber qual é minha especialidade.
— Pequeno peixe, um dia você consegue se descobrir — disse Louise fazendo todos rirem.
— Cuidado para não se descobrir demais — brincou Carl.
— Desagradável, você. — Fish fechou a cara. — Que tal eu me especializar no seu ramo e te deixar sem clientes?
— Que isso, Fish, você consegue ser melhor que isso. — Sery o olhou. — Roubo de informações é tão…
— Ei, acha mesmo que roubar jóias consegue ser melhor que nosso ramo? — Tanaka a olhou sério. — O que seria do mundo sem informações, querida?
— Gente, vocês vão mesmo brigar? — Louise ri. — Assim nosso pai nos coloca de castigo.
— Tenho que concordar. — eu ri junto. — E para encerrar a discussão, eu posso roubar tudo que vocês roubam com perfeição.
— Exceto quando o assunto é hackear uma senha — retrucou Louise, sempre querendo ser melhor que eu.
— Não me subestime, afinal, todos evoluímos — a olhei com ar de superioridade.
— Uhlll, garotas, não precisam disso. — Tanaka sorriu de leve e me deu um beijo no rosto. — Mas você realmente é a melhor.
— Cada um com sua opinião — Carl virou Louise e a beijou.
— Tanaka só disse a verdade — retruquei, não dando importância ao beijo deles.
— Ah, parem com isso. — Sery fez careta. — Você dois me dão enjoo.
— Isso tudo é inveja? — Louise a olhou.
— Há, o Carl nem é tudo isso — sery colocou a taça vazia na mesa de centro.
— É porque nunca provou — Carl riu dela.
— Você não faz meu tipo. — Sery deu de ombros desviando seu olhar para o corredor. — Olha, o papai voltou.
— Crianças, vamos nos reunir à mesa, o jantar está pronto — anunciou Dean ao voltar da cozinha.
Seguimos até corredor até a sala de jantar, nos sentamos todos em volta da grande mesa redonda, Dean de sentou ao meu lado direito e Tanaka do outro. O cardápio era especial, comida mediterrânea, a favorita de Dean, comemos muito bem e o sabor estava maravilhoso.
— Ah, me esqueci de como a Carmem cozinha bem. — comentou Fish. — Estava sentindo falta disso.
— Só voltou pela comida? — brincou Carl.
— Você está muito chato hoje. — reclamou Sery. — Deixa ele ser feliz, e não disse nada de errado, Dean tem a melhor cozinheira do mundo.
— Você defendendo tanto o Fish, devemos acreditar em algo além da amizade? — insinuou Louise com um sorriso debochado.
— Para você tudo tem sempre segundas intenções — retrucou Sery de imediato.
— Não liga, Sery. — Fish sorriu de canto e voltou sua atenção para o prato.
— Acho que até disso eu sentia falta. — comentou Caius. — As alfinetadas.
— Verdade. — Tanaka riu desviando seu olhar de mim. — Você é quem não deve sentir falta daqui.
— Engano seu. — eu o olhei. — Não venho aqui com muita frequência.
— Não vem porque não quer — retrucou Dean.
— Não venho porque não tenho tempo — retruquei novamente.
— Não importa, vamos apreciar este momento. — Dean deu de ombros desviando sua atenção para Sery. — Não fiquei tão mal-humorada assim, você é bonita demais para isso.
— Estou de TPM — explicou ela.
— Te entendo. — a olhei segurando o riso — Quando tenho isso, sinto que vou matar alguém.
— Mulheres e seus momentos de explosão. — brincou Tanaka nos fazendo rir.
Terminamos o jantar saboreando a sobremesa especial, creme brulée de chocolate com framboesa, feita pelo próprio Dean. Esse era um de seus álibis e maior paixão, gastronomia, em especial a francesa. Estava realmente muito saboroso, ele tinha o dom para culinária, principalmente na parte de confeitaria, Dean tinha uma linha de restaurantes, que ajudava a reforçar ainda mais seu disfarce.
— Nunca comi algo tão maravilhoso como isso — comentou Fish ao terminar pela terceira vez mais uma porção da sobremesa.
— Você realmente se superou, papai. — disse Louise ao se levantar. — Este creme brulee estava impecável.
— Quando se trata de gastronomia ninguém o vence. — brincou Caius num tom meio sério — Dean é fascinado por isso.
— Agradeço os elogios — Dean estava mesmo feliz pelo sucesso tanto do jantar quanto da sobremesa.
— Estava mesmo muito bom, Dean. — concordei. — Melhor que da última vez que comi.
— Você já comeu? — Tanaka me olhou. — Não disse que estava afastada daqui?
— E estou, mas ele enviou para minha casa. — eu ri. — Queria que eu provasse para avaliar, era sua décima tentativa.
— Como assim? — Fish o olhou — Como tem coragem de fazer só para ela?
— Não reclame, garoto, vocês estavam afastados de mim. — Dean riu. — Seus quartos estão arrumados para que passem a noite aqui.
— Como nos velhos tempos, dormindo na casa do papai — comentou Louise.
— É para dormir cada um no seu quarto. — reclamou Sery. — Não quero acordar com os gritos do quarto ao lado.
— Hum, está mesmo muito invejosa hoje — sibilou Louise ao segurar na mão de Carl.
— Deixe ela, está assim porque não é tão atraente assim.
— Ha… Ha… — ela deu de ombros. — Como se eu precisasse mesmo.
— Por que não voltamos para a sala, ainda temos muita noite pela frente — disse Dean seguindo para o corredor.
Nós o seguimos novamente, ficamos mais algumas horas entre risos e conversas, um pouco divididos, mas sempre entrávamos nas conversas um do outro. Fish ficou perto da chaise com Sery, eles conversavam sobre uma viagem que ela tinha feito em Dubai. Eu, Tanaka e Cauis começamos a falar sobre alguns dos serviços mais difíceis que fizemos nos últimos meses. Louise e Carl ficaram num canto da sala trocando carícias e risos, de certo estavam debochando de alguns de nós, quando o assunto era ridicularizar alguém, o casal ganhava de certo, seus alvos eram sempre eu e Fish, por sermos os mais novos.
Já Dean estava sentado em sua poltrona nos observando, seus olhos orgulhosos em nos ver reunidos, ele estava feliz, mas ainda tinha algo nele que o preocupava. De certo era o que ele estava para me contar, nossa conversa no escritório tinha que se finalizar de algum modo. Assim que todos se recolheram para seus quartos, ouvi algumas batidas na porta do meu, já imaginava quem seria.
— Fiquei com receio que estivesse dormindo — disse Dean ao entrar.
— Não conseguiria, com tantas teorias da conspiração martelando em minha mente. — fechei a porta de imediato e o olhei. — Não acha que alguém possa nos ouvir?
— Não se preocupe, seu quarto foi projetado de forma especial, parede acústicas estão em sua volta.
— Hum, gostaria de saber por que eu sempre sou a mais privilegiada. — sorri suavemente.
— Porque você é a mais leal de todos.
— Isso é verdade. — concordei. — Mas não foi para falar de mim que veio.
— Sim, não foi.
— Então, o que tinha para me contar? — perguntei tentando controlar minha curiosidade.
— Descobri recentemente, por um dos meus informantes, que nossa querida Louise anda fazendo amizades com pessoas interessantes. — iniciou ele com sua mania enigmática de conversar. — Sabe que nada passa sem que eu saiba.
— Sei, sempre soube que não era a única que você mantinha vigilância.
— Nunca deixei de acompanhar os passos de todos, principalmente os que se desgarraram.
— Vamos direto ao ponto, odeio seus rodeios — bufei.
— Louise mantém um relacionamento com nosso agente de estimação.
— Cedric? — por essa eu realmente não esperava, não essa ligação tão íntima. — Mas ele me disse que estava solteiro.
— Chegou a ter este tipo de conversa com ele?
— Foi em um momento de deboche de minha parte.
— Ele mentiu para você, minha LT.
— Se Louise está com ele, não temos o que temer então, ela pode monitorar tudo de perto.
— Não é tão perfeito quanto imagina. — ele sorriu de canto. — Nossa querida Louise é a parte desleal da família.
— Como? — sentei em minha cama meio chocada com as palavras dele.
— Eu ainda não tinha parado para analisar novamente os arquivos que a Interpol tem sobre os prodígios. — ele encostou de leve na janela e cruzou os braços. — Foi há alguns meses que descobri que todas as informações sobre Louise tinham sido deletadas, sem direito a backup.
— Então é como se ela não fosse um prodígio? — estava começando a entender o raciocínio dele.
— No lugar da própria ficha, ela colocou as informações sobre você, foi muita sorte eu ver isso antes daquele agente. — ele suspirou um pouco. — Louise fez algo tão bem feito, que o sistema me impediu de colocar o nome dela no lugar do seu novamente, assim, tive que colocar a Cassie em ação.
— Por isso Cedric me chamou de Cassie, tinha meus dados, porém o nome errado. — respirei um pouco mais aliviada. — Obrigada, Dean.
— Sempre vou proteger quem é leal a mim. — ele piscou de leve. — Isso me deixou irado, eu fiz de tudo para que nenhum registro sobre você aparecesse, sua ficha estava limpa até ela alterar tudo.
— Não entendo, sabendo disso tudo, você ainda a convidou para voltar? — era confuso.
— Mantenha os amigos perto e os inimigos mais perto ainda.
— Então você tem um plano?
— Sim. — ele sorriu. — Louise se aproximou desse agente para acompanhar as investigações dele, se ela foi capaz de tirar o nome dela da lista, certamente é capaz de ajudá-lo indiretamente a nos prender.
— Faz sentido, com todos fora do caminho, a princesinha francesa reinará sozinha — conclui.
— Não desta vez, o aprendiz não irá superar o mestre.
— E qual é a sua jogada, papai? — o olhei tranquilamente.
— Vou virar o feitiço contra a feiticeira. — ele riu um pouco. — De alguma forma, farei nosso querido agente descobrir quem é Louise.
— Não vai adiantar muito ele saber que Louise é um prodígio, só vai aumentar o número de pessoas na lista dele — retruquei não muito convencida que daria certo.
— E quem disse que eu quero que ele saiba que são sete? — o olhar de Dean estava sereno porém com uma ponta de brilho incomum.
— E o que pretende fazer?
— Como eu disse, sempre protejo quem é leal a mim. — ele ergueu seu corpo mantendo seu olhar fixo em mim. — Farei ele acreditar que Louise é a Cassie.
Agora, aquela notícia estava me agradando.
“Agora, todos estão olhando para nós com pipoca na boca
Esperando para ver o que vai acontecer com nós dois.”
– Lotto / EXO
Capítulo 24
A noite passou lentamente, certamente porque não consegui dormir, a história de Louise e Cedric estava martelando em minha mente, ao mesmo tempo que senti alívio pela solução que Dean estava armando para limpar minha ficha, estava com uma raiva enorme de Louise. Infelizmente, não podia remoer aquela história por muito tempo, ainda tinha um roubo para efetuar com precisão.
— Bom dia — disse descendo as escadas, após sair do quarto.
— Bom dia. — Dean estava voltando da cozinha acompanhado de Sery. — Acordou cedo, está com fome?
— Um pouco. — desviei meu olhar para ela que estava com um copo de suco na mão. — Bom dia, Sery.
— Bom dia — sem se importar com minha presença, ela passou por mim e subiu as escadas.
— O que ela tem?
— Nada. — Dean riu. — Ela vai ficar aqui em Manhattan por alguns dias a mais.
— Só ela?
— Não, Fish também ficará. — seu olhar estava tranquilo como sempre. — Acho que ambos precisam trabalhar juntos para aperfeiçoar suas habilidades, e farão isso com minha supervisão.
— Desde quando Fish tem alguma habilidade? — deveria ter saído como uma brincadeira, mas meu tom era irônico.
— Não diga isso, ele só não sabe o que quer, mas vou ajuda-lo. — ele respirou fundo. — Quanto a Sery, ela precisa ser mais paciente e delicada.
— Acho que vou voltar para casa — sibilei um pouco.
— Não antes do café — Dean pegou em minha mão e me puxou para a cozinha.
— Tem como dizer não?
— Não — ele riu.
Não mesmo, se tratando de café da manhã, Dean preparava muito bem, principalmente aquelas tortas doces. Se eu ainda morasse com ele, morreria de overdose de glicose. Após terminar o café, peguei minhas coisas, entrei na minha Mercedes e, antes de arrancar o carro, Dean me disse para tomar cuidado. Mesmo com todos seus planos para me manter no anonimato, ainda tínhamos Louise na jogada e prevenção nunca é demais.
Assim que cheguei em casa, troquei de roupa colocando algo mais leve, coloquei a coleira de passeio em Cronos e saí para um volta matinal. Era complicado passear com ele, por causa do meu trabalho, sempre estava fora, então em momentos oportunos sempre mimava um pouco ele. O condomínio onde eu morava era tranquilo, tinha até uma pequena praça, onde os moradores se exercitavam ao ar livre, soltei Cronos e fiquei jogando disco para ele, um cachorro daquele porte tinha que se exercitar muito.
Quando voltamos para casa, tomei uma ducha relaxante e vesti meu conjunto de moletom habitual, voltei para a cozinha e preparei algo para almoçar, tanto eu, como ele estávamos famintos, caminhei até a sala de TV e me joguei no sofá, com a companhia de Cronos, seria um dia de folga fazendo maratonas de filmes de Johnny Depp, enrolada nas cobertas. Caí no sono na metade do terceiro filme, mesmo aqueles dias em casa, não serviram para descansar meu corpo, acho que era psicológico, sempre que tinha um novo trabalho, sentia meu corpo mais pesado e cansado.
Quando acordei, já estava escuro, no meu celular, algumas mensagens de Dean com as informações finais que eu precisava sobre o container. Eu odiava quando ele enviava os arquivos em partes, era sempre uma novidade em forma de dificuldade, que me fazia querer esganar ele. Passei algumas horas ajeitando o planejamento do roubo, memorizando as fases e analisando todos os detalhes, mesmo sendo a melhor e meus planos dando sempre certo, eu sempre tinha um plano alternativo em mente. Em meus anos como aprendiz, Dean sempre me dizia que a prevenção é o melhor plano para quem estava naquela profissão.
— Senhorita LT — disse Stef ao entrar no meu escritório.
— Ah, Stef, está aqui ainda? — estava surpresa por ver ela ali.
— Estava esperando a senhorita acordar. — ela olhou para o lado, era Cronos se sentado na porta. — Preciso saber se posso levar Cronos hoje ou não.
— Não. — olhei para Cronos e sorri o chamando com a mão. — Hoje estarei em casa, Cronos dormirá comigo, mas amanhã terei que viajar cedo, então não demore para chegar aqui.
— Estarei bem cedo aqui — ela sorriu de forma delicada e se retirou.
— Então, meu amor… — acariciei o alto da cabeça dele — Terei que te deixar de novo, culpa do malvado do Dean.
Cronos latiu para mim, como se estivesse reclamando, sorri de novo para ele e o abracei, era bom receber o carinho dele. Me afastei um pouco e voltei minha atenção ao monitor, ele se deitou ao meu lado, sabia que eu ainda tinha muito que trabalhar. Como tinha dormido a tarde toda, minha noite e madrugada foi em claro, logo pela manhã, como prometido, Stef chegou cedo. Arrumei minha mala, não levaria muita coisa, peguei minha bolsa e assim que o táxi chegou, me despedi de Cronos.
— Para o aeroporto, por favor — disse assim que entrei.
— Sim, senhora — para minha surpresa era uma mulher no volante.
Era legal quando eu pegava um táxi com uma mulher, ela sempre tinha uma história para contar, casos de passageiros, aquilo me fazia parecer normal, já que minha vida era um tanto diferente. Ao chegar, me sentei em um sofá na sala de embarque, tinha um homem dormindo do meu lado, aproveitei e peguei o celular dele, mandei uma mensagem a Dean, avisando que estava para embarcar, apaguei os vestígios do meu envio e coloquei o celular no bolso do homem novamente.
Após mais de vinte e três horas de voo, finalmente desembarquei no aeroporto Internacional de Changi, em Singapura. Dean tinha contratado uma guia para me ajudar a locomover pela cidade no primeiro dia, assim eu iria memorizar todos os pontos que precisasse; era uma estudante do ensino médio, simples e um pouco falante, imagino como ele tinha encontrado ela para me guiar.
— Chegamos. — disse ela assim que o motorista parou o carro. — O hotel onde a senhorita vai ficar hospedada.
— Interessante. — olhei para a fachada o hotel, era bonita e muito bem projetada, parecia um daqueles cinco estrelas. — Agradeço por ter me mostrado tudo que eu precisava.
— Não precisa agradecer, senhorita. — a garota sorriu. — Se precisar de algo a mais, tem meu número.
Assenti de leve com a face e saí do carro, logo um funcionário do hotel veio até o táxi e retirou minha mala.
— Senhorita ? — perguntou ele para confirmar.
— Sim.
— Senha
LT?
— Sim — sorri de canto, certamente ele era um contato do Dean.
— Seu quarto já está reservado, siga-me, por favor.
— Agradeço.
O segui pelo saguão, entrei no elevador tranquilamente de costas para a porta, pouco antes da porta se fechar, vi de relance no espelho do elevador, um rosto conhecido. Fiquei imaginando se realmente era quem eu pensava que era, respirei fundo, tinha que começar a me concentrar para meu serviço. Assim que fechei a porta do meu quarto, retirei da bolsa o celular que tinha pegado discretamente da senhora que sentou ao meu lado no avião. Liguei para Dean, tinha que repassar algumas coisas.
— D na linha. — disse ele ao atender.
—
LT falando, cheguei no hotel — me sentei no beiral da janela olhando a vista da cidade.
— Você não sabe mesmo ter seu próprio telefone? — brincou ele. — Sempre me perco quando aparece um número desconhecido.
— Já deveria estar acostumado, ter um celular é muito comprometedor — expliquei não dando atenção para suas reclamações.
— Já que está bem instalada, queira saber que seu noivo desembarcou poucas horas antes de você.
— Então era mesmo ele — sussurrei para mim.
— Você já o viu?
— Foi de relance, achei que pudesse não ser ele, mas como pedi sua ajuda… — sibilei um pouco.
— Isso explica então, ele vai te ajudar. — ele riu. — Está tudo pronto?
— Sim, assim que for concluído, te ligo.
— Tenha cuidado.
— Pare de me dizer isso sempre, sei que está preocupado, mas onde está seu otimismo?
— Está na minha vingança.
— Dean, quero morrer sua amiga — eu ri um pouco.
— Não precisa ser minha amiga, apenas seja leal a mim — sua voz estava áspera e forte.
— Sempre serei — desliguei o celular.
Era um fato que aquela descoberta sobre Louise tinha mexido muito com ele, Dean prezava a lealdade acima de qualquer coisa, aquela era a lei suprema dele, ser leal até o fim. Fiquei olhando para o celular por um tempo, apaguei o registro da ligação, retirei sua bateria e joguei as duas partes pela janela, em direções diferentes. Me espreguicei um pouco indo em direção o banheiro, retirei a roupa e tomei um banho de espumas, relaxante e estimulador. Pensei por um momento em descobrir que quarto meu “marido” estava, ri por um tempo, aquela situação entre eu, e Siwon, era um tanto inusitada, porém divertida.
— Ah, , você precisa de um pouco mais de foco, pare de pensar nele — suspirei fraco, será que eu já estava fazendo minha escolha?
Era bom ter Siwon em minha vida novamente, graças a ele, eu tinha Cassie e minha identidade sempre esteve a salvo, até agora, mas por outro lado, tinha , o conheci praticamente da mesma forma que o irmão, porém nosso envolvimento se tornou ainda mais intenso, mais do que eu imaginava. Saí da banheira, tomei uma ducha quente e coloquei uma roupa confortável, peguei meu tablet da bolsa e comecei a redimensionar o tempo que gastaria para cada parte do meu plano, até mesmo para os imprevistos.
Ainda era manhã, tinha que esperar até anoitecer, abri meu e-mail e enviei uma mensagem simbólica para meu “marido”, em minutos ele me enviou uma resposta, não ia dizer onde estava, mas queria alguém para conversar e passar meu tempo.
“Como está o Cronos?”
“Bem, após me ver, ficou mais feliz.”
“Acho que estou doente também, preciso te ver. Kk”
“kkkkkkkkkkkkk….”
“Estou falando sério.”
“Imagino.”
“Não posso dizer.”
“Pediu minha ajuda e nem para me dizer sobre isso.”
“Segundo Dean, cheguei algumas horas depois de você.”
“Então, ele está me vigiando.”
“Somos casados agora, kk”
“Somos?”
“Neste caso sim.”
“Sempre seu álibi.”
“Um dia isso acaba”
“E se eu disser que não quero que acabe?”
“Já imaginava isso”
“.”
“Sim?”
“Onde está agora?”
“Pare de querer saber tudo.”
“Quero mesmo te ver.”
“Eu sei, e você vai, hoje à noite”
Fechei a aba e deixei o tablet na mesa ao lado da janela, liguei para a recepção e pedi um lanche, além de mentalmente, meu físico tinha que estar preparado para minha noite, após comer, deitei na cama, mantendo meu corpo levemente inclinado, acho que dormir um pouco para passar a hora não seria tão ruim assim.
“O mundo tem medo de mim, sou o homem intocável
Mas, no final, você não pode me rejeitar,
Você vai se esconder e roubar olhares meus.”
– Monster / EXO
Capítulo 25
Cedric
Eu estava em Singapura, hospedado em um albergue. Segundo as informações de Peter, ela havia desembarcado poucas horas depois de mim, outra novidade era o nome do seu noivo na lista de passageiros do voo em que eu estava. Sorte a minha que Peter conseguiu identidades falsas, poderia viajar com mais liberdade e sem que meus superiores soubessem. Para todos, eu ainda estava preso em casa, com meu apartamento sendo vigiado constantemente.
— Ah, Cassie, ou melhor, , desta vez você não me escapa — sussurrei para mim enquanto olhava sua foto no meu celular.
Sabia que esta minha obsessão por ela era perigosa, mas tinha certeza que passaria no momento em que eu a prendesse. Me sentei na cadeira ao lado da janela e abri meu notebook, olhei os arquivos que Peter havia me mandado, fiz um backup geral de todas as informações sobre o caso, colocando tudo em um pen-drive e apagando o que estava no HD do notebook. Foi quando meu celular tocou, era uma ligação de Louise, sorri de imediato, ela sempre me ligava para saber se eu estava me alimentando direito.
— Bom dia — disse ao atender.
—
Bom dia, amor. — sua voz continuava doce como sempre. —
Liguei para saber como estava, seu celular estava desligado. — Ah, estava descarregado. — eu não ia contar que estava em Singapura. — E você? Quando volta para casa?
—
Hum, me escalaram para o outro voo, daqui vou para Boston e depois para Sydney.
— Que pena, estava pensando em te fazer um jantar quando retornasse.
—
Você terá oportunidade, só espere por mim.
— Claro que vou, preciso desligar agora.
—
Hum, está se alimentando direito? — Claro que estou, te amo — desliguei o celular antes que ela pudesse me fazer o mesmo interrogatório de sempre.
Era legal vê-la se preocupando comigo, e até mesmo demonstrando um certo ciúmes, mas aquela era minha vida, ter fotos de pessoas espalhadas pela minha casa e estar sempre atento a criminosos como os prodígios. Desliguei o notebook e troquei de roupa, só estava esperando Peter me mandar o endereço do hotel que tinha se hospedado. Assim que que recebi a mensagem, peguei as chaves do carro que tinha alugado e saí do quarto, passei pela recepção tranquilamente e entrei no carro, ficaria em frente ao hotel vigiando ela.
— Sim? — disse ao atender o celular. — O que me trás desta vez, Peter?
— Acabei de fazer um backup com todas as informações que venho juntando sobre a Cassie. — ele suspirou um pouco. — Não posso te enviar, ultimamente tenho sido vigiado, por isso estou montando um dossiê com tudo o que tenho, algumas coisas vou imprimir, e apagar do servidor.
— E? Encontrou algo que ainda não me contou?
— Sim. — ele tossiu um pouco, esperou alguns minutos para terminar de falar. — Davi foi a primeira vítima dela.
— Parece que temos uma testemunha — conclui.
— Sim, acho que ele poderá nos ajudar, soube que ele perdeu muito dinheiro por causa da Cassie.
— Como você fica sabendo dessas coisas?
— Tenho meus contatos.
— Seu hacker, conte a verdade.
— Eu conheço uma garota, que conhece uma garota, que para minha sorte conhece uma garota que já foi namorada dele.
— E?
— Me parece que essa namorada pegou ele a traindo com a nossa querida Cassie, e me parece que nesta mesma noite a Cassie roubou uma fórmula do cofre particular dele.
— Hum, interessante. — mantive minha atenção para a entrada do hotel. — Nossa Cassie é um tanto ousada.
— Consegui levantar algumas informações sobre este Davi, e chegamos a mais uma novidade.
— Surpreenda-me.
— A família dele tem algumas ações na empresa da família dos álibis.
— Não brinca. — um sorriso de satisfação logo apareceu no meu rosto. — Então, ele deve ter esbarrado com a .
— Se esbarrou, eu não sei, mas estou te enviando o endereço dele, acho que você pode fazer contato após vigiar nossa garota.
— Vou, precisamos desta testemunha — quanto mais informações você conseguir, melhor.
— Tomei uma decisão, soube que hoje os graduados terão uma reunião mais tarde, então pensei em dormir na empresa.
— Já disse para tomar cuidado.
— Não se preocupe, sou bom em me esconder. — ele riu. — Como sabe, a partir de agora não poderei te enviar mais nenhuma informação, então tudo que eu descobrir, colocarei no dossiê.
— Tudo bem, só não me deixe às cegas.
— Se eu souber de mais alguma movimentação, mando por código.
— Ok. — respirei fundo desviando meu olhar para o céu, estava começando a escurecer. — Só mais uma coisa.
— Sim?
— Os prodígios? Já saíram de Manhattan?
— Alguns. — ouvi ele digitando alguma coisa do outro lado. — Tanaka pegou um voo para Tóquio, Carl acabou de embarcar para Boston, Sery e Fish foram vistos em uma joalheria da 5ª Avenida, já Cauis, soube que participaria de um leilão de quadros em Madri.
— O que eu não daria para saber quem é o chefe deles. — suspirei fraco. — Queria tanto descobrir isso.
— Tenho certeza que um dos graduados sabem, essa pessoa deve ser muito influente.
— Desta vez eu terei que concordar com sua teoria da conspiração. — tinha mesmo. — Ando pensando que esta pessoa pode, sim, ser da Interpol, mas enquanto não temos provas para chegar nela, continue tentando entrar nos arquivos dos prodígios.
— Com todo prazer — ele riu e desligou o telefone.
— Vamos ver quando você irá atacar, Cassie.
Fiquei mais algumas horas, até que eu a avistei saindo pela porta da entrada, estava vestida com uma calça jeans rasgada e jaqueta preta, seu andar ainda me atraía um pouco, e me fazia acreditar ainda mais que ela era realmente Cassie. Assim que entrou no táxi, liguei o carro, dei a partida e segui o carro da forma mais discreta possível, mantive uma certa distância para não chamar atenção.
Fiquei um pouco surpreso quando o táxi parou em frente à entrada do porto de Singapura. Comecei a pensar no que ela poderia querer ali, ou se era uma simples forma de desviar a atenção se caso estivesse sendo vigiada, é claro que ela não iria deixar de prever essa hipótese, já que me encontrou em alguns lugares de seus roubos.
Desembarcar em Singapura estava sendo um pouco estranho para mim, era minha segunda vez na cidade, a primeira eu só tinha sete anos, era um fato que, mais cedo ou mais tarde, teria que ir na filial do país, mas neste momento era por causa dela. Por que eu estava fazendo isso? Ajudando ela? Sinceramente não sei a resposta, talvez porque eu tenho sentimentos verdadeiros por ela, e mesmo sabendo que seria algo errado ajudá-la, eu queria ajudar.
— ? — disse Mike, o diretor geral da filial de Singapura. — Está tudo bem?
— Hum? — eu o olhei. — Me desculpe, estava pensando em outra coisa.
— Espero que esteja gostando do quarto que reservamos para você.
— Sim, muito confortável, soube que este hotel era o melhor da cidade — comentei, desviando meu olhar para a porta do hotel.
— Ah, cinco estrelas com elogios de muitas celebridades que já se hospedaram aqui.
— Isso é bom — meu coração paralisou por um momento ao ver um rosto entrar.
Naquele momento, eu estava meio fora de órbita e nem conseguia prestar atenção no que Mike falava, estava passando por mim com sua atenção no celular e acompanhada por um funcionário que carregava suas malas. Ela já estava na cidade e no mesmo hotel que eu, minha primeira reação seria ir até ela, meu coração acelerado, mas não faria isso. Assim que ela entrou no elevador, disfarcei meu olhar e fiquei em um lugar que daria para ela me ver, mesmo que de relance, queria que ela soubesse que eu estava lá.
Olhei para o elevador, após a porta se fechar, respirei fundo e voltei minha atenção para Mike, mesmo perdendo tudo o que ele tinha falado, a única coisa que entendi foi sobre uma reunião que teríamos em alguns minutos. O acompanhei até o carro que nos esperava na entrada, o prédio da filial ficava a cinco minutos do porto, quando chegamos, já tinha alguns outros membros da diretoria nos esperando no hall do prédio.
Tomamos um breve café da manhã primeiro, oferecido por Mike, e nos trancamos na sala de reuniões. As primeiras uma hora e meia foram monótonas com eles falando sobre expandir a rota de navegação dos barcos de Singapura e acrescentar mais objetos a nossa lista de transportes terrestres. Homens de negócios e ambiciosos falando na minha cabeça, estava começando a achar que ainda não estava preparado para aquilo, foi quando uma mensagem chegou no meu celular.
“Olá querido, como está seu dia?” Era de , um sorriso apareceu em minha face, fiquei me perguntando se ela tinha me visto mesmo. Hesitei um pouco para responder, mas quando percebi meus dedos já estavam digitando a resposta, acho que era automático reagir a ela.
“Está melhor agora.”
“Sério? O que aconteceu?”
“Você acaba de me salvar de uma reunião chata.”
“Reunião? Olha, você deveria estar atento, os negócios da sua família são mais importantes.”
“Fala como uma sábia esposa. Kkkk”
“Tenho que fazer isso às vezes kkkkkk”
“Como está o Cronos?”
“Bem, após me ver, ficou mais feliz.”
“Acho que estou doente também, preciso te ver. Kk”
“kkkkkkkkkkkkk….”
“Estou falando sério.”
“Imagino.”
“Já está em Singapura?”
“Não posso dizer.”
“Pediu minha ajuda e nem para me dizer sobre isso.”
“Segundo Dean, cheguei algumas horas depois de você.”
“Então, ele está me vigiando.”
“Somos casados agora, kk”
“Somos?”
“Neste caso sim.”
“Sempre seu álibi.”
“Um dia isso acaba”
“E se eu disser que não quero que acabe?”
“Já imaginava isso”
“.”
“Sim?”
“Onde está agora?”
“Pare de querer saber tudo.”
“Quero mesmo te ver.”
“Eu sei, e você vai, hoje à noite”
Fiquei um pouco ansioso por isso, ver ela. Claro que eu jamais mencionaria que já tinha a visto mais cedo, e já imaginava que ela não me falaria nada sobre onde estava hospedada. Comecei a cogitar a ideia de estarmos no mesmo hotel, uma breve coincidência arquitetada por Dean, afinal, já tinha descoberto por Siwon que ele sempre pensava em tudo.
— Então, , o que acha? — perguntou Mike.
— Sobre? — eu não tinha mesmo prestado atenção na reunião.
— Sobre o que conversamos — explicou ele.
— Bem, acho melhor mandarem um relatório com a proposta para mim depois. Por mais que eu esteja à frente da empresa agora, ainda devo satisfações ao meu pai.
— Você tem razão. — concordou ele. — Que tal conhecer nosso espaço no porto? Fica alguns minutos daqui.
— Seria muito bom.
Seri perfeito, já que eu estava ali por causa do porto e para ajudar uma certa
Little Thief, que insistia roubar minha atenção mesmo longe dos meus olhos.
“Agora você quer brincar comigo
Você tem tudo que eu quero
Você foi feita perfeitamente
Amor frio e artificial.”
– Artificial Love / EXO
Capítulo 26
Acordei do meu sono ainda com vontade de dormir mais. Olhei para o lado e peguei meu tablet, já marcava sete da noite, estava na hora de me preparar. Levantei me espreguiçando e troquei de roupa, peguei minha câmera profissional para meu álibi e liguei para a recepção pedindo um táxi. Antes de sair do quarto, mandei uma mensagem a dizendo que estava a alguns passos dele, meio enigmático.
— Senhorita, seu táxi a aguarda — disse o funcionário assim que eu saí do elevador.
— Agradeço, caso tenha algum recado para mim, se certifique que somente você saberá a mensagem — se aquele funcionário era contato direto do Dean, somente ele poderia cuidar dos meus recados.
— Sim, senhorita. — ele me seguiu até o lado de fora do hotel. — Tenho mais uma coisa.
— O quê?
— Um carro do outro lado da rua está parado lá desde alguns minutos após sua chegada.
— Agradeço a informação — assenti olhando disfarçadamente para o carro enquanto entrava no táxi.
Pedi ao motorista para me levar até o porto de Singapura, porém defini que seu trajeto fosse o mais longo e cheio de curvas possível. Se aquele carro estava na porta do hotel por minha causa, eu iria me certificar disso com este trajeto, não poderia interferir no meu trabalho, mas tinha tempo de sobra para brincar um pouco com meu vigilante.
— Será que é meu agente preferido? — perguntei para mim num tom baixo, rindo um pouco. — Bem que poderia ser, mas como ele está viajando? Será que… Bem, devo me concentrar no meu trabalho, deixo o Dean cuidando dele.
Como eu pedi, o motorista foi preciso em sua rota até o porto, e quando eu desci do carro, constatei que estava mesmo sendo vigiada. Respirei fundo, tinha que estar preparada para qualquer eventualidade, me aproximei do segurança que estava no portão principal e pedi algumas informações, dentre elas, qual era o bloco que pertencia a empresa de . Minha desculpa era sempre a mesma, a noiva que estava ali para encontrar seu amado.
— Agradeço, tenho certeza que não vou me perder.
— Se precisar de qualquer informação, sempre terá um segurança por perto — disse o homem robusto que me atendeu.
— Sim — assenti me afastando.
Para minha sorte, estava ali no porto, e pelo que entendi estava fazendo uma pequena visita nas instalações. Me desviei do caminho que o segurança me indicou e segui minha própria rota, já tinha todo meu trajeto em mente e precisava ser rápida. Me desviei de todas as rotas com câmeras, andaria nos pontos cegos do lugar, foi demorado, até que consegui chegar no bloco onde se localizava o meu objeto de desejo.
Meu próximo passo, fazer a troca, e como eu iria fazer isso? Ainda estava planejando, por incrível que pareça, aquela parte do plano ainda não estava formulada e seria no improviso. Ouvi algumas vozes vindo em minha direção, entrei em um corredor estreito entre os containers, estava escuro, ninguém me veria. Eram duas pessoas e pareciam estar conversando sobre um container específico, logo imaginei que pudesse ser meu objeto de desejo.
— Como sabe, este com o número 277 será realocado em alguns minutos, ele deve ser levado para o transporte de imediato — disse um homem com a voz rouca.
— Sim senhor, o responsável já está vindo com o guindaste — disse uma voz meio feminina.
— Lembre-se que a manipulação deve ser com o máximo de cuidado, o cliente dono desse container deixou muitas recomendações.
— Não se preocupe, senhor, nosso funcionário sabe sobre isso.
Eles trocaram mais algumas frases sobre o destino do container. Dubai. Eu teria que ser o mais rápido possível então. Esperei que eles se afastassem e corri até a sala de controle, tinha que descobrir qual era esse funcionário e tomar seu lugar, o lado positivo era conseguir reconhecer o uniforme dos funcionários daquela empresa, minha lição de casa estava feita, não tinha só pesquisado sobre a empresa de . Até aquele momento eu estava me aproveitando dos acessos menos iluminados, porém, ao passar por um container que recebia mais iluminação, senti uma mão segurar meu braço, logo meu corpo congelou, desviando meu olhar para a pessoa, imaginei que seria meu fim.
— Onde vai com tanta pressa, ? — era Cedric, e sua voz estava sinuosa demais.
— Você. — desviei meu olhar para trás e vi o tal funcionário manobrando o guindaste, meu coração certamente parou com aquilo.
— Procurando alguém? Ou alguma coisa? — insistiu ele ainda segurando meu braço.
— E você? — tentei me recompor, mantendo minha voz firme, e agora? Como eu me livraria dele e completaria meu roubo? — O que faz aqui?
— Estou a passeio, um amigo trabalha aqui, vim o convidar para beber um pouco.
— E não o encontrou? — meu olhar estava no funcionário e minha atenção no container, a cada minuto meu desespero interno aumentava.
— Encontrei algo bem melhor — seu olhar para mim foi tão intenso que atraiu o meu.
— E? O quê?
— Você. — seu tom de voz que fez arrepiar, será que ele estava ali para me prender? Será que Louise tinha me delatado? — Você parece um pouco preocupada.
— Impressão sua — tentava não deixar minha voz falhar, desviei meu olhar novamente para o container que estava desaparecendo do meu campo de visão.
— Estou me perguntando o motivo de tanto interesse naquele container — seu olhar continuava em mim.
— O quê? — minha vontade era de matar ele naquela hora, mas tinha que manter meu disfarce. — Mais uma de suas teorias contra mim?
— Não, mas seu olhar parece mesmo preocupado.
— Digamos que estou esperando uma pessoa, e me parece que ela já se foi.— eu tinha um álibi, então o usaria.
— Fala do seu noivo? — seu olhar era mesmo profundo, como se tentasse ler minha mente.
— E quem mais seria? Ele me disse que estaria aqui — assenti de imediato.
— Deve ser difícil para você. — ele desceu seu olhar para minha câmera. — Uma simples fotógrafa, noiva de um homem de negócios.
— Não me envolvo na vida profissional dele, nem ele na minha. — eu se soltei do braço dele. — Acho que você deveria procurar pelo seu amigo.
— E deixar uma dama sozinha, em um lugar tão escuro como esse? — retrucou ele.
— Ela não está sozinha. — disse aquela voz da salvação vinda atrás de mim, logo senti suas mãos na minha cintura, me envolvendo. — Boa noite querida, desculpe a demora. — ele beijou de leve meu pescoço.
— Boa… — não sabia se estava aliviada ou se arrepiava com aquele beijo — noite.
— Agente, a que se deve sua presença aqui? — a voz de estava firme, séria com um tom de soberania, e me deixando desnorteada. — Estou começando a me chatear com suas aproximações casuais, sou um homem muito ciumento.
— Imagino. — Cedric que estava com seu olhar em , desviou para mim. — Com uma noiva como , era de se esperar, fico imaginando como é sua relação com seu irmão, você tem ciúmes dele também?
— Do que está insinuando? — me fiz um pouco de ofendida e segurei a mão de , ele parecia um tanto irritado pelas palavras de Cedric.
— Não me importa o passado dela com Siwon. — ele deslizou seus braços se afastando um pouco de mim e segurou em minha mão. — O que importa é que agora ela é minha, e sempre será. — eu nunca tinha visto ele falar com tanta segurança.
— Estou vendo — Cedric o olhou, parecia acreditar, era novidade.
— Se nos der licença, temos outro lugar para estar.
se afastou, indo em direção ao bloco que pertencia à empresa dele, me puxando junto com ele. Eu me mantive em silêncio, estava tão estática com tudo que tinha acontecido, que quando voltei ao normal, logo a imagem do container invadiu minha mente. Assim que nos afastamos ao máximo de Cedric, tentei me soltar de , voltaria ao meu plano inicial e procuraria o barco que estava com meu objeto de desejo.
— Não — disse me segurando com mais força.
— Me solta — tentei me desprender dele.
— Já disse, não. — ele impulsionou meu corpo para o corpo dele e me beijou de surpresa, eu tentei me soltar, com dificuldade. — Você não está pensando direito.
— Você que está me atrapalhando. — retruquei tentando me soltar dele. — Tenho que continuar o que comecei.
— Pare de tentar fugir. — seu tom estava mais sério que o normal, ele envolveu seus braços em minha cintura me puxando para mais perto ainda. — Ele ainda está nos vigiando.
— O quê? — por aquilo eu não esperava.
— Isso mesmo o que eu disse. — ele rodou de leve nossos corpos para que eu pudesse ter uma visão de Cedric. — Agora, se concentre no seu álibi.
— ? — sussurrei sem entender.
Ele me beijou novamente, desta vez com meu consentimento, envolvi meus braços no pescoço dele e retribui o beijo. Aquele parecia o beijo mais real que já tínhamos dado, tão real que me senti até um pouco zonza e sem fôlego quando terminamos, permanecemos daquele jeito, nos olhando por um tempo.
— Não se preocupe, seu objeto de desejo está seguro — disse ele dando um sorriso de canto.
— Como? — eu não estava entendendo aquilo.
— Posso não ser o Siwon, mas acho que consigo fazer algo por você. — ele desviou seu olhar para o lado. — Recebi um recado do Dean uma hora antes de você sair do hotel, fiz as trocas pessoalmente.
— Não consigo acreditar. — por aquilo eu não esperava. — Como você trocou?
— O container que você queria estava exatamente de costas para uma pilha de containers vazios, e como o bloco fazia divisa com o meu, foi fácil fazer a troca.
— Então aquele que estava com o funcionário…
— Sim. — assentiu ele. — Trocamos as placas de informação também.
— Posso ver? — perguntei de imediato.
— Imaginei que quisesse. — ele se afastou um pouco segurando minha mão. — Não se preocupe, nosso agente não poderá nos seguir agora.
— Como sabe?
— Somente pessoas autorizadas conseguem entrar no bloco da minha empresa.
— Vejo que a segurança aqui é muito boa.
— Eles são bem treinados, e desde que vocês chegaram, minha equipe está monitorando seus passos.
— Devo presumir que sua família tem alguma ligação com mafiosos? — a cada palavra uma surpresa maior.
— Não. — ele riu. — Esta empresa só é considerada a mais segura no ramo do transporte, só isso.
Sorri de leve, não só , mas até mesmo sua empresa era surpreendente, ele me levou até o galpão de carga e descarga. Quando entramos, tinha somente dois funcionários devidamente uniformizados e portando o crachá de identificação, que vigiavam o container. pediu para que eles saíssem por alguns minutos, me aproximei mais do meu objeto de desejo, um desejo forte de abrir começou a fluir em mim.
— Hum, tem certeza que é isso mesmo? — confirmei.
— Sim, 277. — assentiu ele. — Quer abrir?
— Você pergunta a uma criança se ela quer sobremesa? — retruquei sorrindo.
— Então, vamos abrir — se aproximou e girando a alavanca principal, destrancou, demorou um pouco para abrir todas as outras fechaduras, então ele abriu.
— Hum — senti meus olhos brilharem ao ver aqueles carros.
— Uau. — disse ele impressionado. — Tanto trabalho…
— Não são quaisquer carros. — entrei no container e comecei a avaliar, eram quatro Ferraris, edição limitada. — Estou começando a ter um desejo.
— O quê? — ele me olhou sem entender.
— Meu objeto de desejo mudou — alisei uma Ferrari amarela, mordendo meu lábio inferior.
— No que está pensando? — perguntou ele.
— Em um pequeno desvio. — o olhei. — Você teria outro container sobrando?
— Você vai pegar um para você? — ele parecia não acreditar. — Vai roubar seu próprio cliente?
— Um preço justo, quase fui pega e perdi meu objeto de desejo. — desviei meu olhar para o carro novamente. — Vai ou não me ajudar?
— Já estou afundado nisso mesmo.
Ele respirou fundo e saiu do galpão por um instante, assim, voltou com mais quatro funcionários, levou um tempo para separar o carro que eu queria dos outros e colocar no outro container. Peguei o celular de um dos funcionários de emprestado e liguei para Dean, precisava das novas coordenadas para entrega.
—
Dean na linha — disse ele ao atender.
— Preciso das coordenadas.
—
Conseguiu? Ele conseguiu? — Sim, e ainda quero entender esse seu plano alternativo — não estava chateada, mas frustrada por ter feito tudo no meu lugar.
—
Bem, quem o envolveu desde o início foi você. — ele riu. —
E vamos combinar que aquele agente estava na sua cola, então não daria para ser você. — Não era você que cuidaria disso? — retruquei.
—
E estou cuidando, tenha mais paciência.
— Eu não terei meu álibi para sempre — retruquei novamente.
—
Está pensando em divorciar? — brincou ele.
— Você sabe o que eu quis dizer. — respirei fundo vendo se aproximar de mim. — As coordenadas.
—
Vou mandar por mensagem para o celular dele. — Dean hesitou um pouco. —
Só mais uma pergunta, você não abriu, abriu? — É claro que não abri, estou tão preocupada em finalizar isso logo, terei mesmo cabeça para fazer isso? — claro que eu não contaria agora.
—
Coordenada enviada, vou desligar.
— Até — assim que desliguei o celular do funcionário, apaguei o registro da ligação e entreguei a .
— Você realmente mente bem — disse ele pegando o aparelho.
— Digamos que existem coisas que ele não precisa saber. — eu ri de leve. — E essa é uma delas, as coordenadas foram mandadas para você.
— Hum — pegou seu celular e olhou a mensagem.
Ele pessoalmente preencheu a ficha de envio dos containers, os três carros iriam para as coordenadas enviadas por Dean, já o meu desejo em forma de carro iria para Manhattan. Peguei o celular de e enviei uma mensagem para Stef, ela iria se encarregar de pegar meu pacote, um suspiro de alívio veio assim que os containers foram colocados no barcos que os transportariam.
— Está mais tranquila agora? — perguntou ao se aproximar de mim.
— Digamos que sim. — desviei meu olhar do barco para ele. — Seus funcionários…
— Não se preocupe, eles são muito discretos e de confiança — seu olhar estava sereno, me passava segurança.
— Acho que te devo um agradecimento.
— Hum, um agradecimento? Só isso? — ele deu um sorriso malicioso.
— Desde quando você ficou tão tranquilo perto de uma mulher a ponto de sorrir assim? — eu não estava o reconhecendo mais.
— Desde quando me apaixonei por você — só conseguia sentir sinceridade vindo dele, junto com um olhar intenso.
— Acho que posso fazer bem mais que só agradecer, já que você é meu “marido” — sorri de canto me aproximando mais dele e o beijei com certa malícia.
“Em nossas mãos unidas
Não tem calor
Mas por que não somos capazes de deixar o outro ir
Ao mesmo tempo
Nós simplesmente não podemos deixar ir.”
– Fast Pace / SEVENTEEN
Capítulo 27
Felizmente, aquele meu serviço estava concluído com sucesso, foram vários suspiros de alívio dentro do carro de , passamos em uma cafeteria para comer alguma coisa antes de voltarmos para o hotel. De certa forma, eu estava admirada em ver como ele tinha evoluído, de um homem que não sabia nem dar um fora em uma garota chata, a um homem que dizia com toda convicção que meu passado não importava. Aquilo fazia meu coração acelerar um pouco.
—
LT, na linha — disse ao atender meu celular assim que entrei no quarto, sendo seguida por .
— Como é bom ouvir sua voz. — disse Dean dando um suspiro de alívio. — Como você está? Depois de toda aquela adrenalina?
— Irritada e com raiva, ainda quero saber como aquele agente saiu de Paris — respondi me sentando na cama, fechou a porta e ficou encostado na parede me olhando.
— Não é somente você que quer esta resposta, mas eu vou cuidar disso pessoalmente — assegurou ele.
— Vai sair de Manhattan? Você? — eu ri. — A quanto tempo que isso não acontece?
— Situações extremas pedem medidas extremas. — explicou ele. — Fique tranquila e tire dois dias para respirar, logo enviarei as informações do seu penúltimo roubo.
— Hum, até que enfim, estou a dois passos do descanso. — eu ri. — Vou desligar, se souber de algo a mais.
— Eu te aviso assim que o container chegar ao nosso cliente.
— E quanto ao meu pagamento? — perguntei de imediato.
— Já foi depositado antecipadamente.
Eu desliguei o celular e estiquei para , ele pegou e continuou me olhando, a curiosidade estava estampada no seu olhar. Mas isso já não era novidade para mim.
— Mais um serviço? — perguntou ele.
— Sim e não, Dean me deu dois dias de folga. — respondi. — Mas é meu penúltimo serviço antes das férias.
— Sempre que você fala dessas férias eu sinto um frio na barriga, como se nunca mais fosse te ver — disse ele colocando o celular no bolso.
— Bem, é uma possibilidade a se pensar — me espreguicei um pouco.
— Devo continuar tendo esperanças? — ele cruzou os braços.
— Talvez. — eu ri me levantando da cama. — Mas agora preciso dormir, sinto que minha energia foi sugada por aquele agente.
— O Dean não sabe mesmo como ele veio parar aqui? — perguntou ele.
— Parece que não, mas fiquei curiosa, gostaria de saber como o Dean sabia que ele estava aqui e não me disse nada.
— Ele não disse nada nem para mim, só pediu que eu fizesse a troca antes de você chegar.
— Devo agradecer de novo? — sorri de leve e abri a porta. — Boa noite.
— Vai me agradecer assim? Me expulsando do quarto?
— Hum. — eu ri. — Estou com saudade do tímido com as garotas. — respirei fundo. — Preciso descansar, mas acho que posso te agradecer melhor te pagando um café amanhã.
— Vou cobrar — ele sorriu de canto e saiu do quarto.
Fechei a porta e bocejei um pouco, meu corpo estava pesado e exausto, tomei uma ducha quente e rápida, coloquei o pijama e me joguei na cama. Minha noite seria em um longo e relaxante sono, dormi muito bem que até acordei pouco antes do almoço. Troquei de roupa e desci para o restaurante do hotel, já estava me esperando sentado em uma mesa ao canto.
— Devo presumir que sua noite foi confortável — brincou ele enquanto olhava o cardápio.
— Sim, admito que não dormi e sim desmaiei naquela cama. — eu ri me sentando na cadeira. — Mas sinto que minhas energias voltaram para mim.
— Está pronta para outra? — ele riu desviando seu olhar para mim.
— Pode se dizer que sim, estou — olhei para o cardápio.
— Ok, então como agradecimento, acho que você pode pagar o almoço.
— Pensei que você fosse cavalheiro — o olhei segurando o riso.
— Eu sou, mas foi você quem me prometeu pagar o café; já que não o fez, pode se redimir pagando o almoço — ele sorriu.
— Olhando por esse ângulo, você até tem razão. — suspirei de leve. — Pagarei o almoço então.
— Você vai ficar mais tempo aqui?
— Não sei, ainda não sei para onde vou, mas não quero gastar meus dois dias de folga dentro de um avião. — o olhei meio intrigada. — E você? Vai ficar até quando?
— Eu só vim por sua causa, não tenho muito o que fazer na filial da empresa.
— Hum, quer dizer que posso ter um programa de casal com meu… ainda fico confusa em te classificar.
— O quê? — ele riu. — Por quê?
— Noivo ou marido. — eu ri. — Ou amigo.
— Me classifique como quiser — ele desviou seu olhar para o garçom que se aproximava.
Sua voz parecia um pouco frustrada, não me importei muito e escolhi no cardápio o que iria comer. A comida estava saborosa e, após a sobremesa, me convidou para dar uma volta pela cidade, eu já tinha visto alguns pontos turísticos com a minha guia, porém, visitar novamente na companhia dele era bem mais interessante.
Era difícil não comparar meus momentos com e meus momentos com Siwon, ambos eram diferentes e ao mesmo tempo sabiam como despertar minha atenção para eles. Porém, havia algo que me puxava ainda mais para , eu tinha sentimentos por ele, o que existia entre nós dois não era somente atração física. E eu estava começando a perceber isso, ou melhor, estava começando a admitir para mim mesma, a forma como ele me olhava com carinho e serenidade, seu sorriso singelo e chamativo, sua gentileza, suas qualidades se destacavam ainda mais.
Apesar de eu conhecer Siwon a mais tempo, eu não conseguia sentir isso quando estava perto dele. Por mais que soubesse que ele ainda estava interessado em mim, não podia afirmar se era algo mais do que somente atração física. Acho que era isso que mais diferenciava os dois. Siwon sempre foi sedutor e não media esforços para conseguir a mulher que queria, já tinha aquela timidez que o fazia se sentir deslocado perto de uma mulher, e justo a sua timidez me fez ficar encantada por ele.
Passamos toda a tarde passeando, até que ao anoitecer entramos no shopping Plaza Singapura, não sei se foi proposital dele, mas a primeira loja que olhei naquele lugar era de sapatos. Senti meu corpo arrepiar, assim que coloquei meus olhos em um sapato de jeans com salto fino, parecia ter sido feito sob medida para mim.
— Vai ficar só olhando? — disse ele segurando o riso.
— Foi proposital? — perguntei num tom irônico mantendo meu olhar no sapato.
— Talvez — ele sorriu de canto, pegando em minha mão me levou até dentro da loja.
— Espero que não esteja brincando com meu fetiche por sapatos — dei de ombros mantendo meu olhar no meu novo objeto de desejo.
— Te conheço tempo suficiente para entender que não é somente um fetiche, vou esperar o quanto quiser. — ele se sentou na poltrona do hall da entrada da loja me olhando com tranquilidade. — Não se contenha, apenas se sinta à vontade.
Neste momento meu olhar já estava fixo nele, não sabia o que falar, estava sem reação por suas palavras e ações. Eu sempre tentava esconder minha verdadeira personalidade das pessoas, vestia máscaras para e me blindava o máximo que podia para manter todo mistério sobre mim. Mas tinha dito algo com tanta convicção, parecia que ele conseguia ler minha alma, como se todo aquele tempo que estávamos perto um do outro, ele fosse se adaptando ao meu jeito e me desvendando em partes.
Respirei fundo, mantendo minha postura normal e natural, eu não iria demonstrar nenhuma fraqueza ou sentimento, nem mesmo para ele, uma das coisas que Dean havia me ensinado desde criança. Logo uma vendedora se aproximou, simpática e muito educada, me atendeu da forma mais objetiva e instigante possível, graças a ela, comprei além do sapato de jeans, duas sapatilhas florais e uma sandália anabela com o salto em xadrez.
— Está com fome? — perguntou ele segurando duas sacolas para mim.
— Não muito, mas aceito o convite — brinquei rindo.
— Nossa. — ele me olhou rindo. — Vou te levar a um lugar legal.
— Aqui? — perguntei meio curiosa.
— Não. — ele riu seguindo em direção a rua. — Primeiro, vamos passar no hotel para nos trocar.
— Hum. — entrei no táxi vip que estava a nossa espera. — E será algo formal?
— Não, apenas vista algo leve e descontraído. — eu ri de leve. — Senhor Cho, o que anda tramando? É um encontro?
— Talvez — ele desviou seu olhar para a rua mantendo um sorriso de canto malicioso.
Permaneci em silêncio segurando o riso, desviei meu olhar para o outro lado, ao chegarmos ao hotel, ele me ajudou a levar as sacolas para meu quarto. Após alguns minutos nos encontramos novamente no hall do hotel, ele tinha alugado um carro para nos locomovermos melhor pela cidade. Para minha surpresa, me levou a um restaurante mexicano chamado Margarita’s Dempsey Hill, o lugar era bonito e muito bem decorado.
Nos sentamos em uma mesa que ficava na varanda da lateral do restaurante, tinha uma vista privilegiada e cercado da vegetação que compunha a decoração do lugar. Fomos recebidos pelo próprio gerente, que por acaso conhecia o pai de , após ele se afastar e o garçom anotar nosso pedido, fiquei um pouco distraída olhando para a rua.
— Está pensativa. — disse ele. — Ainda preocupada com o agente?
— Não, desta vez não estou pensando nisso, estou mantendo minha mente despreocupada até voltar à ativa. — respirei de forma mais suave desviando meu olhar para ele. — Desde quando está tentando me decifrar?
— Decifrar? — ele se fez de desentendido.
— Sim, sempre me observando, tentando saber o que estou pensando.
— Bem. — ele riu de leve mantendo seu olhar em mim. — Eu tentar saber mais sobre você te incomoda?
— Um pouco. — desviei meu olhar para a rua novamente. — Não gosto de pensar que as pessoas estão me lendo, e você faz isso quando me olha muito.
— Existe tanta coisa sobre você que não devo saber? — insistiu ele — Ou você tem medo que eu possa descobrir algum lado frágil seu?
— Eu não tenho ponto fraco — resmunguei dando de ombros.
— Não é o que eu acho. — ele tocou minha face de leve me fazendo olhar para ele. — Todos temos um ponto fraco, você está se tornando o meu.
Senti meu corpo arrepiar, aquilo eu não iria admitir, ele não seria nenhum ponto fraco meu, mantive meu olhar fixo nele, minha face suave e minha voz firme.
— Eu não tenho ponto fraco. — repeti com segurança. — Mas me sinto lisonjeada por ser o seu.
— Você é mesmo um enigma difícil de resolver. — afirmou ele sorrindo com naturalidade. — E está me fazendo ficar ainda mais motivado a te decifrar.
— Boa sorte — disse sorrindo também.
“Oh, ela me quer
Oh, ela me têm
Oh, ela me machuca
O que poderia ser melhor que isso?
– Overdose / EXO
Capítulo 28
Ela era mesmo um mistério em forma de mulher. conseguia me deixar louco sem fazer o mínimo de esforço, minha vontade de conhecê-la melhor, saber o que tinha em seus pensamentos, só aumentava a cada vez que olhava em seus olhos. Eu conseguia imaginar algumas coisas sobre seu passado, com base em comentários de Siwon e em meus momentos te observando.
Passar um dia inteiro com ela, sem ninguém para nos atrapalhar, principalmente sem meu irmão, havia sido incrível. Mas minhas preocupação ainda persistia em invadir meus pensamentos, era muita coisa em minha mente, perguntas que ela não responderia, acontecimentos que me faziam temer pelo pior. Uma certa explosão de pensamentos que me consumiam em breves momentos.
Complicado não pensar que com seu último trabalho, viria sua decisão final, ela tinha se encontrado por acaso com Siwon em Marrocos, e isso me fazia imaginar o que poderia ou não ter acontecido entre eles. O que me doía ainda mais, era que nosso relacionamento era falso, então eu não tinha motivos ou direito de ficar com raiva ou ciúmes. Mas droga, eu estava com raiva do meu irmão e ciúmes dos dois, ela tinha mesmo que ter conhecido justo ele no passado? Não podia ter sido outro cara?
Siwon sempre foi mais popular e mais sedutor que eu, no passado, foi ele quem Taylor escolheu após descobrirmos que estávamos namorando ela ao mesmo tempo. Ele sempre se destacou mais que eu, principalmente com as garotas, um dos motivos que me fazia imaginar que escolheria ele. E esse pensamento me fazia querer aproveitar cada momento que eu poderia ter com ela.
— Agora você que está em silêncio — comentou ela ao tomar um gole do vinho.
— Me desculpe, estava perdido em meus pensamentos — sorri de leve.
— Ao contrário de mim, você é extremamente transparente. — disse ela. — Aposto que estava pensando em mim.
— Você sempre ganha. — ri de leve. — Sempre estou pensando em você.
— Claro, que marido não pensa na esposa? — seu olhar natural me arrepiava.
— A naturalidade de como fala, parece até real — respirei fundo.
— E não é? — ela sorriu com certa malícia, se levantou de leve dando um passo, ficando em minha frente. — Afinal, você não me ama mais?
— Que pergunta é essa? — respirei fundo me levantando.
— Então você me ama de verdade? — ela suavizou ainda mais seu olhar, o que me deixava um pouco zonzo.
— O que você acha? — segurei meus instintos por um momento, mas não resisti aquela tentação chamada .
A beijei com o máximo de intensidade que aquele ambiente público permitia, envolvendo minhas mãos em sua cintura, controlando meu fôlego e sentindo meu coração acelerado. Após o beijo, fiquei a olhando fixamente por um tempo, senti seu olhar se desviar para a rua e depois para mim novamente, ela se aproximou um pouco mais encostando meus lábios no meu ouvido, senti meu corpo arrepiar.
— Você é o melhor álibi do mundo — sussurrou ela com uma voz doce e envolvente.
— O quê? — aquilo tinha me deixado desnorteado.
— Estamos sendo seguidos desde que saímos do hotel para dar uma volta pela cidade, e agora, neste momento, tem um homem do outro lado da rua tirando fotos de nós de uma forma bem discreta. — ela dei um beijo de leve no meu pescoço, me fazendo segurar firme no seu braço. — Acho que hoje, você terá que dormir comigo.
— O quê? — eu me afastei mais e a olhei assustado. — Como?
— Continue natural. — ela sorriu de canto. — Obrigada por me amar.
Eu não sabia se estava sem fôlego pelo beijo, desnorteado por estarmos sendo seguidos, ou com raiva por ela me usar sem nenhuma cerimônia ou remorso, imaginar que a única coisa que eu seria para ela, era seu álibi me deixava em fúria. Mas como eu conseguiria brigar com ela? Só de olhar para aquele sorriso, já sentia meu corpo arrepiar. Como eu me apaixonei por uma mulher como a ? Uma pessoa o oposto de mim.
Tinha que admitir que brincar com era divertido, mas ao mesmo tempo era perigoso para mim. Quanto mais eu o fazia se apegar a mim, mais eu poderia me apegar a ele também. Isso me fazia perceber que o amor era uma via de mão dupla, uma espada de dois gumes, algo que fere ambos os lados, porém não estava preocupada com isso.
Terminamos nosso jantar tranquilamente, foi descontraído o suficiente para eu descobrir que gostava que alguns cantores mexicanos, como Luís Miguel. Assim que voltamos para o hotel, como eu previ, a pessoa que nos seguia era um hóspede, e como estava no meu cronograma, foi para meu quarto comigo, o que o deixou um pouco desconfortável, estranho, pois isso nunca tinha sido problema para ele.
Para minha surpresa, decidiu dormir no sofá que tinha ao lado da porta para o banheiro, talvez ele estivesse com raiva por ter usado ele mais uma vez. Ossos do ofício, quando ele caiu nessa história, já sabia as consequências, meu trabalho estava acima de tudo.
— Bom dia. — disse me espreguiçando ao acordar. — ? — abri os olhos, olhando em minha volta, mas ele não estava lá. — ?
Me levantei da cama, no sofá estava a coberta dobrada e um bilhete em cima, pequei e comecei a ler, parecia que alguém estava mesmo com raiva, era divertido aqueles momentos de DR em nosso falso relacionamento.
“Espero ter sido mesmo o melhor álibi do mundo.”
— Ah, nem um ‘eu te amo’ no final? — ri da minha ironia e rasguei o bilhete e joguei no vaso dando descarga. — Estou sem meu noivo, o que vou fazer hoje?
Tomei uma ducha sossegada, achando mesmo que aquele dia eu estaria de folga e descansada, porém, uma ligação de Dean iria desviar todos os meus planos para aquele dia.
—
LT na linha, o que houve desta vez?
—
Você precisará partir agora mesmo para realizar seu próximo roubo — disse ele diretamente de forma bem objetiva.
— Ei, calma, posso saber qual a pressa?
—
Seu próximo objeto de desejo está correndo risco de ser muito bem escondido e nunca mais achado — explicou ele.
— E qual é meu objeto de desejo?
—
Abra seus arquivos no tablet.
— Ok. — peguei meu tablet na bolsa e abri, demorei dois minutos para raciocinar novamente e absorver que aquilo era a foto de um bebê. — Não. — disse na mesma hora.
—
Sim — retrucou ele.
— Não, Dean você sabe que tem duas coisas que eu não roubo, pessoas e animais.
—
Me desculpa, LT, mas isso não é questionável, você terá que fazer.
— Por quê?
—
Porque sua liberdade depende disso. — sua voz estava de frustração. —
Me desculpe.
— Comece a falar tudo que você sabe sobre isso e como estou com a corda no pescoço?
—
O cliente que está querendo este bebê é alguém muito importante na Interpol, importante a ponto de manter muitas pessoas fora do nosso caminho — explicou ele.
— Dean, você disse que iria resolver nosso problema e não trazer mais — retruquei querendo esfolar ele vivo.
—
Acredite, não foi algo combinado, mas tive que passar ele na frente e colocar como penúltimo roubo, não tive mesmo escolha. — ele respirou fundo. —
O bebê é filho do nosso cliente, ironicamente com a filha do maior narcotraficante da Argentina, chamado Raul Pérez, agora, a filha dele, Camillia, está ameaçando nosso cliente.
— E eu tenho mesmo cara de agente do serviço secreto para resgatar uma criança? — bufei um pouco. — Como pode me pedir isso? Praticar suicídio?
—
, eu juro que não foi intencional, mas você precisa fazer isso, ninguém pode saber que essa criança existe nessas circunstâncias. — E o que vai acontecer com o bebê?
—
Não posso dizer — sua voz falhou um pouco.
Eu já imaginava coisa pior, estava sem saber o que fazer, se negasse, minha cabeça estaria a prêmio para o meu querido agente colocar na guilhotina, mas se aceitasse, a vida de um inocente poderia estar em risco, não sabia o que fazer, mas não deixaria aquele bebê nas mãos de pessoas que queriam usá-lo para benefício próprio.
— Tudo que eu preciso saber está aqui? — perguntei.
—
Sim — assentiu ele.
— E quando será minha oportunidade?
—
O bebê terá alta do hospital amanhã à tarde, se pegar o voo agora chegará a tempo para executar a tarefa.
— Ligo quando terminar.
Desliguei o celular respirando fundo, precisava pensar no que fazer, em como fazer. Eu iria possivelmente enfrentar o maior narcotraficante da América Latina, iria roubar ele. Suicídio? Não sei, mas estava sendo melhor do que me imaginar em uma penitenciária. Então pensei em ligar para uma pessoa tão louca quanto eu, mas que tinha certeza que me ajudaria.
— Siwon — disse assim que ele atendeu.
—
? — ele parecia surpreso. —
Posso entender por que está me ligando? — Preciso de você na Argentina e dos seus conhecimentos médicos.
—
Pra quando? — Pra ontem — respondi já pensando minha mala e saindo do quarto.
—
Já entendi o nível da urgência, te encontro no aeroporto de Ezeiza em Buenos Aires. — Fechado — desliguei o celular e entrei no elevador.
Como não poderia recusar, tinha que encarar essa como mais um serviço, porém, meu cuidado seria redobrado e cheio de cautela, meu plano era não chamar a atenção até me distanciar o máximo possível com o bebê. Enviei algumas informações de coisas que eu precisava para Siwon providenciar, já que, por coincidência, ele estava em uma conferência no Uruguai e chegaria antes de mim. Peguei o voo que já estava reservado por Dean, classe executiva, cabine individual, eu passaria todo aquele tempo traçando as rotas do meu pequeno e eficaz plano.
Tinha que considerar todos as variáveis naquele meio tempo, quando cheguei no aeroporto de Ezeiza, Siwon já estava lá me esperando, seu olhar curioso era visível. Ele já tinha adiantado muita coisa, assim como informar ao Dean que estava no esquema comigo; alugou um carro para nosso conforto e segurança, então fomos diretamente para a maternidade da cidade onde o bebê estava, a Clínica y Maternidad Suizo Argentina.
Dean sempre me dizia que ter contato era tudo para nossa profissão, e ele estava realmente certo, meu contato era Siwon, e o contato de Siwon era uma antiga amiga da universidade que tinha se formado para obstetrícia. Não era novidade que essa antiga amiga, dra. Rosalie, me pareceu bem íntima dele à primeira vista, o que poderia ser algo a meu favor.
Ela nos levou até o vestiário dos enfermeiros, trocamos de roupas e colocamos falsos crachás de identificação, que Siwon tinha arrumado com outro amigo dele. Queria entender como Siwon e Dean arrumavam tantos amigos nessas horas, eles sempre conseguiam tudo que eu precisava em um curto espaço de tempo.
— Chegou a hora, está pronta? — perguntou ele.
— Sim, estou. — respirei fundo me olhando no espelho. — Temos que ser rápidos, precisos e silenciosos.
— Não se preocupe, seremos. — ele segurou em minha mão me virando para ele. — Dean vai estar nos monitorado pelas câmeras do hospital, vai apagar nosso rastro daqui e das câmeras de segurança da rua.
— Então vamos, tenho um objeto de desejo para adquirir — respirei fundo desviando meu olhar para ele, estava preparada e concentrada para mais um serviço.
“Depois minha respiração
Acelera e eu me sufoco
Eu sinto um arrepio
E depois um suspiro.”
– Overdose / EXO
Capítulo 29
A amiga de Siwon iria monitorar toda a movimentação das enfermeiras, o bebê estava ficando em um quarto isolado com em uma incubadora individual, sendo cuidado por uma enfermeira específica. Meu trabalho era substituir essa enfermeira, e foi o que fiz de imediato, assim que a senhorita entrou no banheiro, entrei atrás dela. A desmaiei e coloquei acomodada em um reservado do banheiro, uma pequena placa de interditado para facilitar.
Saí do banheiro com meu disfarce, uma máscara muito bem encaixada, peruca trivial e o crachá de autorização da enfermeira desmaiada. Assim que me aproximei do quarto, fui barrada por dois seguranças que estavam na porta, eles me perguntaram por que eu estava ali e onde estava a outra mulher.
— A outra enfermeira teve que se ausentar, mas eu vim para substituir ela. — disse ao segurança mais charmoso. — Se quiser, posso chamar a dra. Rosalie para confirmar.
— Bem, Juan, vá até a doutora e confirme isso — disse ele para o segurança mais robusto.
— Por que eu? Logo agora que iria comer algo, estou com fome. — ele bufou .— Os outros já deveriam ter chegado.
— Deixe de ser esfomeado e vai logo, sou eu que estou no comando.
— Ah… — o outro saiu espraguejando um pouco.
— Hum, então é você o chefe? — perguntei dando um sorriso. — Adoro homens que mandam.
— Bem, eu sou sim, adoro mandar. — disse ele abrindo a porta. — Vamos.
— Você vai ficar aqui dentro comigo? — perguntei ao entrar. — Estou com medo de me desconcentrar.
— Nossa. — ele parecia um pouco vergonhoso por meus elogios. — Me desculpe pelo meu charme.
— Eu largo o serviço às sete, poderíamos ir a algum lugar depois daqui — mordi o lábio inferior desviando minha atenção para a incubadora.
— Será um prazer — ele sorriu de canto.
— Ah, enfermeira… Onde está a enfermeira Jones? — disse a dra. Rosalie ao entrar.
— Ela precisou sair para comer algo, acho que estava passando mal por não se alimentar direito. — disse de forma convincente como já havia combinado com ela. — Eu estou aqui para substituir ela.
— Você está a muito tempo no hospital? — perguntou ela fingindo não me conhecer.
— Sim, estou no meu terceiro mês de estágio — respondi com segurança.
— Ok. — ela olhou para o segurança. — Você está aqui, vim examinar o bebê pela última vez e assinar a alta dele.
— Dra. Rosalie, minha patroa vai vir em uma hora pegar a criança.
— Eu já sei. — ela o olhou. — Agora poderia, por favor, se retirar para que eu possa fazer meu trabalho?
— Como quiser. — o segurança me olhou novamente. — Te vejo mais tarde.
— Até mais tarde — sorri para ele o olhando até que saísse e fechasse a porta.
— Ufa. — Rosalie respirou aliviada e sussurrando. — O que pretende fazer agora?
— Isso.
Eu peguei a bandeja de metal que estava na mesa ao lado da incubadora e bati na cabeça dela, peguei seu corpo antes que caísse e coloquei cautelosamente no chão. Me voltei para a incubadora e abri, fiz um emaranhado de lençóis e panos para colocar o bebê, e após encaixá-lo com precisão, amarrei em meu corpo de forma segura, minha loucura me faria sair daquele quarto de forma mais imprópria possível. Minha sorte era que o quarto estava localizado na região sul do prédio, sem vista para a rua, ninguém me veria saindo pela janela.
Respirei fundo reunindo forças e coragem, saí pela janela da forma mais lenta possível, passo a passo fui seguindo pelo beiral até que cheguei na janela do quarto ao lado. Siwon já estava me esperando, eu retirei todo aquele pano e coloquei o bebê em cima da cama, fui até o banheiro que tinha no quarto e retirei todo o meu disfarce, joguei no vaso.
— E agora? Qual a segunda parte do seu plano? — perguntou ele olhando para o bebê.
— Vou para o andar de baixo pelo lado externo, enquanto isso, você leva o bebê. — o olhei vestido de faxineiro. — No cesto de roupas sujas que você trouxe.
— E esse bebê não vai morrer com falta de ar? — perguntou ele.
— Não. — peguei o bebê e o coloquei o cesto, ajeitei os lençóis de forma que só o nariz ficasse para fora de forma discreta. — Eles não vão te parar, agora, me encontre na lavanderia do hospital, temos que ser rápidos.
— Tudo bem.
Voltei para a janela, sozinha eu teria mais mobilidade para me agarrar e pular para qualquer lugar e foi o que fiz, me agarrei ao beiral e balancei o meu corpo até conseguir encaixar minha perna na janela de baixo. Torci meu corpo de leve e agarrei a janela, após um leve impulso joguei meu corpo para dentro do quarto, caí no chão derrubando uma cadeira que estava ao lado.
Respirei fraco retomando meu fôlego e me levantei, saí do quarto correndo e entrei pelo acesso de funcionário, assim que cheguei na porta de saída de emergência, entrei e comecei a descer as escadas correndo. Já havia me esquecido o quanto era horrível descer escadas correndo, mas era preciso naquele momento, cada minuto era precioso, pois quando soubessem do sumiço, o hospital ficaria perigoso para mim.
Assim que cheguei no subsolo, encontrei Siwon com os lençóis embolados no bebê, eu tinha outra fase para iniciar, como sair com um bebê sem ser vista. Seria muita loucura me passar por gestante? Não, e era isso que eu faria, coloquei outro disfarce que já estava preparado para mim, e Siwon também colocou outro, seríamos uma família feliz de pessoas normais.
— Como sempre, haja naturalmente — disse a ele que estava com o bebê na mão.
— Boa sorte para nós. — ele sorriu de canto. — E depois, vou querer algo em troco, já me deve um favor.
— Já te paguei com um beijo e uma suposta noite de amor. — o olhei com desdém. — Mas posso te pagar o café.
— Não sou meu irmão. — ele riu. — Mas vou aceitar.
— Eu sabia, agora vamos.
Ele me seguiu rindo, apertamos o botão e entramos no elevador, assim que se abriu no térreo, já vimos que o caos estava instalado pelo hospital. Siwon ajeitou o bebê nos braços, eu me apoiei me leve para ele segurando minha barriga de leve, tinha duas crianças que aparentava ter seis e oito anos sentadas nas cadeiras de espera. Elas vieram a nosso encontro me abraçaram.
— Papai, mamãe — disseram eles em coral.
— Siwon… — sussurrei movendo meu olhar para ele.
— Nossa família feliz, você não queria? — ele sorriu de canto. — Vamos para casa.
— Vamos — assenti, não imaginava como ele tinha arrumado aquelas crianças, mas a ideia era maravilhosa e assustadora ao mesmo tempo.
Não conseguia não imaginar se fosse verdade, eu com Siwon e mais quatro filhos, complicado não pensar que esse poderia ser meu destino se o escolhesse. Divertido, já que ele parecia amar crianças. Mas assustador para mim pensar em ter filhos naquele momento, eu estava no auge da minha profissão, balancei a cabeça voltando a realidade. Eu estava quase agindo como se fosse real e estivesse mesmo grávida dele.
Passamos por muitos seguranças, todos loucos procurando por todos os cantos, estava me sentindo mal pela dra. Rosalie, mas ela disse que sabia se defender, ela era noiva do irmão do tal Raul Pérez, e não se importava de trair a família dele, já que sabia que o bebê seria usado para fins ilegais. Ela tinha conquistado meu respeito com aquela atitude de me ajudar a salvar um inocente.
Assim que chegamos no estacionamento, entramos no carro e Siwon deu a partida, paramos em uma cafeteria de um conhecido da família de Siwon para deixar as crianças e pagamos aos pais por sua ajuda. Eu retirei meu disfarce novamente junto com ele, queimamos nossas roupas e colocamos outras mais quentes e que cobriam quase todo o nosso corpo. Agasalhamos o bebê também e partimos para um pequeno aeroporto particular da família dele, seguimos de jatinho para Porto Alegre, no Brasil.
— Será uma hora e meia de viagem — disse ele ao se sentar em minha frente.
— Obrigada por ter arrumado tudo isso em pouco tempo — disse olhando para o bebê que estava em uma incubadora portátil que tinham instalado no jatinho.
— Me agradeça quando o bebê já estiver em segurança longe daqui. — ele sorriu gentilmente. — Já sabe onde vai deixá-lo?
— Sim, com alguém confiável — respirei fundo desviando meu olhar para a janela.
Usaria aquele tempo para descansar e pensar em como me livraria de Siwon por algumas horas, para levar o bebê até o seu lugar de segurança. Para minha surpresa, dormi durante aquele tempo, acordei com o choro do bebê, foi então que eu percebi que durante todo aquele tempo ele não tinha chorado ou feito barulho, era mesmo meu dia de sorte.
— Oh, você está com fome? — perguntei ao me aproximar de Siwon, que estava com ele nos braços.
— Sim, acho que está. — respondeu Siwon. — O que vamos fazer?
— Preciso ir a um lugar, lá encontrarei alimento para ele. — o peguei nos braços. — É aqui que nos separamos.
— Mas e meu café? — ele me olhou com cara triste. — Pensei que estaríamos juntos até o final.
— Me desculpe, mas existem coisas sobre mim que não vou deixar que saiba. — me afastei dele. — Mas quanto ao café, podemos tomar em uma cafeteria que conhecemos bem, ela fica em frente ao Cristo Redentor.
— Posso mesmo te esperar lá? — perguntou ele duvidoso.
— Te ligo quando chegar. — me virei peguei minha bolsa e desci do jatinho. — Já tem um táxi me esperando.
Pedi ao motorista que me levasse até o centro da cidade, desci do táxi e entrei em outro, claro que não daria pistas para Siwon saber onde iria. O segundo táxi parou em frente à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, tinha uma pessoa naquele lugar que eu considerava muito, a única que eu confiava inteiramente. Desci com o bebê ainda chorando e comecei a procurá-la pelos corredores do lugar, então ouvi um voz ao longe me chamar.
— ? — ainda conseguia reconhecer depois de tanto tempo.
— Mia! — disse ao me virar e ver ela.
— O que faz aqui? — perguntou ela sem entender e confusa pelo bebê.
— Me ajuda — pedi fazendo cara de criança sem família.
— E eu conseguiria não fazer isso? — ela pegou o bebê em seus braços o fazendo se acalmar. — Calma, vai ficar tudo bem.
— Eu acho que ele está com fome — expliquei.
— E da onde você tirou esse bebê, não diga que é seu e do Dean.
— Não. — disse. — Isso jamais aconteceria.
— Sei, como se o papai jamais fosse interessado em você.
— O nunca o vi dessa forma, agora temos outras coisas para nos preocupar, precisamos de leite.
— Claro. — ela saiu rindo na minha frente. — Me segue.
Mia era o meu maior segredo, meu maior ponto fraco, era minha irmã mais nova que me tratava como se fosse mais velha que eu. Tínhamos três anos de diferença, ou melhor, toda a nossa vida e nossos caminhos eram diferentes, o único que sabia da existência dela era Dean, nem mesmo
os prodígios sabiam disso. Era de se esperar que Dean soubesse o ponto fraco de todos os seus “
Filhos”, principalmente o meu.
Andamos alguns corredores até que encontramos uma amiga dela, a mulher estava com um bebê no carrinho, entendi um pouco o que aconteceria a seguir. Enquanto Mia estava cuidando da alimentação do bebê com sua amiga, eu estava de longe bolando alguma desculpa para dar a ela sobre a origem daquela criança. E quanto mais eu pensava, mais eu imaginava que não iria conseguir convencer ela, Mia sempre sabia quando eu mentia.
— Ele estava mesmo com fome. — disse ela ao retornar com o bebê no colo. — É um lindo menino.
— É mesmo. — mantive meu olhar no bebê, evitava olhar para ela. — Um lindo menino.
— Como me achou aqui? — perguntou ela.
— Coloquei rastreador no seu chaveiro — fui direta e honesta.
— Imaginei. — ela suspirou. — E esse bebê, qual a origem dele?
— Podemos falar em outro lugar?
— Já estava saindo daqui mesmo. — ela balançou a cabeça negativamente. — Vamos para a minha casa.
Mia caminhava na frente, com o bebê no colo, o ninando, enquanto isso, aproveitei para esbarrar em um aluno e pegar discretamente seu celular que estava no bolso. Assim que cheguei ao lado dela, Mia me olhou séria como se soubesse o que eu tinha feito, sorri de leve e acenei para o táxi.
—
Dean na linha — disse ele com uma voz de sono.
— LT falando — disse me identificando.
—
Por que está me ligando do Brasil? — perguntou ele confuso. —
O ponto de encontro era em Santiago no Chile.
— Primeiro, liguei para dizer que está concluído, segundo, para dizer que eu mudei de ideia, não vou entregar o pacote.
Mia virou sua face para mim, a indignação estava realmente estampada na sua cara, mas não podia fazer nada quanto a isso, já estava feito.
—
Você está louca? — ele gritou do outro lado. —
Você vai ter duas pessoas poderosas atrás de você! — Eu sei, mas não vou arriscar a vida dessa criança, agora, entre em contato com o cliente e diga que vou cobrar o triplo do que cobro para casos graves, pois neste caso eu vou esconder o pacote.
—
O quê? Está pensando em ficar com a criança? — ele estava mais que nervoso comigo.
— Já disse, não vou arriscar a vida de um inocente — desliguei o celular, apaguei a ligação e joguei para fora da janela do carro.
Mia permaneceu em silêncio, mantendo sua atenção voltada para o bebê, após alguns minutos, chegamos em frente o prédio onde ela morava, um bairro tranquilo e pouco movimentado. Subimos alguns lances de escada, ela morava em um apartamento no terceiro andar, simples e organizado como ela, já fazia muito tempo que eu não entrava naquele lugar.
Ela foi até seu quarto e ajeitou o bebê na cama de forma segura, quando retornou, se sentou no sofá me olhando séria, eu até engoli seco me sentando no puff que tinha em frente à janela. Estava com medo do que ela pudesse falar ou fazer, se ela não me ajudasse quem me ajudaria?
— Vai começar a falar? — perguntou ela.
— Juro que dessa vez sou inocente. — já me pronunciei. — Ando meio enrolada em minha vida, tive que roubar esse bebê, passei por cima de todos os meus princípios, mas decidi que daria um destino melhor para esse inocente.
— Imagino que para quebrar suas próprias regras, é porque é sério, só por isso vou te ajudar. — ela suspirou fraco. — Mas como eu vou ficar com um bebê na minha casa?
— Não se preocupe, mandei uma mensagem a um conhecido, os documentos já estão sendo preparados.
— Documentos?
— Sim, você será a mãe dele — respondi tranquilamente.
— O quê? — ela me olhou embasbacada.
— Por favor, adote essa criança.
Eu estava contando com ela para isso, e iria ajudar da melhor forma possível, Mia era a melhor coisa que poderia acontecer para aquele bebê, literalmente a melhor coisa.
“Agora eu não posso voltar atrás,
Isto é claramente um vício perigoso,
Tão ruim, ninguém pode pará-la.”
– Overdose / EXO
Capítulo 30
Peter Eu estava na minha sala, era a segunda leva de relatórios que me mandava fazer, acho que estavam querendo me manter ocupado, assim não teria tempo para fazer minhas investigações pelo sistema. Era legal ser um hacker, mas ao mesmo tempo era chato, ainda mais quando se estava sempre sendo vigiado pela empresa onde trabalhava.
As horas foram passando, até que no final da tarde Cedric me ligou revoltado, seu plano tinha dado errado, ainda me perguntava por que ele nunca me escutava. Como ele conseguiria prender alguém sem provas? Mas aquele cabeça dura nunca me escutava.
— Diga suas frustrações. — disse ao atender o telefone.
—
Tem certeza? — perguntou ele com uma voz amargurada. —
Tenho muitas.
— Eu disse para você ter cuidado e esperar, agora ela sabe que está mesmo atrás dela, quem quer esteja protegendo ela, vai te caçar até o final da Terra. — repeti o que já tinha dito dias atrás.
—
Agora, mais do que nunca, preciso da sua ajuda, preciso desse dossiê que está confeccionando. — retrucou ele.
— Vai ter que esperar, ainda não consegui nada muito comprometedor. — me espreguicei um pouco — E como já avisei, não posso te enviar mais nada, terá que esperar eu reunir tudo.
—
E o que vou fazer até você terminar? — ele parecia ainda mais frustrado.
— Não sei, você é o agente. — pensei por um tempo. — Ah, temos uma testemunha, vá atrás desse tal Davi, já te passei o endereço.
—
Boa ideia, vou ter uma significativa conversa com esse tal Davi, talvez possa ter mais pistas sobre como associar a Cassie. — Te desejo sorte e me deseje sorte também.
—
O que está tramando? — Hoje vou invadir o sistema oculto da Interpol, terei acesso aos arquivos dos prodígios.
—
Tome cuidado e boa sorte de novo.
Desliguei o telefone e olhei para o monitor do computador, estava adiando demais minha investigação e iria aproveitar aquela noite para realizar meu maior feito como um hacker profissional. Deixei a hora passar até terminar meus relatórios, desliguei tudo na minha sala e peguei meu tablet, só iria precisar do programa dentro dele para quebrar todas proteções do sistema.
Esperei a maioria das pessoas irem embora e me tranquei no banheiro até a madrugada, abri o forro do teto e fui seguindo pelo duto de ar até o escritório do diretor geral da Interpol, era um dos membros mais importantes e de maior influência. Eu tinha certeza que ele escondia alguma coisa, abri o forro e desci, retirei a lanterna do meu bolso e fui até a mesa. Assim que liguei o computador e conectei meu tablete nele, iniciando a infecção do sistema com um vírus que tinha criado, aquilo iria me ajudar a passar por todas as senhas e contra senhas que teria no sistema e chegar até os arquivos ocultos.
— Ah, acho que agora eu consigo o que estou procurando. — sussurrei para mim mesmo.
Assim que o vírus se completou, comecei acessar o arquivo oculto, havia muitas pastas sobre muitas missões e investigações sigilosas, e após procurar dentro de pastas e mais pastas, encontrei a dos prodígios. Foi um suspiro grande de alívio, fiz uma contra cópia oculta enviando para meu tablet, havia uma pasta reservada somente com informações sobre Cassie e . Aquela pasta que fazia todos as nossas suspeitas se concretizaram, tinha todas as provas que poderia ser uma ligação de com Cassie.
— Achei. — sussurrei de leve.
De repente, ouvi um barulho vindo do lado de fora, fechei todas as pasta e desliguei o computador, assim que voltei para o duto de ventilação, deixei o forro entreaberto para ver quem entraria na sala. Minutos depois finalmente a porta se abriu, era o diretor Marx.
— Você vai me desculpar sr. D, mas o que a
LT fez foi um insulto. — disse ele com voz áspera. — Ela deveria me entregar o pacote.
— Você já deve saber que ela não pode ser domada, não posso fazer mais nada quanto a decisão dela, minha prodígio já passou por cima dos seus princípios para atender seu pedido. — disse uma voz firme, porém suave, não conseguia ver a face do homem.
— Princípios? — ele riu. — Não sabia que uma mera criminosa tinha princípios.
— Meça suas palavras.
— Estou pagando por isso, senhor D. — retrucou ele.
— Pagando? — ele riu. — Você ameaçou a minha criança. — o homem se aproximou do diretor e pegou no colarinho de seu terno. — Se eu pedi que ela completasse essa missão, não foi por causa da sua chantagem, proteger a imagem da
LT não é um pagamento, é sua obrigação.
— O que está fazendo? — o diretor parecia um pouco assustado naquele momento e atordoado. — Como ousa falar assim comigo? Com que direito?
— Tenho muito mais direito do que você imagina, e você me deve muito mais do que imagina, nunca mais ouse usar a
LT para conseguir o que quer, ela só pegou aquela criança, porque seria vantajoso para mim, e não por sua reles causa. — o homem soltou o terno do diretor e lhe deu um soco o fazendo cair no chão — Ah, só mais uma coisa, Marx, jamais se refira a
LT como uma mulher qualquer, ela vale mil vezes mais que qualquer agente idiota que você tem aqui, ou melhor, cada fio de cabelo dela vale muito mais que você.
O homem se afastou e saiu da sala. Engoli seco vendo tudo aquilo, o diretor Marx era um cliente da
LT, e pior, ele conhecia o chefe dos prodígios. Será uma bomba quando eu contar para Cedric.
Não seria fácil mesmo convencer Natália a ficar com aquele bebê, mas depois que expliquei toda a história em detalhes, desde o início me escondendo no quarto de , até aquele momento com Siwon me ajudando a roubar aquele bebê. Ela ficou sem reação por alguns minutos e até ignorou o fato de eu estar envolvida com o irmão do Siwon, e pior, eu usá-lo tranquilamente como um álibi.
Natália me deixou no apartamento sozinha e saiu por alguns minutos, quando retornou, estava com algumas sacolas em suas mãos, tinha algumas coisas para o bebê, inclusive leite especial para dar a ele. Fiquei com medo de perguntar se ela aceitaria ficar, ou me expulsaria de lá com meus problemas e confusões, mas minha irmã era muito legal comigo.
— Me desculpe por trazer minhas loucuras para você. — disse pegando algumas das sacolas da sua mão e colocando em cima da mesa.
— Irmãos são pra isso, não é? — ela me olhou respirando fundo. — Não vou dizer que estou feliz com a vida que você leva, mas tenho que agradecer, porque foi através disso que hoje somos livres e sobrevivemos.
— Não precisa dizer com essas palavras. — eu a abracei apertando um pouco. — Também te amo.
— Só disse a verdade, graças a você posso fazer faculdade e ter uma profissão digna, quando olho para o nosso passado, não dava para vermos um futuro bom. — sua voz continha tristeza, mas ao mesmo tempo alívio por estarmos melhor. — Devo agradecer ao Dean por isso também?
— Acho que sim. — suspirei um pouco. — Então, eu sei que pode ser perigoso, mas preciso manter essa criança a salvo, longe de muitas pessoas.
— Eu deveria dizer não, mas também não deixaria um inocente desamparado. — disse ela me olhando com sinceridade. — Você sabe que ser mãe é uma responsabilidade e tanto?
— Por isso que tem que ser você, me desculpa por estragar sua vida acadêmica. — disse fazendo cara triste.
— Seu olho de criança abandonada não me convence, . — ela riu. — E quanto a faculdade, estava mesmo pensando em mudar de curso e de cidade.
— De quanto você precisa? — perguntei já pensando na grana que daria para que ela se instalasse em algum lugar legal.
— Ainda não sei, mas e quanto aos documentos do bebê?
— Acho que ficarão prontos em dois dias, serão entregues aqui.
— Tudo, tipo,
tudo? Porque até mesmo para um registro terá que ter aquelas coisas de médico para provar que eu estive grávida.
— Quanto a isso, não se preocupe, esse meu amigo é muito bom em forjar evidências.
— Tudo bem. — ela respirou fundo. — Enquanto esperamos, eu dou um jeito de organizar minha vida aqui.
— Já sabe para onde vai? — perguntei meio curiosa.
— Estava pensando em fazer gastronomia em São Paulo, o que acha?
— Você sempre gostou de cozinhar. — sorri de leve. — E por falar em comida, minha barriga está vazia.
— Imaginei. — ela riu indo em direção a cozinha. — Que tal spaghetti a la carbonara?
— Uah, comida italiana, já amei! — eu ri indo atrás dela. — Estava com saudade da sua comida.
— Imagino, e como está o Cronos?
— Bem, passou por uns momentos de depressão por causa da minha ausência, mas está recuperado!
— Que bom. — ela riu abrindo o armário. — Ainda não acredito que está em um relacionamento.
— É falso. — afirmei.
— Mas seus olhos dizem que é real. — ela me olhou. — Se fosse o Siwon, até entenderia, você me disse que vocês era só físico, mas consigo perceber que quando fala desse , seu coração bate mais forte, seus olhos brilham quando fala o nome dele.
— Bobagem sua. — dei de ombros não querendo admitir.
— Eu te conheço, minha querida irmã! — ela riu de novo. — Agora vá ver como está seu sobrinho.
— Nossa, mamãe.
Eu fui até o quarto rindo e olhei como estava o pequeno bebê, era mesmo bonito e muito quieto, a menos que esteja com fome. Voltei para a cozinha e continuei a conversar com Natália sobre o futuro da criança, de todo o modo, somente eu saberia o segredo dela, eu e minha irmã. Iria esconder até mesmo do Dean, não deixaria que ele se aproveitasse da oportunidade, afinal, quando eu digo não, é realmente não.
Os dois dias se passaram, como previsto, recebemos um pacote com todos os documentos que eu precisava para dar ao bebê uma nova vida, e tivemos o prazer de escolher um nome para ele. Seu nome seria Joseph e sua mãe oficialmente seria Natália, a família não estava completa e eu iria providenciar isso mais tarde, porém já era suficiente dar a um inocente a chance de não ser usado, não pelo menos por outra pessoa que não fosse eu, sua salvadora.
Ajudei Natália a organizar as coisas para a mudança, não levaria muita coisa, apenas as roupas do corpo e objetos pessoais. Seria uma vida nova em São Paulo, compramos um apartamento no bairro Liberdade, em um edifício com boa vista e vizinhos que não cuidam da sua vida. A rua era pouco movimentada, tinha boas escolas particulares perto e era próximo à parte mais comercial do bairro, uma localização perfeita para recomeçar.
Natália passaria os primeiros meses cuidando exclusivamente do pequeno Joe, depois ela iria se matricular no curso de gastronomia na USP, e dinheiro não seria problema para mantê-los confortável e realizar o sonho da minha irmã. Assim que terminamos de arrumar parte das coisas no apartamento dela, recebemos uma visita inusitada e nada esperada.
— Dean? — disse assim que abri a porta pensando ser o síndico.
— Boa tarde,
LT. — disse ele parado me olhando.
— Quem é, ? — Natália veio do quarto com Joe no colo e parou estática no meio da sala. — Senhor D.
— Posso entrar? — perguntou ele de forma natural.
— Claro. — me afastei para ele passar. — O que faz aqui? Como você…?
— Encontrei vocês? — ele sorriu de canto. — Sabe que nada passa por meus olhos, sempre sei dos seus passos, .
— O senhor aceita alguma coisa? — perguntou Natália tentando não gaguejar.
— Não, obrigado. — ele direcionou seu olhar para Joe. — Fico feliz que o pacote esteja bem e que esteja ajudando sua irmã.
— Irmãos são pra isso, ajudar. — confirmou ela.
— Devo imaginar algo a mais sobre isso? — ele se virou para mim.
— Esse bebê não vai sair daqui. — afirmei me mantendo firme.
— Eu sei, jamais passaria por cima da sua vontade. — ele sorriu novamente. — Soube que Siwon está no Rio à sua espera.
— Minhas malas ficaram com ele, tenho que ir buscar. — expliquei.
— Entendo, mas acho que será bom o encontro de vocês. — ele suspirou um pouco. — Podemos conversar em outro lugar?
— Claro. — me virei para Natália. — Eu volto mais tarde.
— Tudo bem. — ela assentiu mantendo sua atenção em Dean.
Eu estava mesmo surpresa por ele estar ali, mas só confirmou que eu jamais sairia das vistas dele, uma vez prodígio, sempre prodígio. Dean sempre seguiria meus passos em qualquer lugar que eu fosse, isso era um fato. Entramos no táxi e seguimos para um lugar tranquilo e calmo, ele me levou ao Parque do Ibirapuera, caminhamos um pouco até chegar numa parte mais elevada, fiquei olhando para o céu do final da tarde, formava um colorido bonito. Era raro esses momentos normais que eu me atentava para as coisas simples da vida.
— Pare de me olhar e diga logo o que quer. — disse voltando meu olhar para ele. — Por que veio aqui?
— Para falar do seu último roubo. — disse ele.
— Se não quis tratar disso pelo telefone, é porque é sério. — sibilei um pouco imaginando o que poderia ser.
— Sim, algo que talvez você possa não aceitar, mas é a única que conseguirá fazer.
— Direto e preciso. — respirei fundo — Diga então, qual é meu último serviço.
— Você terá que roubar seu álibi.
O quê? Pensei comigo mesma o olhando.
“Someone call the doctor.”
– Overdose / EXO
Capítulo 31
Eu não sabia o que pensar, Dean tinha dito o que eu jamais imaginaria que pudesse acontecer, em minha mente muitas coisas se passavam. Ficamos parados por alguns minutos em silêncio, eu estava evitando olhar para ele, era raros os momentos em que me sentia confusa e sem direção.
— Você disse cinco roubos, porque já sabia que esse seria o último. — iniciei dando dois passos para frente olhando para o um casal que estava mais à frente. — De férias, eu não vou precisar de um álibi, porém desta vez o meu álibi é o meu alvo.
— É a vida. — disse ele atrás de mim, num tom suave. — São somente negócios.
— Devo entender como algo proposital vindo de você? — me virei o olhando.
— Você pode recusar se quiser, tenho muitas pessoas à minha disposição e uma delas é sua maior inimiga. — ele deu um sorriso de canto cheio de ironia. — Mas, estou curioso sobre uma coisa, você é uma profissional, não é?
Respirei fundo o olhando fixamente nos olhos, a primeiro momento queria recusar, mas sei como Dean é estrategista, mencionar Louise indiretamente foi um golpe meio baixo. Mesmo que eu recusasse, não conseguiria aceitar ou permitir que aquela traidora tocasse em minha família.
— Envie as informações para meu tablet.
— Quer dizer que vai aceitar?
— Quer dizer que vou pensar. — respondi respirando fundo. — Mais alguma coisa?
— Se for iniciar seu trabalho, acho que a pessoa à sua espera no Rio pode te ajudar indiretamente. — ele tocou de leve em meu rosto. — Você fica muito interessante com esse olhar vingativo.
— Não vou mentir e dizer que estou satisfeita. — fui sincera. — Se não há mais nada, preciso me despedir da minha irmã. — passei por ele me afastando.
—
LT. — sua voz ainda estava fria, num tom sério.
— Sim? — o olhei.
— Deixarei sua vontade passar desta vez, mas da próxima vez que eu disser para entregar um objeto de desejo, seja ele qual for, entregue. — seu olhar fixo nos meus.
— Entendi. — me virei sem cerimônias e saí.
Demorei um pouco para voltar para o apartamento, no caminho passei por uma cafeteria e comprei uma torta de morango com chocolate, para comemorar a nova vida que minha irmã teria. Eu não queria trazer meus problemas para ela, muito menos deixá-la preocupada com tudo que estava acontecendo, quando retornei, Natália estava sentada no sofá, ao lado o carrinho de bebê, com o Joseph dormindo.
— Está tudo bem? — perguntou ela.
— Sim. — assenti fechando a porta e indo até a cozinha. — Trouxe uma torta para celebrarmos o novo apartamento.
— , eu te conheço. — ela se levantou vindo atrás de mim. — O que o Dean queria?
— Falar do meu último roubo antes das férias. — passei a mão no cabelo me encostando na bancada da pia. — Eu não sei se vou conseguir.
— , o que ele disse? — ela deu alguns passos parando em minha frente.
— Ele quer que eu roube o . — desviei meus olhos para o chão. — Como eu poderia roubar meu álibi?
— Não acredito. — sussurrou ela. — Típico do Dean, será que ele está com ciúmes de vocês?
— Pare de levar para esse lado. — respirei fundo me desviando dela e indo para a sala. — São somente negócios.
— Está falando como ele. — retrucou ela vindo atrás de mim.
— Foi o que ele disse. — expliquei.
— E o que você vai fazer? Vai mesmo roubar o ?
— Não sei, estou pensando ainda. — caminhei até a janela. — De qualquer forma, se não for eu, provavelmente será alguém que odeio.
— Essas palavras enigmáticas, está falando da Louise? — perguntou ela.
— Quem mais? — a olhei.
— Desta vez o papai te deixou em uma situação tensa. — brincou ela de leve. — Mas tenho certeza que você vai conseguir tomar a decisão certa.
— Obrigada. — me aproximei dela e a abracei. — Vou ficar ainda mais com saudade quando for embora.
— Você sempre sente minha falta, mas nunca tira um tempo para me visitar. — reclamou ela.
— Acredite, eu nunca tenho uma folga. — me afastei um pouco dela.
— Pelo menos após toda essa tempestade você terá um descanso. — disse ela se dirigindo para a cozinha novamente. — Já sabe onde vai passar suas férias?
— Estava pensando em Bahamas ou Havaí, mas poderia tentar uma rotina normal aqui, te ajudando com o meu sobrinho. — respondi indo atrás dela.
— Olha,
LT querendo uma rotina normal na vida. — ela me olhou surpresa. — Sério isso?
— Talvez. — sorri de leve. — Acho que preciso mesmo de um tempo para recarregar as energias e pensar no que será da minha vida. — suspirei um pouco. — Corro o risco de quando voltar a ativa, não ter mais um álibi.
— Não pense nisso agora. — ela foi até a bancada e retirou a caixa com a torta da sacola. — Vamos comer, chocolate alegra a vida e dá energia.
Eu assenti sorrindo e me sentei na mesa, era bom passar aquele tempo com minha irmã, não pensar na minha vida fora daquele apartamento, entretanto, eu tinha que voltar a realidade e decidir o que iria realmente fazer. Passei aquela noite no apartamento com Natália e Joseph, e aproveitei para comprar minha passagem para o Rio e ligar para Siwon.
Ele estava hospedado no Copacabana Palace. Logo pela manhã, eu me despedi da minha pequena nova família, eles estavam seguros e era somente isso que importava. Após 45 minutos de voo, desembarquei no aeroporto internacional, conhecido como Galeão, já tinha um carro a minha espera.
Eu pensei que iria direto para o hotel, mas o carro me levou para a praia de Copacabana, fiquei surpresa ao ver ele sentado em uma cadeira de praia com um drink na mão. Não consegui segurar o riso, aquilo parecia até cena de filme de comédia, caminhei até ele e fiquei parada na frente, tampando seu sol.
— Chegou o que estava faltando. — disse ele abrindo os olhos.
— Você não trabalha, não? — eu ri um pouco. — Está parecendo esses milionários que vive da bolsa de valores.
— Yah, nem sou assim. — ele ergueu seu corpo. — Você demorou.
— Estava resolvendo aquele problema. — expliquei.
— Conseguiu? Esbarrei com o Dean, há dois dias atrás. — disse ele. — Ele…
— Sim, já conversei com ele e está tudo resolvido. — desviei meu olhar para o mar. — Vim buscar minhas malas.
— Já? — ele se levantou e pegou em minha mão. — Não vai aproveitar?
— Não sei se deveria. — mantive minha atenção no mar.
— Você parece tensa, sua conversa com o Dean teve algum problema?
— Não. — desviei meu olhar para ele. — Só estou ansiosa por minhas férias.
— Hum. — ele deslizou suas mãos em minha cintura me aproximando um pouco mais dele. — O pouco que te conheço, não é somente isso, ele disse algo sobre seu último roubo?
— Não. — respondi com segurança. — Sei que está tão curioso quanto, mas até agora não tenho nenhuma informação.
— Então relaxe e aproveite, estamos no Rio e eu me sentiria culpado se não a fizesse aproveitar o momento. — ele veio se aproximando de mim para me beijar.
— Siwon. — eu encostei meu dedo indicador nos lábios dele. — Eu ainda sou sua cunhada.
— Que triste realidade. — ele sorriu de canto se afastando um pouco de mim. — Mas ainda tenho esperanças.
— Que feio, torcer contra o relacionamento do seu próprio irmão. — disfarcei um sorriso me virando para o mar.
— Se fosse real, eu estaria mais conformado.
— Que tal mudarmos de assunto, agora fiquei com vontade de dar um mergulho. — disse me espreguiçando. — Que pena que estou sem os trajes corretos.
— Acabei de pensar em algo, mas prefiro não comentar.
— Não comente mesmo, sei que sua mente é cheia de comentários maliciosos. — eu ri um pouco.
— Quando estamos com uma vontade é melhor realizá-la, não importa a roupa.
— Eu sei. — pisquei de leve para ele e corri para o mar.
Precisava mesmo de alguns mergulhos para deixar meu corpo mais leve e minha mente mais vazia, por um breve tempo, todas as decisões que eu precisava tomar pareciam não importar. Eu voltei para perto de Siwon, estava me sentindo um pouco mais relaxada e menos tensa, tanto que até ele notou isso.
— Acho que podemos ir para o hotel. — disse ao chegar perto dele. — Me sinto bem melhor.
— Estou vendo. — ele sorriu espontaneamente, esticando uma toalha para mim. — Tem certeza que quer ir para o hotel?
— Sim, preciso das minhas malas. — assenti pegando a toalha e enrolando em mim.
— Então, seu desejo é uma ordem.
Entramos no carro que continuava lá nos esperando, seguimos para o Copacabana Palace. Eu ficaria na suíte de Siwon, óbvio, assim que entrei peguei a mala e segui em direção ao banheiro, demorei um pouco tomando uma ducha quente, coloquei roupas leves e confortáveis, sequei meu cabelo e voltei para o quarto com a mala.
— Precisa de privacidade? — perguntou ele encostado na porta. — Posso descer para a piscina.
— Não quero te incomodar. — disse de forma inocente.
— Não me incomoda nenhum pouco, antes de tudo, somos amigos. — ele piscou de leve e saiu do quarto.
Respirei fundo e peguei minha bolsa, me sentei na cama ligando meu tablet e digitei a senha de entrada, os arquivos já estavam lá, eu os abri por curiosidade, era um dossiê completo sobre a família dele, tinha coisas sobre seu pai que eu nunca imaginaria. A família Cho não era da máfia asiática, mas tinha amizades com famílias muito poderosas, incluindo a família chinesa Chang, que roubei quando conheci .
— … Não imaginava que sua família tinha tantos inimigos. — sussurrei para mim mesma. — O que eu vou fazer?
Continuei lendo os arquivos, meu objeto de desejo era alguns arquivos específicos que estavam em um único computador, e este computador estava em um lugar que somente pessoas próximas entravam. A casa da família Cho, considerada o lugar mais seguro e protegido por muitos dos meus clientes especiais, não era à toa que o cliente da vez estava pagando uma pequena fortuna para que esse roubo fosse feito por mim.
Eu não tinha ideia de como poderia fazer aquilo e nem se eu queria mesmo fazer, mas imaginar que Louise pudesse fazer no meu lugar me deixava mais irritada do que ter que aceitar. Eu sentia que Dean estava me colocando contra parede sem se esforçar, mas seria tão fácil assim para mim, trair meu álibi?
— O que eu faço? — me perguntei novamente.
O telefone do quarto começou a tocar, me levantei e atendi.
—
LT? — era a voz de Dean.
— Diga. — respondi.
—
Já pensou sobre sua resposta? — Acabei de ver o que me mandou.
—
E?
— Ainda não me decidi. — estava mesmo confusa.
—
Tudo bem, sei que é algo delicado para você. — ele ficou um tempo em silêncio, conseguia ouvir sua respiração. —
Para não dizer que sou uma pessoa má, vou te dar uma semana para resolver isso.
— O quê?
—
Isso mesmo, se em uma semana você não concluir seu último roubo, Louise fará no seu lugar, a escolha é sua.
Eu não tive nem a chance de retrucar, Dean encerrou a ligação, assim que eu coloquei o telefone no gancho, Siwon entrou no quarto, eu o olhei sem reação.
“Agora, todos estão olhando para nós com pipoca na boca,
Esperando para ver o que vai acontecer com nós dois.”
– Lotto / EXO
Capítulo 32
— ? — ele me olhou um pouco confuso e desconfiado — Tudo bem?
— Sim. — assenti se afastando do telefone. — Por quê?
— Nada. — ele deu alguns passos se afastando da porta. — Ligou para alguém?
— Pensei em ligar para casa, ainda estou preocupada com o Cronos, mas desisti. — expliquei inventando uma desculpa plausível. — E você? Se cansou de ficar na piscina?
— Foi um pouco complicado pensar em outras coisas, imaginando você aqui em meu quarto. — ele me olhou com suavidade. — Mas não se preocupe, não vou te deixar desconfortável.
— Sei que não. — caminhei até a cama e peguei meu tablet, o desligando. — Alguma novidade? E sua conferência de medicina no Uruguai?
— Tudo que me importava já havia sido discutido. — respondeu ele cruzando os braços e se encostando na parede. — Eu estava quase voltando para casa.
— Então mais uma vez eu tive sorte. — sorri de leve, guardando o tablet na bolsa. — Quando você disse casa, está falando da França?
— Não. — ele suspirou um pouco. — Estou falando da Coréia.
— Hum? — por essa eu não esperava, até quando não quero ter sorte as oportunidades surgem na minha cara.
— Está surpresa?
— Um pouco. — desviei meu olhar para a janela, deixando minha bolsa em cima da mesa ao lado da porta para o banheiro. — Você sempre disse que não se via voltando para seu país, o que vai fazer lá? Servir o exército?
— Não. — ele riu. — Eu já fiz isso, antes da universidade.
— Uau.
— É seu “marido” quem ainda não foi. — comentou ele segurando o riso.
— E isso interfere em algo? — perguntei meio confusa.
— Hum, talvez. — ele fez um breve silêncio. — Depende se ele vai continuar sendo seu álibi.
— Uma pergunta curiosa. — dei alguns passos até a porta. — Bem, estou com fome, você me acompanha?
— Claro. — Siwon descruzou o braço, dando um sorriso largo. — A comida desse hotel é maravilhosa.
— Imagino, já ouvi muitos elogios.
Eu tinha uma semana para me resolver, por ironia, acabei passando três dias no Rio de Janeiro com Siwon, acho que era a folga que precisava para esvaziar minha mente. Não era somente roubar meu álibi, mas também tinha a resposta que eu deveria dar a eles, a escolha que eu também não estava preparada para fazer.
Escolher entre e Siwon, era tão difícil quanto escolher roubá-los ou não, mesmo que a resposta fosse muito óbvia, a pior parte era admitir para mim mesma o que eu sentia e o que eu deveria fazer. Mas aqueles dias ali, na companhia de um amigo, não do Siwon, meu álibi do passado, mas do Siwon meu amigo, que sabia um pouco sobre mim e me conhecia mesmo com minhas máscaras, estava me fazendo muito bem.
— Tenho que admitir, o SPA daqui é muito bom. — disse ao entrar no quarto.
— Que bom que está gostando. — ele estava encostado na janela de braços cruzados, seu olhar para mim era o mesmo, intenso. — Tenho uma novidade para você.
— Para mim? — o olhei meio curiosa. — O que seria?
— Você, como uma pessoa VIP para nós, foi convidada a um jantar muito importante na verdadeira casa da família Cho. — disse ele num tom sinuoso.
— Como assim verdadeira casa? Que jantar é esse? — perguntei me fazendo de desentendida.
— Um jantar em comemoração ao aniversário de casamento dos meus pais.
— Mas e a festa na casa dos seus pais em Paris? — perguntei confusa.
— Aquilo. — ele riu. — Foi uma simples celebração para amigos mais simples, o jantar de agora será para pessoas exclusivas.
— Me sinto lisonjeada por estar na lista. — sorri de canto.
Eu conseguia sentir o grau de ostentação em cada palavra dele, era como se, neste momento, estivesse finalmente tendo acesso ao lado mais sério e verdadeiro de sua família. Essa é uma das provas que todos temos segredos e mistérios em nossa vida, a família Cho estava se tornando um mistério para mim, algo que eu queria decifrar. E tinha certeza que descobriria muito mais coisas, se fosse aquela casa.
— Considere seu convite aceito. — o olhei com pouca intensidade. — Ainda estou devendo um presente a sua mãe.
— Acredite, ela vai adorar ver você lá. — comentou ele.
— E quando vamos? — perguntei.
— Nosso voo parte daqui duas horas. — respondeu ele.
— Nosso? Você diz como se soubesse que eu aceitaria.
— Bem, de alguma forma eu já imaginava isso. — ele se espreguiçou indo em direção a porta. — Vou te deixar à vontade para se preparar.
— Não acredito que eu vá demorar duas horas. — ri um pouco.
— Mulheres costumam demorar. — ele brincou abrindo a porta. — Quando estiver pronta, estarei na recepção.
— E suas malas?
— Já estão lá embaixo. — ele saiu do quarto rindo.
“Mulheres costumam demorar.” Eu ainda era a LT pontual de sempre, ri um pouco daquele comentário dele e caminhei até o banheiro, uma ducha quente para relaxar meu corpo e me preparar para 24 horas de voo até o outro lado do mundo. Para a surpresa dele, não gastei muito tempo para me arrumar e conferir minhas coisas, deu até tempo para o almoçarmos em um restaurante chamado
Demoiselle, dentro do aeroporto do Galeão.
Literalmente um dia depois, estávamos desembarcando no Aeroporto Internacional de Incheon, foi surpreendente ver me esperando na área de espera, ele estava encostado em uma coluna, de braços cruzados com o olhar fixo em mim. Tenho que admitir, meu coração acelerou um pouco quando o vi.
— Bem-vinda. — disse ele com sua voz suave quando eu parei na sua frente.
— Hum, como vocês dizem,
komaweyo. — eu me mantive um pouco séria, mas com um disfarçado sorriso de canto.
Ele sorriu espontaneamente, assim que Siwon se aproximou de nós, ele parecia mais sério ainda, o que estava me deixando um pouco intrigada. Nós saímos do aeroporto, Siwon pegou nossas malas e colocou dentro do porta-malas, eu fiquei ao lado de esperando. Siwon terminou, e pegando as chaves da mão de , entrou no carro e partiu.
— Para onde ele vai? — perguntei.
— Para casa. — me olhou tranquilamente. — Nós vamos comprar um presente para meus pais.
— Nossa. — eu sorri meio sem entender. — Um programa de casal logo na minha chegada.
— Siwon me disse que você está devendo um presente para minha mãe.
— Sim, é pelo quadro que ela me deu. — assenti o seguindo até um carro.
— Aquele carro não era meu. — retirou outra chave do bolso. — Esse é meu carro. — ele apertou o chaveiro para desativar o alarme.
— O que mais eu não sei sobre sua família? Porque Siwon ficou muito misterioso nas últimas horas.
— Não me olhe assim. — ele riu abrindo a porta para mim. — Não somos da máfia.
— Me prove. — eu entrei no carro, mantendo meu olhar nele.
Ele riu fechando a porta e foi para o outro lado, entrou no carro e colocou o cinto de segurança, assim que deu a partida, acelerou.
— Minha família é comum, a única coisa que nos difere das outras, é que temos muitos amigos importantes e sabemos de alguns segredos deles. — explicou de forma meio superficial.
— Hum, o que faz vocês serem notados, então. — conclui.
— Basicamente isso. — ele dirigia com tranquilidade, seu olhar atento ao trânsito, mas o sorriso discreto se mantinha em seu rosto. — Mas, vamos falar sobre você agora.
— Sobre mim? — mantive meu olhar para a rua. — O que quer falar sobre mim?
— Seu roubo, Siwon me contou sobre a pequena família que vocês tiveram. — ele riu baixo. — Fiquei com um pouco de inveja dele, mesmo que tenha sido uma mentira.
— Confesso que nunca me vi casada com três filhos, ainda mais com o Siwon. — ri um pouco também. — Mas talvez eu não esteja imaginando isso com a pessoa certa.
— O que quer dizer com isso? — sua voz se mantinha suave, mas com um tom de ansiedade.
— Estou tentando descobrir. — encostei minha cabeça no vidro.
Estava mesmo tentando descobrir ou realmente admitir o que já tinha descoberto, talvez as palavras de Natália estejam fazendo sentido, estar ao lado de era diferente, era mais do que somente confortável. Estar com ele era como o complemento que eu sempre procurava, depois de concluir meus roubos, algo que me fizesse esquecer quem sou e ser normal.
— Você está muito pensativa. — comentou ele estacionando o carro na rua.
— Só estava apreciando a arquitetura local. — respondi destravando o cinto de segurança. — Posso saber onde estamos?
— Eu tenho um amigo que é oleiro, viemos buscar uma encomenda que fiz. — ele segurou em minha mão e começou a me guiar até a entrada do lugar.
Pela entrada parecia uma galeria de arte, mas quando entrei fiquei impressionada, havia vários vasos de porcelana e cerâmica expostos pelo lugar, as peças pareciam ser muito bem modeladas, pelos preços que estavam indicando. me deixou olhando as peças da loja e entrou em uma porta aos fundos, o lugar era realmente clássico com um toque moderno em seus efeitos com as luzes de led.
Eu fiquei um pouco entretida com um pequeno vaso branco, com pequenas flores de cerejeira desenhado nele, cada detalhes esculpido e desenhado me deixava um pouco fascinada. Por um breve momento, senti uma vontade de obter aquele objeto para mim, ossos do ofício, comecei a rir.
— Pelo riso, imagino que seja mais um pensamento travesso. — disse aparecendo ao meu lado.
— Não consegui resistir. — rindo desviei meu olhar para ele. — O que foi buscar?
— Nosso presente para minha mãe. — respondeu ele levantando a sacola que estava em sua mão.
— Hum. — olhei superficialmente, tinha uma caixa dentro da sacola. — Posso saber como é?
— É um vaso inspirado na dinastia Goryeo, minha mãe vem expressando o desejo de ter um assim há um tempo. — explicou ele.
— Que bom que ela poderá ter seu desejo realizado agora. — voltei meu olhar para o vaso com a pintura de cerejeira.
— Gostou mesmo dele? Se quiser posso te dar. — sugeriu ele.
— Não, dinheiro para comprar eu tenho, mas agradeço a oferta. — eu sorri.
— Está tudo bem? — perguntou ele.
— Por que a pergunta? — eu o olhei intrigada.
— Siwon me disse que você tem andado mais silenciosa que o normal. — explicou ele. — Está preocupada com o último roubo?
— Talvez, mas parte disso é cansaço. — me afastei um pouco dele. — Bem, para onde vamos agora?
— Está com fome? — perguntou ele pegando em minha mão novamente.
— Um pouco.
me guiou novamente, mas desta vez não voltaríamos para o carro, andamos um pouco pelas ruas do bairro de Gangnam, considerado o bairro mais rico de Seoul. Estava mesmo parecendo um legítimo encontro de casal, ele me fez tirar algumas fotos com minha câmera profissional, já que atualmente eu estava investindo no meu novo hobbie, a fotografia.
Eu já tinha estudado um pouco sobre técnicas de fotografia, ângulos, precisão e composição, mas nenhuma técnica se comparava ao sorriso espontâneo e doce que fazia quando me olhava. Aquilo estava me deixando sem reação, sem ar e principalmente, estava me fazendo me sentir culpada antecipadamente, olhar em seus olhos estava me fazendo pensar em algo que nunca tinha feito em todo aquele tempo de profissão.
O olhar de para mim, estava me fazendo desistir de vê-lo como um objeto de desejo ou mesmo álibi, eu estava começando a vê-lo como
“meu marido”.
“Eu te amo muito, mas meu orgulho nessas palavras,
Não me permitem dizê-las a você,
Hoje vou juntar toda a minha coragem e te dizer,
Então escute calmamente, eu vou cantar para você.”
– Sing for You / EXO
Capítulo 33
Cedric Eu estava mais do que determinado em minha nova estratégia. Peter tinha razão, eu teria que ficar invisível por algum tempo até ele finalmente recolher todas as informações que eu precisava.
Meu novo destino era Londres, mais precisamente o escritório no centro da cidade, perto do London Palladium. Esperei por um longo tempo na recepção, até que autorizaram minha subida. Assim que cheguei no hall de entrada do andar do seu escritório, a recepcionista já me esperava na porta do elevador.
— Por aqui, senhor. — disse ela me indicando o caminho. — O senhor Becker já irá atendê-lo.
— Tudo bem. — eu a segui observando todo o lugar ao meu redor.
Assim que entramos na sala dele, ela estendeu a mão para que me sentasse no sofá e me ofereceu um café, eu recusei, porém agradeci e continuei de pé esperando. Mantive meu olhar na fachada de vidro do prédio, dava uma bela vista da área externa, demorou alguns minutos até que o tal Davi entrou na sala.
— Fiquei curioso quando minha secretária disse que alguém da Interpol queria falar comigo. — disse ele ao entrar. — Espero não estar em má situação.
— Claro que não, senhor Davi Becker. — disse desviando meu olhar para ele.
— Por favor, me chame somente de Davi. — disse ele esticando a mão em cumprimento.
— Como quiser, pode me chamar de Cedric. — retribui o cumprimento com um aperto de mão forte.
— Bem, já que não é nada de errado comigo, o que o traz aqui? — seu olhar era de curiosidade.
— Cassie. — direto e objetivo.
— Acho que já entendi. — ele riu caminhando até a sua cadeira e se colocou ao lado dela.
— Quero que me conte sua história. — disse com convicção.
— E por que eu deveria? Ninguém me deu credibilidade e ainda acharam que era um golpe meu, fui processado por causa daquele roubo e todos os registros do meu boletim de ocorrência desapareceu. — seu olhar estava na vidraça, sua voz tinha traços de amargura.
— Eu imagino. — suspirei fraco. — Posso te assegurar que irei acreditar em suas palavras, quero prender Cassie mais do que tudo.
— Muito bem. — ele respirou fundo e se virou para mim. — Tudo começou quando eu consegui inventar uma fórmula de cosmético, tinha acabado de me formar na universidade, estava participando de um concurso. — ele se sentou na cadeira. — Minha fórmula ganhou e eu iria assinar com uma grande empresa de cosméticos que organizava o concurso, porém, dois dias antes eu esbarrei com ela… O pior erro da minha vida foi convidá-la para meu apartamento, no dia seguinte, não tinha mais nenhum vestígio da minha fórmula e três semanas depois, o produto que eu tinha criado estava circulando nas lojas da concorrência.
— E você não tinha como provar? Não ganhou o concurso?
— Me processaram dizendo que eu tinha plagiado a fórmula, tive que pagar uma multa gorda para a empresa que estava comercializando e para o falso dono da fórmula. — explicou ele. — Ou seja, Cassie arruinou o início da minha carreira, minha sorte é que sou de família rica, porém, como no meu apartamento foi encontrado alguns ecstasys, minha credibilidade foi abaixo.
— E claro que não era seus? — disse num tom irônico.
— Não eram, foi implantado. — seu tom era firme e seguro.
— Estou curioso, qual o nome desse falso dono da fórmula?
— Jason Flint. — respondeu ele. — Foi um colega da universidade, não nos dávamos muito bem, ou melhor, sempre competíamos para saber quem era o melhor.
— Interessante, então devo concluir que esse Jason é um cliente que pagou para ela te roubar. — conclui gravando o nome em minha mente. — Contudo, você conseguiu se reerguer, já que esta empresa é sua e tem parceria com algumas marcas famosas.
— Sim, eu consegui, porém este roubo ainda me assombra um pouco, e não recuperei cem por cento do respeito do meu pai. — o tom de amargura tinha voltado em sua voz. — Ainda mais, depois do que fiz na festa da família Cho.
— O que você fez? — perguntei curioso.
— Por um infortúnio, acabei confundindo a noite do filho do senhor Cho, com a Cassie. — ele suspirou um pouco. — Ela era tão parecida, acabei fazendo o que não deveria.
— Hum, e poderia saber qual o nome da moça? Só por especulação.
— . — respondeu ele. — Se ela não fosse noiva dele, afirmaria que ela é a Cassie.
Me mantive em silêncio, não falaria para ele que eu conhecia ela, muito menos de minhas suspeitas também.
— Não se preocupe, Davi, Cassie não sairá impune e certamente sua honra perante a família será restaurada. — disse com convicção. — Tenho certeza que estou muito perto de pegar ela, e contarei com sua ajuda para isso.
— No que precisar, estarei aqui, serei o primeiro da lista se quiser alguém para testemunhar contra ela. — assentiu ele.
— Bom saber, agradeço por ter me concedido seu tempo. — estiquei a mão novamente.
— Eu que agradeço sua vinda. — Davi apertou minha mão, seu olhar era confiante.
Aquilo me fazia confirmar que pelo menos uma testemunha relevante eu teria, além dos arquivos que Peter estava reunindo. Eu lhe entreguei meu cartão e saí da sua sala, assim que entrei no elevador, meu celular começou a tocar, era uma chamada restrita, eu não costumava aceitar, porém desta vez atendi.
— Agente Cedric falando. — disse ao atender.
—
Hum, então é assim que você atende ligações suspeitas? — a voz era de Louise.
— Oi amor, por que está me ligando de um número restrito? — perguntei curioso.
—
Estou te ligando de um telefone da empresa, do setor de telemarketing. — explicou ela.
— O que faz neste setor?
—
Uma amiga me chamou para contar sobre suas desilusões amorosas, ela foi ao banheiro chorar agora, então pensei em te ligar. — respondeu ela.
— E onde está agora?
—
Em Xangai, fui transferida para longas escalas e você? — Estou a trabalho em Londres. — respondi saindo do elevador.
—
Hum, ainda com aquele caso da mulher das fotos? — Sim, mas prefiro não falar sobre isso. — caminhei até a saída tranquilamente. — E você? Quando volta para casa?
—
Em breve farei a escala Xangai-Paris, e como é mais longa, poderei ficar mais dias de folga. — ela deu uma pausa. —
Eu terei meu namorado em casa? — Claro. — assenti indo até a ponta da calçada e parando um táxi. — Farei o possível para estar com você.
—
Querido, tenho que desligar. — Eu também, até depois.
—
Até, te amo. — disse ela encerrando a ligação.
Olhei a tela do celular por um momento e entrei no táxi. Pedi para seguir em direção ao albergue que tinha me hospedado, iria fazer algumas anotações sobre tudo que Davi tinha e dito, além do mais tinha meu novo curso. Meu novo alvo seria investigar o tal Jason Flint, que certamente poderia ter alguma pista que pudesse me levar ao misterioso chefe dos prodígios.
Siwon Eu tinha deixado ela com , tinha certeza que não eu, mas meu irmão a faria se sentir em casa aqui na Coréia, melhor, iria fazer ela se sentir parte da família. Assim que cheguei em frente ao portão da nossa propriedade, dei um suspiro meio cansativo, já tinha me esquecido de todos aqueles procedimentos de segurança.
Ao estacionar em frente à mansão, minha mãe já estava me esperando na porta com um largo sorriso. Saí do carro e caminhei em direção a ela me espreguiçando, após chegar perto ela me deu um longo abraço, perguntando o que eu estava fazendo no Rio de Janeiro com a .
— Eu juro que só estava lá por indicação de um amigo do Congresso de Medicina. — expliquei ao me afastar dela. — E a foi uma perfeita coincidência.
— Coincidência? Sei, olhe lá, não quero meus filhos brigando novamente por uma mesma garota. — advertiu ela. — Sabe como foi difícil para nossa família.
— Calma mãe, eu sei. — ri de leve. — Onde está o papai?
— No escritório, conversando com um amigo pelo telefone. — respondeu ela. — Vamos entrar, deixe que o Han guarde as malas.
Assenti com a face e entrei com ela, minha mãe parecia animada pelo jantar e alegre por ter aceitado o convite.
— Então, nossa lista de convidados já está confirmada?
— Claro que sim. — confirmou ela indo até um jarro que estava na mesa de centro e o ajeitando. — Somente nossos amigos mais íntimos.
— A senhora parece mais ansiosa que o normal. — comentei permanecendo parado a olhando. — Está mesmo tudo bem?
— Com nossa família, sim, com nossos amigos, talvez. — sibilou ela. — Mas sabe que não gosto de falar sobre isso, então pergunte ao seu pai depois.
— Acho que vou perguntar a ele agora. — disse me afastando e indo em direção ao escritório.
Ao passar pelo corredor, notei que tinha um quadro novo na parede, sorri de leve imaginando que fosse algum presente para meus pais. Entrei no escritório e me mantive em silêncio, até que meu pai encerrou a ligação, ele olhou sério para mim e após respirar fundo, finalmente falou.
— Quando finalmente você sai da empresa, mas ainda assim seus amigos acham que você não se aposentou. — comentou ele.
— O que houve dessa vez? — perguntei um pouco preocupado.
— A família Boyarsky estava suspeitando de alguns dos nossos funcionários do porto de Londres, mas já está tudo esclarecido. — explicou ele.
— O funcionário era mesmo culpado? — perguntei curioso.
— Não, e a carga deles chegou pontualmente no porto de São Petersburgo na Rússia. — ele suspirou fraco. — O fato é que, quase fomos alvo de um roubo profissional.
— O quê? — era difícil acreditar naquilo.
— Sim, a carga da família Boyarsky continha alguns documentos sigilosos, que de alguma forma nos envolvia. — respondeu ele. — Entretanto, tudo acabou bem e o pacote foi entregue.
— Isso quer dizer que nossa família está sendo vigiada? — perguntei um pouco aliviado em saber que a tentativa de roubo não era obra de .
Tinha certeza de que se fosse ela, teria conseguido pegar os tais documentos.
— Isso quer dizer que os inimigos dos nossos amigos começaram a mover seus olhos para nós. — esclareceu ele. — Nossa família deve manter o máximo de segurança.
— As outras famílias, nossos amigos, sabem sobre isso?
— Sim, todos os nosso clientes VIPs já sabem sobre e estarão do nosso lado.
Até o momento nunca tinha me preocupado com isso, nossa família apenas era amiga de famílias importantes, tinha clientes importantes, fazia transações importantes. Mas agora passamos a ser um alvo também, o que me deixava ainda mais preocupado.
“Tudo o que quer fazer é bang bang bang bang
E clique, ka-tching, e pegar o meu dinheiro.”
– No F.U.N / SEVENTEEN
Capítulo 34
Ao final da tarde, voltamos até onde tinha estacionado de carro, seguimos por algumas ruas até que ele finalmente entrou em um condomínio residencial e parou em frente a um portão. Fiquei impressionada com todo o procedimento minucioso da fiscalização sobre mim, já que era minha primeira vez naquela casa.
— Uau. — disse ao seguirmos de carro até a mansão. — Nunca vi uma casa tão protegida como a sua.
— Sim. — ele riu um pouco. — Às vezes até eu e Siwon somos barrados no portão.
— Imagino em seus tempos de criança, como conseguia fugir?
— Não conseguia. — ele manteve seu olhar para frente. — Sempre era pego.
— Então sua casa é a mais segura que já vi. — ri de leve. — Acho que nem eu conseguiria roubar algo daqui.
— Sério? Minha casa é segura contra a LT? — retrucou ele impressionado.
— Ao que tudo indica. — sibilei um pouco olhando para a mansão logo à frente.
Assim que descemos do carro, vi a senhora Mary no jardim dando algumas instruções para uma equipe de garçons.
— Siwon me disse que seria um jantar discreto. — comentei olhando.
— Mas será. — afirmou com a sacola do presente na mão. — Vamos?
— Claro. — assenti o seguindo.
Caminhamos em direção a mãe dele, assim que me viu, abriu um largo sorriso e veio em minha direção, seu abraço foi apertado e demorado.
— Que bom que está aqui. — disse ela sorrindo para mim.
— Eu agradeço pelo convite. — disse sorrindo junto. — Siwon me disse que somente quem é considerado da família é convidado a vir aqui.
— Sim, e você é da família. — confirmou ela desviando seu olhar para . — E você? Por que não a trouxe mais cedo para o chá?
— Estávamos pegando seu presente. — respondeu ele esticando a sacola. — Nosso presente para você e o papai.
— Oh! — ela pegou a sacola demonstrando emoção. — O vaso que eu tanto queria, que lindo.
— Eu gostaria de dizer que foi ideia minha, mas todo o trabalho se deve ao . — admiti meio sem graça. — Acho que ainda te devo um presente de verdade.
— Não precisava contar. — disse rindo de mim.
— Ah yah, não repreenda ela, está sendo sincera e isso já me deixa feliz. — ela deu um tapa de leve no braço dele e sorriu para mim. — Venha , vamos colocar meu vaso em um lugar especial.
— Claro. — assenti deixando e a seguindo.
A senhora Mary era mais do que especial para mim, ela estava começando a representar a mãe que eu nunca tive de verdade. Conversamos um pouco mais sobre meu hobbie de fotografia, que para ela era minha profissão, enquanto ela continuava coordenando os funcionários que trabalhariam no jantar do dia seguinte.
Em um certo momento, eu me afastei dela e comecei a caminhar pela casa, tinha que reconhecer todo o território, caso que realmente aceitasse o serviço que Dean estava me dando. A mansão era muito bonita e bem decorada, a senhora Mary tinha bom gosto, além de ser muito bem segura, tinha contado mais de vinte seguranças que andavam discretamente na área externa, além dos empregados que ficavam na parte interna da mansão.
Tinha também algumas câmeras de segurança espalhadas pelo jardim, e algumas raras camufladas em pontos estratégicos dos lugares de maior circulação, como a cozinha, sala de estar e jantar. Teria que ser um perfeito ninja para roubar aquela casa sem ninguém ver, e eu ainda não era um.
— O que está olhando? — disse Siwon ao parar atrás de mim.
— O quê? — desviei meu olhar para ele.
— Estava mesmo distraída. — comentou ele dando um sorriso leve.
— Ah, acho que um pouco. — suspirei fraco. — Estava pensando no Cronos.
— Hum, tem certeza que o Cronos é só um cachorro mesmo? — ele riu.
— Sim, eu tenho. — assenti rindo junto. — O Cronos é minha família.
— Agora você tem outra família. — disse ele. — Se quiser, é claro.
— Ando pensando sobre isso. — ando pensando seriamente sobre isso. — Você acha que mereço ter vocês como família?
— Acho. — ele respirou fundo. — Você acha que merece nos ter como sua família?
— Não sei. — desviei meu olhar para a janela novamente.
Aquela era a pergunta chave.
— . — me chamou descendo as escadas. — Não quer descansar?
— Claro. — disse me afastando de Siwon. — Em que quarto ficarei?
— No meu. — respondeu ele estendendo sua mão. — Vamos?
Eu olhei de relance para Siwon, depois voltei minha atenção para ele e peguei em sua mão. Subimos as escadas e me guiou pelo corredor dos quartos, entramos no quarto dele e minha mala já estava na porta do closet.
— Fique à vontade, tenho que participar de uma reunião urgente na empresa. — disse ele se voltando para a porta novamente.
— Aconteceu alguma coisa ruim? — perguntei aparentando preocupação.
— É isso que vou tentar descobrir, mas você não vai estar sozinha. — respondeu ele. — Siwon e minha mãe estarão em casa, já o Sam deve chegar ao nascer do sol.
Ele saiu rindo. Eu fechei a porta e fui em direção à minha mala, minha bolsa estava em cima dela, tinha deixado dentro do carro de . Peguei a bolsa e caminhei até a cama, se sentei e peguei o tablet, liguei e coloquei no aplicativo de plantas e maquetes eletrônicas, tinha que desenhar pessoalmente o layout da casa, já que Dean não tinha essa informação.
Pontuei com precisão todos os lugares que aparentemente possuía câmeras camufladas, destacando das câmera visíveis. A casa deles não era somente segura, mas muito bem dividida os ambientes, todos poderia facilmente ter esconderijos secretos por trás de quadros, debaixo de tapetes, apesar de ser óbvio que as arquivos estariam no computador do escritório do pai deles.
Porém, eu poderia considerar as probabilidades deles terem transferido os arquivos para um pen drive e escondido esse pen drive. Eram muitas as perguntas que estavam se formando em minha mente, entretanto, todas me levavam ao bendito escritório. A pergunta era, como eu conseguiria entrar lá sem ser notada?
Talvez eu usasse o jantar para criar uma distração… Quanto mais eu pensava em como roubar, menos eu sentia vontade de roubar. Eu não queria decepcioná-los, nem mesmo magoar a senhora Mary, não queria trair ou perder a amizade de Siwon, mas a imagem de Louise roubando eles sempre me assombrava.
Após ficar mais de uma hora olhando para o mapa que tinha feito no tablet e lutando contra eu mesma mentalmente, desliguei o aparelho e fui em direção ao banheiro. Precisava de uma ducha quente, relaxar meu corpo e esquecer essa parte da minha vida, precisava somente focar na parte normal que me fazia sorrir sem esforço.
Assim que terminei de tomar a ducha, me enrolei na toalha e voltei ao quarto, abri a mala e todas as roupas que já tinha usado, fechei logo. Fui até o closet de e peguei uma blusa de moletom dele para vestir, pensei em sair do quarto e ficar vendo televisão com Siwon, ou algo do tipo, porém, ao olhar para aquela grande e aconchegante cama, tive uma ideia melhor.
Me deitei na cama de sem cerimônias e fechei meus olhos, a mais sábia decisão que tinha tomado em meses, precisava descansar minha mente e encaixar minhas ideias. Precisava esquecer que meu marido era meu álibi, que tinha virado meu objeto de desejo.
Peguei no sono e o tempo foi passando, despertei lentamente sentindo alguém acariciando meus cabelos. Abri os olhos de leve e estava deitado ao meu lado, de frente pra mim e me olhando fixamente, ele deu um sorriso fofo e continuou fazendo cafuné em mim, seu olhar era sereno.
— Não resistiu? — perguntou ele num sussurro.
— Não. — assenti. — Estava me sentindo um pouco cansada, mentalmente cansada.
— Imagino que esteja pensando em muitas coisas que possam te preocupar. — disse ele.
— Basicamente. — concordei. — Pensei que fosse fácil, mas agora vejo que não é.
— O quê?
— Ser eu não é fácil. — sussurrei fechando os olhos novamente.
— Então durma e descanse mais. — sussurrou ele de volta.
Eu aproximei meu corpo do dele me aninhando em seu braço, voltei a dormir sem dor na consciência, curiosamente, estava me sentindo segura e protegida ao lado dele, algo que não sentia a muito tempo.
A noite passou e na manhã seguinte, acordei me sentindo mais do que renovada, era como se um peso tivesse saído de minhas costas. Meu dia começou com um café da manhã muito interessante no orquidário da senhora Mary, algo que me deixou fascinada foi seu amor por orquídeas. Passei uma grande parte do dia caminhando pelo jardim observando a movimentação contínua dos seguranças, então notei que a segurança externa dobrava à noite, algo interessante.
— Gostou do jardim? — disse Siwon ao se aproximar de mim.
— Sim, encantador, devo presumir que é obra da sua mãe. — respondi a ele.
— Certamente sim, ela adora jardinagem e paisagismo. — afirmou ele parando ao meu olhar mantendo seu olhar no canteiro de azaleias que estava diante de nós. — E você? Gosta de plantas?
— Sim, acho bonito. — respondi.
— Olha, se não der certo a fotografia, aposte em paisagismo. — brincou ele.
— Ah, não, não levo jeito para isso.
— Você acha? — ele desviou seu olhar para mim.
— Não tenho muita paciência para regar plantas todos os dias, ou decorar qual vegetação é melhor para os jardins, diferenças entre as plantas climáticas, coisas desse tipo. — eu ri espontaneamente. — Acho que fotografia combina mais comigo.
— Olha, está descobrindo outro talento?
— Acho que sim. — suspirei um pouco. — Finalmente encontrei algo que me deixe empolgada de verdade.
— Pensei que ser a LT te deixasse empolgada. — sibilou ele.
— Me deixa, mas é diferente.
— Diferente como? — seu olhar estava curioso.
— Em tese, ser a LT é meio que uma obrigação. — tentei não deixar minha voz com ar de frustração.
Ficamos ali no jardim por mais um tempo conversando, ele estava me contando sobre seu Congresso de Medicina e sobre o mestrado que estava pensando em fazer na Universidade de Oxford. As horas foram passando, até que me puxou para seu quarto e me entregou uma caixa.
— O que tem aqui dentro? — perguntei pegando, estava um pouco pesada.
— Notei que suas roupas estavam um pouco usadas. — disse ele segurando o riso. — Então, é um presente.
— Pode dizer sujas. — admiti.
— Eu mandei para lavanderia.
— Agradeço. — abri a caixa e tinha um lindo vestido azul marinho, com a parte do busto com renda e um sapato bege. — Agradeço por isso também.
— Minha mãe me ajudou a escolher o sapato. — ele parecia um pouco envergonhado em dizer aquilo.
— É um lindo sapato. — elogiei. — Tiveram bom gosto.
— Sei que tem algo especial com os sapatos.
— Sim, eu tenho. — ri de leve, — Obrigada.
Ele pegou em minha mão e me puxou me abraçando. De início fiquei um pouco estática, não entendia o motivo daquele abraço, mas aos poucos fui retribuindo, fechei os olhos de leve assim que senti seu suave perfume.
— , eu… — me afastei um pouco dele.
— Você…
— Está quase na hora do jantar dos seus pais, então… — respirei fundo desviando meu olhar para a porta do banheiro. — Acho melhor ir tomar um banho.
— Claro. — sua voz tinha traços de decepção, como se ele esperasse ouvir outra coisa.
Não demorei muito para me arrumar, assim que fiquei pronta e retornei ao quarto, ele não estava mais lá. De início achei estranho, mas não iria colocar mais coisas na minha mente, já estava achando ele e Siwon um pouco diferentes em suas formas de falar comigo, me olhei no espelho do closet por alguns instantes e saí do quarto.
Desci as escadas tranquilamente, comecei a ver alguns rostos estranhos e outros bem conhecidos, lendo os arquivos de Dean sobre a família Cho, notei que metade das possíveis famílias que estariam naquele jantar, eu já tinha roubado. Ou seja, eu estava basicamente no covil do lobo, e qualquer passo em falso poderia ser devorada.
— Aqui está ela, a noiva do nosso . — disse a senhora Mary ao se aproximar de mim. — , quero que conheça uma amiga muito íntima minha, essa é a senhora Minah, da família Chang.
— Oh, como é uma honra conhecer a moça que conquistou nosso menino travesso. — disse a senhora se curvando de leve para mim e pegando em minha mão.
— A honra é minha, senhora Chang. — engoli seco, devido ao sobrenome dela, sorri disfarçadamente pegando em sua mão e me curvando em respeito a ela.
— Mary tinha me dito que era simpática, agora posso concordar, seu sorriso também é muito bonito.
— Agradeço, senhora Chang. — me curvei novamente.
Respirei fundo por um momento, estava sentindo meu coração disparado por um momento, até que senti uma mão pegar em meu braço e me puxar.
“Não fique nervosa
Está tudo bem, garota
Você não deve ter medo neste momento.”
– Back Seat / JYJ
Capítulo 35
–
— ? O que está fazendo? — disse assim que vi que era ele que estava me puxando — Para onde está me levando?
— Para um lugar seguro. — ele se manteve sério, porém sua voz estava suave. — Imaginei que não estivesse se sentindo bem perto da senhora Chang.
Assenti, o seguindo, assim chegamos em frente ao escritório do seu pai. se colocou um pouco em minha frente e digitou a senha, fingi não estar prestando a atenção, porém gravei com facilidade a sequência de números. Nós entramos e ele fechou a porta.
— Espero que não seja difícil para você sobreviver a esse jantar. — disse ele se encostando na porta e cruzando os braços.
— Não, mesmo eu tendo… Sabe, metade das famílias daqui. — respondi suspirando fraco.
— Se quiser, podemos ir para outro lugar. — sugeriu ele.
— Não, isso deixaria sua mãe triste, hoje é uma noite especial.
— Como quiser. — ele sorriu de canto, seu olhar estava fixo em mim.
— Agora minha vez. — respirei fundo olhando para a estante de livros ao lado — Está tudo bem com você e Siwon?
— Por que não estaria? — retrucou ele.
— Não sei, vocês dois andam muito estranhos.
— Defina estranhos.
— Hum, a forma como falam.
— Digamos que estamos um tanto ansiosos por sua resposta. — explicou ele.
— Ah, sim, minha escolha, agora faz sentido a pergunta do Siwon sobre meu último trabalho.
— Basicamente. — assentiu ele.
— E se eu disser que já tenho minha resposta?
— Tem? — se olhar ficou como de um curioso.
— Mas só darei ao final da noite.
— Esperarei ansioso até o final da noite. — ele sorriu de canto novamente — Ah, tenho algo para te dar.
— O quê? — o olhei curiosa — Você já me deu tanta coisa.
— Isso. — ele retirou uma correntinha de ouro, com pingente de pérola do bolso e colocou em meu pescoço. — Já tem um tempo que eu queria te dar isso.
— É bonita. — sorri de leve sentindo suas mãos encostarem no meu pescoço. — Obrigada.
— Estou feliz que tenha gostado.
Nós passamos mais algum tempo ali, até que Siwon bateu na porta. A senhora Mary estava nos chamando para o jantar. Eu me sentei ao lado de à mesa grande mesa em formato de U, que estava preparada no jardim, do lado direito havia sentado duas família japonesas, uma britânica e uma russa; já do lado esquerdo tinha se sentado a família chinesa Chang, uma família mexicana, uma italiana e uma tailandesa.
A família Cho havia se sentado no meio, pois eram os anfitriões. Eu transmiti o máximo de naturalidade e segurança, no fundo estava feliz por ninguém ter me reconhecido, nem mesmo questionado sobre minha família ou algo do tipo. No geral, o jantar foi um sucesso, o cardápio muito bem escolhido e a comida saborosa, a senhora Mary sabia dar uma festa.
Mais algumas horas depois, os convidados foram aos poucos se despedindo e indo embora. Percebi que estava na hora de dar minha resposta aos irmãos Cho, após todos os convidados partirem, seus pais se recolheram e Sam também, pedi para que ambos me esperassem em seus quartos, minha resposta seria simples, eu entraria no quarto da pessoa que eu tinha escolhido.
Fiquei alguns minutos no corredor, respirei fundo, pensei mais um pouco no que fazia depois da minha resposta. Então, finalmente segui até o quarto dele, assim que entrei, ele estava virado para a janela olhando o céu, parecia tão concentrado em seus pensamentos que não percebeu que tinha entrado.
— Posso deduzir que está pensando em mim? — disse ao chegar perto dele.
— ? — ele se virou para mim, seu olhar era uma mistura de surpresa e alegria em me ver. — Você…
— Deveria estar mais feliz em me ver. — brinquei.
— Acredite, eu estou.
— Isso é bom. — dei impulso e o beijei de surpresa.
Logo, ele envolveu seus braços em minha cintura, dando mais intensidade naquele beijo.
— Preciso ter certeza se não estou sonhando. — sussurrou ele.
— Bem, só tem um jeito de saber. — eu sorri para ele. — Andou pensando em nossa noite de núpcias, nos casamos em Vegas e até agora não consumamos nosso casamento.
— Pensei que o que acontece em Vegas, ficava em Vegas. — disse ele rindo.
— , meu marido, para toda regra há uma exceção. — sorri para ele mantendo meu olhar em seus olhos.
Naquele momento, senti que éramos oficialmente um casal, eu estava mesmo oficializando nosso casamento em Vegas, eu o queria como meu marido de verdade, era minha escolha.
Fechei lentamente meus olhos e logo senti seus lábios tocarem os meus, algo diferente estava acontecendo entre nós, algo intenso e malicioso, a mentira estava se tornando realidade. Por dentro meu coração se acelerava a cada instante, sentindo suas carícias e retribuindo seus beijos intensos, comecei a desejar que aquela noite jamais se acabasse.
Perdi a noção do tempo e espaço nos braços dele, era um outro lado de que estava conhecendo, nunca imaginei que me sentiria amada de verdade, menos ainda por uma pessoa que tinha conhecido por acaso. Porém, o acaso tinha acertado quando me fez conhecer ele, mais ainda por me fazer perceber que ele era tudo que eu precisava para me sentir uma pessoa normal e ter uma vida normal.
Não era somente uma noite de escolha, era uma noite de entrega e amor, a noite que eu estava admitindo que tinha entrado de vez em meu coração, abalado minhas estruturas.
Entretanto algo ainda me assombrava. Assim que despertei de um breve cochilo, ouvi o barulho do chuveiro, caminhei até lá e olhei pela greta, estava tomando banho. Peguei minha bolsa e a remexendo, retirei o pen drive que sempre mantinha por precaução do fundo falso. Neste momento eu estava curiosa para saber até onde eu iria, saí do quarto e desci as escadas em silêncio, estava contando com o escuro e os pontos cegos das câmeras.
Eu sabia que o escritório seria óbvio e fácil, logo cogitei a ideia dos arquivos não estarem lá. Foi neste momento que minha memória ajudou e me lembrei de ter visto algo interessante no orquidário da senhora Mary. Ficava ao lado da entrada para a adega, eu teria que ter o máximo de cautela, pois a segurança na parte externa era alta.
Saí pela porta da cozinha, mantendo meu corpo abaixado e caminhei pela lateral, onde a luz não conseguia chegar. Assim que passei pela adega, fiquei um tempo abaixada na parte escura, atrás de algumas caixas, então após alguns seguranças passarem, entrei no orquidário. Demorou um pouco para encontrar o que queria, porém estava lá.
Escondido, dentro de uma caixa de semente, um tablet. Liguei o aparelho e conectei o pen drive nele, se tinha algo naquele tablet, o vírus do Dean que estava no pen drive iria detectar. Minutos depois surgiu uma mensagem na tela.
Loading…
Eu tinha encontrado. Os arquivos da família de estavam todos ali, esperei até que tudo estivesse devidamente copiado, então coloquei o pen drive no bolso, respirei fundo e caminhei até a porta.
— Vai mesmo fazer isso? — disse uma voz vindo dos fundos do orquidário.
Mesmo sem luz, a claridade da lua me permitia ver o rosto da pessoa, era o senhor Hwang, pai de . Eu o olhei, não tinha forças e nem coragem de argumentar, então dei um passo para trás.
— Vai trair meu filho? Minha esposa? Minha família? — continuou ele.
— Mianheyo. — sussurrei me desculpando.
Quando saí do orquidário, todos os seguranças estavam na porta. Meu coração acelerado não me deixava pensar no que iria fazer, entretanto, para minha surpresa, todos se afastaram e abriram caminho para que eu passasse. A cada passo que eu dava em direção ao caminho para o portão, eu ficava ainda mais apreensiva, em um certo momento olhei para trás, e vi da sacada do seu quarto.
Conseguia ver seu olhar triste para mim, senti um aperto no coração, mas já tinha feito o que deveria ou não fazer. Me virei sem remorso e saí correndo em direção ao portão, havia mais seguranças me esperando, apontando suas armas para mim, levantei minhas mãos pensando em como poderia escapar, já que tinha feito minha escolha final.
—
Deixem ela ir. — disse uma voz saindo do rádio de um dos seguranças.
Era a voz de . Fechei meus olhos respirando fundo, mais uma vez ele estava me salvando, mesmo que sendo contra sua família.
Não conseguia acreditar, estava estático e paralisado. Segurei todas as lágrimas de frustração no canto dos meus olhos, tentando odiar ela, mas não conseguia. Depois de uma noite que me fez acreditar que ela me amava de verdade, tinha me traído da pior forma possível. E a parte mais difícil seria lidar com isso agora, lidar com o fato que eu tinha deixado ela continuar, achando que ela desistiria por mim.
— Espera. — Disse Sam, após eu e Siwon contarmos toda a história sobre a para ele e nossa mãe. Contamos cada detalhe, desde quando ela conheceu Siwon na universidade, até esta madrugada, quando ela roubou nossa família. — Quer dizer que a noona é uma ladra profissional, te usava como álibi e agora nos roubou? — concluiu ele como uma pergunta.
— Basicamente isso. — assenti mantendo meu olhar na janela.
— Não. — disse minha mãe. — Me recuso a acreditar, a não.
— Mas foi. — confirmou meu pai dando um suspiro fraco. — Ela nos traiu e agora, o que faremos? Ela deve ter pego todos os arquivos desse tablet.
— Nós a deixamos entrar em nossa família. — disse Siwon. — Sabíamos que ela era uma ladra, sabíamos que ela nos roubaria, a convidamos.
— Deve ter alguma explicação. — minha mãe estava relutante em acreditar. — Não vou aceitar isso, nos tem como uma família, tenho certeza que deve ter algum motivo.
— Se ela era uma ladra, por que deixaram ela ir? — perguntou Sam.
— Porque eu achei que ela desistiria. — respondi com amargura. — Achei que ela me amava o suficiente para desistir, mas estava errado. A culpa foi minha, eu a deixei ir, eu vou consertar isso.
— O que vai fazer ? — meu pai me olhou de forma séria.
— Vou caçá-la, até o fim do mundo se for preciso. — respondi.
Saí da sala antes mesmo que minha mãe pudesse intervir, fui direto para meu quarto. Naquele momento começaria minha busca pessoal pela LT, peguei sua bolsa que estava em cima da cama e remexi, tinha que encontrar algo nela que me ajudasse.
— Vai mesmo caçá-la? — perguntou Siwon ao entrar no quarto.
— Ainda duvida? — mantive minha atenção na bolsa dela.
— Não, vou te ajudar, também tenho minha parcela de culpa. — disse ele se mantendo parado na porta. — Por onde pretende começar?
— Por isso! — respondi levantando o tablet dela. — Vou começar por isso, certamente tem muita coisa aqui.
— Sabe, quando me contou sobre tentarem invadir os sistemas da filial de Tóquio, fiquei preocupado. — Siwon cruzou os braços. — Mas ao mesmo tempo, aliviado.
— Por que aliviado?
— Porque sabia que não era a LT. — confessou ele.
Me mantive em silêncio por um tempo, porém compartilhava do mesmo sentimento, eu também tinha esperanças que ela não nos roubaria.
— Admito que sempre que uma tentativa de nos roubar falhava, eu ficava com medo da próxima tentativa ser ela. — respirei fundo. — Até que você me disse que seus contatos tinha visto o Dean desembarcar no Brasil, então tive certeza que nossa família era seu último alvo.
— Me sinto tão inútil agora, queria poder te feito algo a mais para que ela tivesse desistido, porém… — ele começou a rir. — Queria até mesmo odiar ela por isso, mas só consigo ficar chateado por ela ter entrado no seu quarto.
— Sério? — eu o olhei. — Ela nos rouba, e você está chateado por ela ter me escolhido?
— Tenho certeza que você também estaria, se estivesse no meu lugar. — ele sibilou um pouco. — Mas consigo sentir a intensidade da sua raiva.
— Eu nem sei o que estou sentindo, uma mistura de frustração, raiva e felicidade. — comentei.
— Felicidade? — ele parecia meio confuso.
— Felicidade porque tive a melhor noite da minha vida, frustração porque também foi a pior noite da minha vida, e raiva porque o mentor de tudo foi o Dean.
Por quê? Você foi embora tão naturalmente
Por quê? Você me viu como alguém fácil
Por quê? Você está partindo meu coração em pedaços (Por quê?)
Por quê? Se todos os momentos foram um sonho
Por quê? Se eu tivesse tempo para consertar isso
Por quê? Eu queria que você fosse feliz (Por quê?)
– Keep Your Head Down / TVXQ (Dong Bang Shin Ki)
Capítulo 36
Eu corri o máximo que pude até chegar na estação, peguei o metrô e desci em uma parada qualquer, então entrei em um táxi e segui para o endereço que Dean tinha enviado. Aparentemente, era uma casa de arquitetura tradicional coreana, uma família muito acolhedora, mas não entendia muito o que falava, meu contato era o filho mais velho, que trabalhava para o Dean.
— Espero que fique confortável. — disse o Jinho ao entrar no quarto de hóspedes comigo.
— Ficarei sim, obrigada. — disse ao entrar. — O senhor D. te passou alguma instrução?
— Ele somente disse que se a senhorita viesse, deveria ficar aqui por dois dias, até ele fazer contato. — respondeu.
— Ok.
Esperei até que ele saísse e tranquei a porta. Só naquele momento eu tinha me dado conta do que tinha feito, estava arrependida mas não podia voltar atrás, respirei fundo e retirei minha roupa. Tomei uma ducha no banheiro que tinha no quarto e coloquei as roupas limpas, que estavam separadas para mim em cima da cama.
Mesmo que fosse tedioso, mesmo que eu estivesse com uma vontade louca de voltar para a casa da família Cho, eu me manteria ali naquele quarto até Dean fazer contato.
Os dois dias se passaram, finalmente a ligação que eu esperava veio. Dean parecia um pouco surpreso por eu ter realmente roubado, talvez contava com minha vontade de ter uma família normal.
— E agora? — perguntei a ele — Como vou sair daqui? Meu passaporte, minha bolsa, meu tablet, ficou tudo com eles.
—
Daqui três horas, Jinho te levará a um jatinho particular, você vai desembarcar em Xangai e pegar um avião para Londres, depois outro para Manhattan. — explicou ele.
— E quanto aos meus documentos? — indague.
—
Não se preocupe, sabe que seus documentos verdadeiros estão comigo. — ele fez uma breve pausa. —
Terá uma pessoa em Xangai que vai te guiar até seu embarque, ele te dará o pacote que precisa.
— Ok. — assenti.
—
Está tudo bem? — perguntou ele.
— Sim, estou.
—
Tem certeza? — Sim, só quero minhas férias agora.
Ele se manteve em silêncio e depois desligou, dava para notar a irritação em minha voz, estava extremamente com raiva dele por ter me induzido a roubar . Esperei as três horas até Jinho me levar ao aeroporto particular, onde pegaria o jatinho para Xangai, o pendrive estava muito bem guardado entre as roupas que estavam em meu corpo, eu enfrentaria horas e horas de voo.
Depois de passar por Xangai e Londres, finalmente estava de volta a Manhattan, finalmente me sentia segura para fazer o que estava planejando fazer. Eu não entregaria aquele pendrive ao Dean, menos ainda deixaria barato para quem contratou meus serviços, eu daria o troco da melhor forma possível.
Peguei um táxi no aeroporto e desci na estação central, após embarcar e desembarcar do metrô e mais dois ônibus, finalmente entrei discretamente em um táxi executivo estacionado na porta de um hotel. Como suspeitado, eu estava sendo seguida por um informante do Dean, de certo para confirmar se eu levaria o pacote ao lugar correto.
Assim que cheguei a portaria do meu condomínio, desci do táxi. Por sorte Stephanie estava passeando com Cronos, pedi a ela para pagar o homem do táxi e segui em direção a minha casa acompanhada de Cronos. Era bom receber o amor do meu cachorro, já que eu tinha perdido de outra pessoa.
— A senhora chegou de surpresa, pensei que demoraria mais. — disse Stef ao entrar.
— Eu também, mas nem tudo é como queremos. — suspirei fraco olhando para meu cachorro. — E como foram as coisas aqui?
— O homem veio regularizar o chassi do seu novo carro. — respondeu ela. — O Cronos melhorou bastante após eu começar a colocar as mensagens de voz da senhora para ele durante a noite, e a reforma da piscina está concluída.
— Que bom, agradeço por sempre cuidar de tudo enquanto estou fora. — me espreguicei um pouco. — Vou tomar um banho, se quiser ir para casa.
— Ah, prefiro dormir aqui hoje, briguei com minha mãe.
— Fique à vontade então, se alguém ligar, diga que não estou.
— Sim senhorita. — assentiu ela indo para a cozinha e chamando o Cronos.
Após, subi as escadas e fui direto para meu quarto, entrei no closet e abri meu cofre, retirei o pen drive do bolso da calça e coloquei dentro, fechando novamente. Depois caminhei até o banheiro e enchi a banheira de espumas e me joguei nela, meu corpo precisava relaxar um pouco. Fechei meus olhos e fiquei ali dentro sentindo as espumas tocando minha pele, foi o suficiente para um breve cochilo, após isso saí da banheira me enrolei na toalha.
Coloquei meu roupão e voltei para o quarto.
— Senhorita LT? — disse Stef ao entrar com o telefone em sua mão. — Ligação para a senhorita.
— Quem é? — perguntei pegando o telefone.
— Chamada restrita. — respondeu ela.
— LT na linha. — disse ao colocar o telefone no ouvido.
Observei Stef saindo do quarto.
—
Você não terminou seu trabalho, por que está em casa? — a voz era de Dean.
— Claro que terminei. — disse num tom natural e tranquilo. — Fiz o que me pediu, estou com os arquivos em meu pendrive, roubei o que queria.
—
E por que não entregou o pacote? — indagou ele. —
Nosso cliente fez o pagamento antecipado. — Sim, ele pagou para que eu roubasse, estou certa?
—
Sim. — confirmou ele.
— Mas não falamos nada sobre eu entregar o que roubei. — disse num tom sinuoso e irônico, já imaginando a cara de fúria de Dean.
—
Sabe que não gosto de brincadeira. — disse ele.
— Não estou brincando, Dean. — meu tom ficou mais sério. — Agradeço ao nosso cliente por ter pago pelo roubo, e espero que meu depósito seja feito ainda hoje, porém a um preço diferente para que eu entregue.
—
Você não pode fazer isso. — repreendeu ele.
— Eu já estou fazendo, essa foi a segunda e última vez que você me obriga a passar por cima dos meus princípios. — o alertei, desviando meu olhar para a porta e vendo Cronos entrar no meu quarto. — Sei que te devo minha vida Dean, e não quero ter que dizer não a você.
—
Isso tudo porque teve que roubar sua família preciosa? — Não. — respirei fundo caminhando até a janela. — Isso porque me forçou a fazer algo que não queria, e ainda ousou mencionar que envolveria a Louise. Nossa lealdade é uma via de mão dupla, Dean.
—
O que quer dizer com isso? Está me ameaçando? — sua voz estava mais áspera e rude. —
Sabe que não sou qualquer pessoa. — Eu sei muito bem quem você é, Dean. — virei meu corpo, encostando minhas costas na janela. — Mas espero que sua lealdade a mim seja recíproca. Se mencionar Louise e a família do em uma mesma frase novamente, farei com que se arrependa da pior forma possível.
—
Não acredito que está dizendo isso. — ele deu uma risada baixa. —
Está mesmo querendo proteger a família do seu álibi? — E se estiver? — indaguei. — Não quero que nenhum dos prodígios toquem neles.
—
Tudo bem, vou relevar suas palavras amargas para mim e voltemos ao início. — ele respirou fundo. —
Não gosto quando temos divergências de opiniões, menos ainda quando seus roubos não seguem o curso esperado. — Você já sabe minha posição. — dei alguns passos até o closet. — Este pendrive ficará comigo até quando eu achar necessário.
Desliguei o telefone e o coloquei na prateleira, retirei o roupão de banho e passei mais alguns minutos escolhendo o que iria vestir, era um ensolarado dia de primavera. Coloquei um vestido floral longo, combinado a uma sapatilha branca e voltei ao quarto, olhei para Cronos que estava deitado em minha cama.
Fiz um sinal para que ele me seguisse, desci as escadas com ele me seguindo e caminhei direto para a cozinha. Para minha surpresa, Stef tinha deixado um lanche preparado para mim e guardado no microondas, aparentemente ela tinha saído; após comer o que estava preparado, segui até a sala de TV com Cronos.
Seria meu momento de fazer uma leve maratona na Netflix de doramas, ter viajado para a Coreia tinha despertado um certo interesse pela cultura em mim. Me joguei no sofá com Cronos se deitando ao meu lado, felizmente tinha um fino cobertor dobrado em cima da mesa de centro. Isso significava que o final da minha tarde e a noite, seria longa ali no sofá.
Os dias se passaram, sábado pela manhã acordei com uma disposição incomum, me espreguicei um pouco ao entrar no closet. Troquei de roupa colocando a camisa de que tinha ficado comigo, combinado a um short curto preto, por um breve momento meus olhos se voltaram para o cofre.
Abri e retirei o pendrive, estava um pouco curiosa para ver os tipos de arquivos que estavam ali dentro. Fechei o cofre e coloquei o pendrive no bolso do short, voltei para meu quarto e percebi que o celular que Stef tinha comprado para mim estava tocando, era uma ligação de Dean.
— LT na linha. — disse ao atender.
—
Fico aliviado sempre que ouço sua voz suave. — brincou ele.
— O que deseja agora? — perguntei saindo do quarto.
—
Venho para lhe informar que sua família Cho está no topo da lista dos mais desejados. — disse ele.
— O quê?
—
Isso mesmo, apareceram mais alguns clientes que querem os arquivos que estão com você. — explicou ele tranquilamente. —
Para simples donos de um empresa de transportes, eles estão me saindo uma bela mina de ouro. — Se está achando que vai encher seu bolso às custas do meu roubo… — caminhei pelo corredor seguindo até as escadas.
—
Calma. — ele riu de leve. —
Não foi você quem disse que eu poderia refazer as negociações? Não estou dizendo para me entregar o pendrive, só estou dizendo que temos mais possibilidades de negociar com outros clientes. — Tudo bem, mas a palavra final será minha. — assim que desci as escadas vi Cronos sentado em direção a porta, assim que meu olhar chegou na pessoa parada. — Nossa.
—
O que houve? — perguntou ele.
— Me parece que temos mais uma pessoa disposta a negociar.
—
Do que está falando? — insistiu ele.
— Te ligo depois. — desliguei o celular e mantive meu olhar nele, eu já imaginava que em algum momento ele me encontraria, e estava ansiando por isso. — Bom dia, .
Eu evito o seu olhar fingindo que não estou interessado em você,
Veja bem, eu preciso arriscar tudo que tenho.
Só para passar por você, oh yeah,
Você é tão diferente das outras mulheres
– Lotto / EXO
Capítulo 37
Sua face estava séria, seu olhar frio, eu já imaginava que ele estaria mais do que chateado comigo, ele deveria estar me odiando naquele momento.
— Antes que diga aquela frase óbvia de, eu vim pelo pendrive. — comecei dando alguns passos até o sofá. — Seja bem-vindo à minha casa, apesar de não ter sido convidado.
— Há alguns dias eu era seu marido, então achei que não precisaria de convite. — disse ele num tom irônico. — Mas, voltando ao óbvio, sim, eu vim pelos arquivos da minha família e não vou sair daqui sem eles.
— Foi o que pensei. — dei um sorriso malicioso e mordi de leve meus lábios inferiores. — Então, vamos negociar.
— Não. — ele foi direto e preciso. — Você vai me devolver o que roubou de mim, e não vai levar nada em troca.
— Acha mesmo que vou sair sem nada? — ri de leve. — Acha mesmo que conseguiu me achar sozinho?
Ele se manteve em silêncio, parecia pensar em todos o tempo que estava a minha procura.
— Acha mesmo que eu não tinha percebido? — mexi na correntinha que ele havia me dado, que ainda estava em meu pescoço, alisando o pingente de pérola. — Você colocou um rastreador nesta correntinha, mas provavelmente ficou tão confuso e chocado por eu ter te roubado que se esqueceu. — suspirei fraco lendo suas expressões faciais. — Mas então, como não conseguiu encontrar nada no meu tablet, acabou de lembrando do presente de casamento, confesso que fiquei torcendo para que não demorasse.
— O que espera dizendo isso? — ele bufou um pouco. — Que eu admita que você soube como me manipular? Eu admito, mas isso não vai acontecer novamente, você vai me dar este pendrive e nunca mais me verá novamente.
Senti um frio na espinha, respirei fundo e me voltei para a cozinha, pela primeira vez não sabia o que fazer, nem como agir com ele. Caminhei tranquilamente até a geladeira e a abri retirando uma garrafinha de água, logo a porta da geladeira se fechou, era ela.
— Não estou com paciência para seus jogos, . — seu tom estava um pouco mais alto e agressivo.
— Vai me bater para obter o que quer? — perguntei tocando de leve em seu rosto.
— Não, jamais faria isso. — ele pegou em minha mão me distanciando ele. — Mas posso persuadi-la.
Seu olhar ficou um pouco mais malicioso.
— Estou começando a gostar disso, mas você disse que não quer jogar. — sorri de leve e abri a garrafinha para beber a água.
— Não estou jogando. — ele tomou a garrafinha de mim. — Estou falando sério.
— Eu também. — peguei a garrafa de volta e tomei um gole.
— Não quero pegar a força. — sua sinceridade no olhar arrepiava meu corpo. — Não me importo se não gosta de mim, ou se foi somente diversão para você, mas acho que deveria ter pelo menos respeito a minha mãe, ela ainda te considera da família.
Engoli seco suas palavras, mencionar sua mãe fez a culpa por ter roubado eles, me corroer ainda mais por dentro.
— E você? Não me considera mais? — estava curiosa sobre seus pensamentos.
— Não misture as coisas. — ele desviou seu olhar de mim. — Só estou te dando a oportunidade de devolver, por um pedido da minha mãe.
— Você respondeu e isso que faz perceber que está mentindo. — eu me aproximei mais dele e retirei o pendrive do meu bolso, erguendo um pouco. — Consigo ver em seus olhos, mesmo com toda a raiva, não é somente por sua mãe.
Sorri de canto e assim que ele se moveu para pegar o pendrive, me desviei dele rapidamente e continuei caminhando até a varanda lateral, seguindo em direção a piscina. Ele me seguiu, estava mesmo destinado a me persuadir.
— Não pode continuar fugindo para sempre. — disse ele atrás de mim.
— Eu sei, estou somente pensando em como posso negociar com você. — ri de leve.
— Já disse, não vim para negociar. — retrucou ele.
— Eu sei. — ri mais um pouco. — Ah, tenho que admitir que sua família possuem muitos desafetos, o que me deixou surpresa.
— E está pretendendo usar isso a seu favor. — concluiu ele. — Ou só está seguindo ordens?
— Ordens? — eu parei ao lado da piscina e fiquei de frente para ele. — Acha mesmo que o controle está nas mãos do Dean?
— Você me roubou, poderia não ter feito. — retrucou ele. — Queria poder pensar que você fez isso pelo prazer da adrenalina, ou…
— Não foi porque o Dean mandou, acredite. — mantive minha voz firme, não falaria meu reais motivos, mas não o deixaria pensar tolices. — De qualquer forma, foi melhor ter sido roubado por mim.
— Você acha? — sua indignação era visível. — Acha mesmo que foi melhor ter sido apunhalado por você?
— Sim. — melhor eu do que a Louise, pensei comigo mesma.
— Essa é a última vez que vou te pedir…
— Não. — o interrompi esticando minha mão com o pendrive sobre a piscina. — Este pendrive não vai sair desta casa.
Mantive meu olhar nele, mas o dele estava naquele pequeno objeto, com a minha unha destravei a lateral do pendrive, o abrindo e sem receio do que estava fazendo, deixei meu breve objeto de desejo cair nas águas da piscina.
— Bem, acho que isso significa nosso divórcio. — disse de uma forma debochada.
desviou seu olhar para mim, ele parecia ainda mais confuso e desnorteado, mas permaneceu em silêncio. Dei alguns passos em sua direção e ao passar por ele.
— Se serve de consolo, eu não queria ter feito o que fiz. — suspirei fraco.
— Suas palavras não muda o fato de ter feito. — retrucou ele.
— Eu sei. — respirei fundo. — Você conhece o caminho da saída.
— Eu prometo nunca mais me aproximar de você.
Voltei a seguir para dentro da casa e subi para meu quarto.
Minutos depois, Stef entrou acompanhada de Cronos, meu cachorro foi logo se deitando em minha cama, enquanto ela permaneceu parada na porta.
— Senhorita LT, me desculpe por tê-lo deixado entrar sem avisar. — ela parecia meio receosa — Mas ele deu a sua senha, então.
— Não se preocupe, aquele senhor é muito bem-vindo em minha casa, apesar de achar que ele nunca irá voltar. — desviei meu olhar para a janela. — Ele já foi?
— Sim, ficou um tempo olhando a piscina, mas logo se retirou. — respondeu ela.
— Stef, pode tirar o resto do dia de folga, amanhã você não vem mesmo. — comecei a pensar no que faria na próxima semana. — Acho que semana que vem, você poderá vir somente dois dias.
— A senhorita pretende viajar com o Cronos?
— Sim, vou iniciar meu plano de férias. — falei com convicção. — E Cronos, meu fiel companheiro, irá comigo.
— E já tem algum destino traçado?
— Andei pensando em Bahamas. — sibilei um pouco. — Acho que posso me divertir lá.
— Um bom lugar para se descansar, a senhorita merece.
— E você também, por isso, irei depositar uma bonificação em sua conta. — a adverti. — Então trate de aproveitar a próxima semana para viajar também.
— Ah não, agradeço a bonificação senhora, mas ando economizando para meu casamento.
— Stef, finalmente aceitou o pedido dele?
— Sim senhorita, Dimitri ficou muito feliz quando eu aceitei.
— Não se preocupe com o dinheiro do casamento, apenas pegue a bonificação e viaje como se fosse sua despedida de solteiro. — sorri de leve.
— Mais uma vez obrigada. — ela se retirou um pouco mais animada.
Desviei não meu olhar para Cronos que já estava encolhido no meio da minha cama.
— Ah, seu preguiçoso, está animado para nossas férias. — me deitei ao seu lado. — Como sempre, seremos eu e você.
Naquele momento senti que toda a disposição que havia acordado comigo, já tinha me deixado, aquele cansaço mental de dias tinha retornado e precisava mesmo de uma viagem que ocupasse todos os meus pensamentos. Me levantei novamente e desci as escadas, tinha deixado meu celular em cima da mesa de centro na sala, assim que cheguei perto, notei que minha mala estava ao lado do sofá, assim como meu tablet ao lado do celular na mesa de centro.
Mais uma vez para estava sem reação diante da família Cho. tinha levado minhas coisas, poderia ter queimado ou jogado fora, mas resolveu devolver, principalmente meu tablet. Por curiosidade, abri a mala e tudo estava devidamente dobrado e organizado, havia uma carta em cima das roupas, meu corpo gelou naquela hora.
— Mais uma surpresa, . — sussurrei pegando a carta.
Mas não era dele, imprevisivelmente era de sua mãe.
— Senhora Mary, isso é golpe baixo, eu gosto tanto da senhora. — sussurrei novamente abrindo a carta.
“Querida LT, posso te chamar assim também?
Mesmo triste por ter feito o que fez, tenho certeza que existe um motivo, meus filhos e meu marido estão com raiva, mas uma hora isso passa. O que importa é que eu ainda te considero a filha que nunca tive e te perdoo…”
Eu não consegui nem terminar de ler. Respirei fundo e dobrei aquela carta novamente. Peguei meu celular e liguei para o senhor D.
—
Uma ligação inesperada sua? — disse ele ao atender.
— Quero viajar amanhã. — direta e precisa.
—
Mas ainda não terminamos o último serviço. — contestou ele.
— Sim, já terminamos. — respirei fundo. — Não importa o valor, não vou aceitar nenhum.
—
Espera, vamos conversar… — Dean, não. — continuei firme. — Vamos encerrar isso por aqui.
—
Hum, tudo bem, vou encerrar com você, mas nossos clientes não precisam saber da sua decisão final. — retrucou ele.
— O que anda fazendo Dean?
—
Um pequeno leilão. — O quê? — não sabia se ficava indignada ou abismada. — Está fazendo um leilão com as informações da família Cho?
—
Sim. — E se eu te disser que não existe mais informações.
—
Você… — Apaguei tudo. — respondi superficialmente.
—
Apagou mesmo, ou devolveu a quem pertencia? — Aonde quer chegar?
—
Acha mesmo que não sei da visita do seu, ele ainda é seu marido? — perguntou com um tom disfarçado de deboche.
— Não importa o que eu fiz, só saiba que não tenho mais nenhum pendrive com arquivos. — Fui ainda mais clara.
—
Tudo bem. — ele riu. —
Mas, como eu disse, nossos clientes não precisam saber. — Não importo com o que vai fazer, só não os prejudique mais. — o alertei. — E se ousar mencionar a Louise…
—
Calma, já dei minha palavra e isso já basta. — me interrompeu. —
Mas voltando à sua viagem, seria…? — Minhas férias. — esclareci.
—
Hum, andei pensando, se quiser posso te emprestar minha casa nas Ilhas Maldivas. — Já tenho minha rota, Bahamas, e Cronos irá comigo.
—
Tem certeza? — perguntou ele.
— Sim, vou para Bahamas, por isso preciso de um transporte onde meu cachorro possa ficar comigo. — expliquei.
—
Hum, acho que posso te emprestar meu jatinho. — Agradeço.
—
E para não dizer que sou uma pessoa insensível, o hotel fica por minha conta. — Quarto presidencial. — frisei.
—
O melhor para a melhor. — assentiu ele rindo.
— Ok, embarco amanhã cedo. — desliguei o celular e voltei para o quarto.
Desta vez eu iria arrumar minhas malas não para mais um serviço, mas para meu tão sonhado descanso. Porém mesmo tendo a companhia do meu fiel cachorro, lá no fundo eu queria que uma certa pessoa também fosse comigo.
“É como se eu não conseguisse respirar, desde meu nascimento até agora…
É a minha primeira vez sentindo algo assim,
Meu cérebro e pensamentos estão preenchidos por você,
Preenchidos pelas suas expressões e suas risadas.”
– My Answer / EXO
Capítulo 38
Eu ainda estava estático com as ações de , ela parecia estar sendo sincera, apesar de ter me enganado algumas vezes, eu consegui sentir que não queria mesmo nos roubar. Mas já havia lhe dado a minha palavra, me manteria o mais longe possível dela, mesmo tendo que ir contra meus reais sentimentos.
Assim que entrei no quarto do hotel que estava hospedado em Manhattan, liguei o meu notebook e verifiquei meus e-mails. O que me fez lembrar que tinha uma reunião marcada, com um importante cliente da empresa, então tinha que me concentrar de alguma forma, apesar dos meus pensamentos sempre se resumirem a .
E isso estava me deixando um pouco louco.
Me espreguicei ao olhar para as malas que ainda estavam fechadas, tombei um pouco meu corpo me deitando e fechei os olhos, em uma coisa ela estava certa, minha família estava criando muitos desafetos. E isso nos preocupava por guardarmos muitos segredos de nossos clientes. Logo meu celular tocou em meu bolso, o atendi, era uma ligação de casa.
— Alô. — disse ao atender.
—
, querido? — era a voz de minha mãe.
— Olá mamãe, algum problema?
—
Nenhum, só estava preocupada com você. — respondeu ela.
— Estava mesmo preocupada comigo, ou com sua filha protegida? — disse num tom enciumado.
—
A yah. — gritou ela. —
Como ela está? Ela devolveu os arquivos? — Sim e não. — respondi.
—
Como assim? — perguntou Siwon, o telefone parecia estar no viva voz.
— Quem mais está aí? — perguntei.
—
A família toda. — respondeu Sam.
—
Yah. — gritou minha mãe. —
Sou eu que fiz a ligação, então parem de interferir. Eu comecei a rir deles.
— Respondendo sua pergunta, ela aparentemente está bem mãe. — confirmei o que obviamente a senhora Mary queria saber.
—
E o pendrive com as informações? — perguntou meu pai.
— Ela não quis me entregar, mas o destruiu na minha frente. — comecei a me lembrar, como se estivesse revivendo aquela cena novamente.
—
Jinja? — disse Sam num tom surpreso.
—
Eu disse. — comentou minha mãe. —
Eu disse que ela jamais faria algo assim conosco, se ela fez é por algum motivo forte, caso contrário, não teria destruído. — E como podemos ter certeza que ela não fez uma cópia? — retrucou meu pai.
—
Cho Hwang, pare de causar mais intrigas. — minha mãe o repreendeu. —
Tenho certeza que não nos enganaria assim. —
O que te faz pensar isso, mãe? — perguntou Siwon.
— Nossa mãe nunca erra ao gostar de uma pessoa. — disse tranquilamente.
No fundo, mesmo não querendo, eu também acreditava em .
Eles me fizeram mais algumas perguntas, mas me neguei a responder todas, até que expliquei que iria desligar para me preparar para a viagem do dia seguinte. Não poderia remarcar aquela reunião, só tinha uma escolha, que era enfrentar horas de voo até as
Bahamas.
– x –
— Seja bem-vindo, senhor Cho. — disse a secretária da família Brown.
— Agradeço, espero não tê-la feito esperar muito.
— Não senhor, já havíamos sido avisados da demora no desembarque. — explicou sinalizando para um dos seguranças pegar minhas malas. — O senhor Brown fez questão de hospedá-lo no Atlantis Resort, como uma cortesia por sua vinda.
— Pensei que ficaria na capital. — sibilei um pouco. — Mas fico feliz pelo privilégio de me hospedar no melhor hotel de Bahamas.
— Que bom que tenha gostado. senhor. Por aqui, por favor.
Ela me indicou o caminho e seguimos juntos até o carro. Minutos depois, chegamos ao prédio da empresa. Além de um velho conhecido de meu pai, o senhor Brown era dono de uma indústria de papéis de alta qualidade que começaram a se especializar em sustentabilidade, investindo também em papéis reciclados.
Até neste ponto, não tinha muito segredo, porém não era somente os papéis de comercialização que nossa empresa transportava para eles. Existia também as remessas especiais, e eram essas que chamavam a atenção de alguns concorrentes.
Subimos pelo elevador até o andar do escritório do presidente, o senhor Brown já estava me esperando, sentado em sua poltrona.
— Finalmente, . — disse ele com um ar animado. — Que bom que chegou.
— Boa tarde, senhor Brown. — disse me curvando de leve em respeito.
— Por favor, eu e seu pai somos conhecidos de tempos e te vi nascer, pode me chamar apenas de Connor. — ele riu um pouco. — Já que agora é você quem está a frente da empresa, confesso que estou surpreso por isso.
— Eu também, mas como Siwon inventou de ser médico, e Sam não leva jeito com administração, ficou para mim esta responsabilidade. — expliquei rindo de leve.
— Tenho certeza que fará ainda melhor que seu pai. — assegurou ele. — Os jovens de hoje em dia são mais espertos e perspicazes.
— Isso é verdade. — suspirei. — Mas não foi para falar da aposentadoria do meu pai que estou aqui, não é mesmo?
— Verdade. — ele esticou a mão. — Sente-se por favor.
— Obrigado. — eu me sentei na cadeira em frente a ele. — Existe algo que esteja lhe preocupando?
— Tudo, para ser exato. — ele respirou fundo. — As notícias correm e soube do que aconteceu com o carregamento da empresa dos Boyarsky.
— O senhor não está colocando em dúvida a credibilidade da minha empresa, está? — perguntei já me preocupando.
— Não, jamais faria isso. — disse ele com segurança. — Após anos vendo a eficiência de vocês, jamais duvidaria.
— Então, a que se deve esta reunião?
— Minha preocupação se deve a uma certo boato de um leilão. — explicou ele. — Leilão este, de um pendrive que possui todas as informações dos clientes da sua empresa.
Meu corpo gelou de imediato, não queria acreditar que poderia ser verdade.
— Aconteceu alguma coisa que possa validar esta informação? — reforçou ele.
— Não senhor. — respondi com segurança. — Fique tranquilo e desconsidere estes boatos, as informações de nossos cliente nunca estiveram mais seguras como agora.
Pelo menos era nisso que eu gostaria de acreditar.
— E você pode me dar sua palavra? — retrucou.
— Sim, tem minha palavra. — mantive minha voz firme e a confiança em meus olhos.
— Fico mais aliviado em saber disso. — ele respirou fundo. — Venha comigo, quero lhe apresentar a uma pessoa.
— Com prazer, senhor Connor.
— Ah, nada de senhor. — repreendeu ele rindo.
Eu o segui até chegarmos no espaço de convivência dos funcionários da empresa, que ficava no jardim da lateral do prédio.
— , quero que conheça James Carter, ele é um diplomata da Alemanha. — me apresentou Connor. — James, este é o novo CEO da transportadora
InH que te falei.
— Prazer em conhecê-lo, ouvi muito bem a respeito de sua empresa e família também — ele esticou a mão em cumprimento.
— Fico feliz que minha família e nossa empresa, tenha uma boa imagem diante da sociedade. — retribui o cumprimento.
— Bem, se junta a nós para um café? — perguntou o senhor Connor.
— Agradeço, mas prefiro de retirar, passarei na filial da empresa ainda. — respondi cordialmente.
— Que pena. — disse o senhor Connor. — Mas espero que sua hospedagem no Atlantic seja confortável.
— Fico muito agradecido por mais essa cortesia. — me curvei de leve.
— Atlantic, já que está hospedado lá, me daria a honra da sua presença no jantar que estou oferecendo logo mais à noite?
— Me sinto honrado pelo convite, estarei lá certamente. — olhei para o senhor Connor. — Manteremos contato, e estarei sempre atento às transportações de sua empresa.
Ele consentiu com a face, logo me afastei deles e fui acompanhado pela secretária até o carro que me levaria até o hotel. Minutos depois, após fazer o check-in no
Atlantic Resort, um dos funcionários me guiou até o quarto que ficaria, considerado que ficava no melhor andar do hotel.
Para minha surpresa, minhas malas já estavam no quarto, assim que o funcionário se retirou, caminhei até o banheiro e tomei uma ducha relaxante. Demorei um pouco, para que desse tempo do serviço de quarto chegar com a comida que eu tinha pedido, após a refeição, decidi dar uma volta pelo jardim do hotel.
O passeio estava tranquilo e sereno, entre alguns arbustos, até que avistei ao longe algo que jamais imaginaria. Era ela, estava com sua câmera profissional tirando algumas fotos pelo jardim, estava tão concentrada que realmente parecia uma fotógrafa profissional.
Me mantive o mais longe possível, não queria que ela me visse ali, mas também não conseguia me concentrar em outra coisa, olhar para ela era como um ímã para mim. As horas foram passando comigo a observando de longe, foi quando me lembrei que havia o tal jantar do diplomata que tinha conhecido mais cedo.
Por um breve momento senti vontade de convidá-la para me acompanhar, foi neste momento que eu havia me esquecido do que ela tinha feito a minha família. Respirei fundo e voltei para o quarto, felizmente tinha levado um smoking para ocasiões mais formais, e foi ele que vesti.
Demorei um pouco para sair do quarto e ir até o terraço verde onde estava sendo recepcionado o jantar. Assim que o elevador se abriu, meu olhar foi de encontro a ela, aparentemente havia sido convidada também, olhei para o funcionário que estava com a lista de convidados na mão e perguntei propositalmente quem era.
Sua resposta foi: Cassie.
Respirei fundo não acreditando que ela estava mesmo ali a trabalho, o que me levou a pensar o que seria seu novo objeto de desejo. Inicialmente queria sim me manter longe dela, mas se conseguiria era uma incógnita para mim, pois mesmo de longe só por olhá-la meu coração acelerava ainda mais.
Até o momento que ela fechou os olhos, como se estivesse se concentrando para algo, obviamente para seu possível serviço, porém meu impulso foi mais forte e me aproximei dela sem o menor receio. Poderia ter dito algo, mas ela já estava de olhos fechados, não resistir à tentação e a beijei da forma mais intensa possível.
Para minha surpresa, ela retribuiu na mesma intensidade.
— Não deveria beijar uma mulher de olhos fechados. — sussurrou ela ainda mantendo seus olhos fechados.
— E se essa mulher for minha esposa? — disse com um ousado.
— . — ela sussurrou novamente abrindo seus olhos e me vendo — O que faz aqui?
Sorri de canto mantendo meu olhar fixo nela.
“Basta ficar como está,
A medida que você só olha para mim,
Eu nunca vou deixar você ir,
Apenas observe.”
– Growl / EXO
Capítulo 39
Cedric
Finalmente após passar alguns dias analisando todos os arquivos de casos de roubos sem soluções, comecei a perceber as ligações que os endereços dos lugares tinham com . Aquilo era mais um ponto para minhas suspeitas, porém tinha um pequeno detalhe, ela possuía sempre um álibi forte e considerável.
— Ah… Acho que preciso caminhar um pouco. — tomei um gole do café que estava na xícara. — Confinado neste apartamento, minha vista está embaraçando.
Caminhei até meu quarto e troquei de camisa, voltei para sala já com as chaves na mão e pegando meu celular, saí em direção a rua. Mesmo com todas as minhas investigações secretas, anotações e acúmulo de provas, eu ainda me sentia entediado por não poder voltar a base da Interpol, afinal eu estava de férias para todos.
Continuei minha caminhada pelas ruas de Paris, pensando em todas as coisas que Davi tinha me contado, além da sua confusão ao pensar que era Cassie, algo que não havia sido somente coincidência. Desviei meu olhar para o outro lado da rua, e de relance vi uma mulher parecida com entrando em um táxi.
— Ah, espero não estar começando a ver coisas. — sussurrei comigo mesmo.
De repente meu celular tocou, olhei no visor, era uma chamada de Peter.
— Me diga que finalmente temos uma boa notícia? — disse ao atender.
— Acho que sim, consegui encontrar um arquivo oculto no sistema, não foi fácil, mas está tudo aqui comigo.
— Então, posso prender a ? — perguntei um pouco afobado.
— Não, ainda não. — interviu ele. — Não faça nada precipitado.
— Mas você não está com tudo aí? — indague.
— Claro que sim, mas não estou em Paris. — explicou ele. — Espere até voltar e te entregar tudo o que consegui, então poderá prendê-la.
— Tudo bem, e quando você volta? — perguntei.
— Daqui dois dias, se tudo der certo.
— Por curiosidade, posso entender onde você está?
— Na sede da Interpol em Washington, D.C.
— Então os arquivos estavam aí. — conclui.
— Sim, aparentemente, os arquivos dos prodígios que haviam se tornado restritos só poderiam ser abertos em um único computador. — explicou. — Que ironicamente está na sede daqui.
— O que significa que querem ao máximo concentrar esta informação em um único lugar. — sibilei um pouco. — Você não andou se metendo em confusão, né?
— Claro que não, apenas hackeei ainda servidores e clonei algumas IP’s. — sua voz estava tranquila. — Nada demais.
— Sei, vou desligar agora, seja cuidadoso e nos vemos em dois dias.
— Eu serei.
Desliguei o celular e respirei fundo, acho que de fato iria ignorar os conselhos de Peter desta vez, se mulher que tinha visto entrando no táxi for , eu não vou perder esta oportunidade. Vou prendê-la mesmo não estando com todas as provas de que preciso.
Me virei voltando para a casa, precisava de um mandato provisório o quanto antes, e usaria a identificação de outro agente para emitir.
Finalmente minhas férias era oficial.
Apesar de algumas sugestões de viagens vinda de Stef, de Dean ter oferecido sua casa na
Ilhas Maldivas, até mesmo Natália ter me convidado para ficar com ela e Joe no Brasil, decidi que passar aquele tempo sozinha era o melhor a se fazer. E não estaria completamente sozinha, já que Cronos viajaria comigo, não teria acompanhante melhor que meu leal cachorro.
Minha escolha foi
Bahamas, por uma cortesia de Dean, minha hospedagem gratuita seria no
Atlantis Resort, localizado em
Paradise Island que ficava próxima a capital do país, um lugar monumental e cheio de distrações para mim. Algo que estava precisando ainda mais, pois meus pensamentos insistiam se fixar em e no que eu tinha feito a sua família.
Assim que cheguei ao resort, com Cronos ao meu lado me acompanhando, o gerente veio pessoalmente me receber, aparentemente era uma pessoa simpática e muito prestativa. Olhar para ele me fez lembrar vagamente do gerente do hotel de Vegas, e de como ele conseguiu convencer eu e a participar daquele louco casamento coletivo.
— Aish, tenho que parar de associar tudo a ele. — disse assim que fechei a porta da minha suíte, após a saída do gerente. — Ah Cronos, bem que você podia ser um homem, assim poderia me fazer gostar de você.
Cronos já deitado na minha cama, bocejou um pouco mantendo seu olhar em mim, em alguns momentos ele parecia me entender, mas ainda sendo um cachorro, não me ajudaria nesse caso. Enfim, por um lado eu estava realmente certa, tinha que conseguir separar as coisas, estava sendo complicado até mesmo organizar meus pensamentos, todas as coisas que via me levavam a pensar em .
— Ah. — me joguei sobre a cama em resmungos. — Por que fui me apaixonar por ele, está ainda mais doloroso do que na época que deixei Siwon.
Cronos resmungou também como se estivesse me respondendo, então engatinhando até mim, pousou sua cabeça na minha barriga. Comecei a acariciá-lo de imediato, ele parecia tão carente quanto eu, o que me levou a pensar que poderia arrumar uma namorada para ele, da mesma raça e muito brincalhona.
Afinal, os opostos se atraem mesmo e meu cachorro era extremamente quieto. Deixei Cronos deitado na cama e segui em direção ao banheiro, aquela suíte era ainda mais luxuosa e grande, uma das melhores segundo o gerente. Tomei um banho relaxante na banheira e liguei para o serviço de quarto, passaria o resto do dia descansando daquelas horas de voo, meu corpo merecia um pouco.
– x –
— Eu vou querer duas fatias de tiramisu e ice latte, por favor. — disse ao garçom assim que consegui terminar de escolher meu café da manhã.
Ele assentiu com a face e se afastou. Olhei para Cronos que estava sentado na cadeira ao meu lado, sua postura e seu comportamento me dava orgulho, ele já tinha comido sua ração especial que pedi logo cedo no quarto. Por mais que as regras do hotel fossem claras, sobre animais de porte grande como ele, eu era uma hóspede VIP e tinha alguns privilégios.
Além do dono ser um velho cliente de Dean, cujo algumas relíquias eu já havia conseguido para ele.
— Senhorita. — disse o garçom ao se aproximar com a bandeja na mão. — Bom apetite.
— Obrigada. — continuei o observando a colocar os objetos sobre a mesa, até que um bilhete foi colocado junto, ao lado da taça de ice latte.
Assim que o garçom se retirou, peguei o bilhete e abri.
“Espero que tenha um excelente descanso e saboreie bem seu tiramisu.
D.”
Levantei meu olhar e logo meus olhos encontraram ele, estava sentado em uma mesa mais distante levanto uma xícara de café a boca, seu olhar fixo em mim. Não conseguia acreditar que Dean tinha se deslocado até
Bahamas para ver como eu estava, o que me fazia pensar que ele talvez quisesse algo de mim.
Assim que terminei meu café, me levantei da mesa e peguei minha câmera que estava na cadeira ao lado, sinalizei para Cronos, para que ele me seguisse, minha disposição pedia por um passeio produtivo e cheio de registros profissionais do meu novo hobbie. Comecei pelo extenso jardim do resort, afinal, a experiência de fotografar a natureza de perto seria enriquecedora para mim.
— Soube que foi muito bem instalada, então me sinto aliviado por isso. — disse Dean ao se aproximar de mim de forma natural e espontânea.
— Não sabia que eu era tão importante assim, a ponto de você vir pessoalmente verificar isso. — comentei de leve permanecendo com minha atenção nos arbustos que estavam próximos de nós.
— Sabe que sempre foi a mais importante de todos. — retrucou ele.
— E é desta forma que trata a mais importante? — desviei meu olhar para ele. — Férias e resort de luxo não vai mudar o que me forçou a fazer.
— Pensei que estivéssemos zerado essa história. — seu olhar era tranquilo como sempre, porém sua face continuava séria. — Eu a deixei tomar todas as decisões que queria, você controlou tudo.
— Depois de já feito. — senti minha voz falhar um pouco, talvez por ter me lembrado novamente do meu erro. — Depois que roubei, é fácil você me deixar decidir.
— Ainda se sente ligada à família dele? — perguntou num tom afirmativo. — Por isso essas palavras tão duras e amargas.
— Prefiro não responder. — desviei meu olhar.
Responder para ele seria o mesmo que admitir que meus pensamentos sempre estariam em . O que eu estava lutando para não acontecer, respirei fundo e posicionei a câmera para fazer mais uma foto, queria desviar o máximo aquela direção que a conversa tinha tomado.
— Tudo bem. — assentiu ele num tom mais baixo ainda. — Quer saber sobre outra coisa?
— O que seria?
— Coloquei pessoas vigiando seu agente preferido.
— Cedric? — o olhei novamente. — E o que ele anda fazendo?
— Recentemente descobri que ele se encontrou com Davi. — respondeu.
— Se ele encontrou Davi, pode chegar ao Flint, nosso cliente. — suspirei fraco. — Pior, ele pode ir atrás de todos os meus objetos de desejo.
— Não vai. — assegurou ele. — Nosso agente só está descobrindo o que eu quero de descubra, nada mais.
— Não subestime Cedric. — o alertei.
— Não estou, acredite, só estou tecendo a teia para que ele mesmo cave sua cova. — explicou com sua forma enigmática.
— Não está pensando em…
— Não, só estou planejando unir o útil ao agradável.
— Devo levar isso como algo positivo? — mantive meu olhar nele, buscando alguma falha em sua impecável expressão de tranquilidade, mas Dean era bem mais sagaz que eu.
— Não confia em mim? — ele piscou de leve. — Aproveite seu momento e relaxe, estou cuidando de tudo que envolve você.
— Acredito, você nunca falha. — confirmei.
— Ah. — ele retirou um papel dobrado do bolso e me entregou. — Caso queira algo para movimentar suas férias, nada muito importante, apenas por diversão.
— Diversão? — dei um sorriso de canto e peguei o papel guardando em meu bolso.
— Talvez precise para manter a mente ainda mais ocupada, caso não queira pensar em coisas que te deixe
entediada.
— Não precisa disfarçar nas palavras. — eu imaginava do que ele estava falando.
Pude perceber que nem mesmo Dean queria que eu mantivesse meus pensamentos na família Cho.
Meu passeio com Cronos, em meios aos meus registros fotográficos, durou mais algumas horas, tanto que nem tive vontade de almoçar de tanta concentração. Quando voltei ao hotel com meu cachorro, recebi um convite para jantar no jardim do terraço do hotel, aparentemente um diplomata que também era hóspede, estava comemorando o aniversário de sua mãe e havia convidado todos os hóspedes VIPs.
Mas é claro que aquilo poderia estar relacionado com o papel que Dean tinha me dado, é claro que minhas férias não seriam só férias. Entretanto, poderia ocupar sim minha mente com outra coisa, parar de pensar em era definitivamente minha meta para aquelas semanas que ficaria me Bahamas.
O papel tinha algumas instruções para um serviço rápido, que envolvia diretamente esse diplomata. Supostamente, meu objeto de desejo era uma pequena agenda que ele mantinha consigo todo o tempo, em outras palavras, eu teria que ser minuciosa ao pegar aquela agenda.
Tomei uma ducha quente e coloquei o vestido que estava devidamente separado em minha cama, cortesia do hotel. Cronos iria comigo ao jantar, jamais deixaria meu cachorro sozinho em uma viagem para nós dois, afinal foram meses em trabalhos constantes e não podendo dar atenção a ele.
— Boa noite, senhorita. — disse o gerente assim que saí do elevador. — Espero que se divirta.
— Certamente sim, a quem agradeço pelo convite? — perguntei fazendo uma breve reverência com a face.
— Seu nome é James Carter, diplomata da Escócia. — respondeu ele apontando discretamente para um homem loiro de smoking azul marinho. — Devo dizer que vosso objeto de desejo está no bolso esquerdo do blazer.
— Agradeço pelo detalhe. — pisquei de leve para ele e segui para a área reservada ao jantar.
Cronos se manteve obediente, permanecendo ao meu lado todo o tempo.
Como era um evento fechado, a presença de poucos convidados era óbvia, eu seguiria todos os requisitos que Dean tinha estipulado para aquele serviço, mesmo não entendendo o motivo real. De alguma forma louca, confiava em Dean e sabia que ele jamais faria algo para me prejudicar, mesmo tendo me decepcionado antes.
— Boa noite, senhor Carter. — disse ao me aproximar dele, que estava conversando com outra mulher. — Agradeço o convite.
— Por favor, me chame de James. — disse ele ao se virar para mim, discretamente seu olhar desceu até meu decote e voltou para minha face. — Eu que agradeço por sua presença.
Sorri de leve me mantendo desinteressada e me virei para me afastar, porém ele que se afastou da mulher que estava ao seu lado e se voltou para mim novamente.
— Posso ter a honra de conhecer a senhorita? — perguntou ele pegando uma taça de champanhe, da bandeja do garçom que passava por nós e me entregou. — Diga-me seu nome, por favor.
— Cassie. — respondi tranquilamente como estava escrito nas instruções, dei um pequeno gole. — Pode me chamar de Cassie.
— Cassie. — sussurrou ele num tom sinuoso.
Ficamos conversando por alguns instantes, até que propositalmente me afastei dele. Para ser mais sincera, eu estava me sentindo um pouco sufocada com seu olhar significativo, de alguém que queria me levar para seu quarto. Algo que me fez pensar em de imediato, afinal, o único quarto que eu gostaria de estar naquele momento, era do meu
álibi marido. Uma realidade que me doía admitir e encarar, meu coração já estava nas mãos dele.
— Ah,
LT, se concentra, pare de ficar pensando em quem não deve. — sussurrei para mim mesma levando a taça a boca, tomei o último gole. — Preciso me concentrar, se não conseguir roubar uma agenda por causa de , não consigo fazer mais nada.
Talvez aquele serviço não fosse somente para me distrair e sim para me testar, já que estava tão traumatizada em ter que pegar coisas que não queria, que poderia perder minhas habilidades de
Little Thief. Respirei fundo fechando os olhos, precisava me concentrar, foi quando senti os lábios de alguém tocarem os meus.
De início, por algum motivo pedi aos céus para que fosse , mas o que ele estaria fazendo ali em Bahamas? Mantive meus olhos fechados e retribui o beijo, mesmo sem saber quem era, talvez lá no fundo eu pudesse reconhecer o gosto daqueles lábios que tornava aquele momento tão intenso.
— Não deveria beijar uma mulher de olhos fechados. — sussurrei ainda mantendo meus olhos fechados.
— E se esta mulher for minha esposa? — disse aquela voz que arrepiava meu corpo.
— . — sussurrei novamente abrindo meus olhos e o vendo. — O que faz aqui?
— Olá, Cronos. — disse ele desviando o olhar para meu cachorro. — Seu cachorro é realmente muito comportado.
Meu coração não sabia se parava de vez ou acelerava ainda mais, era ele ali, novamente.
— Não vai me responder? — insisti.
— Estou a trabalho, mas pelo que vejo, você também. — respondeu ele num tom mais sério ainda, voltando seu olhar para mim. — Cassie.
— Devo presumir que conhece o diplomata? — sibilei.
— Então ele é seu novo objeto de desejo? — perguntou mantendo a frieza em seus olhos, nem parecia a pessoa que tinha me beijado com tanta intensidade.
— Ele não, mas o que ele possui. — expliquei.
— E vai atraí-lo para o quarto também.
Senti aquela palavras como uma adaga cortando meu coração, respirei fundo me mantendo firme e estável.
— Sei que está magoado comigo, mas isso não lhe dá o direito de fazer tal suposição. — retruquei segurança. — Pode não parecer, mas ainda levo aquele casamento a sério.
— Tem certeza? — ele deu uma risada disfarçada. — Mas não estamos falando da mesma pessoa, minha esposa se chama , você atualmente se denomina Cassie.
Engoli seco, desta vez não tinha o que contestar.
— Algum problema aqui? — perguntou James ao se aproximar de nós.
— Nenhum, eu apenas confundi esta senhorita com alguém que conhecia, alguém que considerava ser próximo a mim. — ele desviou seu olhar de amargura para James. — Mas agradeço o convite, senhor Carter, meus pais esperam sua visita em breve.
se afastou de nós sem nenhuma cerimônia. Seu olhar triste e sua voz fria me fizeram perceber que ele ainda mantinha esperança de que eu pudesse estar arrependida de algo, mas de alguma forma o tinha decepcionado novamente. Senti meu coração mais do que apertado.
— Tem certeza que está tudo bem? — perguntou James novamente.
— Sim. — deu um sorriso disfarçado, o olhar dele estava ainda mais intenso para mim.
Talvez o beijo de tivesse provocado ainda mais o desejo que James estava criando por mim, e o meu lado
LT iria se aproveitar disso. Sorri de forma maliciosa para ele, porém continuei me mantendo desinteressada, tinha que manter o personagem, mesmo com meus pensamentos a todo momento se voltando para .
O jantar estava saboroso, desfrutamos de um cardápio extremamente sofisticado, ao final da noite me retirei discretamente e voltei para minha suíte. Assim que entramos, Cronos foi direto para cama e deitou bem no meio dela, fiquei um tempo olhando para ele, quando tocaram na porta do meu quarto.
— Cassie. — era James. — Saiu sem se despedir.
— Bem, não queria atrapalhar a conversa que estava tendo com aquela mulher, ela me parecia uma boa companhia para você. — expliquei saindo e fechando a porta.
— Digamos que ela não era a companhia que eu queria. — era visível seus traços de uma pessoa alcoolizada, não estava nenhum pouco sóbrio.
— E posso descobrir com quem gostaria de estar? — perguntei.
Ele se aproximou um pouco mais de mim, obviamente sua intenção era me beijar, eu pousei minha mão em seu tórax o mantendo um pouco afastado de mim, aquela era sem dúvidas a melhor hora para pegar meu objeto de desejo. Talvez em uma outra época, eu o distraia com um beijo e pegaria a agenda em seu bolso ao mesmo tempo, mas não naquele momento, pois eu tinha outra pessoa em minha mente.
Respirei fundo mantendo meu olhar nele, em um piscar de olhos que James avançou mais um pouco em mim, senti uma pessoa o puxando e socando sua cara. Fiquei estática a primeiro momento, porém depois vi que era , eu passei por ele e ajudei James a se levantar, nesse tempo aproveitei para pegar discretamente aquela agenda.
Notei que o olhar de estava em minhas mãos, com a agenda que escondia atrás de minhas costas, o que me fez respirar fundo.
— O que está fazendo? — perguntei a ele não entendendo.
— O que queria ter feito a muito tempo. — respondeu ele pegando em minha mão e me puxando consigo.
— Ei. — James segurou na mão dele. — Quem pensa que é, ela está comigo, procure outra.
— Ela nunca esteve com você. — deu outro soco em James o derrubando mais uma vez. — Nunca mais se aproxime desta mulher novamente.
Ele segurou firme em minha mão e me puxou até sua suíte, ao mesmo tempo que me senti aliviada e feliz, estava indignada.
— Você tem noção do que fez? — perguntei soltando minha mão da dele. — A Cassie foi exposta, aquele homem…
— Aquele homem nem vai se lembrar de você amanhã de manhã. — assegurou ele tranquilamente. — Além do mais, eu te fiz um favor, já que conseguiu o que queria.
— Eu não te pedi nenhum favor. — mantive minha mão com a agenda para trás. — Estava tudo sob controle.
— Entendi. — ele se virou cruzando os braços, demonstrando frustração. — Me desculpe por tentar te ajudar.
— Não era você que queria distância de mim? Foi o que disse em minha casa. — retruquei.
— Você está certa, eu realmente deveria me manter longe de você. — ele se voltou para a porta e a abriu — Me desculpe por interferir em sua vida, prometo que esta será a última vez.
Respirei fundo mantendo todas as minhas emoções reprimidas dentro de mim, não perderia minha compostura diante dele, mesmo que eu quisesse jogar aquela agenda pela janela e beijá-lo com toda a minha intensidade. Mas mantive minha face erguida e caminhei até a porta sem hesitar.
— Então é um adeus definitivo. — disse antes de sair.
Segui pelo corredor até chegar em frente à minha suíte, que para minha surpresa James não estava mais lá caído no chão, talvez tivesse voltado para o seu jantar que ainda não tinha finalizado. Ao entrar, coloquei a agenda em cima da mesa ao lado da cama e caminhei até o banheiro já retirando a minha roupa, parei em frente ao espelho por um tempo e fiquei me olhando, lavei meu rosto e respirei fundo.
Precisava relaxar e me acalmar de alguma forma. Como tantas coisas poderia acontecer em uma única noite, e o mais louco ainda, queria entender como o destino gostava de brincar comigo.
Era surreal.
Mas sempre que tudo indicava que eu jamais veria novamente, ele acaba aparecendo, e nos momentos em que mais preciso.
“E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais,
E te perder de vista assim é ruim demais,
E é por isso que atravesso o teu futuro,
E faço das lembranças um lugar seguro,
Não é que eu queira reviver nenhum passado,
Nem revirar um sentimento revirado,
Mas toda vez que eu procuro uma saída,
Acabo entrando sem querer na tua vida.”
– Quem de nós dois / Ana Carolina
Eu ainda estava em choque, tanto pela presença de como por sua reação. Mas o que importava é que eu estava com a agenda que Dean tanto queria. O que me preocupava era se James realmente se lembraria de mim ou não, apesar de não ter estado muito sóbrio, ri um pouco ao me lembrar do soco que meu marido tinha dado nele.
— Que ousadia, senhor Cho. — sussurrei de leve sentindo um sorriso espontâneo surgir em minha face.
Espantosamente, os dias que se seguiram no Resort eu sempre esbarrava nele, pelos locais mais movimentados dali, ele se mantinha afastado como se não me conhecesse, mas seu olhar estava sempre em minha direção. Se era um jogo, eu jogaria também e o venceria pelo cansaço, sem o menor problema.
Continuei meu plano de fotografar todas as paisagens que poderia, enquanto dava meus passeios diários com Cronos, e sempre que surgia uma breve oportunidade, eu fotografava discretamente. Será que eu poderia considerar aquela viagem como uma lua de mel e não umas simples férias? Apesar de estar me ignorando, seus olhares para mim o denunciava da forma mais engraçada possível.
— Quando vai deixar seu orgulho e me perdoar? — sussurrei de leve ao me sentar na banqueta de frente para o bar do restaurante.
— Talvez daqui uma eternidade. — disse ele ao se sentar na banqueta ao meu lado.
Cronos se manteve sentado do meu outro lado olhando para frente.
— Uma eternidade é muito tempo. — questionei.
— Por que faz isso comigo? — perguntou ele.
— Isso o quê? O que eu fiz desta vez? — o olhei.
— Nada. — ele desviou o olhar.
— Se não sabe jogar, não aperta o play. — eu me levantei.
— Espera. — ele segurou em minha mão — Terá uma exposição de fotografia criativa em Paris na próxima semana, várias palestras serão oferecidas a parte para jovens profissionais que possuírem indicação para participar.
— E?
— Minha mãe conseguiu colocar seu nome na lista. — concluiu ele. — Mas como não sabemos o sobrenome, usamos da nossa família.
— E ainda diz que é somente por sua mãe. — sorri de leve. — Agradeça ela por mim e diga que estarei lá.
Me afastei dele e sinalizei para Cronos me seguir, estava feliz por ele finalmente ter falado comigo. Poderia ser idiotice minha, estar feliz somente por isso, mas mesmo se sentindo estranha em alguns momentos, por nunca ter sentido isso por alguém antes, meu coração sempre acelerava quando ouvia a voz dele.
O que me faz lembrar da primeira vez que ouvi, quando estava escondida em seu quarto, na fuga daquele bendito roubo que me levou até ele.
Dei mais algumas voltas com Cronos pelo jardim do Resort, até que voltei para meu quarto. Apesar de ter confirmado minha ida a exposição, não fazia parte dos meus planos ir para Paris, mas já considerava que realmente iria, uma oportunidade única de aperfeiçoar meu novo hobbie e fazê-lo ser oficialmente meu novo álibi.
Não que eu estava com medo de perder a família Cho, mas eu tinha que ter uma profissão normal, assim como os outros prodígios, exceto Fish, o papel dele era ser o garoto irresponsável e sem sorte na vida. Pensando agora, todos os prodígios seguiram um caminho cômodo e proveitoso para Dean, o arquiteto de toda essa família maluca e desnivelada, como ele denomina.
— Ah. — suspirei fraco. — Já aconteceu tanta coisa, mas só agora estou me divertindo de verdade com essa vida.
Desviei meu olhar para Cronos, que estava com seu corpo erguido e suas patas dianteiras apoiadas no beiral da varanda.
— E você moço, o que anda olhando aí. — sorri de leve indo até ele. — Está olhando o céu? O que acha que ir para Paris comigo? Você quer?
Ele me olhou, mesmo que fosse surreal ele me entender, parecia que estava aceitando meu convite.
— Então, acho melhor nos prepararmos, Paris é muito mais movimentada que aqui. — brinquei acariciando a cabeça dele. — Será que teremos alguma surpresa lá também? Não seria uma má ideia, o senhor Cho também estar na exposição.
Voltei para dentro do quarto e me joguei na cama, fechei meus olhos e fiquei pensando na tal exposição em Paris.
– x –
— Obrigada. — disse ao taxista ao colocar minhas malas no porta-malas do carro.
Desviei meu olhar de Cronos que já estava entrando, e acabei vendo Cedric ao longe, ele estava falando ao celular.
— Desde quando meu agente favorito está aqui em Paris? — me perguntei curiosa. — Bem, você mora em Paris. — conclui.
Entrei no táxi, pensando se Dean sabia que o agente tinha voltado para casa, já que obviamente ele estava viajando pelo mundo, tentando encontrar as pessoas que Cassie tinha roubado. Desta vez preferi me instalar em um albergue simples no bairro
La Villette, quanto menos eu for vista pelo Cedric, melhor, e o albergue permitia animais, outro ponto positivo para minha escolha.
Mandei uma mensagem para Dean, dizendo que tinha visto o agente na cidade. Ele ficou curioso para saber o que eu estava fazendo em Paris, poderia até inventar algo, mas acabei dizendo a verdade, o que deixou ele mais admirado ainda. Abri a mala e peguei o folheto da exposição, que tinha deixado para mim na recepção do
Atlantic antes de partir.
Era uma semana de exposição, verifiquei as datas e horários de todas as palestras, felizmente poderia ir em todas, o triste é que Cronos não poderia ir comigo, pois não permitiam a entrada de animais na exposição. A solução era pagar a senhora do albergue para cuidar dele, enquanto eu estivesse fora.
Reservei o restante do dia para descansar, já que a exposição começaria logo na manhã seguinte. As horas se passaram e eu peguei no sono pouco depois do jantar, no dia seguinte acordei assustada com o despertador do celular tocando, não poderia me atrasar logo na primeira palestra.
Tomei uma ducha fria para acordar meu corpo e me arrumei correndo, nem mesmo tomei o café e saí correndo. Estava tudo seguindo seu curso certo, até que fui parada há alguns metros da galeria onde ocorria a exposição, por ninguém menos que nosso agente.
— Olha se não é meu agente preferido, Cedric. — disse com um tom irônico.
— Onde pensa que vai? — disse ele sério e frio.
— Eu estou indo a uma exposição. — respondi com naturalidade. — E você está me atrasando.
Ele me entregou um papel, dando um sorriso debochado junto.
— O que é isso? — perguntei.
— Isso é uma ordem judicial. — explicou com satisfação. — Provisoriamente você está presa, , ou deveria dizer, Cassie.
Minha voz de repente sumiu e meu corpo congelou, não conseguia assimilar o que aquelas palavras, exatamente significavam.
“Agora eu não posso voltar atrás,
Isto é claramente um vício perigoso,
Tão ruim, ninguém pode pará-la.”
– Overdose / EXO
Capítulo 40
Eu poderia até tentar inventar uma desculpa jogando a empresa no meio, só para não ir para casa, mas minha mãe tinha exigido minha presença em Paris, principalmente por causa da exposição. Quando cheguei em casa, ela me encheu de perguntas sobre como a estava e como eu havia tratado ela, se tinha entregado o recado com gentileza.
— Você poderia ter sido bem mais cavalheiro com ela. — reclamou minha mãe se sentando no sofá. — deve estar se sentindo solitária agora.
— Omma, quem exatamente roubou nossa família? — perguntou Siwon em uma indireta enquanto descia o último degrau da escada.
— Ah, yah, o que você tem no lugar do coração? — ela o olhou feio. — Nossa já se arrependeu, e eu a perdoei.
— Percebe-se, nossa . — Siwon segurou o riso desviando seu olhar para mim. — E você? A perdoou também?
— Deixo este sentimento para nossa mãe. — caminhei até a escada e me desviando dele, comecei a subir os degraus.
— Será? — sussurrou Siwon dando uma risada.
Suspirei fraco e continuei, não demorou nem dois minutos que entrei no quarto, para Siwon entrar logo atrás, fechando a porta e me olhando sério.
— Pode enganar a todas, até a si mesmo, mas não me engana. — disse ele. — Você está se corroendo de vontade de voltar com ela.
— O quê? — me fiz de desentendido. — Você está louco? Olha o que ela nos fez.
— Yah, você nunca foi rancoroso. — ele riu. — Pare de negar para si mesmo que ainda gosta dela.
— E se for? — bufei. — Não acho que ficaria tudo igual agora, não quero ter que dividir ela com seus roubos.
— Os roubos, ou o Dean? — ele intensificou seu olhar.
— Os dois, não acha que já entendi a sacada dele? Dean nunca deve ter gostado da ideia de ter a ligada a nós. — esclareci num tom de chateação. — Além do mais, duvido que ela deixaria essa vida pra ficar comigo.
— Talvez não colocaria isso no singular. — Siwon assobiou de leve. — Você pode dar a ela o que Dean não pode, uma família de verdade.
— Não te incomoda? — o olhei curioso.
— Bem, prefiro ver vocês dois juntos do que ela sozinha, além do mais, já me convenci que ela te ama de verdade. — ele se espreguiçou. — Posso sobreviver com isso, já que no caso da Taylor, fui o escolhido.
— Nossa, você se lembra disso até hoje?
Nós rimos por um tempo, aquele passado era um pouco engraçado e ao mesmo tempo perturbador.
— Então, em detalhes, como ela estava? — perguntou ele dando alguns passos até minha cama e se sentando nela.
— Além de passear livremente por Bahamas. — suspirei fraco encostando na janela. — Estava fazendo seu papel de fotógrafa com certa perfeição e profissionalismo.
— Uau, essa eu queria ver.
— E Cronos estava com ela. — continuei. — Como você falou, é mesmo um cachorro bem treinado.
— É, fui eu que indiquei para ela, me lembro até hoje do dia em que ela encontrou ele. — Siwon inclinou seu corpo para trás, se deitando na cama. — Ele estava chorando dentro de uma caixa de papelão, acho que tinha sido abandonado.
— Nossa, quem em sã consciência abandona um cachorro de raça pura? — aquilo era impressionante.
— Imprevisível, não é mesmo? — ele sorriu de canto. — Mas foi muito legal ver o brilho nos olhos dela quando disse que adotaria aquele cachorro, mais ainda escolhendo o nome.
— Acho que posso imaginar, apesar de ser um pouco difícil pensar na como uma garota fofa e meiga. — ri de leve.
— Acredite, ela já foi assim. — Siwon se remexeu na cama. — Hum, preciso me arrumar para a exposição.
— Quando termina suas férias? — perguntei curiosamente.
— Por que a pergunta? — retrucou ele se levantando.
— Curiosidade. — o olhei tranquilamente. — Um residente que não reside.
— Ah, yah, pare de fazer essas insinuações.
— Não estou insinuando nada. — ri de leve.
— Estou pensando em trabalhar na filial que está sendo construída no Brasil. — respondeu ele.
— Pensei que ficaria no hospital de Manhattan. — retruquei não entendendo sua decisão. — Já que não queria morar em Paris com nossos pais, nem em Seoul.
— Hum, depois da minha visita ao Brasil ajudando LT, fiquei um pouco admirado com as paisagens. — explicou ele.
— Paisagens? Sei.
— É sério. — ele me olhou como ar de ofendido. — Além do mais, quero muito descobrir algo.
— O que seria? — agora estava curioso, Siwon sempre tinha propósito para tudo.
— O que aconteceu com o bebê. — respondeu ele. — Estou realmente curioso sobre isso.
— Você acha que a LT…
— Não, ela não deixaria um bebê inocente em qualquer lugar. — ele pensou um pouco. — Ou com qualquer pessoa, nem entregaria ao Dean.
— Então, o que está supondo?
— Que talvez a LT tenha sim uma família, além dos prodígios, ou alguém que ela confia muito, que talvez nem o próprio Dean saiba que exista. — explicou ele sua teoria.
— Hum, um irmão? Tia? Avós? Algo assim? — sugeri.
— Não seria impossível. — ele me olhou com certeza no que dizia. — Tenho pensado nisso há alguns dias.
— Seria um achado e tanto, ter uma família escondida. — pensei mais um pouco sobre isso. — Talvez Dean deva saber, e isso seja o motivo dela trabalhar para ele.
— Outra teoria a se levar em conta. — ele se espreguiçou novamente e bocejou. — Estou um pouco cansado, acho que vou tirar um cochilo antes da exposição, não vou assistir a nenhuma palestra mesmo.
— Nem pense em chegar muito tarde, nossa mãe te mataria por não prestigiar esta exposição do François.
— Sei muito bem disso. — ele riu de canto. — Conheço a dona Mary.
Ele caminhou até a porta e saiu rindo, nossa mãe era muito bondosa e doce, mas em alguns momentos nos fazia ter medo dela, porém o respeito seria sempre eterno. Fiquei na janela por algum tempo olhando a rua, as suposições de Siwon me fizera pensar em mais outras coisas a respeito de , principalmente em como ela havia se transformado em uma prodígio.
E quanto mais eu pensava nela, mais eu queria vê-la.
As horas se passaram até que finalmente cheguei a exposição, pouco depois dos meus mais que haviam ido cedo, por pedido de minha mãe. Acho que tanto quanto eu, sua vontade de ir ao evento era mais para ver e poder aproximá-la novamente de nossa família. Lá no fundo eu também tinha esse desejo, mas estava ignorando por um tempo, afinal, tinha o direito de não querer perdoá-la, não tão fácil.
— Que estranho. — disse minha mãe ao se aproximar de mim.
— O que houve omma? — perguntei intrigado, sua face tinha traços de preocupação.
— Não encontro em lugar algum. — respondeu ela.
— Bem, ela deve estar em alguma palestra ou ter se atrasado. — sugeri tentando tranquilizá-la.
— Não, ela não se atrasaria, não para um evento desse. — retrucou minha mãe com convicção.
— Oh, Mary, aí está você. — disse François ao se aproximar de nós. — Achei que não viria, estava a sua procurar em todas as salas de workshop.
— Mas é claro que viria te prestigiar. — ela se curvou levemente e sorriu. — Você por acaso viu se a estava em alguma dessas salas?
— Sua nora? — perguntou ele.
— Sim, minha…. — confirmei não sabendo mais como classificaria em minha vida, noiva, esposa, ou ex?
— Ela mesma, se lembra que te apresentei?
— Ah, sim, me lembro dela. — ele pensou por alguns segundos. — Me lembro de ter visto uma mulher parecida com ela mais cedo, estava vindo na direção da galeria, mas acabou sendo parada por um homem e entrando no carro com ele. Infelizmente não consegui confirmar se era alguém conhecida, mas o modo como andava era semelhante ao dela, nunca me esqueceria de alguém que anda com tanta classe.
— Era a . — confirmei me afastando deles.
— Espere, . — minha mãe me gritou vindo atrás de mim. — , querido, o que está acontecendo?
— Ainda nada, apenas suspeitas. — continuei seguindo em direção a porta, até que trombei em uma pessoa.
— Ei, calma, ? — era Siwon acompanhado de nosso irmão mais novo Sam.
— Que cara é essa, hyung? — perguntou Sam.
— Aconteceu alguma coisa com a . — disse num tom afirmativo.
Me lembrei rapidamente da festa de nossos pais em que Davi havia reconhecido a Cassie em por sua forma de andar, o que me fazia ter certeza que a mulher que François tinha visto era realmente ela. Se estava às portas da galeria e foi parada por alguém, tinha algum problema nisso e algo me dizia que desta vez, não era o Dean.
Eu não conseguiria ficar nem mais um segundo naquela exposição sem saber o que tinha acontecido com minha esposa. Sim, a agonia em meu coração era tanta que estava mesmo a reconsiderando como minha esposa, ou melhor, nunca deixei de considerar isso, afinal eu amava , mesmo com seus defeitos em forma de roubos. Então, segui de volta para casa com meus irmãos, não conseguiria dirigir de tão nervoso que estava.
Nossos pais chegaram bem atrás de nós.
— Eu não consigo deixar de pensar que algo de ruim esteja acontecendo com ela. — disse num tom de preocupação de ansiedade.
— Para quem nem queria ver ela novamente, está muito visível seus reais sentimentos pela . — comentou meu pai.
— Sei que falhei miseravelmente com meus princípios. — retruquei num tom baixo.
— Perdoar não é perda de princípios. — repreendeu minha mãe. — Além do mais, seus sentimentos por ela são verdadeiros.
— O que importa agora é conseguirmos fazer algo que nos ajude a encontrá-la, ou pelo menos saber alguma notícia sobre ela. — interviu Siwon. — E a única pessoa que me vem a mente, vocês sabem quem é.
— Dean? — perguntou Sam, já entendendo.
— Ele mesmo.
Assim que Siwon confirmou, a campainha tocou, assim que eu abri…
— Dean? — disse Siwon ao reconhecer o rosto daquele homem desconhecido para mim.
— Boa noite, família Cho. — disse ele num tom suave em sua voz, mantendo seu olhar sereno e tranquilo.
“Essa melodia triste se assemelha a você,
Ela me faz chorar eh eh,
Seu aroma é um doce crime,
Eu te odeio muito, mas ainda amo você.”
– Stay / BlackPink
Capítulo 41
Não era minha primeira vez em uma situação de risco, mas o agente Cedric, sim, era uma novidade interessante, ainda mais sua obsessão em definitivamente me transformar na Cassie. Mais curiosa ainda fiquei, quando adentramos em seu humilde, bem humilde, apartamento. Pensei que ele iria me trancar em uma cela fria e úmida, mas dadas as circunstâncias, acho que estava até com boa sorte.
— Estou começando achar que seu mandato é falso, agente Choi. — o chamei pelo sobrenome. — Afinal, é um pouco estranho estarmos aqui.
— Ainda não posso te levar para a Interpol, mas não se preocupe, logo estará dentro de uma cela fria e úmida, já que deseja tanto. — ele riu jogando sua jaqueta no sofá.
— Fria e úmida. — sussurrei fazendo careta, ele está obcecado demais por mim, está até lendo meus pensamentos, respirei fundo. — Você está tão confiante, como sabe que vai conseguir?
— Tenho minhas fontes. — ele respirou fundo indo até a parte que ficava a cozinha e pegando a chaleira em cima do fogão. — Aceita um chá? Talvez precise.
Aquilo já estava me irritando, sua ironia e cinismo estampado no olhar e na voz.
— Agradeceria se retirasse as algemas. — retruquei me sentando no sofá e vendo um porta retrato dele com Louise.
— Me desculpe, mas isso não poderei fazer.
— Sua namorada? — perguntei de forma inocente.
— Sim. — respondeu ele. — Ao contrário de você, é uma mulher honesta.
Eu tossi um pouco, comecei até sentir dó dele e de como era enganado.
— Se você está dizendo… — agora eu que seria a irônica.
— Você está muito calma para quem está com a corda no pescoço. — comentou ele voltando para perto do sofá.
— Bem, eu não estou sentindo nada me sufocando. — o olhei com tranquilidade. — Existe uma frase que diz, quem não deve, não teme.
“Agora eu senti atitude na LT!” Pensei comigo mesma.
— Admiro sua coragem. — ele suspirou fraco. — Posso te fazer algumas perguntas?
— Bom, não é você o agente seguro que sabe tudo? — retruquei. — Mas pode perguntar.
— Como conheceu ele?
— Ele quem? Meu… ? — eu já não sabia como classificar ele, apesar de querer muito dizer marido.
— Curioso, não era dele que estava falando, mas falando nisso…. — instigou ele.
— Nos conhecemos em Manhattan. — de forma automática voltei ao dia que invadi o quarto dele e me escondi, fingindo ser sua namorada. — Digamos que foi cumplicidade a primeira vista.
Bom adjetivo para classificar a ocasião, já que ajudou uma estranha mesmo sabendo que prejudicaria, uma família conhecida por seus pais.
— Cumplicidade? Não seria amor? — corrigiu ele.
— Cumplicidade. — confirmei mantendo meu olhar nele. — Ou você acredita em amor à primeira vista, agente Choi?
— Não sei, depende do caso. — respondeu ele. — No seu, acho que não.
— Não acha que amo meu… O ? — isso estava ficando desconfortável, precisava logo definir o que estava representando em minha vida.
— Tudo em torno de vocês dois me faz acreditar que sim, mas lá no fundo ainda me sinto incomodado. — explicou ele.
— Espero que não esteja assim por eu ter namorado o Siwon. — ri de leve. — Coincidências acontecem, quando conheci Siwon, eu nem tinha feito dezoito anos.
— Curioso uma colegial namorando um universitário. — seu olhar ficou intrigado.
— Por isso não deu certo, digamos que sua experiência com as garotas exigia algo que eu não queria dar. — em tese aquilo era verdade. — Além do mais, como disse, eu era uma colegial.
— Vou acreditar em sua história. — ele se sentou na cadeira de frente para mim.
— Agradeço a honestidade, e você?
— Eu o quê?
— Como conheceu sua namorada?
— Em um voo, ela é aeromoça.
— Hum. — desviei meu olhar para a janela.
“Belo álibi, Chermont Hacker!” Pensei comigo, me lembrando do apelido de Louise entre os prodígios.
— Hum… Estou curiosa, se não estava falando de , quem seria?
— Senhor D. — respondeu ele.
— Quem é este? — me fiz de desentendida.
— Você sabe de quem estou falando.
— Por favor. — o olhei novamente. — Não faço a menor ideia de quem seja.
Eu falei com tanta certeza, que até eu acreditei. Chocada!
— Veremos. — ele se levantou da cadeira. — Você foi vista com os prodígios.
Como ele sabia sobre isso?
— Pro… quem?
— Você não vai conseguir me enganar desta vez, Cassie. — ele me olhou meio enfurecido.
— Como sempre, continua me confundindo com quem não deveria. — mesmo com aquelas algemas me incomodando, me mantive firme. — Meu nome é , casada com Cho e meu trabalho é com fotografias, se quiser, posso te passar meu cartão de visitas.
Finalmente! Agora sim tinha definido meu status sentimental.
— Casada? — ele riu. — Está começando a cair em contradição.
— Sim, casada, afinal, noivos se casam. — o confrontei direta e objetiva, tombei meu corpo no sofá, me deitando e fechei os olhos.
Estava me sentindo um pouco cansada fisicamente e mentalmente, talvez por não ter descansado devidamente em minhas férias, ou por ter ficado ansiosa demais em participar da exposição de Paris. Não importava o motivo, agora eu teria que focar na minha situação atual e, por mais divertido que fosse confrontar o agente Cedric, precisava mesmo esvaziar minha mente e finalmente pensar no que poderia fazer para conseguir sair daquela situação.
As horas foram se passando, continuei agindo naturalmente, até chegar encontrar um momento oportuno. E este momento ocorreu pela manhã, ouvi o barulho de Cedric se levantando de sua cama velha que rangia, desagradável aquilo, assim que o som de seus passos direcionava para algum lugar específico, abri meus olhos novamente e me levantei do sofá, espiei de leve pelo corredor, vendo que ele estava retirando sua roupa indo em direção ao banheiro.
— Acho que agora é minha chance. — eu não iria tentar fugir, ainda mais estando algemada da cabeça aos pés quase, mas poderia chamar reforços, afinal, tinha que continuar mantendo minha pose de inocente.
Me afastei do corredor e silenciosamente me voltei para seu celular, assim que consegui destravar com um código de emergência que tinha aprendido com Dean, liguei para ele de imediato.
—
Diga que está bem! — disse ele ao atender.
— Estou. — disse com convicção.
—
Já estou localizando sua posição, o que está acontecendo? — seu tom de preocupação era intenso.
— O que esperava a algum tempo, nosso agente conseguiu algo que me liga a Cassie, mas ainda não está com ele. — respirei fundo olhando novamente para o corredor, ainda ouvindo o som do chuveiro. — Você precisa dar um jeito nisso, eu não vou fugir daqui.
—
Faz muito bem em não reagir, fique tranquila, como sempre fiz, eu vou te proteger. — assegurou ele. —
Localizada, em breve tudo voltará ao normal.
— Ficarei esperando. — assim que desliguei o celular, digitei novamente outro código para que todos os vestígios da ligação fossem apagados.
Deixei o aparelho novamente no lugar onde estava e voltei para o sofá, assim que fingi fechar meus olhos, Cedric retornou para a sala trajando uma roupa mais social, como se fosse para uma reunião de negócios. O que me deixou admirada e me deu muitas ideias para o futuro.
— Então, vamos? — perguntou ele.
— Para onde? — perguntei abrindo os olhos. — Teremos um encontro? Sou uma mulher comprometida.
— Eu não, mas você terá um encontro com a justiça. — ele caminhou até mim e retirou as algemas que tinha colocado em meus pés, deixando somente das mãos.
— Não está mais com medo que eu fuja? — perguntei num tom irônico.
— Vamos. — ele pegou uma pasta que estava em cima da mesa e estendeu a mão apontando para a porta.
— Bem, vamos então. — o segui sem me opor a nenhuma de suas exigências.
Eu confiava que Dean me ajudaria a escapar mais uma vez.
Seguimos em direção em direção à matriz da Interpol, Cedric havia alugado um carro para que fosse mais rápido, e assim que chegamos um jovem rapaz já estava a nossa espera com uma maleta em suas mãos. Senti meu coração pulsar mais forte, como se minha vida dependesse do conteúdo daquela maleta.
“Você é minha sorte,
Você me fez arriscar meu coração numa oportunidade única,
Agora, todos estão olhando para nós com pipoca na boca,
Esperando para ver o que vai acontecer com nós dois.”
– Lotto / EXO
Capítulo 42
Eu ainda estava paralisado com a presença de Dean, mais ainda por ver de perto quem era ele, seu jeito tranquilo de agir e olhar, sua voz firme e serena não me convenciam muito, afinal, tudo me dizia que o que ele mais queria era me separar de .
— Agradeço. — disse ele ao ser servido de uma xícara de café por minha mãe.
— Então, não foi para tomar uma café que você veio. — disse num tom impaciente. — O que você fez com a ?
— Eu não fiz nada. — ele me olhou com sarcasmo. — Para ser sincero, ainda não sei onde ela está, mas tenho minhas suspeitas.
— Então diga. — disse meu pai também num tom impaciente.
— Agente Choi Cedric. — respondeu ele, o que eu realmente não queria ouvir.
— O que ele fez com a ? — perguntou minha mãe se preocupando um pouco mais.
— Como disse, ainda não sei, mas venho tendo várias suspeitas há tempos, por isso posso deduzir que ele a tenha prendido provisoriamente. — explicou ele.
— Mas como? — Siwon o olhou. — Dean, a identidade dela está segura, não está?
— Também achei que sim, mas tive uma pequena falha. — ele desviou seu olhar para a xícara de café, como se estivesse amargurado. — Fui traído por alguém de minha própria família.
— Deixe-me adivinhar, e a está sendo prejudicada por isso. — supôs Siwon com ironia.
— Ela só está pagando o que plantou. — meu pai deu de ombros, ele ainda estava magoado por tudo que tinha acontecido.
— Yah,
yeobo, pare com este rancor todo. — disse minha mãe chateada com ele, e desviando seu olhar para Dean. — Foi você que a fez nos roubar, não foi?
— Sim. — assentiu sem o menor problema. — Apesar dela não querer.
— Isso já sabemos. — retruquei controlando minha raiva. — Gostaria de saber por que ela seguiu adiante.
— Para proteger vocês. — respondeu ele mantendo seu olhar em mim. — sabia que se não fosse ela, seria alguém muito pior, que poderia prejudicá-los por causa dela.
— De quem está falando? tem outros inimigos? — perguntou minha mãe.
— Ou você tem inimigos? — completei com insinuações.
— Como eu disse, fui traído por um dos meus prodígios, agora minha caçula está com problemas. — admitiu ele.
— Se ela está com problemas, por que não está tentando ajudá-la? — perguntei um pouco alterado.
— É por isso que estou aqui. — respondeu ele.
— O que minha família tem a ver com isso? — perguntou meu pai curioso.
— Vim para pedir a ajuda de vocês, não posso deixar que meus outros prodígios saibam o que aconteceu com a . — explicou ele. — E como ela sempre defende a família que ganhou, achei que pudesse contar com vocês…
— Achou errado. — o interrompi. — Não vamos ajudar.
Neste instante, todos me olharam surpresos. Talvez a lógica seria que eu ajudasse ela, eu queria ajudar lá no fundo, mas ainda estava magoado também.
— Nós vamos sim. — assegurou minha mãe num tom forte e autoritário. — Ela nos roubou por sua causa, mas também se redimiu e assegurou que nossos arquivos continuassem em sigilo, por isso ainda a considero parte da minha família.
— Querida? — meu pai a olhou.
— E ai daquele que disser o contrário. — ela desviou seu olhar para mim. — Nós vamos ajudar a , mas com uma condição.
— Qual? — perguntou Dean.
— Que roubar minha família seja definitivamente o último serviço dela. — a voz da minha mãe estava mais firme que o natural, passando muita segurança. — Quero que ela se aposente para sempre, e nunca mais se passe por Cassie, ou é isso, ou não faremos nada.
Dean passou alguns segundos pensando, até que se pronunciou.
— Se é isso que deseja, tudo bem. — assentiu ele. — A
LT deixará de existir profissionalmente.
— E quanto a Cassie? — perguntou Siwon.
— Já tenho em mente o que acontecerá com essa personagem. — assegurou Dean com convicção, o que me deixava curioso.
— E como podemos ajudar? — perguntou minha mãe.
— O agente Cedric conta com a ajuda de um amigo dentro da Interpol, e este amigo conseguiu algumas informações sobre a LT, que pode ser relacionado a Cassie, isso me leva a acreditar que a suposta prisão antecipada de está conectada a essas informações e dependendo delas também.
— E o que você está pensando em fazer? — perguntou Siwon.
— Uma troca de informações. — ele respirou fundo e me olhou. — Não posso ser visto, mas vocês dois poderão fazer isso no meu lugar.
— Eu e Siwon? — o olhei.
— Sim. — assentiu. — , você pode estar se fazendo de difícil, mas tenho certeza que está ardendo por dentro, de tanta vontade de ajudar ela.
Eu não podia negar essa.
— Eles vão fazer tudo o que você disser. — assegurou minha mãe novamente. — O que importa é trazer de volta para casa.
— Era isso que eu queria ouvir. — Dean deu um sorriso de canto e olhou para meu irmão, já que o conhecia a mais tempo, deveria ter mais facilidade em lidar com ele.
Como minha mãe disse, eu e meu irmão iríamos ajudar, haja o que houvesse.
Dean nos explicou seu plano nos mínimos detalhes, só teríamos uma única oportunidade para fazer a tal troca de informações. Na medida que ele ia falando, a toca de olhares entre eu e Siwon estava ficando ainda mais sincronizada, pela primeira vez entraríamos de verdade no mundo da LT e teríamos a sensação que ela tem ao realizar um serviço, já estava até sentindo a adrenalina correr em meu corpo.
Ansiedade, era a palavra para me definir.
As horas se passaram, comigo e meu irmão repassando cada passo que daríamos, surpreendente que até Sam queria participar daquela “operação”, mas minha mãe não permitiu, já que o caçula não tinha tanta discrição como nós. Meu pai ainda achava errado ajudar alguém que quase nos prejudicou, mas não iria contra a decisão da minha mãe, além do mais, lá no fundo ele consentia com tudo aquilo mais por mim do que por ela.
Na manhã seguinte, levantamos bem cedo e somente após um café reforçado nossa mãe nos permitiu iniciar o plano. Siwon saiu primeiro, pois teria que pegar uma maleta com Dean antes de se dirigir a estação Châtelet, o ponto de partida onde estaria nosso objeto de desejo. Eu segui diretamente para a estação e me posicionei próximo ao corredor secundário, pois precisava de uma vista ampla para o guichê de bilhetes.
— Uai, você parece mesmo um profissional. — disse Siwon num tom baixo ao passar por mim, seguindo para a bilheteria.
Ele estava acompanhado de uma garota aparentemente desconhecida por mim, desfilando com seu jaleco branco e olhos de leitura no rosto, uma máscara preta tampando sua como aquelas que usamos na Coreia. A tal maleta preta em mão direita juntamente com o estetoscópio, nem eu o reconheceria daquela forma, se não tivesse falado comigo.
— Respira fundo , está na hora. — sussurrei para mim mesmo me direcionando para o espaço de embarque do metrô.
Siwon comprou sua passagem tranquilamente, mantendo uma conversa espontânea com a garota ao seu lado, que parecia ser uma estudante de medicina. Porém, assim que nosso alvo apareceu na estação, percebi seu olhar discreto e fixo nele, então aquele era o tal Peter que continha a carta de forca de LT, segundo nas palavras de Dean. Para nossa sorte a estação estava significativamente cheia, o que proporciona mais distrações além do celular que estava firme nas mãos de Peter, competindo com a maleta também preta.
Assim que entrei no vagão, permaneci de pé para ter mais visibilidade, Peter entrou logo atrás de se sentou em um dos bancos laterais, mantendo suas maleta ao lado junto a perna e se concentrando em um jogo que estava na tela do celular. Siwon entrou em seguida e gesticulou para que sua acompanhante se sentasse no banco ao lado de Peter. Assim que a garota sentou, meu irmão ficou de frente para ela e colocou a sua maleta ao lado da maleta de Peter sem que o mesmo percebesse, então continuaram a falar sobre alguma coisa relacionada a anatomia humana.
Sabíamos qual a estação de parada do rapaz, assim como quantas estações tinham no decorrer da viagem, mantive meu olhar para meu irmão, que ao desviar naturalmente a cabeça ao seu redor me fez o sinal para começar minha distração. Foi no parar do metrô, quando as portas já iam abrir, que esbarrei em uma senhora fazendo sua sacola de frutas cair, em uma fração de segundo todos olharam para nossa direção, comigo pedindo desculpas a senhora que com gentileza dizia que não tinha problemas.
Neste pequeno momento a atenção de Peter se voltou para nós, dando tempo suficiente para Siwon pegar sua maleta e assim que a garota se levantou, as portas se abriram e segurando na mão da garota, ambos saíram tranquilamente. Eu terminei de ajudar a senhora a pegar suas frutas e permaneci no vagão até a próxima estação, havia me oferecido para ajudar aquela senhora a levar suas sacolas pesadas para casa. Algo inesperado que me ajudou na distração.
— Achei que não conseguiria. — disse ao chegar no ponto de encontro que tinha combinado com Siwon. — Mas aquela senhora me ajudou muito.
— Você foi bem natural. — respondeu Siwon rindo.
— Posso saber quem era a garota? — perguntei curioso me sentando na cadeira daquela cafeteria. — A conversa sobre anatomia estava muito interessante.
— Você ouviu? — ele riu se espreguiçando.
— O vagão inteiro ouviu, ela parecia muito animada. — expliquei.
— É uma aluna de um ex-professor meu. — ele riu. — Tenho alguns contatos também.
— Estou vendo. — cruzei os braços. — Onde está a maleta?
— Minha doce universitária levou para nossos pais. — respondeu ele ao tomar um gole do café que estava na xícara.
— Mas e o Dean?
— Acha mesmo que a mamãe ainda deixaria alguma coisa da com ele? — Siwon deu uma gargalhada estranha. — Sabemos que ele não vai cumprir de fato a condição da
omma.
— Hum, pelo menos ela estará em segurança agora. — assenti acenando para o garçom vir até nossa mesa.
— Queria ser uma mosquinha para ver a cara do Cedric. — Siwon riu desviando seu olhar para a rua.
— E eu queria ver a cara da LT. — olhei para o garçom já pronto para fazer meu pedido. — Um expresso, por favor.
O homem assentiu com a face e se afastou.
— O que acha que vai acontecer agora? — perguntou Siwon.
— Ela vai voltar à ativa, já que suas férias acabaram.
— Ainda acha que ela não vai deixar de ser a LT? — ele deu uma risada rápida. — Você não confia mesmo mais nela?
— Não sei o que estou sentindo, talvez seria mais fácil se ao menos ela admitisse e pedisse desculpas claramente.
— A LT é orgulhosa. — ele desviou seu olhar para mim. — Bem, você também é um pouco, olha que isso ainda pode estragar tudo.
— Que espécie de conselho de irmão mais velho você está dando? — o olhei confuso.
— Não estou dando conselho nenhum, só estou alertando, você precisa definir de uma vez o que ela será para você. — explicou ele. — Está nos seus olhos que quer ela de volta.
— Hum.
“E no meu coração também.” Pensei comigo.
“Você é tudo para mim, esse é o meu jeito de confirmar,
Uma simples frase: “Eu estou esperando por você!’,
Mas eu não posso dizer isso em voz alta,
Eu fecho meus olhos e tendo adivinhar o que você está fazendo,
Eu repito isso todos os dias.”
– My Answer / EXO
Capítulo 43
— Obrigado, Peter. — disse Cedric em um tom baixo ao pegar a maleta do rapaz. — Como estão os arquivos?
— A pasta sobre os prodígios estão todas reunidas e impressas, já os arquivos sobre a Cassie estão em um pen-drive, não tive a oportunidade de abrir, mas todas as informações que encontrei sobre ela, coloquei. — respondeu ele.
— E você fez uma cópia? — perguntou Cedric.
— Eu deveria? — o rapaz o olhou com receio.
— Então este é o seu contato? — olhei para o garoto que tinha cara de universitário e comecei a rir. — Você está bem…
— Peter, sempre deve fazer cópias. — Cedric lançou um olhar de desaprovação sobre o rapaz, então voltou-se para mim. — Vamos.
Ele pegou na pequena corrente da algema e me guiou até a sala de interrogatório, era uma sala comum iguais às que passam em filmes, dei alguns passos até a mesa a nossa frente e eu logo me sentei em uma das cadeiras. Mantive meu olhar para o notebook que estava em cima da mesa, nunca havia ido tão longe assim, mas teria que continuar com o plano.
— Cedric, não era para estar de férias? — disse um homem ao entrar na sala, logo seu olhar veio para minha direção, juntamente com a surpresa em sua face ao me ver. — Quem é esta mulher?
— Cassie. — respondeu Cedric.
— O quê? — ele arregalou os olhos. — Cedric, o que andou fazendo?
— Me desculpe, senhor, mas eu não consegui ficar de férias. — ele respirou fundo. — Não deixaria esse caso sem solução.
— Cedric, não possui nenhum mandato e menos ainda provas. — ele bufou. — Como pode prender uma civil?
— Eu possuo provas sim. — ele colocou a maleta em cima da mesa. — Melhor, possuo também provas que o diretor Marx conhece o senhor D.
— Como ousa acusar o diretor Marx? — uma mulher de vestido azul entrou na sala. — Você ultrapassou todos os limites, agente Choi.
— Só estou relatando a verdade, diretora Collins, Peter é minha testemunha. — ele olhou para o vidro que tinha ao fundo da sala.
Claro que do outro lado tinha pessoas nos observando, logo Peter entrou na sala.
— O que o agente Choi disse tem fundamento, eu mesmo vi o diretor conversando com um homem e o chamando de senhor D. — relatou Peter.
— Pode provar isso? — a mulher o olhou.
— Sim, diretora Collins. — ele desviou o olhar para a maleta. — Está tudo registrado no pen-drive, inclusive os vídeos de câmeras de segurança, infelizmente não conseguiram pegar o rosto dele, mas a voz e o rosto do diretor Marx aparecem nitidamente.
— Ok, já que eu e o inspetor Smith estamos aqui, apresente-nos as evidências para que a prisão oficial desta mulher e do diretor Marx seja efetuada. — disse a tal Collins ao olhar para mim com arrogância.
— Com prazer. — disse Cedric ao abrir a pasta.
Tinha que admitir que haviam muitos relatórios sobre os passos dos possíveis suspeitos a prodígios, além de muitas fotos deles comigo em várias situações diferentes, era admirável o empenho em ligar todos eles a mim. Porém o inacreditável veio assim que ele pegou o pen-drive e começou a abrir os arquivos.
— Não, não pode ser. — sussurrou ele ao olhar para os arquivos que iam aparecendo no notebook. — Isso está errado.
— Quem é esta mulher? — o inspetor Smith olhou para mim e depois voltou seu olhar para o notebook.
— Explique-se, agente Choi, o que está acontecendo? — o tom da diretora Collins estava alto e forte.
Tive que me manter o máximo sério possível, apesar de realmente estar surpresa pelo que acontecia, então Dean havia certamente trocado as maletas, ocasionando toda aquela comoção. Enfim, todas as provas apontavam para a pessoa que Cedric menos esperava, a pessoa que estava ao seu lado todo este tempo, o que me deixava ainda mais boquiaberta pela reviravolta que estava acontecendo.
Meus olhos simplesmente continuavam olhando a foto de Louise, onde deveria estar a minha, algo milimetricamente calculado, até mesmo em sincronizar todas as evidências que poderiam ser minhas, com os passos que ela havia dado todo este tempo. Deveria confessar que não era exatamente assim que imaginava que aconteceria, porém algo era certo, estava tendo uma segunda chance novamente.
— Louise Chermont. — disse Collins num tom alto mantendo seu olhar no notebook. — Quem é esta mulher? A verdadeira Cassie?
— Não pode…. — Cedric olhou para Peter. — Tem certeza que você não viu esses arquivos?
— Sim. — assentiu. — Não deu tempo de olhar nenhum deles, eu tive que copiá-los e decodificá-los um por um, mas posso assegurar que foram estes que eu copiei.
— De onde retirou estes arquivos? — perguntou o inspetor.
— Alguns foram do computador do diretor Marx, outros consegui quebrando as senhas e contrassenhas do sistema para acessar alguns arquivos restritos. — explicou Peter.
— Você pode fazer isso agora? — indagou o inspetor novamente.
— Por qual motivo ele teria que fazer isso? — Collins o olhou confusa.
— Para sabermos se esta maleta não foi trocada em algum momento sem que Peter percebesse, os arquivos do servidor são originais então poderemos comparar as informações. — explicou Cedric já entendendo o propósito, virando seu olhar para mim.
Por essa eu realmente não esperava, comecei a controlar ao máximo minha respiração e controle. Mesmo um pequeno deslize meu poderia arruinar tudo e mesmo que os arquivos fossem diferentes, não assumiria nada. Peter sentou na outra cadeira que ficava de frente para mim e iniciou sua busca pelo servidor, mesmo não tendo a senha do diretor Marx, deste vez ele tinha a autorização da diretora Collins, que também se importava muito com este caso.
Passamos um longo tempo naquela sala, até que Peter conseguiu chegar as pastas ocultas todas denominadas com o nome da Cassie.
— Encontrei todas. — anunciou ele.
— Abra. — ordenou Collins.
— Vamos ver a verdade agora. — Cedric manteve o olhar fixado no notebook.
Confesso que queria soltar um fundo e forte suspiro de alívio quando a foto de Louise apareceu novamente sendo confirmada como Cassie. Aquele definitivamente era o fim da minha personagem em minha vida, nunca mais eu iria poder utilizar aquele nome, porém eu só conseguia permanecer aliviada e tranquila com tudo o que estava acontecendo.
— Então essa é a verdadeira Cassie. — disse num tom inocente. — Louise Chermont.
— Diretora, eu…. — Cedric abaixou a cabeça parecendo frustrado. — Não sei o que dizer.
— Pois eu sei. — o tom de voz dela estava seco e frio. — Simplesmente peça desculpas a esta civil e tire essas algemas dela.
— Me desculpe, , estava tão cego que…. — ele engoliu seco retirando minhas algemas. — Ignorei a verdade.
Agora eu estava me compadecendo dele.
— Eu entendo que sua sede por justiça tenha lhe cegado um pouco. — juro que queria transmitir ironia, mas meu tom saiu tão generoso. — Pelo menos a verdade apareceu.
Agora foi um pouquinho debochado.
— Senhorita, poderia nos dizer qual relação tem com esta Louise? — Collins me olhou um pouco desconfiada.
— Que eu saiba, nenhuma. — a olhei. — Aí diz que ela é uma aeromoça, desde que comecei meu trabalho como fotógrafa, costumo viajar muito e a companhia que utilizo é a mesma que ela trabalha.
— O que está querendo dizer? — o inspetor Smith me olhou. — Que Louise te escolheu a dedo para desviar a atenção da Interpol?
— Bem, ela é a namorada do nosso agente aqui. — olhei para Cedric que ainda exalava frustração.
— Louise é a prodígio hacker, talvez tenha realmente feito isso. — concordou Peter enquanto ainda analisava os arquivos.
— Eu preciso de um pouco de ar. — Cedric se afastou indo em direção a porta.
— Agente Choi? Acha mesmo que pode fazer esta bagunça e sair sem problemas? — se alterou Collins ao vê-lo deixar a sala. — Agente Choi?
— Deixe-o, Collins, ele acabou de descobrir que sua noiva era a ladra que tanto procurava, além de desconfiar que ela o manipulou esse tempo todo. — interviu Smith.
— Bem, eu gostaria de saber como ficarei. — olhei para Collins. — Eu fui sequestrada por um agente da Interpol, fui mantida em cárcere por 24 horas, algemada e tudo sem um mandato e provas contra mim, depois passei por um, digamos que não podemos chamar isso aqui de interrogatório.
— Perdoe-nos por esse transtorno. — finalmente ela baixou sua guarda e também o tom de sua voz.
— Será que posso? Seu agente vem me seguindo a pouco mais de um ano, não acho realmente que devo esquecer tudo isso. — intensifiquei meu olhar. — Você não sabe o quão desconfortável foi para mim e meu marido?
— Você é casada? — mais uma vez o olhar surpreso de Smith estava em minha direção.
— Sim, me casei a pouco tempo e quando fui sequestrada, estava indo encontrar meu marido em um evento de arte e fotografia. — mantive meu olhar e coerência histórica, estava amando chamar de meu marido. — Bem, gostaria de fazer uma ligação.
— Tem todo o direito. — Smith olhou para o rapaz nerd. — Peter, reúna todos os arquivos do sistema e os salve em outro pen-drive, crie uma nova pasta com uma senha que só poderá ser acessada pela diretora Collins e por mim, então transfira todos os arquivos sobre os prodígios para esta nova pasta.
— Sim senhor. — Peter pegou o notebook. — Melhor não fazer isso aqui.
— Venha até minha sala. — Smith fechou a maleta e retirando seu celular do bolso me entregou. — Faça sua ligação, eu pessoalmente irei resolver este mal entendido.
— Obrigada. — disse pegando o celular da mão dele.
— Diretora Collins. — ele esticou a pasta para ela. — Tenho certeza que aqui estão todas as evidências que precisava para destronar o diretor Marx.
— Muito bem. — ela pegou a pasta. — Veremos o que posso fazer em relação aos prodígios também, quanto a esta civil, deixarei com você, já que se ofereceu.
— Sim senhora. — assentiu ele. — E quanto ao senhor D?
— Ainda não temos nem provas e nem pistas de quem possa ser, mas agora que sabemos definitivamente quem é Cassie e temos provas contra essa Louise, talvez uma troca de benefícios em informações seja feita. — ela disse num tom mais baixo para que eu não pudesse ouvir, porém…
— Senhorita , voltarei em alguns minutos, deixarei um agente aqui para te fazer companhia.
— Não, você vai deixar um agente aqui para me vigiar. — o corrigi merecidamente.
— Entenda como quiser. — ele sorriu de canto e saiu da sala sendo acompanhado pela Collins e o rapaz nerd.
Um outro agente ficou na porta me observando, olhei para o celular e assim que desloquei o descanso de tela…
— . — meu agente preferido apareceu na porta.
— Cedric. — o olhei tranquilamente.
— Não sei o que te dizer. — seu olhar estava triste desta vez. — Não sei o que é pior, ter te acusado devido a uma certeza infundada, ou ter descoberto que fui manipulado por ela.
— As duas coisas são… Imagino que não sejam boas para você, eu realmente não sei que tipo de ligação tenho com ela além da companhia aérea. —
aquilo foi um consolo? — De qualquer forma. — ele me olhou. — Estou arrependido, deveria mesmo não ter me precipitado como fiz.
— Vamos recomeçar então. — estiquei a mão para ele. — Prazer, meu nome é , tenho alguns anos de vida e sou fotógrafa, mas estou pensando em investir em outro ramo das artes.
— Prazer, . — ele aceitou o cumprimento, pegando em minha mão. — Sou Cedric, o pior e mais imprudente agente da Interpol que você vai conhecer.
— Pior não acho. — eu ri de leve. — Já imprudente, concordo.
— Posso te fazer uma pergunta? — perguntou ele.
— Claro.
— sabe sobre sua irmã? — seu olhar transparece curiosidade, como ele havia descoberto sobre ela?
— Como sabe sobre isso? — senti um breve aperto no coração.
— Sou imprudente, mas sei fazer meu trabalho. — ele sorriu de canto. — Vou deixá-la fazer sua ligação.
Cedric se afastou saindo da sala, mesmo tudo virando para a direção de Louise, naquelas palavras finais senti que não deveria baixar a guarda de forma alguma. Respirei fundo e levantando da cadeira, me virei e digitei o primeiro número que veio em minha mente, ou melhor meus dedos pareciam condicionados e digitar as teclas exatas.
— Sim? — disse aquela voz que internamente meu coração pedia para ouvir.
— Oi. — respirei fundo. — Preciso que me busque em um lugar.
— O quê? — sua voz parecia de indignação. — Te buscar? Acha que sou o quê?
— Você é o meu marido e estou no prédio principal da Interpol. — disse num tom baixo explicando superficialmente o que ele deveria entender, ele ainda era meu álibi.
— Pensei que estivéssemos divorciados. — disse ele mantendo seu tom.
— Bem, para mim aquilo foi somente uma briga passageira, já que nossa lua de mel nas Bahamas foi um sucesso. — segurei o riso, mas estava amando aquele momento.
Ouvi sua respiração alta do outro lado da linha.
— Por favor, não estaria ligando se não fosse realmente necessário. — engoli metade do meu orgulho naquele, por favor.
Em silêncio ele estava e assim encerrou a ligação sem dar uma resposta.
“Eu já abri o meu coração para você há muito tempo
Você é tudo para mim, esse é o meu jeito de confirmar
Eu deveria ser cuidadoso e me amar mais, desse jeito eu nunca irei me machucar.”
– My Answer / EXO
Capítulo 44
Me sentei na cadeira novamente, pensando no que faria para sair dali, já que era visível estar sozinha dessa vez. Não podia ligar para o Dean, menos ainda ligar para Siwon, certamente tomaria as dores do irmão. Estava percebendo que somente a senhora Mary havia me perdoado naquela família.
— Conseguiu fazer a ligação? — perguntou Smith ao entrar na sala.
— Sim. — estiquei o celular para ela ao me levantar da cadeira. — Obrigada.
— Não, eu que agradeço. — ele retirou uma correntinha do bolso, mostrando discretamente a pequena medalha que estava preso a ele. — Bem, pequenas coisas podem ser insignificantes para uns, porém para outros representam sua honra.
Eu estava me lembrando daquele objeto, era a mesma medalha que havia resgatado em Portugal, como poderia esquecer daquele serviço, afinal, foi nele que conheci o meu agente preferido. Por essa eu realmente não esperava, tenho que admitir que jamais me importava em saber quem eram os clientes que Dean arrumava para mim, mas descobrir que um deles era inspetor da Interpol me deixava curiosa para saber quem eram os outros, já foram tantos.
— Algumas pessoas prezam bastante a honra. — respirei fundo mantendo meu olhar na medalha. — Fico feliz que saiba preservar a sua.
— Assim como você preserva a sua. — ele me olhou com tranquilidade enquanto guardava sua medalha no bolso novamente. — Bem, devemos conversar sobre o erro do nosso agente, novamente peço desculpas por toda a agência, o agente Choi será punido de acordo com as normas da empresa e iremos…
— Sinceramente, eu não queria que o agente Choi fosse demitido. — intervi com plena razão. — Errar é humano, mesmo que eu tenha saído prejudicada, o que importa é que tudo foi esclarecido e minha ficha continua limpa.
— Vou considerar suas palavras. — ele estendeu a mão em direção a saída. — Por aqui, por favor.
— Me levará até a saída? — perguntei olhando novamente para as algemas que Cedric havia deixado em cima da mesa.
— Sim, a senhorita está liberada para ir. — assentiu ele.
— Tudo bem. — sorri de leve e o segui pelo corredor.
A cada passo que dava era um suspiro de alegria, eu estava livre daquele lugar e ainda mais confiante que tudo ficaria bem. Assim que chegamos na porta giratória do prédio, Smith se desculpou mais uma vez e perguntou se queria que ele chamasse o táxi para mim, porém recusei sua oferta, não queria nem por um segundo depender ainda mais dele. Fiquei me perguntando se esse inspetor tinha algum envolvimento nisso tudo.
— Finalmente livre. — disse me espreguiçando assim que saí do prédio e senti o sol tocar minha pele.
— Parabéns, não vai agradecer seu marido? — disse ele. — Ou devo dizer outra definição?
— Ainda quer ser meu marido? — me virei e o olhei. — Pensei que não viria, .
— Eu disse que não viria? — seu olhar um pouco sarcástico estava ali.
— Hum… Também não disse que viria. — mantive meu olhar nele.
tomou impulso e pegando em minha mão me puxou para perto dele, me abraçando como se estivesse matando a saudade, meu corpo paralisou e meu cérebro não conseguia assimilar o que estava acontecendo, logo meu coração acelerou ao sentir seu perfume.
— …. — sussurrei. — O que está…
— Nosso agente está nos olhando do lado de dentro do prédio. — sussurrou ele. — Mas não é somente isso, talvez eu também queira te abraçar.
— Talvez? — eu me afastei dele, o olhando séria.
— Vamos para casa. — ele segurou em minha mão entrelaçando nossos dedos.
— Ainda estamos sendo vigiados?
— Não. — ele sorriu de leve. — Vamos deixar as perguntas e desculpas para depois, Cronos está com minha família também.
— Como? — isso me surpreendeu.
— Descobrimos o nome do Albergue onde estava. — ele tossiu um pouco. — Para ser sincero, recebemos uma visita bem inesperada ontem.
Visita inesperada, só tinha um nome para definir isso: Dean. Ele havia sido essa visita, o que tinha me deixado ainda mais admirada foi seu pedido de ajuda para a família de , além de concordar com a exigência da senhora Mary. Algo que realmente havia me impressionado foi ela me defender com tanta força, eu havia ganhado uma mãe de verdade e queria muito retribuir aquele carinho.
Será que conseguiria?
Não demorou muito até que estacionou em frente a casa deles de Paris, precisei respirar fundo muitas vezes até que a coragem para entrar chegou em mim, mesmo com segurando minha mão. De todos ali presente, a pessoa que mais me deixava chateada comigo mesma por tê-los roubado é Mary, a mãe que nunca tive.
— Mãe, pai, chegamos. — disse ele assim que entramos.
— . — Mary veio de encontro me abraçar sem nenhum receio, um abraço apertado e cheio de carinho. — Que bom que está de volta, fiquei tão preocupada.
— Senhora Mary, eu…. — precisava encontrar palavras certas para finalmente tentar me desculpas pelo menos com ela.
— Oh querida, eu sei, não precisa se desculpar, já te perdoei por isso. — ela sorriu com gentileza para mim. — Não ligue para esses rancorosos, sei que deve não ter tido escolha e se fez, foi por algum motivo.
De alguma forma ela me entendia, o que me fazia cada vez mais querer não decepcioná-la.
— Obrigada pelo carinho. — sorri de volta para ela.
— Você a perdoou, mas eu não. — o senhor Hwang se levantou da poltrona onde estava. — Você ainda está em falta comigo.
— Yeoboo, pare com isso. — a senhora Mary interviu.
— Mary, não precisa, ele está certo. — respirei fundo desviando meu olhar para ele. — Tem razão de não querer confiar em mim, nem eu confiaria, mas…
— Mas? — Sam apareceu da porta. — Noona, se você arrumar uma namorada para mim, eu te perdoo.
Segurei o riso.
— Yah, menino abusado, pare de espionar a conversa. — Mary gritou com ele.
— Eu não quero uma namorada, mas se me pagar um jantar e me responder algumas perguntas curiosas… — Siwon estava descendo as escadas e ao olhar para mim, piscou de leve de forma sinuosa. — Bem-vinda de volta.
— Eu… Não sei como dizer…. — realmente não sabia, era a primeira vez que pedia desculpas sinceras para pessoas tão importantes.
— Se fosse menos orgulhosa, saberia. — soltou minha mão e se dirigiu para a escada, subindo sem a menor preocupação.
— Aish, esse menino mal criado. — reclamou Mary ao olhar para o filho.
Não tinha o que falar, ele estava certo.
— Uau, me parece que o casamento de vocês está em crise. — comentou Siwon rindo baixo.
— Casamento? — Mary me olhou confusa.
— Bem, nos casamos em Vegas. — expliquei.
— Vegas? — Sam se jogou no sofá. — Noona, não sabia que casamentos em Vegas eram válidos.
— Alguns são. — Mary sorri. — Este é mais que válido.
O senhor Hwang bufou um pouco e se levantando da poltrona, dirigiu-se em direção ao seu escritório, eu já imaginava que teria que pedir desculpas alguma hora, mas não estava muito preparada. Talvez estivesse certo, eu era orgulhosa demais para me desculpar com as pessoas, mas pela primeira vez queria fazer isso, só não sabia como.
— Não se preocupe, uma hora eles vão entender. — disse Mary.
—Talvez ele esteja certo, sou muito orgulhosa para fazer isso. — eu me virei em direção a porta.
— Espera. — Mary segurou de leve em minha mão. — Aonde vai, querida?
— Preciso pegar minha bolsa com o agente, minhas coisas ficaram no apartamento dele. — expliquei um pouco triste.
— Eu te levo. — disse Siwon ao retirar a chave do carro do bolso. — Assim não terá desculpas para não voltar.
— Não precisa. — sorri de leve. — Meu cachorro está aqui, acha mesmo que não voltaria? E por falar nisso, onde está Cronos?
— Mandamos para o petshop, ele precisava relaxar. — explicou Mary.
— Seu cachorro é muito bonito e educado. — elogiou Sam.
— Obrigada, eu o treinei muito bem.
— Vamos, cunhadinha, eu realmente irei te levar. — Siwon sorriu e pegando minha mão me puxou para porta.
Eu o conhecia muito bem para saber que não desistiria de me levar, então somente assenti e o segui até o carro.
— Está mesmo tudo bem agora? — perguntou ele ao ligar o carro.
— Sim, como sempre Dean pensou em tudo. — suspirei fraco.
— Você se lembra onde é o apartamento do agente? — perguntou.
— Sim, mas eu não iria agora até lá. — respondi desviando meu olhar para a rua.
— Imaginei. — ele suspirou também. — Está assim por causa do meu irmão.
— Não me faça pensar nisso assim.
— LT, você realmente ama ele. — era uma confirmação. — Te conhecendo como conheço, está lutando contra.
— Confesso que nunca permiti que chegasse tão longe. — ajustei o cinto de segurança e me encolhi.
— Como se você tivesse se envolvido com mais pessoas além de nós dois. — ele riu baixo.
— Tem razão, o que me deixa ainda mais assustada. — desviei meu olhar para ele. — Não sei o que fez para eu gostar dele assim.
— Essa eu também quero saber. — ele deu uma gargalhada. — Ele roubou minha chance de te conquistar de verdade.
Eu ri um pouco desviando meu olhar para frente, Siwon era mesmo um bobo.
— Mesmo sendo charmoso, acho que nunca daria certo. — confessei.
— Por quê? Sou muito quente? — ele riu mais alto. — Não acredito que gosta de homens empacados como meu irmão.
— Acredite ou não, o que me chamou a atenção nele foi a voz. — suspirei profundo agora. — Aquela voz…
“
Faz meu corpo arrepiar.” Completei em pensamento.
— Aquela voz? — insistiu Siwon.
— É uma voz de impacto. — terminei disfarçando.
— Hum, voz de impacto. — ele riu com ironia. — E eu, tenho uma voz de impacto?
— Digamos que seu ponto forte é o olhar. — respondi tranquilamente. — Em raros momentos me pergunto como foi o romance que tiveram com aquela tal Taylor.
— Aquela tal Taylor… Hum, soou um ponta de ciúmes.
— Por que eu teria ciúmes? — o olhei.
— Está mesmo me fazendo esta pergunta? — Siwon riu. — Não sei quem é mais orgulhoso, você ou ele.
— Do que está falando. — desviei meu olhar para a janela. — Não sou tão orgulhosa assim.
— Sei.
— Estou sendo sincera, Siwon, só não estou acostumada com certos sentimentos. — cruzei os braços.
— Posso lhe dar um conselho? — perguntou.
— Claro.
— Pedir desculpas não é o fim da vida, mas pode ser o começo de uma nova. — se aquilo era algum tipo de frase feita, havia me impactado.
— Você adora frases de efeito. — comentei brincando.
— Fazendo efeito ou não, é uma realidade que você pode viver. — seu tom ficou um pouco mais sério.
— Obrigada. — disse de repente.
— Pelo quê?
— Por ser meu amigo, apesar de tudo. — aquilo foi sincero.
Passamos o dia todo dando algumas voltas por Paris, eu precisava daquele tempo de distração e diversão, Siwon tinha seu lado engraçado e descontraído que me fazia esquecer dos problemas, finalmente havia o definido como um verdadeiro amigo. O que me deixava ainda mais indecisa no que planejava para o futuro, uma família era o álibi perfeito, porém estava começando a se tornar um projeto de vida.
Não demoramos muito ao passar no apartamento de Cedric, que colaborou não retendo meus documentos que estavam com ele, em minha bolsa. Assim que voltamos à casa da família Cho, eu senti que deveria talvez dar uma chance a frase de efeito de Siwon, então assim que Mary me disse que seu marido estava no escritório, decidi ter uma conversa com ele.
— Posso te incomodar? — disse ao bater na porta.
— Entre. — ele estava sentado na cadeira perto da janela.
— Acho que lhe devo algumas explicações, senhor Hwang. — disse fechando a porta. — E… Estou aqui para lhe dar.
— Dizer não vai mudar o que fez. — seu olhar era tão observador quando o de e Siwon, tinham a quem puxar. — Vai?
— Sei que não.
— Você entrou na minha casa, conquistou minha esposa e meus filhos, o que me entristece não foi trair minha confiança, mas trair a de . — mesmo firme e rígido na voz, seu olhar era tranquilo. — Sempre coloco os sentimentos deles antes dos meus, por isso está aqui, por isso ajudamos você, porque minha esposa a considera sua filha.
— Eu sei. — mantive meu olhar nele novamente. — Eu não sei como, mas quero reconquistar sua confiança novamente, me diga como.
— Você sabe como.
O que era para ser um enigma me fez perceber que eu realmente sabia, até mesmo o senhor Hwang havia me perdoado sem que eu pedisse, mas havia um motivo para que ele não admitisse isso: .
“A resposta é você
Minha resposta é você
Eu te mostrei tudo de mim
Você é o meu tudo, eu tenho certeza
Eu serei mais cuidadoso e te protegerei
Então o seu coração nunca será machucado
Eu nunca me senti assim antes
Como se minha respiração fosse parar.”
– My Answer / EXO
Capítulo 45
Por mais que Mary insistisse para que eu ficasse na casa deles, decidi voltar ao Albergue onde estava com Cronos. Percebi um certo apego que o senhor Hwang pegou pelo meu cachorro, o que me deixou um pouco mais feliz e aliviada. Assim que cheguei no Albergue, havia um pacote para mim na recepção, um bilhete colado escrito “
LT”’ me fazia saber que era presente de Dean para mim.
Assim que entrei no quarto com Cronos, ajeitei minhas malas no canto da porta e sentei na cama, ao abrir o pacote me deparei com um celular que começou a tocar no momento em que o peguei.
— LT na linha. — disse ao atender.
— Por que será que eu já imaginava que você voltaria para o albergue? — seu tom era irônico.
— Porque você me conhece. — respirei fundo. — Obrigada por tudo.
— É minha obrigação te proteger. — sua voz ficou mais fria. — Sabe que sou um homem de palavra, preciso honrar o que disse.
— Fala sobre minha aposentadoria? — perguntei brincando.
— Trabalhamos juntos a quanto tempo? — perguntou ele. — A conheço desde que tinha dez anos, quando Marg começou a te treinar individualmente, você é a minha caçula.
— Aonde quer chegar com esse monólogo? Eu te conheço, Dean.
— Estou dizendo que não será fácil para mim abrir mão de você, em todos os sentidos. Sinto que de alguma forma já esperava por isso, ainda mais quando entrou em sua vida e Siwon retornou a ela. — admitiu ele. — Mas, tenho um último e definitivo serviço para você.
— Qual? — perguntei.
— No fundo da caixa tem duas passagens, deixe Cronos em casa e renove sua mala. — respondeu ele, sua voz intensificou a seriedade. — Depois, use a segunda passagem para ir ao seu destino.
— O que farei na Grécia? — perguntei curiosa.
— Assim que chegar lá, saberá. — ele desligou o telefone.
Dean parecia mesmo abalado com o pedido de Mary, mas apesar de todas as minhas habilidades e me querer em todos os trabalhos mais importantes, Dean preservava minha segurança e meu bem estar, por isso eu sempre fazia do meu jeito e o que eu queria. Respirei fundo olhando a tela do celular e comecei a pensar, o que seria este último serviço na Grécia, o que provavelmente Dean iria querer naquele país?
Como as passagens estavam sem datas, passei mais dois dias em Paris, para aproveitar o final da exposição de fotografia, com isso pude participar de algumas palestras e workshops divertidos e interessantes, aprendi muito sobre aquela que certamente seria minha nova profissão. Aquele tempo serviu para despertar em mim um desejo de realmente me profissionalizar em fotografia e arte, me veio uma ideia louca de fazer faculdade e ter pelo menos um diploma, seria o início da parte normal da minha vida.
— O que acha, Cronos? — olhei para ele que estava deitado no chão me olhando. — Seria bom se a mamãe fosse para a faculdade?
Eu me espreguicei dando um largo sorriso e joguei meu corpo para trás me deitando na cama, acho que seria interessante cursar algo, já havia experimentado por um tempo a sensação de ser universitária quando conheci Siwon. Agora poderia realmente ser uma e estava ficando ainda mais empolgada com essa novidade em minha vida.
Tudo que era meu já estava organizado e pronto, voltaria para Manhattan primeiro e deixaria Cronos em casa, para finalmente seguir para a última e definitiva missão. Mandei uma mensagem a Mary, que veio se despedir de mim no aeroporto, expliquei a ela que precisava fazer algo para Dean, como um acerto de possíveis dívidas, então depois disso estaria definitivamente fora desta vida de objetos de desejo.
— Mande uma mensagem quando chegar em casa. — disse ela ainda me abraçando. — Já estou sentindo sua falta, e você nem se foi.
— Obrigada. — sorri de leve. — Por ser como uma mãe para mim.
— Mas eu sou. — ela sorriu de volta. — Conte sempre comigo.
Eu me afastei dela e segui para o portão de desembarque, assim que olhei para trás pela última vez ao passar pela porta, vi ao longe descendo as escadas correndo, certamente estava ali para ver se eu realmente iria embora. Aquela era uma parte da minha vida que ao mesmo tempo queria ajustar, eu já não conseguia fazer nada para melhorar e só piorava. Assim que entrei no avião me certifiquei da segurança de Cronos e aproveitei para relaxar um pouco.
Não demorei muito em Manhattan, assim que deixei Cronos sobre os cuidados de Stef com muitas recomendações, preparei uma única mala de viagem e coloquei exatamente tudo o que eu precisava. Parti rumo a Grécia sem saber o que me esperava porém decidida a fazer o melhor neste último serviço, assim que desembarquei no aeroporto internacional de Atenas, recebi uma ligação de Dean me convidando para o café.
Já havia um carro à minha espera na saída do aeroporto, assim que o veículo parou em frente a uma cafeteria tradicional da cidade, desci tranquilamente deixando minha mala no carro, ajeitei a bolsa no ombro e entrei. Ele estava sentado à mesa dos fundos, saboreando uma xícara de café expresso.
— Bom dia. — disse ao chegar em frente a ele.
Ele me olhou tranquilamente e esticou a mão para que eu me sentasse.
— Não foi somente para o café o convite. — comentei me sentando.
— Não. — ele voltou seu olhar para o jornal que estava em cima da mesa. — Você tem lido os jornais?
— Não tenho tido tempo. — respondi olhando o atendente que já vinha me servir com um cappuccino de chocolate e um pedaço de torta de maçã.
— Tomei a liberdade de pedir para você. — comentou ele assim que o atendente se afastou.
— Você já sabe meus gostos. — sorri de leve.
— Nem todos. — ele empurrou o jornal para mim.
Passei o olho superficialmente e vi que a matéria de destaque era referente a uma série de roubos consecutivos aos bancos de Monterrey. Estranhei por um tempo, até que me lembrei de uma declaração de Dean no passado, dizendo que o dia em que me aposentasse, eu teria que deixar alguém em meu lugar.
— Não me diga que você arrumou aprendizes para mim? — ri baixo.
— Não existirá outra LT, mas precisarei seguir em frente. — explicou ele. — Tenho uma equipe com potencial, preciso que recrute elas.
— Elas… Quantas pessoas formam uma LT? — ri novamente.
— Quatro garotas, que deixarei em suas mãos. — ele engoliu seco. — Tenho certeza que irá ensiná-las melhor do que Marg te ensinou.
— Você acha? — o olhei surpresa.
— Tenho certeza.
— Você está muito triste, não será um adeus, Dean. — o consolei segurando o riso.
— Marg disse essas mesmas palavras. — ele voltou seu olhar para a saída e se levantou. — O carro de levará para onde será sua nova casa temporária, vou buscar elas pessoalmente.
Assenti em silêncio, esperei Dean se retirar e desfrutei do café da manhã que ele havia pago para mim, assim como dito, o carro me levou até um condomínio fechado e estacionou em frente a última casa que tinha na colina. Ao entrar, vi que assim como a arquitetura externa era tradicional, a decoração interna também, além de simples era um espaço arejado e amplo. Os dias foram passando comigo naquela casa vazia, Dean havia deixado várias pastas com informações de cada uma das quatro garotas, elas eram amigas de infância o que ajudava na confiança de equipe.
— LT. — disse aquela voz que sempre aparecia nas melhores horas.
— Bom dia. — disse ao me virar para ele. — Veio me conceber mais uma lua de mel? ?
— Não. — ele desviou o olhar para o mar. — Não sabia que gostava de praias gregas.
— Estou a trabalho, um último e definitivo. — expliquei para que não ocorressem mals entendidos.
— Não precisava dizer. — ele suspirou fraco. — Apesar de minha mãe já ter mencionado propositalmente.
— Como estão todos? — perguntei, havia pouco mais de uma semana que tinha deixado Paris.
— Bem.
— Posso entender sua presença aqui na Grécia? Principalmente em uma praia?
— Estou aqui a trabalho. — ele parecia relutante em meu olhar. — Vou deixá-la em seu momento.
foi se afastando.
— Espera. — segurei em seu braço. — Eu…
— Você? — ele me olhou serenamente, parecia não estar esperando nada de mim.
— Almoça comigo? — convidei.
Ele sorriu de canto assentindo com a face, senti meu coração pulsar um pouco mais forte. Fomos a um restaurante indicado por Dean uma vez, a comida era saborosa assim como o ambiente aconchegante, porém, mesmo com tudo a meu favor, permaneceu em silêncio durante todo o tempo, o que me deixava ainda mais agoniada por não saber o que se passava em sua mente.
Será que eu havia perdido seu coração?
— Você esteve muito calado no almoço. — disse enquanto caminhamos pela rua.
— Não sinto que tenho algo para falar. — respondeu ele.
— Ao contrário de mim, que tenho e não digo. — respirei fundo. — Aposto que foi isso que pensou.
— Talvez. — concordou ele.
— . — segurei sua mão o fazendo olhar para mim.
Admito que já estava cansada com suas ironias escondidas atrás da sua sinceridade, o pior é que em tudo ele estava certo e definitivamente, eu não estava preparada para quebrar toda aquela barreira que me mantinha segura longe de sentimentos como amor e confiança. Respirei fundo reunindo a coragem que me faltava.
— Me…. — era mesmo complicado, aquelas palavras viriam cheias de sentimentos. — Me perdoe.
Ele ficou estático por um tempo, me olhando surpreso e ao mesmo tempo chocado com minhas palavras.
— Você não imagina o quanto esperei por isso, para que admitisse todo seu erro. — ele suspirou fraco. — Mas ainda não posso te perdoar, não sei se consigo confiar novamente em você.
— O quê? — o olhei com um pouco de indignação. — Você não sabe o quão difícil foi para dizer isso, admitir tudo.
— Me perdoe também, mas acho que…. — ele me olhou profundamente. — Precisamos nos afastar.
Eu não queria me afastar dele.
— O que eu faço? — perguntei. — O que tenho que fazer para ter seu amor de volta?
Senti me metade do meu orgulho havia desabado em terra com aquela pergunta, segurei as lágrimas no canto dos olhos.
— Quero que não tenha mais segredos. — respondeu ele. — Não posso confiar em alguém que ainda esconde sua vida de mim.
Recebi aquela indireta, como se ele desconfiasse de mais algo relacionado a minha vida, logo me lembrei de minha irmã. se aproximou de mim e dando um beijo suave em minha testa, se afastou indo em direção a um táxi que estava parado no ponto.
— O que faço agora? — sussurrei para mim mesma.
Eu tinha que me recompor, ainda existia uma vida longe de que eu tinha que finalizar, respirei fundo, coloquei meus pensamentos em ordem e voltei para casa. Na manhã seguinte a primeira coisa que fiz e voltar a analisar minhas aprendizes, além de montar um treinamento coletivo e individual para todas, queria florescer ao máximo suas habilidades.
Pelas informações, observei que a líder chamada Jenny era um pouco parecida comigo, principalmente em seu temperamento e ousadia. As outras três, Nalla, Mel e Sunny também me pareciam habilidosas, porém todas tinham um ponto fraco que Dean odiava nas pessoas que trabalhavam para ele: pouca resistência psicológica. O que significava que elas facilmente entregavam o jogo e poderiam ceder a interrogatórios policiais mais intensos.
No meio da tarde, Dean me mandou uma mensagem programada para que eu ligasse para um número desconhecido e me apresentasse, foi exatamente o que fiz.
— Bom dia, meninas, espero que estejam bem, para aquelas que não me conhecem, podem me chamar de
LT, a partir de hoje vocês serão minhas aprendizes. — disse assim que atenderam, estava no viva voz do outro lado.
Eu esperei por alguns segundos e desliguei. Agora só me restava esperar pelas minhas aprendizes e finalmente iniciar meu projeto aposentadoria.
“Eu te amo muito, mas meu orgulho nessas palavras
Não me permitem dizê-las a você
Hoje vou juntar toda a minha coragem e te dizer
Então escute calmamente, eu vou cantar para você.”
– Sing For You / EXO
Capítulo 46
Foi um ano direto de treinamento duro para minhas quatro garotas, divididos em força, habilidade coletiva, trabalho em grupo e resistência psicológica. Felizmente tudo estava concluído e elas já estavam de partida para a missão teste, que eu já sabia que daria certo, pois fui eu quem tracei o plano base e as ensinei a pensar em todas as possibilidades de erros, acertos, problemas e resoluções.
— Como previsto, fez um bom trabalho. — comentou Dean olhando o computador e vendo a foto das aprendizes. — De onde veio a ideia de uma oficina de carros como álibi? Não é comum vermos mulheres mecânicas.
— Adoro diferenciais. — respondi rindo. — E também, acabei descobrindo que carros é um assunto em comum recorrente em todas.
— Interessante.
— Sim, os pais da Mel e da Jenny eram mecânicos, isso as faz saber sobre muitas coisas, já a é boa com números e tecnologia, ficará na administração, e Sunny por sua vez cuidará do marketing e será nossa relações públicas da marca. — me espreguicei um pouco. — Não foi difícil montar todo o planejamento delas, porém como você as quer direcionada a essa área.
— Como posso te agradecer por isso?
— Uma vaga em Yale. — respondi sem rodeios.
— Sério? — seu olhar surpreso se voltou para mim. — Está pensando em ingressar na carreira universitária?
— Tenho pensado sobre isso já alguns meses e acho que o curso de arte e fotografia combinam comigo. — expliquei. — Tenho certeza que para você não será nenhum problema conseguir isso, não é?
— Seu pedido é uma ordem, só me dê alguns dias. — respondeu ele.
— Eu estarei no Brasil.
— Vai visitar sua irmã? — perguntou curioso.
— Não. — respirei fundo. — Vou buscá-la.
— Como?
— Se terei uma vida normal agora, preciso da minha verdadeira família. — expliquei.
— Então está pensando em apresentá-la ao…
— Talvez, ainda não me decidi.
Eu me afastei um pouco e peguei minha bolsa, já estava de saída. Me despedi de Dean e segui em direção ao aeroporto, já estava tudo pronto para meu embarque no jatinho particular dele. Assim que desembarquei no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, fui a uma loja de brinquedos para comprar um lindo presente ao meu sobrinho, afinal, ele tinha completado um ano de vida e eu não havia comparecido ao aniversário dele.
— Surpresa! — disse assim que Natália atendeu a porta.
— ? — seu olhar surpreso deu lugar a alegria em me ver. — Você veio mesmo.
— Sim. — eu a abracei. — E trouxe presente para o Joe.
— Joe. — ela riu da minha forma de chamar meu sobrinho.
— E como está tudo, conseguindo conciliar os estudos com a maternidade?
— Não. — respondeu ela fechando a porta, assim que eu entrei. — Resolvi parar com a universidade enquanto ele ainda está pequeno, crianças precisam das mães nessa idade.
— Que linda. — sorri com carinho para ela.
— Ainda mais nessa situação. — ela olhou para Joe que estava no cercadinho brincando. — Essa criança veio ao mundo da pior forma possível, agora sou eu que quero dar a melhor oportunidade a ela.
— Joe é o nosso segredo. — pisquei de leve para ela.
— Segredo. — ela me olhou curiosa. — Por falar em segredo, o que está pensando em fazer? Vai me apresentar para ?
— Ainda não sei. — suspirei fraco e sentei no sofá que estava perto do cercadinho. — Mas ando pensando muito sobre isso.
— Agora que começou, acho que deveria seguir em frente. — aconselhou ela. — Não se prive de ser amada por um orgulho que só te afasta de quem você ama, além do mais, eu não me importo de conhecer meu cunhado.
— Eu sei disso. — ri baixo ao pegar um brinquedinho de Joe e balançar para ele.
— Já que a titia está aqui, vou deixá-lo com você, preciso comprar leite. — disse ela.
— Eu fico aqui, brincando com ele. — assegurei mantendo minha atenção em Joe.
Sempre que olhava para Joseph, me lembrava de como era bom contar sempre com minha irmã e sua ajuda, por isso eu queria demonstrar a cada vez mais que ela também podia contar comigo. As horas se passaram e ao final da noite, quando Joseph conseguiu dormir, eu e Natália nos jogamos ao sofá para fazer maratona de Friends pela centésima vez.
— Diga o que está passando pela sua cabeça maquiavélica. — indagou ela ao perceber que eu estava a olhando demais.
— Estava aqui pensando, você tem estado muito sozinha ultimamente. — comentei. — Já pensou em arrumar um namorado, ou talvez se casar?
— Sei que tudo que vem de você tem um propósito. — ela pausou o episódio. — No que está pensando?
— Que você precisa de alguém para te ajudar com o Joseph, sabe…. — respondi sinuosamente. — Posso te apresentar um amigo.
Ela pausou o episódio e me olhou como se não confiasse em mim.
— Que tipo de amigo? — retrucou.
— Um que provavelmente tem carreiras militares. — comentei indiretamente.
— Você não presta. — ela se levantou do sofá. — O que está querendo com a ideia de me apresentar ao agente Choi?
— Uau, você é boa no raciocínio. — observei. — Olhe pelo lado lógico, você está solteira, ele teve uma desilusão amorosa, ambos podem se completar.
— Como se eu não conhecesse sua mente calculista. — ela cruzou os braços. — Acha mesmo que vou compactuar com seus planos? Ele estava nas garras da tal Louise e agora que está livre dessa mentira, você quer que eu o agarre para você?
— Vamos combinar que não é de todo uma má ideia. — eu me levantei também. — É bom manter os amigos perto e os inimigos mais pertos ainda, esse é o nosso lema.
— Eu não vou brincar com os sentimentos dele por sua causa, . — disse ela tentando não alterar sua voz, mas mantendo firmeza.
— Não estou pedindo para que brinque com os sentimentos dele. — expliquei. — Estou pedindo para dar uma oportunidade aos dois, eu convivi com Cedric por muito tempo para saber que ele é seu tipo ideal, além de que você tem a ficha limpa, exatamente como ele deseja em uma mulher.
Ela suspirou fraco, parecia não querer mais criar argumentos contra mim.
— Apenas o conheça, como amigo. — pedi fazendo cara de criança sem mãe. — Assim como você quer minha felicidade com , eu também quero te ajudar a ter sua própria família.
— E quanto ao Joseph, como vou explicar essa criança a ele? — perguntou ela preocupada.
— Assim como está nos registros, que são devidamente verdadeiros e livres de falsificações, Joseph é seu filho fruto de uma adoção. — expliquei piscando de leve para ela.
— Para você é tudo fácil. — observou ela.
— Sempre é, somos nós que complicamos. — sorri de leve para ela. — Foi você quem me disse isso uma vez.
— Tudo bem. — ela respirou fundo. — Aceito somente conhecer ele, no máximo tomar um café.
— Hum…. — sorri ainda mais. — Então trate de arrumar suas coisas, vamos para Paris.
— O que faremos em Paris? — perguntou ela.
— Começaremos uma nova vida, de verdade, como irmãs.
Natália deu um sorriso singelo, seu olhar transmitia alegria, certamente aquilo era o que ela mais queria, que estivéssemos unidas novamente, sem Cassie, LT ou qualquer outra coisa que me envolvia no mundo de Dean. E eu, a partir daquele momento, só queria ter uma vida normal junto de minha irmã e da minha segunda família.
— Como é bom estar de volta. — disse assim que descemos do táxi em frente ao hotel que havia reservado para nós, coincidentemente era de um amigo de Dean.
— É a minha primeira vez aqui. — comentou Natália enquanto segurava Joseph no colo.
— Se tudo der certo, você viverá em Paris. — comentei dando indiretas.
— Não comece, . — ela caminhou até a porta giratória da entrada.
— Só foi um comentário. — reclamei a seguindo.
Assim que entramos, fomos recepcionadas pelo gerente que nos informou sobre um almoço especial que o hotel estava oferecendo aos hóspedes. Aproveitamos que a fome já estava presente e almoçamos naquela mesma hora, Natália estava fascinada com tudo o que via ao seu redor, o que me deixava ainda mais aliviada e certa de que estava tomando o rumo certo em minhas decisões.
Os dias se passaram com nós duas passeando pela cidade, eu queria pessoalmente mostrar todos os pontos turísticos para ela, aproveitando, iria colocar todos os assuntos em dia e poder finalmente fazer várias lembranças boas com ela. Assim que chegamos em frente uma loja de sapatos, não consegui resistir a tentação, havia uma sandália de salto quadrado que parecia sussurrar meu nome.
— Vai e compra, o que está esperando? — incentivou ela enquanto empurrava o carrinho de Joseph.
— Acho melhor não. — a olhei. — Não quero te deixar sozinha.
— Vai logo comprar essa sandália. — reforçou ela.
Sorri um pouco e entrei na loja rapidamente, eu não iria deixar passar aquela oportunidade, assim que fiz o pagamento e descontroladamente acrescentei mais dois sapatos a minha compra, recebi uma mensagem de Mary. Eu havia comunicado a ela que estava indo para Paris, pedi para que ela transmitisse uma mensagem a , já se completava um ano que estava longe dele e não tinha notícias suas.
Mary assegurou em sua mensagem que ele receberia a mensagem e compareceria no hotel esta noite, estava pronta para definir por completo minha relação com ele, esta noite só teria duas escolhas: ou seríamos um casal de verdade, ou nem queria imaginar a segunda opção.
— Natália, eu…. — paralisei um pouco a ver ela conversando com uma pessoa que estava de costas, era um homem e parecia estar brincando com Joseph que estava no carrinho.
— .— disse ela ao me ver. — Já comprou?
— Sim. — sussurrei mantendo meu olhar no homem que ao virar sorriu para mim.
— Oi. — era o meu agente favorito.
— Cedric? — por esse encontro nem eu estava esperando e arquitetando.
— Que coincidência. — ele sorriu sem graça.
— Vocês já se conhecem? — perguntou Natália de forma inocente, minha irmã era melhor que eu na atuação.
— Sim, tivemos algumas divergências passadas. — expliquei brevemente.
— Mas está tudo resolvido. — assegurou Cedric. — Não sabia imaginava que tinha uma irmã, porém sabia que ainda escondia algo de mim.
— Bem, em um passado distante fomos adotadas por famílias diferentes, por isso, poucas pessoas sabem sobre mim. — explicou Natália.
— Entendo.
— Você está ocupado, agente? — perguntei.
— Não, estou definitivamente de férias. — ele riu baixo.
— Gostaria de tomar com café conosco? — perguntei intencionada a fazê-lo ficar mais tempo perto de Natália.
— Acho que aceitarei desta vez.
Olhei para Natália fazendo aquela cara de: consegui! Mesmo que não tivesse planejado aquele encontro, Paris era pequena e certamente em algum momento iríamos esbarrar em Cedric, principalmente por todos os dias estar fazendo ela passear comigo. Nosso café foi muito proveitoso, principalmente pela curiosidade de Cedric em saber como era minha relação de irmã comigo, seu interesse por ela foi de fato instantâneo como imaginei, afinal, se tratava de alguém real mais próximo de mim.
— Vai me dizer que não foi divertido? — indague assim que entramos no quarto. — Você estava sorrindo à toa.
— Tenho que concordar que o agente é simpático. — disse ela fingindo não ter interesse nenhum.
— Deixe de falsidade. — eu ri dela. — Ele é muito bonito e charmoso, além de educado e gentil quando quer.
— Ainda guarda ressentimentos dele?
— Não, se guardasse, não estaria querendo transformá-lo em cunhado. — ri alto.
— Ei, mais baixo. — repreendeu ela. Joseph já estava dormindo em seus braços.
— Desculpa. — olhei para meu sobrinho fofo.
— Como será agora? — perguntou ela.
— Viveremos tranquilamente de forma leve e normal. — sorri um pouco. — E eu vou para a universidade.
— Ainda não acredito nisso, Yale. — ela riu.
— Sim, e você voltará a fazer seu curso na melhor escola de gastronomia da França. — reforcei.
— Sério? Vai mesmo levar essa ideia adiante?
— Claro Natália, você gosta de culinária, não poderia deixar você desistir desse sonho.
— Obrigada. — ela sorriu.
Peguei meu celular para ver se havia mais alguma mensagem de Mary sobre , e havia uma mensagem do próprio dizendo que estava na recepção do hotel me esperando, eu mandei o número do quarto pedindo para que subisse, assim ele fez. Enquanto Natália foi colocar Joseph no berço dentro do quarto, eu fiquei esperando ele no pequeno hall de entrada, assim que tocou na porta, a abri de imediato.
— Oi, obrigado por vir. — disse assim que ele entrou.
— Estou curioso para saber o que a traz aqui, depois de um ano sem dar notícias. — disse ele dando um sorriso fechado e discreto.
— Para ser sincera, passei todo esse tempo trocando mensagens com sua mãe. — ri baixo. — Mas pedi a ela para não falar sobre isso.
— Mais segredos. — comentou ele.
— Desta vez foi um segredo saudável. — ri mais um pouco e fiquei mais séria ao perceber que Natália havia retornado.
— Quem é ela? — perguntou .
— O motivo de estar aqui. — respondi. — Há um ano atrás, você disse que só me perdoaria se não houvesse mais nenhum segredo entre nós.
Ele assentiu com um olhar curioso, mantendo-os em Natália.
— Quero te apresentar minha irmã mais nova, Natália. — respirei fundo. — Ela é o maior de todos os meus segredos.
“A minha mãe me diz todos os dias
Para ter cuidado com os homens
Porque o amor é como brincar com fogo
Minha mãe pode estar certa
Porque quando vejo você, meu coração fica quente
Porque ao invés de medo, minha atração fica maior?”
– Playing With Fire / Blackpink
Capítulo 47
— Confesso que não esperava por isso. — comentou ele enquanto caminhávamos um pouco pelo jardim do hotel. — Pensava que só tivesse Dean e os prodígios em sua vida.
— É realmente inesperado…. — concordei com ele. — Fomos adotadas por famílias diferentes, assim foi mais fácil não ligar nossas vidas, tudo do nosso passado foi queimado e apagado… Somente o Dean sabia sobre ela.
— Porém sua irmã sabe sobre tudo em sua vida. — ele riu baixo, provavelmente se lembrando do comentário de Natália sobre nosso relacionamento indefinido. — Me deixou ainda mais surpreso.
— Admito que sou uma caixa de surpresas quando quero. — brinquei o fazendo rir.
Sim, eu era e agora de uma forma estranha estava me sentindo bem mais leve e serena, após contar tudo sobre minha vida e meu passado a ele, agora literalmente não havia mais nenhum segredo de minha parte entre nós dois.
— Achei nobre ter pedido sua irmã para adotar a criança. — comentou ele ao parar em frente ao pequeno lago climatizado.
— Não sou uma pessoa totalmente má. — brinquei parando ao seu lado e olhando os peixes que nadavam no lago. — Apesar de tudo tenho meus princípios…
— Imagino… Estou orgulhoso por isso.
— Sério? — o olhei surpresa. — Eu te deixei assim?
Ele sorriu de leve e segurou em minha mão com suavidade, seu olhar carinhoso veio de encontro ao meu, ele parecia querer falar algo que se mantinha preso em sua garganta.
— Eu te amo. — sussurrou ele dando um sorriso de canto.
Eu sorri junto de forma espontânea, não sabia como reagir a uma declaração tão direta daquela forma. Será que era um sinal que ele havia me perdoado de fato?
— O que devo entender com essas palavras? — perguntei.
— Que não te deixarei ir nunca mais. — ele me puxou para mais perto e me abraçou com ternura. — Quero estar ao seu lado para sempre.
— Para sempre é muito tempo. — brinquei um pouco com ele. — Tem certeza?
— Sim. — ele me envolveu ainda mais em meus braços. — No início… Senti que você havia roubado toda a minha atenção e junto meu coração, mas agora é tudo teu sem precisar de muito esforço.
— O quê? — eu o olhei chocada. — Muito esforço? Você sabe o quão difícil foi para te contar tudo? Agora quem não quer mais sou eu.
Me afastei de leve dele.
— Agora você terá que provar que me ama. — cruzei os braços.
— Que garota mais orgulhosa. — ele riu um pouco e logo se ajoelhou, retirando do bolso uma caixinha. — Já que tenho que provar, quero fazer algo que venho desejando a muito tempo.
— Não acredito. — mantive meu olhar naquela caixinha já imaginando suas próximas palavras. — …
— Sei que vai dizer que já somos casados e tudo mais… Porém desta vez, quero começar da forma correta. — seu olhar sincero e profundo me constrangeu um pouco. — Você deseja ser minha esposa, perante toda a sociedade e passa os próximos muitos dias da sua vida com este bobo marido álibi?
— Hum…
— Mas é claro que ela vai aceitar. — disse Natália brotando bem próximo a nós dois. — Depois de um ano ouvindo ela dizer que estava com saudades do marido, se ela não aceitar agora eu a arrasto para o altar assim mesmo.
— Yah, Natália. — eu a olhei. — Como pode? Estávamos no meio de algo.
— Estou começando a gostar da minha cunhada. — riu já se levantando.
— Não. — eu o fiz se ajoelhar novamente. — Eu ainda não respondi, e você, Natália, silêncio.
— Não está mais aqui quem falou. — minha irmã riu, era visível sua felicidade por mim.
— Então? — insistiu .
— Tenho que admitir que você é mesmo um marido bobo… Porém jamais irei te querer como um álibi, a partir de agora te quero te verdade…
Eu nem terminei meu discurso de aceito e me interrompeu com um beijo intenso e doce, meu marido estava mesmo com saudades de mim e seu amor era tão real quanto o meu. Era sim um recomeço sem mentiras e falsidades, uma nova chance e uma nova vida, senti que deixar meu orgulho de lado não foi tão ruim assim, apesar de doer na hora, agora estava bem mais leve e com a certeza de que seria ainda mais feliz ao lado do homem que amava.
Nossa comemoração foi cheia de muitos risos e alegrias, Mary que agora mais do que antes me tratava como filha adotiva, ficou encantada ao conhecer Natália e o pequeno Joe, assim como fiz com meu marido, contei a toda família Cho sobre a história da criança. Como esperado, todos apoiaram o que fiz, principalmente o senhor Hwang, que aproveitou o assunto para começar a cobrar netos de minha parte.
— Ainda não me acho preparada para ter filhos. — comentei com Mary ao entrarmos na cozinha. — Acho que meu sogro está um pouco apressado.
— E eu estava preparada para ser mãe? — Natália entrou atrás de nós com Joe no colo, senti a indireta vindo para mim.
— Você é diferente. — retruquei.
— Nisso eu tenho que concordar. — Mary riu baixo. — Você tem cara de pessoas amorosas e carinhosas, mães são assim.
— Viu? — concordei.
— Senhora Mary, assim não vale, não pode defender ela sempre. — reclamou Natália. — Mas devo admitir que estou gostando muito da maternidade.
— E daqui a pouco vai desfrutar do matrimônio. — completei.
— . — ela me olhou séria.
— Natália? Está noiva? — perguntou Mary curiosa.
— Oh não. — Natália se retraiu.
— Ela ainda está solteira, mas tenho certeza que por pouco tempo. — assegurei rindo mais. — Estou tentando desencalhar ela.
— Falando assim, parece até que eu estou desesperada. — ela riu junto ao se sentar na cadeira e acomodar Joe em seu colo.
— E quem é o pretendente? — perguntou Mary.
— Hum…. — Natália me olhou receosa.
— O agente Cedric. — respondi tranquilamente.
— O quê? — disse ao adentrar a cozinha.
— Oi querido, esqueci de te contar sobre isso. — sorri meio sem graça, aquele não era realmente um segredo, mas só algo aleatório que eu não me lembrei.
— Esqueceu? — ele cruzou os braços. — Esqueceu de me contar que quer juntar sua irmão com o agente que quase te jogou na prisão?
— É, esqueci. — confirmei com o olhar mais sereno do mundo.
— Yah, … Vocês acabaram de reatar o casamento e oficializar tudo, pare de arrumar desculpas para brigarem novamente. — disse Siwon aparecendo ao seu lado. — Além do mais, se é para alguém ficar chateado, que seja eu… Fui completamente descartado como opção.
— Desculpa cunhadinho, mas você não faz o estilo da minha irmã. — tentei segurar o riso, mas assim que começou a rir da cara do irmão, eu segui junto dando algumas gargalhadas com Mary.
— Ei, vocês estão falando da minha vida amorosa. — protestou Natália. — Nem sei se realmente o agente Choi é meu tipo ideal.
— É claro que é. — confirmei desviando meu olhar para me parecia transbordar ciúmes.
— Podemos mudar de assunto? — perguntou .
— Ia sugerir a mesma coisa.
Eu e Mary rimos um pouco deles.
— Preciso antes comentar que já até imagino o motivo disso. — comentou Siwon.
— Apesar de tudo, o agente Choi é uma pessoa legal. — dei alguns passos até e segurei em sua mão. — Podemos conversar.
Ele assentiu com a face entrelaçando nossos dedos, seguimos em direção à varanda do jardim dos fundos, era raridade eu ir para o jardim deles, era um lindo e muito bem cuidado lugar. Segundo Mary, uma amiga paisagista havia projetado aquele jardim como presente de aniversário para ela.
— Que outro segredo em forma de novidade quer me contar agora? — perguntou ele permanecendo sério, parecia ainda chateado.
— Vai mesmo ficar chateado por algo que esqueci de mencionar antes? — cruzei meus braços o olhando séria.
— Não. — ele suspirou fraco e envolveu seus braços em minha cintura. — Me desculpe…
— Eu entendo que deva ser difícil confiar em mim novamente…. — disse me aninhando em seus braços. — Mas…
— Darei o meu melhor para não ser tão ciumento assim. — brincou ele. — O que queria falar comigo?
— Eu… Bem, segundo seus pais, temos que legalizar nosso casamento no civil o mais rápido possível, assim serei definitivamente da família… Então queria te convidar a morar comigo em Manhattan, sei que a empresa do seu pai é aqui…
— Aceito. — disse ele de imediato. — Em Manhattan, aqui em Paris, na Coreia, não importa o lugar, eu aceito.
— Eu te amo. — disse de forma espontânea e assustadora até para mim.
Ele sorriu de leve com os olhos brilhando.
— Tenho outra novidade para você. — anunciei.
— Que não seja mais um roubo. — advertiu ele.
— Não. — eu ri alto. — Sua família foi minha última vez.
— E Bahamas? — ele ficou um pouco mais sério.
— Foi somente um passatempo. — brinquei.
De início ele permaneceu sério, mas depois de um sorriso meu, ele riu do meu comentário.
— Mas…. — mordi meu lábio inferior, não sabia ao certo como ele reagiria em relação aos meus planos futuros.
— Mas?
— Ando pensando em Yale. — disse diretamente. — Uma vida nova merece uma profissional nova e capacitada.
— Fico feliz que queira experimentar a experiência de uma universidade. — ele sorriu. — Terá um espaço para seu marido nessa nova fase universitária?
— Mas é claro. — pisquei de leve. — Como você disse, qualquer lugar, acho que Yale está incluído.
— Estou já curioso para te ver estudando. — brincou ele. — Vai ser divertido.
— Bem, não será tão cheio de adrenalina como venho vivendo a algum tempo, mas Natália me deu a ideia de entrar para o time de líderes de torcida. — eu ri de imediato me lembrando de sua sugestão.
— Isso eu iria querer ver com certeza. — ele riu junto. — Estou feliz com sua empolgação.
— Confesso que estou mesmo empolgada com esse lado normal da vida, vou viver coisas que nunca vivi até hoje. — admiti sem medo. — Tudo isso por sua causa.
— Minha causa?
— Desde o momento que entrou em minha vida, não consegui parar de pensar em como seria minha vida com você, uma vida simples e normal. — confessei meus mais profundos sonhos e pensamentos.
— Meu coração acelera quando diz isso. — ele me olhou com carinho. — Se for um sonho, não me acorde.
— Se for um sonho, te acordarei com um beijo para viver a realidade comigo. — eu me aproximei um pouco mais dele e o beijei suavemente.
— Acho que vou gostar dessa realidade.
— Acha?
— Não, tenho certeza. — ele acariciou minha face sorrindo. — Quando vamos para Yale?
— No próximo semestre. — respondi. — Mas antes, quero uma segunda lua de mel.
— Segunda? — ele riu. — Não se contentou mesmo com Bahamas?
— Claro que não… Estávamos brigados.
— Então, nossa próxima lua de mel será aonde? — perguntou meio curioso.
— Gostaria de um lugar calmo e tranquilo, pois Cronos vai conosco.
— Ah, sim, não podemos deixá-lo para trás. — garantiu ele. — Que tal Veneza? É uma cidade tranquila.
— Estava pensando mais na ilha de Jeju. — comentei. — Gostei muito do seu país, gostaria de voltar lá.
— Vou te apresentar cada parte da ilha com maior prazer. — ele sorriu parecia ainda mais animado do que eu para a nossa segunda lua e mel.
Estava divertido fazer planos com meu marido, porém tinha outros detalhes em minha vida que queria resolver o mais rápido possível, um deles envolvia Natália e Cedric, o outro era Dean, que mesmo dizendo que eu estava aposentada, jamais conseguiria confiar cem por cento em suas palavras.
– x –
— Bom dia para a mais nova graduada de Yale. — disse Natália ao adentrar em meu quarto.
— Natália? — eu que estava virada para o espelho, me voltei para ela. — O que faz aqui?
— Vim para sua formatura. — explicou ela. — Bem, não só eu…
— Não me diga que Cedric veio? — aquilo tinha me deixado chocada.
— Sim, ele disse que não seria bom eu viajar sozinha com duas crianças…. — ela começou a explicar com aqueles olhos brilhando, enquanto tocava em sua barriga.
— Não acredito! — fiquei um pouco mais em sua barriga. — Você está grávida?
— Sim. — ela sorriu timidamente.
— Natália? Não tem nem seis meses que vocês dois se casaram. — disse um pouco surpresa, estava me sentindo um pouco atrasada por meus anos enrolando para dar netos aos meus sogros.
— Digamos que percebi que uma criança é motivos fortes para Cedric tirar mais férias. — ela riu se sentando na cama e me olhando meio sapeca. — Devo te agradecer por isso?
— Pelo quê?
— Por me dar uma família completa. — respondeu. — Não te contei, mas após o casamento, Cedric pediu para registrar Joe em seu nome.
— Sério?
— Sim, somos uma família de verdade.
— Não precisa me agradecer por isso, digamos que estava em dívida com você. — pisquei de leve. — E onde está meu sobrinho afilhado?
— Com Cedric, lá na sala. — respondeu tranquilamente olhando em sua volta. — Estou surpresa por ter morado todo esse tempo em um apartamento pequeno, você sempre gostou de casas grandes.
— Digamos que na média, a vida de um universitário não é tão glamorosa assim, então resolvi viver esse lado também. — expliquei.
— Queria ter sido uma mosquinha pra te ver no time de líderes de torcida. — ela riu baixo. — Foi legal o vídeo que gravou e me enviou.
— Ainda morro de vergonha por esse vídeo.
Nós rimos um pouco enquanto eu contava sobre algumas coisas que haviam acontecido na universidade, esses quatro anos de estudos que se passaram foram divertidos e ao mesmo tempo surpreendentes em minha vida. A parte mais linda e aconchegante de tudo era ter ao meu lado participando de todos os meus momentos de alegria e estresse da vida universitária.
As horas se passaram com Natália e sua família se hospedando temporariamente em meu apartamento, eu havia ficado um pouco impressionada com a inesperada amizade que meu marido havia feito com nosso agente preferido. Logo à noite nos reunimos no grande salão onde aconteceria a cerimônia da formatura, junto com o baile que a universidade estava oferecendo aos graduados.
Fiquei feliz pois até Stef compareceu com seu marido, levando o Cronos também, sua felicidade por minhas realizações eram sinceras e a cada dia agradecia por ela continuar trabalhando para mim, porém agora como minha assistente pessoal.
— Quem te viu, quem te vê, senhora LT. — disse uma voz conhecida vinda de trás de mim.
— Tanaka? — eu me virei e o olhei admirada por ele estar ali acompanhado de Fish. — O que fazem aqui?
— Viemos te prestigiar. — explicou Tanaka com empolgação. — Não é todo dia que uma prodígio se aposenta.
— Ei, fale mais baixo. — o repreendi.
— Oh, verdade, havia me esquecido que nosso agente está por perto. — ele riu.
— Nosso agente… De onde tirou tanta intimidade? — cruzei os braços.
— Dean nos contou algumas partes da história. — respondeu Fish em seu lugar. — Para ser sincero, o que aconteceu com você mudou muita coisa em nossa família.
— Sério?
Desviei meu olhar para Natália e Cedric que estava bem mais à frente conversando com Mary e o senhor Hwang, eles pareciam concentrados em sua conversa.
— Sim. — confirmou Tanaka. — Carl, ao descobrir sobre Louise e Cedric, também pediu por sua aposentadoria e agora está afastado de tudo e todos.
— Nossa. — por aquilo não esperava, Carl parecia tão unido e confidente de Louise.
— A última informação que tivemos dele, é que está morando em uma pequena cidade ao sul do México e montou uma cafeteria para ele. — continuou Fish.
— Cafeteria é novidade. — comentei rindo baixo.
— Você sabe que ele sempre foi viciado em café. — Tanaka olhou para o lado, se aproximava de nós. — Estou feliz por sua família, agora só falta um herdeiro.
— Ah não, você também falando de filhos comigo. — reclamei rindo. — Um dia, quem sabe.
— Tenho certeza que será em breve. — me abraçou por trás, envolvendo seus braços em minha cintura. — Agora não tem mais a universidade entre nós.
Desviei meu olhar para o chão meio sem graça.
— Então você é o famoso …. — Tanaka sorriu. — Agradeço o que fez por ela, nossa LT sempre será protegida por todos.
— A filha favorita. — Fish comentou meio amargo.
— Deixa de ser invejoso. — o repreendi. — Você também é um bom filho.
— Eu que agradeço por ter cruzado o caminho dela. — disse com satisfação. — Sejam bem vindos a nos visitar.
— Bem, temos que ir antes que o senhor agente nos perceba aqui. — alertou Tanaka. — Nos vemos em breve.
Eles se afastaram um pouco e ficou me olhando desconfiado.
— Não me olhe assim, apesar de tudo, eles também são minha família. — o olhei tranquilamente. — Eu saí dos prodígios, mas eles não saíram de mim.
— Porque será que imaginei isso. — comentou eles. — Dean os mandaram para ver como estava?
— Aparentemente vieram por conta própria, ainda somos uma família bagunçada e maluca, mas crescemos juntos e de alguma forma louca somos próximos. — expliquei.
— Até mesmo a Louise?
— Até mesmo ela, apesar de tudo, ela já salvou minha vida uma vez. — admiti.
— E como tudo está? — perguntou curioso.
— Não sei, mas até o final da noite terei o prazer de saber, Dean está aqui e participou da cerimônia.
— O quê?
— Louco, mas só quem o conhece consegue perceber que é ele mesmo disfarçado. — voltei meu olhar para um senhor que caminhava de bengala perto da mesa de doces. — ele sempre gostou do fato de ninguém desconfiar de um indefeso senhor aposentado.
voltou seu olhar para a mesma direção que eu.
— Ele é sempre sagaz assim?
— Costuma ser pior. — ri um pouco. — Vamos voltar para o baile, nunca tive isso na minha vida e estou me divertindo muito com essa possibilidade, mesmo estando nesta idade.
— Nunca se é velho demais para se divertir… Além do mais, pare de falar como uma senhora de idade, para alguém que nem chegou aos 30 anos, você está muito reclamona. — ele me puxou para a pista de dança. — Vamos aproveitar a noite.
Assenti sem discutir com ele… Estava mesmo fazendo aquilo para me divertir e viver todos os momentos possíveis que vivia uma pessoa normal, em minha vida de LT, jamais imaginaria que pudesse fazer faculdade, me casar, ter filhos, ser uma fotógrafa de verdade.
Meu re-casamento havia sido o início de uma nova vida, porém o divisor de águas realmente foi aquela formatura, o que marcava que meu álibi de fotógrafa estava finalmente se transformando em algo real e verdadeiro em minha vida.
Naquele momento definitivamente a LT havia morrido de vez para mim e não me importava, pois a coisa mais importante e especial que ela havia me dado em troca, após todos esses anos, não seria perdido com sua inexistência:
o amor de !
“Eu não quero dinheiro, eu só preciso de você,
Eu quero tanto você.”
– Lotto / EXO
Epílogo
Eu estava caminhando com Cronos ao meu lado, um pouco mais atrás dela, era um singelo e aconchegante final de tarde, as folhas do outono caindo sobre o chão e minha linda esposa tirando muitas fotos em meio ao Central Park. Ela ficava ainda mais linda usando aquele vestido rodado, deixava sua pequena barriga um pouco mais a mostra.
— Cuidado! — gritei assim que ela se abaixou para tentar capturar um ângulo melhor com sua câmera.
Eu me preocupava muito com suas aventuras de fotógrafa, principalmente agora estando grávida dos nossos gêmeos. Até hoje me lembro da minha reação estática ao receber essa notícia do médico da família, meus pais vibraram, já que após tanto tempo de espera teriam dois netos de uma vez só. Porém, fiquei com um pouco de medo de não conseguir ser um bom pai para eles.
— Consegui! — gritou ela ao checar a foto que havia acabado de registrar.
Em um piscar de olhos, assim que um rapaz passou por ela esbarrando um pouco, constatei que ela havia feito algo, assim que me aproximei, ela estava com as chaves do carro do rapaz nas mão.
— Por que fez isso? — disse pegando as chaves de sua mão.
— Estava curiosa se conseguiria depois de tanto tempo. — ela me olhou com carinha inocente. — Não farei novamente.
Eu me afastei dela e corri até o rapaz, o entregando as chaves inventei que haviam caído sem que ele percebesse, então retornei para ela e fiquei a olhando com suavidade.
— Não está bravo, está? — perguntou ela dando de ombros. — Foi só uma brincadeira, eu ia devolver.
— Sei que ia. — concordei sem dar espaços para nenhum tipo de briga.
Não era a primeira vez que ela fazia isso, vivia me pregando peças roubando algumas coisas de mim para que eu pudesse fazer favores em troca da devolução… Mas com alguém estranho era a primeira vez e isso começou a me preocupar um pouco, se ela estava sentindo falta de sua antiga vida como LT.
— Olha só o nosso casal de Manhattan. — disse Siwon ao se aproximar de repente de nós dois, ele estava acompanhando por uma mulher ruiva, sua aparência chamava a atenção, mas não chegava a beleza de minha esposa.
— O que faz em Manhattan? E acompanhado? — perguntei olhando a mulher.
— Boa pergunta. — disse mudando seu tom de voz deixando seu olhar fixo na mulher.
Algo dentro de mim me dizia que a conhecia de algum lugar. Logo minha esposa inventou de comprar um algodão doce de um senhor mais a frente, a mulher a acompanhou e eu fiquei parado onde estava com meu irmão.
— Então, onde conheceu ela? — perguntei.
— No meu trabalho, ainda sou um médico conceituado. — ele riu um pouco. — Sabe que agora me transferi para o Lenox Hill Hospital novamente, foi lá que a conheci.
— E como se conheceram?
— Nossa, está parecendo nossos pais…. — ele me olhou surpreso. — Acaso está desconfiando de algo?
— Não conheço esta mulher, mas minha esposa eu conheço. — desviei meu olhar para a direção de .
— Pode chamá-la de Sery e fique tranquilo, ela não é uma pessoa perigosa, só é uma prodígio. — disse ele tranquilamente como se aquilo não fosse tão importante.
— O quê? — agora eu estava ainda mais chocado, o olhar de estava explicado. — Você me diz que essa Sery é uma prodígio e não tem nada de mais?
— Claro que não. — assegurou ele.
— Você realmente gosta de se envolver com eles…
— Falou a pessoa que se casou com a mais especial. — retrucou ele. — Fique tranquilo, Sery é uma boa mulher.
— Ouvi meu nome acompanhado de um elogio. — disse a tal Sery ao se aproximar de nós.
— Siwon é muito bom para elogios. — olhou brevemente para Cronos que estava ao seu lado. — Acho que está na hora de ir para casa, o que acha, ?
— Uma boa ideia.
Sem muita demora nos despedimos de Siwon e sua nova amiga, voltamos em silêncio para casa, assim que entramos na sala Cronos seguiu em direção a cozinha onde ficava sua vasilha de água. permaneceu perto do sofá me olhando com certa intensidade, porém um sorriso singelo nos lábios.
— Não vai perguntar o que Sery queria? — indagou ela.
— Eu deveria saber?
— Pare com isso… Sei que está curioso, e tudo o que me perguntar vou te contar. — retrucou ela um pouco chateada. — Ela queria que eu a ajudasse em um serviço.
— E você?
— Não aceitei…. — ela foi direta e extremamente honesta no seu olhar.
— Velhos hábitos nunca morrem. — eu estava meio preocupado sim.
— No meu caso, sim. — ela deu alguns passos suaves até mim. — Você é o meu presente, e me afastarei de tudo que possa me fazer te perder de novo. — ela sorriu para mim me olhando com segurança, mostrando que jamais trairia minha confiança novamente.
— Eu te amo. — eu sorri de volta.
— Eu também te amo. — sussurrou ela.
Lentamente eu fui me aproximando cada vez mais da minha querida esposa, até que meus lábios tocaram os seus com doçura e suavidade, senti seu corpo arrepiar como sempre. Assim como da primeira vez que a vi em minha cama, no meu quarto, enquanto se escondia em meio a um serviço maluco, meu coração sempre se acelerava quando estava perto dela.
Sou realmente agradecido por te ter,
O presente que Deus me deu.
– Sing for You / EXO
“Orgulho: Quando quebramos nosso orgulho e pedimos perdão, uma nova oportunidade se abre em nossas vidas, sendo começo ou recomeço, tudo depende da nossa decisão, pois tudo o que acontece de bom em nossas vidas, é um presente de Deus! “Se devo orgulhar-me, que seja nas coisas que mostram a minha fraqueza.” 2 Coríntios 11:30” – by: Pâms
Fim
Pâms, eu amo as missões. Apesar de acontecerem rapidamente, para mim, que odeio ficar agoniada com o suspense, são de proporções perfeitas! Adoro como as coisas sempre dão certo no final, mesmo acontecendo alguns imprevistos no meio. Dá o frio na barriga, mas não em uma intensidade que parece fazer um buraco no lugar. Gosto assim, hahahaha, sem sofrimento!
Mas, para mim, o maior mistério que me incomoda, é saber com qual dos dois ela vai ficar, ou se vai chegar a ficar com um deles no final. SOS!
E essa Taylor? Surgiu da onde? Pode voltar, moça. Hahahahahhaha!
P.S. Esse Dean tem que dar logo as férias dela para que eu possa ver as tretas que vão rolar com esse triângulo amoroso! Ajuda a gente, Dean!
Comentário originalmente postado em 06 de Outubro de 2020
Ah Nat, eu também amo essas missões da LT, são maravilhosas e os final certos mesmo nos imprevistos são demais, a LT é mesmo muito sortuda kkkkkkkkkkk As missões são rápidas, pq ela tem mesmo que ser ágil nos roubos delas. <3<3 Marido ou cunhado, quem será o álibi final? kkkkkkkk Dean só aparece nas horas erradas mesmo kkkkkkk mas ela precisa de umas férias urgente!!! <3<3<3 Obrigada por comentar minha beta linda!!!
Comentário originalmente postado em 10 de Outubro de 2020
Nossa, é demais suspeitar do Dean? To muito no feeling de que ele vai trair a LT. Ou quem sabe o oposto? Ele se acha demais pro meu gosto, hahaha! E essa coisa de todo mundo voltar? Quer dizer que vão querer derrubar ela? Ai meu Deus…
Mas no meio disso tudo, salva o cachorro! Hahahaha! Todo mundo pode sofrer, menos o Cronos <3
Comentário originalmente postado em 28 de Outubro de 2020
Na vida da LT nunca se sabe o que pode acontecer kkkkkkkkkkkkk O Cronos é maravilhoso, cachorro do ano!! kkkkk E essa volta da família completa tá demais mesmo, e o Dean ainda tem muito a nos fazer raiva kkkk
Comentário originalmente postado em 07 de Novembro de 2020
Nossa, queria MUITO ver o Cedric indo prender a Louise. Vai ter? Vai? Vai? Vai? Por favorzinho, nunca te pedi nada! Hahahahaha! Será que ela vai querer se vingar da LT? Adoro uma tentativa frustrada de vingança kkkkkkk
To adorandooo!
Comentário originalmente postado em 24 de Fevereiro de 2021
Tô amando seus comentários e feliz por estar gostando do que tá lendo!!!
Comentário originalmente postado em 06 de Março de 2021
Meu xodozinho de fic <3 Manda mais, Pams!
Comentário originalmente postado em 07 de Março de 2021
minha linda, muito obrigada pelo carinho!!! <3
Comentário originalmente postado em 16 de Março de 2021