Moonlight in Daejeon

  O luar trazia uma brisa fresca aquela noite. Daejeon era a cidade mais bonita no outono, pelo menos era o que %ChangWook% sentia. O jovem empreendedor havia ganhado destaque na mídia recentemente por ter conquistado boas transações comerciais em sua empresa, o tornando um dos jovens com menos de 30 anos mais ricos da cidade. Entretanto, apesar de todo o sucesso financeiro, havia um lado em sua vida que deixava tudo nebuloso. Seu coração se mantinha solitário, e olhando para a lua, não conseguia focar seus pensamentos.

  — Está tudo bem? — perguntou a mulher que o acompanhava.

  — Sim — ele voltou seu olhar para ela —, está tudo bem. 

  — Estou muito feliz que tenha me convidado para o jantar — disse a moça abrindo um sorriso meigo. — Nossas famílias são tão próximas, isso torna nosso relacionamento mais fácil.

  — Ainda não estamos em um relacionamento. — Ele continuou agindo de forma fria e distante.

  O fato de %ChangWook% ser herdeiro de um grande patrimônio não o impediu de abdicar dos privilégios que tinha para se tornar o homem de negócios que é atualmente. O genro que muitas senhoras gostariam de ter. Porém tinha um lado de tudo isso que ele não gostava, a parte em que seus pais insistiam em querer controlar sua vida, e aquele era mais um encontro às cegas que sua mãe promovia forçadamente.

  — Desculpe-me, estive muito ansiosa por hoje e para conhecê-lo pessoalmente — se explicou ela de forma tímida. — Nunca estive em um encontro assim, menos ainda imaginei que pudesse me casar por um arranjo entre famílias.

  — Este jantar não representa nada para mim — continuou ele de forma seca, sem se importar com as palavras sonhadoras dela. — Kim Hyejin, não vamos nos casar, só estou aqui por um pedido da minha mãe, agradeceria se mantivesse nosso jantar em silêncio.

  — Me desculpe. — Ela se retraiu um pouco.

  %ChangWook% desviou seu olhar de Hyejin por um instante e observou o olhar atento de sua segurança para eles. Após degustarem o cardápio sugerido, a mulher se levantou da cadeira com sua ajuda. Mesmo não querendo estar ali, o jovem se manteve o mais cavalheiro possível, acompanhando a mulher até seu carro onde o chofer a aguardava. Hyejin pertencia a uma família muito importante de Daejeon, na qual a maioria era envolvida com a política do país. Uma moça delicada, bonita e silenciosa, traços que sua mãe buscava incessantemente em uma mulher para se tornar a esposa de seu filho único. Traços esses que não atraia nem um pouco a atenção de %ChangWook%.

  Após a partida de Hyejin, ele se voltou para seu carro e entrou. Sua segurança, já posicionada em frente ao volante, deu a partida seguindo para o prédio residencial em que ele morava. Toda a viagem de volta para casa foi em silêncio, apenas ao som ambiente dos outros carros que passavam por eles. Passaram pelo hall do prédio sendo recebidos pelo porteiro, subiram de elevador até a cobertura no décimo quinto andar. %ChangWook% entrou primeiro, observando os movimentos de sua segurança atrás, então, ao parar no centro da sala, ela continuou seguindo para se retirar. Ele, percebendo, a pegou pela mão, fazendo-a parar a centímetros dele.

  — Sei que está com raiva, mas nada irá mudar — assegurou ele mantendo o tom firme que a fazia estremecer.

  — Seus pais já desconfiam de nós. — Ela voltou seu olhar para ele. — Se não fosse assim, não estaria tendo encontros às cegas quase todos os dias.

  — Não haverá nenhuma outra mulher além de você em minha vida. — O olhar sincero de %ChangWook%, deixava-a desarmada.

  — Ji — sussurrou ela o sobrenome dele —, eu fui contratada para servir sua família e proteger você. Além de empregada, sou estrangeira, sua família jamais vai concordar com isso.

  — Já provei para minha família que posso sobreviver sem eles. — A confiança exalava dos olhos dele, o que trazia esperanças a ela. — Foi por isso que saí de casa, para ser um homem de verdade para você.

  — Ji…

  — Me chame pelo meu nome, %Annia%. — Ele deu impulso no corpo dela, para que se aproximasse do dele. — Meu coração se aquece quando diz meu nome.

  — %ChangWook% — disse ela tentando deixar sua voz mais doce.

  %Annia% era uma mulher durona, filha de um ex-militar que cresceu sendo treinada pelo pai para ser forte, independente e não se deixar abater pelas trágicas circunstâncias da vida. Ela conheceu a família Ji por acaso, na época em que trabalhou na equipe de segurança de uma empresa americana. O pai de %ChangWook% se impressionou com seu profissionalismo, o que levou a contratá-la como segurança do filho, quando o jovem só tinha 16 anos e ela 20. Anos o protegendo se resumiu no amor que nasceu em ambos.

  — Saranghae — disse ele ao aproximar mais seus corpos.

  — Eu também te amo — sussurrou ela de volta.

  Não demorou muito para que %Annia% sentisse os lábios de %ChangWook% tocarem os seus de forma doce e suave. Envolvendo seus braços na cintura dela, era ali que o jovem herdeiro queria estar. Com a mulher por quem seu coração acelerava envolta em seu corpo, apenas deixando que ele a amasse cada dia mais.