Natashia Kitamura
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Minha Garota

  – Está bem? Está aquecida? – perguntei enquanto lhe ajudava a vestir uma malha. Vi-a balançar a cabeça levemente, como se quisesse me responder, mas não quisesse chamar muito a atenção. Seus ombros estavam encolhidos, sem saber se era por causa do frio ou do desconforto.
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  Fazia um tempo desde quando ela se sentiu confortável em algum lugar. Desde o acidente, nunca mais sorriu, nunca mais expressou qualquer sentimento que me fizesse ter certeza de que ela estava feliz ou, ao menos, que havia saído do pesadelo.
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   foi minha namorada. Uma garota alegre, animada, com sonhos. Se eu estava triste, ela estava feliz por nós dois. Se eu estava feliz, ela ficava ainda mais feliz. Queria ir para os Estados Unidos, sair do Alasca e poder passear pelas cidades ensolaradas da Califórnia ou passar o calor do deserto do Texas. Entretanto, há três meses, uma fatalidade ocorreu, levando de si toda sua família. Seus pais, suas duas irmãs mais novas; isso acabou com ela. Acabou com o brilho, com os sonhos, com a felicidade. E ainda se fosse uma questão da natureza, mas não. Ela quis sair para comprar os morangos que a mãe tanto pedia e esqueceu a porta da casa destrancada. Quando voltou, havia viaturas da polícia e ambulâncias. Um grupo de rebeldes entrou e eliminou todos os que estavam lá dentro.
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  Depois daquele dia, parou de falar. De se expressar. De sorrir. Aquele sorriso que eu amava. Que me prendia a ela. A única vez que a vi falar comigo, foi para terminar nosso relacionamento; consegui entender. Ela achava que eu já não estava mais feliz. Ninguém é feliz ao lado de uma pessoa que age como uma planta. Mesmo assim, parte de mim ainda tinha esperança de que ela pudesse voltar a ser a garota que eu tanto amava. Mesmo saindo com novas garotas, começando a namorar Bridget, todos os dias pela manhã e no final da tarde ia até o centro de reabilitação que ela foi colocada pelo prefeito da cidade – uma atitude tomada depois do povo se rebelar contra a falta de segurança dele pela população -, e verifico se há algum tipo de melhora. Como sempre, não havia nada de novo.
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  - Você quer um chocolate quente? – perguntei, animado, mas não recebi nenhuma resposta. – Eu posso fazer aquele que você gosta, lembra? – tentei mais uma vez tirar alguma palavra de sua boca, mas foi em vão.
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  Vi-a continuar sentada em sua cama, olhando para o ambiente lá fora. O clima começava a esfriar. Mesmo estando no outono, parecia que o inverno queria chegar mais cedo. A temperatura caiu de uma semana para outra e tive me certificar que o centro teria muitas blusas para não deixá-la pegar uma gripe. Cansado deitei, depositando minha cabeça em seu colo. Diferente de todas as vezes que agi assim, não vi seu rosto olhar em minha direção com um sorriso terno. Levantei minha mão até sua bochecha e acariciei a pele tão macia.
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  - Sinto sua falta… – sussurrei, tendo certeza de que ela ouviu.
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  Quando vi que não receberia nenhum carinho de volta, me levantei e coloquei o meu casaco, me preparando para sair.
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  - Venho te visitar amanhã, tudo bem? – fui até ela e olhei em seus olhos. Mesmo olhando em minha direção, não pude ter certeza se ela me enxergava. Procurei algum resquício de vida ali dentro, mas não vi nada. Enfim desisti e apenas lhe dei um beijo em sua bochecha.
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  Antes de sair, dei uma última olhada nela. Não havia movido nem um fio de cabelo. Suspirei e saí sem me despedir.
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  Depois deste dia, nunca mais voltei para vê-la.
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Três meses depois – Dezembro

  Sábado. Novamente solteiro.
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  Eu tive uma briga com Bridget. Feio. Para um namoro de quase seis meses, não faz sentido haver discussão. Seis meses é muito pouco para um casal brigar. Brid ficou brava por causa de . Disse que eu não havia esquecido, mas quem é que esquece o primeiro amor? Além disso, havia a preocupação, já que deixei-a no centro de reabilitação faz três meses e nunca mais fui visitá-la. Eu havia partido para morar nos Estados Unidos com Bridget porque ela queria que eu fosse; me senti um péssimo namorado quando pensei na possibilidade de ficar por causa de ; eu não gostaria que ela ficasse por um ex-namorado que é uma planta. Acabei indo com ela e não tive coragem de me despedir de . Simplesmente parei de ir ao centro.
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  Não pude evitar o mal estar quando cheguei em Nova Iorque e vi as pessoas felizes, Bridget feliz. Era um sonho da , o de viver nos Estados Unidos. Em todos os lugares que ia, que visitava, que conhecia, me perguntava como ela reagiria a cada cenário, pessoas. Olhava para Bridget abraçada a mim e me sentia mal por estar sendo tão infiel psicologicamente com ela.
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  E então, numa noite de quarta-feira, ela surgiu com o assunto e nós discutimos. Discutimos porque ela tinha razão, mas queria que eu argumentasse contra ela. Queria que eu dissesse que não era verdade, que eu a amava e queria ficar com ela. A verdade era que eu não queria estar ali. Eu só queria conhecer todos aqueles lugares com . Ver o seu sorriso, seus olhos brilhantes, suas palavras ternas e sua animação. Nada estava sendo da maneira que eu havia planejado. O dinheiro que eu havia juntado no Alaska para nos sustentar em um breve mochilão acabou sendo gasto com Bridget.
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  Dessa maneira, decidi voltar para o Alaska.
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  Já eram quase duas da tarde e o dia ainda estava escuro. Era claro, em épocas como essa de inverno, a noite costuma prolongar. O aeroporto de Juneau estava um caos, como sempre. Pessoas indo e vindo para passar o mês de feriado com suas famílias. Arrumei a mochila em meus ombros e empurrei o carrinho com minhas duas enormes malas. Peguei um ônibus até o centro e de lá fui de táxi para a casa de meus pais.
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  Foi uma surpresa enorme para eles me verem ali. Achavam que eu apenas chegaria daqui a alguns dias; mais surpresos ainda foram em me ver com as mesmas malas que havia usado para ir embora.
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  - Não deu certo? – meu pai me perguntou, enquanto me ajudava a subir com uma das malas para dentro de casa. Minha mãe me ajudara com a mochila e o casaco, enquanto via meu irmão Jacob e Pete, o vira-lata que nós adotamos há alguns anos. – Ouvi dizer que as coisas lá não estavam muito fáceis.
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  - Só não me adaptei muito. – disse e os vi concordar com a cabeça.
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  - Você pode sempre trabalhar no negócio da família, filho. Desde pequeno você tem mexido com isso. – meu pai tentou melhorar o meu humor. Mas não havia o que melhorar, eu estava melhor do que imaginava.
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  - Pai. Obrigado. – sorri. – Eu não estou triste ou desanimado. Poderia ter ficado lá, se quisesse. Eu quis voltar porque acho que aqui é o meu lugar. – coloquei a mão em seu ombro e o vi concordar com a cabeça.
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  - Fico feliz que tenha finalmente encontrado o seu lugar. – meu pai disse e minha mãe logo informou que sairia com Jacob para ir ao mercado comprar o que faltava para fazer o meu jantar favorito.
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  - Eu acho que não vou comer em casa. Preciso dar uma saída. Fazer algo. – apontei para fora. Vi os três se entreolharem e meu pai mexer a cabeça para minha mãe. Isso apenas acontecia quando eles escondiam algo de mim. Olhei para Jacob, mas este logo deu um passo para trás, disposto a não ser a pessoa que me contaria a novidade.
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  - Filho. – minha mãe segurou minha mão direita com a sua. Parecia tão menor, foram apenas três meses, quão diferente ela estava? Muito diferente. – Sei que vai visitar .
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  Meus ombros rapidamente entraram em tensão. Fazia um tempo que ninguém falava sobre ela comigo. Jacob estava encarregado de mantê-la bem, mas não me falou qualquer coisa sobre ela enquanto eu estive em Nova Iorque. Tampouco perguntei sobre ela, já que minha consciência apenas tornaria a situação mais difícil para mim se eu soubesse que ela piorou.
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  - Depois que você saiu, ela… Bem. Ela apresentou uma melhora. – arregalei os olhos. – Parece que sua ausência mexeu com alguma coisa dela.
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  - Mas… Como? – não sei como reagir. Como poderia? Unir palavras estava sendo bastante difícil para mim.
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  - Combinamos que não falaríamos sobre isso com você porque iria fazê-lo esquecer-se de sua vida novamente e focar na dela. – minha mãe explicou, claramente nervosa. – Sabemos que isso irá aborrecê-lo, mas tivemos de fazer, filho. Fazia meses que não o via se decidir por sua vida e quando finalmente fez…
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  - Vocês sabem por que eu estava indo todos os dias naquele centro para vê-la? Vocês sabem, sim! Eu esperei meses por uma melhoria, eu merecia saber! – exaltei minha voz e meu pai deu um passo para frente. – Não! Mas que… Droga!
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  - Filho…
  - Mãe! Durante os três meses que estive lá fora, me perguntava todos os minutos sobre a situação de . Vocês não entendem que eu fui porque eu precisava saber como seriam as coisas sem ela? Vejam só, eu voltei!
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  Ver minha mãe encolhida e meu pai sem palavras não era exatamente a reação que eu esperava voltando para Juneau. Também não esperava receber a notícia de que havia melhorado.
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  - Eu vou vê-la. – me virei antes que pudesse deixá-los mais tristes.
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  - Ela não está mais no centro. – meu pai disse, me fazendo parar. – Filho, você precisa…
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  - Onde ela está? – perguntei. Me virei para eles e meus pais não pareciam querer dizer. Olhei para Jacob, que congelou. – Jake, onde ela está? – o vi balançar a cabeça. – Você sabe onde ela está, não sabe? Por que está escondendo de mim? Por que vocês estão escondendo ela de mim?
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  - Filho, vocês já não estão mais juntos…
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  - Por enquanto! – apontei para o meu pai. – Vocês sempre gostaram dela! Da família dela!
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  Não consigo entender por que eles queriam tanto escondê-la de mim. Por que não gostavam da ideia de tê-la de volta na família. Em um impulso, dei-lhe as costas e saí de casa; ouvi os gritos dos meus pais atrás de mim, mas não pude atendê-los. Senti um braço me segurar e estava para me desvencilhar, quando ouvi a voz de Jacob:
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  - Ela está com Mario.
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  Me virei para ele, meus pais logo atrás, o rosto nervoso de minha mãe e o desconcerto do meu pai.
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  - Quê?
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  - . Está na casa de Mario.
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  - O que ela está fazendo lá? – me virei para Jacob, que olhou para o lado.
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  - Bem…
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  - O que ela faz lá? – elevei minha voz e segurei sua camiseta com as duas mãos, não me importando dele ser meu querido irmão mais novo.
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  - Doutor Swell disse que ela poderia sair do centro como uma experiência. melhorou 90% em um mês e meio e queria sair do centro. Quando você foi embora, Mario acompanhou o tratamento dela, ajudou a pagar algumas coisas e convenceu o doutor a deixá-la voltar à antiga rotina. Está pagando também a psicóloga. – Jacob começou a falar. – Mamãe foi até ela dizer que poderia ficar em casa conosco, nós todos fomos lá, mas…
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  - Mas o quê?
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  - Ela não quis. Disse que não queria se lembrar de você.
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  Achei que eles poderiam estar brincando por não quererem que eu volte com ; entretanto, quando olhei em seus olhos, vi que, na verdade, eles não queriam que eu me machucasse. Soltei o ar e olhei para os lados, me sentindo desordenado.
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  - Vamos entrar, Dylan.
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  - Eu preciso vê-la. – falei.
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  - Dylan, ela não quer te ver. Está com Mario…
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  - Ela não está com Mario! – cortei Jacob, que encolheu os ombros. – Como ela pode estar com alguém em apenas três meses?
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  - Você foi embora com Bridget.
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  - Ela terminou comigo! Eu fiquei três meses com ela! Sem saber quando ela melhoraria, se ela estava me ouvindo! – eu não sabia que estava gritando até perceber os vizinhos olhando pela janela. Passei a mão no rosto, impaciente. – Eu vou lá vê-la e se ela quiser não me ver nunca mais, quero ouvir da boca dela.
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  Não precisei caminhar muito para encontrar com ela, já que assim que meus pés viraram, a vi parada com uma enorme travessa em mãos.
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   estava exatamente da maneira que eu a havia guardado em minha memória. Os cabelos longos e lisos caindo, a franja arrumada para o lado, sempre usando o cachecol que ela mesma gostava de tricotar. As bochechas avermelhadas por causa do frio e os lábios que encaixavam perfeitamente nos meus. Usava um protetor de ouvido que havia lhe dado em nosso aniversário de dois anos de namoro; um presente simplório comparado ao jantar que ela havia preparado para mim naquele ano.
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  Mesmo tendo acabado de demonstrar uma atitude rebelde há poucos segundos, meu corpo travou ao vê-la ali. Se minha mãe havia mudado em três meses, que dirá ela. Parecia até que estava vivendo um dejávu. Não consegui dar um passo para frente, por isso, a vi dar passos pequenos em minha direção.
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  - Oi, Dylan. – ela disse, em uma voz afetada pelo frio. – Não sabia que você havia voltado.
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  - Acabei de chegar. – disse, olhando agora para baixo devido a diferença de altura entre eu e ela. – Acabei de saber também sobre sua melhoria.
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  - É… – baixou a cabeça. – Eu saí de lá no final da semana passada.
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  - Estou sabendo. Está na casa do Connor.
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  - Dylan… – ouvi minha mãe falar.
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  - Você veio visitar meus pais? – ignorei minha mãe enquanto ainda olhava para . A vi desviar o olhar para os pontos atrás de mim e então voltar a olhar para mim.
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  - Achei que poderia cozinhar algo para eles. Mario disse que é bom voltar às atividades de antes…
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  - Mario? – a cortei, fazendo-a abrir a boca sem graça. – Mario disse?
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  - B-bem… Doutor Swell disse.
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  - Aposto que Mario quem disse a ele, não é? Porque Mario faz tudo. Agora ele manda na sua vida também.
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  - Dylan, pare. – ouvi a voz de Jacob, mas estava nervoso demais para ter algum senso de razão para me segurar. Meus sentimentos estavam jogados na parede e não conseguia enxergar o estado de em minha frente.
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  - Foi você quem começou. – apontei para , falando agora mais baixo. Vendo-a abrir a boca. – Primeiro você termina comigo achando que o melhor para mim é ficar sem você; e então eu aceitei, porque me fez sentir que estaria melhor tendo um ombro amigo a um namorado. Em seguida, você perde a vida e fica internada naquele lugar; eu não sei se você sabe, mas eu compareci todos os dias durante três meses. De segunda a domingo, às oito e vinte da manhã e também às cinco e meia da tarde, horários permitidos para visitas. – as palavras estavam saindo de minha boca em um jato. Fechei meus olhos internamente e comecei a dizer a turbulência de sentimentos que estava sentindo naquela hora. – Todos os dias tinha a esperança que você olhasse para mim. Toda vez que me despedia, esperava que você me pedisse para voltar. Mas você não pedia e mesmo assim eu voltava. Quando surgiu a oportunidade de ir para Nova Iorque, achei que dizendo, você fosse acordar, se lembrar do seu sonho e melhorar. Você continuou lá parada como uma planta! – apontei para qualquer lado do mundo, que provavelmente estava sendo mais feliz do que eu. – Quando eu voltei, preparado para voltar à rotina de te ver, recebo a notícia de que você melhorou e que está vivendo sua vida com outra pessoa! Ao invés de ligar para mim, a pessoa que ficou do seu lado, você simplesmente resolveu me ignorar!
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  - O’Brien, chega. – ouvi uma voz entre nós. Estava tão cego que não pude perceber Mario chegando e se pondo ao lado de , que estava com os olhos vermelhos. – Você está se precipitando.
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  - Eu e todo mundo, não é? – falei, me aproximando dele.
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  - Você deveria ouvir dela antes de soltar todas essas besteiras em cima. – o que me deixou raivoso não foi o fato dele estar a protegendo, mas sim dela não ter ligado dele ter se colocado em sua frente para protegê-la de mim.
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  Parei perto o suficiente de Mario e olhei para trás, onde meus pais se mantinham calados. Vi que meu pai segurava o braço de minha mãe, que aposto que gostaria de me impedir de fazer alguma besteira. Entre eu e Jacob, sempre fui mais estourado, algo que ela nunca conseguiu lidar muito bem. Minhas atitudes são bem mais explosivas que a do meu irmão mais novo ao qual ela era bastante apegada. Infelizmente, neste exato momento, tudo o que eu não tenho é a razão dentro de mim para me impedir de dar um belo soco na cara de Mario, algo que fiz de mão cheia.
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  O barulho de estilhaços da travessa que estava nas mãos de foi alto e Mario caiu para trás em cima da neve que cobria a frente do nosso jardim e parte da rua. Meus pais deram um grito, assim como Jacob e .
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  - Você não poderia ser menos traidor, não é, Connor? – disse, enquanto tentava lhe dar outro soco; algo em vão, já que meu pai e Jacob me afastaram de Mario. – Me larga!
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  - Dylan, você está fora de si, pare já com isso! – meu pai disse, finalmente tomando a atitude que deveria e me arrastando para dentro. Antes de entrar, tudo o que vi foi minha mãe e se ajoelharem ao lado de Mario. As únicas duas mulheres a quem eu daria minha vida.
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  Eles me colocaram no sofá e meu pai me ameaçou me bater quando fiz menção de me levantar. Um cara calmo como ele, para chegar a esse ponto era porque estava muito nervoso.
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  - O que você tem na sua cabeça, Dylan? – ele falava alto, andando de um lado para o outro. Ao perceber que eu não colaboraria, me deixou na sala com Jacob ao meu lado ainda respirando forte pelo esforço que teve de fazer no frio. Ouvi a porta da frente se abrir, indicando que ele havia se unido ao grupo de Connor.
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  - Você não deveria ter feito isso. – Jacob disse. – Sei que está aborrecido e nervoso, mas você não deveria ter feito isso. Ele pode te processar.
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  - Que tente. – resmunguei, respirando fundo e me encostando no sofá. – Não sei o que me aconteceu.
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  - Sabe sim. Eu também sei. – olhei para o meu irmão de dezessete anos. Me lembro quando eu estava prestes a fazer sete anos e meus pais chegaram com ele bebê em casa. Ao contrário das várias crianças, me senti bastante responsável em cuidar de sua frágil vida. Mesmo com quase sete anos de diferença, continuamos tão apegados quanto antes, e mal podia acreditar que meu irmão mais novo entendia a minha posição, quando sempre deixei claro para ele que quem bate nunca tem razão. – Eu também ficaria bravo com Mario se estivesse no seu lugar. Só não sei se teria força para bater nele como você bateu. – soltei uma risada com ele. – Mas você não devia ter feito isso na frente da . Ela veio até aqui, e agora você não irá saber o que ela iria fazer.
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  Fiquei calado. Era verdade. O que poderia estar fazendo ali, quando disse que não queria ficar em lugares que lembrassem a mim?
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  Antes de receber minha resposta, ouvi a porta se abrir e vozes adentrarem junto. Minha mãe provavelmente está nervosa comigo, por isso, ouvi seus passos irem direto para a cozinha; aposto que não teria mais o meu jantar favorito. Vi o semblante de meu pai se sentar na poltrona em frente ao sofá em que eu e Jacob estávamos sentados. Suspirou fundo e olhou para mim.
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  - Dylan…
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  - Pai. Eu não quero ter essa conversa agora. Com todo respeito. – olhei para ele. – Já estou me punindo o suficiente para nós dois. Só preciso pensar.
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  - Você precisa se desculpar com Connor. – ele apenas disse e me levantei, ignorando o que ele falou. Eu provavelmente nunca me desculparia com Mario; ou talvez esperaria mais alguns dias até combater meu orgulho. Fui até a cozinha, onde achei que minha mãe preparava o jantar, mas na verdade, estava sentada fazendo um curativo na mão de .
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  Meu corpo travou ao vê-la ali. Se levantou rapidamente ao me ver, mas gemeu de dor ao se lembrar que minha mãe ainda mexia no corte.
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  - Pegue a água boricada. – minha mãe disse, ignorando a tensão entre nós. Sem pestanejar, fiz o que ela mandou. Peguei o frasco que estava pela metade e levei até ela, que agradeceu sem tirar os olhos do machucado. olhava para a parede ao seu lado; não sabia se era para evitar contato visual comigo ou para tentar esquecer a dor que estava sentindo. Assim que terminou o curativo, minha mãe se levantou e disse: – Eu, seu pai e seu irmão iremos na frente no supermercado e em seguida para o restaurante do Dom. Gostaria que vocês dois conversassem e fossem para lá em uma hora no máximo. – olhou para : – Querida, diga o que você tem que dizer. – com um jeito mais duro, olhou para mim. – Não estrague tudo. – e se retirou. Olhei descrente para minha própria mãe e balancei a cabeça.
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  Ouvimos o barulho da movimentação dos três saindo e então a porta de casa se fechar. O silêncio que se seguiu foi atordoante. Mexia minhas mãos dentro do bolso da jaqueta e ela permaneceu sentada olhando para as mãos enfaixadas apoiadas no colo.
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  - Desculpe. – me senti na obrigação de começar. – Pelo machucado. – apontei para suas mãos.
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  - Tudo bem. – ela se limitou a dizer.
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  Ficamos calados. Não queria puxar conversa, porque sinto que falei demais mais cedo. Fiquei olhando para o chão, sem graça, até ela enfim começar a dizer:
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  - Eu não escolhi ficar aqui… – hesitou. – Quando você foi embora, achei que fosse uma experiência para ver se eu saía daquele estado. Por mais difícil que fosse, achei que se tentasse mais, poderia melhorar para você voltar a me ver novamente. Me esforcei para melhorar bastante. Quando finalmente consegui voltar à sanidade, recebi a visita da sua mãe, que veio me explicar sobre sua ida à Nova Iorque com Bridget. – enquanto ela falava, meu coração palpitava mais forte. De dor, de felicidade, de tortura. – Foi quando eu vi que havia tentado tarde demais. Mario apareceu e disse que me ajudaria a melhorar; e-ele… Ele se declarou, mas não pude deixar de pensar em você. Fui sincera sobre meus sentimentos. E então ele disse que por agradecimento em ser sincera, me ajudaria a melhorar o suficiente para sair do centro.
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  Fechei meus olhos com a dor em saber que terei de antecipar minha ida até a casa dos Connor para o pedido de desculpas. Suspirei silenciosamente e me mantive atento às palavras de .
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  - Quando seus pais e Jacob vieram me pedir para vir para sua casa, achei que não fosse boa ideia, porque não queria vir para cá e saber que você não estaria aqui. Que estava em Nova Iorque com Bridget. – sua voz saiu estremecida. – Eu queria melhorar 100% e então ir até você… Vim aqui… – vi seu olhar em mim, mas logo o desviou. Apertou suas mãos e os lábios. Por um momento, pensei em não deixá-la terminar, mas eu poderia fazê-la sofrer por este tempo, apenas porque seu sofrimento doía mais em mim do que nela, e eu merecia essa dor. – Vim perguntar à sua mãe se eu teria alguma chance.
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  Posso culpar meus pés por terem travado logo quando mais precisei deles. Ao invés de correr até ela e lhe dar um longo abraço, me mantive parado encarando-a, vendo-a desviar seu olhar do meu, nervosa. O tempo que se passou não foi muito longo, mas o suficiente para fazê-la entender que havia me perdido; a vi se levantar e olhar para mim uma última vez antes de deixar a cozinha. Ouvi o barulho da porta da frente se abrir e então fechar, me deixando sozinho com meus pensamentos. Me perguntei por que minhas pernas não queriam me obedecer.
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  Não sei quanto tempo se passou; meus pensamentos ainda tão abstratos em minha mente. Olhei para a janela e vi que nevava lá fora. Em um impulso, recebi a permissão de me movimentar e sair de casa com apenas a roupa do corpo, sem um casaco grosso para me proteger dos graus negativos que sempre fazem essa época do ano. Mesmo que a dor do frio tenha esfaqueado cada centímetro dos meus músculos, não era comparado à dor da confusão e da guerra que estava sendo travada dentro de mim. Olhei para o céu e tive dificuldades em enxergar a cinza das nuvens; sabia que em algum lugar acima delas estaria um lugar bonito, azul límpido e com estrelas. Mesmo sendo dia, a noite cobria a cidade de Juneau. O cheiro da umidade fazia meu nariz doer, ainda assim, tal dor não ultrapassava a dor da minha confusão.
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  Comecei a caminhar sem rumo. Durante o caminho que não sabia que estava fazendo, chutava a neve. Há um ano, as coisas estavam completamente diferentes. Eu havia ido até a casa de com pacotes de mashmallows para assar com seus pais e suas irmãs menores. No dia de Natal, nós uniríamos nossas famílias para um grande jantar e trocaríamos presentes, a maioria deles feitos à mão por nossas mães. Nossos irmãos mais novos brincariam com o vídeo-game ou falariam sobre a escola, na qual dividiam a mesma sala. Nossos pais falariam sobre assunto de adultos e eu e ela estaríamos juntos no banco da praça, aquecidos com nossos casacos e também com o calor um do outro. Agora estou sozinho, chutando uma neve repleta de terra, com risco de ser soterrado por gelo devido à quantidade que cai do céu, a família dela morta e a minha família nervosa comigo.
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  Com raiva, dei um soco no tronco de uma árvore e senti meus dedos arderem com os cortes que recebi. Eles ficaram dormentes devido a pancada, mas não chegaram a quebrar. Eles poderiam ser partidos ao meio e ainda assim a dor não seria mais forte do que meus sentimentos. Depois de alguns minutos, vi que estava no parque onde eu e costumávamos passar boa parte de nosso tempo juntos. Como no ano passado, as árvores estavam apenas os galhos e tudo coberto pela neve. Suspirei, exausto e me sentei no mesmo banco onde sempre sentávamos. A felicidade que procurei sentir com as memórias foram ao longe; por que eu estava sozinho, quando ela me disse que queria correr atrás de mim? Por que estou me fazendo de rogado quando poderia estar feliz com ela e minha família jantando uma refeição alegre?
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  Em um só impulso e agora com controle dos meus pés, caminhei lentamente e então iniciando uma corrida até a casa de Connor. Ao chegar, tive a razão de tocar a campainha, pois pelo menos ter um mínimo de educação eu conseguiria em um estado desses. A porta foi aberta por Mario, que me olhou com o rosto vermelho, a área abaixo dos olhos levemente arroxeada. Olhou-me dos pés a cabeça, parando nas minhas mãos e então abriu a porta.
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  - Vi que já recebeu a sua punição. – apontou para minha mão, que pingava sangue. – Que bom que você tem noção de suas ações e auto se pune antes de me dar o prazer de fazer isso. – fechou a porta e olhou mais uma vez para o machucado que eu não ousaria olhar agora. – Espero que esteja doendo muito.
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  - Está. Ao contrário de você, eu sei onde é o meu lugar e quais são meus erros. – retruquei, vendo-o soltar uma risada nasalada e fazendo uma careta em seguida. – Desculpe. Pelo machucado. Apesar de você ter merecido.
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  - Você não dá uma trégua, não é, O’Brien? – ele sorriu, colocando as mãos nos bolsos da calça do moletom que usava.
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  - Nunca foi do meu feitio ser o primeiro a ceder.
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  O vi soltar mais uma risada e balançar a cabeça em concordância. Balançou a mão e me deu as costas.
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  - Ela não está aqui. – levantei a sobrancelha.
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  - Onde ela está?
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  - Eu quem deveria saber? – olhou-me por cima de seu ombro. – Ela não voltou para cá. Resolveu ficar com você e explicar sobre as escolhas dela. Uma baboseira.
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  - Por que deixou eu entrar? – perguntei, antes de vê-lo sumir pela porta que daria para sua sala. Mesmo não estando à minha vista, ouvi sua voz responder:
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  - Apenas quis fazê-lo perder tempo.
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  Corri até o cemitério, onde achei que ela estaria visitando o túmulo de seus pais e suas irmãs mais novas. Não havia nenhum sinal de que ela havia passado por ali. Aproveitei para refletir um pouco em cima de seus túmulos, primeiramente para me desculpar por ter feito sua doce filha sofrer tanto. Por tornar sua vida uma bela confusão.
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  Aos poucos, vi que já não adiantaria mais correr atrás dela. Deveria ter ido até a casa de alguma amiga ou conhecido. Depois do acidente com sua família, a cidade se tornou compreensível e aconchegante com a sobrevivente. No caminho para casa, comecei a sentir as dores de minha mão machucada e do frio negativo bater contra minha roupa. Estar com a camiseta de manga longa não era nada comparado ao vento que fazia.
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  Cheguei em casa passavam das dez da noite. Espirrei assim que coloquei os pés dentro de casa e minha mãe rapidamente apareceu, pronta para me dar uma bronca. Se assustou ao ver meu estado e resolveu chamar minha atenção mais tarde, me puxando para o banheiro, onde fez um curativo pesado em minha mão e punho, e então encheu a banheira de água e essência de camomila para meu corpo. Adormeci na banheira quase cheia e deixei que ela esfregasse meu corpo, como se tivesse voltado aos oito anos e me divertisse com a piscina improvisada dentro do banheiro. Entretanto, dessa vez eu não queria trazer brinquedos para a água, apenas queria me afogar.
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  Me acordou quando terminou de me banhar. Com as pernas trêmulas por ter corrido tanto e ficado tanto em pé no frio e sem proteção, teve de chamar Jacob e meu pai para me ajudarem a me trocar. Enquanto me ajudavam, minha mãe desceu dizendo preparar um remédio e uma sopa, já que estava bastante claro que uma gripe se iniciava e eu não sairia da cama por alguns dias. Fui levado até minha cama e deitado, com uma grossa coberta em cima de mim.
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  - Jacob. – chamei meu irmão, enquanto meu pai cuidava de controlar a temperatura da calefação do quarto. Jake se aproximou de mim e se sentou na cadeira ao lado da minha cama. – Se você vir , poderia pedir desculpas por mim?
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  - Você mesmo pode fazer isso. Não é como se estivesse morrendo.
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  - Estou morrendo por dentro. – respondi, fechando meus olhos. Sem perceber e sem me esforçar, adormeci.
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  Quando acordei, ainda estava escuro. Porque nesta época do ano as noites costumam ser longas, o tempo de sol que temos é bastante escasso. Não sabia que horas eram ou quanto eu havia dormido. Não sabia se era a gripe ou meus sentimentos que faziam meu corpo doer daquela maneira. Tudo o que sabia, era que estar em minha cama, sozinho, era o último lugar que eu queria estar.
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  Olhei para fora, onde a neve cobria parte da janela. Suspirei e forcei meu corpo a se mexer, causando grande perturbação para meus músculos. Meus braços estremeceram quando me apoiei neles para me sentar. Devido à fraqueza, vi que não era a decisão mais sensata, a de querer me levantar e ir até o segundo andar ficar na companhia de alguém. Me encostei no batente da cama e apoiei a cabeça na parede, exausto. Fechei os olhos por alguns segundos e os abri novamente. Olhei para o lado por não ter o que fazer e vi um corpo sentado ao meu lado. A luz da enorme lua lá fora me ajudou a enxergar melhor o físico adormecido de , em uma cadeira visivelmente desconfortável. Tinha as mãos caídas no colo e a lã do tricô apoiadas nele. Dormia silenciosamente com a cabeça pendendo para o lado. Olhei para a cor da lã, um azul petróleo bonito e o formato do início de um cachecol.
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  Por minutos fiquei a observando dormir. Talvez tenha até dormido mais que eu; quando acordou, foi tão delicada quanto já é. Despertou aos poucos, os olhos se acostumando com a luminosidade que a lua cheia trazia e a massagem no dorso por ter ficado muito tempo em uma só posição. Fez uma careta durante o movimento e respirou fundo antes de se assustar por estar observando-a. Pude imaginar suas bochechas corando com a vergonha de ser pega desprevenida; infelizmente, não pude vê-la avermelhada por causa da escuridão. Mantivemo-nos calados por um tempo, até ela dizer:
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  - Estou preparando um cachecol para você.
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  - É minha cor favorita. – respondi. Vi um resquício de sorriso em seus lábios.
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  - Eu sei. – finalizou o diálogo. Continuei a encarando, esperando por alguma outra atitude, mas eu sabia que não viria. Ela sempre foi tímida demais para tomar alguma iniciativa.
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  - Achei que fosse para casa de Connor.
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  - Eu não moro lá.
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  - Achei que lá fosse sua casa. – retruquei, vendo-a apertar o tricô em suas mãos. Eu estava passando do limite, mas nunca funcionou muito bem com suas emoções, se não houvesse pressão.
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  - Casa é onde está o coração. Até onde eu sei, meu coração sempre foi seu, Dylan.
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  E aí estava a minha garota.
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Fim

  Nota: Primeira fanfic de 2014! Estamos começando bem, não estamos? Este ano, decidi me deixar muito mais nas minhas fanfics.
  Ano passado não fui uma boa autora e nem uma autora produtiva, o que me deixou muito aborrecida quando olhei para trás durante o momento de retrospectiva. Assim, decidi que irei lançar pelo menos uma fanfic por mês e irei finalizar minhas duas fanfics em andamento! Espero que vocês acompanhem tudo comigo! Fighting!

  Como demonstração de que estou me esforçando, criei um grupo privado no facebook para todas as minhas leitoras entrarem e discutirem sobre minhas fics, dar ideias para novas histórias ou fandons e, claro, me cobrar atualizações! Pensei que seria muito mais divertido saber quem são minhas leitoras e ter um contato ainda mais direto com elas, então, se você quiser, será muito bem-vinda!

https://www.facebook.com/groups/1505312676361634/

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