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Em um canto escuro de um cenário inabitável, havia uma pessoa que encarava a rua deserta com o olhar vazio, se sentindo cada vez mais pequena em relação à imensidão do que aquele universo poderia oferecer. Se olhar no espelho não era mais uma opção, não quando não sabia qual máscara vestir para encarar o mundo e suas responsabilidades, e quanto mais tempo passava naquele local sem resquícios do calor que um dia tanto sonhou, pensava que não merecia estar na presença de outros cidadãos, especialmente dos seus amigos. Ele acreditava que a sua única função era ser um peso nesses últimos tempos, ainda mais por ter adentrado um estado em que a tristeza ocupava a maior parte do seu tempo, e não importava o quanto os seus amigos tentassem lhe assegurar de que estava tudo bem, a cabeça do rapaz sempre o autossabotava para acreditar no contrário. Era difícil enxergar uma luz no fim do túnel, e o seu lado emocional não afetava somente a si, mas também aos outros cenários por conta da sua influência, então, em uma tentativa de não piorar o quadro de chuva dos demais ambientes, optou por ficar recluso em um cenário inabitável que
quase ninguém tinha acesso.
Se o homem achava que era o único passando por uma situação ruim, ele estava completamente enganado. Na beirada do penhasco, tinha uma jovem que perdera a perspectiva de sua vida, no entanto, apesar dos pesares, tentava se manter positiva de que novos dias virão, e que depois de um dia chuvoso, uma manhã calorosa nasceria em um cenário não tão distante de si. Se pudesse ser definida em uma palavra, com certeza seria a alegria, já que seus amigos viviam lhe dizendo que ela alegrava qualquer lugar em que passasse – por mais que a mulher não acreditasse muito.
A gangorra que sua vida era em relação ao seu estado emocional a fazia viver em constantes contradições, visto que, apesar de gostar de ser a alegria para quem amava, a moça não conseguia ser a sua própria fonte de felicidade, o que só piorou conforme os anos foram passando e os maus bocados que vivenciou. Às vezes, quando se sentia tão pequena do tamanho de uma ervilha, ela se escondia nesse
mesmo cenário, tentando trabalhar com o seu interior o que podiam fazer para melhorarem e não causarem mais problemas à sua prima, , que em breve se tornaria a nova governante do seu lado do cenário.
Independente dos seus poderes serem essenciais e a sua posição no comitê da outra estar garantida, não queria ser um peso para suas novas amizades, principalmente quando elas tinham muito com o que lidar, então, a melhor opção – para si – era se isolar e passar um tempo sozinha, tentando ser o mais positiva que a sua mente pessimista a deixava.
Mas, por mais que adorasse estar rodeada de cenários vívidos e barulhentos, ter que compartilhar novamente o seu cantinho com a mente estrondosa de estava começando a irritá-la. Não que fosse egoísta ou não tivesse o mínimo de empatia, no entanto, os seus pensamentos eram tão altos que a garota simplesmente não podia ficar sem falar nada, e acreditava que já havia passado da hora do rapaz prestar atenção nela.
— Ei! O que acha de trazermos alguns raios de sol? Acho que cansei de estar encharcada por causa da chuva.
, pela primeira vez em muito tempo, se surpreendeu.
Talvez fosse pela menina estar de cabeça para baixo, apenas usando suas pernas para se segurar no galho da árvore, contudo, ter essa sensação positiva que uma surpresa considerada boa causava fez algo se remexer em seu interior. Ele piscou algumas vezes para ter certeza de que não estava vendo uma miragem, só que antes que pudesse sair da sua posição desconfortável, a moça estalou os dedos, fazendo com que um cenário caloroso surgisse. não sabia quando foi a última vez que viu o sol se pôr, porém, a sua vista agora era a mais bonita que havia presenciado em toda a sua vida.
— Bem melhor, né? — Quando percebeu, a jovem estava na sua frente com a mão estendida na sua direção. — Eu sou a .
— . — Continuou a encará-la sem saber como reagir, parado no mesmo lugar. Segurar a mão daquela desconhecida lhe causava medo, só que algo dentro de si ansiava para sair daquele estado.
— Os cenários podem ser verdadeiramente belos apenas com um estalar de dedos, se a vida fosse fácil assim, não teríamos tantas batalhas, certo? — se sentou ao seu lado, evitando de encostar os seus ombros e o olhou mais uma vez com um sorriso amigável nos lábios. — Você não precisa segurar na minha mão, mas eu não vou soltar a sua se quiser segurar a minha. Ela é bem
quentinha.
— Você está tentando me comprar? — Arqueou a sobrancelha ao segurar a risada.
— Não sei, estou conseguindo? — A mulher continuava com a sua mão estendida, respeitando a distância que impôs entre eles. Por mais que tivesse quase certeza da natureza do rapaz, não sabia se podia estar enganada, então queria evitar que um choque ocorresse.
— Provavelmente te atrapalhei com os meus pensamentos, né? — coçou a nuca sem graça. — Eu achei que estava sozinho esse tempo todo, portanto não cogitei em pôr uma barreira.
— A culpa não é sua, não são todos que podem ler mentes — deu de ombros —, por exemplo, minha prima sabe ler, mas somos de extremos diferentes.
— Isso é verdade… e quem é a sua prima? — O homem se mostrou curioso, principalmente por ter noção que o número de pessoas que liam mentes era pequeno entre os dois extremos.
— A melhor amiga do noivo da nossa quase ex-governante,
. O filho do sol engoliu a seco ao ouvir o seu apelido sair da boca de , soando totalmente diferente dos demais. Ela
sabia que ele era o próximo governante, e não tinha como não saber depois de ter escutado todos os seus pensamentos, e o rapaz sentiu o seu coração se apertar e a ansiedade começar a consumi-lo rapidamente, até que, inconscientemente, segurou firmemente na mão da moça, se surpreendendo mais uma vez.
— Eu falei que não ia soltar, né? — entrelaçou seus dedos, olhando no fundo dos olhos castanhos do rapaz. — Mesmo que eu acredite que você não sabia da minha presença, você foi uma das razões que me fez continuar aqui, que segurou a minha mão quando eu tive vontade de morrer. O mínimo que posso fazer é retribuir… e eu não te disse? Minhas mãos
são quentinhas.
— Como? — Sua voz soou baixa, ainda mais por estar atônito com tudo o que estava acontecendo.
— Como eu sei que você tinha plena noção da minha presença ou que minhas mãos são quentinhas? — ponderou um pouco, colocando a mão livre em seu queixo. — ser minha prima não explica as coisas não? Bom, nós crescemos juntas e ela consegue estabilizar a sua temperatura, o que é algo ótimo por ser a escolhida, e eu, bem, não sei qual foi a mutação, mas eu consigo esquentar minhas mãos, apesar de não ser eficiente para evitar um choque. Só que a parte de ler mentes e etc eu herdei também, é por isso que ela já me colocou em sua equipe. E porque eu sou adorável, convenhamos.
— É por isso que quando preparamos o presente para e ela disse para eu tomar cuidado com um certo…
sol. — Ah, culpada! Meu nome de fato é Sol, mas cai tão bem, não acha? — A garota caiu na gargalhada.
— Agora tudo faz sentido… — Suspirou, finalmente sorrindo. — Me desculpa por fingir que não sabia da sua presença. Eu estava tão imerso nas minhas questões que o pensamento de ter alguém comigo se tornava levemente reconfortante, sabe? Você me ajudou a me manter aqui e também segurou a minha mão quando eu quis morrer, e…
— Vamos dar um passo de cada vez já que estamos quites! Não precisa se explicar,
, você terá tempo o suficiente para pagar pela sua mentira, viu? Agora, que tal aproveitarmos para dar um jeito nesse cenário? Sei lá, plantar umas flores, trazer uns Fluffys para nos auxiliar e esperarmos pelo sermão que a , e companhia nos dará.
— está cada vez mais na pose de mãe, aish… estou com dó da gente. — riu também, sentindo uma leveza tomar conta de seu corpo. — Ei, você não vai soltar a minha mão?
— Você quer que eu solte? — O olhou por cima do ombro assim que levantaram, vendo que ele negou. — Ótimo, a partir de hoje encararemos o futuro juntos, .
— Você sabe até o meu nome real!
— Você sabe o meu! — rebateu. — E os seus pensamentos são
extremamente altos, não tinha como não saber.
— Posso te fazer uma pergunta? — Mordeu o lábio indeciso, fazendo a mulher parar de andar com o questionamento. — Acho que já temos bastante intimidade a essa altura, então…
qual versão minha você acha melhor? O
“”, vulgo filho do sol, ou o
“”, a minha versão mais vulnerável?
— Eu gosto das duas. Você é você em ambas, seja ou , você continua sendo você no final do dia. Por que tenho que escolher entre um ou outro? Por que
você se põe nessa situação de escolha?
, pela milésima vez, ficou surpreso, sem saber como responder as perguntas de . Ele levaria o seu próprio tempo para achar a sua resposta, mas, agora dava total razão a em relação a : Sol era a definição da palavra alegria, e apesar dos seus medos, se sentia feliz depois de passar incontáveis dias à mercê da tristeza.
Fim
N/A: mais uma fic nesse universo \o/
Tudo bem que eu não tinha o filho do sol definido, mas não imaginava que o Scoups seria o escolhido da vez hihihi
Tive que fazer um pequeno malabarismo para encaixar novos personagens nessa história, mas deu tudo certo no final <3
Eu amo essa música do Coups, e esse safado me fez chorar em plena véspera da véspera de ano novo JHSNASJASJAS inicialmente, eu ia fazer outra fic com o Wonu nesse universo, MAS, quando eu abri o yt, apareceu a tradução de “Me” e eu fui ver (e chorar hehe), e aí nasceu a fic com o Cheol <3
Espero que gostem! Em algum momento a long virá com as explicações desse universo, e enquanto ela não vem, as shorts virão hehehehehe
Até a próxima <3