Love Stories
Capítulo 1 — Término
— Precisamos terminar.
encarou Hector com uma feição confusa, principalmente por ter acabado de acordar. O demônio observava o outro se vestir com certa rapidez, visivelmente agitado e irritado com algo, o que fazia o rei ficar mais perdido ainda.
— Aconteceu algo? — perguntou ao se levantar, vestindo o roupão que estava no sofá.
— O seu amor por Lilith é… sufocante. Nas últimas semanas tudo o que você tem feito é ficar com ela, e pior, fica enfiado nos aposentos dela por várias noites! Não há como competir com isso.
— Ah — Morningstar cruzou os braços e suspirou —, compreendo…
— Só tem isso a dizer? — Hector o encarou furioso, sem se importar com a altura de sua voz.
— Sinto muito que se sinta dessa forma, querido. —era sincero. — Não gostaria que as coisas acabassem assim, no entanto, você é livre para fazer o que quiser.
— Não vai me pedir para ficar?
— E preciso? — Arqueou a sobrancelha, sorrindo brevemente em seguida. — Sua decisão já foi tomada e você deve saber que eu odeio mentiras.
Hector engoliu a seco ao perceber a realidade batendo à sua porta. Desde o início sabia no que estava se metendo, contudo, por culpa da sua autoconfiança acima do normal, acreditou fielmente que fariase apaixonar perdidamente por si, mesmo tendo ciência que o rei não era monogâmico e que não havia alguém que conseguisse desbancar Lilith do pódio.
— Tenho pena de você — bradou ao parar na porta. — A rainha nunca irá retribuir os seus sentimentos, espero que saiba disso!
— Ah, e antes que você vá embora… — Colocou a mão no ombro do demônio ao se aproximar, o parando. O rapaz, apesar de irritado, sabia que tinha cruzado uma linha que não deveria, contudo, já havia dito o que realmente pensava. O rei sorriu e sussurrou no seu ouvido: — Não há uma única alma que consiga competir com Lilith. Tenha um bom dia, Hector.
O rapaz saiu quase que correndo do quarto de Morningstar, sentindo um misto de raiva e medo. A forma comodizia as coisas mais cruéis de uma maneira tranquila era a mesma de agora, e por mais que não tenha sido cruel, a verdade, para Hector, era difícil de engolir.
— Não é essa a hora que você vai atrás dele e implora para ele ficar?
O sorriso de Lilith Morningstar era capaz de desmontar qualquer um, inclusive, até os anjos que eram enviados dos céus ao inferno a trabalho. A mulher estava vestida com um robe de cetim, deitada na cama do rei como se fosse sua, aguardando a companhia do seu melhor amigo ao seu lado. O rei rolou os olhos e se juntou à mulher, se acomodando nos seus braços; de longe o abraço da rainha era um dos seus favoritos eadorava o fato de eles serem super carinhosos mesmo não estando mais casados.
— É agora que recebo um beijo seu de consolo? — Sorriu sugestivo.
— É o que você quer? — Lilith ficou a míseros milímetros de distância, roçando sua boca na dele. — Sabemos que não é o que você quer de verdade, querido.
— É uma das coisas que quero, mas você não adere a não monogamia e se recusa a me dar um beijinho depois que terminamos.
— E quando você vai superar isso? — A mulher não conteve a risada.
— Impossível superar a minha primeira e única esposa.
— Disso eu sei — sorriu —, contudo, por que você não explicou ao rapaz o verdadeiro motivo de passarmos os últimos dias juntos?
riu sem humor, escondendo o seu rosto na curva do pescoço de Morningstar. Ele sabia que sua ex traria o assunto à tona, e, por mais que tentasse evitar, não conseguiria esquivar do que o afligia por muito tempo.
— Não mudaria em nada e, sinceramente, se ele te vê como competição, ele não serve para mim — falou sério ao voltar a encarar Lilith. — Meus amores sempre vêm e vão, querida. Não vejo motivos para contar sobre .
— Não vê motivos ou não quer ser alvo de pena, meu bem?
— Odeio quando você toca na minha ferida, Lilith — falou de forma dramática.
— Você ama, principalmente quando aperto tão forte que você pede por mais,. — Sorriu vitoriosa. — Mas vamos parar de fugir do assunto, querido. Os preparativos foram finalizados, quando estiver pronto, estarei ao seu lado, certo?
O rei sorriu fraco, se afundando mais ainda no abraço da mulher.
As lembranças do passado distante ainda o afetavam, e talvez o homem nunca fosse superar Feidan, um dos seus únicos amores.
Capítulo 2 — Começo, meio e fim
Meses após a separação,andava pelo mundo humano como de costume, fazendo sua ronda juntamente de Lilith, Jeonghan e Aerith, quando, de repente, eles escutaram uma explosão próxima e logo foram investigar. Para a surpresa dos demônios, eles encontraram um homem em um terreno vazio, visivelmente atônito e atrapalhado; assim que percebeu que tinha companhia, o rapaz sorriu sem graça e levantou sua mão, fazendo alguns movimentos com ela e tudo voltou ao normal, como se não houvesse ocorrido nada. Aerith, por outro lado, soltou um suspiro pesado e se aproximou dele, rolando os olhos:
— , quantas vezes já conversamos sobre os seus experimentos? Temos o nosso próprio mundo para isso! — Massageou as têmporas, voltando a atenção para os amigos. — Tenha alguma dignidade, você está na frente do rei e da rainha do inferno, e do… bem, do Jeonghan.
— Ei! — Hannie protestou, sendo ignorado pela feiticeira.
— Me desculpe — sorriu mais uma vez —, mas eu não estava mais aguentando o som das mandrágoras e a vovó não me deixou em paz nem por um minuto.
— Se você a visitasse mais vezes…
— Se você a visitasse mais vezes eu não teria que escutar metade do que escuto, Aerith.
— Vocês são o quê? Irmãos? — perguntoucurioso.
— Aprendizes da vovó — responderam juntos.
— Irmãos, entendi. — Lilith caminhou até eles ignorando os seus resmungos e segurou o queixo do rapaz, o analisando. — Você tem quantos anos, querido?
— Trinta e seis, mas envelheço aos poucos por causa de um experimento.
— Isso explica muita coisa — se afastou —, se eu não tivesse uns bons anos na bagagem, acharia que você tem vinte.
— Ele teve a quem puxar — falou a feiticeira convencida, sorrindo.
— Você parece ter oitenta, Aerith. — Assim que finalizou a frase, Jeonghan se esquivou de uma faca que “magicamente” voou em sua direção.
— Por que não vamos ao inferno beber? — sugeriu o rei, temendo que uma tragédia pudesse acontecer se Hannie e a feiticeira continuassem se bicando.
Todos concordaram, por mais que ninguém estivesse prestando muita atenção em.
*
A noite no submundo estava bonita, vívida e animada.
Vários de seus moradores estavam andando pelas ruas, as crianças brincavam nas praças e os estabelecimentos estavam cheios, com demônios dançando e brindando. A essa altura, Lilith, Jeonghan e Aerith se encontravam na pista de dança da boate, sumindo da visão deeassim que beberam mais de cinco copos de algum drink, deixando os rapazes sozinhos. Apesar da música alta, os dois continuaram em silêncio, sem saberem muito bem o que falar; para o rei, aquilo não era desconfortável, no entanto, desde o momento que bateu os olhos em Feidan, ele teve uma vontade enorme em conhecê-lo melhor. Para a sua surpresa,não disse nada, apenas estendeu a sua mão e lhe deu um sorriso, o guiando para fora do recinto.
— Aqui fica melhor para conversar, não acha?
— Eu sou o rei do inferno e não sabia que a vista daqui de cima era linda. —suspirou, maravilhado em descobrir um lugar tão aconchegante que não fazia a mínima de que existia.
— Quase ninguém vem aqui no terraço e eu aproveito para usá-lo como escape quando Aerith me larga lá embaixo. — Riu. — E como nós dois fomos abandonados, achei que seria ótimo compartilhar esse lugar com você.
— Agradeço. — Morningstar sorriu. — Por que eu nunca te vi por aqui?
— Só venho ao inferno quando Aerith me convida para algum evento ou quando preciso colher algumas flores e plantas. Geralmente eu vago entre o mundo humano e o mágico, e passo um tempinho na mansão dos Vatore.
— Queria ter te conhecido antes — falou sincero, olhando para o feiticeiro —, você é uma graça, sabia?
— Eu sei — se juntou ao rei —, e também sei que essa gracinha aqui está muito interessado em você.
— É? — O demônio segurou a mão de, o trazendo para si, e beijou os seus dedos sem desviar o olhar.
— É. — Feidan sorriu.
deu um sorrisinho com a confirmação, sentindo um arrepio correr pelo seu corpo no momento em que a mão do feiticeiro subiu pelas suas costas, parando somente na sua nuca; o rapaz, a fim de acabar com a distância, beijou o rei sem delongas e logo ele jogou os braços em volta do pescoço dele, querendo se fundir o máximo que conseguia com o outro. O beijo tinha um sabor adocicado, e, para ambos, nada mais importava a não ser esse exato momento, o que fazia os dois terem a certeza de que eles estavam destinados a se conhecerem.
*
Não é preciso de muito para saber queeengataram em um relacionamento um mês depois de se conhecerem, e indo contra o achismo de muitos — especialmente daqueles que eram apaixonados pelo rei —, eles ficaram juntos por trinta anos e não podiam estar mais felizes. Todo esse tempo que passaram na companhia um do outro não podia ter sido melhor, e a forma como se entendiam perfeitamente era o que fazia dar certo, ainda mais por ambos escolherem ter um relacionamento aberto e terem plena noção de que algumas pessoas poderiam tentar usar disso para causar discórdia entre eles — e é óbvio que tentaram.
A verdade é que ninguém conseguiria estremecer a relação que os dois construíram e se tentassem, teriam que lidar com a ira da rainha do inferno, que não poupava aqueles que ousassem mexer com os seus amigos. E por falar em Lilith,esempre brincavam com ela para que a mulher se juntasse a eles, contudo, nunca tiveram sucesso; já Jeonghan, apesar de ter namoradoem algum momento de sua vida, às vezes saía com o casal, passando a noite na companhia de ambos. Aerith ainda ficava impressionada em como Feidan não havia levado um fora, mas isso não passava de pura implicância de irmã mais velha.
A vida dos pombinhos foi a melhor possível.
Eles viajaram, conheceram novos lugares, culturas e pessoas, vivenciaram os mundos um do outro e aproveitaram cada segundo que compartilhavam ao máximo. Não havia um dia sequer que ambos não celebrassem o amor, e que nem em um conto de fadas,ese apaixonavam cada vez mais.
Mas como todo ciclo tem um fim, infelizmente, o deles chegou ao final.
Desde o início, Feidan deixou claro ao demônio que não tinha planos de se tornar imortal.
Por mais que feiticeiros pudessem ser imortais,sempre quis viver como mortal, e por causa do experimento que o fazia envelhecer fisicamente mais devagar e outros efeitos colaterais, ele conseguiu abrir mão da imortalidade, podendo viver uma vida tranquila e sem arrependimentos. Por mais que amasse, o feiticeiro não abriria mão da sua individualidade e das suas vontades, e o rei o compreendeu perfeitamente, já que nunca se tornaria mortal e largaria tudo para trás. Por isso decidiram viver sem arrependimentos até que a hora de Feidan chegasse, e para a surpresa de todos, o homem se foi um dia depois de completar setenta anos.
A sua morte foi uma surpresa para os seus amigos e o seu amor, no entanto, na carta deixada para,sabia que o seu fim estava próximo e, como sempre, encarava a morte com uma leveza sem igual. Ele não a temia, pelo contrário, a abraçaria quando fosse hora, e como último pedido, solicitou aos amigos e a Morningstar que não se lamentassem, e sim que comemorassem a sua vida da maneira que preferissem; apesar do luto, o rei e os demais faziam questão de fazer uma pequena cerimônia todo ano para celebrarem a vida de, da maneira que o feiticeiro pediu.
*
Eventualmente, a cerimônia virou uma tradição entre os quatro, que tinham o costume de se reunirem no túmulo do feiticeiro em um campo de flores no mundo humano — um dos lugares favoritos do homem — e brindavam a vida do amigo e parceiro, comemorando a sua existência. Hoje, mais do que nunca,sentia falta do seu amor, e tinha anos que era difícil encarar o campo sem derramar uma lágrima. A falta quefazia era avassaladora, e ter que lidar com o fato de que nunca mais o veria partia o seu coração. O rei nunca teve dificuldade de iniciar as conversas com o seu amor independente do quanto chorava, no entanto, hoje era um caso à parte. Ele não encontrava as palavras certas, e levou um tempinho até começar a falar, com os olhos marejados:
— Oi, querido. Como você está? — Encarou a lápide à sua frente com um pequeno sorriso e o coração apertado. — Espero que esteja bem e fazendo os seus experimentos sendo um lindo fantasma. Hoje a Lilith veio segurando a minha mão e eu me senti como uma criança. — Riu. — Acredito que ela já saiba de tudo, mas, antes de chegar nesse assunto, vou te dar uma breve atualização da minha vida do jeitinho que você pediu na sua última carta. — Sorriu carinhosamente.
“Eu e Lith temos três filhas agora. Elas são as coisinhas mais fofas e eu me sinto um pai muito orgulhoso ao vê-las aprendendo diversos assuntos de todos os mundos, sabe? Elas me perguntam de você, e adoram saber das suas aventuras, e aposto que você ia adotá-las também. Eu não estou sozinho, meu amor, então pode ficar tranquilo. Bom, hoje eu levei um fora, Aerith e Jeonghan continuam se bicando, apesar de achar que rola algo entre os dois, e a sua avó faz questão de continuar mandando uma caixa cheia de frutas e plantas do mundo mágico pra gente. Ela está bem, inclusive, a vovó queria que as meninas se tornassem feiticeiras, e continua tentando convencê-las. Sei que, de onde estiver, você está assistindo a isso tudo e dando belas risadas, querido… Acho que chegou a hora, né? —respirou fundo.
“Eu sonhei com você essa noite. Na verdade, em todas as noites da última semana enquanto preparávamos a sua cerimônia, e tenho a certeza de que eu só lembro do conteúdo do último sonho por ser o que eu precisava ouvir. Eu sei que preciso abrir mão completamente de você, meu amor. E eu vou, mas hoje, só hoje, quero continuar melancólico com as nossas lembranças, então, por favor, não venha brigar comigo novamente no meu sonho. Eu imploro! — Morningstar não conteve as risadas ao imaginarbrigando com ele novamente, algo que foi muito raro nos trinta anos de relacionamento.
“Prometo que serei mais honesto comigo e com os meus próximos amores e que não ficarei preso a você, é só que… a ideia de passar uma parte da minha longa vida com pessoas que não sejam você ainda me é estranha. Tudo bem, talvez eu não tenha te superado por completo, mas, a questão é que eu sinto a sua falta e queria estar com você. Eventualmente eu seguirei em frente completamente como você deseja, contudo, só por hoje, eu quero ficar preso a você mais uma vez. Eu lembro da nossa vida juntos e tudo parecia um filme, e mesmo com a sua partida, sei que o nosso romance foi o melhor possível. Obrigado por ter me amado e por me amar independente da distância. Obrigado por ter me acolhido, por ter me mostrado o seu mundo e por ter permitido que eu pudesse compartilhar a vida contigo. Você é um dos meus amores mais preciosos,. Espero, do fundo do meu coração, que você possa renascer e ter uma vida cheia de amor e alegria, sendo essa pessoa incrível e perfeita que você é. Eu te amo, querido.”
se levantou, pondo um buquê de lírios — as favoritas do feiticeiro — em cima do túmulo e sorriu, sentindo uma brisa bagunçar o seu cabelo. Ele encarou o céu estrelado e uma leveza tomou conta de seu corpo, como se dissesse que tudo ficaria bem. Apesar da positividade que tentava usar para encarar o futuro, só por hoje ele gostaria de continuar chorando, aproveitando os seus últimos momentos antes de se desprender do seu amor. Para seguir totalmente em frente, ele precisava lidar com todos os seus sentimentos primeiro, e faria isso não só por si, mas pore caso um dia viesse ter uma nova pessoa na sua vida.
Nessa noite, Lilith eagiram como se fossem um casal.
Ao retornarem ao castelo, a mulher preparou um banho para o demônio, com sais de banho de hortelã, os favoritos dele. Assim que o rei entrou na banheira, a rainha o acompanhou, e entre muitas lágrimas, eles conversaram sobree outros assuntos que iam surgindo até quese sentisse bem. Quando decidiram finalizar o banho, Lith secou o cabelo dele e os dois adormeceram de mãos dadas, descansando o máximo que conseguiram.
Nessa mesma noite, por mais que não soubesse se era um sonho ou realidade, Morningstar viue, ao contrário do que pensou, o homem não estava lá para dar um sermão, mas sim, para se despedir. Aquele foi o último encontro dos pombinhos, e o ponto final queprecisava para seguir totalmente em frente.
Capítulo 3 — Novo começo
Muito tempo se passou desde quese desprendeu do seu amor, e, por mais que tenha sido difícil, o demônio seguiu em frente, mantendo as memórias e o carinho por. Desde então, algumas pessoas passaram em sua vida, contudo, nada muito duradouro. O rei até ousava dizer que não namoraria mais ninguém, afinal, tirando Feidan e Lith, não havia alguém que instigasse tanto o seu interesse. Não é que tivesse perdido esperanças — especialmente quando se tem uma vida imortal pela frente —, contudo, não fazia questão de encontrar um novo amor, aquele que poderia ser considerado o “certo”, como os humanos gostavam de chamar. O demônio estava confortável com seus curtos e longos casos que nunca avançavam para um estágio maior, e definitivamente não queria passar pela montanha russa de sentimentos que era estar em um namoro.
Entretanto, como o destino sempre brinca com os que menos esperam,foi surpreendido não só com uma, mas com duas pessoas.
Em uma ida solo ao mundo humano, Morningstar terminava de comprar o que suas filhas haviam pedido quando quase foi atingido por uma faca, o que o deixou muito confuso. Até então não tinha pressentido nenhum ataque, e ao ver que os vendedores não reagiram, teve a certeza que a faca estava encantada e ele não era o alvo. Apesar de ter ciência disso, não podia não investigar, afinal, quase levou uma facada em seu lindo rosto e não deixaria por isso mesmo. Não demorou muito para encontrar os “culpados”, porém, antes que pudesse falar algo, se viu perdido na cena à sua frente:
—, se você lançar dessa forma, atingirá alguém — advertiu o rapaz em meio a risadas. — Vamos testar mais uma vez, tudo bem?
— Eu devia ter mirado em você,. — Rolou os olhos, mas logo começou a gargalhar.
— Aí você precisa mirar aqui — pegou a mão da mulher e colocou sobre o seu peito, sorrindo — no meu coração. Só que se fizer isso, não só vai tirar a minha vida, mas a sua casa.
— Já que eu moro no seu coração, né? Você fica mais brega a cada dia que passa, sabia?
— Só sou romântico, tá? Já que a senhorita não dá valor ao meu romantismo, que tal trazer a sua faca de volta para continuarmos o treino?
— Ela já está aqui.
Ambos olharam na direção decom uma feição tranquila, e logo o rei voltou a si, se aproximando para entregar o objeto aos jovens.
— Não era a minha intenção atrapalhar vocês — sorriu —, mas também não pude deixar de observá-los. Nunca pensei em ver um casal composto por uma feiticeira e um vampiro.
— Não somos um casal — falou o rapaz.
— Oh, perdão. —estava confuso. Sua intuição nunca falhava, entretanto, se os dois diziam que não eram um casal, talvez o demônio estivesse se precipitando?
— Ainda — completou a garota com um sorrisinho travesso, trocando olhares com.
— Ah, sim. Bom, aqui está a sua faca, espero que façam um ótimo treino. Até mais, casal que não é casal.
— Espera! — Os dois pegaram na mão deao mesmo tempo, surpreendendo o rei.
— Sim? — Morningstar poderia não externar, contudo, estava achandoeduas gracinhas.
— Quer beber com a gente?
piscou algumas vezes, meio atônito com o convite.
Não que não fosse acostumado a ser chamado para sair, na verdade, isso acontecia com uma frequência absurda, todavia, havia algo diferente nesses dois jovens que ele não conseguia dizer o que era, mas estava extremamente curioso para descobrir. Podendo observá-los mais de perto, percebeu que ambos tinham um olho cinza e o outro castanho, e como se não bastante essa coincidência, eles compartilhavam a mesma cicatriz no pescoço que o rei também tinha.
— Teria algum problema de ser no inferno? — Negaram. — Ótimo, se eu demorar mais um pouco as minhas filhas vão soltar o Cerberus pelo submundo e não é que o queremos, certo?
— Nós conhecemos elas! — disseanimada enquanto entrelaçava o seu braço no de, efez o mesmo.
— E os namorados delas. Eles me chamaram pra banda deles, mas infelizmente não tenho como participar, tenho viajado com Blake em busca de alguns artefatos.
— Você é da mansão Vatore — afirmou —, acabei de sair de lá.
— Eu sei — olhou para o homem —, Beatrice sempre conta histórias sobre você e a rainha.
— Então vocês sabem mais de mim do que eu de vocês? — Sorriu malicioso, já que adorava um desafio. — Precisamos mudar isso.
— E iremos, não?
A fala deo fez parar, e como não estavam mais de braços dados para conseguirem passar pelo portal, o quase casal parou um pouco à frente, encarando o demônio:
— Vamos?
Morningstar voltou a si, aceitando a mão de ambos para prosseguirem com o caminho, e não sabia o motivo, mas o seu interior estava muito inquieto.
*
Após o primeiro encontro, os três continuavam a descobrir muitas coisas um dos outros, e, aos poucos, o quase casal ia se afeiçoando ae vice-versa, até que, três meses depois, eles fizeram uma viagem juntos em busca de algumas decorações e fornecedores para o halloween, e quando retornaram ao submundo, anunciaram em alto e bom som que estavam namorando.
Nessa viagem, por mais que tivesse certeza dos seus sentimentos, Morningstar não queria dar um passo maior que podia, principalmente quando dizia que não namoraria novamente, contudo, esse era um dos momentos em que tinha mais certeza em toda a sua vida, só possuía receio de não ser correspondido ou de estar apressando as coisas. Todavia, sendo surpreendido mais uma vez pore— que não mediam esforços para demonstrarem seus sentimentos pelo demônio —, o homem se viu maravilhado ao entrar na cabana que haviam alugado para a semana, que era simplesmente perfeita. Porém, percebeu que os dois não estavam nela, e antes que pudesse ligar para eles, uma carta caiu na sua frente, e o demônio riu, sabendo que era mais um objeto encantado por. Ela adorava presenteá-lo aleatoriamente, e como não podia ir sempre ao inferno, a mulher sempre dava um jeito de mandar um mimo, enquantoera mais do tipo de mandar mensagens e ligar.
Seguindo as dicas das várias cartinhas que surgiam a cada novo lugar que ele era guiado, Morningstar chegou até os fundos da cabana, que davam a uma linda floresta iluminada por vaga-lumes. Assim que terminou o caminho, saiu em um campo de flores, também iluminado, e ao encontrare, não havia mais uma gota de receio em seu corpo.
estava pronto para amar e ser amado após longos e longos anos, contudo, mais uma vez, o quase casal preparou uma surpresa final.
— Esperamos que tenha gostado do nosso presente de três meses — iniciou o rapaz e sorriu abertamente. — Sei que não estamos namorando, mas queríamos comemorar todos os meses da nossa amizade.
— E queremos te dar um presente. Sua mão, por favor. — O rei se aproximou e estendeu sua mão, vendo os dois colocarem um anel em seu anelar. — Antes de explicarmos sobre o anel, precisamos te contar uma coisinha. — O demônio assentiu. — Sabe a razão pela qual nós nunca nos consideramos um casal? — Negou. — Por mais que a gente se ame, sempre nos sentimos incompletos. Pode parecer loucura pros demais, mas não parecia certo para a gente.
— Por mais clichê que soe, era como se faltasse um pedaço de cada. — Coçou a nuca levemente sem graça, fazendo com queerissem, já que não era o normal do rapaz ficar envergonhado. — E mesmo que nós dois nos envolvêssemos com outras pessoas, essa sensação não passava.
— No dia que nos conhecemos, há três meses — a mulher segurou a mão dos homens —, eu edecidimos tentar encontrar o nosso amor. Confesso que estávamos impacientes — riu —, então encantamos a faca. “Em nome da feiticeiraPetit e do vampiro Lee, por favor, nos traga o nosso amor”, era o que sempre dizíamos, no entanto, a faca sempre retornava pra gente depois de alguns minutos. Mas, dessa vez ela não demorou, e já sabíamos que você estava nos observando.
— Não falamos nada por termos ficado surpresos, e também não queríamos enfiar os pés pelas mãos e acabar assustando você. Apesar de, bem, você ser o rei do inferno e provavelmente não se assustar com duas pessoas animadas e afobadas. — Lee caiu na risada, pensando em quão bobos ele ehaviam sido com essa preocupação. — A faca não interfere nos nossos sentimentos, ela só mostra quem é o nosso amor. E a sua cicatriz ser igual a nossa só confirmou nossas suspeitas, já que dizem que pessoas com marcas iguais estão destinadas a ficarem juntas, né? Desde o dia um tivemos a certeza de que você é o nosso amor, meu bem.
— E queríamos saber se você aceita a namorar conosco e a dividir nossas longas vidas?
ese entreolharam, com sorrisos de orelha a orelha.
Ambos estavam extremamente felizes e certos de queMorningstar era a peça que faltava em suas vidas, e não havia um dia sequer que não fizessem questão de conquistar o demônio e de demonstrar que gostavam dele verdadeiramente. Por outro lado, o rei suspirou, sem saber como lidar com tamanha emoção. Ele estava muito animado ao mesmo tempo que derramava algumas lágrimas de alegria, afinal, ter o seu amor correspondido o enchia de alegria e era algo mágico.
— Vocês sempre estão a um passo à frente de mim — confessou ao levar suas mãos ao rosto de cada um, fazendo um carinho — e eu não consigo medir em palavras o quão feliz eu estou. Sim, eu aceito o pedido de vocês, e espero que possamos ter uma vida linda juntos.
— Nós iremos, meu bem. —o olhou carinhosamente.
— Mais tarde vocês terminam a explicação sobre o anel, tudo bem? — O demônio os beijou demoradamente. — Agora, vamos comemorar essa nova etapa, sim?
Os três voltaram para a cabana com seus corações batendo mais forte, e durante toda a noite — e pelo restante da viagem, eles se amaram perdidamente, aproveitando cada segundo. Ao retornarem da viagem,esaíram com Lilith e as princesas para fofocarem, e enquanto tomava um vinho da varanda do seu quarto,decidiu ver as memórias do anel.
— Aparentemente ele recria memórias… — comentou ao estender a sua mão para frente.
Não demorou para a projeção acontecer, e logo Morningstar se viu imerso em diversas lembranças: o dia em que decidiu pedir Lilith em casamento, suas aventuras com Aerith e Jeonghan, sua coroação, o primeiro aniversário das trigêmeas… Por mais que fossem rápidas, as memórias traziam uma sensação tão gostosa que ele se sentia em paz, no entanto, o homem não estava preparado para a última. A silhueta desurgiu diante dos seus olhos, e alguns flashes dos momentos que partilharam apareceram, terminando somente com o feiticeiro em um campo de lírios. O rapaz aparentava estar bem, e o demônio ainda não acreditava que estava o vendo mais uma vez. Tudo parecia irreal demais até que a voz de Feidan soou, contribuindo ainda mais para a irrealidade.
— Já se passou bastante tempo, certo? Vejo que você finalmente encontrou seus dois amores, e espero que você possa ter uma vida linda e repleta de amor com eles.esão especiais, sabia? Fiquei impressionado ao receber o contato deles! Pena que não estamos no mesmo plano, caso contrário, eu roubaria os dois de você. — Sorriu travesso, arrancando uma risada de. — Obrigado por todas as visitas e por me amar, querido. Ah, e pode ficar tranquilo, eu estou em um lugar maravilhoso e pretendo continuar os meus experimentos por lá! Como esse é o nosso último contato, queria lhe desejar um novo início repleto de coisas boas, e feliz incontáveis anos do nosso relacionamento. O destino é realmente um puto, mas ele sabe trabalhar direitinho, né? Amo você,Morningstar. Até mais! Manda um beijo para todos por mim!
A silhueta defoi sumindo gradativamente até não sobrar mais nada, deixando o rei sem reação. Em todos os seus anos ele nunca imaginou que fosse receber um presente tão precioso, e com o presente veio um bônus mais do que perfeito, que o fez chorar. O homem foi trazido de volta para a realidade ao escutar algumas batidas na porta, e, ao abrir, deu de cara come Petit que logo o envolveram em um abraço apertado.
— Sentimos que você estava com as emoções embaralhadas — Lee o apertou mais —, e corremos para cá.
— Você viu as memórias, né? Lilith e os demais nos ajudaram a recriá-las, e em relação ao, nós o encontramos em um sonho em conjunto. Você sabe que nossa ligação com opermite que possamos compartilhar nossos sonhos, e em um deles oestava lá. Não foi difícil achá-lo, e devo dizer que ele é uma graça — riu —, e achamos importante ter lembranças dele.
— Agradecemos por ter compartilhado com a gente a história de vocês.
— O que eu vou fazer com vocês? —encarou os dois ainda em lágrimas. — Vocês não se cansam de me surpreender, e às vezes acho que vocês me dão mais do que eu mereço…
— Não existe isso de merecer, meu bem. A gente ama você, é natural querermos te mimar e demonstrar isso.
— Vocês serão o meu fim, disso eu tenho certeza. — Sorriu apaixonadamente. — Eu te amo,Petit. — Beijou a mão dela. — Eu te amo, Lee. — Beijou a dele também.
Morningstar não precisou falar mais nada para ter a certeza de que eles se sentiam do mesmo jeito que ele, e os três continuariam se amando para sempre.
Fim
N/A: depois de 84 anos, finalizei a fic \o/
inicialmente eu ia trazê-la no último quiz, mas eu mudei o enredo todo e aqui está a história do Lúcifer com o seu amor e os seus amores <3
A história ficou maior do que eu imaginei, mas gostei dela! Confesso que adoraria ver os quatro juntinhos, porém, nem tudo é como a gente quer, né? Vai que um dia eu traga os quatro em um universo alternativo?
Damien, Dino e Maxi são PERFEITOS! Lúcifer tirou a sorte grande com esses três hihihi
Ah, a Maxi é imortal também (caso surja essa dúvida)!
Espero que tenham gostado!
Até a próxima <3
Ooown, te contar, eu li “Damien” e lembrei do “Damian” e fiquei “é o filho do gapiroto? JASODASPDOJOP no fim era o amor dele :B
Ai, por favor, traga a história de poliamor com os quatro juntinhos sim, vai ser lindo 🥹
E eu preciso de uma faca dessas na vida real, alguém me arruma?