Love & Drugs
levou sua taça de champagne à boca, sentindo a bebida doce descer por sua garganta enquanto olhava a movimentação ao redor. Todos os convidados estavam muito bem vestidos, as mulheres com seus vestidos caros e penteados extravagantes, enquanto os homens usavam seus sapatos bem engraxados e o smoking impecável, assim como seus cabelos cheios de gel.
não estava diferente, a roupa social era sua velha conhecida, assim como as pessoas naquela festa. Conhecia todas as famílias que ali estavam, o círculo da high society não era assim tão grande quanto parecia e a maioria dos convidados eram velhos, passados dos cinquenta, assim como seus pais que estavam do outro lado do salão bem iluminado conversando com o senador e a esposa, parabenizando-os pelo aniversário de casamento, o motivo principal da festa.
No fundo, todos sabiam que Nico estava esperando o momento de anunciar sua candidatura a um cargo mais alto e que contava com todos ali presentes para ajudá-lo nessa nova empreitada.
suspirou parando o olhar em outra cena, claramente mais interessante que a anterior; seu melhor amigo, Kennedy, flertando com uma mulher a qual não conseguia ver direito devido à distância. Brock manteve seu sorriso galanteador para a mulher de braços cruzados, encostada na parede branca. Ela sorria cordial, embora fosse claro o tédio que a dominava. Quando um garçom passou próximo ao casal, a loira não perdeu tempo em pegar uma taça de champagne antes de dar uma desculpa qualquer e afastar-se.
ainda conseguiu ver a expressão descrente do amigo, que passou a mão pelos cabelos bem alinhados antes de abotoar o terno e dar meia volta, procurando outra pessoa que pudesse lhe interessar.
A mulher olhou ao redor enquanto levava sua taça aos lábios vermelhos, seu olhar logo parando nos olhos verdes de que sorriu de lado ao notar, levantando sua própria taça em um brinde silencioso, o qual foi correspondido com um arquear de sobrancelha antes de ela empertigar-se e andar até o mesmo, sentando-se na banqueta ao seu lado. O homem virou-se em sua direção, mantendo um sorriso leve nos lábios, estendendo a mão para apresentar-se.
— , ao seu dispor.
A mulher o analisou de cima a baixo antes de sorrir, tocando em sua mão e vendo quando ele a levou aos lábios, em um beijo suave.
— .
franziu o cenho, olhando para o lado, procurando por alguém.
— Parente do senador?
— Prima.
— Como eu nunca te vi por aqui?
— Passei os últimos anos fora do país. — Abanou a mão, fazendo pouco caso. Ele interessou-se sobre o assunto.
— Europa?
passou a língua sobre os lábios grossos, olhando-o de soslaio.
— Talvez…
— Entendo. — Piscou antes de voltar sua atenção a sua taça, virando-se na banqueta e tornando a olhar pelo salão com uma pose mais despojada, um tanto incomum naquele local. Eram todos muito formais por ali.
— Mas e você, ? Aproveitando a festa?
O rapaz não a olhou, mas sorriu de lado, demorando alguns segundos para respondê-la.
— Aproveitando o que é possível em uma festa na qual a música vem de violinistas e a maioria dos convidados passou dos cinquenta.
concordou com um aceno, tomando um gole de sua bebida antes de ficar de lado, tocando-lhe o ombro sutilmente.
— Engraçado, achei que já estivesse acostumado com esse tipo de evento.
— Acostumado, sim. Mas não significa que eu goste, nem que desgoste. — Piscou misterioso, vendo-a rolar os olhos castanhos.
— Se quer saber, eu gostava muito da minha vida na Europa, pelo menos podia ficar longe de toda essa chatice.
arqueou a sobrancelha, sorrindo leve.
— Uma dama da high society que não está feliz com a vida de eventos? Isso é novidade.
— Tão novidade quanto o herdeiro de IV entediado neste mesmo evento?
riu baixo, concordando com um aceno.
— Touché.
o encarou por alguns segundos, decidindo se daria aquele passo.
— Vamos tornar esta noite mais interessante, o que acha?
Ele sorriu, encarando-a com um olhar desejoso.
— Não desta forma, . Olhos aqui em cima, querido — reclamou com a voz arrastada, apontando para o próprio rosto quando percebeu que ele encarava seu decote.
O loiro suspirou, desculpando-se enquanto passava a mão pelos cabelos curtos, tornando a olhar para o rosto bem maquiado da mulher.
— Então, qual é a sua ideia?
— Verdade ou desafio, nas minhas regras. O que acha?
O rapaz franziu o cenho, confuso. Principalmente ao notar o olhar divertido que vinha dela. Olhou ao redor, ninguém parecia reparar no casal conversando no bar, nem mesmo o barman que estava do outro lado do balcão limpando alguns copos.
— E como seria?
— Eu faço alguma pergunta, dependendo da sua resposta vamos para o desafio. Concorda?
— E como vou saber se estou ganhando ou perdendo? — questionou cruzando os braços.
deu de ombros, mantendo um sorriso desafiador nos lábios.
— No final do jogo você decide se venceu ou perdeu, topa? E convenhamos, nesta festa nós dois estamos perdendo!
suspirou, no fundo concordava. Sentia que sua vida estava se esvaindo aos poucos.
— Qual a primeira pergunta?
pensou por alguns instantes, mordendo o lábio inferior enquanto o analisava.
— O que você faria se ninguém pudesse te ver esta noite?
— Se eu fosse invisível? — perguntou em meio a uma risada nasalada.
Ela negou também rindo.
— Se você pudesse ser apenas um. Não o.
a encarou, que raios de pergunta era aquela?
Virou o restante de sua taça antes de tornar a pegar a garrafa próxima no balde com gelo.
— Eu fugiria.
A mulher o olhou interessada, curvando-se levemente sobre o balcão, o braço sobre o mesmo enquanto apoiava sua cabeça na mão, encarando-o de lado.
— Do quê?
— Essa é a segunda pergunta?
— Um complemento da primeira.
Ele suspirou, sorrindo triste.
— Se eu pudesse ser um qualquer, eu sairia daqui, aproveitaria de verdade, sabe? Chega de festas chatas nas quais você precisa quase entrar em coma alcoólico para suportar. Chega de sorrir para pessoas que você não se importa, apenas porque deve fazer… Com todo o respeito — acrescentou para a mulher, que riu concordando. — Eu poderia aproveitar uma noite dos meus vinte e quatro anos, sem ser o herdeiro das empresas, o primogênito que deve honrar o nome da família e comparecer em eventos que não me interessam. Seria apenas o . Um .
pensou por algum tempo, vendo-o terminar de virar a bebida na taça e então tornar a enchê-la. Talvez ela se arrependesse mais tarde, talvez não.
— Eu te desafio a realizar o seu desejo, agora.
— O quê?
esperou que ela começasse a rir, o chamasse de ridículo ou talvez algo pior, mas a mulher se manteve séria, aguardando sua resposta. Podia ser o álcool que começava a subir em seu sangue ou a simples vontade de sair dali, desrespeitar as regras, mas não demorou a se levantar da banqueta, esfregando as mãos.
— OK.
riu, negando com a cabeça e o loiro sentiu o estômago despencar. Era apenas uma piada.
— Calma, garotão! Prioridades. Primeiro, me espere na entrada, próximo ao estacionamento e, de preferência, não deixe ninguém te ver saindo, te encontro em dez minutos.
ficou agachado atrás de uma planta na entrada, olhando por entre as folhagens enquanto esperava por . Tinha uma vontade de gargalhar, mas abafava o barulho com as mãos sobre a boca. Aquilo tudo parecia tão excitante, ao mesmo tempo em que não parecia nada importante era como um ato de liberdade no seu interior, mesmo que pequeno.
Um pequeno passeio para e a liberdade para , essa poderia ser a frase de impacto sobre sua aventura que estava começando. Embora a demora por estivesse deixando-o mais nervoso do que gostaria. Arrependeu-se por não ter ido ao banheiro antes de sair do salão, juntando as pernas para tentar conter sua bexiga, movendo-se desajeitado enquanto segurava a súbita vontade de aliviar-se.
— Você está dançando?
segurou a vontade de gritar, colocando a mão sobre o peito e olhando assustado para trás, vendo a mulher olhá-lo divertida, segurando uma risada. Recompôs-se, arrumando a postura e pulando o pequeno degrau que os separava.
— Por que demorou tanto? E como você passou sem eu te ver?
riu apontando com o polegar para trás.
— Saída de funcionários, querido. Só pessoal autorizado e eu. — Sorriu malandra, logo erguendo a mão e mostrando uma garrafa de champagne. — E fui buscar isso, nenhuma escapada que se preze começa sem um bom champagne. Vamos?
— Preciso de um minuto antes — avisou, sentindo o rosto esquentar levemente ao precisar confessar o motivo. riu, esperando enquanto ele andava para a lateral para aliviar-se, voltando instantes depois. — E pra onde vamos, madame? — questionou galanteador enquanto andavam por entre os carros do estacionamento, entregou-lhe a garrafa enquanto tirava os saltos agulha.
— Para um lugar no qual você provavelmente não deveria estar, senhor! — Piscou entrando em um conversível vermelho.
a encarou por alguns instantes, olhando para os lados.
— Relaxa, só vamos pegar emprestado! — Riu da cara assustada que o homem fazia, e então abanou a mão, chamando-o. — Vamos lá, . O carro é meu, só queria saber até onde iria sua rebeldia!
rolou os olhos, mas não negaria que se sentiu mais tranquilo ao saber que não estavam roubando um carro. Sua grande escapada tinha limites.
— Me perdoe se eu não quero terminar a noite na cadeia! — ironizou enquanto colocava o cinto de segurança.
tornou a rir antes de olhar sutilmente pelo painel do carro, sorrindo de lado ao encontrar a chave do veículo em cima do porta-copos.
— Tudo bem, um passo de cada vez, não é mesmo?
A mulher girou a chave na ignição tomando cuidado para sair do estacionamento com os faróis apagados, enquanto fingia procurar uma música no rádio. Assim que passaram pelo portão de entrada, sem qualquer interrupção, já que ninguém imaginaria um roubo de carros em um evento como aqueles, viu pelo retrovisor os dois rapazes encarregados por manobrar os veículos encostados em um canto mais na lateral do prédio, fumando. sorriu sozinha e então ligou os faróis, baixou a capota e aumentou o volume do rádio quando ouviu que tocava Guns n’ Roses, percebendo o olhar assustado de ao seu lado. Claramente não esperava algo como aquilo vindo da prima de um senador.
— Eu posso apostar que Nico não sabe sobre isso, não é?
sorriu malandra, piscando para o homem.
— Nico não sabe de nada, meu bem.
abriu o champagne com certa dificuldade, enquanto a mulher dirigia pelas ruas quase desertas da cidade. Sentia-se levemente curioso em saber o lugar que estavam indo, mas decidiu apenas confiar na loira. Não poderia ser assim tão ruim.
Tomou um gole da bebida e, quando pararam no sinal, ofereceu para , que não fez cerimônia antes de levar a garrafa à boca, virando dois ou três goles.
Rodaram por mais alguns minutos, nos quais apenas olhava para as ruas prestando atenção naquela calmaria, sentindo o peito leve.
Riu sozinho ao imaginar o que sua mãe diria se o visse naquele momento.
— Com sono? — perguntou ao vê-lo com os olhos fechados.
— Apenas pensando… Ei, você não me disse o que faria se fosse apenas uma .
A mulher riu, dando de ombros;
— Eu faria as mesmas coisas que faço sendo a .
pensou sobre aquilo, ela parecia tão decidida, tão confiante. Passou algum tempo encarando-a de perfil, notando pequenos detalhes como uma pequena cicatriz próxima à sobrancelha direita.
— Como você ganhou isso? — Apontou com o dedo para o próprio rosto, embora continuasse a olhá-la, interessado na história. deu de ombros, demorando alguns segundos para respondê-lo.
— Não lembro direito, fazem anos, eu era pequena. Parece que eu caí de uma árvore ou algo assim.
riu baixo, imaginando a cena.
— E você? Alguma aventura que resultou em uma cicatriz?
— Apenas essa — ergueu o queixo, mostrando uma marca pequena. — Caí de bicicleta quando tinha dez anos, dois pontos.
— Voltou a andar de bicicleta depois disso?
O homem concordou sorrindo, achando a pergunta um tanto boba.
— É claro que sim, por quê? Nunca mais subiu em uma árvore?
A mulher riu concordando com um aceno. fez mais duas perguntas banais, apenas para não ficarem em silêncio. estacionou em uma rua lateral poucos minutos depois, recolocando os saltos que tinha deixado atrás de seu banco e então descendo, acompanhada pelo homem, que olhava curioso para os lados, segurando a garrafa com metade do conteúdo.
— Onde estamos?
— Na sua noite de um qualquer. — Piscou animada, puxando-o pela mão em direção à rua, logo parando em frente a uma porta preta e a abrindo. Passaram por um corredor estreito no qual já podiam ouvir uma batida eletrônica. abriu uma segunda porta e logo as luzes do lugar atingiram os olhos claros do rapaz, fazendo-o fechá-los por breves instantes enquanto acostumava-se com as luzes coloridas e fortes, e com o som alto. Reparou no número de pessoas que ali estavam, pulando com a música ou beijando-se pelo meio da festa, ou nos cantos encostados nas paredes.
Não demorou para notar que a lei de dois corpos não dividem o mesmo espaço, não se aplicava àquela boate; tinha muito mais pessoas do que deveria ser permitido e não tinha ventilação necessária, de forma que se sentiu aflito ao perceber aquele ar quente, abafado. Mas virou-se rindo em sua direção, fazendo-o esquecer-se momentaneamente daquela primeira impressão. O sorriso largo em seus lábios o fez sorrir junto, vendo-a se esticar em sua direção gritando para conseguir ser ouvida no meio de todo aquele barulho.
— Somos os mais bem vestidos da noite!
— Seremos o rei e a rainha do baile! — respondeu rindo, vendo-a concordar antes de tornar a puxá-lo por entre a multidão.
não sabia como, mas em um momento estava pulando ao lado da mulher, mesmo sem conhecer as músicas que tocavam, apenas deixou-se levar pela batida. Em outro estava rindo com um grupo de pessoas que não conhecia, mas pareciam amigos de . Em um terceiro momento notou uma segunda garrafa de champagne, a qual dividia com . Um instante depois aceitou um cigarro que lhe foi oferecido de um dos caras que conversava com eles. Em alguma parte da noite retirou seu smoking, prendendo-o de qualquer jeito em sua cintura antes de afrouxar a gravata que usava e abrir alguns botões de sua camisa social, estava calor demais para continuar com todas aquelas roupas. Em certo ponto acabou abrindo todos os botões, o suor escorrendo por seu corpo, deixando suas costas grudadas no tecido da camisa.
Ria animado mesmo quando não entendia o que lhe diziam. Em certo ponto achou que o cigarro que fumava não era apenas um cigarro, pois ele começou a se sentir muito mais leve e despreocupado, e duvidava que fosse apenas o álcool em seu sangue.
Em outra parte da noite, percebeu dançando próxima a ele, rindo em sua direção enquanto tomava um gole do champagne. Ele a observou por alguns instantes, notando quando derrubou um pouco do líquido que desceu por sua boca, até se perder no decote do vestido preto que ela usava. o encarou quando notou o olhar perdido de , sorrindo de leve antes de aproximar-se, puxando-o pela gravata fina e juntando seus lábios com os dele.
precisou de três segundos para entender o que acontecia, três segundos para corresponder ao beijo. Três segundos para levar suas mãos à cintura da mulher, puxando seu corpo de encontro ao dele e mais um segundo para esquecer-se da música, luzes e pessoas ao redor.
Em quatro segundos eram apenas eles dois, sozinhos em uma multidão.
passou a mão esquerda pelos cabelos curtos do homem antes de livrar-se da garrafa em sua outra mão, coisa que ela nem sabia como tinha feito, podia simplesmente tê-la derrubado no chão ou alguém ter retirado de sua posse. Não se importou em descobrir o que tinha acontecido, apenas em mordiscar o lábio inferior de antes de voltar a beijá-lo com intensidade. Minutos depois sentiu a parede gelada em contato com suas costas descobertas, enquanto ria entre o beijo, parando um instante para encará-la e dizer com a voz rouca.
— Você tem gosto de champagne.
Ela sorriu, negando com um aceno.
— Nós temos gosto de champagne.
Saíram cambaleando da boate e então sentaram-se no meio-fio da rua, apreciando alguns minutos de silêncio. O vento frio não os incomodou logo de cara, era até muito bem vindo já que seus corpos ainda estavam quentes e suados demais por dançarem por tanto tempo. escutou o celular tocar, retirando-o de seu bolso após tragar um cigarro mentolado, recusou a chamada enquanto soprava a fumaça.
— Quem era?
— Minha mãe — respondeu com a voz baixa, entregando-lhe seu smoking quando percebeu os braços arrepiados da mulher, a qual sorriu em agradecimento antes de colocar a peça. — Ela vai enlouquecer se souber onde estamos.
olhou ao redor, o cenho franzido.
— Lugar e pessoas erradas? — perguntou, embora já imaginasse a resposta.
— Provavelmente as atitudes também, não acho que ela ficaria contente ao saber que eu estava fumando um baseado lá dentro. — Sorriu tranquilo, relaxado.
, por outro lado, ficou em silêncio, parecendo pensativa.
— Entretanto, não acho que ela iria reclamar tanto. Afinal, você está aqui também, não é? Imagino que ela ficaria feliz por saber que passei um tempo com a prima de Nico ! — Riu divertido com sua piada, esperando ouvir sua risada alta e animada, porém não teve resposta. Ela parecia muito concentrada para rir da piada sem graça de . — O que foi?
piscou, sorrindo de leve e abanando a mão.
— Acho que estou ficando com sono, é melhor voltarmos, não é? Já devem estar terminando a festa e claramente sentiram sua falta! — Levantou-se, tropeçando levemente nos próprios pés descalços, segurando os saltos com a mão direita e estendendo a esquerda para também levantar.
suspirou, não queria voltar tão rápido. A ideia de ser uma pessoa qualquer tinha o agradado mais do que confessaria mais tarde, e também queria passar mais tempo ao lado de , porém apenas sorriu de volta segurando em sua mão e levantando-se. Tragou uma última vez o cigarro antes de jogá-lo no chão, pisando no mesmo para apagá-lo.
Percebeu o cuidado da mulher ao pisar para não machucar os pés nas pedrinhas ou qualquer outra coisa que tivesse no chão, por isso não pensou duas vezes antes de puxá-la para perto, e então pegá-la no colo. Escutou o grito surpreso e logo a risada alta e animada, enquanto ele a carregava de volta para o carro.
Colocou-a sobre o capô do conversível e, antes que ela descesse em direção ao assento do motorista, se aproximou o suficiente para voltar a beijá-la.
O gosto da bebida ainda estava presente, misturado com o mentolado do cigarro que havia fumado. o empurrou pelo peito após alguns minutos, suspirando antes de afastar-se por completo e voltar para o carro.
— Vamos voltar, .
concordou com um aceno, entrando no carro instantes depois. Fechou os olhos por poucos segundos, enquanto a mulher voltava a dirigir pelas ruas desertas.
— Deveríamos fazer mais alguma coisa. O que acha se fôssemos à praia?
riu baixo.
— É sério, poderíamos fazer alguma coisa. Talvez viajar para Europa? Talvez Canadá? Prefere América do Sul?
— , eu só tenho dinheiro para o final de semana — comentou em voz baixa.
O loiro a encarou por um minuto completo. Não era a primeira vez na noite que ela lhe deixava com essa pequena dúvida, sem saber se estava brincando ou falando sério. Mas era parente de Nico , um dos homens mais bem-sucedidos e importantes da cidade. Era claro que ela estava só brincando, embora ele ainda não tivesse entendido a parte engraçada da piada.
— Você ainda não me disse muita coisa sobre você. — Lembrou depois de um tempo em silêncio. — Fui o único que falou a noite toda!
— O que quer saber? — questionou curiosa, avançando no trânsito quando o sinal abriu.
— Como você conhecia aquela boate? E àquelas pessoas?
A mulher deu de ombros, suspirando antes de responder.
— São meus amigos, o cara que te deu o baseado, Garrett, é meu amigo de infância. Crescemos, estudamos e erramos juntos. A boate eu frequento desde antes dos dezoito, era um bar, mudou de dono faz pouco tempo.
concordou com um aceno, ajeitando-se no banco para ficar mais confortável.
— Como você consegue não ser a o tempo todo?
Ela apenas sorriu, olhando-o rapidamente antes de diminuir a velocidade.
— Eu sou apenas a , meu sobrenome não me define. Nem minha conta bancária. Hoje eu fui a que te levou pra ter uma noite divertida e fugir de uma festa. A propósito, eu jurava que seria melhor do que foi! Hoje eu fui apenas aquela que te levou a fazer todas as coisas que sua mãe te disse para não fazer com pessoas que você não deveria estar, em um lugar que você não deveria conhecer.
Ele sorriu de lado, um tanto confuso com sua explicação, queria algo mais específico, que ele pudesse aderir de vez em quando.
— Consegue se arrumar e voltar para o salão enquanto eu estaciono? — questionou, e só então o homem notou que estavam parados na esquina da festa.
assentiu, soltando o cinto e abotoando sua camisa, suja e suada, antes de arrumar sua gravata.
— Te vejo lá dentro, baby! — Apontou com o polegar para o prédio, apenas riu da forma engraçada que ele falou, olhando-o cambalear até a entrada do prédio.
estava sentada em um dos degraus, próximo à entrada, esperando a mulher voltar. Questionava-se levemente sobre o tempo que ela precisava para estacionar quando ouviu vozes aproximando-se.
— ! Estamos te procurando faz quase uma hora e… Meu Deus! O que aconteceu? Você foi assaltado?
— O que…? Não… Não! — Negou acenando.
Seus pais se entreolharam, notando a forma lenta que ele falava e mexia-se.
— … — O mais velho agachou-se ao seu lado. — O que você fez?
O loiro rolou os olhos, sem responder. Virou-se quando notou uma terceira pessoa aproximar-se, ficando em pé com certa dificuldade quando o reconheceu.
— Nico! — Sorriu para o anfitrião. — Adorei sua prima, muito divertida! Onde ela está?
franziu o cenho, primeiro analisando o estado do jovem e olhando de canto para seus pais, que pareciam extremamente acanhados com a situação inteira.
— Prima? Que prima, ?
— , é claro! ! A encontrei na festa e depois fomos dar uma volta, ótima pessoa. Beija bem! — Riu malandro, apoiando-se em seu pai quando sentiu a cabeça girar. — Ela foi estacionar o carro, mas ainda não voltou e… O que foi?
desceu os degraus rapidamente, olhando ao redor antes de chamar um dos seguranças.
— , como é essa ? Com que carro vocês saíram?
— Com o conversível dela e… Você não conhece sua prima? — questionou confuso.
— , eu não tenho nenhuma prima chamada . Essa mulher que você encontrou, era uma penetra. E, aparentemente, uma ladra!
passou incontáveis minutos o encarando bobamente, sem saber o que estava acontecendo ao redor. Seu pai o deixou sentado novamente enquanto sua mãe pedia para alguém lhe trazer água gelada e sugeria para que fossem ao médico, certificar-se que estava tudo bem com seu filho. Ele claramente tinha sido drogado pela penetra e não estava ciente de suas atitudes.
ainda teve tempo de ouvir um dos manobristas avisarem a Nico que o conversível tinha sido encontrado a apenas três quarteirões dali e dentro tinha um smoking jogado, o qual todos presumiram ser de , o que lhe foi entregue pouco depois.
Antes de seguir para o hospital, ainda perdido com tudo aquilo, questionando-se sobre como ele poderia não ter notado antes que tinha algo errado, colocou seu blazer, protegendo-se do frio que fazia àquela hora da madrugada.
Estava com a cabeça encostada no vidro gelado do banco de trás do carro de seus pais quando colocou as mãos no bolso, sentindo um pedaço amassado de papel. Puxou-o, lendo com certa dificuldade a letra pequena e cursiva:
“ foi apenas a aventura que você precisava para essa noite.
Até a próxima, !
xx”
OK, eu desconfiava que algo de errado não estava certo, mas não esperava isso exatamente 😂😂
Fui surpreendida e quero um reencontro desses dois!