love at a bar?
Alonguei os meus braços e me afastei da mesa, agradecendo por finalmente terminar as tarefas da semana. Por mais que o período de provas tenha terminado, alguns professores tiveram a brilhante ideia de adiantar os trabalhos futuros para agora, com o intuito de não perderem seus preciosos finais de semana corrigindo e dando nota no final do semestre. Suspirei pesadamente, massageando o meu pescoço a fim de tentar relaxar um pouco, mas logo o meu quarto foi invadido por duas pessoas extremamente animadas. e estavam devidamente arrumadas, conversando sobre alguma coisa que não fiz questão de prestar atenção e bocejei, cogitando dormir assim que saíssem da minha cama.
— Você sabe o motivo de estarmos aqui, certo? — revelou a sua bolsinha de maquiagem, tirando elas de dentro e espelhando na cama.
— Deveria? — Rolei os olhos.
— Não nos culpe pela sua promessa. — me fez sentar na cadeira e prendeu o meu cabelo, pondo a faixa de ursinho para que a minha franja não atrapalhasse. — “Prometo que na próxima ficarei até o final”, se lembra?
— No nervosismo falamos merda, fazer o quê. — Dei de ombros, completamente de mau humor. — Só não me diga que…
— O estará? Provavelmente. — iniciou a maquiagem enquanto decidia a minha roupa. — E a querida também.
— Que ótimo. Agora terei que beber três garrafas de soju para afogar as mágoas do coração partido.
Se passaram três semanas desde o fatídico dia chuvoso que a minha declaração foi pelo ralo, quase que literalmente. Eu evitei ir na cafeteria, e felizmente não esbarrei com e sua namorada, contudo, descobri que o grupo inteiro estudava na mesma faculdade que a minha, só que em horários diferentes. Os deuses devem me favorecer um pouquinho para me livrarem desse encontro, e eu agradecia por não ter que passar por outra situação patética e desconfortável.
No dia seguinte ao ocorrido, contei para as meninas o que houve e não foi necessário muito para que elas bolassem planos mirabolantes para fazê-lo se arrepender, mas as cortei no momento que escutei suas ideias. não tinha que me dar uma explicação e eu não queria jogar com a carta “sou tão gostosa, olha o que você perdeu”, porém, não nego que ter o apoio delas e suas maluquices foram as principais razões para que eu não ficasse mal durante esse tempo. Eu as amava mais que tudo, mesmo quando enchiam o meu saco para acompanhá-las em eventos que seriam claramente chatos.
— Ah, mas você vai jogar essa carta, . — pôs a mão na cintura e balançou o pincel de blush com a outra. — Uma beldade dessas não pode ficar para fora da pista. Se não é com o , terá outras pessoas para ao menos coletar umas olhadas.
— Ela tem razão. Ninguém está te forçando a conhecer alguém, entretanto, receber uma atenção faz bem, sabe?
— O feitiço virou contra a feiticeira, né? — Ri fraco. — Bom, vocês têm razão.
— Que bom que concorda. Todavia, se quiser, ainda podemos seguir com o plano…
— — a reprovei com o olhar —, já disse que não é preciso.
— Se ele tentar te explicar, você dará a chance?
— E o que ele tem a explicar, baby? Ficou bem claro que ele namora e eu não quero fazer parte desse drama.
— O motivo dele ter trocado olhares com você. Eu super entendo que não te deve nada, mas não foi nada certo ele sustentar essa troca de olhares por dois meses se já tinha alguém.
— E não era uma troca simples de olhares, . Até eu que passei menos tempo com vocês na cafeteria reparei o quão intenso era, tanto que acreditei que depois da confissão vocês marcariam a data de casamento.
— Não passou de uma doce ilusão, babies. Agora, terminem de me arrumar antes que eu desista de sair com vocês.
Colocamos um ponto final no assunto – por enquanto – e focamos em decidir qual roupa eu usaria, e depois que finalizamos tudo, tiramos algumas fotos para postarmos, afinal, era sexta e iríamos nos divertir.
*
O bar não era tão longe do campus e, felizmente, tinha um carro e fazia questão de nos levar para todos os lugares, então chegamos sem delongas no local, logo encontrando o grupo. Inevitavelmente, acabei procurando no meio de seus amigos, o achando sentado na ponta acompanhado de sua namorada que possuía uma expressão nada feliz. entrelaçou nossos braços, fazendo questão de passar em frente ao casal quando fomos cumprimentar os demais; soltei um risinho baixo com sua ação, ela e definitivamente iam aplicar o modo “vingança”, e eu permitiria, pelo menos pelas horas que passaríamos no bar.
— Podem pedir o que quiserem! Hoje é pela conta do ! — anunciou, visivelmente alto.
— E quem disse isso? — o rapaz respondeu, arqueando uma sobrancelha.
— Eu? Você não quer agradar sua namorada?
— Não sei que “namorada”. — sorriu travessa. — Não recebi nenhum pedido. Ou será que você tem uma e eu perdi algo? — A sua fala foi o suficiente para fazer abraçá-la e começar a dizer que ela era a única na sua vida, e eu pude ver minha melhor amiga se divertindo às custas do seu futuro namorado.
Eu sabia que o tom de voz usado pela garota havia sido o bastante para todos da mesa escutarem, e espiei engolindo seco, desviando o olhar da sua namorada. piscou para mim, satisfeita por ter conseguido atingir o garoto com a sua indireta e eu ri de sua reação, a achando um pouquinho infantil, mas fiquei ligeiramente contente por ver que ele tinha consciência de seus atos.
A noite prosseguiu em meio a risadas, histórias, brincadeiras e claro, álcool. Quando eu disse que beberia três garrafas de soju, eu não estava zoando, e ao finalizar mais uma garrafa da minha tão adorada bebida, pude escutar uma briga de fundo, deduzindo que seria de com a garota. No mesmo instante eles saíram do bar, deixando todo o climão para nós, que se desfez assim que e decidiram cantar no karaokê.
— Qual é a dos dois? A única coisa que sabem fazer é brigar. — revirou os olhos, provavelmente cansado da situação.
— Vai saber. Se vocês que são amigos não sabem, imagine nós, meras mortais. — bebeu mais do seu vinho, fazendo uma careta para quando lhe foi oferecida uma cerveja.
— Tem ligações que são mais demoradas para terminarem — comentei sem me importar, solicitando uma água ao garçom. — Tem as que duram dois minutos e as que levam horas.
— O que três garrafas de soju não fazem com a pessoa, né? — me deu a sua água. — Beba esse copo e o que você pediu, qualquer coisa, me avisa que te levo para casa.
— Está tudo bem, apenas estou filosofando. — Sorri. — E vocês duas são bem mais fracas do que eu.
— Touché, baby. — piscou novamente para mim.
Após minha contribuição ao assunto, todos foram se divertir no karaokê e eu optei por ficar comendo enquanto assistia às suas performances. Aproveitei para ir ao banheiro e checar se tudo estava certo e ao sair, recebi uma ligação indesejável. Avisei as meninas que atenderia o celular lá fora, e assim que desbloqueei o celular, falei:
— Se eu receber mais uma ligação sua, eu juro que a próxima será o delegado que atenderá. Vê se vai viver sua vida, Alex, e me erra.
— “ , por favor…” — Rolei os olhos irritada, mas senti meu celular ser tomado antes que eu pudesse responder.
— Não sei se ouviu bem, mas espero que nunca mais a contate. Estamos muito bem e não precisamos de você para nos incomodar.
Encarei surpresa, não contendo a risada com a sua atitude.
— Obrigada por isso, aposto que ele não pensará em me ligar novamente depois de escutar sua voz. — Sequei as lágrimas que caíram e sentei no meio-fio, bloqueando o número do meu ex mais uma vez. — É a primeira vez que escuto sua voz claramente.
— É a primeira vez que nos falamos diretamente. — O rapaz me fez companhia. — É o seu ex?
— Yep. O mais chato e insuportável que existe. — Soltei o ar pesadamente. — E você, problemas no paraíso?
— Tipo isso. — Se limitou a sorrir pequeno.
— Eu não imaginava que a nossa primeira conversa seria sobre isso? Inclusive, cadê a sua namorada?
— Também não sei e ela não é minha namorada — deu de ombros um tanto desinteressado. —, ultimamente eu não faço a mínima ideia do que ela faz além de provavelmente ficar com outras pessoas pelas minhas costas, mas não é como se eu pudesse culpá-la. É complicado.
— Oh. — Deitei a cabeça no joelho, evitando olhar para o rapaz. — Relacionamentos às vezes são complicados, não tem muito pra onde escapar. Mas podemos sair deles por mais difícil que seja.
Dei um tapinha na minha testa ao perceber o que acabei de falar. Tentar confortar não estava nos meus planos, muito menos oferecer conselhos amorosos ao carinha que eu gostava – e muito. Contudo, vê-lo com essa feição tristonha me incomodava, pelo que pude reparar nos dois meses, é que é uma pessoa extremamente animada e amigável, e agora ele parecia comigo na época que eu namorava Alex.
— Eu não gosto de te ver desse jeito, na cafeteria você está sempre feliz — comentei.
— Desculpa. — sorriu sem graça.
— Não precisa se desculpar. — Ficamos alguns minutos em silêncio até que eu o encarei mais de perto.
— Por que está me olhando assim? — ele questionou um pouco tímido e arqueou a sobrancelha, curioso.
— Assim como?
— Como se estivesse apaixonada por mim.
— Porque eu estou.
O vi engasgar com sua bebida ao ouvir a minha resposta, sem esperar receber uma confissão do nada.
— Desde quando?
— Desde a primeira vez que te vi? — Sorri como se fosse a coisa mais óbvia, sentindo o gosto amargo invadindo a minha boca. Não sei se era o álcool ou a coragem que acumulou em três meses, mas eu não conseguia me parar. — Foi como se o mundo à nossa volta tivesse parado quando trocamos olhares, e o seu sorriso é extremamente adorável. Eu podia passar horas e horas te admirando que não me cansaria, e é muito bom poder escutar sua voz de tão perto, não tenho mais a sensação de ser somente uma espectadora. Mas é muito frustrante gostar de você! Ainda mais quando você já tem alguém. Não tenho escolha a não ser me sentir patética, mas ao mesmo tempo eu não escolheria parar de gostar de você, se é que isso faz algum sentido. A gente nem se conhece direito. — Tentei controlar a minha respiração ofegante, ignorando o fato de que acabei de me confessar e não era do jeito que eu queria. — Enfim, acho melhor voltar lá pra dentro.
— Você sempre faz isso.
— Oi? — O encarei confusa.
— Você simplesmente chega, observa a situação e vai embora, sem me dar a chance de explicar o que está acontecendo.
— E o que exatamente você tem para me explicar, ? — Cruzei os braços. — Você não me deve nada, não precisa ter peso na consciência ou obrigação de me dar satisfação. Acho melhor realmente voltarmos lá para o bar…
— Eu gosto de você, !
Pisquei algumas vezes até assimilar a sua declaração, sentindo o meu coração acelerar o suficiente para dar passos para trás.
— Eu sei que não deveria e que sou um filho da puta por ter te dado esperanças, mas no primeiro dia que nos vimos eu tive a certeza que eu me apaixonaria por você. E eu me apaixonei de novo e de novo em todos os dias que nos vimos. Eu não tive coragem de me aproximar por medo do estrago que poderia causar e a minha situação não ajuda em nada. — Ele se aproximou e pegou na minha mão gentilmente, fazendo um carinho leve. — Eu li o seu poema. Era para mim, não era?
Engoli a seco ao descobrir o paradeiro do pedaço de papel, querendo que um buraco se abrisse no chão para me esconder nele o mais rápido possível.
— Ele caiu assim que você voltou para o café. Cada linha que eu lia eu não podia deixar de me sentir igual a você e, pela primeira vez, eu me senti amado. E culpado por receber os sentimentos de uma pessoa tão bonita que infelizmente eu não poderia corresponder, por mais que eu também quisesse.
— E no que isso muda? — Ri sem humor, me desvencilhando de sua mão. — Você gostar de mim não muda o fato de que você está enrolado em um relacionamento, e eu não quero fazer parte disso. A sua declaração não é justa nem comigo, nem com você e nem com a garota.
— Eu sei… e eu realmente não imaginava que nossa primeira conversa seria essa montanha-russa de emoções.
— Nem eu. — Soltei um risinho, a fim de melhorar o clima.
— Eu sinto muito por isso tudo, .
— Não precisa, eu não me arrependo de gostar de você. — Sorri pequeno. — Mas acho melhor não nos vermos por enquanto. Talvez um dia, quem sabe, a gente não se esbarre por aí?
— Com certeza iremos, . — Agora foi eu que segurei os seus dedos, querendo sentir o seu calor uma última vez. — Eu não vou desistir de nós tão facilmente.
— Para isso você precisa resolver o que quer que seja essa sua relação. — Me afastei. — Se é para termos algo em algum momento da vida, eu quero te ter por completo e não pela metade. Então, só diga que não desistirá de nós quando tiver espaço para “nós” na sua vida. Não me dê falsas esperanças mais uma vez, .
Apressei os meus passos para retornar ao bar, segurando as lágrimas e agindo como se estivesse tudo bem. entrou alguns minutos depois de mim e, com o “combinado” que fizemos, não trocamos nenhum olhar pelo resto da noite, e sei que não trocaríamos mais, por tempo indeterminado.
Fim
N/A: Eu e meu talento de transformar tudo em mais dramático do que o planejado e.e
A continuação veio bem rapidinha, e espero que não queiram xingar a autora novamente KKKKKKKKK
Esse casal é um tantinho complicado, mas espero que em breve eles se ajeitem pois já estou shippando hehehehe
Até a próxima <3
NÃO, LIV, NÃO ACEITO. AINDA NÃO TÁ ONDE EU QUERO OU ACHO ACEITÁVEL.
E FELIX, WTF? VAI ARRUMAR A SUA VIDA, MENINO, PELAMOR.
Amei o Lee Know pagando a rodada de bebedeira HAHAHHA
Agora eu quero saber QUE DIABOS de relação é essa do Lix, não tá me descendo.
Espero que a continuação da continuação já esteja sendo preparada, obrigada.
LELEN EU PROMETO QUE A CONTINUAÇÃO VIRÁ LOGO LOGO
Será que teremos o POV dele aí?
Ai, adoro as suas reações, sabe hehehe