Lost In You
Setembro – 2014
- Eu gosto de você!
E foi com essas palavras que, debaixo de uma cerejeira que tinha suas folhas caindo com o vento, eu me declarei. Com toda a força que juntei nessas últimas semanas, consegui falar as palavras que tanto ensaiei; houve um silêncio breve até eu receber um beijo surpresa, além de um pedido de namoro tão inesperado. sorria ao dizer que gostaria de contar a todos que estávamos namorando, que não queria esperar para mostrar aos nossos colegas de classe o quão feliz estava por finalmente ser correspondida. Aparentemente, só eu que não tinha percebido que a garota era perdidamente apaixonada por mim há anos – assim como eu por ela. Nos conhecemos ainda crianças e por ironia do destino, éramos vizinhos e alunos da mesma sala, o que resultou na nossa amizade. Agora, estávamos no seu quarto e duas semanas se passaram desde que começamos o nosso relacionamento. As idas a sua casa não mudaram muito, apenas ficávamos mais tempo deitados debaixo da janela aberta, aproveitando o ar fresco que adentrava e balançava as cortinas. A tarde estava excepcionalmente bonita; se apoiou em seus braços e ficou me olhando, com um brilho no olhar igualmente ao que eu possuo ao vê-la. Meu dedo desenhou toda a sua pose, a fazendo rir e logo ela se levantou, alegando que tinha algo para bebermos. Sua silhueta voltou com duas taças e uma garrafa de vinho e eu a encarei com a sobrancelha levantada, no entanto, não reprovando a ideia.
- Proponho um brinde! – ela se sentou ao meu lado no colchão, enchendo os copos até quase transbordar.
- Para o que, exatamente?
- Para mim, para você, para nós – bebeu em um gole metade do líquido e eu a acompanhei, sentindo suas mãos segurarem o meu rosto – Para que eu e você sejamos para sempre, !
- Não sabia que a minha namorada era tão romântica!
caiu na gargalhada e se jogou em cima de mim, com seus braços em volta do meu pescoço e seu rosto na altura do meu peito. A puxei para mais perto e afaguei sua cabeça, bebendo um pouco mais do vinho. Ficamos nessa posição por algum tempo até ela se soltar, se acomodando nas minhas pernas e a vi aproximar o seu rosto do meu. Mas, antes de qualquer coisa, eu a ouvi me chamar em um sussurro:
- – ela passou o dedo no meu lábio sem quebrar o contato visual – Me mostre o seu amor.
Setembro – 2022
Abri os olhos lentamente, usando o meu braço para protegê-los da claridade que invadia o espaço; as cortinas balançavam com o vento e as folhas das cerejeiras caíam novamente, repetindo o seu ciclo. Muitas coisas haviam mudado no período de oito anos, idas e vindas de novos lugares e pessoas diferentes que surgiram na minha rotina. Em um minuto eu estava na formatura, noutro me encontrava em uma entrevista de emprego e iniciando mais uma jornada na minha vida acadêmica.
Viagens, afazeres e vida adulta! Oito anos são suficientes para você assistir a sua vida dar uma volta de 360° e nem sempre conseguir acompanhar o ritmo, por mais que tenha que dar um jeito de ficar a par dos acontecimentos. Entretanto, mesmo no meio de tanta mudança, há certas situações que não mudam: elas continuam seguindo com você, independente do que der e vier.
Oito anos é o bastante para ter a certeza que a pessoa com quem você divide uma garrafa de vinho ainda adolescente é a pessoa com quem você deseja passar o restante dos seus dias na terra.
Mais uma vez, estávamos deitados no chão do nosso quarto, escutando músicas aleatórias e a vi levantar e pegar seu microfone. Uma música romântica começou a tocar e não precisou de muito para que cantasse junto, já que era a sua favorita. Todas as suas performances eram divertidas de assistir, e como sempre, a mulher fazia questão de vir na minha direção lentamente; nada faria com que ela parasse o seu show, então eu a puxei pela mão e beijei todo o seu rosto, me juntando a sua dança lenta e sentindo o cheiro do seu novo perfume que impregnava o ambiente.
- O que foi? – perguntou ao perceber que eu a olhava.
- Só estava pensando que…. – virei o rosto, fazendo um suspense bobo e ouvi a sua risada abafada – Nada mudou entre a gente. As estações mudaram, os empregos e amizades foram mudados e estamos morando juntos. Não considero o último tópico uma “mudança“, afinal, vivíamos no mesmo teto por quase vinte e quatro horas – expliquei o meu ponto e ela caiu ainda mais no riso. Sua reação continuava adorável mesmo depois de oito anos, e eu adorava esse fator – Eu te amo, . Eu amo você desde que éramos crianças, e te amarei até quando envelhecermos. E o que eu mais amo em te amar é poder me perder em você, de novo e de novo, como se fosse a primeira vez.
- Então, após toda essa bela declaração, eu proponho um brinde!
- Para o que, exatamente?
- Para mim, para você, para nós – abriu a garrafa sem cerimônias, enchendo os copos como de costume e erguemos nossas taças – Para que eu e você sejamos para sempre, – ela ficou na ponta dos pés e sussurrou em seguida – Para que você continue me mostrando o seu amor pelo resto das nossas vidas, meu bem.
Fim
Nota do autor: É com essa short fofinha que digo que adorei conhecer a música!
Sério, adorei escrever essa song e fazia um tempinho que eu não trazia nada de friends to lovers, então, aqui está!
Espero que gostem <3
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