Life After You
Capítulo Único
“Querido ,
Sei que já faz um certo tempo que não nos falamos, e que uma parte disso foi culpa minha. Tanto eu quanto você temos os nossos motivos para isso, e ambos concordaram ser melhor assim.
Na verdade, eu que quis.
Não vamos entrar nesse mérito novamente, moço. Por mais que ache estranho eu estar me comunicando, preciso te pedir uma coisa. É algo que sei que você é capaz de segurar e tirar de letra, tá bem?
Porém, para isso, você precisa voltar.
Não se preocupe comigo, só preciso que prometa cuidar muito bem do que te espera… Porque, depois de você e meu pai, essa é a única coisa com a qual eu mais me importo nesse mundo.
Desculpa não dar muitas explicações. Quando vier (se vier), vá até a casa de meu pai, lá ele saberá o que fazer.
Espero que venha, de verdade.
Eu te amo, moço.
Com amor, .”
”Ten miles from town and I just broke down
Spittin’ out smoke on the side of the road
I’m out here alone just tryin’ to get home
To tell you I was wrong but you already know”
encontrava-se a poucas horas da cidade que havia deixado há dez meses. Sua mente trabalhava sem pausas para tentar ligar os pontos da carta de , que não faziam sentido algum. Recebeu a mesma na semana anterior, e não tardou em arrumar seus horários no trabalho para retornar ao Sul, onde era seu verdadeiro berço.
não mantinha contato com o mesmo desde o quinto mês que ele tinha partido, e acabou cedendo a isso, por mais que tenha se arrependido semanas depois. As únicas notícias que recebia sobre a garota eram as de sua tia, que era a chefe de uma das filiais da família, e fazia trocas com a empresa de .
“Believe me I won’t stop at nothin’
To see you so I’ve started runnin'”
Seus olhos castanhos observavam detalhadamente as paisagens vívidas do local, enquanto seus dedos tamborilavam no volante do carro. Uma música bastante conhecida soou por todo o espaço do veículo, e uma onda de melancolia percorreu seu corpo, fazendo-o lembrar de como era a sua vida com a garota.
“Last time we talked, the night that I walked
Burns like an iron in the back of my mind”
Ao mesmo tempo que as memórias boas vieram, as ruins também surgiram. Havia uma solitária que era a que o perseguia em suas noites sem sono, e a que provocava um arrependimento em si: a última conversa com .
Naquela noite, ambos estavam sentados no chão da sala, rindo sobre bobagens e dividindo um pote de sorvete. Os últimos dias não haviam sido fáceis, e aquilo desgastava os dois, que sempre enfrentaram tudo juntos. O fato de conseguirem estar ali, ignorando o mundo a suas voltas, causava uma ótima sensação neles, já que o estresse da faculdade e de suas famílias os afetavam demasiadamente. sabia da oferta de emprego para tornar-se chefe de uma das empresas mais concorridas que tinha sido convocado, e por ter conhecimento do sonho do rapaz, o incentivou a ir. O problema era que o garoto não queria deixar , não fazia sentindo ir embora e ter que viver sem a menina; mas, Mel começou a contra argumentar, originando uma discussão entre o casal. Após parar de tentar entender o motivo implícito da namorada, lhe deu a razão e partiu rumo a sua nova vida.
Mas ele não sabia a verdadeira razão pela qual debateu tanto, talvez seja por isso que se arrependia muito mais.
“I must’ve to been high to say you and I
Weren’t meant to be and just wastin’ my time”
, ainda imerso em seus pensamentos, tinha noção de que ter falado que o relacionamento deles “não era para ser”, não havia um pingo de verdade ali, porém, só afirmava aquilo várias vezes durante a discussão, e ele acabou dizendo o que não queria. Voltou a si quando ouviu uma buzina atrás de seu carro, e prosseguiu a andar. Não lembrava quanto tempo estava na estrada, mas sentiu um ar de familiaridade ao pousar seus olhos na placa que dizia “Bem-vindo ao Sul”. Seu corpo estremeceu ao perceber o caminho que percorria, ele ia direto para a casa dos pais de , pois na carta ela o direcionou para lá. Meia hora depois, soltou do banco, esticando suas pernas e pondo o casaco largo. Respirou fundo ao bater na porta de madeira, não sabia o que lhe esperava. A ansiedade o consumia vagarosamente, e seu coração relaxou ao ver seu ex sogro abrir um sorriso para o rapaz. Eles se cumprimentam e o homem o convidou para entrar.
— Quanto tempo, meu garoto! O que lhe devo para essa aparição não tão surpresa? — Senhor Smith o questionou, mesmo que já soubesse o porquê dele estar ali.
— Semana passada eu recebi uma carta de , que não fez muito sentido, como na vez que eu fui embora… E nela dizia que ela tinha algo para mim, mas que era preciso vir aqui, entende? — encarou um retrato da garota, fazendo surgir um sorriso melancólico em seu rosto.
— , eu vou pegar uma caixa, e nessa caixa, estará tudo o que você vai precisar. E filho, eu sinto muito, mas você sempre poderá contar com o velho aqui, está bem? Só um momento.
permaneceu quieto, sem entender uma palavra dita por Marshall.
Por que o homem sentia muito?
Por que sua feição se tornou tristonha em uma fração de segundos?
Por que não conseguia balbuciar nada?
Marshall entregou a pequena caixa azul marinho nas mãos do moreno, que não sabia se abria ou não. Uma sensação estranha alojou-se em sua garganta, e suas mãos começaram a ficar gelada. Viu o senhor Smith o deixando sozinho, e a cada segundo o mesmo pensamento ia instalando-se na sua cabeça.
“All that I’m after is a life full of laughter
As long as I’m laughin’ with you”
Ao abrir a caixa, olhou atentamente as fotos que continham ele e juntos, e isso provocou um sorriso involuntário, que ia se misturando com as lágrimas que cortavam suas bochechas. Aquela coletânea de fotografias o fazia firmar em sua mente que nunca havia sido tão feliz como foi com , ela sempre foi uma garota maravilhosa e que ele teve uma grande sorte em tê-la.
“I’m thinkin’ that all that still matters is love ever after
After the life we’ve been through”
Ambos se completavam, se amavam e se pertenciam. Independente de tudo, mesmo que tenham ficado meses sem se falar.
E esse sentimento fincava no coração dos dois.
“Cause I know there’s no life after you”
No fundo, havia uma outra carta, semelhante a que recebeu, e com as mãos trêmulas, a pegou, tendo quase a certeza de que algo bom não viria.
“Querido ,
Aposto que já deve estar aqui no Sul, inclusive sentado naquela poltrona do meu pai que você adorava, e nem se deu conta. Mesmo após todos esses meses sem contato, eu ainda te conheço como a palma da minha mão, como se fosse no primeiro dia que conversamos. Lembro-me detalhadamente desse dia, e de como nós fomos firmando mais e mais a nossa amizade, e num dia qualquer, surgiu o amor.
Você sempre foi o meu melhor amigo, e sempre a minha primeira opção para tudo. Afinal, quem mais veria dez mil vezes a saga de Harry Potter e falaria as falas comigo? E foi em uma dessas vezes que estávamos fazendo maratona de HP, que nos beijamos e sussurramos o “eu te amo”.
Ah, , se você soubesse a falta que me faz… O pior é que eu sei que eu não facilitei, que não deixei você ficar, mas em minha mente seria melhor assim. Juro que vou te explicar o que precisa saber, e por favor, não culpe meu pai, ele não sabia de nada, absolutamente nada.
Quando eu comecei a discutir com você e acabei te convencendo que era melhor partir, o intuito era fazer você seguir teu sonho e eu não queria te prender aqui. Mas, como um belo de teimoso que tu é, demorou um bocado, e eu precisei dizer que nós não éramos para ser. Você repetiu a frase e foi embora, e eu achei que tinha sido a coisa certa.
, eu estava grávida. Já estava com dois meses, e não queria que você desistisse de uma boa oportunidade. Nós éramos jovens, ainda somos, quer dizer… E eu não tinha muita escolha.
Eu me martirizo por ter sido tão, tão egoísta e ter escondido a gravidez, mas confesso que no início eu não queria. Mas, quando fui fazer a ultra e ouvi os batimentos desse pequenino, mudei de ideia na hora. Decidi tê-lo e como nós dois sempre quisemos, descobri ser um menino.
Porém, a minha gravidez era de risco, e não tinha nenhuma possibilidade de eu sair viva. Eu não tiraria o meu filho por nada, e mesmo que tivesse essa opção, não adiantaria…eu estava muito doente no final da gestação, e quando soube do diagnóstico, tinha a certeza de que não sobreviveria. Os médicos falaram que depois do nascimento da criança, eu teria no máximo dois meses, suficiente para conseguir ficar um pouco com o nosso filho.
Provavelmente, quando ler essa carta, eu já terei partido, e a nossa criança estará nos cuidados do meu pai. Por favor, Marshall não sabia que eu estava doente, foi tão doloroso para ele quanto está sendo para você, meu amor
.
Eu te peço desculpas, , muitas. Só Deus sabe o quanto eu queria te contar tudo, tudo mesmo, mas não o fiz. Todas as desculpas não serão suficientes, mas, eu lhe peço que cuide do Caleb, por favor. Ele não tem culpa.
Eu te amo, , e sempre irei amar, porque você é uma pessoa a qual eu manterei em meu coração, sempre. Fica bem e se cuida, okay?
Cuida do nosso menino, ele é lindo, que nem você.
Com amor, dor e saudade
Sua .”
precisou segurar firme nos braços da poltrona para conseguir levantar seu corpo. Seus olhos avermelhados e a respiração bastante falha lhe acompanhavam a todo o momento. Era muita informação e dor para uma única pessoa. Um choro mais fundo tomava conta do silêncio que estava o cômodo, e aquela dor de ter perdido a sua garota invadia seu peito como se estivesse recebendo inúmeros socos no local.
“So I’m runnin’ back to tell you
All that I’m after is a life full of laughter
Without you God knows what I’d do, yeah”
ainda chorava quando percebeu que não era o único. Começou, então, a procurar de onde vinha aquele barulho, quando encontrou Marshall na cozinha. O mais velho o encarou, não demorando para abraçar o mesmo, que o apertou fortemente. Ao ouvir novamente aquele choro, olhou para Marshall.
— Onde ele está? — Sua voz saiu como um sussurro.
— No quarto de , pode ir lá, filho.
Antes do homem terminar, correu até o quarto da garota, tendo a visão preenchida por paredes amarelas e um berço no canto direito da porta. Caminhou até o bebê, vendo que o mesmo não parava de chorar. A primeira coisa que fez foi pega-lo com o máximo cuidado que tinha, tentando acalmar o pequeno em seus braços. Um pouco depois, Caleb cessou o choro e esticava as mãozinhas em torno do dedo do pai, que se perdeu nos olhos da criança.
— Caleb tem os azuis dela, isso me faz ter uma memória da minha filha mais viva toda vez que venho ficar com ele, ou seja, toda hora. — Riu, aproximando-se do rapaz — não queria que ninguém soubesse da sua situação, pensou que assim pouparia o sofrimento das pessoas que a rodeiam. Sempre com um coração grande, mal conseguia se cuidar, mas cuidava de quem amava. Eu tenho muito orgulho da , e aposto que ela também tem de você, .
— Eu sei disso, Marshall, e eu sempre serei orgulhoso da minha menina… — Pausou — você poderia me passar o cemitério que ela foi enterrada?
— O mesmo que a mãe dela foi, meu filho. Agora, precisamos descansar, o dia foi intenso, certo?
“All that I’m after is a life full of laughter
As long as I’m laughin’ with you”
Um ano depois…
O ano anterior havia sido imerso de emoções, acontecimentos e mudanças. Desde que soube de Caleb, mudou-se para o Sul, transferindo a sede da empresa para o local, e alterando sua vida totalmente. O homem terminava de pôr a roupa em seu filho, que trajava uma calça e uma camisa branca, bem parecido com o pai. Ao terminar, pôs a bolsa no ombro e pegou Caleb no colo, indo para o carro. Colocou o menino na cadeirinha e deu a volta, entrando no banco do motorista. Deu a partida e em vinte minutos, havia chegado no seu destino. Pegou novamente seu filho e lhe estendeu a mão, caminhando calmamente com a criança para dentro do recinto. Ao observar a lápide tão conhecida, pôs Leb em seus braços e deu uma flor para o mesmo, que jogou meio sem jeito em cima do túmulo de . encarou aquela sorridente na foto e não deixou de sorrir.
— , eu achava que não existia vida após você. Eu estava quase certo sobre esse pensamento, até a primeira vez que eu vi os olhos do nosso filho. Depois disso, eu mudei totalmente o meu achismo. Eu te amo, meu amor. — Dito isso, encarou o filho, que sorria para o pai — Manda um beijo para mamãe, filho.
sabia que mesmo a garota não estando lá fisicamente, ela estaria presente em seu coração. E em ter Caleb, já bastava para manter a presença vívida de consigo.
Fim
Nota: Olá! Tudo bem com vocês? Então, espero que gostem da songfic!
Beijos! <3
Nossa, literalmente acabou comigo. É lindo e triste, não sei definir, eu amei sinceramente!
Comentário originalmente postado em 18 de Dezembro de 2016
Obrigadão, minha linda! Fico feliz por ter gostado! <3
Comentário originalmente postado em 18 de Dezembro de 2016
Migsneyyyy, adorei! Eu QUASE chorei.
Bem triste, mas muito bonita a história <3<3
Comentário originalmente postado em 07 de Fevereiro de 2017
Ahh, migsney! Obrigadão, de verdade! <3
Comentário originalmente postado em 08 de Fevereiro de 2017
Gaaaata que isso, mostrei pro meu namorado e ele chorou kkkkkj
Comentário originalmente postado em 11 de Abril de 2018
hahahaha Meu Deus!
Espero que tenham gostado!
Comentário originalmente postado em 11 de Abril de 2018