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Let Me In

Introdução

  Eu caminhava pelas ruas escuras da minha pequena cidade, tinha acabado de sair do ônibus que me trouxe da universidade no centro, naquele dia tinha ficado até mais tarde resolvendo alguns assuntos do trabalho final do semestre.
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  ”Droga, vai começar a chover!” lembro de ter pensado apressando os paços. Começara a ventar um pouco mais forte, o que me fez apertar minha fina blusa de malha contra o corpo. Apertei mais o passo quando ouvi algo estranho atrás de mim, apesar de ter certeza de estar sozinha naquela ruela. Não me atrevi a olhar para trás e simplesmente comecei a correr. Um instante mais tarde e a chuva antes prevista começou a gotejar do céu escuro, eu podia ouvir meus passos ecoando em contato com o asfalto e minha respiração começava a ficar ofegante quando parei antes de virar uma esquina.
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  Posso dizer que foi a pior coisa que fiz naquela noite, definitivamente.
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I

  Quando voltei a despertar não sabia onde estava, só sabia que havia barulho por toda parte. Tentei levar as mãos a minha cabeça, mas que droga? Eu não conseguia, aliás, eu não podia. Prestei maior atenção; eu estava agachada ao lado de um corpo inerte, minhas mãos – ou as do meu corpo, não mais minhas como eu viria a descobrir – estavam cobertas de sangue assim como o corpo a minha frente. Fiquei horrorizada e entraria em estado de choque se não ouvisse um barulho às minhas costas. Meu corpo se virou instantaneamente na direção do ruído e eu pude ver um homem correndo em minha direção com uma faca. Percebi isso tarde demais, mas não meu corpo. Não, meu corpo estava preparado para aquilo e barrou o ataque do homem com uma só mão. O agressor arregalou os olhos e eu sabia que meus lábios sorriam de forma deliciada e assustadora para ele; um instante mais tarde e o homem gritou de dor. Eu apenas fechei meus olhos ao ouvir o grande barulho que o osso do braço dele fez ao se romper nas mãos de meu corpo.
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  Ele gritou caindo no chão completamente desarmado e sem chances de reação.
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  Ouvi a mim mesma bufar enquanto colocava um dos dedos ensanguentados na boca, experimentando o gosto. Era repugnante. O que estava acontecendo comigo? Por que meu corpo não respondia aos meu comandos?
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  Não tive tempo de formular mais perguntas, minhas pernas se moveram na direção de outra pessoa, uma mulher dessa vez.
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  - Sua vadia…! – ela exclamou me fuzilando com o olhar enquanto me aproximava.
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  Por que ela estava me chamando de vadia? Aliás, quem era ela?
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  - Acostume-se, caçadora, para onde você vai, terão coisas muito piores do que eu, uma simples vadia. – Ouvi minha voz dizer em um tom que eu mal sabia ter.
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  - Por que não volta para o inferno que é seu lugar? – ouvi a mulher perguntar com certa raiva.
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  Minha respiração saiu numa gargalhada que até para mim era assustadora.
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  - Oh, por que voltar para os cães se eu tenho passe livre aqui, docinho? – me ouvi perguntar. Meu corpo esticou o braço para tocar o rosto sujo da tal “caçadora”, mas antes que pudesse fazê-lo ela se afastou o máximo que podia deitada no chão e machucada, logo depois cuspindo em minha direção. Ouvi-me bufar novamente e então me levantei. – Ah, vocês já não têm mais graça para mim. – Caminhei em direção à porta do que parecia ser um bar. – Façam uma boa viagem só de ida, meu amores! – exclamei, andei alguns passos para fora do local e segundos depois tudo estava indo para os ares.
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  Senti a quentura do fogo da explosão às minhas costas, podia ver o ar ondulando ao meu redor, eu estava com medo, mas meu corpo não parecia estar.
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  Éramos coisas diferentes agora? Eu, meu verdadeiro eu, já não era ligado ao meu próprio corpo? Se assim era, então quem ou o quê estava nos controlando?
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II

  As semanas passavam, os dias se arrastavam e eu continuava presa dentro de mim mesma. Não havia conseguido muitas informações sobre o que eu era, só tinha certeza de que o que estava em mim não era algo bom.
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  Em três semanas desde que despertei dessa forma, presenciei coisas horríveis das quais meu corpo fora protagonista. Primeiro as coisas acontecidas naquele bar de rodovia; depois também houve o fato do ataque a um padre, que diga-se de passagem, eu mal sabia ser isso. Agora, naquele exato instante, eu havia acabado de presenciar mais uma carnificina que meu corpo foi obrigado a fazer parte.
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  Dentro daquela casa às minhas costas se encontravam os corpos de uma família inteira: uma mulher, um homem e duas crianças.
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  Queria estar desacordada naquele momento quando tudo aconteceu, mas uma das coisas estranhas dessa minha nova vida era que eu nunca dormia. O que havia acontecido foi uma coisa horrível; os pais haviam sido obrigados a assistir as mortes sangrentas dos dois filhos. O primeiro – o mais velho – tivera a morte relativamente menos dolorosa que o irmão teve; foi retalhado a tesouradas e meu corpo devorou o seu interior. Já o menor, ah Deus, o menor… Num passe de mágica seu pequeno corpinho indefeso estava em chamas a nossa frente – minha e de seus pais -, seus gritos ecoavam – e ainda ecoam na minha cabeça – pela casa inteira e seus pais amordaçados tentavam se livrar do que quer que fosse que os prendiam, mas foi em vão. Assistiram seu caçula ser carbonizado pelas chamas malditas, viram o fogo consumi-lo aos poucos, viram as chamas se alimentarem do garotinho centímetro por centímetro como um monstro impiedoso. Depois de alguns minutos os gritos da criança cessaram e as chamas foram aos poucos baixando, até não restar vestígios seus, a não ser o pequeno corpo carbonizado estirado no chão.
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  O cheiro de carne queimada impregnava o lugar e aquilo estava me deixando enjoada. Se eu tivesse um corpo e uma boca pela qual vomitar, eu o faria, mas não era o caso, eu só podia me sentir mal por toda aquela gente e rezar por suas almas.
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  Logo depois dos filhos, foram os pais, mas meu corpo não se importou em torturá-los, fez como no bar da estrada, saiu pela porta da frente e instantes depois houve a explosão.
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  Eu soluçava e chorava sem lágrimas pelo que havia acontecido, quando um homem alto apareceu ao lado de meu corpo.
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  - Devia ser mais cuidadosa, Ayala, querida. – Ele murmurou com um sorriso discreto.
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  - Hunf, Boris, só estou me divertindo, você sabe, tirando o atraso… – Ouvi Ayala murmurar em meu corpo.
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  - Eles vão descobrir… – O tal Boris usou um tom de advertência.
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  - Caçadores? Querido, já dei conta de uns vinte só na última semana. Eu me garanto. – Sussurrou com desdém.
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  - Eles não são qualquer caçador, já deve ter ouvido falar deles, caçando fantasmas, seguindo nossas trilhas…
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  - Faça-me um favor, Boris. Cuide de si mesmo. – Ayala deu-lhe as costas e no instante seguinte estávamos num lugar completamente diferente. Eu ainda pensava naquela família tocada pelo mal…
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III

  Depois de se informar sobre quem o tal Boris falava, Ayala começou a caçá-los, os irmãos Winchester. Eu não podia entender o que ela queria, mas pouco me importava. Alguns amigos de Ayala haviam comentado que o mais novo, Sam, era especial, tinha algo a mais. Talvez esse algo mais me ajudasse, talvez ele pudesse perceber que eu estava aqui dentro, presa em meu próprio corpo e sem poder nenhum sobre ele, enquanto um ser maluco e poderoso se apoderava dele sem se importar com o que seus atos poderiam me causar, ou causar ao meu corpo.
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  Era um fato estranho o como a dor física parecia não afetar Ayala, mas afetava a mim. Eu sentia cada chute mal dado, cada soco forte demais, cada facada que ela levava. Mas não era assim tão difícil de compreender se pensássemos bastante e tempo para pensar era o que eu mais tinha. Talvez fosse óbvio as coisas que eu sentia. Meu corpo estava sendo invadido por um ser que não tinha ligação nenhuma com ele, ao contrário de mim, a quem o corpo realmente pertencia. Seguindo tal raciocínio, Ayala se via longe de sentir alguma coisa em meu corpo e eu é que pagava isso por ela.
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  Mas voltando aos irmãos Winchester, talvez eles pudessem me ajudar a me livrar de Ayala, talvez eles pudessem me salvar disso tudo. Uma esperança nasceu em mim, como uma chama brilhante na escuridão. Ela logo aumento quando Ayala descobriu o paradeiro dos dois, Sam e Dean Winchester, o que não durou por muito tempo.
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  Os dois souberam de Ayala e armaram um emboscada na qual ela caiu, obviamente não sem antes ser jogada para todos os lados e ter uma estaca acidentalmente perfurando um dos pulmões, meus pulmões. Antes de apagar, só lembro de uma coisa: de um dos dois tacar uma espécie de líquido, que parecia água, em minha direção. Naquele instante Ayala e eu gritamos juntas. Aquele líquido nos queimava aos poucos, como o fogo queimou o pequeno garoto daquela família destroçada. Gritamos até levarmos uma pancada na cabeça.
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  Acordei sentindo o rosto arder, Dean tacara aquele maldito líquido em mim novamente.
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  - Acorda, ô branquela. – Ele exclamou com uma expressão nada amigável.
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  Olhei ao meu redor e vi Sam segurar um livro surrado enquanto olhava em minha direção seriamente.
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  - Quer dizer então que é um demônio? – Dean perguntou com o rosto bastante próximo do meu. Ayala tentou meter-lhe uma bofetada na cara, mas suas mãos estavam atadas. – Ah, não vai falar? – Ele fez cara de desapontado. – Sam…
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  No mesmo instante o mais jovem dos Winchester começou a recitar um cântico em uma língua que eu não pude identificar, mas que com toda a certeza assustava. Senti uma dorzinha súbita no meio de meu corpo e a cada palavra dita por Sam, a dor aumentava.
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  - O que você quer? – Dean perguntou e Sam fez uma pausa.
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  Ayala soltou um de seus risos assustadores e Dean – percebi que estava num dos seus momentos de menor bom-humor – se aproximou com ferocidade segurando seu rosto para mantê-la encarando-o.
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  - Não quero ter que fazer as coisas do modo mais difícil… – Murmurou sério e Ayala deu de ombros, da mesma forma que Dean. – Tudo bem, foi você que pediu.
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  Assim que disse isso, senti aquele líquido horrendo se espalhar por minha face e ela novamente queimou fazendo com que eu e Ayala gritássemos de dor.
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  - O que você quer fazendo todas essas coisas horríveis? – perguntou Dean novamente e tudo o que recebeu foi uma cuspida da parte de Ayala. Ele encarou o irmão com um olhar sugestivo e Sam assentiu. – Tá legal, demoniozinho, que tal mais uma dose de água benta com um ritual de exorcismo fresquinho? Sam acabou de aprender. – Sorriu maroto na última parte, mas logo voltando a ficar sério ao ouvir um pigarro vindo do irmão.
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  Sam Winchester recomeçou o cântico estranho e a dor voltou a mim. Dean tacou a tal água benta novamente e senti minha pele queimar novamente. Ayala gritou, dessa vez com mais intensidade.
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  - O que você quer aqui? – Dean perguntou.
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  - EU SÓ QUERIA DIVERSÃO! – Ouvi uma voz esganiçada sair de minha garganta e berrar.
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  - Diversão? Matando gente inocente e aterrorizando uma cidade inteira? – Dean resmungou como quem não acredita tacando uma dose generosa de água benta em mim.
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  Gritei com todo o ar dos meus pulmões, ou o que deveria ser, lágrimas saíram de meus olhos.
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  ”PAREM, PAREM!” Tentei implorar para os dois que me torturavam.
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  - Parem com isso, por favor. – Ayala ecoou minhas súplicas ofegante. – Está matando a garota aqui dentro. – Ela riu ao dizer isso. CRETINA! Ela sempre soube de mim!
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  - Garota aqui dentro? – Dean ecoou a última parte. – Uhum – se endireitou e se voltou para Sam. – Sammy, manda ela direto pro inferno. – Concluiu e Sam continuou com seu cântico de exorcismo.
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  A medida em que as palavras do cântico iam se esgotando, eu sentia uma dor insuportável. Era como se minha pele estivesse sendo arrancada de meu corpo, com puxões que a faziam se desgrudar de mim aos poucos. Não era minha pele que estava sendo arrancada, mas sim Ayala que estava sendo puxada para fora de meu corpo. Eu só não podia entender como aquilo podia doer tanto em mim.
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  Meu choro sem lágrimas começou e Ayala ecoava meus pensamentos implorando para que Sam parasse com aquilo, que nos deixasse ir embora, mas ele continuou e quando a dor da pele se soltando de mim completamente chegou ao seu auge, Ayala saiu de meu corpo em forma de fumaça e isso foi tudo que vi antes de mergulhar em escuridão.
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Epílogo

  A dor dilacerante ainda estava em mim. Eu estava morta e ainda sentia a dor que causara minha morte.
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  Olhei para a garota loira que dormia tranquilamente em sua cama e toquei-lhe a face adentrando seus sonhos.
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  Ela estava numa noite escura numa ruela mal iluminada, correndo assustada com a chuva caindo ao seu redor, estava cansada demais para continuar a correr e já que não ouvia mais nada estranho e nem sentia nada a seguindo, resolveu parar antes de virar a esquina. A esquina na qual eu a esperava com um sorriso nos lábios.
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  A garota me encarou sem compreender de onde eu surgira e com o espanto paralisou a minha frente. Sorri tranquilizando-a.
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  - Calma, Meg… Não precisa ter medo. – Murmurei ainda sorrindo.
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  - Quem é você? O que quer? – A garota loira perguntou assustada.
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  - Sou e quero uma coisa de você. – Murmurei me aproximando.
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  - O quê?
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  - Quero que me deixe entrar… – Sussurrei estendendo-lhe a mão, que depois de certa hesitação Meg pegou.
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  Sorri. Meg Masters seria minha nova hospedeira.
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  Era minha vez de controlar e todo aquele controle me levaria novamente ao encontro dos irmãos Winchester. ..
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  Ayala queria diversão, eu, quero vingança.
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Fim

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