Kill This Love

  Eu não sabia como tinha começado, mas sabia como terminaria. Meu relacionamento com Tenebrae nasceu de uma missão em que nossos caminhos se cruzaram. Membros de famílias rivais da máfia russa, treinados desde a infância para matar os inimigos de nossos familiares.

  Foi numa sexta-feira chuvosa de uma primavera perfumada há três anos, um alvo em comum e algumas doses de tequila a parte em um bar mexicano, onde trocamos alguns tiros com o inimigo e disputamos para ver quem o mataria no final. Eu venci e Gordon foi morto pela lâmina da minha adaga perfurando seu coração, o que deu início a inúmeros encontros às escondidas com o Tenebrae.

  Com isso, entramos em um perigoso e arriscado romance, em que um se viciou no outro, em um sentimento louco e obsessivo, em busca da adrenalina que nossos sentimentos subliminares e apimentados nos proporcionavam. Até que em uma briga por territórios, sem remorso e um pingo de consideração por nossas noites intensas e calorosas de amor, uma bala em meu peito saiu direto de sua arma.

  Filho da mãe.

  — Não terei misericórdia desta vez. — sussurrei enquanto o observava através da mira de spiner.

   estava acompanhando o pai em uma corrida de cavalos. O clube estava bem frequentado nesse dia, o que me dava mais satisfação em cumprir minha missão especial.

  Lembro-me bem da primeira vez que o nome de saiu como um alvo, foi no natal passado. Seu pai, Godrich Tenebrae, havia ameaçado nossa anciã e em resposta, um pequeno acidente de carro ao filho primogênito foi arquitetado milimetricamente por mim. Nada de cortar os freios, minhas aulas de mecânica foram bem mais válidas que apenas uma sabotagem óbvia. É claro que fiz questão de visitá-lo no hospital com um bouquet de flores e uma bandeira branca. Afinal, eu sempre tive curiosidades de como seria uma noite de desejo entre os lençóis da maca de um hospital, me senti até uma integrante de Grey’s Anatomy, ao me fazer de enfermeira particular para ele.

  — Cretino sedutor… — sussurrei novamente, acompanhando seus passos — Como pode ser tão sexy até a distância?

  Era impossível olhá-lo eu não me lembrar dos seus beijos maliciosos e de como seu toque me deixava arrepiada com facilidade. Não conseguia acreditar que havia me apaixonado pelo inimigo sabendo que era suicídio para minha sanidade mental, e controlar meus hormônios toda vez que mencionava seu nome, era ainda pior.

  Mas nenhuma atração que eu sinta automaticamente por se compara a raiva que estou sentindo por aquele tiro. O olhar dele para mim enquanto puxava o gatilho, não saía da minha mente tanto quanto o gosto dos seus beijos.

  — na linha. — disse ao atender a chamada do meu celular.

  — Está pronta? — a voz do meu tio soou do outro lado da linha, sério e frio.

  — Sim, senhor. — assenti com segurança.

  Estar localizada no alto de um prédio observando meu alvo, foi a parte mais fácil da missa, estar preparada para puxar o gatilho que era o ponto chave de tudo. Eu estava literalmente entre o amor e o ódio.

  — Execute a ordem. — finalizou meu tio, certo de sua ordem.

  Nem mesmo me dei tempo para pensar se deveria ou não fazer aquilo. Mantive meus olhos em James que ria com os amigos em volta, certamente de alguma piada.

  Puxei o gatilho, abatendo o meu alvo.

  Sentindo como se meu coração estivesse sendo perfurado junto.

  Alívio e agonia ao mesmo tempo.