Interseção
Capítulo 1
olhou em seus olhos, e disse:
– É com você que quero estar hoje, amanhã, para sempre.
– Para sempre é muito tempo. – Camila disse, já corada pela reação de ter Ele, seu ídolo, declarando-se de forma tão apaixonante. Não bastasse fosse , ainda por cima ali, com a vista de Londres inteira atrás de nós, em uma das simples, mas imensas cabines da London Eye, que eu tanto quis conhecer quando visitasse a capital. – Aliás, nos conhecemos não faz nem 24 horas! – ela riu, colocando o cabelo que insistia cair na frente de seu rosto.
– 24 horas, mais que isso ou menos, para mim tanto faz, pois a conheço a muito mais tempo que isso. A admirei por muito mais dias do que você imagina. Por isso, para sempre não é nem um terço do tempo que eu quero passar com você.
E assim, com a força de suas palavras reforçadas com a intensidade de seus olhos azuis, segurou o rosto de Camila e deu-lhe um beijo que os dois jamais esqueceriam, porque dali até o ‘para sempre’ acontecer, repetiriam o ato de amor infinitas vezes.
FIM
Espreguicei em minha cadeira, exausta. Eu havia prometido à mim mesma que terminaria essa fanfic ainda hoje, mas jamais imaginaria que demoraria tanto assim, afinal, na minha mente a cena estava clara como um dia de verão. Meus dedos, no entanto, não queriam acompanhar minha linha de raciocínio, digitando sem parar novas palavras e cenas, tornando-a mais complexa e mais completa.
- Elas irão gostar. – com um sorriso no rosto, disse, referindo-me às minhas leitoras. Para Sempre estava sendo postada em um site de fanfics e, para a minha grande surpresa, possuía um número maior do que eu sequer imaginei um dia ter de leitores. Pessoas que estão constantemente me cobrando por novas atualizações, me perguntando como será o último capítulo e se os dois terminarão juntos, mesmo com todos os problemas que enfrentaram no desenvolvimento da história.
Sorrio, alegre por ter finalizado e também satisfeita com o resultado. Desde quando comecei a escrever, há cinco anos, essa é a primeira vez que gosto de uma fanfic minha do início ao fim. Além disso, também tive um retorno muito melhor, principalmente porque a história, com a repercussão que teve entre os leitores, acabou me fazendo chamar a atenção de alguns caça-talentos da área literária e uma mulher chamada Gemma se ofereceu para ser minha agente. Aqui na Inglaterra, infelizmente, apenas conseguem publicar com mais garantia de sucesso, os autores que possuem um agente literário; tive sorte de Gemma ter visto potencial em ‘Para Sempre’. Não conseguiria jamais achar um agente que fizesse o serviço de me divulgar ou indicar para as editoras com o pouco de dinheiro que recebo do meu bico.
“Que bom que finalizou com sucesso! Consegue trazer para mim amanhã impresso? Vou chamar a Muller, uma colega minha que é ótima com capas. Ela ficará com o seu manuscrito para criar algo adequado à sua fanfic. Vamos transformá-la em um sucesso literário! Não se esqueça de colocar seu e-mail e rede social na capa, ela tem muitos trabalhos e assim fica mais fácil de se lembrar ou entrar em contato. G xx”
Respirei fundo, ansiosa. Meus leitores surtarão quando souberem da minha novidade. Se tudo der certo e o que Gemma disse acontecer, publicarei meu primeiro livro em até seis meses!
- Ok, sem pressa, , você precisa dar um passo de cada vez. Primeiro, imprimir. – apontei para a impressora, que ainda estava desligada e botei o aparelho para funcionar.
O dia seguinte seria corrido e bastante excitante!
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A Starbucks não é um dos meus pontos favoritos para se encontrar, porque sempre há muitas pessoas e, principalmente, turistas. Em Londres, parece que todo mundo só quer saber de beber frappucinos e comer muffins ou cookies da sereia, mas não sabem o quanto estão perdendo ao ignorar o belo cappuccino do Nero.
De qualquer maneira, não tive escolha senão entrar no ar quente da loja, já que o inverno ordenava que todo comércio agradasse seus clientes com um ambiente quente e confortável, uma vez que o frio nas ruas era de castigar qualquer um. Emily, minha melhor amiga, trabalhava na Starbucks e combinávamos de nos encontrar uma vez por semana, pelo menos, para não perdermos contato, como aconteceu com as outras garotas de nosso grupo.
Emily é minha melhor amiga desde o colegial. Nós fomos juntas para o colégio feminino Dragon School, onde fizemos os três últimos anos antes de eu entrar na London University e ela na London School Of Arts. Mesmo com a turma da faculdade ser bastante unida, ainda sinto a necessidade de me encontrar com minha amiga de infância, com quem me mudei aos 14 anos para Londres, para enfrentar a capital maluca e totalmente corrida, em comparação com Wokingham, onde as ovelhas são nossos bichos de estimação, ao invés dos cachorros e gatos.
- Eu tenho dez minutos, aquele imbecil do Tyson comeu dez minutos do meu tempo porque se bagunçou com os pedidos do grupo de indianos. – Em se sentou em minha frente, colocando um café quente em minha frente e tirando a touca do uniforme que era obrigatório usar. – Que horas você vai encontrar com a agente?
- Daqui a uma hora, lá na Oxford Street. Em um café. Queria que você fosse comigo. – fiz bico, mexendo no copo e vendo Em assoprar suas franjas, que sem a touca caíam em seu rosto.
- Não posso, , já excedi o número de dias livres que posso tirar em um mês. Inclusive, vou cobrir Adam esse final de semana e no outro para pagar as horas extras que eu fiz fora do serviço. – ela revirou os olhos. – Estou louca para arranjar um emprego de verdade; todo esse vuco-vuco é demais para uma artista como eu!
Soltei uma risada, enquanto ela falava sobre seus problemas diários com as pessoas que eram mais lerdas que ela, e como aquelas que eram mais rápidas judiavam de seus momentos de “lerdeza”. No fim, não precisei pagar pelo café, mas acabei tendo de ir sozinha me encontrar com Gemma.
O caminho da Starbucks onde estava até a Oxford Street dava quarenta minutos de ônibus, mas se eu intercalasse com o metrô, conseguiria chegar a tempo, por isso, saí correndo para não perder o próximo automóvel até a Victoria Station, onde poderia pegar o metrô mais rápido.
Eu não sei aonde estava com a cabeça; talvez ansiosa demais, pois durante todo o percurso até o último quarteirão antes do café, quase fui atropelada três vezes por ciclistas e motoristas. Contudo, o pior mesmo foi, ao atravessar o último quarteirão, perceber que estava com as mãos abanando.
- Você só pode estar de brincadeira comigo, . – disse a mim mesma, vendo que eu não estava com o envelope com minha fanfic em mãos. – Fala sério! – peguei meu celular correndo e disquei para Emily, que me disse que o envelope não estava lá. Eu provavelmente o havia esquecido no ônibus ou metrô.
O que fazer? O que fazer?
Por sorte, em uma das ruelas perpendiculares à Oxford havia uma copiadora, onde pude abrir o arquivo que estava salvo em meu e-mail, e mandar imprimi-lo igual ao que eu havia entregado. O título já havia sido registrado para direitos autorais, então eu não precisaria me preocupar de alguém querer usar a minha história; mas que eu era uma tonta, ah, isso não tinha dúvidas!
Corri o máximo que pude até o café, onde Gemma acenou com uma garota comum e loira ao seu lado. Respirei aliviada antes de contar a confusão que foi ter sido uma lerda na última hora. Rendeu boas risadas, um consolo de que não havia com o que se preocupar caso alguém encontrasse a obra e 50 libras a menos.
Capítulo 2
Gemma havia dito que tudo daria certo. Ela iria revisar a história, me dizer o que achava, enquanto isso, manteria contato com a tal de Muller, que cuidaria da minha capa. Até aí, tudo estava caminhando bem e sem maiores problemas.
Passei o dia mês seguinte esperando por algum e-mail, mesmo sabendo que não havia a menor chance de eu receber qualquer notícia da produção do livro com tanta frequência. Gemma havia dito que levava um tempo. Muller me enviou alguns e-mails com perguntas e esboços do que estava criando, mas eu passava pouquíssimo tempo decidindo, porque já tinha algo em mente, o que tornou a criação mais fácil. Assim, criei um hábito de abrir o navegador, e clicar no link salvo da caixa de e-mail primeiro, seguido do Facebook, Twitter, Pinterest e então de volta ao e-mail. Era como um ciclo que foi bruscamente interrompido enquanto observava as fotos de , mais conhecido como meu futuro marido. , para mim, é um dos melhores atores juvenis – ou nem tããão juvenil, considerando seus 26 saudáveis e bem proporcionais anos – da atualidade. Seu papel na série da HBO é tão querido o que ele. Quão genial é um autor que cria uma história cujo personagem principal é um badboy, para você não ser julgada por gostar do vilão? E quão inteligente é escolher para interpretar esse moço vindo direto do mundo dos pecados?
No final, acabo passando horas procurando fotos dele só para admirá-lo e imaginar uma vida maravilhosa ao seu lado, vivendo no bairro dos ricos de Londres, bem longe da zona central, onde a correria dos turistas e trabalhadores acabam com a magia turística depois que você visita a cidade pela terceira vez.
Minha interrupção foi causada por um telefonema de Indra, minha segunda melhor amiga. Seus pais vivem viajando por serem diplomatas, mas para manter a estabilidade na vida de Indra, eles a deixam sob a responsabilidade de seus dois irmãos mais velhos desde que o primogênito completou 21 anos. Não que fizesse muita diferença, já que Indra – e eu – estamos para completar 22 e ainda somos incontavelmente mais responsáveis que os dois juntos.
- Você não está interrompendo meu momento ! – atendi o telefonema, ouvindo um ruído de impaciência causado por sua boca.
- Pelo amor de Deus, , você tem 21 anos, precisa crescer! É por isso que não arranja um namorado! Passa o tempo inteiro pensando no impossível.
- Ele é muito mais possível do que para as garotas que não moram na mesma cidade que ele! – discuto, visualizando seus olhos escuros revirarem. Nós duas sabíamos que era apenas uma desculpa que eu usava para me consolar.
Viver na mesma cidade que e ainda ser a pequeníssima Londres não ajuda em praticamente nada. Devido à quantidade de turistas que percorrem todos os lugares – ou grande parte deles – é raro encontrar artistas caminhando nas ruas, como vemos acontecer em Los Angeles.
- De qualquer maneira, eu, sua querida amiga que se preocupa em mantê-la com uma vida social. De nada. – ela respondeu, tornando minha vez de revirar os olhos. – Combinei com Emily de nos encontrarmos na Drive e escolhermos de olhos vendados o lugar da semana.
Olhei para o visor do meu celular, percebendo que hoje é sexta. O famoso Thank God Is Friday, que para Emily e Indra, precisa acontecer toda sexta-feira existente no calendário. Quando estou de férias do serviço, apenas me lembro que é quarta quando o alarme do celular toca e eu preciso ir até o mercado comprar os legumes mais frescos que encontraremos durante a semana.
- Sério? – perguntei, preguiçosa. Encarei meu teto manchado, aquele que havia prometido pintar quando entrei no apartamento, há alguns anos. – Não podemos pular hoje?
- Você está doente? – Indra perguntou, preocupada.
- Não, mas…
- Está com cólica? – ela me cortou, parecendo uma mãe obsessa pela saúde da filha.
- Não, Indra, mas…
- Tem algum encontro?
- Claro que não! – falei um pouco mais alto.
- Então você vai no TGIF. – ela mandou, decidida, não esperando nem um segundo para continuar a falar, antes que eu encontrasse uma oportunidade para permanecer em casa assistindo à série de ou esperando por uma notícia de Gemma (eu ainda sei que não irá chegar nada).
No fim, como sempre, Indra ganhou a discussão, principalmente quando ela e Emily apareceram uma hora depois com suas bolsas de roupas, sapatos, acessórios e maquiagens. Eu não sei que magia elas fazem em ter tanta coisa, mesmo ganhando a mesma quantidade de salario do que eu. Talvez eu devesse parar de comprar mais espaço no Dropbox. Com um pouco de drama e enrolação no banheiro, consegui postar na internet, em minha página, um trecho de minha história e também tuitar sobre nosso TGIF na Drive.
A Drive é uma rua afastada do centro turístico, onde alunos de universidades e trabalhadores vão celebrar seus happy hours ou apenas beber. De lá, é comum partirmos para uma balada dos redores. O local é característico por não receber reclamações de som alto, já que é maioritariamente acomodado por estudantes ou solteiros.
- Bem, eu ouvi dizer que Black está com um evento do tipo kiss and go hoje. Você meio que reza para poder participar, paga 120 libras para entrar e seu nome é depositado em uma caixa, onde um cara ou uma mulher, se for da sua preferencia, irá te escolher para trocar uns beijos. – Emily disse, olhando em seu whatsapp as novidades dos seus amigos da universidade. – Jackie pegou Rob Michaels, o cara mais gato da faculdade.
- Só uns beijos? – Indra ergueu sua sobrancelha tatuada, a nova moda de Londres. – Por 120 libras?
- Bem, eles dizem que se quiser ir adiante é da escolha das pessoas. O evento investe somente no incentivo à troca de salivas. – Emily respondeu, rindo.
Eu conhecia esse tema. Uma das baladas de Vegas fez isso. Abri um pequeno sorriso, porque em ‘Para Sempre’, é exatamente assim que os personagens se encontram. É praticamente um encontro às cegas em que somente ele ou ela sabe quem será a(o) parceira(o).
- Pelo seu sorriso, vejo que já escolhemos a nossa programação de hoje. – Indra me cutucou, tirando de meu transe.
- Oi? – perguntei, voltando à realidade e vendo o sorriso maroto de Emily surgir em seus lábios. – Onde vamos?
- Aonde mais? – Em disse, pegando em meu braço ao mesmo tempo que Indra pegava o outro, puxando-me em direção à Black. – Arranjar uma boca para beijar.
Capítulo 3
A Black sempre foi uma das minhas baladas favoritas porque acredito que a pessoa que elaborou o design do local teve muito bom gosto. Em uma mistura de preto e ouro, os ambientes brilham mais do que a calçada da fama em dia de lançamento. Com a intenção de sempre manter a discrição das pessoas que entram ali, muitos artistas optam pelo lugar por atrapalhar o trabalho dos fãs em tirar uma foto decente. Além disso, a casa é famosa por selecionar somente as pessoas que os olheiros contratados acreditam ser bonitos, ou seja, se você não estiver arrumado ou for naturalmente maravilhosa, you’re out. Apesar de ser bastante ofensivo – principalmente quando você recebe o carimbo de NO na mão –, todo mundo sempre escolhe o lugar porque é garantido que só encontrará pessoas bonitas.
A fila caminhou rapidamente, por ainda estar cedo. Aqui em Londres costumamos entrar nas baladas às 19-19:30hrs por causa do toque de recolher da cidade. Depois disso, as festas continuam nas residências das pessoas ou baladas afastada a civilização, onde só quem tem carro pode ir, já que os transportes públicos param de rodar depois da meia-noite, uma hora.
Eu, Emily e Indra já havíamos vindo na Black dezenas de vezes. Receber o carimbo YES nas costas da mão parece ser mais importante do que andar com uma Cartier no pulso. Além disso, não é muita gente que tem 120 libras para gastar com uma entrada de festa, mesmo para ver artistas.
- Para participar do Kiss and Fun, decida se você quer escolher ou ser escolhida e entre na respectiva fila. – a funcionaria nos orientou, assim que os cadastros haviam sido ativados em nossos cartões e colocados seguramente dentro de nossos bolsos, sutiãs ou bolsas minúsculas.
- Vamos fazer uma aposta. – Indra disse à frente, virando-se para mim e Emily, que apenas a seguíamos em direção à bifurcação orientada pela mulher há pouco. – Vamos ser escolhidas. Temos que tirar uma selfie com o cara que nos escolher. Quem ficar com o mais bonito não paga a entrada da semana que vem.
- Fechado! – eu e Emily, fãs das apostas de Indra, que sempre tem as ideias, mas nunca ganha, rapidamente respondemos, escolhendo a fila Get chosen.
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A fila foi um pouco demorada. Talvez as pessoas escolhessem aproveitar bem o Fun, do Kiss and Fun. Quando próximas do corredor repleto de portas pretas e candelabros dourados, observei o nível dos homens que entravam e saíam das salas, com ou sem acompanhantes.
- Vocês preenchem esse papel com suas preferencias e quando eu apontar para a porta de vocês, deixem na caixa de acrílico ao lado. Se não forem escolhidas em vinte minutos, alguém avisará na sala que o tempo acabou e você precisará sair.
Troquei olhares com as duas à minha frente, sabendo exatamente que os pensamentos delas eram idênticos aos meus. “Pior do que receber o NO na entrada, é sair sozinha dessa sala.”
Uma a uma, a mulher anunciava a porta que cada garota da fila deveria entrar. Enquanto Indra e Emily entraram nas 6 e 9, respectivamente, eu fui mandada para o segundo andar, na 15. É praticamente uma das últimas salas, o que me levou a pensar se havia uma saída de emergência que eu pudesse usar caso a porta não abrisse, com algum cara tendo me escolhido.
A sala era bem aconchegante, apesar de escura. Dei uma olhada no meu celular, vendo que não havia recebido nenhuma mensagem das duas em nosso chat. Será que elas já haviam sido escolhidas? Estar no primeiro andar era uma opção melhor?
- Sem estresse, , seja como Camila, ela esperou pacientemente alguém entrar na sala. – disse a mim mesma, lembrando da cena em que minha personagem principal aguardava ansiosa pelo movimento da porta. Eu, por outro lado, estava tão perdida em meus pensamentos que mal percebi quando a iluminação do corredor, que não era clara, mas visivelmente mais iluminada do que a sala que estava, surgir e depois subir, ouvindo o som do click da porta.
A luz do corredor havia causado um desconforto na minha visão, tornando difícil de eu conseguir enxergar quem havia entrado. Pelo formato da sombra, ele era bonito, mas isso era de se esperar, afinal, estávamos na Black.
- Olá. – sua voz ligeiramente rouca soou. Pude perceber que seus cabelos estavam bagunçados da maneira que eu gostava e que ele vestia uma jaqueta de couro escura.
- Hum, oi. – respondi, insegura. – Sou .
- Eu sei. – ele riu. – Estava na placa.
- Ah, sim. – ri, sem graça. – Esqueci desse detalhe.
- Bem, posso me sentar? – vi a sombra de seu braço apontar no espaço ao meu lado e eu apenas murmurei um ‘ok’, ouvindo seus passos vindo até próximo a mim. De acordo com sua proximidade, fui tendo uma visão melhor de seu perfil. O tronco com costas largas, os braços fortes, mesmo estando cobertos pelo couro e uma jeans surrada, coisa da moda. Abri a boca ao me deparar com ele.
- Ah, meu Deus. – coloquei as duas mãos na boca, ouvindo sua risada sem graça ao sentar ao meu lado. – Quero dizer, desculpa. – ergui as mãos na altura de seu peitoral para que ele pudesse ver meu gesto. – Você se parece muito com .
- Você gosta dele? – sua voz dizia que ele estava achando a situação divertida.
- Ah, hum, não sei se é certo falar isso, mas é. Uhum. Gosto sim. Quero dizer, ele é . – ri mais uma vez sem graça, agradecendo por estar em um local tão escuro.
- Ser significa alguma coisa?
- Não! Não! Você ficou ofendido? Err… Hum, me desculpe.
Sua risada ecoou na sala, tornando-se mais alto que o som da música que tocava de fundo. Senti sua mão tocar meu braço e me perguntei se ele já estaria partindo para o Kiss do evento.
- Você é muito engraçada, . – ele disse, fazendo um pequeno carinho aonde tocava.
Olhei para o braço, descrente de como meu corpo pode estremecer com um simples toque. O aroma de seu perfume era daqueles que toda mulher gosta, bem masculino. Me pergunto por que os perfumes masculinos são sempre mais gostosos; talvez seja melhor sentir o odor, do que tê-los em nós.
- Você quer dizer, atrapalhada? – ri, tentando arduamente acabar com o ar simpático e manter o ambiente sensual que a Black proporciona. Limpei minha garganta: – Então, você pode dizer meu nome? Talvez eu precise criar uma?
- Criar um nome? – ele se afastou, me fazendo rapidamente pensar em uma resposta para trazê-lo de volta para mim. Deus, como posso ser tão ruim com flertes?
- Você sabe, se estiver desconfortável em dizer seu nome, podemos inventar um para o momento. Afinal, você não sabe se meu nome é mesmo, né?
Não obtive uma resposta imediata. Sua hesitação e então o sopro de uma gargalhada ainda mais alta que a anterior tomou conta do lugar, me perguntando se deveria desistir de tentar conquista-lo e conseguir o Fun do evento. Pelo menos a selfie seria fácil.
- Você tem muita criatividade para pensar em como nome. – ele disse, depois de se acalmar. – Nunca conheci ninguém com esse nome, e, sinceramente, foi exatamente o que me fez escolher essa sala.
- É mesmo? O nome foi a razão da sua escolha?
- O que podemos esperar de um nome exótico? Uma pessoa exótica. – ele respondeu de maneira parecida como fez com Camila na minha fanfic. – Por que você está aqui?
- Aposta, claro. – disse automaticamente, ouvindo mais risadas vindas de si. Pensei se deveria perguntar se nos beijaríamos antes do nosso tempo de 40 minutos dentro da sala acabar.
- Aposta?
- É. – respondi, rindo. – Se você for mais bonito que os caras que escolherem minhas duas amigas, então semana que vem eu não pago o rolê.
- Ah, sim. Esse tipo de aposta. – ele riu, parecendo um pouco aliviado. – Então. Você acha que eu ganho deles?
- Bem, não que eu esteja te vendo bem… – disse, me afastando de maneira a tentar pegar uma imagem melhor dele, mas ainda não estava tão claro, exceto por eu constantemente me lembrar do meu futuro marido. – Mas eu aposto que serei vencedora. Eu sempre venço.
- E como vocês farão para chegar a um consenso? – ele perguntou, parecendo mais interessado em conversar do que me beijar. Urght.
- Precisamos tirar uma selfie. – disse, sentindo-me bem inteligente em conseguir responder todas as suas dúvidas.
- E o que eu ganho com isso? Sou parte da aposta, não é?
- Bem… – coloquei a mão no queixo e olhei para a fresta da porta que de vez em quando era quebrada pela sombra das pessoas que caminhavam do lado de fora. – Tecnicamente, não era para você saber da aposta, então não pensamos num prêmio para o cara, entende?
- Sei… E se eu só concordar em tirar a foto com você se eu ganhar algo também?
Suspirei. Eu sabia que seria difícil, mas nem tanto assim. Pensar em um prêmio para ele, sendo que nem ao menos o conheço? Além disso, eu já havia gasto uma boa grana esse mês com comida, já que passei o tempo inteiro, enquanto finalizava minha obra, em casa, comendo porcarias. Seria uma ótima oportunidade fazer com que Indra e Emily pagassem o próximo TGIF ao invés de eu ter de desbancar uma grana que ainda nem recebi do salario do mês seguinte.
- Bem, você tem algo em mente? – perguntei, insegura com o que poderia vir de proposta. Ouvi seu suspiro e então um silêncio tomou conta do lugar. “Silêncio”. Olhei para o relógio luminoso que havia na sala e mostravam que 25 minutos já haviam se passado em um piscar de olhos, e eu tinha 15 minutos para beijá-lo, tirar nossa foto e ganhar de Indra e Emily.
- Por que não fazemos assim: se você ganhar, deverá me levar na London Eye.
Como é que é? Pensei, sem perceber que também havia dito, mas de maneira muito mais esganiçada.
- Eu nunca fui lá, então acho que é uma boa oportunidade. Além disso, é mais vantajoso do que ficar por aqui, no meio de tanta gente.
- O que você está fazendo aqui, se não gosta de lugares lotados? – perguntei, estranhando uma pessoa tão incomum nessas áreas aparecer justo na minha sala.
- Fui arrastado, claro. – ele disse. – Afinal, hoje é sexta. – comentou, mais uma vez surgindo com uma fala de na minha história. – Além disso, tive um incentivo para concordar em vir, já que sou bastante teimoso.
- Bem, é bom saber. Quer dizer que não poderei tentar entrar em um acordo que envolva não pagar nada para ninguém e só receber os créditos na semana que vem. – suspirei, vendo-o tocar novamente em meu braço, causando outro pequeno tremor. Só que dessa vez ele não parou ali. Sua mão passou para minhas costas e subiu até a minha nunca, virando-me para ele e, sem pedir qualquer permissão ou enviar qualquer sinal, me beijou.
E-que-beijo!
Senti sua outra mão na minha, pegando meu celular de minha mão enquanto eu me focava somente em aproveitar aquele maldito beijo delicioso. Gosto de menta. Lábios macios. Língua forte. Mãos ágeis. O que mais eu poderia querer?
Em seguida, tudo foi tão rápido que eu mal tive tempo de raciocinar. O som do término do nosso tempo soou, ao mesmo tempo que o beijo cessava e um flash aparecia para me cegar e trazer manchas na minha vista.
Com a sua ajuda, me levantei e caminhei para fora da sala, ainda em choque com o ato, saindo do transe quando as vozes de Emily e Indra soaram em meus ouvidos.
- Se você ganhar, eu estarei lá fora, em um carro X preta, estacionado em frente à Club. Estarei pronto para meu prêmio. – ele disse em meu ouvido. – Se você perder… Ainda estarei te esperando.
O beijo que ele deixou no dorso de meu pescoço foi o que fechou com chave de ouro. Eu estava pronta e quente para recebe-lo entre mim, seja lá qual fosse o nome do moço. Por alguns milésimos de pontos, ele poderia tomar o lugar de , apenas porque tomou seu lugar em meus pensamentos com a maior facilidade do mundo. Como costumo comparar todos os homens a , aquilo era, sim, uma grande coisa.
- Este é Robert. – Indra disse, mostrando um cara bem bonito, loiro e com pinta de modelo europeu. – Vim só avisar uma coisinha para vocês. – ela sorriu inocentemente para Robert, que respondeu com uma piscadela.
- Este é Kaio. – Emily apontou para um homem com os olhos puxados, parecendo um asiático, apesar de não estar certa se ele era mesmo um. – Podemos conversar um pouquinho? Será rápido. – ela disse para seu acompanhante, as duas, como sempre, me puxando para um canto da balada. – Aonde está o seu?
- Me esperando lá fora.
- O quê? – Indra disse, estupefata. – Lá fora? Você vai embora com ele?
- Ah, vou sim. – sorri, animada por estar sendo corajosa, apesar de ser bastante perigoso.
Mais uma vez fui pega de surpresa por um abraço grupal das duas em mim. Tentei me afastar com o susto, mas elas tomaram seus tempos para segurarem em meus ombros e dizerem, animadas:
- Quanto tempo estamos esperando você tomar uma atitude inconsequente e não ser a nossa babá o tempo todo? – Emily sorriu, balançando meus ombros.
- Como é que é?
- Mulher, você finalmente começou a viver! – Indra celebrou. – O próximo passo é sumir sem nos avisar! – apontou para si mesma e Emily, que concordou com a cabeça. Eu odiava quando as duas iam embora com caras sem avisar e me deixavam sozinha com algum mala, mas agora, tudo parecia fazer mais sentido. Aquele momento parecia bem mais excitante do que ficar sentada no bar enchendo a cara.
- Vamos logo ao que interessa. – Emily disse. – Mostra a foto do seu parceiro. – ela me deu um tapinha, me fazendo rapidamente desbloquear meu celular, animada comigo mesma por ver, pela primeira vez, o cara que me deu o melhor beijo que já dei em minha vida.
Capítulo 4
O celular quase foi ao chão, se o reflexo de Emily por causa da Starbucks não fosse tão boa.
- Você só pode estar brincando. – Indra disse, pegando o aparelho da mão de Em, enquanto eu ainda mantinha meus olhos arregalados. – Isso é uma montagem, não é?
- Como ela pode fazer uma montagem, sua louca? Nós vimos ela descendo as escadas do segundo andar. Ficou lá os 40 minutos como nós! – Emily celebrou.
- Você pegou mesmo ? – Indra quase gritou em meu ouvido.
- … ai meu Deus, ai meu Deus, ai meu Deus… – eu murmurava, nervosa.
- Ele é , não é? – Emily apontou para o cara da foto. Eu sabia que o reconheceria até pela sombra! Eu sempre disse isso às duas!
- Ele não disse o nome… – murmurei.
- É claro que ele não diria. Até a rainha sabe quem ele é, como pode ficar anunciando assim pra uma estranha que ele é o artista lá? – Indra me deu um tapa. – Deixa eu arrumar seu cabelo antes de ir.
- Retoque esse batom, precisa de um brilho. – Emily entrou na onda, as duas tirando os apetrechos de suas bolsa e clutche, me ajudando a parecer mais sexy e apresentável. Agradeci ter acatado a ideia de Emily em ter a gaveta de lingerie TGIF, não me arrependendo de ter escolhido uma calcinha ou sutiã errado.
- Ele está me esperando lá fora! – gritei, vendo as duas pularem em gritinhos comigo. – Ai meu Deus!
- Ai meu Deus! – as duas gritaram juntas.
- Vai ter sorte no outro lado do mundo! – Indra me deu um tapa.
- Vai, vai! – Emily começou a me empurrar em direção à saída.
- Eu ganhei a aposta então? – me virei, certificando-me que hoje era o meu dia de mais sorte na vida.
- Mas que merda de pergunta é essa? Vai encontrar com ele logo! – Indra me empurrou forte.
- Mas…! – gritei.
- Vaaaaaaai! – as duas gritaram, ignorando minha vontade em saber a resposta. Bem, se formos considerar a minha sorte hoje, então eu definitivamente sou a vencedora da noite.
Conforme ele havia dito, o carro preto X estava estacionado em frente ao Club. Me aproximei, arrumando meu cabelo e a saia, e olhei para os lados quando fiquei próxima ao carro, olhando ao redor para saber se ele estava em algum lugar. Recebi uma portada na bunda, mostrando que alguém estava para sair do carro, mas não havia ninguém. Curiosa, me abaixei a tempo de ver erguer a mão com um sorriso.
- Entre! – ele disse, fazendo sinal para que eu me apressasse, antes que alguém o reconhecesse. – Eu estava com o banco inclinado, você sabe… – apontou para os lados enquanto eu me sentava no lado passageiro de seu carrão.
- Você… hum… – olhei para minhas pernas, me arrependendo de ter gasto quase meu salario inteiro com porcaria esse mês. – Você é mesmo ?
- Eu posso inventar um nome, se quiser. – ele riu, referindo-se à minha fala mais cedo. Ri, sem graça, colocando o cabelo atrás da orelha, sem saber exatamente o que falar. Saber que ele era ele mudava toda a situação! Eu deveria ter treinado mais meu jogo de cintura com os caras que não achava legal, pelo menos teria mais segurança agora. Ou não. Afinal, ele era . O meu .
- Então. – ele puxou assunto assim que saímos da Drive. – Qual o resultado?
- Elas não disseram. O assunto mudou quando vimos a sua, hum, nossa foto. – cocei o dorso do pescoço, perto de onde ele depositou seus lábios antes de nos separarmos.
- Bem, então como faremos com o nosso trato?
- Cada um paga o seu? – perguntei, vendo-o sorrir e concordar com a cabeça.
- Feito.
—-
Ser um artista tem seus privilégios. O mais legal até agora – até porque é a primeira vez que presencio um – é você aparecer em frente a um lugar, ser rodeado de pessoas e flashes, e então deixarem que você tenha uma cabine inteira só para você na London Eye. Eram quase 22:30, mas parecia bem mais cedo. Parar ser sincera, o tempo voou desde que cheguei à Drive.
Na cabine, sentei no banco que havia, já que o percurso era longo, cerca de 40 minutos lá dentro. , lembrando-se de quem é, esperou a roda estar um pouco mais alta, onde as fãs que se conglomeravam para ter uma visão dele tentavam chamar sua atenção com gritos e flashes.
- Desculpe, é um pouco caótico sair de casa.
- Por isso não gosta de lugares cheios.
- Lugares cheios tendem a ficar mais cheios para mim. – ele riu, me fazendo ter mais um lapso de lembrança da cena que , quero dizer, meu personagem, disse à Camila quando eles estavam…
- Meu Deus… – murmurei para mim mesma, as mãos indo à boca enquanto dava um de turista e olhava a vista do alto da roda gigante. – Estou sendo Camila.
- Oi? – ele olhou para trás, as mãos nos bolsos.
- Não, não… É só… Uma coincidência. – murmurei, ainda chocada por tudo estar tão parecido, praticamente igual com minha obra. Era como um dejá vu, mas escrito de uma forma diferente. Como duas histórias parecidas que acabam em um mesmo lugar.
- Coincidência? – ele se aproximou, sentando-se ao meu lado. – Acho que perdi uma parte do assunto.
- Ah… Não, deixa para lá. – ri. – Eu só fiquei impressionada que essa situação é parecida com a cena de uma história.
- Que história? – ele mostrou-se interessado, tocando em minha mão.
- Hum… uma aí. – olhei para a paisagem, tentando desviar de assunto e não dizer que eu sou a louca que escreve fanfics com ele a cinco anos.
Ele permaneceu calado, analisando o ambiente entre nós. Suspirou depois de alguns minutos, chamando minha atenção. Será que ele estava entediado? Eu deveria falar para ele? Puxar algum assunto? Fazer uma piada?
- Pensando nisso, parece mesmo uma história que li. – ele comentou, olhando para o céu escuro. Nós já estávamos quase no topo da roda, o que significava que vinte minutos haviam se passado do percurso.
- Mesmo? – arregalei os olhos, chocada por haver uma história que fosse parecida com a minha. Gemma, minha editora, disse que não era comum, apesar de cenas de amor na London Eye serem clichês. De repente, fiquei apreensiva sobre o sucesso que ela disse que faria.
- É sim. – ele disse, erguendo-se. Demorou alguns minutos para eu sair de meu transe sobre a cena do meu futuro marido estar ali, de verdade em minha frente, maravilhoso como nas fotos e tomar coragem de abrir a boca para perguntar qual livro ele se referia. Só que foi mais rápido: – Se chama Para Sempre.
Arregalei meus olhos.
- O quê? – a voz saiu, fraca.
- Eu pego metrô às vezes. Mas só às vezes. – ele disse. – Praticamente nunca, se for pensar. – ainda de costas para mim, continuou a falar. – Faz um mês desde que descobri esse manuscrito que foi escrito comigo como personagem.
Ai caramba… Pensei, nervosa.
- Eu nunca havia lido uma história comigo como personagem, por isso fiquei curioso em dar uma lida e descobrir como era. Vi na sua nota suas redes sociais e pesquisei sobre você. – ele pausou por um momento e era como se o ar faltasse. Ele não podia estar falando sério. Isso não podia ser real. Quero dizer, se for real é legal, mas nem tanto. Ele leu minha obra??? Nem minha mãe, Indra ou Emily leram!
“De repente, percebi que eu pesquisava demais sobre você. Passava mais tempo lendo suas postagens sobre admiração ao meu trabalho e vi sua dedicação em escrever boas histórias. Gostei muito das que li, apesar de não ser um fã dos romances. Eu fiquei hipnotizado. Essa é a palavra. Hipnotizado. Você é tão bonita que me pergunto por que fica perdendo tanto tempo sozinha, se pode conseguir qualquer um para ser seu namorado.”
Engoli seco, entendendo finalmente por que ele dizia falas que eu havia escrito na minha obra. Quantas vezes ele leu aquilo a ponto de decorar suas próprias falas? Quantas vezes prestou atenção em tudo o que aconteceu durante o enredo para saber exatamente a tonalidade com que eu o imaginei falando enquanto escrevia?
Seu rosto se virou em minha direção, assim como o corpo, que voltou a caminhar até mim. Tentei prestar atenção no percurso da roda gigante. Nós já havíamos passado do centro. Cerca de 15 minutos e eu poderia sair correndo, cancelar o lançamento da obra e sofrer com a vergonha de estar ouvindo tudo o que escrevi sair da boca do próprio . Ele estava brincando? Poderia estar, afinal, eu havia usado o nome dele em minha história, e sem sua permissão. Ouvi dizer que os artistas acham isso esquisito. Uma loucura.
- Eu vi em seu Twitter hoje que você ia para a Drive. Por isso fui para lá. – ele se agachou à minha frente e segurou em meu queixo, obrigando-me a encará-lo. – Fui te encontrar.
- O quê? – perguntei, fraca demais para conseguir racionar. Eu só recebia a mensagem, mas não a processava direito. Era, provavelmente, uma surpresa eu estar conseguindo responder ou falar alguma coisa.
ergueu seus ombros largos e se levantou, puxando minhas mãos para que eu fizesse o mesmo.
- Tomei a coragem de ir até você antes que outro cara fizesse.
Não podia ser.
Era mentira.
Só poderia ser.
Alguém me belisca.
Ou, por favor, não me acorde.
- Você acredita nesse tipo de atração? – ele perguntou, parecendo inseguro, mesmo seu jeito sendo exatamente do tipo que não tem vergonha de nada e consegue fazer tudo o que quer. – Do tipo que você quer ficar com uma pessoa que nunca viu ou falou na vida?
- Você está brincando? – perguntei, vendo-o ficar sério. – Você é meu sonho desde sempre. Eu sou o exemplo vivo de quem gosta de alguém sem nunca tê-lo conhecido.
Minha resposta foi tão séria que ele quase se afastou. Pensou um pouco sobre o que eu disse, até deixar um sorriso, quero dizer, O SORRISO DE aparecer em seus lábios.
Puxou-me para mais perto de si, envolvendo minha cintura com seu braço forte. Segurou meu queixo com delicadeza e olhou bem em meus olhos.
- É com você que quero estar hoje, amanhã, para sempre.
Arregalei meus olhos ao ver que estávamos realizando a cena final da minha obra. Estava acontecendo. Aqui. Agora.
ergueu as sobrancelhas, esperando a minha resposta.
Entre gaguejos, disse:
- Para sempre é muito tempo. Aliás, nos conhecemos não faz nem 5 horas. – ao contrário dele, um ótimo ator, eu parecia um robozinho vomitando palavras.
Seu sorriso manteve-se no rosto e sua mão, que segurava meu queixo até então, passou a acariciar minha bochecha.
- 24 horas, mais que isso ou menos, para mim tanto faz, pois a conheço a muito mais tempo que isso. A admirei por muito mais dias do que você imagina. Por isso, para sempre não é nem um terço do tempo que eu quero passar com você.
Sem deixar que eu o questionasse sobre mais nada, encostou seus lábios nos meus e me apertou mais forte, trazendo uma sensação ainda melhor do que nosso primeiro beijo, naquela sala dentro da Black.
Não percebi quanto tempo o beijo durou, mas ao nos separarmos, estávamos prestes a chegar aos olhos dos fãs que aguardavam pacientemente sua saída da cabine.
- Estou sonhando. – disse, ouvindo sua risada. – É um sonho, só pode ser, eu sabia que não podia ficar acordada por muito tempo, trás ilusões… – balancei a cabeça em frente a , que ria do meu desespero. – Você é de verdade?
- Quer testar mais uma vez? – aproximou seu rosto de mim, fazendo com que eu fizesse uma de minhas caretas; desistiu de me beijar e começou a rir, abraçando-me forte. – Você é exatamente como eu imaginei que fosse.
- Retardada? – perguntei, sem graça, encolhida em meio aos seus braços fortes.
Ele se afastou de mim e, antes da cabine abrir e enfrentarmos a fúria de suas fãs, disse:
- Única. – acompanhado de um sorriso que eu só imaginei ver nos meus sonhos, quando ele estava no fim do meu caminho até o altar.
Fim
Nota: Isa, acabei exagerando um pouco no tamanho, porque o enredo doado pela pessoa do Adote Uma Ideia era para uma história longa. Tentei meu melhor não tornar nada cansativo e bem dinâmico, hahaha! Espero ter conseguido!
Feliz dia do amigo! Estou muito feliz de tê-la na equipe como companheira; espero que possamos fazer mais memórias juntas dentro e fora do EC. Além de beta, você é uma ótima autora, então espero de coração que tenha curtido a história!
Beijão!
Que história maravilhosa, Nat! Eu simplesmente AMEI! (Não vou falar tanto pq já te falei) Me emocionei agora com a tua N/A, quem diria que uma das minhas autoras preferidas, que já me fez rir, chorar e muito mais lendo suas autorias, iria escrever uma short de presente para mim. Eu estou sonhando. E ainda mais ver esta sua dedicatória, falando que além de beta, sou uma ótima autora. WOW. É assim que tu me mata, querida, Natashia. É assim que tu me faz querer ser a PP desta short e querer escrever cada dia muito mais. Se eu tivesse coragem o suficiente, iria pedir opiniões suas para duas histórias que comecei a escrever, mas como tu é uma profissional ao meu ver, irei esperar ter muitos capítulos para perguntar à tu se posso te enviar. HAHAHA. Muito obrigada mesmo! Estas palavras são as que fazem eu, como autora, querer dar meu tudo para conseguir alcançar um patamar igual ao que você chegou.
Voltando pras eras, eu amei a short e vou guardar ela no meu coração com muito carinho, pois não é sempre que isto acontece. HAHAHAH
Se eu pudesse te dar um abraço, nunca iria soltar. :3
É SP q tu mora? Pq se for, to querendo ir pra essas bandas dar um rolê no fim do ano.
Um milhão de beijos, pra chefa mais legal do planeta!
Comentário originalmente postado em 21 de Julho de 2016
A história pode não ter sido escrita para mim, mas me cativou do mesmo jeito. Eu amei. O jeito que você escreve, Nat, faz com que o leitor mergulhe na história, isso é maravilhoso
Comentário originalmente postado em 17 de Outubro de 2016
Ai que sonho! Que história incrível é essa?! Meu Deus! Está totalmente de parabéns pela história, pela escrita, pela narração e enredo. Acho que ela se encaixa nos sonhos de muitas leitoras. Afinal, quem é que não queria que seu ídolo ficasse assim, tão pertinho e ainda dizendo que quer ficar com você hoje, amanhã e pra sempre?
Parabéééns!
Comentário originalmente postado em 27 de Fevereiro de 2017