Insane

  A vi pela primeira vez em uma festa; quando digo festa, na verdade, estou imaginando a Insane, maior festa americana fora dos Estados Unidos que existe entre a elite, mas desejo que as pessoas achem que foi um encontro natural, daqueles que você sente que é destinado; nada do que aconteceu foi destinado, na verdade, foi uma loucura. Pessoas bêbadas e malucas, rindo o mais alto que podiam e tropeçando nos próprios pés. Todas as festas Insanesno, que chamamos de ilha proibida, vão além do que festas normais conseguem aguentar.

  As festas da ilha começaram quando a turma de administração resolveu celebrar o fim da faculdade. Era 2009; nós éramos tão hiperativos quanto somos hoje. A turma estava mais unida do que nunca esteve. As poucas aulas que tínhamos no último semestre eram tão estressantes que acabávamos nos aliando para lidar com nossos orientadores. No fim, ao invés de aproveitarmos uma festa de formatura como qualquer formando feliz, decidimos que merecíamos muito mais do que isso e alugamos uma pequena ilha na América Latina que possui o melhor clima deste planeta, areia branca, mares transparentes e o melhor: sem policiamento, o que significava para nós, jovens recém-formados e loucos para quebrarmos a banca, que poderíamos fazer o que quiséssemos, desde que não houvesse uma ou mais pessoas mortas até o fim do final de semana.

  Cinco anos depois, as festas continuam acontecendo, a idade máxima aumenta em respeito aos solteiros que acompanham desde a primeira festa e mais pessoas pagam as milhares de dólares para vir passar dois dias no paraíso fiscal.

  A partida em um dos vários jatos disponíveis para levar todos os convidados (de vinte e um a trinta anos) era feita durante toda a manhã pelo aeroporto internacional. Grupos enormes de filhinhos de papai que finalmente conseguiram realizar o sonho de seus pais obtendo um diploma se agrupavam em frente ao terminal de embarque para seguirem até o portão VIP onde se localizavam os embarques dos jatos particulares. O local nunca havia estado mais cheio. Vi seus cabelos esvoaçando quando pediram para o primeiro grupo embarcar. Os óculos de sol Ralph Lauren protegiam seus olhos, de modo que não pude saber qual a cor deles; usava um microshort jeans cheio de rasgos, uma tendência da moda. Suas pernas são bronzeadas e compridas, lisas como um pêssego. A bata que usava mostrava parte de seu ombro também bronzeado. Ali, podia observar a marca de biquíni. Subiu com o grupo mais próximo de amigas que eu e meus amigos tínhamos. Me lembrava dela, a garota que todos os homens diziam ser a melhor. Quando homens dizem que ela é a melhor, significa que além de ser bonita, ela é boa de cama e poucos são os que conseguem atraí-la.

   , este era o nome dela. Não era a mais inteligente da sala, mas recebeu os méritos pelo trabalho de conclusão de curso. Herdeira principal dos , donos da empresa aérea que forneceu os jatos, como sempre faziam desde o início das festas; tenho certeza que ela também recebe tantos mimos quanto eu por ter fornecido o transporte gratuito ao evento. Assim que a vi sumir dentro do jato que comportava 30 a 40 pessoas, abri um sorriso malicioso, certo de que já tinha minha meta para este final de semana.

  Até às 15h00, jatos pousavam nas duas pistas disponíveis no pequeno aeroporto que os nativos cuidavam para os turistas. O casarão alugado possuía poucos quartos, comparado com o número de convidados, mas eles só estavam disponíveis para as pessoas que pagaram mais do que seis mil dólares no evento; eu, obviamente, era um deles. O quarto com meu nome na frente era privilegiadoporque dei o maior valor para o evento. Com uma cama king size enorme, piscina e banheiro localizado dentro do quarto, poderia dar minha própria festa ali. Logo pensei em e me olhei no espelho, vendo satisfatoriamente o sorriso convencido que sempre carreguei desde quando descobri que ele atraía as mulheres para perto.

  A festa começava a partir das 18h00, no por do sol, com fogos de artifício abrindo o evento. Nele, todas as centenas de pessoas estavam espalhadas pela casa e praia, bebendo e fumando. Pela ilha estar localizada em um local latino onde a maconha era legal, o cheio impregnava pontos do casarão. Depois de uma hora e alguns minutos, todos já estavam alegres ou sumidos, provavelmente fazendo o que vieram fazer. Coloquei as mãos no bolso de minha bermuda e caminhei pelo lugar, procurando pelo rosto que vi desde mais cedo de manhã.

  Vi o grupo que ela acompanhava, mas não estava lá. A procurei por mais uma hora e me perguntei se algum cara havia a pegado antes de mim. Ao pensar na possibilidade, senti meu sangue esquentar, aumentando meus passos.

  - Hey, George. – chamei meu amigo, que sempre sabia de tudo sobre todos. Ele era a pessoa certa, principalmente se eu quisesse que espalhasse para todos que minha intenção na festa é , assim, ninguém inteligente o suficiente investiria nela neste final de semana. – Onde está ?

  Rapidamente recebi seu olhar de quem sabia o que eu estava querendo. Passou o braço pelo meu pescoço com dificuldade por ser bem mais baixo que eu:

  - A vi saindo pela porta da frente faz alguns minutos. Estava sozinha, mas não irá demorar muito para alguém correr atrás dela. Você sabe sobre e todos os homens do mundo que a veem com aquela barriga perfeita de fora. – soltou uma gargalhada e deu dois tapinhas em meu ombro, como se achasse que eu precisasse de sorte para pegar a melhor garota da festa.

  Fiz o caminho que George me indicou e não vi muitas pessoas do lado de fora, apenas alguns casais procurando por um canto escuro. Olhei para os portões de ferro abertos e caminhei para fora dele, vendo, bem ao fundo, o semblante da garota que se tornou minha meta. Apressei um pouco meus passos e me escondi ao ver um homem se aproximar dela. Claramente ela o rejeitava, empurrando o bêbado para longe; quando ele a agarrou, me senti na obrigação de intervir:

  - Hey, ela disse que não. – me pus entre os dois, empurrando o que percebi ser Alexandre para longe. Meu amigo olhou descrente para mim.

  - , você realmente não quer pegar a no mesmo final de semana que eu. – não sei até onde sua língua bêbada iria, mas não poderia deixar que ele estragasse meus planos assim tão fácil.

  - Alexandre, você sabe muito bem que minha única razão de estar aqui, é porque os ingressos cobrados serão dados a mim, o sócio principal da festa. Além do mais, eu não vou pegar ninguém que você pegue, sabe muito bem. Ela só não quer e você está bêbado.

  - Você está bastante sério hoje, cara. – Alexandre riu e olhou para logo atrás de mim. – Tudo bem, se ela não quer hoje, tento amanhã. Temos vinte e quatro horas, não é, gata? Esperei cinco anos, posso esperar mais um dia.

  - Me deixe em paz, Barkins. – a voz dela era fria e seca. Alexandre riu e lhe enviou uma piscadela, dando dois tapas no meu ombro, como George fez há pouco e voltou para o casarão.

  Assim que me virei para olhar , ela já estava longe:

  - Agradecer faz parte da boa educação. – falei, voltando as mãos no bolso e caminhando na mesma direção que ela.

  - Obrigada. Você poderia parar de me seguir? – não senti seu agradecimento ser intencional e não pretendia deixar barato. Acabei de salvá-la de um possível estupro e tudo o que ela me fala é um ‘obrigada’ seco e sem emoção nenhuma?

  - A ilha, por mais privada que ela seja, é pública para quem está dentro dela, por isso, acho que estou livre para caminhar enquanto tento fugir das mulheres que não param de se jogar para cima de mim. – apontei para trás, onde ficava o casarão e a vi virar sua cabeça para olhar para mim e logo voltar a caminhar. – Caso você não saiba, isso é uma ilha, não há muito para onde ir. As pessoas tendem a se esbarrar com frequência…

  - Tudo bem, faça o que você quiser, apenas pare de falar comigo. – seu tom veio grosseiro, me fazendo arregalar os olhos. Sempre achei que fosse uma garota doce. Era o protótipo que estavam vendendo sobre ela. Doce e selvagem na cama. Decidi me manter calado para que ela não decidisse fazer o caminho reverso e me deixar sozinho com meu orgulho. Observei a lua agora no ápice do céu fazer um bom trabalho iluminando o caminho. A ilha era pequena, como havia dito e não havia perigo de roubo ou bandidos andando por aí, principalmente porque fechamos o local exclusivamente para a festa. Mesmo que a estrada fosse asfaltada do aeroporto até o casarão e o pequeno vilarejo que há no meio do caminho, o resto é tudo coberto por mato e pedras bem aparadas e colocadas.

   estava com os cabelos soltos, eles eram mais brilhantes à noite do que de dia. O short da manhã se manteve e a parte de cima parecia um top de crochê creme que cobria somente seus enormes seios siliconados. George tinha razão sobre sua barriga; tão lisa que poderia ver os ossos de sua cintura. Depois de um tempo andando e suspirando, prendeu os cabelos em um coque malfeito, os dedos longos se movendo com facilidade.

  - Você quer conversar? – perguntei, certo de que ela diria que não. – Achei que quisesse se divertir.

  - Na verdade, eu vim para divulgar a linha de jatos especiais que lançamos na empresa. Não tinha o menor interesse de vir até essa festa.

  - Por quê?

  Seu rosto se virou para mim e os passos pararam, de modo que consegui rapidamente parar ao seu lado. Agora, sem os óculos de sol tapando a visão pude ver os olhos brilharem com a luz da lua.

  - Você realmente está interessado em mim, não é? – sua voz saiu naturalmente, me fazendo surpreso internamente.

  - As pessoas falam sobre você, você é bonita, vi que recebeu méritos, mas como disse antes, eu vim pelos negócios e estou caminhando, então não infle seu ego achando que é tudo por causa de você.

  Vi um pequeno sorriso em seus lábios e continuou a andar comigo ao seu lado.

  - As pessoas falam demais. – ela disse. – Você acha que eu realmente sou tudo o que falam?

  - Tirando a parte de você ser doce, até agora só comprovei o inteligente e bonita. – ouvi sua risada.

  - O que mais dizem?

  - Você sabe. – olhei para ela e vi seus olhos mais uma vez desviarem para mim.

  - Ahhh… Então é isso. – apontou para mim. – O sexo.

  - O sexo.

  - Está curioso?

  - Não irei negar.

  - Você quer?

  - Só se você quiser.

  Minha resposta foi tão automática que provavelmente me surpreendi tanto quanto ela demonstrou se surpreender ao parar de andar e olhar para mim.

  - Então você realmente veio até aqui para transar comigo.

  - Você possui uma péssima inclinação em achar que tudo acontece por sua causa. Irei repetir, eu vim pelos negócios. Você me perguntou o que mais dizem e eu disse. Você me perguntou se eu transaria com você e é óbvio que não irei dizer que não, já que sou homem e estou entediado com todas aquelas garotas atrás de mim.

  - Você não sabe lidar com as mulheres, não é? – ela disse, com o mesmo sorriso malicioso que eu carregava em meus lábios. Estávamos parado no meio da estrada asfaltada, mas por todos estarem aproveitando a festa no casarão ou trabalhando nela, não era estranho que não tivesse passado nenhum tipo de transporte ainda.

  - Se não soubesse, não estaria fugindo delas. – ouvi sua risada.

  - É, eu ouvi falar sobre você também, . – deu alguns passos para trás e voltou a andar o caminho reverso para o casarão. Na minha opinião, o assunto não havia finalizado, por isso não me importei em livremente acompanhá-la de volta para a festa.

  - O que ouviu?

  - Basicamente a mesma coisa que você ouviu de mim, exceto pelo inteligente e adicionando um quebrador de corações. – não pude evitar soltar uma alta gargalhada com ela. – Você realmente gosta de machucar as garotas?

  - É apenas sexo. Mas vocês, mulheres, insistem em achar que é mais que isso.

  - Oh, sim. Isso é uma verdade para algumas. Vamos dizer então que você somente tem um dedo podre.

  - É o que acontece quando só quer transar.

  - E você quer transar. – afirmou. Olhei para o céu e levantei os ombros:

  - É melhor do que beber e aguentar todas as pessoas desempregadas reclamarem sobre a vida e pedirem para eu ajudá-las.

  - Ohh, agora entendi por que fugiu de lá. – apontou para o casarão e espero que tenha visto minha piscadela.

  - E por que você fugiu?

  - Eu queria pensar. – disse. – E fugir do Alexandre.

  Balancei a cabeça, compreendendo sua situação e olhei para a paisagem que, mesmo estando escuro, poderia enxergar com clareza. O mar estava tranquilo e exceto pelo barulho da festa, todo o resto era sempre silencioso. Desde a primeira festa, nada mudou; somente algumas funções da ilha, como a estrada de asfalto para facilitar o transporte dos micro ônibus que compramos para o evento. Olhei para , que caminhava de cabeça baixa. Chutava algumas pedrinhas em seu caminho e as mãos estavam para trás. Ao passarmos pelo portão da frente e entrarmos na festa, olhou para mim:

  - Nos vemos depois. – acenou e se afastou.

  Aceitei que agora não era o momento de investir nela. Ainda não são meia-noite e a festa irá durar as vinte e quatro horas até o por do sol do dia seguinte, por isso, tenho todo o tempo do mundo para me satisfazer com .

  O casarão é enorme, mas não o suficiente para uma pessoa sumir por tanto tempo. As pessoas na altura das onze e meia já estavam enlouquecidas. DJs tocavam músicas do gosto dos convidados, os buffets contratados faziam o bom trabalho de não faltar nenhum alimento ou bebida e os grupos de stripers e dançarinos tornavam o ambiente ainda mais tenso sexualmente. Se caracterizassem a festa como uma orgia, eu não poderia negar; mas gosto de pensar que é apenas um lugar para os cidadãos americanos que fingem que obedecem às leis possam se sentir livres de todas as regras impostas pela sociedade e suas empresas. Desde o momento que me separei de não a vi mais. Depois de algumas horas, desisti de tentar encontra-la e me sentei em uma poltrona livre na área externa da casa, onde garçonetes de biquíni caminhavam com bandejas de bebidas coloridas. Aceitei uma e passei a conversar com Blake, meu amigo da época da universidade.

  Eram duas da manhã quando senti uma mão apoiar em meu ombro. Vi Blake abrir um sorriso malicioso e então olhar para mim, que joguei minha cabeça para trás para ver :

  - Você não me procurou.

  - Você sumiu. – respondi e recebi suas costas. Interpretei como se fosse para segui-la e me despedi de Blake que disse algo relacionado a ‘sortudo’, mas não entendi tão bem, já que o som estava alto e minha atenção estava focada na garota à minha frente.

  Subimos até o terceiro andar, onde ficavam os quartos dos privilegiados. Devido às pessoas estarem bêbadas, não se importavam em nos ter passando por seus momentos sexuais ou de acender a luz no corredor.

  - Este é o meu. – ela disse.

  - Eu prefiro o meu. – apontei para a última porta. Ela levantou os ombros e seguimos até meu quarto, mostrando o espaço enorme e arrumado.

  - O seu é bem melhor. – a ouvi dizer e soltei uma risada, trancando a porta atrás de mim enquanto a via fechar a janela balcão e a cortina que escureceu quase por completo o quarto.

  - Dessa maneira não tem graça.

  - Tem toda a graça. – senti sua mão pegar a minha e seguimos até a piscina que havia ali. – Você está bêbado? – ela disse, se sentando na borda.

  - Nem um pouco.

  - Ótimo. – voltou a se levantar e levantou os braços, mostrando que eu teria de tirar seu top de crochê. Fiquei observando a mulher que todos diziam ser a melhor pronta para transar comigo, entretanto, naquele momento tudo o que senti foi que não deveria fazer isso com ela. Seus olhos estavam vazios e ela parecia estar cedendo por cansaço; não era nem um pouco sexy e não trazia nenhum tesão.

  - Por que está tão entediada? – perguntei, fazendo-a estranhar por eu não estar tomando nenhuma iniciativa. – Você não quer fazer isso. – afirmei, vendo-a abaixar os braços. – Está querendo fugir da realidade.

  Seus braços caíram e um sorriso de descrença tomou conta de seu rosto. Olhou para o lado, provavelmente pensando em uma resposta a me dar, mas não tive paciência em esperar:

  - O sexo realmente é algo. – cruzo os braços e encosto na parede. – Mas não é a solução.

  - E o que você sabe sobre meus problemas?

  - Devem ser ruins o suficiente para ter de recorrer ao sexo para esquecê-lo. – falei, vendo-a diminuir seu sorriso. – Não estou querendo ser seu terapeuta, mas não sou do feitio que transa com alguém para ajuda-la. Se quiser esquecer seus problemas, terá de arranjar uma outra maneira.

  - Você mal deve saber o que é problema. – seu murmuro saiu mais alto do que esperava. Se deitou em minha cama e ficou encarando o teto. – Não é pecado querer esquecer.

  - Não. É querer fugir. – falei, observando-a estática. Sentia sua mente borbulhar com tudo o que deveria estar passando. Havia ouvido falar sobre os negócios com os jatos não estarem indo bem, mas não esperava que fosse prejudica-la, já que seu nome ainda está na lista dos bem-sucedidos na Forbes.

  Mesmo tendo nos formado há alguns anos, quando fazemos parte de uma sociedade elitista, temos de nos encontrar com bastante frequência para formalizar ou renovar nossos contratos e respeitar as leis de boa convivência para o bem daqueles que observam através da mídia; entretanto, nunca foi o tipo de garota que compareceu presencialmente em todos os eventos como a maioria de nós. Mesmo provavelmente sendo obrigada por seus pais, perfis presentes nos lugares, sempre enviou representantes para discursar em seu lugar enquanto resolvia algum problema da empresa ou realizava algum congresso no exterior. Isso sempre chamou a atenção da mídia, já que a lei da publicidade é clara: quanto mais dinheiro tiver e mais se esconder, mais correrão atrás de você. é tão conhecida quanto qualquer um de nós que estamos herdando as empresas multimilionária de nossos pais, mas possui muito mais jornalistas e paparazzis correndo atrás querendo saber sobre sua vida pessoal.

  Vê-la deitada em minha cama com os olhos vazios, encarando o teto, me fez sentir um pouco de compreensão por sua situação. Através das fofocas que acontecem dentro do nosso círculo enorme de relacionamento, as mulheres contam quem se relaciona com quem, quem é traído, quem trai, quem termina. sempre este no assunto de quem não esteve com ninguém. Nenhum namorado, companheiro ou parceiro de cama. Ela apenas tem foco para o trabalho, por isso não é a pessoa favorita para ser colocada na lista quando há alguma festa. Contudo, é ela quem todos os homens querem. Pela nossa idade, daqui a alguns anos beirando os trinta, é normal alguns de nós começarmos a pensar no bem de nossas empresas e nosso futuro, programando casamentos e herdeiros. A primeira opção de todo rico que não tem programação, é outra pessoa rica. De todas as mulheres ricas que conhecemos, é a que possui o melhor histórico. Mesmo que ela tenha seus relacionamentos sexuais com alguns caras, eles nunca dão detalhes o suficiente para sabermos como é realmente transar com ela, apenas especificam de que ela é, sem dúvidas, a melhor. Ninguém nunca namorou com ela para saber como ela se comporta; o máximo que conseguimos saber, foi com Adam Hanson, com quem ela se relacionou por um ano inteiro e acabou terminando o caso por ele tê-la traído com algumas garotas de programa. Mesmo assim, Adam nunca chegou a falar mal de para ninguém e é capaz de vermos ele tentar mais uma vez se reaproximar dela.

  - Seja o que for, você sempre consegue se sair bem. – falei, descruzei os braços e coloquei minhas mãos no bolso, indo até a janela e abrindo a cortina que ela havia fechado. Olhei as pessoas do lado de fora continuarem a se divertir, pouco se importando de estarmos quase na hora de observar o nascer do sol, indicando que metade da festa já havia passado. – Você é , afinal.

  - Eu não sei o que vocês falam tanto para me colocarem em um pedestal. – ela retruca. – Faço exatamente o que vocês fazem em suas empresas. Nos formamos na mesma universidade, tivemos a mesma base de conhecimento.

  - Algumas pessoas se superam, outras não. – olhei para ela, que estava com o rosto virado em minha direção. – Você só tem que entender e aceitar você mesma.

   se mexeu e acabou se sentando, cruzando as pernas. Passou a encarar o chão; sua expressão pensativa não transpassava dor, apenas a busca de uma solução para seus problemas. Abri um pequeno sorriso; talvez fosse isso.

  Nenhuma pessoa milionária e praticamente dona de uma empresa internacional tem humildade o suficiente para ouvir outra e considerar suas opiniões. Geralmente somos todos orgulhosos o bastante para acharmos que estamos sempre certos, mesmo não tendo sequer uma década de experiência em nossos ramos. Mas estava pensando em minhas palavras, estava sentada em minha cama, considerando o que eu havia acabado de dizer. Não consigo pensar em qualquer mulher que, ao receber um fora de um possível parceiro de cama, fosse se sentar e pensar no que ele disse com tanta frieza.

  Me aproximei com as mãos ainda no bolso. A luz da lua que estava para deixar seu lugar para o sol iluminava parte do quarto que estava próxima à janela balcão. Fiquei de frente para , que levantou seus olhos para mim.

  - Considere isso um bônus. – sussurrei bastante próximo aos seus lábios antes de encostá-los nos dela afim de saciar minha vontade intensa de sentir seus beijos.

  Um erro, de fato.

  Assim que separei minha boca da dela, foi como se o resto do mundo já não se importasse mais. Olhei em seus olhos bem abertos e não pude deixar de pensar que, realmente, aquela era uma garota espetacular e que eu teria de fazê-la minha a qualquer custo.