I’d Be Your Song
Se alguém perguntasse, diria que não saberia quando começara a gostar de , nem quando nem o porquê, mas a verdade é que sabia sim, lá no fundo ela sabia.
começou a trabalhar como caixa num gastropub, o Mashes, para complementar sua renda, afinal, desde que começou a faculdade e se mudou da casa dos pais, notou que viver – pagar as contas, comer e ter algum dinheirinho sobrando para comprar alguns “luxos” a mais – era um pouco mais caro do que imaginara. Era um emprego bom, com um bom salário e com um horário que não era conflitante com o das aulas, não poderia ter mais sorte, pensava .
Alguns meses desde que estava empregada no Mashes, os donos resolveram que o lugar precisava de dias alternados de música ao vivo, isso daria um up na experiência dos clientes e os deixariam mais satisfeitos, então logo contrataram um daqueles músicos voz e violão, um que tocava de tudo e poderia entreter qualquer público; e foi assim que conheceu .
Para a garota, era o famoso pacote completo: era muito bonito e muito gente boa, era gentil com todo mundo, fazia questão de saber o nome de todo mundo e de ajudar, com qualquer coisa, sempre que era preciso.
No começo era só uns olhares para o rapaz enquanto pensava “uau, que cara lindo!” e súbita timidez quando ele estava por perto. Quanto ao rapaz, ele nunca pareceu prestar muita atenção em , mas para ser justa com o rapaz, ela também nunca se fez ser notada por ele, sempre desviando o olhar e fugindo quando ele chegava, pois, para ela, aquilo seria aquele famoso crush passageiro, logo mais nem se lembraria mais quem era e como ele fazia seu coração bater um pouco mais rápido.
Mas, antes que pudesse perceber ou ao menos impedir, já estava contando dele para suas amigas de faculdade e dando um jeito de inclui-lo em todos os assuntos.
- É sério, é como se alguém me perguntasse como é o homem dos meus sonhos e personificasse ele logo depois no , não é possível, vocês não estão entendendo!
- Legal, , mas acho que não adianta nada você falar tudo isso pra gente enquanto para ele você nem olha direito. – Marie costumava ser conhecida por elas como a amiga sensata do grupo, aquela que jogava a verdade em cima delas e dava o famoso choque de realidade. Mas ei, não poderia dizer que a garota estava errada, afinal.
sabia bem daquilo, que se quisesse que tomasse conhecimento dela, ela deveria, pelo menos, falar oi para ele, não é?
- Eu sei, eu sei! Você fala isso toda vez, Marie.
- Quem sabe um dia você me escuta, né? Enquanto isso não acontece, eu continuo falando! – As duas riram enquanto seguiam seu caminho até a cantina da faculdade.
- Ei, eu acho que já está na hora de você e Sammy irem me fazer uma visita no Mashes e conhecer meu futuro namorado! – A última parte fez soar como uma brincadeira, mas como ela queria que fosse uma verdade.
Sammy era a outra peça desse trio que não havia ido à aula naquele dia, mas as meninas sabiam que ela concordaria em ir até o pub se divertir um pouco.
- Tudo bem, mas só se a gente dormir na sua casa depois e você fizer aquele chocolate quente divino!
mais do que depressa concordou e estava combinado, na sexta à noite as meninas se encontrariam no Mashes e finalmente não só iriam ver o “crush supremo” de ao vivo, mas também ouvir, já que seria o dia dele fazer seu show, e garantiu às meninas que o gênero de músicas que ele escolhia para sexta geralmente eram o melhor da semana.
Finalmente sexta chegou e mais do que queria que aquela semana terminasse logo; uma das garçonetes do lugar resolveu que não poderia continuar a viver se não saísse com – ela mesma disse isso no vestiário das meninas num dia desses. quis bater com a cabeça da garçonete no armário e logo depois bater a sua própria, várias vezes, inclusive, até que ela deixasse de ser besta. Tinha até demorado para que isso acontecesse, era lindo e nunca tinha cruzado a cabeça de que isso poderia acontecer.
Claro, ele era rodeado de garotas, principalmente depois dos shows, mas ela nunca tinha visto nada demais acontecer, por isso não tinha certeza se nada acontecia mesmo ou se era um cara bem discreto, mas ela também preferia não pensar muito nisso e fingir que nunca acontecia nada, para sua própria sanidade mental.
Até que, impulsionada por sua própria mente, o discurso das amigas de como deveria, pelo menos, falar oi para o rapaz e, mesmo que não fosse admitir, um pouco de ciúmes, decidiu que na próxima vez que o visse daria, pelo menos, um sorriso, um oi, qualquer coisa que conseguisse. Mas essa próxima vez acabou chegando mais rápido do que ela esperava e quando estava saindo do vestiário, trombou com .
Depois de verificar se seu coração ainda estava dentro dela e não tinha saído devido ao susto, enquanto decidia se deveria apenas sorrir ou falar algo, decide por ela e murmura umas desculpas apressadas e continua seu caminho, meio correndo, meio andando, em direção ao vestiário dos rapazes/camarim dele.
“Okay então, não foi dessa vez”, pensou e seguiu para seu lugar ao caixa para começar o expediente. Logo mais começou a sua apresentação e umas duas ou três músicas mais tarde as amigas de chegaram ao local, atrasadas como sempre, dão um tchauzinho para a amiga e vão se acomodar para assistir ao deus grego de .
E enquanto a garota estava fechando o caixa após o seu dia de trabalho, escuta seu nome ser chamado, achando que era só mais um cliente retardatário que deveria ter esquecido algum pertence – isso era bem comum ali, muitas coisas acabavam esquecidas quando os clientes já estavam com a cabeça leve por causa do álcool – levanta a cabeça sorrindo, já pronta para o famoso “pois não”. Nesse momento acha que se não tivesse sentada, estaria estatelada no chão, com certeza!
- , o…oi. O que faz aqui? – Talvez por isso dizia aos quatro ventos que não lhe deveria ser dada a palavra em casos onde estava nervosa demais. Tanta coisa para se dizer ao garoto e foi dizer logo isso? A garota queria se chutar.
- Vim me desculpar por ter quase te derrubado hoje mais cedo e nem ter me desculpado direito, sou mais educado que isso! – O rapaz levantava as mãos como quem quisesse provar seu ponto.
- Aah, tudo bem, acontece. – não tinha certeza se estava mesmo conseguindo sorrir para ela, esperava, do fundo do coração, que sim.
- Tudo bem, então! E me desculpe de novo.
- Adorei a apresentação de hoje! – a garota disse meio gritado quando ele já estava quase passando da porta e duvidava que ele tivesse ouvido.
- Meu. Deus! O que foi isso? – Nem havia reparado que as amigas estavam lá perto, mas, pela cara zombeteira das duas, elas tinham presenciado tudo.
- Ah, cala a boca, Sammy. – Um jeito muito maduro de encerrar discussões foi escolhido por . Não estava entendendo a dificuldade dela em formar frases aquela noite.
Depois de tudo encerrado no pub e as garotas já na casa de , com seus pijamas e copos do querido chocolate quente nas mãos, era hora de falarem sobre a noite.
contou o que tinha acontecido mais cedo no Mashes, justificando a conversa que as meninas ouviram no final da noite.
- Mas e ai, o que vocês acharam? Ele é incrível, não?
- Juro que você parece aquele emoji de olhos de coração agora, . – Marie ria do que tinha dito, junto com Sammy e da própria . – Mas sim, ele manda muito bem nos palcos.
- E é muito bonitinho, tá certíssima em ser apaixonada nele! – Foi a vez de Sammy dar sua opinião.
- Às vezes só queria que ele me tocasse igual toca naquela guitarra dele! Ou poderia ser qualquer música saindo da boca dele sem nenhum problema! – Mais uma vez as meninas se renderam ao riso enquanto jogavam almofadas e travesseiros em . – Ei, EI, cuidado com o chocolate quente!
- Tem razão, muito precioso para desperdícios! Mas sério, investe, amiga. Chega já chamando ele pra sair.
- Tá louca, Sammy? Nem consegui conversar direito com ele, como você acha que eu vou chegar e falar “oi, quer sair comigo um dia desses?”, caio morta antes disso acontecer!
- Tá bom, , mas e aí, como você vai fazer a coisa acontecer então? Ou vai ficar só nessa? – Marie queria que a amiga tomasse uma atitude de qualquer jeito.
- Bem que o universo podia mexer os palitos pra acontecer alguma coisa, né? O que custa? É uma mexidinha só, nem vai demandar nadinha de esforço!
- Eu acho que você deveria tentar, sério. Quem sabe ele também não tem um crush secreto por você também.
- Ah tá, Marie, eu acho que sou um pouco monótona demais pra ele, não? Às vezes prefiro deixar as coisas assim do que tomar um “não” na cara.
logo tratou de mudar de assunto e suas amigas foram junto, o assunto estava se tornando pesado demais para uma sexta-feira à noite. Por fim, entre risadas e conversas sobre nada, elas deram olá para o fim de semana.
Sábado era o dia mais movimentado do Mashes, então, com certeza haveria mais uma apresentação do , mais um dia para tentar, pelo menos, falar um oi para ele e, quem sabe, com bastante sorte, começar uma conversa decente.
- ! ! EI, ! – Wanda, a esposa do dono, encarregada da fofoca do lugar e, como hobbie, era administradora do gastropub, estava chamando desesperadamente e a única coisa que ela pensou foi “ai, lá vem” enquanto se virava para a mulher.
- Oi, Wanda! Desculpa, estava viajando aqui.
A mulher só deu um aceno com a mão e apostava que ela nem havia prestado atenção de qualquer maneira.
- Você não imagina o que eu acabei de ouvir. – Deu uma pausa gigantesca, talvez esperando perguntar o que ela tinha acabado de ouvir.
- Ahn?
- Sabe aquele moço gracinha que canta aqui às vezes? O ? Então, menina, estava comentando de você com um dos garçons!
precisou de um tempinho para processar o que havia acabado de ouvir. ? O falando dela? Como? Mas espera aí, poderia estar falando mal, não é? O coração de nem quis saber dessa possibilidade, estava mais interessado no fato de estar falando dela, DELA!
- Nossa, jura, Wanda? Espero que falando bem… – deu uma risadinha sem graça, não querendo entregar a Wanda mais munição do que ela já tinha ao perguntar diretamente sobre o que falavam.
Mas a mulher somente fez uma cara que poderia ser descrita como maliciosa, virou as costas e foi embora, enquanto era deixada com seus pensamentos em um turbilhão. Então Marie poderia estar certa? Será que a havia notado do jeito que ela queria?
Mais tarde naquele dia, resolveu que ia tentar começar uma conversa casual com , nada demais, só elogiar a apresentação do garoto, de verdade dessa vez, e esperar que o Universo colaborasse com ela e lhe sorrisse.
Ensaiou mil vezes o que falaria pra ele e, assim que terminou de fechar o caixa daquele dia, foi procurar como tinha ensaiado a noite toda, estava quase convencendo seu coração que não precisava acelerar tanto, estava com o que falaria na ponta da língua, não tinha como errar, quando viu o rapaz e todo o esforço de acalmar seu coração agitado foi por água abaixo.
viu claramente quando o garçom que conversava com ele disse alguma coisa sobre ela estar se aproximando e sair, enquanto quando chegou já estava virado para ela.
- Oi, .
- !
- Eu adorei a apresentação de hoje, você arrasou.
- Você quer sair comigo um dia desses?
Os dois acabaram por falar juntos e acabou ouvindo somente o começo e o fim da frase, palavras que não faziam qualquer sentido juntas, por isso pediu para o rapaz repetir, ele ficou um pouco sem graça e jurava que pôde ver ele enxugando as mãos no jeans escuro.
- Pode falar você, primeiro as damas, não?
- Eu disse que adorei o show de hoje, você foi muito bom! – Okay, , não foi bem isso que ensaiamos, mas okay, está bom o suficiente.
- Ah, muito obrigado, fico feliz que você tenha gostado. – sorriu e esperou que ele completasse com o que havia dito antes, percebendo o que ela estava esperando, mudou de ideia e tentou desconversar. – Então é isso…
- Espera aí, você não me repetiu o que tinha dito antes! – De onde a garota estava arrumando coragem ela não tinha ideia, mas estava muito agradecida por ela ter, finalmente, chegado. respirou fundo uma, duas… Três vezes. – Ei, tá tudo bem, eu não mordo. – Se você não pedir… Completou , mentalmente, claro.
- Tudo bem, eu perguntei se você quer sair comigo um dia desses, mas se não tiver interesse tá tudo bem também, afinal, a gente nunca se falou muito e…
demorou um tempinho pra absorver que aquilo estava realmente acontecendo e não era apenas dentro de sua mente, aquilo estava acontecendo! De verdade! Foi aí que a garota notou que ainda falava sem parar.
- … E você é muito bonita, nem deve estar solteira, né? Está tudo bem, eu tinha que perguntar, estava ficando louco. Ninguém sabia se você estava namorando ou não, porque, aparentemente, você não conversa muito com o povo daqui, então me desculpa se te ofendi…
- ! , pode ficar quietinho um minuto, por favor?
- Desculpa.
E com um sorriso maior do que a própria garota achava que era capaz de abrir que ela responde:
- Eu quero sair com você qualquer dia desses sim.
AMEI o resultado *——–*
Apesar de antiga eu amo essa música, fique bem contente com a sua história, muito obrigado *—–*
Comentário originalmente postado em 16 de Setembro de 2018
Ooi Suh! Fico muito, muito, muuito feliz com o seu comentário! Que bom que não estraguei a música que você enviou, né? Hahahahaha mas falando sério agora, me diverti muito na elaboração da ideia e escrevendo a história também, então significa muito que você tenha gostado! <3 <3
Comentário originalmente postado em 26 de Setembro de 2018