Capitulum I — The judgement
“No matter how many times that you told me you wanted to leave
No matter how many breaths that you took
You still couldn’t breathe
No matter how many nights that you’d lie
Wide awake to the sounds of poison rain”
Os olhos negros de percorriam o perímetro, enquanto seu corpo movia-se sorrateiramente para embaixo do pedaço de madeira. O suor escorria por sua pele morena rasgada, causando uma sensação de ardência e ela reprimiu um gemido de dor. Sua respiração descompassada quase entregou o seu esconderijo, porém, os passos seguiram para o outro cômodo. Como se fosse possível, tentou repensar em como iria sair do cativeiro.
— Merda! — ela socou o chão, fazendo um barulho que poderia ser ouvido do outro extremo do local.
A garota, antes que pudesse pensar em algo mais, teve sua audição preenchida por gritos. reconhecia aquele timbre, e conforme as indagações prosseguiam, um sentimento culposo crescia dentro de si.
a procurava calmamente, seus passos pesados iam de encontro com o esconderijo da menina, e enquanto caminhava, ia indagando aonde a mesma estaria. Queria passar uma falsa impressão de que estaria no controle, de que seria capaz de fugir dali. Seus dedos dedilhavam a parede, acarretando um ruído irritante que ele tinha certeza de que odiava.
“Where did you go?
Where did you go?
Where did you go…?”
— Aonde você foi, candy? — o homem mantinha sua voz rouca em quase um sussurro — Você é ciente que eu sempre te acho, colabore comigo pelo menos uma vez, .
Ao indagar, abriu lentamente uma porta com textura antiga, que tinha diversas fotografias coladas atrás. Seus pés o levaram para a cama, onde sentou, puxando um cigarro do maço que estava na cabeceira. Acendeu com o fósforo e começou o processo que era deliciosamente excitante e aniquilador. A fumaça ia abarrotando o cubículo, e uma tosse ia surgindo ao fundo. encarou com um olhar desafiador a mesa no final do recinto, rindo com escárnio daquilo. Continuou a tragar mais um bocado o seu amigo, logo despedindo-se do mesmo. Ele o jogou para trás, ocasionando uma breve faísca no pano cinzento que cobria a cama. A emoção de mais um interrogatório o consumia, ambicionava aquela data com uma explosão de sentimentos à espera do gatilho certeiro.
“As days go by the night’s on fire”
— Achei-te! — um sorriso brotou nos lábios avermelhados do homem.
arrastou a mesa, abaixando-se e pondo em seus braços. A garota, em silêncio, desceu e pôs suas pernas para trabalhar. Ela não queria passar por isso mais uma vez, porém, abdicava da ajuda dele. Sua íris ia mostrando-lhe silhuetas, que um dia tivera o azar de cruzar.
Uma ala com a coloração verde estava acionada, e a placa informava que o julgamento ocorreria. pousou seu olhar naquela área, observando quem a ocupava. O seu aspecto era possuído de dor, angústia e dúvidas, e um sinal ecoava a todo instante, avisando que estava prestes a começar. a encaminhou para uma cadeira no centro, e rapidamente tomou seu posto à frente da mesma. Suas írises trocavam palavras que não eram pronunciadas, e nem tinham esse direito. suspirou, acendendo o seu companheiro e pressionando contra sua boca pálida. E novamente a sirene foi soada, e as pessoas presentes calaram-se, pregando suas curiosidades no alvo.
— Hurricane, casus VII. XLVII clause. — proferiu em latim, trazendo a atenção dos indivíduos. – Bringston, acusada de assassinar McCall.
— , … já estamos no sexto interrogatório e você não entendeu que eu não falo para o público, e sim, para a vítima. Suma com eles, antes que eu desapareça com você. — soltou a fumaça, dando uma piscada em seguida.
— Seu desejo é uma ordem, candy. — estalou os dedos, fazendo as almas deixarem o estabelecimento — Agora, responda-me:
“Tell me would you kill to save a life?” — , não. — sua voz parecia firme — Eu também não quero falar sobre isso.
—
“Tell me would you kill to prove you’re right?” — seu olhar caiu sob , que sentia o peso de sua dor.
— Eu não tinha a intenção! — gritou, mexendo sua mão com o cigarro em gestos confusos.
“Crash, crash, burn, let it all burn
This hurricane’s chasing us all underground”
Capitulum II — Sins
Seis anos antes.
“ corria contra o tempo para conseguir chegar ao ballet. Seus pés não podiam falhar, ainda havia uma aula e a volta para casa. O dinheiro não estava sendo suficiente, então decidira cortar alguns gastos, como o do ônibus, para dar continuidade as outras atividades. Conforme ia apressando o passo, mais ouvia alguns gemidos vindo da parte que teria que passar do bosque. Convenceu si mesma que iria ignorar, porém, eles foram ficando mais altos, e logo a garota percebeu que não era de prazer, e sim, de dor. Suas mãos começaram a soar frio, seus olhos buscavam por uma escapatória e suas pernas mudaram o trajeto. Quando viu, estava parada em frente a uma das piores cenas que já pode presenciar. Dois homens brigavam, enquanto uma jovem tinha sangue escorrendo por sua extensão. Não demorou muito para reconhecer a tal garota, que era namorada de seu melhor amigo, . Becca suplicava por ajuda com o olhar, e perguntava-se o que fazer naquela hora. Foi quando sua íris achou um objeto prateado, mais precisamente, uma velha conhecida. Sem tardar, correu até a arma e com a indicação fraca de Becca, apertou o gatilho duas vezes. Um corpo caiu, enquanto o outro assustou-se com o barulho. O pouco de contato que fez com o homem estirado no chão, produziu uma dor em si tão grande, e o desespero bateu em sua porta. Largou a arma em qualquer lugar e se jogou ao lado de . As lágrimas escorriam por suas bochechas, suas mãos ensanguentadas tentavam reanimar ambos os corpos. Alcançou sua mochila e discou o número da emergência. Quando a ajuda chegou, já era tarde. e Becca perderam suas vidas, dois jovens apaixonados e cheios de planos, os quais incluíam , que sempre os considerou como irmãos. Agora, se via sozinha e dentro do carro que a levaria para um local onde passaria os próximos anos revirando o passado. ”
***
“No matter how many deaths that I die, I will never forget”
O clima era tenso, passava os dedos em seu rosto, sentindo os machucados causados pela tentativa de fuga. Ela não queria passar pelo interrogatório novamente, há seis anos vem tendo que enfrentar a culpa que a corrói por dentro.
Antes do acontecimento, a íris da garota transbordava vida, e isso fascinava todos a sua volta. era jovem, alegre e animada, sempre disposta a ajudar e estender o ombro para os outros. A morena aparentava não ter problemas, sequer alguma pendência com alguém que a rodeava, porém, era nesse ponto que as pessoas se enganavam. Assim que surgira, o rapaz trouxe uma bagagem perturbada. Com um histórico nada exemplar na escola, infernizava a estadia de durante as aulas, assim como a mesma, que não deixava por baixo as implicâncias do garoto. A proporção fora tamanha, até que obteve o seu estopim. McCall passava por um momento complicado, a dificuldade financeira o perseguia e sua família estava com problemas para manter-se. Ao parar com as discussões com , ele pôde reparar mais nela, observando o colar com uma pedra que no mínimo devia ser bem valiosa. Por um lado, não queria fazer isso com a garota, mas por outro, precisava dar o que comer para seus irmãos mais novos. Decidiu então, roubar aquele item, que um tempo mais tarde, descobriria que o colar tinha uma enorme importância para .
Ambos se aproximaram após pararem com as implicâncias, e ali criaram uma nova amizade. Porém, antes que prosseguisse com algo, precisava deixar a outra ciente do que havia feito há meses atrás. A reação de fora o inverso do que imaginava, ela reagiu tão bem que o fez pensar que poderia ter pedido ajuda a mesma. O garoto decidiu esquecer isso, porém, não esqueceria tão cedo, e jurou vingança.
“No matter how many lives that I live, I will never regret
There’s a fire inside, of this heart
And a riot, about to explode into flames”
***
A sala que estava preenchida por uma luz verde, agora tomava um aspecto sombrio com a pouca luminosidade. puxou sua cadeira para juntar à frente da de , que tamborilava seus dedos em sinal de impaciência. Ela sabia que o homem iria jogar em sua face o acidente, era um acidente, a mesma não tinha culpa, pelo menos pensava assim. a encarava com uma feição indecifrável, antes era de mágoa, agora, uma mistura de dor com ironia. Seus lábios secos prensavam novamente o cigarro, enquanto os da garota estavam trêmulos.
— Não vai me responder, é? — ele mordeu o lábio inferior – Será que terei que apelar para os seus demônios?
— Você já é um deles. — falou entre os dentes.
— E eu amo isso! Talvez eu tenha que refrescar a sua memória com alguns fatos… Lembra de quando eu rasguei o seu quadro favorito?
Ele obteve o silêncio como resposta, mas, não o impediu de continuar.
— Candy, candy… ou devo dizer, Bellatrixe? — ao soltar a fumaça, gargalhou alto.
— Vá para o inferno. — bradou.
— Ei, ei, cadê aquela menina religiosa que eu conheci, hein? Mandando os outros irem à sua casa, ousada, não?
“Where is your God?
Where is your God?
Where is your God?”
— Largou a religião? Sua mãe não deve ter ficado feliz, confesso que até demorou – levantou – Acho que você não imagina que eu sei que sua vingança nunca foi concluída, candy. Pensou que em anos de amizade eu não descobriria que sua raiva por mim não passara? Um tanto ingênua, .
— … Para. — sua voz tinha um rastro de raiva.
— Parar por quê? Estamos apenas começando. — escorou seus braços fortes na mesa.
— Você não tem o direito, McCall.
— E com qual direito você teve de tirar a minha vida, Bringston? — gritou.
“Do you really want?
Do you really want me?
sentia suas mãos soando, seu corpo vibrava negativamente e sua irritação estava no ponto de explodir. sabia de seus pontos fracos, ódios e o pior, seus pecados. E ele não fazia questão de deixar passar batido nenhum detalhe.
— Será que devo citar o trabalho que você fazia às noites, Belatrixe? — sua boca se transformou em um sorriso malicioso e seu olhar possuía um tom de luxúria.
— O que você quer? Diga! — empurrou a cadeira dele.
— O que eu quero? Ah, ! Talvez seja algo que você mesma esteja produzindo em seu interior há seis anos: a culpa.
“Do you really want me dead or alive
To torture for my sins”
Capitulum III — Hurricane — Finale
“Do you really want me dead or alive to live a lie?”
A mente de entrava em uma guerra, a confusão voltava com mais força e seus braços iam sentindo suas unhas vermelhas fazendo riscos fortes neles. As memórias iam e vinham com a mesma intensidade, causando uma pontada em sua cabeça. Algo queimava por dentro, ela não aguentava mais. precisava parar, porém, alguma coisa obstava o seu desejo. Conforme ele ia aumentando, mais perguntas repetidas ia realizando.
“Tell me would you kill to save a life?
Tell me would you kill to prove you’re right?
Crash, crash, burn, let it all burn,
This hurricane’s chasing us all underground”
O homem caminhava em círculos por volta dela, observando cada milímetro de seu desespero exposto por seus poros. A cada ano ia ficando mais gratificante o julgamento, o almejo de sanar suas dúvidas era grande, mas, o de torturar , ultrapassava qualquer barreira.
Tomou um rumo divertido para as indagações: ao completar uma volta, laborava uma pergunta. queria aproveitar o tempo que tinha, pois precisaria esperar 365 dias para o próximo interrogatório. Isso o deixaria tristonho, chateado e com mau humor.
Agora, uma fase bastante conhecia se aproximava. O ritmo das questões aumentou, acarretando uma saturação maior em Bringston.
“The promises we made were not enough”
- Promessas nunca foram suficientes, . – pousou seu polegar na bochecha dela.
“The prayers that we had prayed were like a drug”
- Reze, querida. Talvez consiga sair disso orando cada vez mais. – seu timbre era alto.
“The secrets that we sold were never known”
- Seus segredos estarão seguros comigo, levei-os para o túmulo junto com o nosso amor. – tinha sua visão embaçada.
“The love we had, the love we had
we had to let it go”
ia perdendo alguns dos sentidos, ao tentar levantar, seu corpo fora de encontro ao chão gélido. Calafrios surgiam aos poucos, sua audição ia falhando e quase não conseguia balbuciar uma onomatopeia. Antes que seus olhos se fechassem, uma íris castanha analisou seu rosto, indo até o seu ouvido, e um sussurro foi expelido.
- Você é o seu próprio furacão, .
“Oh oh woah, this hurricane”
sentia-se tonta. Sua visão, ainda turva, não a situava do que ocorria em seu redor. Conseguia escutar uma sirene, e diversos passos que se aproximavam dela mostraram ser de indivíduos com vestes brancas. Seus braços foram segurados, e logo percebeu que um homem na casa dos cinquenta anos tinha em sua mão um objeto que continha um líquido azul. Uma picada pôs fim a sua agitação e uma paz a conduziu a ter uma noite de sono tranquila, sem a indesejada culpa.
“This hurricane…”
Fim
Essa história é maravilhosaaaaaaa, Mds!!!
Arrasou demais <3<3<3<3
Comentário postado originalmente em 29 de Setembro de 2016
Obrigadaaa, gatona! <3 <3 <3
Comentário postado originalmente em 08 de Outubro de 2016