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Highlights in Seoul

City

  Promessa é dívida. Era o que meu avô sempre me dizia quando pequena. Ele amava contar histórias de quando serviu no exército ao lado de um amigo coreano, e de como salvou a vida dele. O que não imaginaria é que a promessa que ambos fizeram no passado traria tanta mudança para minha vida.
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  — Você promete, minha querida?! — pediu meu avô em seu leito no hospital, quase se rendendo ao último suspiro de vida.
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  — Sim, vovô, se isso o deixará em ir em paz, eu prometo, cumprirei sua promessa — garanti a ele sem mesmo saber que promessa era aquela, somente para que ele pudesse partir em paz.
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  — Eu te amo, minha querida. — Ele deu um sorriso sereno para mim.
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  — Eu também te amo, vovô! — Sorri de volta para ele acariciando seus cabelos.
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  Eu lutava contra minhas emoções reprimindo as lágrimas que juntavam no canto dos olhos. Desde que vovô descobriu o câncer, lutou bravamente contra a doença e fez o possível para aproveitar todos os pequenos momentos da vida em família.
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  Eu não tive estrutura emocional para o velório, menos ainda o enterro, passei alguns dias chorando sendo consolada por meu namorado, só pensando em seu último pedido para mim, cumprir a promessa do vovô se tornaria o meu objetivo principal de vida.
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  Meus pais enviaram um e-mail ao amigo coreano de vovô, contando sobre nossa perda e seu falecimento. Não demorou muito até que recebemos outro e-mail de resposta, com um convite para que eu, a neta do ex-tenente Jonas, os visitasse. O desejo do senhor Han, amigo do vovô, era não somente de me conhecer, mas falar sobre a promessa que ambos fizeram em seu tempo de serviço militar. Eu estava inteiramente de acordo em aceitar, curiosa para saber sobre o assunto e ansiosa para conhecer o senhor coreano que se tornou mais que um amigo para meu avô. Se tornou um irmão.
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  — Tem certeza que quer mesmo ir comigo? — perguntei a Charles assim que mostrei o e-mail pelo celular.
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  — Claro que sim. — Ele me abraçou por trás e beijou de leve meu pescoço. — Jamais a deixaria ir sozinha para um país desconhecido.
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  — Hum, confesse que está com ciúmes de me perder para um asiático — brinquei rindo dele.
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  — Claro que não, eu confio no meu potencial. — Ele deu uma risada rápida.
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  — Sei, nem um pouco modesto. — Ri voltando minha atenção para o celular. — Achei gentil da parte dele pagar nossas passagens.
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  — O convite partiu dele — comentou Charles se afastando de mim. — Eu vou ajeitar minha mala e pegar meu passaporte que deixei na casa da minha mãe.
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  — Nos vemos amanhã então? — perguntei.
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  — Sim. — Ele me deu um selinho e se afastou seguindo para a porta.
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  Fiquei um tempo refletindo sobre todas as turbulências que tinha passado nas últimas duas semanas. Já se completavam três meses da morte de vovô e a saudade já batia de uma forma contínua.
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  Juntei minhas coisas dentro da bolsa e saí da minha sala, não tinha cabeça para trabalhar naquele dia e nem mesmo o fluxo da agência me distrairia. Se eu já tinha a licença em mãos para viajar, então não tinha o motivo para continuar ali. Voltei para casa, arrumei as malas e esperei as horas passarem. Charles me pegou em frente ao meu prédio logo ao amanhecer, seguimos para o aeroporto iniciando nossa viagem até o outro lado do mundo.
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  Fomos recepcionados no Aeroporto Internacional de Incheon pelo neto do senhor Han. O homem parecia ter a mesma idade que eu, de olhar sério, porém sereno, observador e muito silencioso. Senti que Charles ficou um pouco intimidado, pois mantinha suas mãos sempre pousadas em minha cintura, talvez marcando seu território. Era ridículo essas atitudes dele, mas tinha que admitir que o neto do senhor Han era bastante charmoso e bonito.
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  — Então você é a jovem neta do meu amigo — disse o senhor Han assim que seu neto me apresentou após nossa chegada à casa da família. — %Mia%.
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  — É um prazer, senhor. — Eu me curvei de leve para ele, me lembrando dos ensinamentos do vovô sobre a cultura do amigo.
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  — O prazer é meu. — O olhar do senhor ficou emocionado. — Eu posso lhe dar um abraço?
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  — Sim. — Assenti.
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  O abraço do senhor Han foi reconfortante e consolador, me lembrava os abraços do vovô. Isso me deixou emocionada também, tanto que senti algumas lágrimas caírem.
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  — Me desculpe — disse ao me afastar dele, limpando as lágrimas —, acabei me lembrando do meu avô.
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  — Eu também — disse ele dando um sorriso gentil. — Você se parece com ele, tem o olhar dele.
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  — Fico feliz por isso. — Sorri de volta.
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  — E quem é este jovem? Seu irmão? — perguntou o senhor Han.
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  — Não, este é meu namorado, Charles — o apresentei.
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  — Prazer, senhor. — Charles esticou a mão em cumprimento a estilo ocidental.
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  — Igualmente, meu jovem. — O senhor Han aceitou o cumprimento apertando sua mão.
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  Lá no fundo, senti que o amigo de meu avô ficou um pouco sem graça com a notícia. Percebi seu olhar de relance para seu neto, com um toque que decepção, o que me fez estranhar a primeiro momento.
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  — Vocês ficarão conosco? — perguntou a esposa, a senhora Sora, com um olhar gentil.
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  — Ah, não, não queremos incomodar — disse meio sem graça.
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  — Será um prazer para nós, temos mais quartos na casa — insistiu ela.
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  — Já fizemos uma reserva sem reembolso e pagamos antecipado — explicou Charles de forma seca.
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  — Ah, que pena — disse o senhor Han, deixando transparecer o olhar triste.
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  — Achamos melhor assim, já que é minha primeira visita — expliquei.
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  — Não tem problema, só de ter vindo já me alegra o coração — assegurou senhor Han.
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  — Tenho que admitir que saber sobre a promessa do vovô foi o que me trouxe aqui — confessei.
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  — Ele não contou que promessa era? — perguntou a senhora Sora, fazendo seu marido olhá-la e depois para mim.
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  — Não, estou no escuro — brinquei.
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  O olhar do senhor Han se voltou para o neto que permanecia no canto perto da janela, alheio ao que acontecia. Eu já estava mais do que intrigada com todo aquele mistério e olhares.
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  Eu e Charles fomos convidados a participar do jantar com eles. Comida típica coreana e a única coisa que entendi é que eles viviam à base de pimenta, pois o gosto era bem forte em todos os pratos. Quando finalmente chegamos ao hostel onde tínhamos reservado um quarto, Charles fez inúmeros comentários desnecessários sobre tudo o que o incomodou tanto na casa da família Lee quanto na comida e nossa viagem em si. Eu não dei ouvidos e permaneci com o pensamento voltado para a tal promessa.
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  Na manhã seguinte, voltei sozinha para a casa do senhor Han. Ele desejava conversar a sós comigo. O curioso é que quando entramos em seu escritório, contamos com a presença de seu neto também. Segundo ele, isso era a respeito de nós dois.
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  Mais uma vez eu ouvi a famosa história de como meu avô salvou a vida do senhor Han, se tornando seu melhor amigo logo depois. Porém desta vez em um novo ponto de vista bem emocionado. Em um dado momento em que achei que não era nada de mais a tal promessa…
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  — Então, ambos prometemos que nossos netos se casariam para que nossas famílias fossem uma só — concluiu ele.
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  Casariam? Foi realmente essa palavra que ouvi? Levei a mão à testa me sentindo meio zonza. Felizmente estava sentada, então não cairia pela notícia.
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  — Você está bem, minha jovem? — perguntou o senhor Han.
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  — Sim, estou — confirmei —, só não esperava por isso.
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  Eu havia prometido ao meu avô que cumpriria uma promessa dele. Foi como assinar um contrato sem ler as letras miúdas e agora eu não sabia o que fazer. Eu tinha um namorado, como poderia me casar com %JongSuk%? E mais, como poderia me casar com uma pessoa que conheci há um dia?
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  — Lamento que seu avô não tenha lhe dito sobre isso — comentou o senhor Han.
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  — Eu nem sei o que dizer — quase sussurrei.
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  — Não precisa dizer nada, esta foi apenas uma promessa de dois velhos loucos que não pensaram na opinião dos netos. — O senhor Han deu um sorriso carinhoso para mim. — Minha jovem, não se sinta pressionada a fazer o que não deseja, é somente uma velha promessa que não precisa ser cumprida. — Ele se forçava a aparentar compreender minha situação, mas notava a tristeza e decepção em seu olhar.
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  — Eu preciso voltar para o hotel — disse ao me levantar da cadeira.
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  — Eu a levo. — %JongSuk% se levantou também.
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  Todo o tempo ele permaneceu em silêncio. Seu olhar atento em minha direção, certamente já sabia de toda a história por completo. A promessa de um casamento nosso não era algo novo para ele, e isso se percebia pela forma que ele me olhava. Aceitei de bom grado a carona e voltei.
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  Charles tinha aproveitado o tempo sozinho para dar uma volta pelo quarteirão, assim que recebeu a mensagem do meu retorno, voltou correndo transbordando curiosidade. O seu olhar tranquilo deu espaço para indignação quando cheguei na parte em que a promessa se referia ao meu casamento com o filho do senhor Han.
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  — O quê? — disse ele ponderando a voz, mas querendo se alterar. — O que seu avô tinha na cabeça ao fazer isso? 
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  — Eu não sei, achei fofo essa coisa da amizade dos dois e querer juntar as famílias, mas… 
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  — Mas você tem sua vida. Comigo — completou ele por mim. — Em pleno século XXI, é sério mesmo? Um casamento arranjado? E ele ainda te faz prometer sem falar o que é?
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  — Charles, se acalma, meu avô nem está aqui para se defender. — O olhei estranhando sua reação. — Eu sei que é uma loucura, mas não precisa reagir assim.
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  — E como quer que eu reaja? — Ele me olhou sério e inexpressivo.
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  — De uma forma mais calma e ponderada, por favor. — Mantive minha tranquilidade. 
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  — Você obviamente disse a ele que não tem nenhuma chance de isso acontecer, não é? — perguntou ele.
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  — Bem… Eu não disse nada.
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  — Como assim não disse nada?
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  — Ora, não dizendo — respondi tentando não ser bruta. — Isso me pegou tão despreparada quanto a você, eu prometi ao meu avô que cumpriria a promessa dele.
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  — Mas isso foi antes de saber que promessa era — retrucou ele elevando a voz. — Ou você está cogitando a ideia de casar com o made in China?
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  — Por favor Charles, não é hora para preconceitos, estamos na Coréia e mencionar isso é falta de respeito.
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  — Já está até defendendo.
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  — Charles, você está se escutando? — o repreendi novamente.
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  — E você está? 
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  — Eu só acho que você deveria estar do meu lado e me ajudar a digerir tudo isso, e não já ir me condenando — retruquei me sentindo chateada pela reação ridícula dele.
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  — Você é inacreditável mesmo. — Ele bufou e seguiu até sua mala a abrindo.
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  — Como assim, inacreditável? O que está fazendo? — perguntei observando sua movimentação.
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  — Eu estou indo de volta para casa — respondeu bruscamente ao juntar suas coisas e fechar a mala. — E se você me ama virá comigo sem se importar com essa promessa absurda.
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  — Se eu te amo? Sério que está fazendo essa colocação? — Agora eu estava indignada com seus atos. — Não vou ficar aqui e compactuar com a sua falta de confiança.
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  — Falta de confiança? Tem certeza?
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  — Charles, você está vendo como está agindo?
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  — Você que começou quando não cortou essa história e já deixou claro que não vai se casar porque tem a mim — ele cuspiu as palavras levantando mais a voz.
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  — Eu estava desnorteada.
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  — Não importa.
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  — Importa sim — retruquei sentindo meu sangue ferver.
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  — Eu vou embora.
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  — Faça o que quiser. — Peguei minha bolsa novamente e segui para a porta.
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  — Se sair, ao voltar não vou estar aqui — declarou ele.
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  — Faça como achar melhor. — Não dei importância à sua chantagem emocional.
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  Charles tinha tido essa atitude ridícula, não iria me dobrar a isso.
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  Saí pela rua sem direção e fui seguindo pela calçada. Se eu iria me perder? Provavelmente. Não conhecia nada. Mas era bem melhor para minha saúde mental ficar longe dele.
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  O tempo foi passando comigo dando voltas e mais voltas. Com certeza já estava mais do que perdida na grande Seoul. Parei em frente a um ponto de ônibus e me sentei no banco, senti dores nos pés de tanto andar aleatoriamente. Não demorou muito até que uma pessoa sentou ao meu lado, não dei importância e permaneci com a cabeça baixa.
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  — Entendo que não seja fácil digerir isso. — A voz de %JongSuk% ao meu lado fez meu olhar se mover para ele no automático. — Quando meu avô me contou, eu tinha 18 anos, me preparava para a universidade, fiquei tão desnorteado que acabei não fazendo a prova do vestibular. 
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  — Nossa. — Não sabia nem mesmo como reagir ao olhar dele em mim, imagine à sua história. — E o que você fez?
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  — Segui em frente, passei mais um ano estudando e finalmente fiz a prova — respondeu tranquilamente. Ri baixo.
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  — Disse me referindo à promessa — expliquei minha pergunta.
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  — Prometi ao meu avô que cumpriria, se dependesse de mim — respondeu com segurança. — Mas não depende só de mim.
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  — Queria essa coragem… — admiti. — Eu prometi ao meu avô que cumpriria a sua promessa, mas…
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  — Antes de saber o que era — completou ele.
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  — Sim — assenti.
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  — Não tem que cumprir, você tem uma vida. 
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  — Você também. 
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  — Mas eu estou solteiro, você tem um namorado.
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  — Estou começando a duvidar disso — disse baixo, cerrando os dentes.
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  — O que disse? — %JongSuk% ficou confuso.
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  — Bem, eu quero, mas não sei como, isso ainda é uma loucura para mim — me expressei melhor.
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  — Eles prometeram um casamento, mas não mencionaram que não poderia ter um divórcio — disse ele com naturalidade.
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  — O que quer dizer com isso? — O olhei mais atenta.
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  — Se você concordar, podemos nos casar, manter a união por um ano e depois nos divorciar, a promessa seria cumprida e depois cada um teria a liberdade para viver a vida como quiser. — %JongSuk% foi mais específico em seu pensamento. — O que acha?
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  — A ideia é boa. — Tinha que admitir.
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  O que seria um ano em minha vida? Eu poderia trabalhar home office caso tivesse que morar em Seoul. Espera! No que estou pensando? Hoje pela manhã eu tinha um namorado, passei a tarde com pensamentos confusos e agora já me inclinava a aceitar cumprir a promessa? Que loucura era essa?
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  — Pense nisso — disse ele se levantando. — Posso te levar de volta se quiser.
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  — Eu agradeço.
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  Voltamos novamente para o hotel. Lá no fundo, bem no fundo, eu tinha uma esperança que Charles ainda estivesse ali, mais calmo e aberto à conversa. Se eu apresentasse a ideia de %JongSuk%, seria estranho, mas poderíamos chegar a um acordo.
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  O neto do senhor Han me acompanhou até o quarto para que nós três pudéssemos conversar civilizadamente e chegar a uma conclusão. Entretanto, ao abrir a porta, me deparei com o quarto vazio sem as malas dele. Charles tinha mesmo ido embora sem nenhum remorso ou consideração por mim e nossos cinco anos de namoro, o que me deixou ainda mais indignada.
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  %JongSuk% me propôs ficar na casa de seus pais, assim não ficaria sozinha. Assenti sem relutar, já que estava na chuva, me deixaria molhar por completo. Peguei minhas malas e seguimos para a casa da família Lee. Eu ainda permanecia encantada com toda aquela arquitetura tradicional do bairro onde moravam, era mesmo lindo de se ver. A ajumma Sora, como pediu para que a chamasse – uma forma de tratamento às mulheres mais velhas e/ou casadas –, logo preparou um quarto para mim. Vi a empolgação em seu olhar de ternura, o mesmo transmitia o ajusshi Han, como preferia, a forma de tratamento para homens mais velhos e/ou casados.
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  A primeira noite foi estranha. Pouco antes de dormir fiz uma chamada de vídeo para meus pais, explicando toda a situação e contando sobre a reação sem propósito de Charles. Eles me deram razão e pediram para que eu não me martirizasse com isso. Se Charles me amasse mesmo, ficaria ao meu lado seja qual fosse minha decisão. Concordei em todos os pontos com eles e contei meu posicionamento sobre aceitar a proposta de %JongSuk% de casarmos por um ano.
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  O apoio deles eu já tinha, agora só faltava resolver meu problema profissional de trabalhar à distância. Era loucura minha mudar minha vida radicalmente da noite para o dia, mas eu nunca havia feito nada assim tão louco antes, talvez por ser medrosa demais em me arriscar, contudo, estava determinada a cumprir a tal promessa.
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  Me hospedar na casa da família Lee foi a parte fácil, mas agora, depois de assinar os documentos do civil, é que me dei conta que minha nova residência seria no apartamento de %JongSuk% no popular bairro Hongdae. Meu coração acelerou um pouco ao olhar para meus pais que haviam viajado até ali só para me ver casar. Claro que as passagens tinham sido uma cortesia do senhor Han.
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  — Enfim, o noivo pode beijar a noite — disse o juiz de paz deles.
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  Um frio na barriga passou. Ambos, eu e ele, engolimos em seco na hora. Esse juiz nem imaginava que o casamento não seria muito pra valer. Logo, %JongSuk% fez uma movimentação inesperada, fazendo meu coração disparar geral. Fiquei estática, até que seus lábios tocaram minha testa de forma suave.
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  — Bem-vinda à família Lee — sussurrou ele.
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  — Obrigada. — Eu lembrei de respirar? Sim, lembrei.
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  Pude notar que até minha mãe ficou apreensiva pelo momento, sua expressão paralisada dizia isso. Celebramos a troca de alianças com um jantar reservado às famílias e amigos extremamente íntimos de %JongSuk%. Minha, chefe mesmo querendo comparecer, não pôde devido a assuntos profissionais, e mesmo sendo prima de Charles, ela não ligava que eu tinha me casado com outro, pelo contrário, começou a me mandar altos comentários sobre eu levar o casamento a sério e aproveitar a noite de núpcias. Lira era mesmo uma mulher pervertida, mas engraçada.
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  — Bem-vinda à nossa casa — disse %JongSuk% assim que abriu a porta para que eu entrasse na frente.
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  Seus gestos de cavalheiro sempre me impressionavam. Abrir a porta do carro, retirar os pratos da mesa para sua mãe, ser gentil e educado… Tudo isso não chegava nem perto do fato de cozinhar. E sim, o jantar do casamento havia sido preparado totalmente por ele. Se isso não era um homem feito sob encomenda eu não sabia o que era. Um dos motivos que me abstive de contar suas qualidades a Lira.
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  — Obrigada — disse ao entrar.
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  — Seu quarto é ao lado do meu, já está preparado para você — disse ele ao fechar a porta. — Sei que será difícil se sentir confortável, mas apenas pense que este lugar também é seu, se quiser mudar algo de lugar, fique à vontade. Não se limite.
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  — Agradeço por se esforçar… Mas você é muito bom em decoração, não vou mudar nada de lugar — assegurei.
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  Ele sorriu de canto, deixando meu coração acelerado.
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  — Eu vou até meu quarto. — Eu me afastei um pouco. — Onde fica?
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  — Segunda porta à direita do corredor — respondeu.
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  Seu apartamento era espaçoso, poucos móveis no conceito minimalista industrial. Tons sóbrios e neutros, um clássico apartamento de solteiro moderno. O quarto reservado para mim era bonito, branco com detalhes amarelos e lilás espalhados. Constatei de fato que o conceito “menos é mais” imperava em toda a casa.
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  A primeira noite ali foi mal dormida. Não sabia se era ansiedade ou outra coisa. Imaginar que eu tinha um marido e que ele dormia no quarto ao lado me deixava apreensiva de uma forma estranha.
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  As semanas foram passando gradativamente. Meu trabalho home office se desenvolvia com excelência; era fácil, já que um designer gráfico só precisava mesmo de um notebook para trabalhar com os softwares. A cada dia convivendo com %JongSuk%, eu descobria um traço diferente. Mesmo sendo sério na maior parte do tempo, ele tinha seus momentos engraçados, principalmente quando me convidava para assistir os excêntricos programas de entretenimento coreanos. Vê-lo rir tão espontaneamente me deixava fascinada sem muito esforço, e isso atraía ainda mais seu olhar para mim.
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  — O que o chefe Lee está testando hoje? — perguntei me aproximando dele bem de mansinho.
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  — Arroz de carreteiro — respondeu embolando o r. Segurei o riso.
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  — Olha, culinária brasileira de raiz. — Fiquei impressionada. — A que se deve isso?
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  — Hoje completamos 100 dias de casados. — Ele me olhou. — Achei que seria legal fazer algo especial para você.
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  Mais surpresa estava. Quem é que conta os dias de casamento? Lembro-me de uma vez meu avô comentar sobre essas coisas de relacionamento na Coréia, mas nunca levei a sério, principalmente o fato das roupas de casais. Foi só aí que observei as muitas vezes que %JongSuk% se vestia com cores de roupas semelhantes às que eu vestia nas ocasiões. Só agora eu notava que ele trajava uma camisa azul clara da mesma cor que meu vestido. Detalhes esses que eu jamais tinha observado até o momento. Ele gostava mesmo de me surpreender com suavidade e sutileza.
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  — O que foi? Ficou calada de repente — perguntou ele.
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  — Nada, só me peguei pensativa — desconversei e mantive o olhar atento no que ele fazia. — O cheiro está gostoso.
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  — Espero que o sabor esteja também. — Ele sorriu meio bobo.
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  — Onde conseguiu os ingredientes? Estamos do outro lado do mundo, isso aqui é arroz original do Brasil — perguntei pegando o pacote de 1kg aberto e olhando a marca.
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  — Um amigo de um amigo tem uma namorada brasileira que se dispôs a me vender — respondeu ele concentrado em seu preparo de forma tranquila.
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  — Você procurou alguém para te vender?
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  — Sim.
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  — E se não tivesse achado?
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  — Tem alguns restaurantes brasileiros espalhados pelo país — continuou.
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  — E iria rodar o país à procura?
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  — Sim.
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  — E se não encontrasse?
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  — Viajaria até o Brasil para buscar.
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  — Viajar? — Eu ri desacreditada.
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  — Claro, comprar pela internet demoraria cerca de três meses para chegar, se eu fosse até o Brasil, gastaria no máximo 3 dias — continuou mantendo a tranquilidade.
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  — Por que você faria isso?
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  — Porque você é minha esposa. — Ele voltou seu olhar para mim, estava mais intenso. Meu corpo estremeceu. Não consegui reagir. — Não sei como são as coisas na sua cultura, mas aqui os casais costumam a comemorar essas coisas — explicou ele suavizando ainda mais sua voz. Chegou até a ficar aveludada.
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  — Não, isso não é comum no meu país — confessei.
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  Eu não sabia o motivo, mas tinha ficado balançada com aquele olhar, e a forma dedicada em que preparava tudo, atento a todos os detalhes.
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  Quando nos sentamos à mesa, meu corpo arrepiou ao saborear sua comida. A cada garfada eu sentia a sensação de aconchego, como se estivesse em casa; melhor, como se mesmo não sendo o Brasil, aquele apartamento fosse realmente minha casa. Agora entendia o mistério por trás da reação do Ego em Ratatouille.
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  Após o jantar, nos sentamos no chão da sala para jogar xadrez, o jogo de tabuleiro favorito dele, mas as regras eram diferentes, a cada peça comida, tínhamos que dizer algo sobre nós, uma característica ou história do passado ou segredo escondido. Uma forma de nos conhecermos, já que ainda tinha 265 dias pela frente.
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  — Rainha mata cavalo — disse para ele, pegando mais uma peça sua.
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  — Você é boa nisso — comentou %JongSuk%.
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  — Sempre jogava com meu avô, ele era viciado em xadrez, acredite.
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  — O meu também é.
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  — Mas agora, sua vez de contar.
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  — O que quer saber?
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  — Seu maior segredo. — Direta e precisa.
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  Nem era verdade e consequência, mas queria saber de tudo sobre o charmoso e observador Jong Suk.
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  — Eu já te contei que quando tinha 18 anos meu avô me falou sobre a promessa do casamento — iniciou ele.
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  — Sim.
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  — Mas não contei tudo.
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  Permaneci em silêncio atenta à sua história. Ele respirou fundo e continuou.
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  — Quando ele me contou, fiquei estático também, mas curioso para saber quem você era. Meu avô me mostrou uma foto sua com seu avô, desde então tenho ouvido muitas coisas sobre você. Seu quarto ser daquelas cores é por eu saber que gosta delas; a casa estar cheirando a lavanda é por eu saber que gosta desse aroma; ter feito o jantar com aquele cardápio foi por saber que era a comida que seu avô fazia para vocês quando era criança. — Ele ergueu seu corpo se aproximando de mim. — Eu sei mais sobre você do que imagina…
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  — %JongSuk%… — sussurrei surpresa com a revelação.
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  — Foi a curiosidade em te conhecer que me fez querer aceitar a promessa. Decidi esperar por você, mesmo não tendo a certeza que a espera seria recompensada. — Seu olhar sincero era de deixar qualquer mulher desnorteada. — Eu me apaixonei pela neta do melhor amigo do meu avô sem nunca a ter visto, apenas por fotos e pelas palavras do senhor Jonas.
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  — Eu não sei o que dizer.
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  — Mas eu sei o que fazer — disse ele.
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  %JongSuk% tomou impulso jogando seu corpo em direção ao meu. Em um piscar de olhos seus lábios tocaram os meus, iniciando um beijo envolvente e doce. Meu coração acelerou. Não era exatamente isso que eu esperava vindo de um coreano. Já tinha escutado de uma estagiária da agência que ouvia k-pop que os homens daquele país eram tímidos quando o assunto era se aproximar das mulheres.
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  Dentro de mim, uma explosão de sentimentos e sensações, meu corpo todo em alerta, apenas se movia coordenadamente com o dele, conforme seus beijos e carícias.
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  Pela primeira vez eu sentia o toque do meu marido.
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  Com toda a certeza, a primeira de muitas!
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Eu perdi minha mente, no momento em que te vi
Exceto você, tudo ficou em câmera lenta
Diga-me, se isso é amor
Compartilhando e aprendendo, 
Incontáveis emoções todos os dias com você
Brigando, chorando e abraçando
Diga-me, se isso é amor. 
– What is Love / EXO

  “Surpresa: “Aprendi a nunca esperar nada de ninguém. Desde então eu só tenho surpresas, nunca decepção.” – by: Pâms

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Lelen
Admin
2 meses atrás

Charles, já foi tarde, foi livramento isso aí. Oshi, vem com essa xenofobia aí, foi um pé na bunda bem dado. 😠
Amei que mesmo sendo parente do ex, a chefe da pp ainda manteve a amizade, gosto assim, de gente que sabe separar as coisas.
E Jongsuk foi uma gracinha nessa história, amei <3
(essa daqui eu não vou pedir continuação, mas se quiser escrever mais um pouco sobre esses dois, aceito HEHEHEHEH)


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