1. Good News
6:30 am.
Aquele barulho do despertador, indicava que já era hora de acordar. Desliguei o alarme e voltei para o canto, estava sentindo meu corpo tão cansado que cogitava a ideia de faltar a aula naquele dia. Foi quando meu celular começou a tocar continuamente, era o uma ligação de . Sempre que eu bebia demais, aquele bobo agia como se fosse minha babá na manhã seguinte.
—
Bom dia flor do dia — disse ele assim que eu atendi.
— Por que está me ligando a essa hora?! — reclamei mantendo meus olhos fechados.
—
Porque eu já imaginava que o despertador não te faria acordar de verdade. — Ele riu do outro lado. —
Agora levante mocinha, você tem aula de redação agora cedo. — Yah, você não é minha mãe. — Semicerrei os olhos, vendo a hora no relógio da parede. — Não vou a aula hoje.
—
Se você não descer em dez minutos, vou aí te tirar da cama — ameaçou ele.
— , você não pode invadir o dormitório feminino. — Ri baixo, me espreguiçando de leve na cama.
—
Quer apostar? — sua voz estava séria. —
Agora levante e desça rápido. Assim que ele encerrou a ligação, ergui meu corpo fechando a cara.
— Pabo — o xinguei em sussurro.
Minha vontade era de deitar novamente e só sair daquela cama no dia seguinte, mas tinha que sobreviver a mais um dia. Me levantei e troquei de roupa em tempo recorde, assim que cheguei na rua, lá estava ele com seus livros de cardiologia geral. , apesar de chato e às vezes mau-humorado, era meu melhor amigo desde que me entendo por gente, já não conseguia imaginar como seria minha vida sem ele. Fazíamos tudo juntos, com exceção da Universidade da Korea.
Aquele traidor me abandonou no curso de jornalismo para fazer medicina, nunca imaginaria que ele tivesse aptidão para isso, mas seu talento era real.
— Chato — disse emburrada.
— Sua boba, ainda vai me agradecer no final do dia. — Ele riu de mim e segurou em minha mão. — Vamos, eu te levou até seu prédio.
Eu o deixei me guiar, disfarçando um sorriso no meu rosto. Gostava de como cuidava de mim, principalmente em meus momentos de tpm, ou saudades de casa, atualmente eu estava me recuperando de um projeto de relacionamento que não havia dado certo. Algo que desde o início havia sido contra, mas eu estava tão deslumbrada com os cartões de poemas e declarações que recebia, acabei por não dar ouvidos a ele.
Seria mais fácil se meu melhor amigo gostasse realmente de mim, assim nossa promessa da infância iria se concretizar. Mas aquele bobo nunca teve coragem de se confessar para mim, com medo de não dar certo e perder até minha amizade, pabo.
— Está entregue — disse assim que chegamos em frente ao prédio de humanas, onde tinha grande parte das aulas do meu curso de jornalismo.
— Até mais tarde. — Não olhei para ele e segui me afastando.
— Yah. — Ele segurou em meu braço. — Por que está me tratando assim?! Sabe que quero seu bem.
— Vá para sua aula, você tem prova sobre doenças cardiovasculares hoje. — Me afastei dele.
— Não vai me desejar boa sorte? — Ele sorriu.
— Boa prova. — Sorri de volta de forma automática, porém espontânea.
Ele piscou de leve e se virou indo em direção a rua. Tombei a cabeça de leve, em alguns momentos era ridículo essa parte da nossa amizade. Agíamos como um casal, sentíamos ciúmes um do outro, nossa promessa inquebrável era nunca nos afastar, mas no final, o que nos definia era somente amizade.
Algo que me frustrava bastante.
– x –
— Para de me enrolar e fala de uma vez, por que me fez vir correndo?! — reclamou ele um pouco emburrado. — Pensei até que estivesse passando mal, ou algo do tipo.
— Pare de brigar comigo, seu bobo. — Dei um tapa no seu braço direito na altura do ombro e me sentei no sofá.
A vista para o jardim lateral do prédio da biblioteca onde nos encontramos era maravilhosa, principalmente no terceiro andar. Um ótimo lugar para se dar boas notícias.
— Eu não estou brigando. — Ele se sentou ao meu lado e soltou um fraco e cansado suspiro. — Só estou um pouco cansado, aquela prova foi ridícula e cruel, definitivamente essa universidade está acabando comigo.
— Não diga. — Segurei o riso. — Isso que dá me abandonar por um estetoscópio.
— Já conversamos sobre isso. — Ele moveu seu olhar para mim. — Sempre gostei de medicina, é o que quero para o futuro.
— Não ter vida social e passar o dia enterrado em um hospital?!
— Não. Quero salvar vidas. — Seu olhar sincero estava ali. — Além do mais, você já é a minha vida social.
Ele desviou o olhar para frente e sorriu de canto.
— Folgado. — O empurrei de leve. — Tome cuidado, posso não estar aqui para sempre.
— É uma ameaça? — Ele voltou a olhar para mim, assustado. — O que anda tramando? Ainda se lembra da nossa promessa?!
— Não estou tramando nada. — Ri da cara dele. — Estou brincando… Mas um dia, não serei somente sua melhor amiga.
— Não me diga que está com aquele pensamento se mudar novamente?! — essa pergunta soou com certa frustração.
— Eu sei quando mente para mim.
— Já disse que não. — Voltei meu olhar para ele. — Você sabe que sempre é a primeira pessoa pra quem eu conto tudo.
— Se não é isso, por que me chamou aqui? — perguntou confuso.
— Hum… Primeiro para agradecer por ter me obrigado a ir para aula… — Eu abri a mochila e após remexer um pouco, acabei encontrando o que queria. — Depois… Aqui está!
— O que é isso? — Ele pegou o envelope da minha mão.
— Lembra daquele concurso de editorial de turismo que participei? — respondi indiretamente. — Indicado pelo professor de redação editorial.
— Sério? — Ele abriu um largo sorriso. — Eu disse que ganharia, seu artigo sobre Havana ficou impecável.
— Sim, e essa não é a boa notícia — completei.
— Vamos para Havana — respondi.
— Como assim vamos para Havana?!
— Aí dentro tem duas passagens e você é a única pessoa que eu consigo imaginar indo comigo para essa viagem — expliquei tranquilamente.
Talvez, aquela viagem fosse uma oportunidade para finalmente definirmos o que seríamos verdadeiramente um para o outro.
Havana, ooh na na
Half of my heart is in Havana, ooh na na…
– Havana Camila Cabello (feat. Young Thug)
2. Best Friends Forever
14 anos atrás…
Estávamos na segunda semana de férias, quando papai anunciou nossa mudança de cidade, eu já estava me habituando com a nova rotina escolar, tinha feito amizade com duas meninas bem gentis e agora tinha que ir embora. Eu não queria me mudar, a casa onde morávamos era grande e espaçosa, eu tinha um quarto legal e todo rosa como gostava, agora…
— . — Minha mãe deu dois toques na porta e entrou, estava com um olhar reconfortante, como só ela sabia fazer. — Já terminou de guardar seus brinquedos na caixa?
— Temos mesmo que ir embora? — Voltei meu olhar triste para ela. — Justo agora que eu estava começando a gostar da escola?
— Minha querida, não se preocupe, a nova escola também será muito boa e divertida — assegurou ela vindo em minha direção e se abaixando para ficar na minha altura. — E você é a criança mais comunicativa e carismática do mundo, tenho certeza que vai fazer amizades fácil.
— Mamãe, estamos indo para o outro lado do mundo. — Cruzei meus braços. — E como vai ficar a vovó?
— Ficará bem, ela sabe que é preciso. — Mamãe tocou de leve com o dedo indicador na ponta do meu nariz e sorriu com doçura. — Temos que apoiar o papai, e será bom para todos nós no futuro.
— Tudo bem — assenti ainda relutante por dentro.
Minha mãe sempre dizia que, para uma criança de 7 anos, eu tinha uma personalidade muito forte, além de bons argumentos quando queria muito alguma coisa, porém desta vez eu não tinha conseguido fazê-lo mudar de ideia sobre a mudança. Atravessaríamos o oceano até a cidade de Seoul, nossa nova morada, eu não entendia como conseguiria me adaptar à nova realidade.
Disfarcei minha decepção quando o caminhão de mudanças veio buscar o pouco de caixas que papai enviaria, outro ponto negativo, nossas coisas só chegariam três meses depois da gente. Me mantive abraçada ao Poo, meu ursinho de pelúcia e segui até o táxi que já nos aguardava, passei o caminho todo olhando para fora do carro, tentando memorizar cada pequeno detalhe da cidade que um dia planejei explorar junto com minhas amigas.
— Finalmente chegamos — disse mamãe assim que abriu a porta do apartamento e entrou carregando a minha mala, ajeitando sua bolsa no ombro esquerdo que já estava quase caindo, olhou para mim e sorriu. — Viu, eu disse que não ia demorar muito.
— Vinte e cinco horas, dezessete minutos e nove segundos contando — retruquei segurando o riso.
— Ah menina, pare de complicar. — Ela riu de mim. — Venha, vamos colocar isso no seu quarto.
Assenti a seguindo em direção a um corredor estreito, até chegar a primeira porta que ocasionalmente era do meu novo quarto, todo branco e sem vida, porém para a janela do quarto andar, tinha uma boa vista para o centro do bairro, Hongdae. Minha mãe colocou a mala ao lado da cama e caminhou até a janela abrindo as cortinas, foi uma sorte termos alugado a casa já mobiliada.
— Você quer que eu te ajude?! — perguntou ela. — Podemos nos divertir um pouco enquanto arrumamos tudo aqui.
— Não quero, estou com fome — suspirei fraco, sentindo minha barriga reclamar um pouco.
— Ah, então precisamos comprar algo. — Ela sorriu, mesmo sabendo que eu faria de tudo para não gostar daquele lugar, ainda assim mantinha seu sorriso acolhedor no rosto. — Deixe sua mochila aqui, ok?!
Assenti a observando sair do meu quarto, bufei um pouco retirando a mochila das costas como uma menina mimada, coloquei em cima da cama junto com o Poo e saí do quarto. Assim que cheguei na sala papai já estava terminando que colocar a última mala para dentro, minha mãe falava no telefone, certamente numa ligação internacional contando que chegamos bem.
— Então, mocinha, você está com fome?! — perguntou papai fazendo uma voz esquisita.
— Sim, estou. — Coloquei a mão na cintura. — Se não me alimentar eu vou ficar mal-humorada.
Eu não conseguia resistir, era mais forte que eu, a fome transformava meu bom humor de uma forma surpreendente. Ele começou a rir de mim e estendeu a mão.
— Vamos comer então — falou com segurança.
— Onde? — perguntei curiosa.
Foi neste momento que me lembrei do amigo do papai que o visitou no natal passado, tinha ouvido algumas conversas sobre papai trabalhar com ele em sua empresa, mas não imaginava que seria em outro lugar bem longe de casa. Mamãe terminou sua ligação e assentiu nossa partida, eu pensei que demoraria mais longos minutos, mas para minha surpresa a casa do amigo do papai ficava bem ao lado do nosso prédio.
— Curioso, você não me disse que seu amigo moraria tão perto — comentou minha mãe tão surpresa quanto eu.
— Eu havia me esquecido desse detalhes, me desculpa querida. — Papai sabia que minha mãe odiava quando ele escondia algo dela. — Foi meu amigo que indicou o apartamento nesse prédio ao lado, vagou há duas semanas, não foi proposital.
— Hum. — Ela cruzou os braços o fitando séria, enquanto ele tocava a campainha.
— É a mais pura verdade, querida. — Meu pai se aproximou um pouco dela e beijou sua bochecha, depois piscou de leve.
— Jinho! — disse um homem de cabelos grisalhos ao abrir o portão. — Que bom que já chegaram.
— Han — meu pai foi até ele e o abraçou com entusiasmo. — Eu te mandei um email avisando a hora que desembarcaríamos.
— Ah, me esqueci que olhar isso. — O homem soltou um suspiro, por certo estava chateado consigo mesmo.
— Esta é minha esposa Maggie, você se lembra dela — apresentou papai. — E essa é a nossa pequena .
— Sejam bem-vindas a Seoul — disse o homem dando um sorriso fechado.
— Agradecemos, eu e já estamos animadas para conhecer a cidade, principalmente a nova escola dela. — Mamãe desviou seu olhar para mim e sorriu.
Era um fato que essa animação toda só partia dela, pois no que dependesse de mim, voltaria para nossa antiga casa e antiga vida. Assim que passamos pelo portão, me deparei com um tradicional jardim oriental, achei fofo, me lembrava alguns animes que via sempre, o que me leva a acreditar que se tivéssemos mudado para o Tokio, não teria sido tão estranho para mim.
A casa do ajusshi Han era grande e muito bonita, mas tinha um ar tristonho, mantive minha atenção em alguns porta retratos em cima da mesa de canto embaixo da janela principal da sala, em quase todas havia uma mulher e um menino com ele.
— Nós soubemos sobre sua esposa, lamentamos muito — disse papai para ele. — Não deve estar sendo fácil.
— Bem, a saudade sempre estará presente, mas a dor está diminuindo — disse o homem estendo a mão para que se sentassem.
— E o seu filho?! Como está? — perguntou mamãe.
— Triste, está sendo difícil tirá-lo do quarto, as aulas retornam daqui algumas semanas e não sei o que farei, estou pensando em contratar um professor particular — respondeu.
— Mas isso não seria ruim?! — questionou papai. — Talvez com outras crianças, ele possa superar essa perda, não é bom estar sozinho em momentos assim.
— Eu sei, mas não posso obrigá-lo a ir. — Han ajusshi respirou fundo e desviou o olhar para mim. — Sua filha está crescendo bem.
— Sim, mais do que deveria — concordou papai fazendo o amigo rir. — Essa mocinha é muito independente.
— Ajusshi — disse dando alguns passos até o sofá. — Quantos anos seu filho tem?
— Hum… Ele é da sua idade.
Eu fiquei curiosa para saber como era o filho dele, mas fiquei com medo de pedir para vê-lo. As horas se passaram e após jantarmos na casa do ajusshi, voltamos para o apartamento, mamãe e papai comentavam sobre vários assuntos aleatórios, enquanto eu continuava com minha curiosidade em saber sobre o menino que não desceu para comer com as visitas.
— Mal educado — disse ao chegar na janela do meu quarto e olhar para a casa do ajusshi Han.
Eu não entendia o que tinha acontecido com a esposa do ajusshi, meus pais nunca me diziam claramente os assuntos de adultos, só mencionaram uma vez que ela estava muito doente. Será que tinha ido para o céu?! Era a única explicação para o olhar triste do ajusshi Han.
– x –
— Acorda, mocinha — disse mamãe ao adentrar meu quarto e abrir as cortinas, deixando o sol entrar, já havia se tornado um hábito maldoso da parte dela.
— Omma… — murmurei me debatendo na cama. — Eu não quero levantar agora.
— Pare de show que a Xuxa é loira, — ordenou. — Han nos convidou para o café da manhã, ele e seu pai passarão o dia trabalhando depois, então não podemos enrolar.
— Mas eu queria dormir mais um pouco. — Mantive meus olhos fechados e cobri meu rosto.
— Nada disso. — Ela puxou minhas cobertas e riu. — Que gracinha, fica fofa com esse pijama da moranguinho.
— Omma?! — Abri os olhos. — Se o papai vai trabalhar depois, porque temos que ir?!
— Porque fomos convidadas, além do mais, uma ajumma que trabalha lá vai nos levar para conhecer a cidade.
— O papai não prometeu fazer isso?!
— O papai já passeou com a gente ontem — retrucou de novo. — Pare de construir argumentos para não levantar e vá trocar de roupa logo.
Bufei de leve e me levantei da cama, em duas semanas ali aquela já estava sendo nossa sétima visita a casa do ajusshi Han, e até agora não tinha visto seu filho, estava até começando a achar que ele nem tinha um. Sora ajumma era a empregada dele, foi ela quem nos recebeu naquele dia, enquanto o ajusshi Han se encontrava já em seu escritório esperando por papai.
Mamãe como sempre se entrosou fácil com ela e logo pegou amizade, claro que meu lado comunicativa havia sido mais dela que do papai. Aproveitei que ambas entreteram com o assunto sobre receitas coreanas, mamãe sonhava em aprender algumas por causa de papai, após anos casada com um coreano de dupla nacionalidade, ela queria aprender ainda mais seu outro lado da cultura.
Subi as escadas da casa silenciosamente, confesso que minha curiosidade sempre me motivou a fazer minhas travessuras, mas estava determinada a descobrir se o filho do ajusshi Han era real. Chegando no segundo andar, me deparei com algumas portas, agora teria que resolver o enigma de qual ele poderia estar, entrei na primeira porta, estava tudo vazio, sem móveis nenhum e o mesmo aconteceu com a segunda.
Aquilo me deu um pouco de medo, até que entrei na terceira porta e finalmente me deparei com um quarto normal.
— Oi… Tem alguém aqui?! — perguntei entrando.
Dei alguns passos até chegar no centro do quarto e percebi uma movimentação suspeita embaixo da cama, dei um passo para trás tentando não ficar com medo e respirando fundo, se eu gritasse os adultos saberiam que eu estava invadindo a casa do ajusshi. Mas o que eu faria? Fui abaixando lentamente até me ajoelhar, e inclinando meu corpo olhei debaixo da cama, pedindo ao Papai do céu para não ser nenhum monstro.
Foi então que meus olhos cruzaram com os de um menino assustado, ele tinha a mesma tristeza que o ajusshi Han no olhar, porém mais profunda. Ele segurava uma correntinha com um pingente na mão, tinha rastros de lágrimas em seu rosto, além da poeira na roupa.
— Oi, meu nome é — disse abertamente. — Qual o seu?!
Ele permaneceu em silêncio me olhando de forma curiosa e ao mesmo tempo confusa.
— Meu coreano nem é tão ruim assim — sussurrei me emburrando. — Por que ele não diz?!
Fiquei pensando por um tempo como poderia fazê-lo falar, será que estava paralisado de tanto ficar embaixo da cama?
— Tube bem, já que não quer falar, eu vou te chamar de… — ergui meu corpo ficando ajoelhada — Toby, eu sempre quis ter um cachorro chamado Toby.
— Eu não sou um cachorro, e meu nome não é Toby.
Senti um breve arrepio no corpo, e logo voltei a olhar embaixo da cama.
— Agora você fala. — Fitei o olhar nele. — Se não disser seu nome, vou continuar te chamando de Toby.
— — saiu tão baixo que quase considerei um sussurro.
— Quanto anos você tem, Toby? — insisti brincando.
— Só vou dizer se me chamar pelo meu nome — retrucou ele.
— Quantos anos você tem, ? — reformulei a pergunta.
— Também tenho sete, isso quer dizer que vamos estudar juntos — constatei.
— Você vai morar aqui?! — perguntou ele.
Provavelmente já deve estar com medo de mim, mas ainda mantinha seu olhar curioso.
— Vou, não aqui na sua casa, mas no prédio aqui do lado — respondi. — Para ser realista, já estou morando lá.
— Ah, aí está você, mocinha — disse minha mãe ao aparecer misteriosamente da porta. — Estava te procurando, você não pode sair entrando pela casa dos outros sem pedir.
— Desculpa, mãe. — Ergui meu corpo voltando meu olhar para ela, fazendo carinha de inocente.
— Ela pode fica aqui?! — soou a voz debaixo da cama.
Minha mãe me olhou confusa.
— Ah mamãe, este é o , filho do ajusshi Han, ele existe mesmo — expliquei com naturalidade. — Eu o descobri.
— Bem, já que o não se importa com sua presença aqui, pode ficar. — Minha mãe sorriu, senti uma pontinha de orgulho por eu estar ali. — Mas você vai perder o café da manhã que preparamos.
— Não podemos comer aqui? — insisti.
— Hum…
— Por favorzinho! — Fiz outra cara de inocente.
Ela assentiu rindo de mim e me fez descer para buscar a comida. Assim que retornamos, mamãe deixou a bandeja do café em cima do tapete do quarto e se retirou.
— Ela já foi, pode sair daí debaixo — disse me sentando no chão.
Em instante, o menino rolou até sair completamente de debaixo da cama e me olhou ainda curioso, eu bati a mão no pedaço do tapete ao meu lado para que ele se sentasse ali, segurei um breve riso assim como a vontade de chamar ele de Toby novamente.
— Você não está com fome?! — perguntei ao perceber que ele não comia nada, apenas me observava.
— Você come bem — comentou.
— Estou em fase de crescimento, preciso comer bem — expliquei. — E você também.
Ele concordou e começou a degustar junto comigo. Eu não imaginava, mas aquela era o início de tudo. Depois daquilo, todas as manhãs eu corria para sua casa, para tomarmos café juntos, aproveitando que papai também ia para trabalhar.
— , amanhã é o primeiro dia de aula — comentou .
— Sim — confirmei ao terminar de tomar o leite gelado do meu copo. — O que tem?!
— Meu pai me perguntou se eu queria ir — respondeu.
— Eu não sei. — Ele desviou o olhar para a xícara de chá em sua mão. — Eu não tenho amigos lá.
— Você tem eu. — Como ele poderia ter me esquecido?
Ele me olhou.
— Eu sou sua amiga e vou estar lá — completei.
— Você é minha amiga?! — Estava ainda mais surpreso.
— Claro que sou, por isso venho todos os dias tomar café da manhã com você — respondi com segurança.
— Aqui. — Eu peguei sua mão e entrelacei meu dedo mindinho com o dele. — A partir de hoje, seremos oficialmente melhores amigos e nunca vamos nos separar… É uma promessa. Você promete também?
— Eu prometo — assentiu ele.
Seus olhos brilharam de imediato, o que estranhamente fez meu coração se aquecer. era oficialmente o primeiro amigo que eu estava fazendo naquela nova cidade, por causa dele, durante esses dias até aquele momento, eu havia me esquecido completamente do meu desejo de voltar para o Brasil.
Eu queria muito ficar em Seoul agora, ficar ao lado do meu novo melhor amigo.
“Poderei alcançar o melhor da minha vida
Como se eu não vivesse sem arrependimentos
Com a mente que se agitou, e ficou
Cheias de esperanças
Estou curioso sobre o amanhã que não conheço.”
– S.E.O.U.L / Super Junior & Girls’ Generation
3. One More Time
Atualmente em Havana…
— Sinceramente, pensei que não chegaríamos nunca — reclamou ao se remexer na poltrona do avião.
— Ah, deixe de ser chato. — Eu ri da sua cara de entediado. — Tivemos um voo bem tranquilo.
— Devo admitir que foi mesmo, até consegui ler meu livro. — Ele levantou a mão direita mostrando o objeto.
— Ainda não acredito que deixei você trazer seus livros de medicina. — Cruzei os braços o olhando meio indignada comigo mesma.
— Porque você sabe que eu terei uma semana de provas prática quando voltar. — Ele abriu um largo sorriso. — Foi um alívio terem me deixado faltar esses dias.
— Você é o melhor aluno daquele curso, eles tem obrigação disso — retruquei.
— Falou a ganhadora do prêmio de melhor editorial. — Ele riu.
— Olha, finalmente um sorriso.
— Eu estou rindo, é diferente.
Ri da careta que ele fez, logo o piloto anunciou que poderíamos desembarcar. No saguão principal do aeroporto, uma pessoa já estava à nossa espera com um cartaz escrito nossos nomes.
— Bom dia, eu sou Juan — disse o homem dando um sorriso singelo, trajava uma camisa azul e jeans surrados. — Bem-vindos a Havana.
— Obrigada. — Sorri de volta e olhei para .
Pelo olhar de meu amigo, ele não parecia confortável.
— Bom dia — o tom de voz de era quase um sussurro.
Já comecei a imaginar o que seria. sempre ficava mais silencioso que o habitual quando homens se aproximavam de mim. Era visível o ciúmes do meu melhor amigo, mas o bobo não dava o braço a torcer, o que me deixava ainda mais revoltada.
— Eu vou ajudar vocês com as malas — disse ele pegando uma das malas.
— Você trabalha no albergue? — perguntou .
— Sim, o albergue é da minha mãe — respondeu Juan. — Nós temos um contrato de hospedagem com algumas universidades do mundo, para os alunos.
— Que incrível, deve ter gente do mundo todo lá — comentei, ajeitando minha bolsa no ombro.
— Sim, muitos universitários se hospedam com a gente em todas as temporadas do ano — assentiu com certa satisfação.
Seguimos até seu carro, em poucos minutos Juan estacionou em frente ao albergue, que possuía três andares. Eu estava deslumbrada com toda a arquitetura da cidade, as cores vibrantes das fachadas.
— Sejam bem-vindos! — uma senhora veio a nosso encontro assim que entramos no lugar.
— Essa é minha mãe, Carmen — explicou Juan enquanto colocava as duas malas que carregava ao lado da escada.
— Obrigado senhora — disse ao retribuir o abraço que ela havia me dado.
— Por favor, pode me chamar de Carmen. — Ela sorriu para mim. — Este jovem e bonito rapaz só pode ser seu namorado.
— Não — dissemos eu e juntos.
— Somos somente amigos — completei meio sem graça.
— Ah. — Carmen voltou seu olhar para mim. — Me desculpem.
— Sem problemas — assegurei.
— Juan meu filho, leve as malas deles para os quartos — ela continuou com sua atenção em mim e segurou em minha mão. — Vocês devem estar famintos, venham, fiz um lanche para vocês.
Seguimos ela para a cozinha, que nos pediu desculpas novamente por seu engano. permaneceu em silêncio a maior parte do tempo como sempre, observando tudo ao seu redor.
— Fiquei animada quando recebi o email da sua universidade, são poucos alunos que já vieram de Seoul — comentou Carmen.
Ela nos serviu
tortica de morón, biscoito típico do país acompanhado de uma refrescante limonada, nós comemos muito bem. Aqueles biscoitos tinham um sabor especial.
— Eu sempre tive curiosidades sobre o país e a cultura local, fiquei ainda mais feliz por poder vir — comentou Carmen ao retirar outros biscoitos do forno.
Carmen se aproximou um pouco mais de mim.
— Ele não é muito de conversa, não é?! — comentou ela, sobre .
Ele estava sentado na cadeira perto da porta que dava para os fundos do albergue, mexendo no celular, enquanto tomava a limonada em seu copo.
— Não — respondi segurando o riso. — Ele é um pouco tímido.
— E você gosta dele — disse Carmen em afirmação.
— Bem… — tentei me desviar.
— Não precisa fingir, está no seu olhar. — Ela sorriu de forma gentil. — Ele sabe?
— Não sei, às vezes acho que sabe e às vezes acho que é bobo demais pra perceber — bufei de leve.
— Hum… Só vai saber se conversar sobre isso com ele.
— Conversar sobre o quê? — Juan perguntou aparecendo misteriosamente atrás da mãe.
— Nada. — Ela olhou para o filho. — Já levou as malas para o quarto?
— Sim.
— Então, acho nossos novos hóspedes precisam descansar um pouco antes da festa. — Carmen lançou um olhar sugestivo para mim, então piscou.
— Festa?! — se levantou da cadeira.
Legal, agora ele está prestando atenção em nós.
— Sim. — Juan o olhou. — Vocês chegaram em um dia bom, hoje é aniversário de um casal amigo da minha mãe, eles convidaram todos os hóspedes daqui do albergue.
— Que legal. — Me senti animada de imediato.
— Tenho certeza que vão se divertir muito, mas festas noturnas em Havana são as melhores — garantiu Carmen.
Apesar do olhar tedioso de , a ansiedade começou a tomar conta de mim. Juan nos conduziu até nossos quartos, eu ficaria no segundo o andar das meninas e no terceiro, o andar dos meninos. Juan nos explicou como funcionava o sistema do banheiro para quando fossemos tomar banho, e nos deu a chave dos quartos e armários. Os quartos eram duplos, e tinha dois armários grandes para os hóspedes guardarem suas coisas.
Para minha surpresa, ficaria o mesmo quarto em que Juan dormia, já eu por sorte fui instalada em um quarto vazio, pois a outra garota que se hospedava já tinha voltado para casa. Assim que entrei no meu quarto, retirei algumas peças de roupa para já escolher o que vestiria à noite, então guardei tudo no armário e coloquei as chaves na minha bolsa que ficaria comigo.
Minutos depois…
— Toc… Toc… — deu duas batidas na porta que estava entreaberta.
— Entra — disse me virando para ele.
— Já guardou suas coisas? — perguntou ele.
— Sim. — Abaixei o olhar, vendo o celular em sua mão. — Você enviou mensagens aos nossos pais?
— Também — respondeu ele entrando e fechando a porta.
— Enviei uma mensagem à minha orientadora, agradecendo por me ajudar com a dispensa para a viagem.
— Ah.
Aquela orientadora, tinha que admitir que odiava quando ele mencionava sobre ela. Sempre dizendo o quanto ela o ajudava em seus estudos e conseguia vagas em palestras para ele. Sora era cinco anos mais velha que nós dois, algumas vezes esbarrei com ela, quando ir para o prédio de medicina ver , conseguia sentir que ela tinha interesses por ele pela forma que o tratava.
— O que foi? — Ele me olhou preocupado.
— Nada. — Suspirei fraco.
— Nada?! — Ele riu dando alguns passos até mim então tocou com o dedo indicador de leve em meu nariz. — Eu conheço esse seu olhar, já disse para não ficar com ciúmes da Sora.
— Quem disse que estou com ciúmes dela? — Cruzei os braços.
Ele arqueou a sobrancelha direita e sorriu, aquele sorriso que me deixava com raiva e ao mesmo tendo com o coração acelerado.
— Vou acreditar, então. — Ele pegou em minha mão e me puxou para mais perto, me abraçando carinhosamente. — Sua boba, por acaso não se lembra da nossa promessa?
— Qual delas?! — perguntei em sussurro.
— Aquela que diz que meu coração sempre vai estar perto do seu — sussurrou ele de volta. — Somos melhores amigos, não somos?!
— Sim — senti minha voz falhar.
Não queria ser somente sua melhor amiga. Estava sendo ambicioso, assumo, mas queria muito mais que sua amizade.
— Acho melhor descansarmos um pouco, já que à noite… — Ele se afastou um pouco.
— Não quer ir? — perguntei.
— Não me importo de ir — respondeu daquela forma indireta de sempre. — Você disse que queria aproveitar cada segundo aqui, então…
Ele sorriu novamente.
— Então?! — insisti para que ele continuasse.
— Darei o meu melhor para ser a viagem mais especial da sua vida! — Seu olhar estava sereno.
— Komawo. — Eu o abracei no impulso. — Eu te amo!
Ele saiu do quarto me advertindo para não ficar eufórica pela festa e descansar um pouco. Foi o que eu fiz, após tomar uma ducha quente no banheiro feminino, coloquei meu pijama provisoriamente e me deitei na cama um pouco, foi aí que senti os músculos do meu corpo relaxarem de verdade. O que me levou a um longo cochilo.
– x –
— Uau — foi a única coisa que consegui dizer sobre a decoração cativante do restaurante que Carmen nos levou.
— Tem muita gente aqui — comentou .
— É uma festa. — Eu ri da careta que ele fez para mim.
— Venham, quero apresentá-los aos anfitriões — disse Carmen ao pegar sutilmente em minha mão.
Seguimos com ela até a parte do bar. Carmen, nos apresentou ao senhor Rodrigues e a senhora Inês, e também seu sobrinho Enrico que mora com eles desde criança. Era engraçado, pois quanto mais Carmen me apresentava aos jovens rapazes da festa, mais demonstrava incomodado com aquilo. O que me divertia um pouco.
— Que cara fechada — disse ao me sentar na banqueta ao lado de . — Você disse que faria o seu melhor.
— Juro que estou tentando, mas a senhora Carmen não está ajudando. — Ele me olhou emburrado. — Por que ela tem que ficar te apresentando para todos os solteiros do lugar?
— Não acredito. — Eu ri da cara dele. — Toby está com ciúmes?!
— Yah… — Ele fez careta. — Sabe que não gosto quando me chama assim.
— Porque você age assim. — Sorri para ele. — Meu coração também está perto do seu.
— Você disse isso da última vez, até que me apresentou um garoto estranho que queria ser seu namorado. — Ele voltou seu olhar para a bancada do bar.
— Por que você não fala de uma vez?!
— O que você quer que eu fale?!
— ! — A senhora Carmen me pegou pela mão e saiu me conduzindo pelo salão sem que eu pudesse lutar contra.
Talvez tivesse sido melhor assim. Eu não queria estragar a nossa primeira noite em Havana, mas estava com muitas coisas em meu coração que queria profundamente confessar para ele.
Seria tão mais fácil se finalmente se confessasse para mim da forma certa.
“Como nós fazemos você ser capaz de se apaixonar (outra vez)
Deixe-me entrar (outra vez)
Eu já te quero
Seus olhos me dizem que você também quer tentar (outra vez)
Não hesite mais (outra vez)”
– One More Time / Super Junior feat. Reik
4. Gee
7 anos atrás…
Era aniversário dela e eu queria dar algo especial. era minha única amiga e eu sabia tudo sobre ela, conhecia até mesmo suas diversas expressões e olhares atravessados. Isso deveria facilitar, porém, só dificultava, pois a cada ideia que eu tinha, logo a cena com a sua possível reação tomava minha mente.
— Aish, porque é tão difícil? — reclamei ao fechar o notebook e empurrá-lo para o centro da cama. — Eu deveria saber o que dar a ela.
Estava frustrado comigo mesmo. Que espécie de amigo eu era?
Não sabia nem mesmo o que presentear a ela. Me levantei da cama e dei alguns passos até a janela, dava diretamente para a janela de seu quarto. Se era proposital ou destino, não sabia, mas estava grato a Deus por sempre poder olhar seu rosto todas as noites antes de dormir.
Logo meu celular vibrou em cima da escrivaninha, era uma mensagem dela, perguntando se eu estava acordado ainda.
“Claro que sim, você não me disse boa noite” — digitei, voltando para a janela.
“Que bom! Estou ansiosa por essa semana.” — Logo seu rosto saiu para fora da janela do seu quarto, consegui nitidamente ver aquele sorriso que aquecia meu coração e acelerava em algumas raras situações.
“O que tem essa semana?” — me fiz de desentendido.
“Você sabe e se esqueceu, vou te chamar de Toby pro resto da vida.” — Ela parecia brava.
“kkkkkkk…” — comecei a rir, mantendo meu olhar nela.
Seus olhos também direcionados para mim.
Aquilo me fazia pensar no motivo do meu coração acelerar tanto perto dela. era somente minha melhor amiga, mas sempre que um menino se aproximava dela, eu me sentia incomodado. Um intenso desconforto, que não conseguia explicar essa reação e de onde surgia. Por seu jeito comunicativo, era quase sempre o destaque da escola, popular e querida por todos. Mas mesmo sendo o centro das atenções, não deixava de almoçar comigo e me seguir até a biblioteca, para folhear as revistas e jornais enquanto eu estudava; ou somente ficar cantarolando ao meu lado enquanto jogava algo no celular.
Todos na escola sabiam da nossa amizade, acho que por isso tentavam se socializar comigo. Confesso que ainda mantinha dificuldade em me abrir para novas amizades. Talvez por medo de perder a que conquistei aos 7 anos. Mas aos poucos, fui me enturmando com os membros do time de vôlei. E sim, havia me forçado a entrar no time, para que eu tivesse uma vida social mais ativa, porém como sempre, mantive meu direcionamento somente no esporte e sem pretensão, infelizmente me destaquei como um bom levantador.
“E você ri” — ela mandou outra mensagem —
“Espero que tenha comprado meu presente.”
“Precisamos ir dormir, amanhã tem prova de literatura.”
“Você estudou a resenha que fiz?”
“Claro, você é a melhor!!!”
“Nada sai de graça, ainda vou querer as questões de biologia” — lembrou ela.
“Mercenária, somos amigos, achei que tinha feito por isso.” “Porque somos amigos, você vai me ajudar a passar em biologia.”
Ela era boa em construir argumentos.
Eu a observei fazendo um coração pra mim e se afastando da janela aos poucos depois. Momentos assim eram comuns no nosso dia a dia, troca de mensagens, estudar e comer juntos, até meus treinos ela assistia, para irmos para casa um na companhia do outro. Inseparáveis é a palavra que nos definia.
—
, você está em casa? — disse ela, assim que eu atendi o telefone. Sua voz estava estranha e de choro.
— Está chorando? — perguntei.
—
Posso ir aí? — retrucou.
Assim que desligou, eu me levantei correndo da cama e desci pra abrir a porta para ela. Preocupado como que poderia ter acontecido, eram raros os momentos em que chorava e era sempre em meu ombro. Ela entrou a passos lentos e em silêncio. Fomos até a cozinha para que eu lhe preparasse um chocolate quente, como de costume em momentos assim.
— Aqui, chocolate a fará feliz — disse, lhe entregando uma xícara com o preparado.
— Komawo — sussurrou em agradecimento ao segurá-la, depois tomou um pouco.
— Cuidado que está quente — adverti.
— Acho que ando muito emotiva esses dias, estou me abalando fácil com as coisas… — explicou ela.
— O quê? — a olhei estático.
— Eu vi o Hwang beijando uma garota de outro colégio, hoje pela manhã.
Ah! Agora estava explicado. Tentei disfarçar, mas percebi que meus punhos estavam fechados. tinha recebido uma carta de confissão desse menino algumas semanas antes e foi tomar sorvete com ele, sábado passado. Eu não entendia o que ela tinha visto naquele projeto de galã de dorama metido a DJ iniciante.
— Ainda não sei o que viu nele — sussurrei. — Não deveria chorar por isso.
— Estou chorando porque estou emotiva. — Ao tomar outro gole, colocava a mão na barriga. — Ai.
— O que foi? — Me levantei preocupado. — O que está sentindo?
— Uma dor forte, começou do nada.
— Preciso ir ao banheiro.
Eu não entendia sua reação, até que me pediu para buscar algo bem peculiar e íntimo em sua casa. Mas seus pais estavam lá e como eu pediria algo assim para eles? Foi então que resolvi fazer a coisa mais estranha e inusitada da minha vida. Fui até a loja de conveniência, ao chegar no corredor certo, dei uma despistada fingindo comprar outra coisa. Para piorar, tinha um grupo de três amigas perto que intencionalmente me observavam. Como eu faria aquilo? De forma rápida e sagaz, peguei uma revista de games da prateleira ao lado e também aquele pequeno pacote de absorventes, me virei seguindo para o caixa.
— Que fofo, ele está comprando para sua namorada — ouvi uma das moças, dizendo.
— Queria um namorado atencioso assim — disse a outra.
Senti uma extrema vergonha, mas faria aquilo por ela. Assim que cheguei, entreguei o pacote para ela e esperei na porta do meu quarto, ouvindo alguns ruídos de dor, vindo do outro lado.
— Ahhh… — Ela saiu com os olhos marejados e se apoiando na parede. — Sinto que minhas pernas não vão aguentar.
A intenção era lhe apoiar até minha cama, mas no impulso e preocupação, a peguei no colo de uma vez e coloquei deitada com cuidado. Tentei não fica ainda mais desesperado ao vê-la se encolher por causa da dor. Não imaginava que era tão doloroso assim, quando ela me enviava mensagens dizendo estar com cólicas menstruais. Peguei meu celular e pesquisei na internet algo que pudesse ajudar, li o nome de um remédio para dor que possivelmente, havia na caixa de remédios do meu pai.
— ! — Ela segurou em minha mão. — Onde vai? Fica aqui.
— Eu já volto — assegurei a ela.
Em minutos, trouxe o remédio que encontrei juntamente com um copo d’água e lhe dei.
— Tem certeza que vai melhorar? — perguntou ela, com a voz baixa.
— Sim, eu vi na internet.
— Tudo bem, então — ela assentiu e tomou.
Esperamos por um tempo, porém a dor não passava.
— AIIIII. — Ela se remexeu novamente na cama e eu permaneci sentado ao seu lado.
Eu estava frustrado por não conseguir fazer nada para lhe ajudar.
— Queria que pudesse compartilhar essa dor comigo.
— Acredite, eu também — sussurrou ela.
— Hum… — fiquei pensando.
— O que foi? — Ela me olhou de forma manhosa.
— Uma vez eu vi meu pai fazendo massagem na barriga da minha mãe, porque sentia muita dor — comentei. — Posso tentar com você?
— Pode, só faz parar — assentiu.
Sorri de leve e com cuidado, assim que ela levantou um pouco sua blusa, comecei a fazer massagens circulares para que a dor aliviasse. O que me fez lembrar de quando ela caiu de bicicleta e eu fiz o curativo.
— Canta pra mim — pediu ela.
— Você está muito manhosa.
— Eu tive o meu coração partido e agora estou sofrendo dores físicas, só tenho você — sua voz estava ainda mais manhosa acompanhada daquele olhar destruidor.
Ela sempre conseguia o que queria de mim. Aos poucos, suavemente, comecei a cantar para ela, que mantinha um leve sorriso escondido no rosto, mesmo com as circunstâncias. Esperei até que adormecesse e fui até a cozinha fazer um chá de camomila para ela, poderia melhorar seu estado.
— ?! — disse ela, descendo as escadas.
— ?! — Fechei o livro que estava lendo e a olhei. — Já acordou?
— Sim. — Ela veio até mim e sentou ao meu lado. — Não podia ter dormido aqui.
— Eu avisei sua mãe que estava sentindo dores — disse para tranquilizá-la. — Ela sabe que você está aqui.
— Hum.
— Sim. — Ela se remexeu, aninhando-se em mim e encostando a cabeça no meu ombro. — O que está fazendo?
— Medicina é um curso muito concorrido, sabia?
— Você vai mesmo me abandonar? Por um estetoscópio? — resmungou.
— Pare de reclamar, já conversamos sobre isso. Jornalismo nunca foi o meu forte, sou péssimo em redação, ao contrário de biologia — retruquei. — Esse é o meu caminho.
— De que eu teria medo? — Ela me olhou.
— De não ser mais minha vida social. — Eu sorri para ela.
— Pabo. — Ela voltou a se aninhar em mim. — Komawo.
— Estar sempre ao meu lado, acho que estava sensível demais para suportar a dor sozinha — explicou ela.
— Hum… — Eu cruzei meu dedo mindinho com o dela. — Fizemos uma promessa, lembra?
— Eu sempre estarei aqui — sussurrei para ela, começando a acariciar seus cabelos.
Os dias se passaram e finalmente, chegamos ao ponto crucial da minha indecisão, o que daria de presente a ela. Era o dia, o aniversário da minha melhor amiga e eu estava fugindo dela, não atendia suas ligações e estava longe de casa.
“YAH! ?! Onde está meu melhor amigo, no dia do meu aniversário?!” Gritou ela na vigésima mensagem que deixava na caixa postal.
Não era só o presente o meu problema, mas também meus sentimentos por ela, até ali. Quanto mais eu pensava sobre, possivelmente ter sentimentos mais profundos por , mais me angustiava. Tinha medo de perder nossa amizade, se estivesse apaixonado.
— Aish, o que faço? — sussurrei para mim mesmo, olhando a vista da cidade, de cima do terraço da escola.
Passei o dia com esse conflito interno em mim, até que me dei conta e já era noite. Olhei para o celular e tinha muitas chamadas do meu pai e de , todos certamente preocupados com meu sumiço. Saí correndo pelas ruas, igual um louco, eu tinha que me desculpar com ela, pois, certamente já havia preparado o jantar de comemoração do seu aniversário.
— Pai! — gritei assim que o vi no portão de casa.
— !? Onde estava, passamos o dia te procurando. — Mesmo com o tom de repreensão, seu olhar era de preocupação. — não conseguiu nem mesmo comemorar seu aniversário, porque estava preocupada com você.
— Eu vou me desculpar com ela — disse, retirando o celular do bolso e o liguei, enviando uma mensagem para ela, logo em seguida.
me respondeu, dizendo que estava no terraço do prédio onde morava. Eu corri até lá e assim que cheguei, a avistei debruçada no parapeito, olhando a cidade. Dei alguns passos até ela.
— Mianhae, me desculpe por ter desaparecido — disse num tom baixo. — Estraguei seu aniversário.
— Sim, você estragou. — Ela manteve seu olhar voltado para frente. — Você é o meu melhor amigo, eu nunca conseguiria estar totalmente feliz hoje se não estivesse ao meu lado.
— !? — Segurei em sua mão.
— O que eu fiz foi errado, prometi ficar sempre ao seu lado, só que…
Talvez, eu ainda não tivesse coragem suficiente para dizer o que realmente sentia por ela, mas algo eu poderia fazer.
— Ainda posso te dar o meu presente?
Eu segurei sua mão e coloquei na altura do meu coração.
— Eu passei a semana inteira tentando pensar no que poderia te dar, você é a pessoa mais importante do mundo pra mim, então quero te dar algo que tenho guardado a muito tempo — se aquilo era uma confissão, eu não sabia, mas continuaria mesmo podendo ser rejeitado. — Meu coração.
— !? — Ela me olhou espantada sem entender. — Por que está dizendo isso?
— Porque você é minha melhor amiga e meu coração só está feliz quando você está por perto.
Eu não tinha mais nenhum controle racional sobre mim, quando me dei conta, nossos dedos já estavam cruzados e meus lábios encontrados nos dela, em um beijo doce e suave.
Mesmo com você na minha frente
Eu não sei o que fazer
Para as pessoas que estão apaixonadas
Por favor, me diga como você começou a amar.
– Hello / SHINee
5. Kiss
Atualmente…
Um dos amigos de Juan me tirou para dançar, foi divertido sair pelo salão e mesmo pisando no seu pé duas vezes, Luiz permaneceu com seu sorriso simpático e seu bom humor dizendo que no final da noite me transformaria na melhor dançarina de Havana. Como se fosse possível. No ápice da minha diversão, distraída enquanto conversava com as madres mais experientes sobre festas de casamento típicas de Cuba, notei que faltava uma pessoa ali. havia saído da festa sem que eu percebesse, era um fato minha chateação imediata.
Peguei minha bolsa que tinha deixado em cima da cadeira e saí para a rua, assim que cheguei na porta, avistei do outro lado encostado numa parede com as mãos no bolso. Seu olhar direcionado para mim, como se soubesse que em algum momento eu iria sair em sua procura.
— Por que está aqui? — perguntei ao parar em sua frente.
— Não queria atrapalhar, você estava se divertindo bastante lá — respondeu.
— Você mais do que qualquer outra pessoa sabe que me divirto de verdade quando estamos juntos — rebati. — Você é meu melhor amigo, bobo.
Ele sorriu de forma espontânea e segurou em minha mão, então se afastou da parede e me puxou de leve para seguí-lo.
— Para onde está me levando? — perguntei curiosa.
— Eu não sou um cubano, mas conheço um lugar que acho que vai gostar.
— Achei que estivesse chateado.
— Neste momento, só quero que de divirta. — Ele me olhou e piscou de leve. — Esta será nossa melhor viagem.
Eu sorri o deixando me guiar. Seguimos pelas ruas parecendo não ter direção certa, até que chegamos em uma modesta praça. Mais alguns passos nos posicionamos bem ao centro.
— Posso entender o motivo de me trazer aqui? — perguntei curiosa.
— Hum. — Ele olhou o relógio. — Espere mais 10 segundos.
Ele sorriu de forma fofa e singela, como se estivesse agora contando mentalmente de 10 a 0. Algo que eu fiz junto automaticamente em minha mente também. Em um piscar de olhos, vários chafarizes de água começaram a ser projetado em nosso redor.
— Uau — sussurrei.
Meus olhos certamente estavam brilhando com as luzes projetadas entre as colunas de água.
— Como você descobriu esse lugar? — perguntei.
— Tenho um amigo muito influente — ele riu. — Seu nome é Google.
— Seu bobo. — Bati de leve em seu ombro, voltei meu olhar para o céu, que se mostrava estrelado sobre nós.
— Não vamos ficar só olhando, não é? — perguntou ele, com um olhar malicioso.
— Como assim? O que sugere? — Olhei confusa e inocente.
foi se afastando de mim, mantendo um sorriso no rosto, até que bateu sua mão na água, jogando-a em mim.
— !? — Tentei tampar meu rosto no impulso.
Isso me lembrou de nossas travessuras em dias de chuva, quando corríamos para casa após a aula sem proteção. Seu gesto deu início a nossa brincadeira, correndo pelas colunas de água enquanto um tentava molhar mais o outro. Poderia classificar como uma das noites mais divertidas para mim. Era difícil conseguir despertar esse lado espontâneo dele, mas sempre que acontecia eu aproveitava ao máximo. sempre seria meu melhor amigo, mesmo que fosse somente isso.
Em um certo momento, eu o empurrei para cima de uma coluna de água, ele me puxou junto no impulso. Próximos e com nossos olhares um no outro, tentei manter meu coração calmo diante do momento, entretanto, foi se movendo lentamente para mais perto de mim, até que nosso lábios se encontraram. Aquele era o nosso terceiro beijo, e eu ainda mantinha gravado em minha mente toda a sensação que me transmitia. Meu coração se acelerava ainda mais ao sentir seus braços me envolvendo pela cintura.
Mais uma vez seu gesto confirmava seu amor, porém não confessado verbalmente. Se eu pudesse pedir algo a Deus, pediria que aquele breve momento se estendesse por horas. Assim que ele se afastou, vi no seu olhar como se estivesse processando em sua mente o que acabou de fazer. Não era um olhar de arrependimento e sim de surpresa. Eu também me mantive estática o olhando, ambos não sabíamos o que dizer e nem como reagir na sequência.
— Acho melhor voltarmos para o hostel — disse num tom baixo. — Estamos molhados e pegar um resfriado em meio a viagem seria ruim.
— Tem razão. — Sua face voltou a ficar séria como de costume.
Mas diferente da segunda vez que ele havia me beijado, desta vez, ele segurou em minha mão e juntos retornamos, mesmo que em silêncio.
— — disse a ajumma Carmem assim que entramos. — Vocês sumiram no meio da festa, ficamos preocupados. O que aconteceu? Vocês estão molhados.
— Estamos bem — disse sorrindo com suavidade — Aproveitamos a noite iluminada para darmos um passeio pela cidade.
— E acabaram se molhando. — Juan riu um pouco. — Parece que minha sugestão funcionou.
Ele piscou para , então olhei para meu amigo que disfarçava um sorriso de canto no rosto.
— Google, não é? — sussurrei ao subirmos as escadas para os quartos.
— Juro que não sei de nada — sussurrou ele de volta de uma forma engraçada.
Após um banho quente e roupas confortáveis, bateu na porta do meu quarto. Ao abrir, ele esticou uma caneca de chá quente para mim, cortesia da ajumma Carmem.
— Obrigado — disse ao pegar, abrindo um pouco mais a porta para que ele entrasse.
— Tudo bem? — perguntou ele, seu olhar curioso para mim atento às minhas expressões faciais.
— Sim, eu acho — disse fechando a porta. — Bem, depende do contexto.
— Hum?! — Ele tombou a cabeça de forma fofa, como uma criança confusa.
— Fisicamente, estou bem — expliquei. — Mas psicologicamente, nem tanto.
— Me desculpe, a culpa é minha. — Ele voltou seu olhar para o chão.
— Vamos falar sobre isso? Ou você vai fingir que nada aconteceu como das outras vezes? — perguntei.
sempre fugia do assunto. Era nítido seu ciúme por mim, desde o colegial, porém ele parecia ter medo de perder nossa amizade se confessasse seu amor.
— Eu não quero ouvir pedidos de desculpa — disse irritada o interrompendo. — Principalmente por ter me beijado.
Ele segurou em minha mão e me puxou para perto me abraçando forte, de forma carinhosa.
— Me desculpe por não ter dito isso antes — sussurrou ele em meu ouvido. — Saranghae.
Meu coração acelerou no mesmo momento, senti um frio na barriga. Ouvir ele dizendo que me amava me deixava ainda mais desnorteada. Saber era algo normal, mas ouví-lo dizer poderia mudar alguma coisa entre nós dois.
— Vou pensar se te desculpo, Toby. — Fechei a cara me afastando dele, fazendo-o rir.
— Desta vez aceito você me chamar de Toby. — Ele sorriu com carinho. — Eu realmente tenho agido como um.
— O que vai acontecer agora? — perguntei meio preocupada.
— Nada — respondeu com uma cara confusa.
— Como assim nada?! — Cruzei os braços indignada. — Você diz que me ama e fala que não vai acontecer nada?
— Sim, eu te amo desde sempre. — Ele riu de novo. — O que tem? O que mais tem que acontecer?
— Não acredito que está me perguntando isso. Você é mesmo um Toby.
— . — Ele segurou em minha mão. — Não vai mudar nada entre nós, você é minha melhor amiga e sempre será.
— Não quero ser apenas sua amiga. — Emburrei a cara frustrada.
— Você jamais será só isso.
— Você disse que nada mudaria — retruquei.
— Meu coração já é seu, lembra?! Então nada vai mudar. — Ele tocou de leve em meu rosto e me beijou novamente.
Eu me mantive aninhada em seus braços por um tempo, após o nosso quarto beijo, com tudo silencioso a nossa volta, conseguia ouvir seu coração acelerado.
— Preciso te contar algo — sussurrou ele.
— Assim que voltamos para Seoul, depois de amanhã, eu irei para o exército.
— O quê?! — Me afastei um pouco e o olhei. — Como assim?
— Um professor meu me convidou para ser oficial residente nas forças especiais — explicou ele. — Eles precisam de bons profissionais e eu sou um, então pensei me alistar e fazer o tempo obrigatório, depois continuar como residente oficial.
— Então, vamos ficar separados? Logo agora? — perguntei.
— Talvez pelos dois anos que servirei obrigatoriamente, mas depois poderemos nos ver com frequência, olhe pelo lado bom, não serei fuzileiro — ele riu.
— Não tem graça, . — Eu estava triste e já demonstrava em meu olhar para ele.
— , você sabe que em um momento eu serviria ao exército. — Ele me olhou sério.
— Servir por dois anos é uma coisa, para sempre é outra diferente.
— Por isso decidi que deveria te contar primeiro, nesta viagem.
Eu tentei me afastar mais, porém ele me abraçou forte.
— Não é o fim do mundo, você viu Descendants of the Sun, eles ficam juntos no final — suas palavras soaram de forma leve, ele queria mesmo me deixar despreocupada.
Mas eu sabia como era o exército.
— Seu nome não é BigBoss, é Toby — eu ri de leve.
— Imagina, oficial médico dr. Toby — ele riu junto. — Quero ser um homem que você possa se orgulhar.
— Eu já me orgulho de você. — O olhei e sorri. — Você sempre esteve ao meu lado em todos os meus momentos de alegria, tristeza e crises femininas de tpm…
— Você já me fez comprar vários absorventes. — Ele fez uma careta engraçada. — Sabe o quanto isso é vergonhoso para mim?
— Por isso você é meu melhor amigo — eu ri.
— Melhores amigos jamais se separam, apesar da distância. — Ele entrelaçou nossos dedos. — Principalmente quando se amam.
Eu sorri de repente, viajando em alguns pensamentos.
— O que foi?! — ele perguntou curioso.
— Estou aqui imaginando como você ficaria de farda, e de jaleco — ri.
— Eu sei que eu ficaria mais lindo do que já sou. — Ele piscou de leve.
— Hum… Nada de se engraçar pra nenhuma garota do exército.
— É claro que não, vou pensar em você todos os dois, quero receber muitas cartas. — Ele sorriu.
— Vou te escrever uma carta por dia — disse.
— Melhor uma carta por semana, você não consegue nem mesmo se organizar com as aulas da universidade.
Nós começamos a rir e ele me abraçou novamente, me aninhei em seus braços. Eu sabia que aquela viagem para Havana me reservaria algumas surpresas, ao voltarmos para Seoul seria o início de uma nova jornada para nós dois. Juntos e ao mesmo tempo separados, porém com a certeza que além de melhores amigos para sempre, nossos corações estavam lado a lado.
Desde o dia em que lhe encontrei, não lhe falei dos meus sentimentos
Mas hoje irei lhe contar o que sinto em meu coração.
– Kiss Kiss Kiss / SHINee
“Amizade: Ainda com distâncias e dificuldades, uma verdadeira amizade jamais se rompe.” – by: Pâms.
Fim