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Capa por Julia N.

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Gotham

1. Diamonds

  O que dizer sobre uma cidade em que coisas interessantes só acontecem à noite?!
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  Conhecida como a cidade do homem morcego, Gotham era repulsiva e atrativa ao mesmo tempo para todos que levam uma vida criminosa. Felizmente este não é o caso da minha família, apesar do meu marido representar setenta por cento da economia que mantém aquela cidade, e ser um atrativo para bandidos e ladrões.
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  Confesso que não é fácil ser esposa de Bruce Wayne, ainda mais com alguns paparazzi rondando, desagradável até mesmo ir ao shopping sem ser vigiada. Eu ainda não conseguia assimilar tudo, afinal nosso matrimônio nasceu puramente de uma promessa feita há anos por nossos pais, o que significa que inclui muitos negócios financeiros do passado entre minha família e as Indústrias Wayne no pacote.
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  Contudo, estava eu recém-casada voltando de uma breve lua de mel em Paris, a partir daquele momento eu iria conviver com o homem mais rico de Gotham City, mais rico e mais estranho. Seria complicado conseguir conviver com um playboy, que passa seus dias gastando a herança deixada pelos pais e deixa sua empresa nas mãos de funcionários. Pelo menos o senhor Fox era digno de confiança.
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  Mas enfim, eu estava ali no segundo maior quarto da mansão, guardando minhas coisas no closet, demorei um pouco pois havia levado praticamente todas as minhas coisas. Deixei algumas roupas que não usava mais na casa dos meus pais, tinha o propósito de vendê-las futuramente em um bazar beneficente.
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  — Senhora Wayne, posso entrar? — perguntou uma voz vinda da porta.
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  — Ah, sim Alfred. — Eu dei alguns passos para fora do closet. — O que houve?
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  — Vim para saber se a senhora está bem instalada, precisa de algo mais?
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  — Hum, não. — Dei um sorriso singelo. — Estou muito bem, obrigada, só preciso me acostumar com a nova rotina.
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  — Tenho certeza que a senhora irá se adaptar — assegurou ele. — Se precisar de algo, basta me chamar.
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  — Agradeço.
  Ele se curvou de leve e saiu do quarto, respirei um pouco mais fundo e me voltei para a janela central do quarto, o sol já estava se pondo, certamente eu tinha perdido muito tempo organizando minhas coisas. Saí do quarto e após caminhar pelo longo corredor do segundo andar, desci as lanças da escada cheguei a grande sala de estar, Bruce estava sentado na poltrona perto da lareira lendo seu jornal.
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  A primeira característica que tinha descoberto sobre ele, sempre lia o jornal, principalmente a parte do folhetim policial. Acho que aquilo poderia ser por causa da morte dos seus pais, eu não sabia muita coisa da história, mas imaginava que ele não era uma pessoa muito feliz devido a essa tragédia.
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  — Espero que esteja bem instalada — disse ele com seu tom de voz baixo porém firme, mantendo sua atenção no jornal.
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  — Sim — assenti dando alguns passos até o sofá que ficava de frente a lareira, me sentei de forma silenciosa mantendo minha atenção voltada para o fogo.
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  — Agora você é dona desta casa tanto quanto eu, se quiser alterar alguma coisa basta falar com o Alfred — continuou ele.
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  — Eu gosto de como está — retruquei. — Parece mais familiar para você.
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  — E não deveria ser familiar para você? — Ele fechou o jornal e me olhou.
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  — Logo vou me acostumar, então em breve será. — Eu me levantei. — Devo contar com meu marido para o jantar?
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  — Talvez. — Ele se levantou e seguiu em direção a biblioteca.
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  Eu não sabia como me aproximar dele, Bruce possuía um olhar enigmático combinado a um sorriso malicioso, além de uma grande fama de conquistador, antes de o conhecer oficialmente. O que sempre lia nos jornais sobre ele era de como aproveitava suas noites em casas noturnas e de como sempre andava com o carro cheio de mulheres.
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  Porém agora que estava casado, eu não sabia como ele começaria a agir, apesar do nosso casamento ser arranjado, já estava consumado e eu era oficialmente a senhora Wayne. Pensar sobre isso me fazia lembrar da minha primeira noite com ele, eu estava tão nervosa e assustada, fiquei surpresa de como ele me tratou com um perfeito cavalheiro.
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  — Senhora Wayne — disse Alfred ao entrar na sala.
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  — Sim!? — Eu o olhei.
  — Deseja algo em especial para o jantar de hoje?
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  — Hum, eu não havia pensado sobre isso. — Respirei fundo, era estranho uma simples pergunta me deixar confusa. — O que o Bruce costuma comer?
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  — Bem, o senhor Bruce não costuma jantar muito, mas sempre se alimenta à noite — respondeu ele.
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  — Acho que não precisa se preocupar, talvez ele nem fique em casa esta noite. — Eu me afastei um pouco em direção a escadas.
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  Voltei para meu quarto, eu já estava sentindo que minha noite seria longa e naquele quarto, caminhei até a escrivaninha e peguei o livro que tinha deixado sobre ela. Me sentei um pouco inclinada em minha cama, abri o livro na página onde parei e comecei a ler.
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  Poderiam ser horas proveitosas de leitura, porém minutos depois acabei adormecendo.
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Selina Kyle – on

  Aquela era uma bela noite, propícia para me divertir um pouco pelas interessantes ruas de Gotham, já estava sentindo falta de um pouco de adrenalina de verdade em minha vida após ficar tanto tempo parada. Estava seguindo pela rua secular, até chegar na esquina do Beco do Crime, eu precisava ver os velhos amigos e saber das novidades.
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  As coisas aconteciam muito rápido em Gotham, assim como também estava um pouco complicado manter-se no crime, principalmente por causa do tal Batman. Eu ainda não tinha tido o prazer de esbarrar nesse morcego, mas estava curiosa para vê-lo de perto e tirar minhas próprias conclusões.
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  — Ora, ora, ora, quem está de volta a Gotham City — disse uma voz sinuosa atrás de mim.
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  — A boa filha à casa retorna — eu disse mantendo meu olhar em um grupo de homens que fumavam mais à frente.
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  — Boa? — Ele riu ironicamente. — Por onde estava andando?
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  — Curtindo minhas férias — eu ri. — E você, Pistoleiro? Como saiu da cadeia novamente?
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  — Digamos que tive um bom comportamento — ele riu também. — Soube das novidades?
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  — Estou na cidade a poucas horas, de quais novidades está falando?
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  — Do homem morcego — respondeu ele num tom amargo. — Ele voltou à cidade, depois de alguns meses fora.
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  — Batman, eu li sobre ele nos jornais de Metrópoles.
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  — Então era lá que estava passando suas férias? — indagou ele.
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  — Talvez. — Eu suspirei um pouco. — Mas você sabe o motivo para ele ter sumido por tanto tempo?
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  — Ninguém sabe, só que ele desapareceu pouco depois que ajudou a prender o Joker.
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  — Ah, nosso rei tinha que estar envolvido. — Eu ri de leve. — Será que o morceguinho achou que o crime acabaria?
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  — Talvez, não sei, só acho que você também deveria tomar cuidado — alertou ele.
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  — Quantas mulheres além de mim você está vendo aqui? — Eu me virei para ele, arqueando minha sobrancelha direita.
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  — Sei que você é diferente de todas que já tentaram se estabelecer em Gotham, mas vamos combinar que a cada dia fica mais tenso com esses heróis idiotas — argumentou ele.
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  — Eles e nada para mim dá no mesmo — desdenhei um pouco.
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  — Mas você se esqueceu da rainha Harley Quinn — disse ele com prepotência.
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  — A Arlequina?! — eu ri. — Aquela louca só se sente poderosa ao lado do rei.
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  — Modere suas palavras, as paredes tem ouvido e você sabe como o soberano age quando falam da mulher dele.
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  — O Joker está plenamente destronado, uma carta fora do baralho, como você muito bem me informou. — Eu suspirei um pouco. — Mas atualmente, você sabe quem está comandando? Quem é o novo rei do crime?
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  — Um ser estranho chamado Dimitri.
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  — Pelo menos o nome é bonito — eu ri. — Nossa conversa está muito boa, mas tenho outras coisas em mente para fazer esta noite.
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  — Está pensando em algum lugar específico?
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  — Eu soube de uma exposição maravilhosa de pedras preciosas, na galeria de arte das Indústrias Wayne — respondi com satisfação.
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  — Hum, está mexendo em um vespeiro, da última vez que alguém invadiu um lugar da família Wayne toda a polícia ficou atrás.
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  — Se for para retornar, tem que ser em grande estilo. — Eu virei minha face para frente sorrindo. — Além do mais, quero ter a oportunidade de conhecer o tal morcego.
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  — Está querendo brincar com fogo? — perguntou ele.
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  — Eu nasci do fogo. — Olhei de relance para ele e segui em direção ao norte. — Além do mais, gatos possuem muitas vidas.
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  Minha meta estava traçada, assim que passei pelos homens que estavam fumando, eles mexeram um pouco comigo, me dando boas-vindas pela minha volta. Eu já tinha estudado toda a planta interna e externa do prédio, que para minha surpresa tinha uma arquitetura bem futurista.
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  Como sempre, entrei pela porta da frente e instantaneamente o alarme disparou, como de costume eu esperava por isso. Andei pelo saguão central até chegar nas escadas que davam para o segundo andar, subi sinuosamente as escadas e caminhei em direção ao salão que estava acontecendo a exposição.
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  Eu comecei a olhar pelas mesas de exposição, cada uma de uma espécie de pedra diferente, estava me decidindo qual eu iria pegar primeiro. Parei por um momento da mesa em que vários tipos de esmeraldas estavam expostas, sibilei um pouco olhando aquelas pedras diante de mim.
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  Até que comecei a ouvir uma certa movimentação vinda atrás de mim, eram os seguranças do prédio que tinham vindo do estacionamento por causa do alarme que tocava continuamente. Eu me com um leve sorriso nos lábios, haviam dois seguranças, ambos armados apontando para mim suas armas.
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  — Parada aí, senhorita — disse o mais gordinho.
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  — Mas eu não estou andando — retruquei com ironia.
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  — O que a senhora está fazendo aqui? — perguntou o outro mais alto.
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  — Estava apreciando a exposição — respondi com deboche. — Está tão linda que não resisti a tentação.
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  — Senhorita, se afaste das pedras — disse o gordinho.
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  — Com prazer. — Eu sorri indo em direção a eles.
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  Assim que cheguei perto o bastante, levantei minhas mãos lentamente, o policial mais alto guardou sua na arma no coldre e veio até mim. Assim que ele retirou um lenço de seu bolso para amarrar minhas mãos, eu dei um giro completou pegando sua arma e lançando minha perna nele, o derrubando no chão.
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  Assim eu apontei para o segurança gordinho, dando um sorriso de canto malicioso.
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  — Eu te convido a largar isso e sair daqui. — Eu olhei bem no fundo dos seus olhos, dava para perceber que era um homem covarde. — Eu juro que não conto para ninguém.
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  Sem pensar duas vezes ele largou sua arma no chão e saiu correndo. Eu joguei a arma que estava em minha mão longe, e continuei rindo voltando meu olhar para a mesa que estava as pérolas. Porém como uma atração magnética meu olhar seguiu até o grande diamante que estava exposto no centro do salão, meu olhar estava atento aquela pedra magnífica, mas não significava que não estava atenta a tudo ao meu redor.
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  — Está atrasado senhor morcego — disse sentindo a presença dele.
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  — Você não deveria fazer o que está pensando — disse aquele voz grossa que fazia meu corpo se arrepiar.
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  — Então, você é o homem que veio aqui me educar? — Mantive meu olhar em direção ao diamante. — Acho que está acostumado com criminosos desqualificados, mas eu não sou uma qualquer.
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  — Você é o quê? — Um homem apareceu diante de mim como um piscar de olhos. — Uma mulher atrás de uma máscara?
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  — Hum?! — Eu ri debochadamente. — Olha só quem fala senhor morcego, não sou louca e idiota com a Arlequina, você não vai atrapalhar meus planos.
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  — Quer apostar?
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  — Aquele diamante! — Eu apontei para a pedra. — No final desta noite, será meu.
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Selina Kyle – off

“So shine bright, tonight, you and I
We’re beautiful, like diamonds in the sky
Eye to eye, so alive
We’re beautiful, like diamonds in the sky.”

– Diamonds / Rihanna

2. Umbrella

  Eu acordei com uma forte dor de cabeça, parecia que eu não tinha dormido bem à noite, me espreguicei um pouco e me levantei da cama. A primeira coisa que pensei em fazer foi tomar uma ducha quente para ver se os músculos do meu corpo voltassem ao lugar, certamente meu corpo tinha estranhado o colchão. Apesar da cama ser nova e muito confortável, claro que eu não conseguiria dormir bem na primeira noite naquela casa.
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  Após sair do banheiro, entrei no closet e fiquei olhando para as prateleiras, demorou um pouco para me decidir o que vestiria, voltei para o quarto e olhei pela janela, estava um lindo sol de outono. Mesmo com as folhas caindo das árvores, a paisagem continuava linda no jardim da mansão, linda a ponto de Alfred servir um café da manhã ao ar livre.
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  Retornei ao closet e coloquei um vestido floral com tonalidades de amarelo, prendi meu cabelo e coloquei o colar que minha mãe havia me dado de presente. Saí do quarto em direção ao jardim, Alfred estava parado perto da mesa preparada, Bruce ainda não havia acordado pelo que aparentava.
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  — Bom dia Alfred — disse ao me sentar.
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  — Bom dia senhora Wayne — disse ele começando a me servir.
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  — Por favor, me chame somente de — disse a ele dando um sorriso suave. — Não me acostumei ainda com este sobrenome, Wayne se tornou uma palavra muito forte na minha vida.
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  — Imagino — assentiu ele despejando um pouco de suco em meu copo. — A senhora teve uma noite confortável?
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  — Um pouco, meu corpo estranhou a cama, mas logo vou me adaptar. — Eu suspirei um pouco. — Por acaso você sabe quando o Bruce retornou?
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  — Não senhora, eu já havia me recolhido pouco depois que ele saiu — respondeu ele de uma forma estranha, como se estivesse pensando nas palavras para dizer.
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  — Bem, acho que terei que ver os jornais para saber — suspirei fraco.
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  — Tenho certeza que o patrão Bruce não faria nada que pudesse manchar sua imagem, senhora.
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  — Todos esperamos isso.
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  — Esperam o quê? — perguntou Bruce ao se aproximar de nós.
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  — Sua presença na mesa do café — disse de imediato. — Bom dia.
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  — Bom dia — disse ele se sentando, estava de óculos escuros e bocejava um pouco.
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  Certamente sua noite havia sido em claro, mas na companhia de quem? Tentei não manter minha atenção nele, mas quanto mais eu desviava meu olhar, mais eu queria analisar suas expressões faciais e corporais. Alfred o serviu de imediato e logo Bruce pegou seu jornal, começando a folhear tranquilamente.
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  — Eu ouvi o som do seu carro ontem à noite — comecei minhas indagações. — Foi a algum lugar em especial?
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  — Não, só precisava respirar ar puro — respondeu ele.
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  — Imagino. — Respirei fundo. — Noites de outono são bem refrescantes.
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  — Aonde quer chegar? — perguntou ele fechando o jornal e me olhando.
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  — A lugar nenhum. — Desviei meu olhar para Alfred, que atendia uma ligação.
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  — Patrão Bruce, para o senhor — disse ele entregando o telefone.
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  — Sim — disse Bruce ao atender, se levantando e afastando da mesa.
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  — De onde era? — perguntei ao Alfred.
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  — Das Indústrias Wayne — respondeu ele.
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  — Algum problema? — indaguei.
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  — Me parece que alguma coisa aconteceu na galeria de arte empresa.
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  — Hum. — Voltei meu olhar para Bruce.
  Até então eu não tinha percebido nada de diferente nele, porém pouco embaixo do seu queixo tinha dois riscos, como se tivesse sido arranhado.
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  — Alfred peça para preparar meu carro, após o café irei a empresa.
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  — Sim, patrão Bruce. — Alfred se afastou de nós.
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  — Você se machucou? — perguntei a ele.
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  — O quê? — Ele olhou para mim surpreso pela pergunta.
  — Você se machucou? — repeti a pergunta.
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  — Bem. — Ele elevou a mão até o arranhado. — Ah, isso foi com a lâmina de barbear, nada de mais.
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  — Hum. — Eu não estava convencida com aquela explicação falsa.
  Aquele machucado tinha mesmo características de um arranhado feito com garras, traduzindo certamente eram de unhas femininas. Mesmo não querendo, aceitei sua explicação, ele já teria muitos problemas na empresa para ter que se preocupar com sua esposa talvez ciumenta. Ele terminou de tomar seu café tranquilamente, antes de se retirar me deu um beijo suave no alto da minha testa.
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  Eu não sabia definir o porquê ele tinha feito aquilo, talvez para que eu não pensasse em besteiras como traição, ou somente porque de alguma forma ele queria se aproximar de mim. O fato era que Bruce não queria forçar nenhum tipo de vínculo entre nós, apesar do nosso casamento ter sido meio que forçado, ele era muito cavalheiro para me obrigar a ter algo com ele.
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  Assim que Alfred retornou eu pedi para que preparasse outro carro para mim, eu queria saber de perto o que tinha acontecido na noite anterior. Dirigi em direção à galeria, assim que cheguei tinha faixas de isolamento, alguns policiais e peritos ainda examinando a área, para minha surpresa Bruce ainda não havia chegado.
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  — Senhora Wayne — disse o comissário Gordon ao se aproximar.
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  — Bom dia, comissário — o cumprimentei dando um sorriso. — Como está sua esposa?
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  — Muito bem, obrigado. — Ele deu um suspiro parecendo estar preocupado. — A senhora veio para ver o que aconteceu?
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  — Talvez, bem, Bruce recebeu uma ligação mais cedo, senti que precisava entender também o que houve.
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  — Hum. — Assentiu ele com a face.
  — ?! — disse uma voz atrás de mim, era ele, meu marido.
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  — Bruce. — Olhei para trás.
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  — O que está fazendo aqui? — perguntou ele.
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  — Basicamente o mesmo que você — respondi enigmaticamente. — Pensei que já estivesse aqui.
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  — Passei na empresa primeiro. — Ele olhou para o senhor Gordon. — Bom dia, comissário.
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  — Bom dia, senhor Wayne. — O comissário respirou fundo. — Já que ambos estão aqui, gostaria que vissem uma coisa.
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  O comissário Gordon nos levou até a sala dos seguranças e nos fez assistir a fita de vídeo da câmeras de segurança. Algo inacreditável, uma mulher com trajes de couro com uma máscara preta cobrindo parte de seu rosto entrando na galeria e seguindo em direção ao segundo andar.
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  — Ela age como se o alarme não fosse o problema — sussurrei de leve.
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  — É assim que ela trabalha, senhora Wayne, uma boa forma de confundir seus rivais e a própria polícia — explicou o comissário Gordon. — Nas ruas a chamam de Selina Kyle, a Mulher Gato.
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  — Impressionante — disse ao ver ela pegando a arma do policial. — Ela é bem rápida.
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  — O mais impressionante está por vir — garantiu o comissário.
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  — O que tem mais? — perguntou Bruce.
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  — Isso! — Assim que o comissário apontou para a tela o Batman apareceu no vídeo.
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  Foi como um piscar de olhos, eles estavam conversando e começaram a lutar de forma harmoniosa, como se estivessem seguindo o ritmo de uma dança clássica. A forma com que a tal mulher gato conseguia se desviar com agilidade, usando a força do homem morcego contra ele mesmo era impressionante e difícil de descrever.
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  De alguma forma, lá no fundo eu comecei a admirar aquela mulher, por mais que ela estivesse do lado errado.
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  — No final, parece que ela conseguiu levar o que queria — comentei assim que o comissário pausou o vídeo.
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  — Sim — assentiu ele. — Não é à toa que ela se compara a um felino, os gatos tendem a ser assim, flexíveis, precisos e astutos.
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  — Mas e esse Batman? Ele vai ir atrás dela? — perguntei.
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  — Quem sabe — disse Bruce desinteressado.
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  — Certamente sim, ele está sempre nos ajudando contra o crime em Gotham City.
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  — Se ele fosse mesmo útil, teria conseguido prender essa ladra — reclamou Bruce. — Eu tenho outros assuntos para me preocupar, comissário, se souber de mais alguma coisa, pode se reportar ao senhor Fox.
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  — Como quiser, senhor Wayne — assentiu o comissário se afastando de nós.
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  — Não precisava ter falado daquela forma, eu não acho que o Batman seja uma pessoa inútil, pelo que leio nos jornais ele tem ajudado muito a polícia.
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  — Os jornais podem ser sensacionalistas às vezes — retrucou ele.
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  — Sendo ou não, você não deixa de ler todos os dias — retruquei.
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  — Não importa. — Ele suspirou um pouco. — Te aconselho a voltar para casa, as ruas de Gotham não são tão seguras assim.
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  — Fala isso porque leu nos jornais sensacionalistas? — o perguntei ironicamente.
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  — Falo isso por ver pessoalmente — respondeu ele com segurança.
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  Não sei porque, mas me lembrei de seus pais no mesmo momento, talvez ele estivesse preocupado comigo.
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  — Te vejo à noite? — perguntei.
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  — Provavelmente — assentiu ele.
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Selina Kyle – on

  Lá estava eu, apreciando meu diamante mais uma vez antes de vendê-lo para o novo rei do crime. Esperando por sua presença, sentada na janela de seu escritório, sentindo a lua tocar minha pele. Lancei meu olhar para a porta assim que a maçaneta se mexeu, ao abrir um homem loiro e alto entrou, analisei um pouco seu terno de marca, tinha uma postura chamativa que me lembrava mafiosos da Itália.
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  — Boa noite, majestade — disse cruzando minhas pernas. — Estava ansiosa para conhecê-lo.
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  — O sentimento é mútuo — disse ele dando alguns passos para dentro do escritório. — Presumo que seja a Mulher Gato de que todos falam.
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  — Deixemos de formalidades, pode me chamar de Selina. — Eu o olhei tranquilamente levantando o diamante em minha mão. — Soube que estava ansiando por isso.
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  — O diamante de Gotham — disse ele focando seu olhar na pedra. — Quando soube que tinham roubado e que era você, confesso que fiquei com certa inveja, por não trabalhar para mim.
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  — Digamos que eu sou autônoma. — Eu ri um pouco. — Afinal, gatos não são domesticados.
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  — Ouvi sobre isso também — concordou ele.
  — Mas podemos negociar. — Me afastei da janela dando alguns passos até ele. — O que acha?
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  — Quanto você quer por ele?
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  — Quanto você acha que vale? — retruquei.
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  Dimitri caminhou até um dos quadros que estava pendurado na parede, retirando tinha um cofre atrás, após digitar rapidamente a senha, retirou de dentro uma maleta prateada. Ele se virou para mim e abriu a maleta mostrando a quantidade de dinheiro dentro, eu arqueei a sobrancelha direita, olhando todas aquelas notas.
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  — O que me diz?! — perguntou ele. — Temos um acordo?
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  — Claro — disse esticando o diamante.
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  — Muito bem. — Ele fechou a maleta e esticou para mim.
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  Fizemos a troca juntos, ele tinha o que queria e eu tinha o que no momento precisava, uma troca justa, se eu mudasse de ideia, seria fácil pegar o diamante de volta afinal tinha decorado sua senha.
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  — Ficará por mais tempo em Gotham desta vez? — perguntou ele.
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  — Talvez sim, talvez não. — Nem eu mesmo tinha esta certeza.
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  — E como poderei vê-la novamente?
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  — Não vai. — Dei alguns passos até a janela. — A menos que eu queria.
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  Subi na janela e pulei no beiral do prédio ao lado, movi meu corpo até alcançar a escada externa e subi até o telhado. Comecei a andar livremente pelos telhados dos prédios, até que parei em um, me posicionando em um canto escuro, fiquei observando dois homens que acuavam uma mulher em um beco qualquer.
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  Aquilo parecia um pouco estranho para mim, algo estava me incomodando, como se não fosse exatamente uma cena real. Em instantes uma sombra passou diante dos meus olhos, quando olhei novamente lá estava o homem morcego sendo o herói da noite, de repente mais oito homens saíram de trás das lixeiras com tacos de basebol em suas mãos.
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  — Como eu previ, uma armadilha — sussurrei para mim mesma. — Veremos como você se sai nesta luta — sibilei um pouco. — Apesar de estar meio em desvantagem, vai ser interessante de ver isso.
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  Fiquei atenta aos movimentos do morcego, ele era sim muito forte e ágil, uma decepção para mim, que na noite anterior consegui escapar dele com facilidade, talvez por eu ser uma mulher e ele só querer me imobilizar. Mas era impressionante vê-lo em ação, e por mais que estivesse em desvantagem, não significava muito.
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  De certa forma comecei até a ter pena daqueles homens que apanhavam incansavelmente, até que começaram a ficar caídos no chão, assim que Batman terminou, a mulher que estava sendo coagida correu para ele agradecendo. Mas aquilo era o que eu já esperava, a parte vital da armadilha para pegar o morcego, a mulher o abraçou e em um movimento rápido injetou algo em seu pescoço.
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  — Eu sabia que você estava envolvida. — Ri baixo vendo o morcego começar a cambalear um pouco.
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  Os homens começaram a se levantar, mesmo com o corpo dolorido por terem apanhado, e pegando seus tacos começaram a bater no Batman. Eu fiquei olhando aquela cena por alguns minutos decidindo se iria ou não participar daquela pequena festa, senti até mesmo meus olhos brilharem, em uma vontade grande de interferir.
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  — Olá, rapazes — disse após pular do prédio, caindo em cima de uma das lixeiras. — Dando uma festinha sem me convidar.
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  — Selina — disse um dos homens. — Isso não é problema seu, volte para o lugar de onde veio.
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  — Ah… Odeio quando me dizem o que eu devo fazer. — Desci da lixeira e dei alguns passos até ele.
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  Assim que me aproximei a mulher veio em minha direção com outra seringa em suas mãos, eu larguei minha maleta no chão e dei um giro curto pegando no braço dela, e movendo seu corpo para trás cravei minhas unhas em sua jugular. Forcei seu braços para frente até encostar a agulha no pescoço dela, retirei minhas unhas da sua jugular e peguei na agulha, ficando no seu pescoço e empurrando o líquido.
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  Os homens, ao verem que eu fiz aquilo em poucos segundo, vieram todos para o meu lado, eu já tinha enfrentado gangues maiores, com eles não seria diferente, sempre que me desviava de um usava o outro para atingir seu próprio companheiro. Agilidade, rapidez e instinto, usar a força do meu inimigo contra ele mesmo era uma das minhas habilidades.
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  No final, todos estavam devidamente estirados no chão, com as marcas das minhas garras em seus corpos, eu suspirei um pouco sentindo uma mudança no tempo, logo um forte barulho veio do céu e a primeira gota caiu em meu rosto. Gatos não gostam de chuva, dei alguns passos até minha maleta e peguei, ao olhar para o lado vi ironicamente um guarda-chuva encostado na porta.
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  Sem cerimônias peguei o guarda-chuva e abri, por um instante pensei em sair logo dali, mas não podia perder a oportunidade.
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  — Ora, ora — disse ao me aproximar do Batman e virar seu corpo com o meu pé. — Me parece que você não é muito popular por aqui.
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  — Hum. — Mesmo após injetarem algo nele, apanhar dos homens e com a face toda ensanguentada, ele ainda estava meio consciente. — Você.
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  — Sim, eu. — Abaixei o olhando, logo seu rosto também foi coberto por meu guarda-chuva. — Acho que me deve um agradecimento — sorri de canto.
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  Naquele momento estava curiosa para saber quem ele era, seria uma oportunidade única para isso.
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Selina Kyle – off

“Quando o sol brilhar, brilharemos juntos,
Te disse que estaria aqui para sempre,
Disse que sempre seria sua amiga,
E o que eu jurei eu vou cumprir até o fim.
[…]
Você pode ficar sob meu guarda-chuva.”

– Umbrella / (feat. Jay-Z) Rihanna

3. Love The Way You Lie

  Eu acordei assustada com os trovões causados pela chuva forte, olhei para e lado e peguei meu celular, estava marcando três horas da madrugada, me espreguicei um pouco e me levantei para pegar outra coberta, estava muito frio aquela noite. Assim que retornei para o quarto, ouvi um barulho, achei estranho, mas poderia ser Bruce voltando.
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  Deixei o cobertor na cama, coloquei um casaco e saí do quarto, silenciosamente caminhei pelo corredor até chegar nas escadas. Eu vi um vulto de repente seguido de um trovão forte, meu corpo tremeu um pouco em reação de medo, mas respirando fundo comecei a descer as escadas.
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  Liguei as luzes e logo vi Bruce caído no sofá, a primeiro momento não tive reação, mas voltei a mim e corri até ele.
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  — Bruce?! — Toquei de leve nele vendo seu rosto machucado, ele estava com suas roupas meio rasgadas. — Bruce, o que houve?
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  — — sua voz estava estranha, parecia estar zonzo ou embriagado.
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  — ALFRED — gritei tentando não entrar em desespero. — ALFRED, SOCORRO!
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  — Não. — Bruce encostou seu dedo indicador em minha boca. — Estou bem.
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  — Não está. — Me virei em direção a cozinha e gritei novamente — ALFRED.
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  — Senhora — disse Alfred entrando na sala. — Oh, patrão Bruce.
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  — Alfred, me ajuda eu não sei o que fazer — pedi um pouco desnorteada com o que estava acontecendo. — Eu não sei o que houve com ele.
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  — Precisamos limpar os ferimentos — disse Alfred — Eu vou buscar a caixa de primeiros socorros, leve o senhor Bruce para o quarto.
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  — Tudo bem — assenti começando a ajudar Bruce a se levantar.
  Foi com um pouco de dificuldade e muitas quedas por parte dele, Bruce estava mesmo com vestígios de embriaguez, mas não importava no momento, conversaríamos sobre isso no dia seguinte. Fomos para seu quarto, assim que chegamos o ajudei a se deitar com cuidado e fiquei sentada ao seu lado até Alfred chegar.
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  O quarto de Bruce não era muito diferente do meu, mas tinha um aspecto mais escuro e sombrio, talvez por causa das grossas cortinas, ou das cores escuras em sua mobília. Mas definitivamente demonstrava ser o quarto de uma pessoa triste e solitária.
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  — Aqui está senhora — disse Alfred entrando com sua caixa na mão.
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  — Eu vou deixá… — Eu ia me levantando quando Bruce segurou em meu pulso.
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  — Acho melhor a senhora ficar e fazer — disse Alfred entendendo o gesto dele e me entregando a caixa.
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  — Tudo bem. — Eu peguei e me sentei novamente abrindo.
  Aos poucos fui limpando sua face com lenço umedecido, quando comecei a passar o remédio em suas feridas para desinfectar, seu corpo começou a reagir, Bruce estava segurando o grito com precisão, mas dava para perceber sua dor. Coloquei os curativos nos pontos que precisava e deixei a caixa ao lado da cama, já tinha feito tudo que poderia naquele momento.
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  — Obrigado — sussurrou ele abrindo os olhos, sua voz já estava começando a voltar ao normal.
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  — Não fiz nada de mais. — Me mantive séria e me levantei novamente.
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  Ele segurou novamente em meu braço e me puxou para cima dele, assim que meu corpo caiu sobre a cama, Bruce se virou lançando seu braço sobre mim, como se estivesse me prendendo a ele. Fiquei um pouco estática, não estava entendendo mais nada.
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  — Fique aqui esta noite, por favor — sussurrou ele.
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  — Acho que não será um problema dormir aqui hoje — assenti me aninhando nos braços dele.
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  Eu daria uma trégua até o dia seguinte, mas não deixaria de cobrar uma explicação do que aconteceu com ele.
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  Por incrível que pareça, consegui pegar no sono novamente, aquelas horas restantes de sono pareceram uma eternidade para mim, pelo tanto que dormi. Demorou um pouco para que eu acordasse, e devo isso a um feixe de luz que bateu em meus olhos, quando abri percebi que tinha uma fresta entre as cortinas.
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  — Hum?! — Me espreguicei um pouco virando minha face para o lado, Bruce já tinha se levantando. — Me parece que alguém está fugindo de ter que dar respostas.
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  — Não estou fugindo — disse ele.
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  — Hum?! — Ergui meu corpo e olhei para frente, ele estava encostado na porta que dava para o closet, de braços cruzados, sem camisa e vestido somente com uma calça de moletom. — Bom dia.
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  — Bom dia — retribuiu ele com um sorriso de canto.
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  — Acho que precisamos conversar — disse a ele tentando não focar muito na parte do seu corpo que estava descoberta.
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  — O que aconteceu esta madrugada, eu… — ele respirou fundo, parecia escolher as palavras. — Me envolvi em uma briga.
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  — Percebi pelos machucados — tentei não ser tão irônica nas palavras. — Mas como se envolveu em uma briga?
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  — Não quero te deixar preocupada. — Ele descruzou os braços, mantendo seu olhar em mim.
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  — Se eu não souber a verdade, ficarei preocupada. — Me levantei da cama e cruzei os braços. — Mas não posso te obrigar a falar.
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  — Como eu disse, Gotham está perigosa. — Ele deu alguns passos até mim e me abraçou de leve. — Me desculpe por te deixar preocupada, após sair da empresa tive a impressão de estar sendo seguido, o que foi confirmado quando meu carro foi fechado e vi alguns homens aparecer.
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  — Oh, céus — sussurrei me afastando um pouco dele, fingi aceitar sua explicação. — O que importa é que conseguiu chegar em casa.
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  — Sim. — Ele deu um sorriso singelo e acariciou minha face. — , obrigado por cuidar de mim.
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  Acho que aquele era o lado sedutor, que sempre ouvi as amigas da minha irmã falarem, seu olhar era profundo e envolvente, tanto que poderia até me fazer esquecer tudo que tinha acontecido pela madrugada. Bruce foi se aproximando lentamente de mim, eu já estava sentindo meu coração um pouco acelerado, em um piscar de olhos senti seus lábios tocarem os meus.
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  Mais do que na nossa primeira noite, seu beijo estava mais intenso e malicioso, eu conseguia sentir que ele queria realmente me beijar, não era uma mera obrigação por estar casado comigo. Não queria ter falsas esperanças, mas ficaria feliz se nosso casamento desse certo e talvez nos apaixonássemos um pelo outro.
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  Aos poucos senti seus braços envolverem minha cintura, conseguia sentir o calor do seu corpo, fazendo o meu corpo se aquecer mais ainda. Será que aconteceria o que eu estava pensando?
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  As horas se passaram com nós dois naquele quarto, um lugar que pareceu ficar menor de uma forma inexplicável, talvez pela sensação diferente que tinha sentido, talvez porque definitivamente não foi pela obrigação de consumar o casamento. Desta vez eu consegui me sentir amada e desejada, mais do que isso consegui definir o que Bruce poderia estar sentindo por mim.
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  — Acho que estou com fome — disse mordendo os lábios assim que ele saiu do banheiro enrolado na toalha.
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  — Quer que eu peça algo para o Alfred? — perguntou ele mantendo seu olhar em mim.
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  — Não. — Eu me levantei da cama enrolando o lençol em mim. — Acho que precisamos sair deste quarto.
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  — Não vejo problema nenhum em ficarmos mais um pouco aqui. — Ele sorriu de canto.
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  — Mas eu sim. — Peguei minhas roupas que estavam espalhadas pelo chão e caminhei até a porta.
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  — O que deseja para o almoço, senhora Wayne? — perguntou Bruce de forma brincalhona.
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  — O que me sugere, senhor Wayne? — Olhei para ele por um momento e, pegando na maçaneta, abri a porta e saí.
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  A distância entre meu quarto e o dele não era muita, mais estava com certa vergonha, não queria que Alfred me visse enrolada num lençol. Assim que entrei no meu quarto, me tranquei por um breve momento, até que pudesse tomar uma ducha relaxante e trocar de roupas.
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  Nosso almoço foi servido, a pedido de Bruce, Alfred fez uma tradicional comida italiana para nós, talvez por ser considerada a melhor culinária romântica entre os casais. Saboreamos aquela refeição tranquilamente, com direito a cheesecake de morango de sobremesa.
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  Gostaria de ter passado mais tempo ainda com ele, porém uma ligação do comissário Gordon surgiu após nossa refeição, pelo que Alfred me explicou, a polícia tinha possivelmente localizado o diamante roubado. Segundo alguns informantes infiltrados, estava com um tal de Dimitri, o novo rei do crime de Gotham.
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  — Hum, pensei realmente que o Batman conseguiria pegar de volta — disse ao Alfred. — Espero que ele consiga.
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  — Eu também espero que sim senhora — concordou ele.
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Selina Kyle – on

  Estava completando três noites desde que descobri quem era o homem por trás da máscara do morcego. Uma parte de mim estava surpresa e a outra torcia para que fosse quem eu queria, não sabia ao certo definir o que estava sentindo, mas era como unir o útil ao agradável.
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  Comecei a estalar meus dedos pensando em como me divertiria naquela noite, por mais que eu quisesse pensar em outra coisas valiosas que poderiam existir em Gotham, a imagem do diamante não saia de minha cabeça. Ainda mais, após saber que Dimitri venderia para um homem chamado Shea, chefe de uma gangue de Metropolis, em troca de informações.
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  Confesso que fiquei triste e indignada quando soube, o que me deixou com ainda mais vontade de pegar de volta o que um dia foi meu. Eu não pensaria nenhum pouco mais sobre isso, estava decidida no que faria aquela noite, me levantei do vitral da igreja onde estava sentada e caminhei por entre os bancos daquele lugar sagrado.
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  Em menos de cinco minutos, eu já estava em frente à mansão desse tal Shea, uma bela propriedade que ficava próximo a ponte que ligava Gotham a Metropolis. Pela quantidade de carros que havia no lugar, certamente a transação seria feita, seria pretensão demais a minha entrar sem ser convidada?
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  — Odeio quando meu nome não está na lista — sussurrei para mim mesma seguindo em direção a porta.
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  Eu sabia que estava sendo vigiada, mas não me importava, meus sentidos estavam atentos a cada movimentação ao meu redor, mesmo que minha atenção estivesse focada na mansão. Assim que toquei na porta, ela se abriu, parece que estavam esperando por isso, ou talvez as câmeras de segurança haviam me detectado.
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  — Boa noite, cavalheiros — disse ao entrar.
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  — Senhorita Kyle — disse Dimitri. — A que devemos a honra?!
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  — Soube que estava acontecendo uma transação aqui, fiquei curiosa — disse adentrando um pouco mais a sala.
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  — Era só curiosidade, ou estava mesmo querendo pegar de volta o que me vendeu?
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  — Majestade, não me interprete mal, não sou tão ambiciosa assim.
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  — Tem certeza?! — disse um homem aparecendo atrás de mim, colocando uma arma encostada em minha cabeça.
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  — Hum, é assim que recebe uma visita inesperada?
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  — Talvez, depende da visita — disse ele, a arma fez o barulho de um click.
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  Eu dei um sorriso debochado levantando minhas mãos, esperei o momento mais propício e me virei lançando minha perna sobre a arma, um disparo foi feito acertando a janela, eu aproveitei e soquei a cara dele no impulso do disparo. Quando me voltei para Dimitri senti algo picar minha nuca, elevei minha mão para entender o que era, e constatei sendo um dardo tranquilizante.
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  O efeito foi tão rápido, que nem senti meu corpo caindo ao chão, não conseguia distinguir se estava inconsciente ou não, apenas ouvia vozes ao fundo, minha visão embaçada demorou um pouco para voltar ao normal. Mas finalmente eu estava conseguindo adaptar meus olhos a forte luz que estava sobre mim.
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  — Então é assim que trata as mulheres? — dei uma risada debochada, sentindo meus pulsos presos a uma algema, meus braços estavam estendidos para cima, pendurados por uma corrente grossa prendida ao teto.
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  — Não, este tratamento é especialmente para você — disse Shea.
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  — Eu te conheço? — disse tentando me lembrar do seu rosto. — Já te vi uma vez em Metropolis, entrando no prédio da LexCorp.
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  — Então você já me viu antes. — Ele deu um sorriso irônico. — Digamos que tenho um amigo lá.
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  — Não é pelo diamante que estou aqui — disse olhando ao meu redor, eles tinham me levado a um galpão abandonado. — O que acha que vai conseguir de mim?
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  — Como você mesmo presumiu, Selina, estamos em uma transação — explicou Shea engatilhando sua arma novamente. — E você faz parte dela.
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  — O quê?! — Eu o olhei.
  — Dimitri só estava em minha casa com o diamante para te atrair, ele viu o seu olhar quando vendeu a pedra para ele, só confirmava o que sua fama te prediz — explicou ele. — Não foi difícil te atrair para uma armadilha.
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  — Se o diamante era apenas uma peça de xadrez nisso, estou me perguntando o que Dimitri ganhou me atraindo aqui — sibilei um pouco tentando ganhar tempo.
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  — Ele ganhou uma pedra bem mais rara e valiosa que aquele diamante — respondeu ele.
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  — Hum, só para me atrair até você? — Desviei meu olhar para os dois capangas que estavam atrás dele. — Estou curiosa para saber o que quer de mim.
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  — Eu soube que esteve envolvida em uma briga há noites atrás, e que possivelmente tenha uma informação valiosa — explicou Shea.
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  — E acham que me tratando assim vai conseguir algo de mim? — eu comecei a rir, mexendo um pouco meus pulsos tentando me soltar. — Idiota, eu não tenho medo de você.
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  — Veremos.
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  Ele se virou ficando de costas para mim, assim seus dois capangas vieram em minha direção, eu já esperava por algum tipo de chantagem ou suborno, mas tortura estava sendo baixo demais. Foi questão de dois ou três socos de cada um dos dois para que eu começasse a rir, mesmo sentindo meu corpo em dores, o deboche soava nitidamente em minha voz.
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  — Nós podemos fazer isso a noite toda, mas você nunca terá o que quer — disse a ele.
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  — Você acha? — Ele me olhou com raiva. — Você não sabe com quem está lidando.
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  — Nem você. — Mesmo sentindo o gosto de sangue em minha boca eu sorri com a maior satisfação do mundo.
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  Em um piscar de olhos toda a luz do galpão se apagou, meu riso se transformou em gargalhada ao ouvir o primeiro capanga sendo jogado em cima de alguma coisa. Um grande barulho surgiu à minha frente, além de um vento estranho passar por mim, após alguns minutos de silêncio total, senti uma pessoa perto de mim, retirando minhas algemas.
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  — Você demorou — disse sentindo minhas pernas meio bambas.
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  — Não abuse, eu só vim retribuir o favor — disse o homem morcego com sua voz grossa e sexy.
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  — Não estou abusando. — Assim que ele terminou de soltar meus pulsos das algemas, eu me joguei em seus braços. — Adoraria te ajudar, mas minhas pernas estão dormentes.
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  Sem dizer mais nada, ele me pegou no colo e seguiu em direção a saída, mesmo um pouco desnorteada por causa dos socos, eu ainda estava consciente.
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  — Ela está bem? — perguntou uma voz masculina diferente.
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  — Sim — assentiu Batman. — Vai precisar de ajuda?
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  — Não — respondeu o homem. — Lex Luthor é assunto meu.
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  — Como quiser. — Batman começou a se mover comigo em seus braços.
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  Por mais que eu quisesse ver a face daquele homem, eu estava tão confortável de olhos fechados nos braços do homem morcego que nem tinha vontade de me mover. Não demorou muito até que chegamos em seu carro, para minha surpresa ele me levou para o lugar onde se encontrava sua caverna de descanso.
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  Para um homem da lei, estava sendo inusitada a forma que ele estava se preocupando comigo, apesar de dizer que estava meramente devolvendo o favor que um dia eu fiz a ele. Eu segui seus movimentos com meu olhar, ele parecia estar procurando algo que não conseguia achar, respirei fundo voltando meu olhar para baixo e destravei o cinto de segurança.
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  Saí do carro e fiquei olhando os detalhes daquela caverna, até que ele se aproximou de mim me fazendo sentar no capô do carro, ele começou a limpar levemente o pequeno corte que estava em minha boca. Mais que a dor em meu corpo, sentir aquele corte arder por causa do remédio era pior ainda.
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  — Não precisava ter feito isso — disse a ele. — Afinal a única coisa que eu fiz por você foi levá-lo ao seu carro, podia ter me deixado em qualquer lugar da cidade.
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  — Qualquer lugar?! — Ele me olhou. — Pensei que morasse no sótão da igreja.
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  — Desde quando gatos de rua tem lar? — perguntei dando uma risada rápida.
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  — O que eles queriam de você? — perguntou ele mudando de assunto.
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  — Tem certeza que não ouviu? — retruquei desviando meu olhar para uma mesa onde estava um notebook. — Me parece que todos querem saber quem é você.
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  — E você sabe? — Seu olhar estava intenso e preocupado.
  — Talvez. — Eu sorri de canto me aproximando dele. — Mas se esse for o caso, o que fará comigo?
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  — Terei que persuadi-la — disse ele num tom frio.
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  — Estou curiosa para saber como vai conseguir.
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  Seria mais fácil eu persuadir ele, foi exatamente o que eu fiz ao me aproximar ainda mais e atrair seus lábios para os meus, aquele era o momento em que eu poderia seduzir ainda mais aquele homem misterioso. E estava totalmente empenhada em descobrir todos os seus pontos fracos naquela noite, claro sem deixar de aproveitar aquele momento único.
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  Seria uma longa noite para nós dois, uma noite cheia de beijos ardentes, carícias e muito calor sendo trocado dentro do seu famoso carro.
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“Só vai ficar aí me assistindo queimar,
Tudo bem, porque gosto da maneira que dói,
Só vai ficar aí me ouvindo chorar,
Está tudo bem, porque adoro o jeito como você mente,
Adoro o jeito como você mente.”

– Love The Way You Lie / (ft. Eminem) Rihanna

4. Hate That I Love You

  Acordei sentindo uma dor estranha em meu corpo, assim que abri meus olhos e me deparei que estava sentada na poltrona da biblioteca, me lembrei que havia pegado no sono em local inapropriado.
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  — Não acredito que dormi aqui — sussurrei para mim mesma me levantando. — Acho que estou sentindo as consequências disso.
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  Olhei para o chão e peguei o livro que havia caído de minha mão enquanto dormia, dei alguns passos até a estante para colocar o livro no lugar. Assim que peguei um dos livros para deslocar para o lado, ouvi um barulho estranho de algo destravando e uma fresta se abriu entre as prateleiras.
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  Eu coloquei meu dedo de leve e puxei, descobrindo ser uma porta escondida, de início eu não entendia o que era, mas adentrei me deparando em um estreito corredor que dava a uma escada ainda mais estranha. Desci as escadas silenciosamente, até que comecei a ouvir algumas vozes, reconhecendo de imediato.
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  — Ela estava aqui — disse Bruce ao se aproximar de uma mesa. — Não sei como conseguiu sair sem que eu visse.
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  — Patrão Bruce, aconteceu algo entre vocês dois?
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  Bruce ficou em silêncio por um tempo, até que seu olhar se desviou para minha direção, eu estava um pouco estática ao ver e ouvir aquilo. Quem seria essa de quem falavam? Quem era ela? Bruce estava me traindo?
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  — O que é tudo isso? — perguntei descendo o último degrau vendo todas aquela coisas que compunham o lugar.
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  — . — Bruce se afastou da mesa e veio em minha direção.
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  — Se afasta de mim — disse esticando minha mão. — Você…
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  Eu olhei para todo o lugar, tentando não ficar desnorteada, mas não tinha outra explicação para o que eu estava vendo. Havia uma caverna embaixo da mansão da família Wayne e nesta caverna tinha um segredo, agora algumas coisas começavam a fazer sentido para mim.
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  — Me deixe explicar, por favor. — Ele deu mais um passo.
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  — Não — gritei recuando um pouco. — Não há o que explicar.
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  Desviei meu olhar para o lado, vendo todos aqueles uniformes do Batman, meus olhos percorreram novamente as ferramentas que estavam no chão, até chegar no batmóvel. Eu me lembrava daquele carro, o tinha visto várias vezes nos jornais e na televisão, parecia surreal, mas estava confirmado que meu marido Bruce Wayne era o Batman. Estava ainda mais confusa naquele momento. Será que Bruce aproveitava sua vida noturna de herói para conhecer outra mulheres?
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  Eu segurei as lágrimas, não sabia o que sentir naquele momento. Me virei para trás e subi as escadas correndo, passei pela biblioteca e segui em direção ao meu quarto. Minha mente estava fervendo de perguntas e questionamentos, principalmente sobre a tal mulher da qual falavam.
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  — — disse Bruce ao bater na porta. — Abra, por favor, vamos conversar.
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  — Não temos nada para falar. — Desviei meu olhar para a janela respirando fundo, tinha deixado a porta trancada — Me deixe sozinha.
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  — Eu preciso me explicar — insistiu ele.
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  — Meus olhos já viram tudo — gritei me virando para a porta do banheiro.
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  Eu não queria mesmo vê-lo naquele momento, estava me sentindo traída e enganada, não sabia se estava com mais raiva por ele ser o Batman, ou por ter me enganado tão bem. Entrei no banheiro e me joguei na banheira cheia de espumas, precisava relaxar meu corpo e minha mente.
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  O tempo foi passando comigo trancada no quarto, a maior parte fiquei sentada ao lado da janela de roupão, pensando em tudo que tinha acontecido naqueles últimos dias. O que me fez pensar na noite que Bruce chegou em casa machucado, certamente não era um assalto a ele e sim a outra pessoa.
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  Suspirei cansada voltando para o closet e coloquei roupas mais confortáveis, acho que estava pronta para abrir a porta. Assim que abri, Bruce estava encostado na parede de braços cruzados, com seu olhar fixo em minha direção.
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  — … — se pronunciou ele descruzando os braços.
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  — Se for para negar o que meus olhos viram, nem comece a falar — alertei mantendo minha voz baixa, porém firme.
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  — Não vou, o que você viu é real. — Ele deu dois passos até mim. — Aquele é o motivo para eu não comparecer ao jantar, chegar sempre de madrugada.
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  — Quem é ela? — perguntei — Eu ouvi você falando com o Alfred sobre alguém, era uma mulher?
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  — Sim — assentiu ele.
  — Quem? — insisti.
  — Alguém que me ajudou uma vez e eu ajudei ontem — explicou ele superficialmente.
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  — E você a levou para a caverna?
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  — Sim, ela havia se ferido. — Ele desceu seu olhar. — O que aconteceu com sua boca?
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  — O quê? — perguntei sem entender.
  — Sua boca está machucada. — Erguendo sua mão ele tocou em meus lábios. — O que aconteceu?
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  — Eu escorreguei no banheiro — respondi me afastando dele. — Não mude de assunto, eu ainda não voltei a confiar em você.
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  Me desviei dele e segui em direção as escadas, assim que entrei na cozinha, Alfred estava preparando uma bandeja de café, provavelmente para mim.
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  — Senhora , eu já ia levar seu café — explicou ele pegando a bandeja.
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  — A quanto tempo você sabe, Alfred? — perguntei tentando não ficar com raiva dele, ele era uma pessoa legal.
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  — Desde o início, senhora. — Ele colocou a bandeja sobre a mesa e se aproximou de mim. — Me desculpe por não ter dito nada antes, mas eu não poderia contar um segredo que não é meu.
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  — Eu entendo os seus motivos. — Me sentei na cadeira suspirando um pouco.
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  — Que bom. — Ele parou ao meu lado. — Eu peço que entenda os motivos do patrão Bruce, vocês são casados a pouco tempo, se ele manteve isso em segredo era para a proteção da senhora.
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  — Estou tentando levar por esse lado. — Eu o olhei. — Mas preciso de tempo para digerir tudo isso.
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  — Se precisar de algo, basta chamar.
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  Assim com um sorriso e desviei meu olhar para a bandeja, estava me decidindo se iria ou não comer, estava com a sensação de ter perdido a fome.
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  Horas depois, no meio da tarde, recebi uma visita inesperada, era um repórter do jornal Planeta Diário, chamado Clark Kent, que estava ali para me entrevistar sobre o bazar beneficente que a empresa do meu pai estava organizando em Metropolis. Eu não consegui prestar muita atenção nas perguntas, e na maioria delas dei respostas rápidas e curtas.
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  Aquele bazar era alvo de dois interesses: o do meu pai de fazer o marketing de suas empresas naquela cidade e do meu interesse, que pegaria toda a quantia arrecadada para doar aos dois orfanatos de Gotham. E como eu era a esposa do bilionário Bruce Wayne, o jornal Profeta Diário não poderia deixar passar uma matéria dessa.
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  — Senhora Wayne — disse o repórter. — Como a senhora vê seu projeto social vinculado a imagem da empresa do seu pai?
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  — Como deveria ver? — O olhei sem entender. — Instituições privadas tem a total liberdade para apoiar este projeto e ajudar a divulgá-lo, pertencendo ou não ao meu pai.
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  — O mesmo vale para as Indústrias Wayne?
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  — Sim, provavelmente vão apoiar a causa.
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  — E quanto aos orfanatos, a senhora conhece as crianças de lá?
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  — Sim, conheço cada uma.
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  — O que levou a senhora a querer ajudar essas crianças?
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  — Eu tive uma amiga de infância que cresceu em um desses orfanatos.
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  Já estava até imaginando o título da manchete: “Pai ganancioso promove empresa às custas te boa ação da filha.” Jornais são realmente sensacionalistas. Soltei um discreto suspiro de alívio quando a entrevista acabou e o repórter foi embora.
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  — Está tudo bem? — perguntou Bruce ao entrar na sala.
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  — Agora sim — disse voltando meu olhar para a xícara de café. — Nunca vi alguém tão desastrado quanto esse repórter.
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  — Qual o nome dele?
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  — Clark Kent, eu acho — sibilei um pouco. — Estranho que a voz dele me pareceu familiar.
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  — Você acha? — Bruce agiu com naturalidade. — Talvez tenha esbarrado nele em Metropolis e não se lembra.
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  — Talvez. — Eu me levantei do sofá.
  — Posso te fazer uma pergunta?
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  — Sim.
  — Ainda está zangada comigo? — perguntou ele com ar de receio.
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  — Talvez. — Eu me virei em direção as escadas e subi até meu quarto.
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  Ao final da tarde, Bruce bateu de leve na porta do meu quarto, após um silêncio de minha parte, ele disse que estaria na biblioteca se caso eu quisesse conversar com ele, prometendo não sair naquela noite.
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Selina Kyle on

  Eu ainda me lembrava da noite passada de forma vívida e prazerosa, porém apesar de tudo ter acabado bem, eu ainda estava com raiva por ter sido atraída para uma armadilha. Eu não costumava me vingar de ninguém, mas Dimitri merecia algo a altura do que ele tinha feito comigo.
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  — Perdoe-me, pois eu pecarei — sussurrei olhando para a cruz que estava no altar da igreja.
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  Eu estava no mezanino do salão onde celebrava a missa, saí dali e fui para o telhado da igreja, olhei para o céu e o símbolo do Batman já estava iluminando o céu, era sinal de que alguém já estava rondando pela cidade. Eu me sentei no beiral do telhado da igreja e fiquei olhando para o céu, estava deixando que ele viesse até mim.
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  — Ando me perguntando sobre como você conseguiu sair sem que eu a visse — disse ele ainda nas sombras.
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  — Gatos são silenciosos — disse me virando e levantando.
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  — Você leva isso muito a sério — disse ele saindo do escuro e aparecendo em minha frente.
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  — Acredite, eu já tive sete vidas — expliquei.
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  — E agora tem quantas? — perguntou ele.
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  — Apenas duas, por assim dizer.
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  — Quem realmente é você? — insistiu ele.
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  — Você está mesmo me fazendo essa pergunta? — retruquei dando alguns passos até ele.
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  — Só quero confirmar algo. — Ele se manteve parado.
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  — Sabe de uma coisa, acho que nossa história merece ficar um pouco equilibrada. — Eu elevei minha mão até minha máscara. — Assim como eu sei quem é você, acho que merece saber quem sou eu.
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  Retirei minha máscara lentamente para ele, consegui perceber seu corpo paralisado, seus olhos fixos em mim e sua respiração descoordenada.
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  — — sussurrou ele. — Não.
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  — Sim e não — disse tranquilamente. — Mesmo sendo ela por fora, existe outra pessoa aqui, pode me chamar de Selina Kyle.
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“Isso é o quanto eu te amo,
Isso é o quanto eu preciso de você,
E eu não suporto você,
Tudo o que você faz me faz querer sorrir,
Eu posso não gostar de você por um instante? (Não).”

– Hate That I Love You (feat. Ne-Yo) Rihanna

5. Goodnight Gotham

  Sim, certamente ele não estava entendendo mais nada. Porém para mim, não estava sendo nada fácil explicar ao meu marido que eu tinha um leve transtorno de múltipla personalidade. Aquilo já não era fácil nem para mim mesma entender.
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  — Eu… — Bruce se sentou na cadeira ainda desnorteado — Está difícil digerir isso.
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  — Imagino. — respirei fundo passando a mão no uniforme dele — Sei que o que eu tenho não é normal, isso não é como você, eu não tenho nenhum controle sobre a Selina.
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  — A quanto tempo você sabe que tem isso? — ele desviou seu olhar para mim.
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  — Meus pais se divorciaram quando eu tinha sete anos, minha irmã mais velha ficou a minha mãe e eu com meu pai, foi nessa época que comecei a ter alguns traumas por causa disso, comecei a ter amigas imaginárias por ser sempre sozinha. — desviei meu olhar para a frente da caverna — Eu pensava que elas só existiam na minha mente, até que comecei a não me lembrar de coisas que me diziam que eu tinha feito, então aos quinze anos a Selina apareceu e tomou o controle pela primeira vez.
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  — O que aconteceu?
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  — Naquela época existia uma governanta trabalhando para meu pai, ela foi a única que percebeu minhas mudanças de personalidade, foi ela que identificou que eu tinha um outro lado tão forte quanto eu. — eu voltei meu olhar para ele — Foi ela quem deu esse nome a Selina e que aparentemente a treinou também, mas curiosamente ela me explicou o que estava acontecendo comigo.
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  — Se eu não tivesse visto tanta coisa nesse mundo, diria que isso é uma loucura.
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  — Acredite, eu também, se não fosse comigo.
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  — Mas, e as outras?
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  — Selina as matou eu acho, depois que ela apareceu, nunca mais falei com as outras. — suspirei fraco — Eu sempre achei que não teria problemas em ter amigas imaginárias, até descobrir que elas eram minhas múltiplas personalidades.
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  Bruce se levantou da cadeira e caminhou até mim, ele me abraçou apertado e começou a acariciar meus cabelos, foi um gesto surpreendente para mim.
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  — Não se preocupe, conhecemos alguém que sabe perfeitamente lidar com a Selina. — disse ele tranquilamente.
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  — O Batman?!
  — Sim. — sussurrou ele — Ele mesmo.
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  — Bruce. — eu me afastei um pouco dele — Era eu, ou melhor, ela que estava aqui?!
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  Ele assentiu com a face.
  — Por isso acordei na biblioteca. — elevei minha mão na boca — Meu machucado, o que aconteceu?
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  — Ela teve alguns problemas.
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  — Obrigada por ter ajudado.
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  — Não se preocupe, ela não vai mais se envolver em confusão. — ele sorriu carinhosamente para mim.
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  Ao mesmo tempo que eu estava aliviada por ter contado a ele, eu estava intrigada por Selina ter revelado seu rosto, de todas as minhas seis personalidades, ela era a mais imprevisível. Eu não me lembrava de tudo que ela fazia durante à noite, mas sempre vinha alguns flash em minha memória.
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  Estranhamente eu comecei a lembrar de um da noite que ela havia sido salva, o que me fez contar ao Bruce.
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  — Eu não me lembro muita coisa. — repeti a ele — Mas tenho certeza que é algo envolvido com o diamante, eu me lembro dele falando de uma pedra.
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  — A senhora acha que ela vai querer pegar novamente? — perguntou Alfred ao me servir uma xícara de chá.
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  — Não sei. — olhei para Bruce que estava de pé em frente a lareira acesa — Mas acho que tem algo a mais nisso.
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  — O homem que estava com ela, tinha envolvimento com a LexCorp. — disse Bruce mantendo sua atenção ao fogo.
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  — Que envolvimento o Lex Luthor teria nisso tudo? Porque ele iria querer pegar a Selina, quer dizer eu, ou melhor ela?
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  — Para saber quem sou eu. — respondeu ele — Para chegar ao Super…
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  Bruce parou por um momento e se voltou para mim.
  — Você disse pedra?
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  — Sim, ele mencionou a palavra pedra, não seria o diamante?
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  — Não, não é qualquer pedra. — ele fixou seus olhos em mim — Eu aposto o meu carro que o tal Dimitri tem um pedaço de kryptonita em seu cofre.
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  — Kryp… — eu pensei por um tempo tentando definir que pedra era aquela até que me lembrei — E agora?
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  — Precisamos dela. — disse Bruce.
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  Eu já imaginava que de alguma forma Selina iria se envolver novamente naquela história, ela era a única que conseguiria pegar a pedra de volta. Não queria admitir que estava com ciúmes da Selina, de alguma forma ela era eu, um lado meio descontrolado e audacioso, mas no fundo ela era uma parte de mim.
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  A única coisa que poderíamos fazer naquele momento era esperar as horas até que anoitecesse, afinal Selina só aparecia com o luar.
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Selina Kyle

  Eu estava surpresa por ter sido convocada tão prontamente. Novamente o morcego precisava da minha ajuda. Me espreguicei um pouco enquanto descia as escadas da porta secreta da biblioteca, ele já estava devidamente trajado me esperando perto do carro.
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  — Olá querido! — disse caminhando em sua direção — Sentiu minha falta?
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  — Você sabe porque está aqui. — sua voz estava fria e firme como sempre.
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  — Sei e estou impressionada por ter chegado a resposta sem mim. — eu me virei olhando para sua moto — Deveria agradecer por eu ter deixado ela ver algumas coisas.
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  — No que está pensando? — perguntou ele mantendo seu olhar em mim.
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  — Se o Bruce e a estão devidamente casados, eu posso acreditar na teoria de tudo que é seu é meu também? — eu me virei para ele — Acho que vou pegar sua moto emprestada.
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  — Pretende ir sozinha?
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  — Querido, se seu amigo for, Dimitri possui algo que pode feri-lo, se você for pode não conseguir chegar até o cofre, aquele prédio apesar de não parecer pode ser mais protegido que sua empresa em certas ocasiões, além de não saber a senha. — expliquei — E tem outro ponto, você é amigo do Superman, se for lá vão saber que é por causa da kryptonita, e se não conseguir pegar, as notícias vão correr e não acho que seja prudente, saberem que existe um exemplar desta pedra aqui em Gotham.
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  — De alguma forma, você tem razão. — concordou ele.
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  — Eu sempre tenho. — estalei os depois levemente — Existem algumas coisas que só podem ser feitas por uma mulher.
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  — Selina. — ele segurou em meu braço — Considere este seu último roubo.
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  — Veremos. — dei um sorriso malicioso, mordendo o canto do meu lábio, enquanto me soltava dele.
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  Eu subi em sua moto e dei a partida sem o menor receio, estava mesmo ansiando no dia em que poderia montar naquilo. Segui em direção ao meu destino, como previsto o prédio do rei do crime estava muito bem protegido com o dobro de homens, talvez ele estivesse com medo da minha vingança.
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  Mas aquele era meu momento, desci da moto e entrei no prédio ao lado, desta vez não teria uma entrada triunfal pela porta da frente, seria precisa e silenciosa. Assim que cheguei ao telhado, pulei no prédio de Dimitri e desci pela escada da lateral, como na primeira vez que entrei, seria pela janela.
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  — Boa noite Selina. — disse ele sentado em sua cadeira.
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  — Por que será que eu imaginava que você estaria aqui me esperando? — o olhei tranquilamente.
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  — Veio buscar o diamante?
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  — Talvez. — eu sorri de canto, descendo da janela — Soube que você possui algo bem mais valioso.
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  — Onde ele está? — perguntou ele apontando uma arma para mim.
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  — Hum, agora está explicado porque você dobrou a segurança, acha que o morcego está vindo? — eu ri — Que homem mais inocente.
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  Eu caminhei até a cadeira e me sentei em frente a ele, percebi que suas mãos estavam tremendo, dava para sentir seu medo exalando. Eu levantei minha perna lentamente cruzando com a outra, estava mantendo minha atenção nele, assim que Dimitri se distraiu com o movimento de minhas pernas, eu peguei o teclado do seu computador e lancei na mão que estava a arma.
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  Assim que a arma caiu, eu joguei meu corpo para frente subindo na mesa, me levantando de forma rápida lancei minha perna direita em seu rosto o chutando, e bati o teclado em sua face novamente. Puxando o fio, envolvi em sua garganta apertando um pouco, minha intenção era apenas desmaiar ele, como de fato aconteceu.
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  — Bem, agora eu vou poder trabalhar melhor. — me espreguicei um pouco indo em direção ao quadro.
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  Retirando da parede, lá estava o cofre. Arqueei minha sobrancelha direita analisando, respirei fundo me concentrando e digitei a senha que tinha decorado, ouvi um duplo clique e logo o cofre se abriu. O diamante estava lá visível para mim e a outra pedra dentro de uma pequena bolsinha de pano preta, peguei ambos e coloquei dentro escondido na abertura da minha bota.
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  Refiz todo o caminho de volta, quando cheguei no telhado do prédio ao lado, ouvi os homens de Dimitri entrarem na sala, eu havia deixado uma marca significativa no lado esquerdo do rosto dele. Uma perfeita obra de arte em forma do símbolo do Batman feito com minhas próprias garras, fiquei até com vontade de tirar uma foto para guardar de lembrança.
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  Outra surpresa me aguardava quando cheguei a caverna do morcego, ele estava acompanhado de seu famoso amigo.
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  — Hum, se eu soubesse que teríamos visita, tinha preparado o chá antes de sair. — disse num tom debochado desligando a moto.
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  — Ela é sempre assim? — perguntou o convidado.
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  — É isso que a torna ainda mais interessante. — o morcego me olhos com um sorriso disfarçado — Então querida, conseguiu o que foi buscar?
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  — Com quem você acha que está falando? — desci da moto rindo e caminhei até eles — Não sou qualquer pessoa.
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  — Eu sei disso. — Batman manteve seu olhar em mim.
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  — Bem. — eu me inclinei de leve pegando a pedra verde.
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  — Coloque aqui. — disse o Superman abrindo uma pequena caixa, já sentindo os efeitos da kryptonita sobre ele.
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  — Ok. — eu coloquei dentro da caixa e ele fechou de imediato — Vai funcionar?
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  — Sim. — assentiu Batman — A caixa é feita de chumbo, o único metal capaz de inibir os efeitos da kryptonita.
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  — Hum. — me curvei novamente retirando o diamante — Eu tomei a liberdade de trazer algo para mim.
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  — Por que será que não estou surpreso? — ele me olhou de forma sério.
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  — Bem, este assunto é seu meu amigo. — o Superman segurou o riso desviando seu olhar para o lado.
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  — Admita, eu mereço ganhar algo depois de ter me arriscado pelo seu amigo. — o olhei ironicamente — Não mereço? Além do mais, este diamante combina tanto comigo.
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  — Deixarei que fique com ele, por algum tempo. — respondeu ele.
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  — Você sabe como me agradar. — sorri maliciosamente mantendo meu olhar nele — Em forma de agradecimento, eu vou te dar cinco minutos a sós com seu amigo.
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  — O que é isso? Um ultimato? — perguntou Batman com ar de indignação.
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  — Entenda como quiser, mas quero o senhor Wayne em cinco minutos. — eu pisquei de leve me afastando — Alguém estará esperando por ele no quarto, querido.
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  — Uau, agora entendo porque acha ela interessante. — disse Superman enquanto eu me dirigia para a escada.
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  Como acordar de um sonho, mas desta vez eu estava de pé em frente ao espelho do banheiro, ainda me sentia zonza e um pouco desnorteada. Tentava entender o que tinha acontecido enquanto ela estava no controle. Levantei minha face e me olhei no espelho, estava com o cabelo preso sem maquiagem, ela tinha cuidado de tudo como sempre.
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  Entretanto, continuava a deixar sua marca. Eu estava no banheiro do quarto dele, vestida com um lingerie desconhecida e uma camisa dele por cima, com somente um botão abotoado. Ri um pouco daquilo que ela possivelmente havia arquitetado. Lavei o rosto e sequei com a toalha que estava em cima da bancada.
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  — Eu que sei somos diferentes, mesmo sendo a mesma pessoa, já tem um tempo que não falo com você mas… — respirei fundo me olhando no espelho — Obrigada, Selina.
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  Eu pisquei para mim mesma sorrindo e saí do banheiro, Bruce já estava no quarto parado encostado na porta de braços cruzados, ele ficava muito sensual naquela pose.
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  — Então, o que aconteceu? — perguntei dando alguns passos em sua direção.
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  — Deu tudo certo. — disse ele descruzando os braços — Está tudo bem agora.
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  — E a pedra?
  — Está com meu amigo.
  — Me sinto aliviada por isso, pela Selina ter ajudado.
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  — Ela foi muito corajosa, você também. — disse ele sorrindo de canto — Ambas são maravilhosas.
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  — Está me deixando sem palavras. — sorri de leve.
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  Ficamos nos olhando por um tempo.
  — Como vamos ficar agora? — perguntei um pouco confusa — Eu ainda possuo um lado indomável dentro de mim.
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  — Nós conhecemos uma pessoa que pode cuidar disso. — ele segurou minha mão e me puxou para perto dele — Vamos deixar esse assunto para eles, agora somos só nós dois.
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  — Só nós dois?! — segurei o riso, sentido ele aproximar ainda mais nossos corpos.
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  — Vamos aproveitar a nossa noite. — disse dando um suave beijo em meu pescoço.
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  — Teremos todas as noites de Gotham que quisermos. — afirmei.
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  Seu beijo veio intenso e doce, nossa noite só estava começando. Eu poderia dizer que todos os acontecimentos recentes, foram somente um preparo inicial em nossa vida de casados, o que me deixou ainda mais feliz e grata pelo passado de nossas famílias ter nos unido.
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  De uma forma inacreditável, nos completávamos em todos os sentidos, principalmente em nossas vidas noturnas, um encaixe perfeito e inesperado. Aquilo me deixava ainda mais segura e tranquila, finalmente a Mulher-gato tinha encontrado alguém que despertasse seu olhar e admiração.
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  Enfim, como diz minha metade Selina, a noite é dos gatos… Porém agora, também dos morcegos!!!
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“Night, night, for a night, for a,
Only if for a night.”

– Goodnight Gotham / Rihanna

6. Goodnight

Alguns anos atrás…

  A noite estava nublada e por isso as ruas mais escuras que o normal, havia sido uma loucura minha aceitar fugir do colégio interno em Metrópole com algumas amigas para conhecer a intrigante noite de Gotham City. Era somente atravessar a ponte, não tinha erro nenhum. Violet havia roubado as chaves do zelador e pegado sua caminhonete velha, garantindo que sabia dirigir, pois tinha aprendido com seu pai. Eu duvidei um pouco, mas como Jack e Maya estavam tão eufóricas por nossa noite de travessura que tentei conter meu lado filha modelo e esquecer do resto.
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  Violet seguiu com o carro por algumas ruas estranhas, o que me deu um frio na espinha.
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  — Tem certeza que está indo pelo caminho certo? — perguntei.
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  — Claro que sim, estamos quase chegando na ponte. — assegurou ela dando uma gargalhada alta — Você está se preocupando muito sabia.
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  — Calma , Violet sempre foi a melhor aluna em geografia, ela é um GPS ambulante. — Jack defendeu a irmã, enquanto retirava seu maço de cigarros que sempre escondia dentro da bota.
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  Você não deveria fazer isso dentro do carro. — recriminou Maya — Que nojo.
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  — Você não disse que havia parado? — perguntei.
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  — Nossa que chatas. — ela abriu a janela do carro e jogou o maço fora — Satisfeitas?
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  Ela bufou.
  — Obrigado. — Maya ajeitou sua jaqueta no corpo — Meu pulmão agradece.
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  Eu ri de leve, minhas amigas eram loucas, mas muito divertidas. Eram as únicas que eu havia comentado seguido no colégio. Talvez por causa da minha família, ou por ter voltado recentemente da Suíça, ninguém queria se aproximar da herdeira de Metrópole.
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  Eu não me lembrava muito de como havia conhecido elas, mas lembro que foi em um dia chuvoso em que estava fugindo de algumas meninas que haviam jogado ovos em mim, logo quando entrei no colégio.
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  Jack era a mais velha, meio desleixada e muito extrovertida, tinha um fraco por motos. Já sua irmã Violet era apaixonada por carros clássicos antigos, poderia considerá-la a pessoa mais comunicativa que eu conhecia. E Maya, era a nossa patricinha de porcelana, extremamente delicada mais super inteligente e estudiosa, porém em raros momentos ela gostava de se fazer a menina rebelde sob influência de Jack.
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  Mais alguns minutos com Violet se divertindo enquanto dirigia, chegamos a ponte que ligava as duas cidades. De imediato pude ver a densa neblina que tomava toda a cidade. Ao mesmo tempo que meus olhos certamente brilharam com aquele clima sombrio e misterioso cheio de perigos, meu corpo sentiu um breve calafrio.
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  — Uau! — Maya se inclinou mais e apoiou sua mão no banco da frente onde eu estava. — Gotham é tão…. Sem palavras.
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  De repente, Violet freou bruscamente o carro, bem no meio da ponte. Um grupo de quatro homens surgiu entre a neblina, eu consegui notar que um deles estava com um canivete na mão.
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  — Acho melhor voltarmos. — sugeri.
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  — Da a ré. — falou Jack.
  Em um susto, um quinto homem apareceu ao lado do carro, e como a janela estava aberta, ele conseguiu destravar e abrir a porta. Maya soltou um grito de desespero enquanto o homem agarrou Violet e a arrastou para fora.
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  Nós saímos também para ajudá-la, porém os outros homens se aproximaram.
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  — Me solta! — gritou Violet, então o homem já irritado bateu em sua cara jogando-a no chão.
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  Eu tentei ajudá-la, já estava ficando ainda mais apreensiva e desesperada pelo que poderia acontecer com a gente. Foi quando outra pessoa se aproximou.
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  — Que feio… Vocês não sabem que é errado atrapalhar a noite de alguém. — uma mulher saiu do meio da neblina com um andar sinuoso em nossa direção.
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  Os homens a olharam confusos se afastando um pouco, porém o de moletom cinza escuro foi pra cima dela e segurou forte em seu braço, em um movimento rápido ela lançou sua perna no rosto do segundo que se aproximou dela e escorregando seu corpo para o chão fez com que o terceiro socasse a cara do homem que a segurava. Eu nunca havia visto alguém se mover de forma tão precisa fazendo com que a força do seu inimigo caísse sobre ele. Ela pouco bateu naqueles homens, porém fez com que eles lutassem entre si ao tentarem bater nela, algo fascinante.
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  Senti até mesmo meus olhos brilhando e minhas pupilas dilatarem ao olhar para ela.
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  — Não deveriam estar aqui a esta hora garotas. — disse a mulher ao socar a cara do último homem que estava de pé, derrubando-o no chão.
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  — Obrigado. — disse em nome de todas.
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  — Venham, vou levá-las para um lugar mais divertido. — disse a mulher seguindo até o carro, ela abriu a porta do motorista e nos olhou — Ou preferem ficar aqui com eles?
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  Apressadamente entramos no carro com ela, e como sempre eu fiquei no banco do carona da frente.
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  — Quem é você? — perguntei curiosa.
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  — Podem me chamar de Selina Kyle. — ela deu um sorriso de canto.
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  Seu olhar era como de um predador felino pronto para atacar.
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Night, night, for a night, for a
Only if for a night.
– Goodnight Gotham / Rihanna

7. Divergent

  Acordei pela manhã assim que uma fresta de luz que entrava pelas cortinas atingiu meus olhos. Me remexi nos lençóis da cama e notei que Bruce estava ali ao meu lado, estranhei a primeiro momento, pois ele sempre acordava cedo para ir para empresa mesmo sabendo que o senhor Fox desempenhava um excelente papel como presidente das Indústrias Wayne.
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  Ainda não conseguia entender como ele conseguia se manter de pé em sua jornada dupla e me dar atenção quando chegava quase ao amanhecer. Bruce Wayne era um robô? Prendi o riso bobo, afinal, eu também não sabia nem explicar como eu conseguia sobreviver as escapadas noturnas de Selina. Meu corpo é que passava o dia se recuperando de tudo. Mas estava feliz por poder acordar e ver meu marido ao meu lado, fingir de vez em quando que éramos um casal normal. Me remexi mais um pouco e pousei minha cabeça em seu tórax, pude ouvir as batidas tranquilas do seu coração. Logo sua mão veio acariciar meus cabelos e uma respiração mais profunda surgiu dele.
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  — Bom dia. — sussurrei.
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  — Bom dia. — disse ele — Dormiu bem?
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  — Sim. — sorri de leve — Mas estou curiosa por meu marido estar em casa nesta manhã.
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  — Hum. — ele riu — Digamos que…
  Ele virou seu corpo jogando-o em cima do meu.
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  — Tirei o dia de folga para ficar com você. — seu olhar estava um tanto quanto sugestivo e malicioso.
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  Tanto que nem consegui comentar sobre sua decisão, pois ele me beijou com intensidade e extremo desejo. Aquele lado íntimo de Bruce ainda me deixava desnorteada e derretida ao mesmo tempo. Estávamos nos apaixonando um pelo outro de forma gradativa porém surpreendente. Eu não conseguia pensar em mais nada quando estava em seus braços, sentindo seu toque fazendo meu corpo arrepiar. Meu marido sabia como me fazer sair de órbita por várias horas. E se sairíamos do quarto naquele dia, era um caso a se pensar, meu desejo era aproveitar cada segundo daquele momento, já que na maioria das noites eu tinha que dividi-lo com Gotham.
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  A cada beijo e carícia tanto eu como ele nos entregamos mais um ao outro, fazendo aquele imenso quarto ficar cada vez menor. Acho que foi assim que não consegui entender como chegamos ao banheiro e elevamos ainda mais sua temperatura com o vapor da água em nossos corpos.
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  — Está com fome? — perguntou ele ao beijar meu pescoço.
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  — Não tomamos o café da manhã. — eu observei o fato, mantendo meu olhar no espelho, vendo nosso reflexo.
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  — Você é a minha refeição. — disse num tom malicioso, envolvendo seus braços em minha cintura.
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  — Canibalismo não é bem visto pela sociedade, senhor Wayne. — brinquei rindo dele.
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  — Você sabe o que eu quis dizer. — ele me virou de frente para ele e me beijou novamente.
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  Estava sendo um sonho e parecíamos um casal de filmes românticos, mas havia um outro lado de nossas vidas que me deixava intrigada. Eu já sabia que sempre que Batman e Selina brigavam, Bruce passava o dia em casa comigo, como se fosse um ato de rendição ou somente para se redimir de… Fatos que eles nunca mencionavam para mim. Por isso, já imaginava que havia acontecido algo entre os dois, e isso me preocupava um pouco.
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  — Alfred deve estar preocupado com nós dois. — me afastei um pouco dele.
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  Me segurando para não entrar no assunto e perguntar o que provavelmente teria acontecido.
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  — Vamos descer então. — seu olhar para mim era o mesmo de sempre.
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  Um toque de serenidade misturado ao mistério e uma pitada de intensidade. Isso o tornava mais que irresistível para mim. Um casamento que se iniciou por um acordo entre famílias estava tomando-se algo sólido e verdadeiro. Mas eu não queria que nada estragasse isso, nem mesmo ela. Selina.
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  — Vamos. — sorri de leve sentindo ele segurar minha mão.
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  Seguimos até o jardim. Bruce se afastou por um momento para pedir a Alfred que preparasse um brush para nós. Enquanto isso, me aproximei de um dos bancos e me sentei olhando para a fonte central. Aquele jardim havia sido um presente de casamento dele para mim, algo que me deixou surpresa principalmente por ter várias flores perfumadas de que gostava tanto.
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  Após o brush, Bruce comentou sobre o convite de um coquetel beneficente que recebemos, para sexta à noite, fornecido por Thomas Elliot. Senti alguns traços de raiva em sua voz, talvez por seu desafeto por Tommy desde os tempos de colégio. Me mantive a maior parte do tempo em silêncio, escolhendo as melhores palavras para confrontá-lo no momento certo.
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  — Está silenciosa, algo te preocupa? — perguntou ele, enquanto permanecemos sentados apreciando o jardim.
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  — Estou tentando limitar meus pensamos. — respondi me reprimindo um pouco.
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  — Pode dizer o que te preocupa. — ele segurou em minha mão cruzando nossos dedos.
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  — Você estar aqui é o que me preocupa. — suspirei fraco — Nós dois sabemos que sempre que fica em casa durante o dia, é porque eles brigaram.
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  Disse subjetivamente me referindo ao Batman e a Selina. Como se ambos não fossem nós dois em tese.
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  — O que aconteceu Bruce? — virei meu corpo e o olhei.
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  — Não importa agora. — ele sorriu com singeleza — Deixe que eles resolvam os problemas deles.
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  Era o que meu marido sempre dizia. Mas eu sabia que aquele problema não era somente deles, querendo ou não, Bruce era o Batman e Selina era minha múltipla personalidade que eu não conseguia controlar. Ou seja, ambos faziam parte de nós dois, seus problemas eram nossos problemas.
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  Permaneci em silêncio, faria eu mesma minha própria investigação. Apesar de ter feito um acordo com Bruce de saber o mínimo possível de sua vida noturna para minha segurança. Selina teria que me dizer o que estava acontecendo de alguma forma.
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– x –

Selina Kyle

  Eu não acreditava que o marido exemplar havia passado o dia com ela só pra se redimir. Já estava me cansando daquela vida de esposa recatada que vivia, eu desejava mais, não só para mim, mas para ela também. A cada dia ansiava pela noite para ser livre novamente, afinal, gatos não foram feitos para ficarem presos nem serem domesticados.
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  Caminhei pelo beiral do telhado de um dos prédios do beco do crime. Observando aqueles medíocres criminosos em sua rotina de contrabando e roubos. Tudo em Gotham já estava monótono e me cansando também. Aquilo me lembrava da noite em que vi os pais de um inocente garoto morrer, em uma época que não sabia de minha existência dentro dela. Sim, eu fui sua primeira personalidade que se desenvolveu dentro daquela criança tímida e frágil.
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  — Pensando na vida Cat. — um voz masculina surgiu atrás de mim.
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  Reconheci de imediato, só havia uma pessoa em Gotham que me chamava de Cat.
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  — Hush. — mantive meu olhar na cidade, sentindo ainda mais sua aproximação — A quanto tempo, soube pelo pistoleiro que estava fora da cidade.
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  — Você ainda se mistura com a plebe. — ele deu uma risada rápida e maldosa, se aproximando mais — Não deve acreditar em tudo que falam.
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  — Hum. — voltei meu olhar para ele — E não era verdade?
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  — Confesso que me ausentei um pouco após seu desaparecimento. — disse com seu tom sério habitual.
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  — Eu não desapareci, só estava de férias. — ri baixo.
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  — Ouvi alguns boatos sobre sua volta. — retrucou ele dando um sorriso maldoso.
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  — Que boatos?
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  — Que se tornou amiga de uma pessoa.
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  Eu sabia que Hush odiava o Batman com todas as suas forças, e seu desejo era um dia descobrir quem era o homem por trás daquela máscara de morcego justiceiro.
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  — Hum.
  — Ouvi também que você curiosamente viu o rosto dele. — agora direto e preciso.
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  — Não devia acreditar em tudo que dizem. — usei sua frase.
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  Eu poderia confirmar? Sim. Poderia revelar quem ele era? Com certeza. Eu não devia minha lealdade ao Bruce, pelo contrário, se fosse assim, já teria dado o endereço dele para todos que conheço. Eu devia a minha vida a , somente por ela que eu mantinha aquele segredo muito bem guardado.
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  — Vai me dizer que foi o pistoleiro que disse isso? — brinquei com ironia — Da última vez que soube, o governo estava na cola dele.
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  — Não, não foi o pistoleiro, mas não importa… Acredito em suas palavras. — ele tocou em minha face — Estava com saudades de você, velha amiga.
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  Seu sorriso nebuloso logo apareceu em seu rosto. Eu também estava com saudades do meu velho amigo. Silêncio!
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Someone call the doctor.
– Overdose / EXO

8. Silence

  Na manhã de quarta feira me espreguicei na cama e senti o vazio ao meu lado, o que significativa que Bruce havia ido a empresa. Levantei e caminhei até o banheiro, tomei uma ducha quente. Parei em frente ao espelho e fiquei olhando meu reflexo, por mais que houvesse um profundo silêncio entre nós duas, pois ela estava me ignorando, algo surpreendente.
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  — Selina, nós ainda precisamos conversar — disse dando um longo suspiro. — Você não pode me ignorar assim.
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  Tudo continuou silencioso até que Alfred bateu na porta.
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  — Senhora Wayne?
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  — Alfred. — Saí do banheiro enrolada no roupão de banho. — Por favor me chame de .
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  — A senhora prefere tomar seu desjejum no quarto novamente ou no jardim? Hoje amanheceu um pouco nublado.
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  — Pode me servir na biblioteca — respondi. — Vou descer em alguns instantes.
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  — A senhora está com o olhar triste, já tem alguns dias. — Seu olhar de preocupação era nítido. — Tem algo que posso fazer?
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  — Infelizmente não.
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  Ele deu um sorriso reconfortante e se retirou. Caminhei até o closet e fiquei olhando por algum tempo os vestidos nas araras, pensando em que roupa eu usaria no coquetel de sexta feira. Logo meu celular tocou, era uma mensagem anônima.
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  “Hello velha amiga, eu sei quem é Selina Kyle.
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  - H.”
  Engoli seco, não entendendo, mas um pouco temerosa.
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  — H?! — sussurrei.
  Quem seria esse H? Talvez a própria Selina pudesse ter suas desconfianças de quem pudesse ser. Respirei fundo e deixei o celular em cima da mesa, então troquei de roupa colocando um macacão de moletom preto e um all star branco, peguei o celular e coloquei no bolso, então desci para a biblioteca. Depois que tomei meu café da manhã, liguei para a senhora Barbara Kean Gordon, ela havia me convidado para o almoço com a intenção de tratarmos de assuntos do meu interesse. Fiquei um pouco curiosa e confirmei nosso encontro no restaurante Louie’s in Gotham.
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  Deixei que as horas passassem. Pedi ao Alfred que chamasse um táxi para mim, antes de sair coloquei o casaco bege e peguei minha bolsa. Ainda não tinha tido nenhuma notícia do meu marido, aparentemente hoje ele iria visitar algumas fábricas como uma inspeção de rotina. Quanto a mim, precisava encontrar alguma coisa além dos livros da biblioteca, que pudesse ocupar as longas e ociosas horas do meu dia. Assim que cheguei na porta do restaurante, avistei Barbara sentada à mesa já me esperando, uma mulher muito elegante e com algumas ambições na vida, segundo ouvi o comissário Gordon dizer em uma de suas visitas.
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  — Boa tarde, senhora Gordon — a cumprimentei com cordialidades.
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  — Por favor, prefiro que me chame trate pelo sobrenome de solteira. — Ela deu um sorriso compreensivo.
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  — Ah, me desculpe. — Sentei-me um pouco constrangida.
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  Havia me esquecido que ela e o comissário Gordon estavam em processo de divórcio, pelo que me lembrava do comentário de Alfred, ele havia traído ela com uma parceira da polícia.
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  — Como está o pequeno Junior? — perguntei.
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  — Esperto como nunca — ela riu. — As crianças de hoje em dia não perdem tempo para travessuras.
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  — Imagino que não — concordei.
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  — Mas o que nos trás aqui não são notícias de minha família. — Seu olhar ficou sério, ela sabia ser uma mulher direta em seus assuntos.
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  — Diga-me então, o que trás aqui?!
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  — Independência feminina — explicou.
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  — Independência feminina. — Meu olhar curioso se intensificou. — Poderia me explicar melhor?
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  — Eu ouvi por acaso você comentando com algumas senhoras na última recepção do governador sobre sua vontade de investir em negócios à parte das Indústrias Wayne. — Seu olhar continuava fixo em mim, porém suas mão direita se movimentava pelo cardápio. — Estou certa?
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  — Sim, está. — Suspirei um pouco. — Apesar de estar casada com o herdeiro Wayne, não me sinto dona do seu império, menos ainda tenho essas ambições, possuo meus próprios projetos.
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  — Claro que você também possui o patrimônio da sua família — instigou.
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  — As empresas do meu pai estão muito bem nas mãos dos meus irmãos, não precisam de mim.
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  — Bem, soube que já fez sua parte se casando com o jovem Bruce.
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  — Aonde exatamente quer chegar com todas essas informações sobre mim reunidas? — A observei atentamente.
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  — Tenho uma proposta de sociedade, só estava curiosa para saber se poderia acreditar que realmente é uma mulher de fibra que vai ao trabalho, ou somente uma menina mimada que se esconde atrás do dinheiro dos pais. — Mais do que sincera em suas palavras.
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  — Se eu quisesse mesmo me esconder atrás do dinheiro da minha família, não teria organizado um bazar beneficente em favor do orfanato de Gotham — retruquei. — Não aceitei nem mesmo uma simples doação do meu marido.
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  — Foi um ato genuíno e de classe, o que me deixou encantada com seu caráter.
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  — Bem, o que seria esta sociedade que me propõe?
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  — Sou agora uma mãe divorciada que precisa superar as barreiras e criar o filho, você é uma recém-casada que precisa provar para Gotham que não vive à sombra de Bruce Wayne… — seu tom ficou meio melodramático. — Mas juntas podemos construir um grande império também.
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  — Que império? — perguntei.
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  — Soube por boas fontes que sempre gostou de moda, e até cursou em uma das melhores escolas de Paris. — Ela parecia saber mesmo sobre mim. — Não deveria deixar seu talento guardado.
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  — E nossa sociedade teria como foco a moda?
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  — Não somente a moda, mas a arte, não sei se sabe, mas eu já fui dona de uma galeria de arte, Gotham City’s Art District, claro que muitas coisas aconteceram depois e acabou não dando certo, mas sou uma excelente mulher de negócios, com minhas habilidades, seu talento e nossa influência — seu argumento parecia plausível —, poderíamos ter uma grife de sucesso, ditar a moda em Gotham e quem sabe no país.
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  — Você me parece ter muitas expectativas sobre isso — comentei.
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  — São minhas expectativas que me motivam — disse em reconhecimento. — O que me diz?
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  — Bem, devemos então tirar essa expectativa da imaginação e transformá-las em palavras, um plano de negócios mais precisamente, aí sim podemos chegar a um nível em que poderá se concretizar — concordei ainda que indiretamente.
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  — Eu sabia que iria concordar. — Ela abriu um largo sorriso.
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  Não era exatamente uma ideia má. Era a junção do útil ao agradável, eu precisava de uma ocupação saudável e poderia voltar a minha paixão que era os croquis de moda, além de tudo, ainda ajudaria uma mulher a se reerguer financeiramente após o divórcio. Seria uma boa sociedade e eu já estava com mais expectativas fervilhando em minha mente. Depois do rápido almoço, seguimos até o escritório de um amigo do meu pai, eles nos ajudaria e entender melhor nossa ideia e a planejar com clareza e segurança. Foi uma tarde produtiva, que me levou a chegar em casa pouco antes do jantar.
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  — Boa noite, Alfred — disse ao entrar na mansão.
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  — Ah, patroa . — Ele veio me recepcionar. — Que bom que retornou em segurança.
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  — Sim, minha tarde foi um pouco movimentada — comentei. — Mas o que houve? Que olhar preocupado é esse?
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  — Acabaram de falar no noticiário que ocorreu um ataque a um dos laboratórios das Indústrias Wayne — explicou ele. — Exatamente no momento em que o patrão Bruce estava fazendo sua visita.
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  — Ele está bem? — perguntei já me dirigindo a biblioteca.
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  — Sim, senhora . — Alfred veio me seguindo. — Ele ligou para saber se estava tudo bem com a senhora.
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  Eu me aproximei da estante e retirei o livro que abria a porta, então esperei até que abrisse. Por mais que tivesse prometido não invadir aquela parte do mundo sombrio do Bruce, eu precisava ver com meus próprios olhos.
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  — Bruce — o chamei descendo as escadas para a caverna.
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  — ? — Ele já estava vestido com seu traje, próximo ao computador com uma pasta nas mãos. — O que faz aqui?
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  — Eu precisava… — me aproximei dele.
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  Aquela era a minha segunda vez naquele lugar, não havia observado anteriormente a grande tela que mostrava as imagens fixas enviadas do computador. Olhei de relance para as duas prateleiras de ferro com suas armas, até que meu olhar encontrou o dele.
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  — Precisava? — indagou ele.
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  — Precisava te ver — completei. — Por mais que Alfred dissesse que estava bem, eu precisava te ver.
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  Não deixava de ser verdade. Ele sorriu de canto e me beijou de leve, era estranho por ele estar com sua roupa de homem morcego.
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  — Não vai hoje — pedi insegura no que poderia acontecer. — Por favor.
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  — Preciso saber quem foi que provocou a explosão. — Ele segurou em minha mão com carinho. — O comissário Gordon vai me ajudar na investigação.
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  — Só desta vez, não pode mesmo deixar com os policiais?
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  — Hoje foi comigo, amanhã podem tentar algo contra você — esse era seu único argumento.
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  Então me lembrei da mensagem em meu celular, pensando se deveria ou não contar a ele, talvez pudesse ter alguma ligação.
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  “Você não vai dizer” — ouvi a voz de Selina em minha mente — “Esse é o nosso segredo.”
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  — Agora você aparece — sussurrei.
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  — O que disse? — perguntou ele.
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  — Nada, apenas tome cuidado.
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  Se aquela mensagem era problema da Selina, ela que resolveria então.
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  A quinta se passou sem grandes notícias. Finalmente sexta à noite, meu marido teve que parar sua incansável investigação para estar ao meu lado no comentado coquetel beneficente oferecido por Thomas Elliot. Que parecia aguardar ansioso nossa chegada, na porta de entrada de sua casa na parte nobre de Gotham.
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  — Tommy. — Eu o abracei no impulso, pois o considerava um amigo de infância. — Que bom vê-lo novamente.
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  — Digo o mesmo, , ou melhor, senhora Wayne. — Eu percebi uma olhar cruzado dele para Bruce ao meu lado.
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  Ambos não se davam bem, mas não sabia que era para tanto.
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  — Sim — confirmei ao segurar na mão de Bruce.
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  — Que surpresa seu retorno a Gotham, Dr. Elliot, o prodígio de Harvard.
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  — Bem, agradeço o elogio, Bruce, não é sempre que se torna um cirurgião renomado antes dos 30 — brincou ele. — Mas deveria ter feito como você, assim agora estaria casado com uma bela e fascinante mulher.
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  Eu senti uma certa fúria crescer ao meu lado, então apertei minha mão na dele.
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  — Tenho certeza que você ainda tem tempo para encontrar o amor da sua vida — intervi quebrando a tensão. — Afinal, como disse, ainda nem chegou nos 30.
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  Nós dois rimos, porém Bruce continuou sério, mantendo seu olhar nele.
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  — Sejam bem-vindos e aproveitem a noite. — O olhar sarcástico dele estava tão afiado quanto o tom de sua voz.
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  Talvez seus comentários tivessem mesmo o propósito de atacar Bruce indiretamente, e se fosse mesmo isso, havia conseguido sem muito esforço.
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  — Você não consegue disfarçar? — perguntei assim que nos afastamos e entramos mais na casa, para chegar ao jardim.
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  — Eu não gosto dele, Gotham inteira sabe disso, estou aqui por que sei atuar — um leve tom irônico fluiu em suas palavras.
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  Respirei fundo não me deixando levar por seu ciúme bobo.
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  — Que tal irmos cumprimentar o prefeito Cobblepot? — sugeri quase o puxando comigo.
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  Ele assentiu ainda relutante. Não estava com a intenção de passar a noite ao lado do ciúmes em pessoa, então assim que o comissário Gordon se aproximou, saí estrategicamente, o deixando com os cavalheiros. Para minha surpresa, encontrei Barbara no coquetel, que após uma trégua, aceitou o convite de ir acompanhando seu futuro ex marido.
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  — Veio socializar? — brincou ela.
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  — Como disse, não quero estar à sombra de Bruce — respondi. — Há várias mulheres interessantes aqui que podemos conhecer e analisar, não quero ficar seleta a um público alvo só, mas se temos que começar de algum lugar, que seja as socialites de Gotham.
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  — Muito bem pensado.
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  Talvez uma noite que pudesse ser tediosa com o mau humor de Bruce, começou a se reverter a meu favor. Um coquetel razoável contendo as pessoas mais influentes e ricas de Gotham, é claro que alguma coisa poderia acontecer.
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  — Que mulher pensativa — comentou Thomas ao se aproximar de mim.
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  — Só estou me lembrando de alguns momentos da infância — expliquei mantendo meu olhar no quadro que estava na parede central da sala. — Me lembro da primeira vez que vim aqui, antes de mudar para Metrópolis.
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  — Eu e bruce não fomos cavalheiros com você — reconheceu ele.
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  — Não, não foram — concordei. — Acho que só tenho duas lembranças com vocês, não três, me lembro de ter ido ao enterro dos pais do Bruce.
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  — Sim… Mas acho que se tivesse continuado em Gotham, teríamos sido muito amigos.
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  — Mas eu te considero um velho amigo de infância, apesar de ter jogado… O que era mesmo aquela gosma que jogou no meu cabelo?
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  — Nem me lembro mais.
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  Nós começamos a rir.
  — Mas quem diria que cresceríamos e você se casaria com o Bruce, o maior playboy da cidade. — Conseguia sentir seu olhar em mim.
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  — Não posso negar que nosso casamento inicialmente foi de um acordo entre famílias, mas agora… — minha voz continuava suave, e flashes começaram a vir na minha mente.
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  — Agora está apaixonada pelo Wayne.
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  — A vida tem seus surpresas. — Voltei meu olhar para ele e sorri.
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  — É uma pena que nem sempre são boas. — Ele tocou de leve em minha face.
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  E antes que eu pudesse reagir ou me afastar, Thomas me beijou. Eu ergui minha mão para afastá-lo, porém Bruce o puxou e socou sua cara antes, derrubando-o no chão.
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  — Bruce. — Eu o segurei no impulso.
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  — Então é assim? — Ele me olhou como se estivesse decepcionado.
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  Eu estava indignada demais com seu olhar para mim para retrucar e iniciar qualquer discussão. Saí correndo da casa de Thomas sem direção, entrei e saí de ruas que não conhecia e nem imaginava que existiam em Gotham, até que virei em um beco qualquer e senti estar sendo seguida por alguém. Meu coração acelerou no desespero.
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  — Ora ora… Se não é a senhora Wayne — disse um homem saindo da sombra e aparecendo em minha frente.
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  — Me desculpe, mas está me confundindo com alguém — disse tentando me esquivar dele, sem sucesso. — Por favor, me deixe passar.
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  — Que isso, só queremos nos divertir um pouco. — Outro homem apareceu atrás de mim e tocou em meu cabelo. — Você não quer se divertir com a gente?
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  — Não — sussurrei já quase entrando em pânico.
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  “Selina, por favor…” — pensei pedindo socorro.
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  Eu nem precisei continuar a frase. Senti meu corpo reagir de forma involuntária àquele homem e dei uma cabeçada nele seguida de um chute, o homem da frente se moveu para me agarrar e me abaixando usei sua altura a meu favor o fazendo tropeçar no seu companheiro. Olhei para o chão e propositalmente uma garrafa de vidro estava ao lado do latão de lixo como se me esperasse, sem pensar em mais nada peguei e quebrei na cabeça de um deles que caiu desmaiado, enquanto o outro saiu correndo.
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  Um som de aplauso surgiu no lado escuro. Eu não me importava mais quem pudesse ser, meu corpo se moveu contra a pessoa, trocamos alguns movimentos loucos de luta até que ergui minha perna direita e encaixei perfeitamente meu sapato em sua garganta, prendendo-a contra parede.
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  — Ok, você ganhou — disse a voz, que era feminina. — Selina… Você ganhou, me solte.
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  Meu corpo estremeceu de leve.
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– x –

Selina Kyle

  — Selina?! Por favor, está me enforcando — suplicou a mulher.
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  Mantive-me como estava e arrastei seu corpo pela parede até chegar a um feixe de luz.
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  — Ivy? — a reconheci e logo me afastei a soltando. — O que faz aqui?
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  — Nossa. — Ela tossiu um pouco, recuperando a estabilidade. — Você ainda está em forma.
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  — Do que está falando? — Mantive-me na parte escura, não queria que ninguém me visse.
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  — Pode fingir para todos, mas não para sua melhor amiga — retrucou ela. — Senhora Wayne.
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  — Repete isso e será enforcada por suas plantas — a ameacei.
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  — Nossa, não precisa exagerar. — Ela riu e retirando uma máscara do bolso. — Coloque.
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  Respirei fundo e peguei a máscara, colocando em seguida.
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  — O que faz aqui? — perguntei.
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  — Não vai agradecer? — perguntou ela.
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  — Você já me deve muitos favores, considere menos um na conta, agora responda.
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  — Nossa, está mais amarga que nunca — brincou soltando uma gargalhada boba. — Eu estava negociando com um cliente que queria dar férias ao pai, quando vi você passar correndo, sabia que tinha algo errado quando virou neste beco sem saída, afinal você conhece as ruas de Gotham melhor que a polícia.
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  — Isso é verdade — tive que concordar.
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  Conhecia a cidade melhor até que o morcego.
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  — Então, fiquei no canto esperando até que reagisse e batesse neles homens fedorentos — continuou. — Você demorou hein, amiga.
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  — Estava dormindo — expliquei.
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  — Então é real, você e ela são pessoas diferentes. — O olhar de espanto estava estampado nela. — Que loucura.
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  — Uma loucura que você vai guardar a sete chaves e não perderá nenhuma.
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  — Claro que não, eu prezo nossa amizade, se estou livre daquela prisão é graças a você, e jamais a trairia.
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  — Bom saber. — Cruzei meus braços avaliando seu olhar.
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  Eu sabia quando Ivy mentia para mim.
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  — Ah, uma novidade, agora todos me conhecem como Hera Venenosa — comentou ela com ar de conquista.
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  — Para mim, continuará sendo a mesma Ivy boba e fascinada de sempre. — Eu ri da careta que ela fez. — E por falar nisso, cuidado com o patrulheiro da noite — disse me referindo ao Batman. — Não estamos muito bem ultimamente, se ele te pegar não poderei ajudar.
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  — Pode deixar, meus negócios são discretos e sem rastros — garantiu.
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  — Assim espero. — Encostei-me na parede e olhei para a início do beco. — Por que mandou aquela mensagem? Eu deveria saber que aquele H era coisa sua.
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  — H? De que mensagem está falando? — ela riu.
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  — Não tem graça, eu sei que foi você, pensou que pudesse ter ligação com a explosão do laboratório das Indústrias Wayne.
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  Ela deu um salto e subiu na escada do prédio, se sentando nela.
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  — Como eu disse, não tive nada a ver com isso — repetiu pela milésima vez.
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  — Eu sei.
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  — Mas, andei ouvindo algumas coisas sinistras no beco do crime — comentou. — Envolvendo seu amigo Hush.
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  — O que o Hush está fazendo? — perguntei.
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  — Ele quer a todo custo descobrir quem é o Batman, ele sabe que você viu o rosto do morcego.
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  — Parece que Gotham inteira sabe disso.
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  — A culpa é do Dimitri, que saiu espalhando para todos, quando me lembro do que aconteceu com ele, fico até feliz.
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  — Que mulher vingativa.
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  — Ele colocou a minha cabeça a prêmio, não se lembra? — a olhei séria.
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  — Bem, Hush não vai descansar até descobrir. — Ela tinha razão. — Então, tome cuidado.
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  — Eu sei, e por isso, preciso de outra roupa — pedi. — Pois essa é da e será vista por todos nos jornais de amanhã.
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  — Vai deixar ela jogada nesse beco?
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  — Talvez, seria um ótimo susto para seu marido — eu ri.
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  — Se não for muito desconforto, tire o vestido e vem comigo, tenho um lugar aqui perto que vai gostar de passar a noite — disse ela.
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  Assenti sem o menor pudor e a segui pelos dutos do esgoto, fazia tempos que não passava por caminhos tão “tortuosos” assim. Chegamos a uma velha loja de ferramentas que pelo que me lembrava, tinha pegado fogo ano passado, e ninguém requereu o imóvel. Entramos e Ivy me guiou até uma porta que dava para um porão subterrâneo.
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  — Nossa — disse após terminar de descer as escada e me surpreender com o lugar luxuoso e limpo que encontrei. — Por esse não esperava.
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  — Achou o quê? — ela riu de mim. — Que eu vivia mesmo no esgoto?
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  — Não exatamente — ri junto. — Preciso de um banho.
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  — Segunda porta á direita — direcionou.
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  Seu banheiro também era bastante confortável, me lembrava o da mansão. Fiquei alguns minutos em sua clássica banheira vitoriana, aproveitando da água quente até meu corpo relaxar. Quando saí enrolada no roupão de banho, reconheci peças de roupas minhas em cima do sofá.
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  — Onde achou isso? — perguntei.
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  — Esqueceu que deixou algumas roupas suas comigo antes da sua viagem de férias?
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  — Verdade.
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  Tinha me esquecido de muitos detalhes de antes do casamento.
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  — Selina. — Ela me olhou séria.
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  — O quê?
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  — O que eu te disse foi sério, não foi eu quem te mandou aquela mensagem. — Seu olhar estava fixo em mim e sincero.
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  — Se não foi você… Quem é o outro H?
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  Somente um nome vinha em minha mente… Hush.
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“Enquanto a noite me cega
Você entra novamente sem ser notada.”
– Obsession / EXO

9. Wayne

  Eu não sabia onde estava e nem como tinha chegado àquele lugar, até que olhei para o lado e vi um bilhete deixado pela Selina, dizendo que estava tudo bem e que sua amiga me ajudaria e voltar para casa. Mas espera aí. A Selina tinha uma amiga além de mim? Levantei meu olhar e vi uma mulher ruiva parada perto de um jardim vertical, parecia concentrada em sua poda nas plantas que estavam suspensas. Me espreguicei de leve e levantei.
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  — Bom dia senhora Wayne — disse a mulher tranquilamente.
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  — Bom dia — sussurrei dando alguns passos para me aproximar. — Onde estou?
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  — Em minha casa. — A mulher virou seu rosto para mim. — Bem-vinda.
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  — Você sabe quem eu sou?
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  — Não se preocupe , a Selina me contou tudo e seu segredo está guardado comigo. — Ela sorriu com graciosidade. — Jamais trairia minha melhores amigas.
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  Então eu era sua amiga? Cocei a cabeça de leve, tentando me adaptar àquela realidade, em que eu estava no universo da Selina conhecendo sua amiga.
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  — Além de sua casa, que lugar exatamente seria esse? — perguntei, olhando em minha volta. — Aqui parece um…
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  — Porão — completou ela.
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  — Sim, um porão — confirmei.
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  — Estamos no porão de uma loja que explodiu recentemente. — Ela parou de podar as plantas e virou todo o seu corpo em minha direção — A Selina disse que estava procurando um lugar para alugar ou comprar, este imóvel está às moscas e eu preciso continuar aqui.
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  — Selina quer que eu compre este imóvel — conclui.
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  — Sim, seria um bom negócio para você e ajudaria uma amiga a não perder seu lar. — Ela sabia argumentar.
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  — Vou pensar na sugestão. — Olhei para tentar achar minha carteira.
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  — Nem adianta, Selina deixou tudo seu jogado no beco em que te salvou — explicou ela.
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  — E como vou voltar para casa? — Cruzei os braços.
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  — Ela te aconselhou a ficar aqui por mais alguns dias, assim seu marido ficaria louco — ela riu, me lembrava a risada da Selina.
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  — Não posso, preciso chegar em casa — retruquei.
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  — Tudo bem então, eu te ajudo a chegar em casa.
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  Ivy, como queria ser chamada, me deu uma toalha para que tomasse um banho quente e me deu um pouco de chá para me esquentar, tinha que admitir que o dia estava frio. Antes que eu chegasse a escada para a parte da loja, senti uma leve tonteira e alguns calafrios, não conseguia entender o que estava acontecendo comigo, até que minhas pernas bambearam e perdi a consciência.
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  Onde eu estava agora? Me perguntei ao despertar sentindo uma dor maluca em minha cabeça, estava desconfortável, mas quente. Movi minhas pálpebras as abrindo lentamente e finalmente me vi dentro do carro do Batman, que estranho eu estar ali.
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  — O que está acontecendo? O que você fez, Selina? — sussurrei ao abrir a porta e sair.
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  O carro estava na caverna da mansão, o que significava que eu estava em casa, teoricamente. Mas como tinha chegado lá se estava na casa da Ivy?
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  — O chá — constatei.
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  Claro que tinha algo naquele chá de camomila com gosto estranho. Ouvi algumas vozes vindo em minha direção, eram Bruce e Alfred descendo as escadas.
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  — . — Bruce estava com uma voz rouca e pouco trêmula, seu olhar preocupado.
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  — Oi Bruce — disse em sussurro.
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  Eu não sabia como reagir, mas ele veio de encontro a mim e me abraçou forte.
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  — Estava preocupado com você — disse ele de imediato. — A polícia encontrou suas coisas no beco do crime, eu não te achei naquela noite, nem a Selina.
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  — Eu estou bem, não se preocupe — mantive meu tom baixo me afastando dele.
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  Ele me olhou confuso por minha reação fria com ele.
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  — Nós estamos bem? — perguntou.
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  — Sim. — Me afastei mais. — Eu só preciso descansar.
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  — Onde estava? — indagou ele.
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  — O quê? — O olhei.
  — Perguntei onde estava.
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  — Não é o bastante saber que sua esposa está bem? — me alterei de leve.
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  — Minha esposa ficou desaparecida por dois dias — retrucou ele. — E agora volta agindo de forma estranha.
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  — Forma estranha? — Coloquei a mão na cintura indignada. — Disse que estou a dois dias desaparecida, você realmente foi me procurar?
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  — Está duvidando?
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  — Não sei — o confrontei.
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  — O que a Selina fez com você?
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  — A culpa não é da Selina — a defendi. — Ao contrário de você, ela… A Selina fez o que você não teve coragem de fazer.
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  — O quê?
  — Me proteger. — Senti meus olhos lacrimejarem — Ao invés de me proteger, você só me acusou, não pensei que eu esqueci suas palavras na noite do coquetel, por sua culpa eu cheguei naquele beco, me perdi nas ruas da cidade…
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  — … — ele tentou me interromper.
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  — Eu não quero te ouvir, não agora, Bruce, estou zangada com você e não quero mais brigar. — Me afastei mais. — Me deixe sozinha por enquanto.
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  Passei por Alfred que permaneceu todo aquele tempo em silêncio nos olhando discutir. Chegando ao quarto, tranquei a porta e sentindo meu corpo desfalecer até chegar ao chão, me entreguei ao choro que estava preso dentro de mim. Eu não queria dar razão a Selina quando acusava meu marido de ser egoísta, mas Bruce estava sempre agindo assim, sempre conforme seus interesses. Passei o resto do dia trancada no quarto sem comer nada.
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  A semana se passou comigo concentrada no projeto da marca de roupas, em reuniões com o advogado e contador de confiança da minha família e uma pequena ajuda do senhor Fox, em sigilo claro, segui tentando ignorar a presença do meu marido durante aquele tempo e pedindo a Selina para se comportar. Na manhã de quinta-feira, acordei cedo e marquei um café da manhã com Barbara Kean, precisava contar a ela sobre a localização da nossa empresa.
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  — Quando me convidou para o café na mansão Wayne, fiquei impressionada e ansiosa — disse ela ao se sentar na cadeira. — Agora estou empolgada.
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  Tinha pedido Alfred para improvisar uma mesa de café no jardim, apesar do tempo estar frio e com leve neblina, um pouco de ar me faria bem.
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  — Eu que agradeço por aceitar. — Sorri de leve me sentando também.
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  — Vamos ao café primeiro?
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  — Claro.
  Começamos a saborear o nosso desjejum, aos poucos Barbara foi introduzindo alguns assuntos sobre mim e meu leve desaparecimento.
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  — Quando suas coisas foram encontradas naquele beco, deu muita fofoca sobre ter sido sequestrada — disse ela ao levar a xícara na boca. — Pior, teve alguns jornais que disseram que tinha fugido com um amante.
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  — Nem um e nem outro — desmenti. — Confesso que quase fui assaltada na noite em que eu desapareci, mas estou bem aqui.
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  — Que bom.
  — E tenho uma boa notícia.
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  — Surpreenda-me.
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  — Encontrei um bom lugar para instalarmos nossa marca.
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  — Sério?
  — Sim — assenti. — Existe uma loja abandonada em um ponto remoto de Gotham que poderíamos movimentar novamente, tenho uma pessoa conhecida de uma amiga minha que tem tomado conta do lugar e poderá trabalhar conosco.
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  — Estou começando a gostar da ideia — disse ela. — Talvez em um lugar mais remoto chame a atenção das pessoas e desperte a curiosidade.
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  — Foi o que pensei, vai ser um bom negócio.
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  — Espero não termos problema para adquirir o tal imóvel. — Observou ela. — Ouvi dizer que aquela área é comandada por um chefão do crime.
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  — Não será problema, uma boa oferta e até um homem da máfia se rende — disse firme. — Por acaso você sabe de quem é?
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  — Hum… Ouvi boatos que o chamam de Pinguim — respondeu ela — Mas não sei exatamente quem seja ele.
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  — Bem, tenho uma amiga que pode cuidar desse assunto para nós — assegurei. — E por falar em amiga, aquela ideia de somente mulheres trabalhando em nossa empresa, estou totalmente de acordo.
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  — Nosso negócio será um sucesso, não tenho dúvidas, e além do mais, teremos o apoio do prefeito Cobblepot — completou Barbara.
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  — O que terá o apoio do prefeito? — perguntou Bruce ao se aproximar de nós.
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  — Nossos projetos para o futuro — respondi para ele.
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  — Ah sim, me desculpem, senhoras, por interromper o café. — Ele me olhou com serenidade — Posso ter a atenção de minha esposa?
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  — Bem eu…
  — Ah, eu já estava de saída. — Barbara se levantou. — Já terminamos o café e espero minha sócia amanhã para formalizarmos tudo. Não precisam se preocupar, sei o caminho da porta.
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  Ela se afastou de nós apressadamente. Bruce manteve seu olhar em mim e eu nele, enquanto me levantava da cadeira.
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  — Diga.
  — Me desculpe. — Ele segurou em minha mão. — Tem sido complicado, mas não posso agir assim com você, como um bobo ciumento.
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  — O que tem sido complicado, Bruce? — Mantive minha face séria.
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  — Você, Selina, ambas distintas e ao mesmo tempo a mesma pessoa, sei que também tenho o meu outro lado, mas é tão complicado unir tudo e deixar harmônico. — Ele entrelaçou nossos dedos.
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  — É complicado porque você sempre quer que as coisas saiam do seu jeito, nem tudo será assim — suavizei minha voz.
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  — Eu tenho ciúmes de você — confessou ele. — Não somente com o Thomas, mas com qualquer homem que se aproxime dela, e sim, tenho ciúmes da Selina porque ela é uma parte de você, o que me faz amá-la também.
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  — Eu te amo. Bruce. — Sorri de leve.
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  O olhar sincero de Bruce conseguia derreter qualquer bloco de gelo que eu pudesse colocar entre nós dois, eu sabia que aquelas palavras eram uma conquista serem ditas por ele com tanta clareza.
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  — E quando digo isso, falo por nós duas — confirmei.
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  Bruce me abraçou forte, me aninhando em seus braços.
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  — Obrigado Selina, por protegê-la, eu prometo protegê-las sempre a partir de agora — sussurrou ele em meu ouvido.
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  — Bruce. — Me afastei um pouco dele e o olhei sorrindo. — Você realmente me procurou?
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  — Sim, de todas as formas possíveis — garantiu. — Não pode mesmo me dizer onde estava?
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  — Na casa de uma amiga da Selina.
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  — A Selina tem amiga?
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  — Também achei incrível quando descobri.
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  — Sei que tenho brigado muito com ela, mas saiba que confio nela — assegurou ele.
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  — Agradeço por isso.
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  Sim, aquele era o nosso momento de reconciliação que perdurou todo o dia, tanto que fiz Bruce desmarcar uma reunião com o senhor Fox para aproveitar ainda mais nosso momento casal do ano. Estar nos braços do meu marido era reconfortante, estava feliz por Bruce se abrir comigo sobre seus sentimentos e temores, ter confessado que confiava em Selina era o melhor de tudo.
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  — O que vai acontecer agora? — perguntei enquanto estávamos sentados no sofá da biblioteca.
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  — Não sei. — Ele continuou acariciando meus cabelos. — Só vamos ficar juntos esta noite.
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  — Só nós dois? — O olhei admirada.
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  — Sim, só nós dois, sem Selina e sem Batman.
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  — Meu marido Bruce Wayne vai passar a noite em casa?
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  — Vai. — Ele sorriu e me deu um selinho. — Gotham pode ficar uma noite sem seu guarda noturno.
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  Abri um largo sorriso e logo foi desfeito por um beijo apaixonado dele. Talvez aquela noite seria um remake da nossa lua de mel, ou ainda mais intensa, mas estava feliz por estar nos braços do meu marido. A mansão Wayne seria pequena para nós dois.
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– x –

Selina Kyle

  Não negarei meu contentamento pelo casal do ano, se estava feliz eu também estava. Pior, eu estava surtando pela declaração de Bruce para mim. O que ele achava? Que eu me apaixonaria por seu lado protetor de Gotham? Talvez… Não iria dar meu braço a torcer, mas…
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  Me espreguicei de leve enquanto caminhava pelo beiral do prédio, feliz por não ter ficado zangada comigo por tê-la deixado desaparecida por dois dias, mas Bruce precisava de um choque de realidade. Voltei meu olhar para trás e vi Hush encostado na parede me olhando de braços cruzados.
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  — Me esperando? — perguntei com um tom sério.
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  — Sabe Selina, a cada minuto que penso em você, mais minha curiosidade aumenta — disse ele. — De onde ela veio, quem é a mulher por trás daquela máscara.
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  — Jamais saberá — disse.
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  — Você acha? — Ele se afastou da parede e veio até mim. — Acha mesmo que eu não sei quem você é?
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  — Se soubesse já teria falado. — Cruzei os braços. — Somos amigos, Hush, mas amigos também possuem segredos.
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  — Eu sei, por isso não vou contar o seu. — Ele me olhou profundamente. — Mesmo sabendo que isso me ajudaria a chegar nele.
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  — Do que está falando? Em quem você acha que chegaria?
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  — Você sabe do que estou falando. — Ele segurou em minha mão. — Eu já a beijei uma vez, o que aconteceria se fizesse novamente?
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  — Você não fará. — Eu toquei em seu tórax o mantendo longe. — Não vou deixar.
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  — Por que é tão leal a ele?
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  — Mais uma vez não sei do que está falando.
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  — Terei que te mostrar então. — Ele segurou em meu braço com força e retirou suas máscara.
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  Thomas Elliot. Pensei comigo, o amigo de infância de . Será que ele sabia que ela, eu, Bruce?
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  — Não se preocupe, eu sei guardar segredo — disse sorrindo de canto.
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  — Claro que sabe. — Ele me puxou para perto dele.
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  Hush tentou forçar um beijo, mas claro que eu era bem mais esperta que , e logo lancei minha perna em seu abdômen, girei meu corpo para soltar meu braço dele e o soquei.
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  — Jamais toque em mim, sem minha permissão — disse num tom forte.
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  — Acha mesmo que vai ficar assim? — ele riu. — Eu sei quem você é, eu sei quem ele é.
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  — Você sabe? — uma voz grossa surgiu de trás de mim. — Então prove, Thomas Elliot.
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  — Olha só, a reunião de família — Hush riu novamente. — Assim poderei eliminar ambos de uma vez só.
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  Antes que eu pudesse fazer algo, Batman passou por mim e socou ele novamente.
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  — Acho que você precisa de umas férias em Arkham — disse Batman.
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  — Eu… — tentei me pronunciar, mas não sabia o que dizer.
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  — Não se preocupe, ele é o único que sabe. — Batman sorriu de canto. — Me espere aqui.
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  Ele segurou forte Hush e pegando sua máscara do chão, o levou para dentro do prédio. Hush estava sendo procurado pela polícia por algumas contravenções e agora Batman teria o prazer de entregá-lo ao comissário Gordon. Eu me mantive ali onde estava até que o bom marido de retornasse para me buscar, aquela era a primeira noite em meses que isso acontecia.
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  — Está tudo bem? — perguntou ele ao retornar.
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  — E como ficará o Hush?
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  — Onde ele deve ficar.
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  Eu poderia até retornar para casa naquele momento, mas estava feliz pela calmaria entre nós que queria aproveitar a noite para realizar algumas travessuras que não machucaria ninguém. Quando voltei para a mansão Wayne, curiosamente Bruce estava no quarto me esperando, ele sabia que não era e sim eu ali.
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  — Não é normal você estar de volta antes de mim — brinquei ao fechar a porta do quarto.
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  — Vim em missão de paz, Selina — ele riu.
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  — É estranho te ver assim, sem o traje — comentei.
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  Ele sorriu de canto.
  — Eu amo a , e você faz parte dela.
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  — Eu já ouvi, fico feliz pelos dois.
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  — Tem certeza? — Ele se manteve de braços cruzados. — O que aconteceu com o Thomas…
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  — Eu juro que não sabia que ele era o Hush.
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  — Desde quando se conhecem?
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  — Já tem muito tempo, sabe que conheço quase toda a escória de Gotham — eu ri como se fosse algo grandioso. — Todos sabem quem é Selina Kyle.
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  — Sim, todos sabem. — Ele mordeu seu lábio inferior como se tivesse pensando em algo.
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  — O que foi?
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  — Desde que prendi o Joker em Arkham, todos os dias se levanta alguém tentando ser o rei do crime — comentou ele. — E quanto mais combato eles, mais aumenta a porcentagem de caras maus nas ruas.
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  — Batman está ficando velho? — brinquei.
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  — Talvez — ele riu junto. — Mas… Tenho pensando em uma coisa.
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  — O quê?
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  — O crime jamais vai ter fim, isso é uma realidade, mas talvez se eu tiver alguém para controlar. — Seu olhar intenso para mim dizia tudo.
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  — Você quer que eu me torne a rainha do crime? — perguntei entendendo suas intenções.
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  — Todos a conhecem, muitos a temem e você é a única que sabe o segredo do Batman — explicou. — É perfeito.
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  — E ?
  — Com certeza ela vai aprovar. — Ele voltou a ficar sério. — O que acha? Podemos ter esse acordo?
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  — Eu controlando o crime em Gotham. — Sorri de canto. — Nunca me passou isso pela cabeça… Mas não acha que vão suspeitar?
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  — Se acontecer, resolvemos.
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  — Tudo bem então.
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  — Temos uma aliança? — Ele estendeu a mão. — Pelo bem de Gotham.
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  — Temos. — Eu me aproximei dele e apertei sua mão, e sussurrei — pelo bem da nossa família.
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  Ao respirar fundo, assim que senti o cheiro do seu perfume, meu estômago embrulhou todo e corri para o banheiro, vomitei assim que abri a tampa do vaso sanitário. Mais uma vez aquela náusea retornou, já tinha algumas noites que eu me sentia assim enjoada sempre que voltava para casa e sentia o perfume de Bruce quando passava por suas roupas no closet.
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  Levantei ao terminar e lavei a minha boca. Me olhei no espelho por um momento e constatei.
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  — Não acredito, , você está grávida — disse em voz alta.
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  — O quê?! — O reflexo de Bruce apareceu no espelho com um olhar assustado e surpreso.
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E todas as palavras
Você mostrou que acredita em mim
Mesmo se todos mudarem e me deixarem
Você é minha lady
Tudo que eu preciso é para você segurar minha mão.
– Call Me Baby / EXO

10. Gotham

  A suspeita de Selina sobre minha gravidez se confirmou assim que o resultado dos exames saíram. Estava tão surpresa quanto Bruce, porém menos emocionada que ele na primeira ultrassom. Até mesmo Alfred se empolgou com a notícia e assegurou que nos ajudaria a criar o próximo herdeiro Wayne. A notícia se espalhou rapidamente após o anúncio de Bruce em uma reunião nas Indústrias Wayne, com direito a um almoço comemorativo com a presença de pessoas influentes da sociedade.
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  — Felicitações pelo bebê — disse a diretora Margareth ao me cumprimentar. — Já sabem o sexo?
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  — Ainda não — respondi aceitando seu cumprimento. — Ainda estamos no início da gravidez.
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  — Mais um Wayne vindo ao mundo — disse o prefeito ao se aproximar de mim. — Gotham está feliz com isso.
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  — Será?! — retrucou Bruce ao segurar minha mão. — Metade das pessoas dessa cidade não gosta da minha família e a outra metade não se importa.
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  — Não diga isso — o prefeito interviu. — Gotham deve muito à família Wayne, principalmente por ajudar na economia da cidade.
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  — Nisso tem razão prefeito — concordou Margareth.
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  A comemoração foi bonita, mas eu estava me sentindo tão cansada que não consegui aproveitar muito, Bruce me levou para casa pouco depois que o almoço foi servido. Me deitei na cama e fiquei olhando para a janela, o tempo tinha se fechado e começou a chover. Me distraí vendo os pingos da chuva escorrendo pelo vidro, até que Bruce entrou no quarto.
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  — Está silenciosa — disse ele ao encostar na parede ao lado da porta. — Desde o almoço.
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  — Estou preocupada — admiti.
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  — Com o quê?
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  — Minha gravidez — respondi. — Bruce.
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  — A Selina te preocupa?
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  — Sim, talvez. — Respirei fundo. — Agora que ela será a rainha do crime, não sei o que pode acontecer, podem descobrir que somos a mesma pessoa, minha barriga vai crescer uma hora.
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  — Vamos pensar no que fazer depois. — Ele se afastou da parede e caminhou até a cama. — Por agora, vamos somente viver o hoje.
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  — Seu olhar me transmite segurança sabia. — Sorri de leve para ele.
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  — Eu sei. — Ele se deitou em meu lado e me aninhou em seus braços. — Seremos uma família feliz, apesar de não sermos uma família normal.
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  Nós rimos.
  — Não somos mesmo uma família normal — concordei encostando minha cabeça em seu tórax. — Se lembra do nosso casamento?
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  — Sim. — Ele começou acariciar meus cabelos. — Fiquei surpreso quando descobri que minha noiva era a garota que eu colei chiclete no cabelo dela.
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  — Seu malvado — eu ri. — Poderíamos ter sido amigos de infância.
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  — Talvez.
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  — Depois que você e o Thomas fizeram aquilo comigo, me mudei para Metrópoles — continuei. — Então eu soube da morte dos seus pais…
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  — Não foi uma época muito boa da minha vida — comentou ele. — Quando meus pais morreram, senti meu mundo desabar, não sabia o que fazer nem como eu ficaria, me escondi atrás da minha dor por muitos anos e tentei seguir em frente apenas com a vontade de fazer justiça.
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  — Sinto muito por não terem encontrado o assassino dos seus pais — disse. — Quando minha mãe faleceu, também me senti sozinha, mas ainda tinha meu pai.
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  — Durante muito tempo Alfred foi a minha única família. — Ele se remexeu e ficou de frente para mim. — Agora tenho você e nosso bebê. Será que sou merecedor disso?
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  — Claro que é. — Eu o beijei. — E será um excelente pai, Bruce Wayne.
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  — Como pode ter certeza disso?
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  — Você é um excelente marido — eu sorri. — Mesmo chegando de madrugada.
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  Nós rimos.
  — Me desculpe por isso.
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  — Não se desculpe Bruce, eu já entendi que Gotham precisa de você tanto quanto precisa da Selina — assegurei. — Ficaremos bem.
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  Ele me beijou com suavidade.
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  Alguns dias se passaram e finalmente a inauguração da minha marca de roupas e acessórias estava sendo lançada. Em um coquetel muito bem divulgado pelas mídias da cidade, muitas pessoas foram nos prestigiar, até mesmo o comissário Gordon apareceu para desejar sorte em nosso negócio. Barbara era claramente a pessoa mais feliz e empolgada da noite.
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  — Estou orgulhoso de minha esposa — disse Bruce ao me abraçar por trás colocando as mãos na minha barriga. — Muito mesmo.
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  — Sel não é a única mulher de negócios aqui — brinquei falando num tom baixo.
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  — Sim — concordou ele.
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  — A partir de hoje, será um novo ciclo em nossas vidas — me virei para ele —, não é?
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  — Sim, hoje ela vai sentar no trono.
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  — Estou tão empolgada por mim e por ela — confessei. — E você? Como está?
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  — Além da preocupação de sempre?
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  Eu ri dele.
  — Consigo me manter focado — garantiu ele. — Sempre protegendo nossa família.
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  — Sim. — Dei um selinho nele. — Eu te amo, Bruce Wayne.
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  — Eu também de amo, Wayne — declarou ele.
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  Confesso que foram poucas as vezes que consegui tirar essas palavras dos lábios dele, e sempre me sentia eufórica por dentro quando ele falava. Eu estava feliz, e minha vida razoavelmente completa. Agora nossa nova meta era somente esperar por nosso bebê vir ao mundo.
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– x –

Selina Kyle

  Suspirei um pouco ao me olhar no espelho. Toquei de leve em minha barriga, ser mãe era uma experiência que não imaginava viver. Mas claro que isso aconteceria um dia, o casal do ano eram sempre intensos em seus momentos de amor. Me espreguicei de leve e peguei o elástico em meu bolso e prendi o cabelo, aquela noite era um tanto decisiva para mostrar a todos que eu mandava na escória de Gotham agora.
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  Saí do quarto com minha máscara na mão e desci as escadas, Alfred estava na sala organizando os jornais desta manhã.
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  — Senhorita Kyle — disse ele me reconhecendo. — Deseja algo?
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  — Onde está o Bruce? — perguntei.
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  — Na caverna, senhorita — respondeu ele. — Acredito que esteja de saída, a senhora Wayne disse que hoje à noite seria preocupante para ambos.
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  — é um tanto medrosa, mas sabe que posso me cuidar.
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  — Senhorita, só peço que tome cuidado — disse ele com serenidade. — Eu conheço o patrão Bruce desde quando nasceu, estive com ele em todos os momentos, difíceis e felizes, posso dizer com clareza que a chegada da patroa nesta casa foi a melhor coisa que lhe aconteceu.
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  — Por que está me dizendo isso?
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  — Porque assim como o patrão Bruce, eu também me preocupo com vocês duas, e ainda mais com este bebê aí dentro.
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  — Fique tranquilo, Alfred, nós estamos seguras — assegurei. — Temos um guardião da noite para nos proteger.
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  Apesar de não precisar, eu contava sim com a segurança que Bruce transmitia para sua esposa. Me afastei dele e segui para a biblioteca, então entrei pela passagem e desci as escadas para a caverna, Bruce já estava em seu traje, com sua atenção voltada para o computador.
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  — Boa noite, patrulheiro — brinquei ao me aproximar.
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  — Boa noite. — Ele desviou seu olhar para mim.
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  — Por que está com esta roupa, não combinamos que você ficaria em casa hoje? — Cruzei os braços.
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  — Precaução.
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  — Não confia em mim?
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  — Não confio em Gotham. — Ele estava sério.
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  — Eu sei me cuidar, Bruce.
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  — Me chame de Batman — corrigiu ele.
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  — Ah sim, com esta roupa você não é mais o marido do ano — ri ironicamente. — Eles não vão descobrir quem eu sou, menos ainda que estou grávida, fique tranquilo, minha amiga irá me ajudar e será minha porta voz, após esta noite.
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  — Fala da Ivy?
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  — Ela mesmo, pode confiar que ela jamais vai nos trair, ela me deve a vida — assegurei. — Eu só preciso me estabelecer e mostrar quem manda agora.
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  — Eu vou com você. — Ele se aproximou de mim.
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  — Não precisa.
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  — Já disse que vou.
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  — Já disse que não precisa. — Eu toquei em seu tórax. — já disse que você fica sexy nessa roupa?
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  — Pare de desviar a conversa. — Seu olhar continuava sério.
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  — Não estou desviando — eu ri. — Ela realmente fez um bom casamento… Eu me lembro da primeira vez que você me trouxe para cá, foi uma noite maravilhosa.
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  — Selina.
  — Não vou mais demorar, preciso iniciar meu império em Gotham. — Me afastei dele. — Ah… E como anda seu amigo da criptonita?
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  — Por que quer saber dele?
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  — Ouvi boatos que roubaram o cofre em que as pedras que peguei para ele estava — respondi. — Se quiser minha ajuda novamente, só chamar.
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  — Não se preocupe, já estamos cuidando disso, mas se conseguir alguma informação — ele cruzou os braços —, será bem-vinda.
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  — Você não dá mesmo o braço a torcer, Batman. — Mordi meu lábio inferior. — Mas tudo bem, se eu souber de mais alguma coisa relacionada ao Superman, te aviso, como já disse, conheço muita gente interessante.
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  — Eu me lembro disso.
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  Sorri de canto e me retirei da caverna em sua moto, eu amava aquela moto. Me fazia sentir ainda mais livre, como a noite de Gotham, que parecia mais densa naquele dia. Parti para minha reunião de posse, com a ajuda de Ivy, todos foram reunidos em um galpão nas docas do porto. Era o lugar perfeito para as mais diversas negociações.
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  — Todos silêncio — disse Ivy assim que cheguei.
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  — Boa noite damas e cavalheiros — disse ao me sentar na cadeira reservada para mim. — Todos aqui sabem que não foram chamados à toa, depois que Joker foi preso em Arkham e sua parceira Arlequina foi confiscada pelo governo americano, esta cidade vem se tornando a cada dia um caos.
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  — Esta cidade está assim graças a você — acusou o mafioso Conam. — Foi você quem entregou Dimitri para o morcego, você é uma traidora.
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  Eu me levantei e subi em cima da mesa, caminhando até ele, me agachei e lançando minha perna direita prendi o salto do meu sapato em seu pescoço.
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  — Diga isso novamente — ordenei.
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  — Não é mentira, Selina. — Pinguim se levantou da cadeira. — Todos aqui sabemos que tem ligação com o Batman, que sabe quem ele é.
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  — E todos vão se opor a mim? — Eu me afastei de Conam e permaneci de pé sobre a grande mesa. — Eis aqui minha proposta, eu serei a rainha do crime de Gotham, se andarem na linha, não deixarei que ele atrapalhe os negócios de todos.
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  — E se não concordarmos?
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  — Então…
  Eu nem tive a chance de terminar meus argumentos. A pequena parte de vidro do telhado se quebrou e o homem de capa caiu em nosso meio. Ele ainda tinha estilo que me deixava atraída, de certa forma era meu marido. Segurei o riso e olhei para cara assustada de todos, principalmente de Don Falcone.
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  — Você o trouxe aqui — acusou novamente Conam.
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  — Não me contive em ficar… — disse Batman ao parar na minha frente.
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  — Imaginei. — Me voltei para Conam. — Agora será assim, eu sou a nova rainha de Gotham, e aquele que se recusar a aceitar, já sabe o destino.
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  Apontei para Batman, que permanecia em silêncio. Ele desceu da mesa e caminhou até o canto mais escuro do galpão, com todos um tanto temerosos do que poderia acontecer.
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  — A reunião está encerrada, quando precisarem falar comigo… — Apontei para minha amiga. — Ivy estará à disposição para ajudar.
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  É claro que não seria fácil controlar a escória daquela cidade, mas faria esse esforço. Antes que todos se retiraram, pedi para que Pinguim me acompanhasse até o lado de fora pelos fundos.
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  — Posso te ajudar em algo? — perguntou ele. — Sabe que tenho muita influência.
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  — Sim, eu sei muito bem — disse. — E meu guardião ali também sabe quem você é prefeito Cobblepot.
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  — E presumo que usará isto para me chantagear — disse ele.
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  — Não, você é nosso aliado, continue sendo um bom prefeito que eu continuo assegurando que seus negócios ilegais não sejam descobertos. — Sorri de canto.
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  — Sabe que não tenho mais nenhum negócio ilegal. — Ele ficou sério.
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  — Eu sei, estava brincando — ri de leve. — Preciso da sua ajuda para manter algumas pessoas em Arkham, e sei que somente o prefeito pode assinar definitivamente a saída de um paciente de lá.
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  — Quer manter Joker encarcerado?!
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  — Sim — admiti.
  — Está com medo dele voltar e tomar o trono? — perguntou.
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  — Não, mas não quero ter preocupações desnecessárias com ele e sua companheira.
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  — Arlequina já está de posse do governo assim como o Pistoleiro, ouvi dizer que ambos fazem parte de um esquadrão secreto, algo assim.
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  — Não me importo com o que eles fazem, contando que não me atrapalhem. — Respirei fundo. — Entretanto, tenho uma boa amizade com o Pistoleiro e garanti a ele que sua filha seria muito bem protegida e cuidada, antes mesmo dele ser recrutado pela Amanda Waller.
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  — Acho que já podemos encerrar esta conversa — disse ele movendo seu olhar para trás de mim.
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  — Sim, podemos — assenti. — E uma amiga pediu para agradecer por ter vendido aquele imóvel para mim.
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  — Foi um bom negócio, não me custou nada. — Ele se retirou apressadamente.
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  Então me voltei para sua direção e vi Batman agachado em cima de um container. Quando me impulsionei para ir até ele, Ivy se aproximou de mim com a informação que tinha lhe pedido. Dei algumas instruções para ela e voltei meu olhar para a direção dele, porém já tinha desaparecido. Odiava quando isso acontecia.
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  Demorei um pouco para voltar para casa, precisava montar meu próprio esquadrão, e como havia feito em seu negócio, somente mulheres trabalham para mim.
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  Chegando em casa pouco antes do amanhecer, Batman me esperava em sua caverna, encostado no carro e de braços cruzados. Como se esperasse por uma resposta.
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  — Então — perguntou ele.
  — Acho que tenho muitas informações para seu amigo Superman. — Sorri de canto. — E não são tão boas assim.
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  — Diga. — Ele se afastou do carro e veio até mim.
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  — Agora não. — Sorri de leve me desviando dele. — Sua esposa está cansada e tenho uma bebê para alimentar.
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  Brinquei rindo.
  — Estou com fome e precisa de algumas horas de sono — expliquei melhor. — Mas prometo que amanhã à noite contarei tudo o que sei.
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  Ele sorriu de canto e assentiu.
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  Eu estava bem, pois sabia que Bruce ou Batman, não importa a nomenclatura, sabia que ele confiava em mim, e pela primeira vez eu admitia que também confiava nele…
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  E talvez o amava.
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Night, night, for a night, for a
Only if for a night.
– Goodnight Gotham / Rihanna

Fim

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