Frequência Inesperada
Capítulo 1
franziu o cenho com o barulho que lhe invadiu os ouvidos assim que ela entregou o ingresso ao segurança parado à sua frente. Depois de ter a bolsa revistada ela entrou no evento particular da Freq Entertainment.
O som fazia os ouvidos dela vibrarem de um jeito incômodo, quase como se cada batida grave sacudisse alguma parte esquecida do seu corpo. Era mais do que barulho — era uma pressão constante, que se espalhava pelo peito e reverberava nas costelas como se o coração estivesse tentando acompanhar o ritmo sem sucesso. Sentiu o chão sob os pés tremer levemente, o impacto das frequências graves subindo pelas pernas, alcançando a coluna, como se o próprio ar estivesse eletrificado.
O ambiente parecia pulsar junto com a música: luzes estroboscópicas riscavam a escuridão em cortes rápidos e coloridos, enquanto corpos se moviam como se estivessem hipnotizados. não sabia se era a música ou a atmosfera sufocante que causava aquele aperto no estômago — talvez fosse os dois. Aquilo estava longe de ser o tipo de lugar onde se sentia confortável. Mas estava ali. E algo lhe dizia que sair não seria tão simples quanto entrar.
Retirou o celular da bolsa então mandou mensagem no grupo das amigas:
“Já cheguei, será que alguma de vocês pode vir me buscar aqui na entrada? 🥺”
Enquanto aguardava a resposta de alguma das amigas, ainda com o celular na mão, olhou em volta — e se sentiu imediatamente deslocada. O lugar parecia ter saído direto de uma campanha publicitária: luzes coloridas refletiam em paredes de vidro, telas de LED exibiam imagens vibrantes, e um aroma doce, artificial e levemente alcoólico pairava no ar. Tudo pulsava, tudo se movia. Menos ela.
As pessoas ao redor pareciam se encaixar perfeitamente ali. Roupas justas, sorrisos largos, passos seguros. Eram grupos que falavam alto, gargalhavam entre um drink e outro, e pareciam saber exatamente onde pisar, como dançar, quem cumprimentar. , por outro lado, sentia como se tivesse entrado em um filme no meio da exibição — sem roteiro, sem papel, apenas como espectadora involuntária.
Sentiu o próprio corpo rígido, como se até o modo de andar ali tivesse regras que ela não sabia seguir. Ajustou a alça da bolsa no ombro com um gesto automático e desviou o olhar de um casal que se beijava com intensidade exagerada perto de uma das colunas. Aquilo tudo era tão distante do que ela costumava chamar de “confortável” que a vontade de dar meia-volta e ir embora se tornou quase física.
Mas, por algum motivo — talvez o convite insistente das amigas, ou a curiosidade incômoda que a festa causava —, ela permaneceu ali, plantada como uma ilha estática em meio a um mar que dançava.
respondeu para ela ficar exatamente onde estava, que já estava se dirigindo à entrada para buscá-la. As amigas, especialmente e , haviam insistido mais do que o normal para que comparecesse àquele evento da Freq Entertainment, gravadora e agência de vários artistas do entretenimento em geral, da qual e eram funcionárias há bons meses. Além de , e também prestavam serviço para a Freq Entertainment vira e mexe. Ou seja, as amigas todas tinham ligação com a Freq Entertainment, seja por trabalharem de forma direta com a mesma ou como , e , comparecendo aos eventos da mesma sempre que e conseguiam convites.
Mas , não. Aquela era a primeira vez dela em algum evento da empresa. Não havia entendido direito o porque de tanta insistência das amigas para que ela comparecesse àquele evento em específico, mas havia cedido ou as amigas parariam de incluí-la nos planejamentos mais simples, como noite de filmes e jogos, bares mais calmos, cafeterias e viagens. E bom, aquele tipo de programa ao lado de suas fieis escudeiras não poderia arriscar perder.
era o que se podia chamar de reservada, observadora, calada, discreta e caseira. Do tipo que prefere as janelas aos holofotes, os livros aos barulhos, os silêncios aos excessos. Tinha um senso estético delicado, uma fala cuidadosa, e uma forma de estar no mundo que quase sempre passava despercebida — exceto pelas amigas, que a viam exatamente como ela era.
E talvez por isso mesmo insistissem tanto para que, de vez em quando, ela saísse do casulo. Porque sabiam: por trás da calmaria de , existia uma força discreta. Daquelas que mudam tudo — quando aparecem.
Foi tirada de seus pensamentos com a chegada de e , que a cumprimentaram com abraços empolgados e beijinhos no rosto. sorriu sem mostrar os dentes e retribuiu o carinho das amigas.
— Que gata! — elogiou, depois de um rápido assovio.
— Eu nem acredito que você veio mesmo, amiga! — apertou o ombro da amiga com carinho enquanto fazia questão de alargar o sorriso.
— Depois das ameaças de vocês de até me extraditar do país, não tinha como eu não vir! Fiquei com medo de perder nossos brunchs, nossos cafés da tarde, nossas viagens então? Deus me livre! Só isso para me fazer encarar uma balada de gente rica e influente.
As três riram e então passou o braço em volta do ombro da amiga, começando a andar logo em seguida, fazendo se mover também, e acompanhá-la. Os quadris das duas balançando a frente fez ir logo atrás.
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pegou a taça de champanhe das mãos de , e então ela e as amigas brindaram com alguns gritinhos e um sorriso contido de .
— Nós precisamos brindar esse momento histórico de termos a em uma festa da Freq! Isso é quase uma prova de que milagres acontecem sim! — levou a taça até os lábios sugando praticamente o líquido dourado todo para dentro.
concordou com a cabeça, já com a taça nos lábios também. E olhou-me diretamente nos olhos.
— Você não sabe o quanto nós ficamos felizes com você se permitindo e saindo da sua zona de conforto, ! — pude ver os olhos dela brilharem e soube que havia algo de muito genuíno no comentário de minha colega de profissão.
— Só falta agora você se permitir a outras coisas né? Como por exemplo flertar com os vários gatinhos que vamos encontrar por aqui hoje! — Hedi me empurrou levemente com o ombro, arrancando gargalhadas das meninas.
Revirei os olhos e a encarei depois de tomar um gole da bebida.
— Um passo de cada vez, já me esforcei demais para estar aqui com essa barulheira toda no meu ouvido!
— Tá, tá… hoje a gente te dá esse desconto — provocou , erguendo a taça como se selasse um acordo. — Mas amanhã você tá no after com glitter até no umbigo.
Todas riram novamente, mas o clima leve foi interrompido por uma mudança sutil no ar — como se a vibração do ambiente ficasse ligeiramente mais controlada, mais elegante. Era a presença de alguém que sabia exatamente o peso que causava quando chegava.
— Olha só quem resolveu dar o ar da graça — murmurou , virando-se ligeiramente para observar Jaehyun se aproximar.
Com um terno escuro impecável, sem gravata e o primeiro botão da camisa aberto, ele andava com tranquilidade calculada. Uma taça de champanhe pendia entre os dedos e o sorriso em seu rosto era discreto, mas afiado — como se cada palavra dele estivesse sempre prestes a ser um argumento… ou uma provocação.
— Senhoras — cumprimentou, com um leve aceno de cabeça. — Posso interromper a assembleia das bruxas elegantes por um minuto?
— Você já interrompeu, então prossiga — respondeu , impassível, com uma sobrancelha erguida e o queixo levemente inclinado para cima. Havia um brilho nos olhos dela, embora seu sorriso não tivesse se formado por completo.
Jaehyun sustentou o olhar com a tranquilidade de quem conhecia bem o jogo. Aproximou-se um pouco mais, deixando o foco inteiro nela.
— Preciso do seu parecer sobre uma cláusula do contrato da Freq. Mas não se preocupe, é algo simples… envolve vinho, alguns segredos e talvez uma dança.
— A cláusula que você provavelmente vai descumprir — retrucou, levando a taça aos lábios com precisão cirúrgica. — E se for sobre dançar, aviso logo que não aceito convites motivados por excesso de autoconfiança.
As amigas tentaram conter as risadas, trocando olhares cúmplices como quem já estava acostumada com aquele tipo de embate.
— Ainda bem que o meu ego é… funcional. Equilibrado — ele devolveu, com o sorriso agora mais visível.
Em seguida, seus olhos se voltaram para por um instante.
— Prazer vê-la por aqui, . Isso sim é um evento digno de nota.
— Ou um arrasto coletivo das minhas amigas — respondeu ela, com um meio sorriso.
— Ambas as versões servem bem à narrativa — comentou, erguendo a taça em um brinde simbólico.
— Se quer resposta sobre cláusulas, me envie um memorando. Em silêncio — finalizou, virando-se com uma leve revirada de olhos, deixando Jaehyun sorrindo sozinho por um momento.
Era o jeito deles. E todo mundo ali sabia.
A música seguia forte, vibrando contra as paredes e dentro do peito. O grupo de amigas estava junto, mas aos poucos o fluxo de pessoas ia engolindo parte delas, separando-as em pequenos núcleos.
— , vem comigo! — chamou Taeyong, surgindo ao lado com uma bebida em cada mão, os cabelos descoloridos bem penteados para trás e um brilho de entusiasmo nos olhos. — Preciso da sua opinião sobre o visual de uma artista nova da Freq. Te garanto que tá um caos e você vai adorar criticar.
— Me conhece mesmo — ela respondeu, já puxando a própria taça e esvaziando num gole só antes de segui-lo com um sorriso maroto. — Mas se for outro figurino neon com plumas, eu juro que largo essa amizade.
— Então já se prepara pra um colapso — ele riu, abrindo espaço para ela passar enquanto já gesticulava, começando seu monólogo estético antes mesmo de ver o look.
ficou observando a dupla desaparecer entre as pessoas com um leve sorriso no canto da boca. Logo depois, sentiu alguém bater de leve o copo contra o dela.
— Posso te fazer uma pergunta técnica? — disse Mark, meio ofegante, como se tivesse vindo correndo de alguma cabine. Ele usava moletom oversized, correntes no pescoço e um brilho animado no olhar. — A caixa de retorno da cabine C, tá um lixo ou sou eu que tô ficando exigente demais?
— É claro que tá um lixo. Já era um milagre aquilo ainda funcionar. Mas você também tá ficando insuportavelmente exigente — ela respondeu com um arquejo debochado, dando um gole no próprio drink. — Parabéns, Mark. Cresceu.
Ele riu, meio envergonhado, e ficou ali parado ao lado dela por um segundo a mais do que precisava.
— Você quer dar uma olhada comigo? — perguntou, mais casual do que o nervosismo dele permitia parecer. — Prometo não tentar impressionar você… só a aparelhagem.
— Tá. Mas se você tentar me mostrar algum remix seu no caminho, eu te deixo falando sozinho — avisou, já caminhando na frente.
observava a cena com um sorriso pequeno quando ouviu uma voz conhecida logo atrás.
— Achei que você fosse fugir de novo essa semana. Fiquei surpreso quando soube que vinha.
Ela se virou e deu de cara com Yuta, encostado com os braços cruzados na lateral de uma das colunas de concreto do salão, observando tudo com o habitual ar de quem já viu demais e agora só assiste.
— Não tive como escapar. As meninas fizeram chantagem emocional — respondeu , tomando um gole da bebida, sem desviar o olhar dele.
— Aposto que funcionou — ele comentou, erguendo uma sobrancelha. — Tá mais bonita do que nas outras vezes que não me notou.
— Eu sempre noto. Só escolho ignorar — retrucou com um sorriso afiado. — E você sempre aparece com uma provocação na ponta da língua.
— Velhos hábitos — ele disse, já se aproximando com passos lentos. — Mas posso tentar mudar… se você quiser.
observava os dois com expressão divertida até sentir alguém se apoiar no encosto do sofá ao seu lado, com o celular virado para ela.
— Já tem um vídeo seu rindo da bebida da . Sério, você vai viralizar no meu canal. Tá hilária — disse Haechan, exibindo a tela com uma edição improvisada. — Quer que eu coloque música dramática ou um remix de k-pop por cima?
— Delete isso agora — ela disse, mas estava sorrindo.
— Ou… eu posso te marcar e a gente surfa esse momento juntos. Vai ser lindo.
— Você não cansa de ser irritante?
— Nunca. Mas fico mais tolerável com tequila. Quer?
Ela olhou para ele por um segundo, suspirou… e estendeu a mão.
— Uma dose só. E você edita o vídeo decentemente.
— Feito.
Enquanto isso, observava tudo em silêncio, apoiada no corrimão que separava o mezanino da pista. Doyoung estava ali por perto, conversando com Jaehyun, mas claramente atento ao que se passava em volta. Ela o viu lançar um breve olhar na direção do grupo e depois voltar a atenção para a própria bebida. Não se aproximou — não ainda.
, por sua vez, mexia no celular distraidamente, sentada perto do bar. Jungwoo passou por ela, trocando um aceno curto e simpático, como sempre fazia. Nada além disso. Ela respondeu com um sorriso contido, como sempre fazia também. E então voltou a olhar para a tela, mesmo sentindo o olhar dele, ainda que por segundos, fixado em suas costas.
permaneceu em pé por ali, ainda um pouco estática em meio ao turbilhão de movimentos, luzes e sons. Uma parte dela começava a se soltar… mesmo que ainda estivesse longe de se entregar.
Mas mal sabia que os olhos que logo a encontrariam, lá do palco, fariam tudo vibrar de forma diferente.
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A música pareceu baixar de repente. Não em volume, mas em importância.
Foi como se o espaço ao redor de ficasse em segundo plano no instante em que as luzes do palco central piscaram em sequência, marcando o início da apresentação mais esperada da noite. Um movimento coletivo tomou conta da multidão, como se todos soubessem instintivamente o que estava prestes a acontecer.
Ela não.
Não fazia ideia de quem subiria naquele palco, nem por que as pessoas começaram a empurrar-se para chegar mais perto. Pensou em se afastar, em procurar um canto mais tranquilo… mas seus olhos foram puxados de volta ao centro da festa quando a batida parou por um segundo. Um silêncio tenso, seguido de uma luz branca que cortou o escuro e revelou a silhueta dele.
Johnny.
De costas para a plateia, braços erguidos e corpo inclinado levemente para frente, ele parecia absorver a energia do ambiente antes de entregá-la de volta em forma de música. Usava uma jaqueta preta com detalhes metálicos e uma corrente discreta no pescoço. Os cabelos castanhos estavam perfeitamente bagunçados — do tipo que parece casual, mas que claramente foi pensado. E quando ele se virou para encarar o público, com aquele sorriso de canto, como se dissesse “agora é comigo”, sentiu o estômago afundar sem motivo aparente.
Não era só a aparência dele — embora fosse impossível ignorar.
Era a presença. A naturalidade com que ele ocupava o espaço. O controle absoluto que parecia ter, não só da mesa de som à sua frente, mas da atenção de cada pessoa naquele salão.
Incluindo a dela.
Ela tentou desviar o olhar, voltar a conversar com alguma das amigas, mas não conseguiu. O jeito como ele movia os dedos pelos botões, como fechava os olhos ao sentir a batida encaixar… aquilo tudo era hipnotizante. Autêntico demais para ser apenas performance, e intenso demais para ser ignorado.
Quando a primeira batida voltou, explodindo nas caixas com força e precisão, sentiu a vibração atravessar o corpo de novo. Mas dessa vez não foi incômodo. Foi como se, pela primeira vez naquela noite, algo finalmente fizesse sentido.
E ela odiou um pouco essa sensação.
Porque o tipo de homem que fazia sentido em festas assim, com luzes estroboscópicas e aplausos ao fundo… não era o tipo de homem que ela deveria querer entender.
— Vamos lá para frente dançar, . Vem! E nem pense em dizer não!
a repreendeu com o olhar antes de entrelaçar a mão na dela e sair puxando-a para mais perto de uma espécie de pista de dança improvisada lá perto do palco. Algumas das amigas como e Taeyong já estavam por lá, além de e Jaehyun e Haechan e .
Quando chegou ainda mais perto do palco em que ele tocava sentiu os membros inferiores e superiores se formigarem levemente. Lá, mais perto do palco e das caixas de som, o barulho parecia ainda mais insuportável, assim como a vontade de permanecer olhando para ele. peito subia e descia com um pouco mais de esforço. O chão tremia. A atmosfera pulsava.
E então havia ele…
Johnny estava a poucos metros de distância, completamente entregue ao set que comandava. Os olhos semicerrados, os dedos deslizando com destreza pelos controles, o corpo se movendo sutilmente com o ritmo da música. Um leve sorriso se formava no canto de sua boca cada vez que a batida encaixava perfeitamente — como se ele soubesse, com exatidão, o efeito que estava causando em cada alma presente ali.
tentou se convencer de que aquilo era apenas fascínio coletivo. Que ele era só mais um artista performando, fazendo o papel que o público esperava. Mas quanto mais o observava, mais difícil se tornava sustentar esse raciocínio.
Não era apenas sobre ele ser bonito. Era o jeito como ele parecia sentir tudo. Como se estivesse conectado a algo que ela nunca conseguiu entender — ou pior, que tinha medo de querer entender. Era o tipo de entrega que ela evitava em todos os aspectos da vida. E, ainda assim, ali estava ela. Incapaz de desviar o olhar.
A sensação de incômodo se misturava ao desejo silencioso de permanecer ali mais um pouco. Só mais um minuto. Só até a próxima batida.
Só até ele a olhar de volta.
Foi então que Johnny levantou o rosto.
Não para o público em geral. Não para os celulares erguidos ou os flashes intermitentes. Seu olhar varreu a pista brevemente — e parou. Bem onde ela estava.
sentiu o impacto antes mesmo de entender o que estava acontecendo. Os olhos dele encontraram os dela com uma precisão quase impossível, como se soubessem exatamente o que estavam procurando. Não foi um olhar demorado. Nem teatral. Mas foi direto. E isso bastou.
O mundo ao redor pareceu desacelerar por um instante. As luzes continuavam piscando, as pessoas ainda dançavam, os graves ainda vibravam no chão — mas tudo soava distante demais, como se tivesse sido colocado em segundo plano. Havia apenas aquela troca muda, os olhos dele fixos nos dela, e uma tensão que se espalhou pelo corpo dela como um reflexo involuntário.
Johnny não sorriu. Não mordeu os lábios. Não piscou. Ele apenas a encarou por poucos segundos… e então voltou a olhar para os equipamentos à sua frente, os dedos retomando o comando da música como se nada tivesse acontecido.
Mas para , tinha acontecido.
Ela piscou devagar, como se o cérebro ainda tentasse assimilar. Não era o olhar de alguém que tentava seduzir. Era o de alguém que… viu. Que a reconheceu, mesmo sem conhecê-la.
E aquilo a desestabilizou mais do que qualquer elogio, qualquer flerte barato, qualquer abordagem que já tenha vivido em festas como aquela — ainda que fossem raras.
dançava ao lado dela, despreocupada. As outras amigas pareciam igualmente imersas no próprio momento. E se sentia… parada.
Como se algo tivesse acabado de começar. E ela não tivesse nenhuma ideia do que fazer com aquilo.
— Quem é ele? — se inclinou para alcançar o ouvido de e despejar a pergunta.
desviou os olhar para a amiga e com um sorriso no rosto respondeu:
— Ah… então você notou — respondeu, erguendo as sobrancelhas com diversão. — Esse é o Johnny. DJ residente da Freq, garoto-propaganda não oficial da gravadora, e o motivo de metade da cidade sair de casa nas sextas-feiras.
ainda olhava na direção do palco, mesmo sabendo que ele não a olhava mais.
— Ele me parece… diferente — comentou, mais para si mesma.
deu de ombros, tomando mais um gole da bebida.
— Ele é. Mas isso não significa que você deva confiar. Ele é famoso, carismático, sabe exatamente o efeito que causa. É como se tivesse nascido sob um holofote.
— E você confia? — perguntou, virando-se para encará-la com uma expressão séria.
— Não — respondeu , sincera. — Mas gosto dele mesmo assim. E você vai descobrir que isso é mais perigoso do que parece.
ficou em silêncio por alguns segundos. A música seguia alta, vibrando em cada canto do corpo. Mas o que realmente reverberava agora era o nome dele: Johnny.
Ela o guardou na mente como quem guarda algo quente demais nas mãos — sabendo que poderia se queimar, mas ainda assim sem conseguir soltar.
Alguns minutos se passaram desde que ouviu o nome dele pela primeira vez.
Ela tentou voltar a conversar com , dançar um pouco, distrair a mente — mas era como se os sentidos se recusassem a colaborar. O som, que antes era barulhento e incômodo, agora parecia fazer parte de algo maior. Como se, de alguma forma, o DJ no palco tivesse criado um campo magnético em torno dela.
E então ele a olhou de novo.
Dessa vez, não foi um olhar rápido. Ele ergueu os olhos da mesa de som, varreu a multidão com um movimento ensaiado e certeiro… até que, por um breve instante, parou nela de novo. Como se tivesse checado se ela ainda estava ali. Como se soubesse que ela estava prestando atenção. Como se… estivesse fazendo o mesmo.
sentiu a garganta secar. Piscou, desviando o olhar como quem tenta se proteger de algo que ainda não entende. Mas o coração — esse não sabia recuar tão rápido.
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Meia hora depois, a música mudou.
O set terminou com uma batida que desacelerava o ambiente, e logo a cabine escureceu por alguns segundos, substituída por luzes ambiente e o som de outra faixa assumindo no controle automático. O público aplaudiu com entusiasmo, alguns gritaram seu nome, outros apenas se agitaram em coro — mas Johnny apenas levantou a mão com um gesto simples e saiu discretamente pelos bastidores.
Ou quase discretamente.
Enquanto alguns dos amigos dela seguiam dançando, conversando ou se aproximando do bar, decidiu se afastar um pouco da pista. Não suportava multidões por muito tempo, e a vibração já começava a ser demais. Caminhou em direção à lateral do salão, buscando um canto mais calmo, onde pudesse respirar por alguns minutos.
Foi quando ele surgiu — virando o corredor que conectava o backstage à área externa da casa de shows. Os olhos dele encontraram os dela quase de imediato.
E dessa vez, foi ele quem se aproximou.
Nada teatral. Nada rápido. Apenas passos firmes, seguros, como se aquele corredor fosse o único caminho possível.
— Você não parece do tipo que costuma vir a esse tipo de festa — disse Johnny, assim que parou a uma distância confortável. O tom de voz dele era mais baixo do que ela esperava, grave e tranquilo, como se falasse só para ela, mesmo no meio do caos.
ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços.
— Que bom que você notou — respondeu, seca, mas sem ser ríspida. Apenas… cautelosa.
Johnny sorriu de leve. Não como alguém convencido. Mas como alguém genuinamente intrigado.
— Então por que veio?
— Minhas amigas insistiram — ela deu de ombros, os olhos ainda presos nos dele. — E eu achei que sair da zona de conforto poderia ser… educativo.
— E está sendo?
Ela hesitou por um segundo antes de responder.
— Em partes.
— Espero estar incluso na parte interessante — ele disse, com um toque de ironia.
suspirou, sem sorrir.
— Ainda estou avaliando.
Ele assentiu, sem perder o olhar dela por um segundo sequer.
— Avaliações justas geralmente levam tempo.
— E envolvem contexto.
— E sinceridade — completou ele.
O silêncio que se instalou entre os dois foi breve, mas carregado. Não havia flerte direto. Não havia promessas. Mas havia uma conexão que parecia estar crescendo no espaço entre uma frase e outra.
E, pela primeira vez naquela noite, não sentiu vontade imediata de recuar.
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Johnny passou pelos corredores da Freq já sem a jaqueta, com o cabelo bagunçado pelo calor das luzes e das horas seguidas na cabine. A adrenalina da apresentação ainda circulava pelo corpo, mas havia outra coisa misturada ali. Uma inquietação que ele não conseguia exatamente nomear.
Ao virar a esquina do corredor lateral, foi interceptado por Mark, que carregava duas latinhas de energético na mão e um sorriso animado demais para a hora.
— Cara, você destruiu hoje — disse, estendendo uma das latas para Johnny. — A virada da quarta faixa pro remix da Max? Ridículo de bom. A galera ficou maluca.
Johnny agradeceu com um aceno e um meio sorriso distraído, mas não respondeu de imediato. Estava com a mente ainda meio longe — ou melhor, ainda presa em um certo par de olhos que o encararam como se o palco inteiro não fosse o bastante para disfarçar o que havia ali.
— Tá tudo bem? — Mark perguntou, franzindo o cenho. — Você tá com aquela cara de quem saiu do palco e entrou direto num filme existencial.
Johnny soltou uma risada curta, passando a mão pelo cabelo.
— Sei lá. Uma garota na pista hoje.
— Opa… — Mark ergueu as sobrancelhas. — Isso é novidade? Achei que você tivesse estabelecido uma política de “sem nomes, sem vínculos” depois da última bagunça emocional.
— Eu não disse que eu quis. Só aconteceu — Johnny respondeu, mais sério agora. — Ela tava ali na pista. Diferente de todo mundo. O jeito que me olhou… não era aquele olhar de quem quer foto, quer provar que ficou perto, sabe? Ela só… me viu. E pareceu desconfortável com isso.
Mark o observou por alguns segundos, depois deu um gole na própria bebida.
— Então foi o famoso “olhar do espelho”, né? Quando alguém te encara como se enxergasse mais do que você mostra.
— Exato. Só que eu nunca vi ela antes. E ela claramente não me conhecia também. Não como “o Johnny”.
— Isso torna tudo mais perigoso — Mark comentou, brincando, mas com um fundo de verdade.
— Ou mais real — Johnny rebateu, pensativo.
O amigo soltou um assobio baixo.
— Qual o nome dela?
— Eu não perguntei. Não tive abertura o suficiente para isso. — Ele deu de ombros.
— Então é melhor eu preparar o som para um set inspirado num “acaso perigoso”, né?
Johnny apenas riu, mas não respondeu. Porque, no fundo, ele já sabia.
Aquilo não tinha sido só um acaso.
Foi algo que ficou. Que arranhou por dentro. Que deixou marca antes mesmo de virar memória.
Ele se encostou na parede do corredor, passou os dedos pelos cabelos úmidos e fechou os olhos por um instante, tentando reordenar os pensamentos. A imagem dela — os olhos firmes, o jeito contido de falar, o desconforto sincero — voltava em loop. Como uma batida que insiste em se repetir depois que a música já acabou.
E então ele soube.
Ia querer vê-la de novo.
Não por vaidade, nem por hábito. Mas porque algo ali parecia real demais para ser ignorado. E real era uma palavra que Johnny andava buscando há tempo demais.
Do lado de fora, a música seguia. As luzes dançavam. O mundo girava como sempre girava.
Mas ele sabia. A noite tinha acabado de mudar de ritmo.
Eu, dividida entre Taeyong e Yuta, HELP ASOIDNAPDON
E eu julgando o Haechan porque, por alguma razão, eu internalizei que ele é chatinho, aí vi o parzinho dele falando isso, eu só concordei HAHAHAHA
Vamos ver como Johnny vai cair nas graças da pp <3
DOIS QUERIDOSSSSSSSSSS E O JAEHYUN TAMBÉM KAOSKAOSKAOSK
O póbi do Haechan só ganhou seu coração em Uncharted Feelings KAOAKSOKAOS como assim? Ele vai ser um pestinha hihihi
Ele vai suar a camisa para conquistar ela viu?