Capítulo 1
“There was a time when broken hearts and broken dreams were over. There was a place where all you could do was wish a four leaf clover…”
’s POV:
Me peguei olhando o pequeno trevo de quatro folhas na palma de minha mão enquanto esperava por . Aquilo seria um sinal divino? Essas coisas existiam mesmo? Caso sim, seria um sinal do que especificamente?
Eu não negava que estava completamente perdida com o que fazer com o meu relacionamento com e todas mentiras que ele já havia me contato. O aperto em meu peito se intensificou. e eu éramos um caos, no começo éramos um caos organizado, belo… mas agora?
Agora éramos somente poeira da lua, uma estrada sem rumo definido, caminhávamos, caminhamos e nunca chegávamos em lugar algum. E eu me perguntava se só amar alguém era realmente o suficiente para manter uma relação de pé.
Ainda encarando o pequeno trevo em minhas mãos eu senti meus olhos marejarem com força. Fechei os mesmos tentando controlar a avalanche de sensações que me invadia, mas pareceu inútil, logo as primeiras lágrimas já escorriam por minhas bochechas pintadas com um blush rosado.
Foi quando ouvi passos atrás de mim. Não precisei olhar para saber quem era. . Ele sempre tinha esse jeito de se aproximar silenciosamente, como se quisesse me pegar desprevenida. Ele se sentou ao meu lado no gramado, o cheiro de seu perfume familiar invadindo meu espaço, algo que antes me confortava, mas que agora só me deixava ainda mais inquieta.
— … — Sua voz saiu suave, mas com uma preocupação que parecia forçada, como se ele não soubesse o que fazer diante da minha tristeza, como se fosse a primeira vez que me visse chorando. Ele olhou para mim, provavelmente sem entender o motivo, já que nunca soube que suas mentiras eram as responsáveis por isso.
— O que aconteceu? — Ele perguntou, mais uma vez se inclinando em minha direção, tentando enxugar uma lágrima que escorria pela minha pele. Eu queria afastá-lo, me afastar dele, mas ao mesmo tempo, eu sentia um vazio tão grande dentro de mim que não sabia mais o que fazer.
Tentei respirar fundo, mas só consegui soltar um soluço fraco. O trevo de quatro folhas ainda estava na minha mão, mas a verdade é que, naquele momento, nada parecia capaz de me salvar. Eu estava perdida em um labirinto de incertezas e mentiras, e parecia ser a chave de tudo, mas também a razão de minha prisão.
— Você realmente não faz ideia, ou só gosta da sensação de me ter nas mãos ? Como se controlasse tudo, inclusive o que eu sinto ou deixo de sentir?
— Do que você tá falando ? Ei, eu vim o mais rápido que pude, eu larguei tudo o que estava fazendo e tô aqui agora!
— Você é um idiota ! — levei uma das minhas mãos até o peito dele e desferi um primeiro tapa, com toda a força que eu tinha dentro de mim.
Depois fechei os olhos e disparei mais alguns golpes em seu peito enquanto permitia que as lágrimas caíssem sobre minha face.
deixou que eu extravasasse toda minha raiva, com os olhos fechados, apenas sentindo a pele arder debaixo dos meus tapas. Ele sempre se deixou levar pelas minhas emoções, como se, de alguma forma, ele se acostumasse com os altos e baixos.
Foi quando ele, com uma expressão que não consegui ler, segurou meus pulsos com uma das mãos, interrompendo o fluxo de raiva. Antes que eu pudesse reagir, ele me puxou para um abraço apertado, encaixando meu corpo contra o dele.
Senti meu peito se apertar ainda mais, mas não consegui me afastar. Eu não queria, mesmo que me odiasse por sentir seu calor, por sentir a proteção do seu abraço, por sentir que, de alguma forma, ele ainda conseguia me controlar. Minhas lágrimas continuaram a cair, agora mais silenciosas, enquanto meu corpo ficava frágil sob o toque dele.
— Me solta, … — minha voz estava quase inaudível, mas, ao mesmo tempo, eu sabia que o que eu realmente queria não era ser solta. Eu queria entender por que ele ainda tinha esse poder sobre mim, mesmo depois de tudo o que ele fez.
— , por favor! — ele pediu encostando o queixo no topo da minha cabeça — Me explica o que aconteceu… nós estávamos tão bem e agora isso?
— Chega ! Não finja que não sabe. Você mente caramba! Tudo o que você sabe fazer é mentir para mim. — Minhas palavras saíram pesadas, como se eu estivesse carregando um fardo que não conseguia mais suportar.
Ele pareceu surpreso, o olhar dele passando rapidamente por meu rosto, tentando encontrar algo que justificasse o que estava acontecendo.
— O que eu menti dessa vez ? Eu não fiz nada que você não saiba… coloquei tudo em pratos limpos e você não disse nada.
Eu respirei fundo, mas a raiva só aumentou, e cada palavra parecia mais difícil de engolir. Ele estava tentando se defender, como sempre fazia. Não havia sinceridade no que ele dizia. Não para mim.
— Você nunca me disse que estava metido nessas coisas, além das suas corridas ilegais. — Eu disse com a voz embargada, apontando para ele com a mão tremendo. — Nunca me falou sobre os seus outros problemas, sobre o que realmente estava acontecendo. Eu não sabia de nada, ! Você foi me envolvendo em mentiras e mais mentiras, e agora eu estou aqui, perdida, sem saber se posso confiar em você.
Ele recuou um pouco, como se as palavras me atingissem de forma mais profunda do que ele esperava. Ele abriu a boca, mas parecia sem palavras, sem saber o que dizer. Eu vi um relance de culpa em seus olhos, mas não era o suficiente. Nada mais era suficiente.
— Você não entende… — sussurrei, mas ele me interrompeu.
— Eu sei que fiz coisas erradas, . Mas não foi por querer te machucar. Eu só… eu só não sabia como te contar a verdade. — Ele me olhou com uma expressão angustiada, como se estivesse tentando justificar suas ações, tentando me convencer de algo que eu não queria mais ouvir.
Mas eu não conseguia mais acreditar. Cada mentira que ele me contava, cada segredo que ele escondia, me afastava mais e mais. Eu não sabia mais quem ele era, e pior, eu não sabia mais quem eu era quando estava ao lado dele.
— Há quantos anos você mexe com todas essas coisas? Ainda mexe, não mexe ? Aliás, eu sei que mexe, não sei porque estou perguntando, não sei porque estou aqui com você.
— Porque me ama. Porque você me ama . E eu amo você, pronto! Basta. — Ele disse, com uma firmeza que soou vazia, como se estivesse tentando se convencer mais do que a mim.
Eu não aguentei mais. A raiva, a frustração, o medo, tudo se misturava em mim, criando um turbilhão de emoções que eu não sabia mais como controlar. Meus olhos queimavam com as lágrimas, meu coração estava desfeito, e, ao mesmo tempo, eu sentia uma raiva que não conseguia dissipar.
— Basta? eu preciso conhecer quem está ao meu lado. Preciso saber quem é você… caramba ! — As palavras saíram de uma vez, carregadas de dor, mas também de um desespero que eu não conseguia mais esconder. Eu estava exaurida, não só fisicamente, mas mentalmente, emocionalmente. Tudo em mim parecia gritar por uma resposta, por algo que me dissesse que valia a pena ainda tentar.
Sem conseguir controlar mais, me levantei abruptamente, com a intenção de ir embora. Eu não conseguia mais ficar ali, não conseguia mais ouvir suas mentiras e fingir que estava tudo bem. Eu precisava sair, precisava respirar longe dele.
Ele, por sua vez, levantou-se com uma rapidez inesperada e, antes que eu pudesse dar mais de dois passos, ele segurou meu pulso com força, me impedindo de seguir. O toque dele, que antes me trazia alguma sensação de segurança, agora me fazia sentir sufocada.
— , não faz isso. — Ele disse com uma voz baixa, quase sedutora, puxando meu corpo contra o dele, de modo que nossos rostos ficaram a centímetros de distância. Eu podia sentir o calor do corpo dele, o cheiro familiar que, antes, me fazia sentir em casa, mas que agora só me causava desconforto.
Eu tentei me soltar, mas ele era mais forte, suas mãos envolviam meu corpo com uma possessividade que me arrepiava.
— Você me ama, . Sabe que me ama… — Ele murmurou, seus olhos fixos nos meus, com uma intensidade que parecia quase desesperadora. Ele estava tentando me seduzir, como sempre fazia quando as coisas ficavam difíceis. Suas palavras eram doces, mas carregadas de uma pressão que eu não queria mais suportar.
Ele deslizou uma das mãos pela minha cintura, sentindo meu corpo reagir ao toque. Eu queria empurrá-lo, queria afastá-lo, mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim ainda estava ali, lutando contra o desejo e a raiva. Ele sabia como me provocar, como fazer com que eu esquecesse por um segundo tudo o que estava acontecendo.
— Você não pode ir embora agora, não pode deixar tudo pra trás. Não assim, … — Ele sussurrou, as palavras como um veneno doce em meus ouvidos. Eu sentia meu corpo responder aos seus toques, mas minha mente gritava para que eu me afastasse, para que eu não cedesse àquela ilusão de que as coisas poderiam se resolver assim.
Meus pulsos estavam firmemente presos pelas mãos dele, e eu não sabia o que fazer. O que eu queria? O que era real? Ele ainda me tinha de alguma forma, e eu odiava o fato de saber disso.
— Para ! Me solta… — os lábios dele se encostaram nos meus, convidativos como sempre.
— Eu amo você …caramba, o que mais eu tenho que fazer para te manter aqui? — Ele disse com a voz rouca, carregada de uma dor que eu não sabia se era real ou apenas parte do jogo dele. Ele me olhou de uma forma que me fazia sentir tudo e nada ao mesmo tempo.
Minhas mãos, que antes tentavam afastá-lo, agora estavam presas no peito dele, minhas unhas cravadas na camiseta que ele usava. Era como se algo dentro de mim estivesse cedendo, quebrando a barreira que eu havia construído.
Eu queria gritar, queria me afastar, mas no fundo, uma parte de mim ainda desejava aquele toque, ainda queria acreditar nas palavras dele. Meu coração batia forte, acelerado, e, sem perceber, fechei os olhos, deixando-me levar pela atração que, por mais que eu tentasse, não conseguia controlar.
Então, sem mais palavras, sem mais resistência, nossos lábios se encontraram. O beijo foi intenso, como um fogo que reacendia tudo o que eu tinha tentado apagar. As mãos de envolveram meu corpo, me puxando ainda mais para ele, e eu, em uma rendição silenciosa, correspondi ao beijo. O calor, a urgência, a mistura de raiva e desejo… tudo parecia se dissolver naquele momento.
Mas, no fundo, sabia que esse beijo não resolvia nada. Não apagava as mentiras, nem as dúvidas que eu carregava. Porém, naquele instante, naquele beijo, só existíamos nós dois, tentando, de alguma forma, encontrar algo que talvez nem soubéssemos o que era.
Os lábios dele estavam quentes e insistentes contra os meus, e eu senti todo o peso das palavras que ele havia dito se dissolver no toque. A princípio, eu resisti, as dúvidas ainda ecoando em minha mente, mas à medida que ele me puxava mais para perto, as mãos firmes em minha cintura, a urgência do beijo me envolveu.
Seus lábios se moveram com uma suavidade quase possessiva, como se ele soubesse exatamente o que fazer para me fazer esquecer tudo ao nosso redor. Ele deslizou uma das mãos para o meu pescoço, os dedos acariciando minha pele, e eu senti um arrepio passar por todo o meu corpo. A resposta foi imediata — minha boca se abriu um pouco, deixando-o aprofundar o beijo, suas línguas se encontrando com uma intensidade que fez meu coração disparar.
O sabor dele, o calor, a forma como ele me envolvia… parecia que, por um segundo, o mundo todo tinha parado, que só existia aquele momento, aquele beijo. Eu cedia, me entregava ao toque e à sensação, deixando-me perder na confusão de sentimentos contraditórios que ele sempre provocava em mim. Cada movimento dele era um convite para mais, uma promessa de algo que eu não sabia se queria, mas que, de alguma forma, me atraía.
Mas, assim como tudo no nosso relacionamento, o beijo não durou. Quando ele finalmente se afastou, um fio de saliva ainda nos conectando, eu senti o vazio voltar. Ele estava ali, respirando pesadamente, os olhos fixos nos meus, esperando talvez que eu dissesse algo, que aceitasse o que acabara de acontecer.
Eu olhei para ele, sentindo a raiva e a dor se misturarem novamente. As palavras que eu precisava dizer estavam ali, na ponta da língua, e eu não queria mais me enganar.
— … — eu disse, a voz tremendo de frustração. — Me diz a verdade agora. Eu preciso ouvir de você. Toda essa merda, tudo o que você tem escondido, já não dá mais pra ignorar! Me conta, caramba, ou vai ser sempre assim? Mentira após mentira, e eu aqui, achando que tudo vai melhorar?
Ele ficou em silêncio, os olhos desviando para o chão, como se procurasse as palavras certas, mas elas nunca vinham. Eu vi o medo e a culpa passando por seus olhos, e, ao mesmo tempo, ele não sabia como me dizer o que eu já sabia. Ele não sabia como me falar sobre as corridas, sobre os outros segredos que ele tinha enterrado, e tudo o que ele era.
Eu não aguentava mais. Já estava cansada, exausta de tentar fazer ele entender o quanto eu precisava de verdade, de transparência. Me afastei dele, um passo atrás, e olhei para ele pela última vez.
— Eu não posso mais, . Não assim. — Eu disse com firmeza, sentindo cada palavra pesar no meu peito. — Acabou. Eu não vou viver com isso, com mais mentiras, mais segredos. Não é assim que eu mereço viver.
Os olhos dele se arregalaram, uma expressão de incredulidade no rosto, mas eu já sabia o que precisava fazer. Eu não podia mais continuar me iludindo. E, com um último olhar, virei as costas, sem olhar para trás, deixando-o ali, sem reação, imerso na sua própria incapacidade de ser quem eu precisava que fosse.
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Capítulo 4
“When I was sorry it was too late to turn around (turn around) and tell you so: there was no reason, there was no reason. Just a foolish beat of my heart.”
’s POV:
Meus olhos varreram o salão em busca dela e Taeyong colocou uma das mãos sobre os meus ombros.
— Você sabe que nós não precisamos de confusão hoje, não é?
Eu assenti com a cabeça, tentando manter as batidas do meu coração ritmadas. Mas a verdade é que eu já podia sentir todo o meu corpo me traindo, se ela realmente estivesse com alguém, eu não sei exatamente o que seria capaz de fazer.
— Relaxa, cara — Taeyong apertou meu ombro antes de soltar um suspiro impaciente. — Você tá parecendo um animal enjaulado.
Ignorei.
Meus olhos continuavam vasculhando cada canto do pub, e então eu a vi.
estava sentada em uma das mesas mais afastadas, os longos cabelos soltos sobre os ombros e uma expressão indecifrável no rosto. Mas o que realmente fez meu sangue ferver foi o cara sentado à frente dela. Ele se inclinava levemente, olhando para ela como se já imaginasse o gosto dos lábios dela nos dele.
Filho da puta. Meus punhos se fecharam automaticamente, e antes que eu pudesse pensar em qualquer consequência, já estava dando um passo na direção deles.
— ! — Taeyong segurou meu braço com força. — Eu falei pra você não fazer merda.
— Eu só vou tomar um ar — menti, arrancando meu braço da mão dele.
Minhas pernas se moviam sozinhas, o coração martelando dentro do peito. Eu sabia que tinha perdido , que tinha fodido tudo, mas ver outra pessoa no meu lugar? Alguém que, porra, provavelmente não sabia que ela amava Harry Potter e detestava café sem açúcar? Que não sabia que ela adorava dormir agarrada, mas ficava emburrada se eu mexesse demais no cabelo dela?
A ideia de que outro cara pudesse tocá-la como eu tocava me fez perder completamente o controle.
Me aproximei o suficiente para ver a expressão dela mais de perto. Ela não sorria, não parecia minimamente interessada no babaca que tentava impressioná-la. Talvez isso devesse me confortar, mas tudo o que eu queria era pegá-la pela mão e tirá-la dali.
Então, como se sentisse minha presença, ergueu os olhos e os nossos olhares se encontraram.
E, naquele instante, eu soube.
Ou pelo menos, queria acreditar que era.
Taeyong estava ao meu encalço, eu podia senti-lo atrás de mim, mas isso não me parou.
Sem cerimônias eu estendi minha mão na direção de enquanto me aproximava mais ainda de onde ela estava. Levei meus lábios até a altura de seus ouvidos e chamei:
— Vamos embora . — Eu a vi se afastar um pouco, como se isso pudesse conter o arrepio que eu sei que passou por sua espinha.
— Eu estou aproveitando a minha noite , não vou embora agora, muito menos com você.
Eu estreitei os olhos, mantendo minha mão estendida enquanto a observava de perto. tentava parecer firme, inabalável, mas eu a conhecia bem demais para cair nesse teatro barato.
Ela desviou o olhar por um instante, levando o copo aos lábios, e foi aí que eu soube.
Ela estava mentindo.
Os olhos dela sempre a entregavam. Eu via através daquela pose indiferente, via o desconforto na forma como suas mãos apertavam a borda da mesa, na maneira como ela evitava me encarar por muito tempo. Se estivesse mesmo aproveitando a noite, não teria afastado o corpo quando sussurrei em seu ouvido. Se estivesse mesmo curtindo a companhia desse cara, não teria sentido aquele arrepio que percorreu sua espinha quando me aproximei.
Ela ainda era minha. Apenas não queria admitir.
— Aproveitando? — perguntei, forçando um sorriso de canto, deixando meu olhar deslizar lentamente sobre ela. — Porque, pra mim, você parece entediada pra caralho.
Os dedos dela apertaram o copo um pouco mais forte, e eu soube que acertei em cheio.
O cara à mesa olhou de mim para ela, como se tentasse entender o que estava acontecendo, e aquilo só me irritou mais. Ele não pertencia a essa conversa. e eu éramos um campo de guerra onde só nós dois sabíamos lutar.
Me inclinei mais uma vez, a voz baixa, para que apenas ela ouvisse:
— Para de fingir, . Você e eu sabemos que você não quer estar aqui.
— Olha cara, eu acho que você pode deixá-la em paz. Ela está acompanhada, você não viu?
Me endireitei lentamente, desviando o olhar para o cara que finalmente resolveu abrir a boca. Ele me encarava com um ar de desafio, tentando se afirmar na situação, como se fosse algum tipo de ameaça para mim.
Eu ri baixo.
— E você acha que isso significa alguma coisa? — perguntei, cruzando os braços.
O cara franziu a testa, sem saber como responder. Eu me virei de novo para , que agora mantinha o olhar fixo no copo, como se quisesse desaparecer.
— Me diz, . Você quer que eu vá embora? — minha voz saiu baixa, mas carregada de intenção.
Ela engoliu em seco, mas sustentou o olhar. Eu a vi hesitar. Ela podia dizer que sim, que eu devia deixá-la em paz, mas não disse. Porque nós dois sabíamos a verdade.
— … — ela começou, mas sua voz falhou por um instante.
— Você só precisa dizer, baby. — Me inclinei mais uma vez, deslizando os dedos pela lateral do seu braço, sentindo seu corpo reagir ao meu toque.
O cara ao lado dela bufou, impaciente.
— Eu já disse pra você dar o fora!
Antes que ele pudesse fazer algo estúpido, voltei meu olhar para ele, frio e calculista.
— E eu já disse que isso não. Vamos embora .
— Ela não vai a lugar nenhum com você. Ela não está disponível para você hoje, aliás ela não está disponível para homem nenhum, está comigo e me deve respeito. Não é ?
O homem se levantou abruptamente, a arrogância estampada em seu rosto. A tensão entre nós crescia a cada segundo e eu pude sentir o seu desejo de confronto no ar, como uma corrente elétrica prestes a se soltar. Ele não esperava a minha reação.
— Você está dizendo isso como se ela fosse sua propriedade, cara? — eu perguntei, a voz calma, mas cortante. Eu sabia que precisava manter o controle — Você acha que está no controle da situação, mas não sabe onde está se metendo, sabe?
Logo em seguida ele riu, como se minha pergunta fosse a coisa mais engraçada que ele já tivesse ouvido.
— ? — Ele olhou para ela, que agora parecia mais desconfortável do que nunca. — Nessa noite, ela é minha acompanhante. Eu não vim aqui para nada, não vou simplesmente perder meu tempo, nós vamos embora daqui para algum lugar interessante, ela será minha essa noite e você vai sair do caminho agora.
Ele ergueu a mão em direção a ela, fazendo aquele movimento tão familiar de tentar dominá-la com um gesto, como se ela não tivesse voz própria. o olhou com os olhos vazios por um segundo, e me senti em um dilema interno, me preparando para qualquer coisa que fosse acontecer.
— … — O cara chamou novamente, e eu vi um brilho estranho nos olhos dele, como se estivesse certo de que ela iria se levantar e segui-lo.
Mas eu não podia deixar isso acontecer. Não mais. Eu já sabia que ela estava em pedaços, mas isso não significava que eu iria deixá-la ser tratada como se fosse qualquer coisa.
Olhei para ela uma última vez, tentando entender se ela ainda estava comigo, se ela ainda sabia que não poderia deixar que ele a levasse para qualquer lugar.
Mas então, ela se levantou, depositando o guardanapo sobre a mesa e ajeitando a bolsa no ombro, a mão dela se levantando bem devagar para ir de encontro a do homem que me desafiava e eu não deixaria aquilo acontecer, nem morto.
Segurei a mão dela, antes que ela alcançasse a dele e então comecei a andar, puxando-a comigo. Eu ouvi o babaca que achava estar acompanhando-a reclamar algo e sussurrei para Taeyong:
— Cuide desse imbecil para mim.
Eu a puxei com mais força, ignorando o olhar surpreso dela, e continuei caminhando rapidamente em direção à saída. O barulho da reclamação do babaca atrás de nós ficou cada vez mais distante, mas eu não estava preocupado com ele naquele momento. Só me importava com ela.
Quando chegamos ao estacionamento, abri a porta do meu carro de uma forma quase agressiva, sem parar para olhar para ela. Eu sabia que precisava ter o controle total da situação, e o controle incluía levá-la para longe dali.
A empurrei para dentro do carro, no banco de trás, e, antes que ela tivesse a chance de reagir, fechei a porta com um estrondo. Minha respiração estava pesada e, por um momento, eu só fiquei ali, parado, tentando controlar o que estava acontecendo dentro de mim.
Olhei através da janela do carro e vi Taeyong trocando algumas palavras com o babaca, que parecia estar com medo, mas o que importava era que ele tinha ficado para trás. Agora, só restávamos eu e .
Virei para o banco de trás, onde ela ainda estava, com o olhar distante, confusa e talvez até um pouco assustada. Não era a reação que eu esperava, mas sabia que seria assim. Ela devia estar se perguntando o que havia acontecido, por que eu a havia arrastado para fora daquela maneira.
Sentei ao volante, sem olhar para ela de imediato. Estava me segurando para não gritar, para não deixá-la sentir ainda mais a confusão que havia se formado entre nós. Não queria parecer que estava apenas jogando mais gasolina no fogo.
Quando finalmente olhei para ela, meu tom foi baixo e mais calmo do que eu imaginava que seria.
— Não vou deixar nenhum homem te tratar assim, . Nunca mais.
— Assim como? Como você me tratava? — ela fingiu um riso e eu pude ver pelo retrovisor ela cruzar os braços abaixo dos seios, na defensiva.
Aquelas palavras me atravessaram com navalhas afiadas, cortando minha carne.
— Eu amo você . — foi o que eu consegui dizer — Você nunca foi um objeto para mim.
Aquelas palavras saíram da minha boca com um peso que eu não esperava, mas mesmo assim, era o que eu sentia. Quando dei partida no carro, o som do motor preenchendo o silêncio, eu percebi que ela estava mais distante do que nunca.
Eu tentei olhar para ela pelo retrovisor, mas ela desviou o olhar, e o gesto de cruzar os braços não me passou despercebido. Ela estava protegendo a si mesma, como se se fechar fosse a única coisa que ela podia fazer para não se ferir ainda mais.
— Não, ! — ela protestou, a voz firme, quase desafiadora. — Você não pode simplesmente sair puxando as pessoas para dentro do carro e achar que tudo vai ficar bem. Você não tem o direito de fazer isso.
Fiquei em silêncio por alguns segundos, a mão apertando o volante com força. Eu sabia que aquilo não era a maneira certa de lidar com as coisas, mas não conseguia entender por que ela estava tão contra mim agora.
— Eu sei que você está brava, mas você não entende. Eu só… eu só não podia deixar aquilo acontecer, . Eu não ia deixar você sair com aquele cara.
— E quem é você para decidir o que eu posso ou não fazer? — ela rebateu, virando o corpo para me encarar. — Isso não é sobre proteção, . Isso é sobre controle! Você não tem mais o direito de me controlar, entende?
Eu sabia que ela estava certa. Mas, porra, era difícil ouvir isso. O que mais eu podia fazer se não tentasse impedir que ela se perdesse, que ela se machucasse de novo?
— Eu só estou tentando fazer o que é melhor para você, — respondi, a voz mais suave agora, mas ainda cheia de frustração.
Ela soltou um suspiro cansado e olhou pela janela do carro, o silêncio entre nós ficando ainda mais pesado. Eu sabia que ela não ia acreditar em mim agora, mas eu precisava continuar tentando. Eu não podia mais perder ela. Não de novo.
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Capítulo 5
“Oh, can’t you see I’m not fooling nobody? Don’t you see the tears are falling down my face? Since you went away, break my heart, you slipped away. Didn’t know I was wrong. Never meant to hurt you, now you’re gone.”
’s POV:
Desci do carro e dei rapidamente a volta para alcançar no banco de trás, a tirando de lá com toda a delicadeza que eu podia, e então eu vi os olhos dela brilharem de medo, e aquilo me destruiu um pouco.
— Onde a gente tá ? O que você vai fazer comigo?
— Só trouxe você para um lugar mais reservado, precisamos conversar. Eu não vou machucar você, por Deus, ! Você acha que eu seria capaz de encostar um dedo em você? Ou sei lá, machucar você de alguma forma? Quem você acha que eu sou?
— Eu não sei ! Aí é que está! Eu não sei quem é você, porra! — As mãos dela espalmaram meu peito com força me empurrando relativamente para longe.
Eu fechei os olhos com força, sentindo uma pressão no peito que parecia apertar cada pedaço de mim. Era uma dor imensa, como se cada palavra dela fosse uma lâmina afiada, me cortando de dentro para fora. Eu nunca quis ser esse homem para ela. Nunca imaginei que ela pudesse me ver assim, como um monstro capaz de machucar a pessoa que eu mais amava. Isso doía mais do que qualquer coisa que já vivi.
Senti o impulso de querer chorar, mas forcei os olhos a permanecerem abertos, a manter a compostura. Eu não queria que ela visse minha fraqueza. Mas ao mesmo tempo, algo dentro de mim gritava por ela, pedia que ela acreditasse em mim, que me desse uma chance de mostrar quem eu realmente era. Eu não sabia como explicar, mas sabia que não podia deixá-la assim, longe de mim.
— … — eu disse, minha voz trêmula, mas ainda cheia de um desejo de fazer as coisas darem certo, de não ser mais aquele homem perdido.
Sem pensar, segurei seus pulsos com firmeza, mas sem forçar, tentando trazê-la de volta para mim. Olhei diretamente nos olhos dela, esperando que ela visse o quanto eu estava desesperado por ela, o quanto eu sentia sua falta.
— Eu não sou esse monstro, eu nunca fui. Eu só… eu só não sei o que fazer para você ver isso. Você me faz sentir como se tudo fosse desmoronar quando você me olha assim, com raiva… — minha voz falhou por um segundo, e eu senti o coração acelerar ainda mais. — Eu te amo, . Eu… eu não sei mais como viver sem você.
Ela tentou puxar os braços para longe, mas eu mantive a firmeza de minha pegada, sem machucá-la, apenas segurando-a com a necessidade de evitar que ela escapasse, de impedir que ela se perdesse de mim novamente.
— Eu só quero você de volta. Eu só quero te mostrar que eu posso ser o homem que você precisa, se você me deixar. Por favor, não me abandona, …
— Você está mentindo e me manipulando de novo, não é? É só isso que você sabe fazer. — cravou as unhas e as mãos em minha jaqueta e seus olhos marejaram, terminando de me destruir.
Encostei minha testa na dela, olhando-a profundamente nos olhos. Precisava desesperadamente que ela acreditasse em mim.
— , eu tentei, eu juro que tentei deixar você seguir sua vida sem mim por achar que talvez de fato, você estivesse melhor sem mim… mas eu não consigo. Os meus dias viraram um verdadeiro inferno.
Eu fechei os olhos por um momento, tentando organizar as palavras que estavam prestes a sair da minha boca, mas era difícil. Minha cabeça estava uma bagunça, como se os pensamentos estivessem em um turbilhão, se atropelando. Cada palavra dela, cada olhar desconfiado, me cortava como facas. Eu sentia a dor física no peito, como se algo estivesse me rasgando de dentro para fora, e eu não sabia o que fazer para dissipar aquilo.
Eu não sabia mais o que era certo ou errado, só sabia que minha vida sem ela era insuportável. Não era mais sobre escolhas ou pensamentos racionais, era sobre a dor de viver em um mundo onde ela não estava mais ao meu lado. Eu me sentia completamente perdido, vazio, como se uma parte de mim tivesse sido arrancada e deixada para trás, perdida em algum lugar onde eu não podia alcançar.
Cada minuto sem ela era uma eternidade, e quando ela olhava para mim daquele jeito, como se tudo o que eu fizesse fosse uma mentira, aquilo me destruía. Eu queria desesperadamente que ela visse a verdade em meus olhos, que ela sentisse o peso da minha dor, que entendesse que eu estava tentando ser alguém melhor, alguém que ela pudesse confiar novamente.
— Você não tem ideia de como tem sido difícil… — minha voz falhou por um instante, e eu forcei para que ela saísse, porque eu precisava que ela ouvisse. — Quando você foi embora, foi como se o chão sumisse debaixo de mim, como se eu estivesse afundando e não conseguisse parar. Cada dia sem você é um peso, cada respiração é difícil. Eu tento seguir em frente, tento me convencer de que posso viver sem você, mas não dá. Não dá, .
Eu toquei o rosto dela com a ponta dos meus dedos, um gesto suave, quase como uma súplica silenciosa. Eu queria que ela sentisse o quanto eu estava sendo honesto, o quanto eu precisava dela, o quanto ela significava para mim.
— Eu não estou mentindo, não estou manipulando… — continuei, minha voz mais firme agora, com a sinceridade transbordando. — Só estou dizendo a verdade. Eu preciso de você, eu… não sei mais como viver sem você.
— É mentira ! — ela fechou os olhos com força, e ao mesmo tempo grudou ainda mais o corpo no meu, como se deixasse bem claro que estava em conflito consigo mesma — Eu preciso te esquecer, me deixa te esquecer , você não me quer de verdade…
Eu senti a tensão no corpo dela, e aquilo me quebrou. Cada palavra dela era um golpe, mas o que mais me destruía era ver a dor nos olhos dela, o quanto ela estava dividida, a angústia de saber que ela ainda sentia algo por mim, mas que esse sentimento estava misturado com a dúvida e a raiva que eu mesmo tinha alimentado.
Quando ela fechou os olhos com força, como se estivesse tentando afastar tudo aquilo, eu não consegui mais me segurar. Uma onda de emoções tomou conta de mim, e as palavras que eu estava tentando engolir se soltaram com força.
Eu deixei as lágrimas descerem sem resistir. Não tentei controlar, não tentei manter a aparência de durão, de quem tem tudo sob controle. Eu estava em pedaços, e isso era evidente, precisava ser evidente.
— … — minha voz saiu quebrada, embargada, e eu só consegui segurar o rosto dela com as duas mãos, como se isso fosse me ajudar a manter algum tipo de controle sobre a dor. — Eu não estou mentindo. Eu não sei mais o que fazer para você acreditar em mim, mas… eu não estou mentindo. Eu não quero que você me esqueça, não quero que você se afaste de mim, não posso… eu não consigo, você é tudo pra mim, tudo.
As palavras saíram em meio a soluços, a dor transbordando, e eu me vi em uma vulnerabilidade que nunca pensei que fosse mostrar para ninguém. Era como se minha alma estivesse nua diante dela, e eu não me importava mais com nada além da verdade. Eu queria que ela soubesse o quanto eu a amava, o quanto eu estava disposto a lutar, mesmo que ela não acreditasse.
— Por favor… por favor, não me peça para te esquecer, porque eu não consigo. Eu não sou capaz disso. Eu não sou nada sem você, não sou nada sem o seu amor. Eu sei que te magoei, eu sei que errei, mas… me deixa tentar, me deixa provar que eu posso ser o homem que você merece.
Eu deixei o peso das palavras caírem entre nós, os olhos úmidos fixos nos dela. Eu não sabia mais o que ela estava pensando, mas sentia que, naquele momento, tudo o que eu precisava era ser honesto, ser vulnerável diante dela, sem mais barreiras.
🍀🍀🍀
’s POV:
Eu sempre soube que tinha seus defeitos, seus momentos difíceis, mas nunca,
nunca o vi assim. Ele estava completamente exposto, suas palavras saindo sem filtro, carregadas de dor, e o que mais me chocava era a vulnerabilidade no olhar dele. Eu nunca imaginei que ele fosse capaz de mostrar essa fragilidade, não com a mesma intensidade, não da maneira como ele estava fazendo agora.
Suas lágrimas me atingiram de uma forma que eu não esperava. Eu sabia que ele estava quebrado por dentro, mas nunca imaginei que ele seria capaz de se entregar dessa forma. Ele, que sempre foi tão confiante, tão seguro, agora estava ali, com a dor estampada no rosto e nas palavras, e tudo que eu sentia era um turbilhão de emoções contraditórias.
Minhas mãos estavam imóveis em meu colo, o peito apertado, e uma parte de mim queria afastá-lo, seguir com o que eu acreditava ser o certo: me distanciar, cortar todo esse laço que ainda me prendia a ele. Mas outra parte de mim, uma parte que eu mal reconhecia, estava tão em conflito. Eu queria acreditar nele, eu queria acreditar nas palavras dele, mas tudo que me restava era a dúvida, o medo de cair novamente naquela armadilha.
Mas agora, olhando para ele, algo havia mudado. Ver ali, tão despido de orgulho, me fez questionar se eu realmente estava sendo justa com ele, se não estava ignorando a dor dele da mesma forma que ele ignorou a minha. Eu nunca imaginei que ele fosse capaz de chorar, de se entregar dessa maneira. Ele sempre foi o tipo de pessoa que mascarava suas emoções, que se escondia atrás de uma fachada de força, mas ali, diante de mim, ele estava quebrado, vulnerável,
humano.
Eu vi o quanto ele estava sofrendo e a forma como ele se entregava para mim, e foi impossível não sentir o peso daquela verdade. Eu sabia que eu ainda o amava, mas eu não sabia se isso era o suficiente para apagar tudo que aconteceu entre nós, para me convencer a voltar atrás. Cada palavra dele, cada lágrima que caía do rosto dele, era um golpe direto no meu coração, mas ao mesmo tempo, eu me via tentando encontrar uma maneira de protegê-lo de mim mesma.
Eu queria gritar, queria entender tudo, queria saber o que ele estava realmente sentindo, mas tudo o que eu conseguia fazer era olhar para ele, esperando que ele pudesse me dar mais alguma coisa que me convencesse de que nós ainda tínhamos chance.
No fundo, eu sabia que o que ele estava dizendo era a verdade, mas também sabia que a verdade, por mais dolorosa que fosse, não era suficiente para apagar as cicatrizes do passado. Eu estava completamente dividida entre o que meu coração ainda sentia por ele e o que minha mente dizia que eu precisava fazer para seguir em frente.
Eu não sabia o que fazer. Não sabia se deveria confiar nele novamente ou se seria mais sensato me afastar antes que a dor fizesse tudo piorar ainda mais. O medo de me perder de novo era grande, mas, ao olhar para ele ali, tão vulnerável, minha própria dor parecia diminuir um pouco, substituída por uma dúvida que eu não conseguia mais ignorar.
E então, a pergunta que ficou no fundo da minha mente era:
E se ele estiver dizendo a verdade? — , não… — eu balbuciei enquanto me afastava dele, minhas costas encontrando a parede fria do prédio velho em que estávamos na porta.
— Não ! — ele repetiu enquanto bagunçava os cabelos e tentava limpar as lágrimas — Era isso que você queria, não era? A verdade, uma verdade que nem eu sei mais qual é! Mas esse sou eu, aqui, na sua frente, suplicando que você acredite em mim…
As palavras dele ecoaram em minha mente, mas algo dentro de mim se fechou. Eu queria ser forte, eu queria acreditar nele, mas a dor era maior. O medo de voltar para um ciclo de destruição me consumia mais do que qualquer outra coisa. estava ali, diante de mim, tão vulnerável, tão sem as defesas que sempre usou para se esconder, e aquilo me fez questionar tudo o que eu pensava saber sobre ele.
Eu o vi se esforçando tanto, tão desesperado por minha aceitação, mas eu não sabia como reagir a isso. Como eu poderia confiar em alguém que tinha sido a razão de tanto sofrimento na minha vida? Como eu poderia simplesmente esquecer as mentiras, os momentos em que ele me fez duvidar de tudo? Mas ali, olhando para ele, eu também via a dor que ele estava carregando, e isso me confundia mais ainda.
— Não… não é isso — eu tentei dizer, mas minha voz falhou. Eu queria encontrar uma maneira de explicar para ele o que eu estava sentindo, mas as palavras pareciam fugir de mim.
Minha mente estava uma bagunça, as lembranças de tudo o que passamos juntos invadindo meus pensamentos, e, no fundo, eu ainda me via desejando estar com ele. Mas, ao mesmo tempo, tinha medo de perder mais uma vez minha própria essência, de me deixar consumir pela paixão que sempre nos envolveu.
O som da sua respiração ofegante, o jeito como ele bagunçava os próprios cabelos, era como se ele estivesse se entregando por completo, e isso me fez sentir algo que eu não sabia explicar. O orgulho dele estava completamente destruído ali, e isso me feriu de uma maneira que eu não esperava.
— … — eu sussurrei, a voz ainda trêmula, e minha cabeça começou a se inclinar para o lado, como se eu estivesse tentando processar tudo o que ele me dizia.
O conflito estava me matando por dentro, e eu não sabia o que fazer com isso. A dor de vê-lo assim, desabando na minha frente, me fazia querer correr para os braços dele, mas a razão, a parte de mim que ainda tentava se proteger, dizia para eu manter distância.
Meus olhos encontraram os dele, e vi a sinceridade, a dor, e, ainda assim, eu me senti perdida. Eu não sabia se conseguiria resistir a ele, mas, mais importante, eu não sabia se deveria resistir.
— Eu não sei mais o que fazer… — murmurei, a minha voz quase desaparecendo no silêncio ao nosso redor — Eu quero acreditar em você, , mas é difícil… muito difícil.
O silêncio se estendeu entre nós, pesado, mas ao mesmo tempo, havia algo ali, algo que eu não conseguia ignorar. Talvez ainda houvesse uma chance para nós, mas a verdade era que eu ainda não sabia se conseguiria arriscar tudo de novo.
🍀🍀🍀
Capítulo 6
“I could never love again the way that I loved you, I could never cry again like I did when I left you, and when we said goodbye… oh the look in your eyes just left me beside myself without your heart (without your heart). I could never love again, now that we’re apart.”
’s POV:
As primeiras gotas de chuva começaram a cair, se misturando com as lágrimas que ainda escorriam pelo meu rosto. O frio da água que caía do céu se contrastava com o quente das lágrimas e do meu rosto, eu tirei minha jaqueta jeans num impulso e me aproximei de , tentando cobri-la com a minha jaqueta para que ela não se molhasse.
Ela não resistiu, e por um momento, vi seus olhos se suavizarem, como se ela finalmente se permitisse um pouco de conforto, mesmo que não soubesse como reagir a isso. Eu estava ali, oferecendo-lhe minha proteção, e ela estava ali, tão distante emocionalmente, mas tão próxima fisicamente.
Eu me inclinei um pouco mais, meus lábios quase tocando os dela, e minha voz saiu baixa, tremendo com a intensidade do que sentia:
— Vamos para o prédio, . Não fique assim, por favor. Não me deixa aqui, sozinho, com essa chuva. Eu não vou te machucar, eu prometo. Não seria capaz disso, nunca. Só precisamos esperar a chuva passar, e então… eu prometo que vou te deixar ir, se é isso o que você quer.
Havia um desespero em minha voz, mas também uma suavidade, como se eu estivesse tentando dizer a ela que não havia mais nenhum motivo para ter medo de mim, que a última coisa que eu queria era fazer mais mal a ela. Tudo o que eu queria era que ela confiasse em mim, mesmo que um pouco, o suficiente para me dar uma chance de mostrar que eu não era mais o homem que a machucava, que a magoava.
Respirei fundo, tentando manter a calma, mas a sensação de que eu estava prestes a perder tudo novamente me sufocava. Eu não sabia o que seria de mim se isso acontecesse. Ela era a minha vida, meu tudo, e eu não sabia mais como viver sem ela.
— Vamos, por favor. Só até a chuva passar… Eu só preciso de um pouco mais de tempo para te mostrar que sou capaz de ser diferente.
Os olhos dela analisavam meu rosto com uma mistura de curiosidade e desconfiança e eu voltei a encostar a testa na dela enquanto a chuva caía mais pesada ainda.
Eu podia ver a confusão e o conflito nos olhos dela, uma batalha silenciosa entre o desejo de me afastar e a dor de ainda me querer. O som da chuva batendo forte no chão se misturava com o ritmo acelerado das nossas respirações, e por um momento, tudo ficou em silêncio. Só nós dois, a tempestade ao nosso redor, e aquele momento tenso em que eu sabia que precisava dar tudo de mim para que ela visse que eu estava sendo sincero.
Com a testa ainda encostada na dela, eu senti a tremedeira nas minhas mãos. Eu sabia que ela estava hesitando, ainda com medo de se entregar novamente, mas eu não podia mais aguentar a distância, nem o não. Eu precisava dela agora, mais do que nunca.
— Uma última noite, , é só isso que estou pedindo… — minha voz saiu fraca, mas cheia de um pedido desesperado. Eu podia sentir o calor do meu corpo sendo sugado pela chuva fria, mas, ao mesmo tempo, havia algo em mim que estava pegando fogo por dentro. O que eu mais queria agora era fazer ela sentir o que eu sentia.
E então, sem mais palavras, sem mais promessas, eu a puxei gentilmente para mais perto de mim, os lábios se encontrando com os dela com uma urgência que eu não podia mais controlar. A chuva nos envolvia, nossas roupas começavam a grudar no corpo, mas nada disso importava. Eu precisava mostrar a ela que eu estava ali de coração aberto, que eu não estava mais tentando fugir do que nós dois éramos.
Eu não sabia por quanto tempo nos beijamos, se foram minutos ou horas, mas o mundo parecia ter desaparecido ao nosso redor. Só existíamos nós dois, debaixo da chuva, com a saudade e o desejo acumulado entre nossos corpos. Eu sentia os lábios dela, tímidos a princípio, mas então começando a responder ao meu toque, me entregando aos poucos, como se ela finalmente estivesse se permitindo. E isso, para mim, foi tudo.
Quando finalmente nos afastamos, nossos rostos estavam úmidos, os olhos dela cheios de uma emoção que eu não sabia se era raiva ou perdão. Mas, nesse momento, eu sabia que tinha feito o que precisava ser feito. Eu a tinha beijado como nunca antes, com a verdade e a dor que ela precisava ver, e agora não havia mais volta. Eu só queria que ela acreditasse em mim.
🍀🍀🍀
’s POV:
— Quantas mulheres você já trouxe aqui? — Ela perguntou, engolindo seco e observando o escritório em que havíamos entrado.
Eu balancei a cabeça em descrença e a vi jogar a minha jaqueta sobre uma das cadeiras.
— Nenhuma … aqui é o meu escritório, você é a primeira e única mulher que vai pisar aqui.
— Uau, estou conhecendo o seu covil… — ela girou em volta do próprio corpo e depois me encarou — Depois de tantos anos. O que afinal você faz ? Sem mentiras, eu preciso saber, e no fundo você sabe que é mais do que justo que você me conte.
Eu respirei fundo, tentando acalmar as emoções que estavam prestes a explodir. estava ali, na minha frente, finalmente comigo de novo, mas algo nela ainda estava distante. Ela estava tentando entender, tentar decifrar quem eu realmente era depois de tanto tempo.
Estávamos em um espaço pequeno, íntimo, e parecia que o ambiente estava se moldando ao nosso redor, como se a conversa que estava prestes a acontecer fosse inevitável.
— Senta, — eu disse, apontando para o sofá que estava ali no canto do escritório. Quando ela hesitou, eu levantei uma sobrancelha, percebendo que estava mais tensa do que o normal. Eu sabia que esse momento não seria fácil. — Eu vou te explicar tudo.
Ela sentou-se no sofá, ainda com uma postura desconfortável, e eu pude ver a expressão dela alternando entre curiosidade e um toque de cautela. Não era a que eu conhecia, mas era a que eu precisava enfrentar agora.
Sem perder tempo, fui até a estante ao lado, peguei duas taças e servi um copo de whisky para nós dois. Os líquidos dourados reluziam enquanto eu voltava para o sofá e me sentava ao lado dela. A brisa que entrava pela janela parecia não querer ir embora, mas eu já sabia o que precisava fazer.
Olhei para ela enquanto entregava a taça, os nossos olhares se encontrando por um breve instante. Eu sabia que esse seria um dos momentos mais difíceis de todos, mas era necessário.
— Eu não queria envolver você em nada disso, por isso sempre escondi . — A palavra saiu mais firme do que eu imaginava, e ao segurar o copo, senti meu coração bater forte. Eu estava no limite entre me abrir de vez ou ainda me proteger de algo que eu não sabia definir. — Mas já que estou desesperado para ter você de volta, eu vou te contar tudo. Por tudo o que passamos juntos, isso é o mínimo.
Fiquei em silêncio por alguns segundos, antes de dar um gole no whisky e finalmente me virando para ela.
— Eu sou mais do que um cara qualquer, e você sabe disso. Eu sou… um cara que precisa de mais do que apenas a sua presença física agora. Eu estou em algo grande, muito maior do que você pode imaginar. E, sim, tudo isso envolve negócios e decisões que não são simples. Eu sou mais do que o da sua juventude.
Eu a observei em silêncio, esperando que as palavras fizessem algum sentido para ela. Ela estava começando a entender o que estava acontecendo, mas o que eu não sabia era se ela conseguiria aceitar o peso disso tudo.
— Não me enrola mais , eu sei que você não mexe com coisas legais… sei que você faz coisas por baixo do pano, não é isso? No que exatamente, esse que está sentado aqui na minha frente agora, é envolvido?
Um silêncio desconfortável se instalou entre nós dois. Eu não estava surpreso com o que ela estava dizendo, porque sabia que, no fundo, ela já tinha deixado claro que havia suspeitado de algo. Não fazia mais sentido tentar esconder a verdade. Ela merecia saber, mas o que eu não sabia era se ela seria capaz de lidar com isso.
Respirei fundo, tomando mais um gole do whisky, tentando reunir coragem para dizer tudo o que estava escondido. Eu sabia que, uma vez que essa verdade saísse, não haveria como voltar atrás. Mas talvez fosse esse o preço que eu tivesse que pagar para tentar ter algo real com ela de novo.
— Você está certa, — comecei, com a voz mais calma, mas carregada de peso. — Eu não estou envolvido com negócios legais. Não é o tipo de vida que eu escolhi, mas é o que eu faço. Não sou só um cara que está por aí com as mãos sujas. Eu… eu administro algumas operações aqui em Seul, em parceria com algumas pessoas. Não é apenas um negócio pequeno, é grande, e envolve muita coisa, muita gente. Eu não sou sozinho nisso.
Olhei para ela, vi o olhar de julgamento que se formava em seus olhos, e o que eu queria naquele momento era desaparecer, fugir de tudo. Mas eu precisava ser honesto com ela, porque se não fosse agora, nunca seria.
— Eu… sou envolvido com tráfico, com algumas transações de mercadorias que não são exatamente… legais. Há uma rede de negócios por baixo dos panos aqui na cidade, e eu faço parte disso. Mas, , não é o que você pensa, entende? Eu não sou aquele tipo de pessoa, não sou um criminoso qualquer. Não sou um bandido sem propósito. As coisas não são simples como parecem.
Eu me aproximei dela, sentindo o peso do momento apertando ainda mais o meu peito.
— Eu estou fazendo isso, não por mim, mas por algo maior. Eu tento controlar as coisas, mas nem tudo está sob meu comando. Eu não escolhi tudo isso, mas agora estou no centro disso tudo. Estou lutando para manter o controle, não só da minha vida, mas de tudo o que me envolve. Não sei mais como sair disso, não sei o que fazer para consertar o que está errado, mas… Eu só quero que você me entenda.
A minha voz falhou no final, mas não fiz questão de disfarçar. Eu estava mais vulnerável do que nunca, e era impossível esconder a dor que sentia ao ver a expressão dela — entre a raiva, a decepção e o medo.
🍀🍀🍀
’s POV:
Meus olhos fugiram para a janela à nossa frente e eu umedeci meus lábios. Aquilo havia sido como se um terremoto estivesse acontecendo dentro de mim, sacudindo todos os meus sentidos. Então de fato eu estava esse tempo todo apaixonada por um criminoso… e não um qualquer.
Engoli seco enquanto o nó em minha garganta começava a se formar, trazendo lágrimas aos meus olhos.
— Você nunca me contou porque? Para me proteger, ou porque temia que eu te deixasse?
— Os dois . Eu não podia colocar você nesse fogo cruzado, se algo acontecesse com você por minha culpa, eu nunca me perdoaria. E eu sei que você não ficaria ao meu lado nos negócios, afinal de contas vai contra os princípios que aprendemos desde pequeno na escola e na vida.
O peso das palavras de ainda ecoavam na minha mente como um trovão. Eu estava tentando encontrar alguma explicação, qualquer coisa que me fizesse sentir que talvez houvesse mais nessa história, algo além daquilo. Mas não, a verdade era simples e brutal demais. Ele estava preso a algo que eu nunca poderia imaginar. Eu sentia a sinceridade em sua voz, mas isso não mudava o fato de que tudo havia se tornado um pesadelo.
Senti a pressão no peito aumentar, o nó na garganta apertando cada vez mais. A raiva, o medo, a frustração… tudo isso estava me sufocando. Eu queria gritar, queria chorar, mas o que mais me consumia era a sensação de traição. Eu me senti perdida e, ao mesmo tempo, envergonhada por ter ignorado todas as pistas. Como pude ser tão cega?
Olhei para o copo de whisky à minha frente, a bebida estava ali, me esperando. Eu sabia que não iria me fazer sentir melhor, mas naquele momento, não queria pensar em mais nada. Levantei o copo e, sem hesitar, tomei tudo de uma vez só. O líquido queimou minha garganta, mas não consegui sentir o gosto. A sensação que ficou foi a de vazio, como se eu estivesse tentando afogar todos os meus pensamentos e sentimentos, mas nada disso fosse suficiente.
Deixei o copo vazio sobre a mesa e respirei fundo, tentando controlar a mistura de emoções que me invadiam. Olhei para novamente, e, pela primeira vez, percebi como ele estava quebrado. Eu não sabia o que fazer, não sabia como reagir. O que eu conhecia parecia estar se despedaçando diante de mim, e eu não sabia se ainda havia algum caminho para nós dois.
— Eu não sei o que fazer agora… — murmurei, a voz falhando ao tentar falar. — Eu… não sei como lidar com isso.
As palavras escaparam de minha boca como um suspiro, e a sensação de impotência foi ainda mais devastadora. Eu queria ajudá-lo, queria entendê-lo, mas e eu? O que restava de mim depois de tudo o que ele me contou? Eu não sabia mais o que sentir.
suspirou pesadamente e eu o vi beber o líquido de uma vez, como eu havia feito.
— Isso não muda o amor que sinto por você, , e isso não muda a bagunça que está a minha vida sem você ao meu lado. Eu nem consigo mais pensar em como tocar isso tudo, sem ter você comigo. E eu estou disposto a arriscar tudo que construí, para ter você de volta.
— O que? — eu franzi o cenho, surpresa com a revelação jogada aos meus ouvidos.
🍀🍀🍀
’s POV:
Eu vi a expressão de surpresa no rosto dela, e foi como se um peso gigante tivesse se instalado no meu peito. Eu sabia que o que acabara de dizer era inesperado, talvez até louco, mas não conseguia mais esconder o que estava dentro de mim. Estava farto de fingir que tudo estava bem, de tentar continuar vivendo sem ela ao meu lado. A verdade é que nada fazia sentido sem . Nenhum dos meus negócios, nenhuma das conquistas, nada do que eu construí ao longo dos anos valia a pena se ela não estivesse ali para compartilhar isso comigo.
— Eu sei que você deve estar pensando que estou completamente fora de mim — comecei, a voz saindo um pouco mais rouca do que eu gostaria — Mas não posso mais continuar assim. Eu já tentei, . Já tentei viver sem você, mas a verdade é que você é a única coisa que realmente importa. E eu não vou mais deixar a vida que eu construí, ou os meus erros, me afastarem de você.
Levantei-me e fui até a janela, as gotas de chuva ainda batendo no vidro, um som tranquilo que de alguma forma refletia o caos dentro de mim. Eu precisava de um tempo para pensar, para realmente entender o que estava dizendo, mas ao mesmo tempo, não podia mais esperar. Não tinha mais tempo. Eu queria ela de volta, e se isso significasse colocar tudo em risco, então que fosse.
Voltei o olhar para ela, que estava ainda quieta, processando minhas palavras. Cada segundo que passava era um desafio, mas eu não conseguia deixar de me sentir um pouco mais aliviado por finalmente colocar tudo isso para fora.
— Você tem que entender que eu faria qualquer coisa para ter você de volta, . Não estou te pedindo para confiar em mim imediatamente, mas estou te pedindo uma chance. A última chance, para tentarmos fazer tudo dar certo… mesmo que isso signifique perder tudo o que eu construí até agora.
Fiquei em silêncio por um momento, sentindo o peso das minhas palavras e a vulnerabilidade que estava me consumindo. Eu estava expondo meu coração, mas de alguma forma, sabia que era a única maneira de ela enxergar o que eu realmente sentia.
— Eu sei que você está brava comigo. Eu sei que tudo isso é uma bagunça, mas não sou mais aquele que você conheceu antes. Eu mudei. E estou disposto a mudar ainda mais, por você.
se mexeu inquieta no sofá e eu me aproximei de novo dela, sentando-me outra vez ao seu lado no sofá, deixando uma de minhas mãos subirem até encontrarem seu rosto.
— Eu só preciso que você acredite em mim, , eu amo você, caramba! Olha só o que estou disposto a fazer para ter você de volta. Você é minha, sempre foi. E eu sempre fui seu, nós pertencemos um ao outro, será que você não enxerga isso?
Não deixei que ela respondesse e colei nossos lábios outra vez. Minha língua pediu passagem e logo se entregou, estremecendo em meus braços. Quando nossas línguas se tocaram eu deixei que um gemido rouco escapasse do fundo da minha garganta, e senti as mãos dela apertarem meus braços com firmeza, quando levei a mão que antes estava em seu rosto para sua nuca, enroscando meus dedos em seus cabelos, eu a vi perder o controle e sorri entre o beijo. As mãos dela deslizaram para as minhas costas e eu lentamente deitei o corpo dela sobre o sofá em que estávamos sentados.
Meu corpo agora estava todo por cima do corpo esguio dela, e eu podia sentir o peito dela subir e descer conforme nossas respirações iam ficando mais ofegantes, minhas mãos desceram pela lateral do corpo dela até chegarem em suas coxas ainda vestidas com o jeans que ela usava. Eu apertei o lugar com força, como se quisesse dizer á ela que ela ainda me pertencia, e que nada mudaria aquilo. Suas pernas envolveram minha cintura, pressionando meus quadris em sua intimidade e um gemido saiu dos lábios dela quando sentiu meu membro já começando a endurecer em contato com a intimidade quente dela.
Meus lábios desgrudaram dos dela apenas para descerem para seu pescoço, e então eu trilhei beijos molhados por lá vendo-a fechar os olhos com o contato. Aquilo era tudo que eu precisava: vê-la se entregar de novo para mim, cedendo não somente ao desejo carnal que eu sabia que nós nutrimos um pelo outro, mas pela conexão que tínhamos que ia além daquilo tudo. O amor que eu sabia que ela sentia por mim também.
Minhas mãos invadiram sua pele por debaixo da blusa que ela usava e o quente da pele dela me fez soltar um palavrão sussurrado, como se eu estivesse sozinho e aquilo fosse apenas a minha imaginação; mas não, era real. Minhas mãos subiram até encontrarem o contorno dos seios fartos que eu tanto gostava, ainda dentro do sutiã, e eu soltei o mesmo palavrão, mais alto dessa vez.
Deslizei meus dedos de volta, pela barriga de e então comecei a levantar a blusa, bem devagar como se estivesse pedindo permissão, e ainda de olhos fechados eu a vi segurar minhas mãos, me ajudando com o movimento.
Meus olhos passearam pelo dorso semi-nu dela na minha frente e era como se eu a estivesse vendo daquele jeito pela primeira vez de tanto que meu coração batia rápido. Ela rapidamente se livrou do sutiã de renda branco e então se sentou de frente para mim, como se esperasse meus próximos passos, eu voltei a passear meus olhos pelos seios agora nus dela e senti meu membro latejar pesadamente dentro dos tecidos que o seguravam.
Minhas mãos voaram outra vez para lá, com sede. Primeiro eu os apertei em minhas mãos sentindo-os enrijecerem sob meu toque e então com as pontas dos dedos, segurei seus mamilos, apertando-os delicadamente como eu sabia que ela gostava e a vi segurar um gemido enquanto apertava meus braços com força.
A pressão em meus dedos foi aumentando, assim como a vontade dentro de mim, latejando com ainda mais força… como se lesse meus pensamentos ela levou uma das mãos até meu membro pulsante e o apertou com certa força por cima do tecido.
Meus olhos se fecharam com força e então eu olhei na direção onde a mão dela estava pousada, uma das minhas mãos desceu até a dela, pressionando-a com ainda mais intensidade e então nossos lábios voltaram a se encontrar. Se separando novamente apenas para que ela pudesse retirar a camiseta que eu usava.
Depois, meus lábios encontraram seu mamilo esquerdo e eu os chupei com intensidade, morrendo de saudade da sensação de tê-la ali, completamente entregue a mim, o gosto da pele salgada dela em minha lingua fez meu membro voltar a latejar e eu grunhi enquanto levava uma das mãos para as costas dela, mantendo-a firme no lugar. Minha lingua brincou com o piercing que ela tinha por lá e se entregou ainda mais, finalmente deixando um gemido sôfrego sair de sua boca. Logo eu já estava trabalhando com os lábios em seu seio direito e ela cravou as unhas com força em minha pele.
O toque das unhas de contra minha pele enviou uma onda de calor direto para minha espinha. A pressão inicial foi firme, quase urgente, deixando um rastro de ardência prazerosa conforme seus dedos se fechavam contra meus ombros. O contraste entre a leve dor e o calor do corpo dela contra o meu só intensificava meu desejo, fazendo com que cada arranhão se transformasse em uma espécie de marca silenciosa, um lembrete da entrega mútua que estávamos compartilhando.
Antes que nossos lábios pudessem se encontrar novamente, eu me livrei da calça jeans pesada que ela usava, com sua ajuda e ela fez o mesmo com a minha, e então nossos lábios voltaram a se encontrar, mas dessa vez com menos urgência, o beijo era mais lento, mais provocativo e hora ou outra ela mordia meus lábios tanto inferiores quanto superiores.
Suas mãos desceram pela lateral do meu corpo, me provocando mais arrepios até que começaram a descer a única que peça de roupa que eu ainda tinha em meu corpo, eu a ajudei e então nós nos encaramos, nos olhos de , vi uma tempestade de sentimentos que me prendeu ali, sem conseguir desviar o olhar. Havia desejo, intenso e avassalador, misturado com um brilho de incerteza que logo foi substituído por entrega. Sua respiração estava acelerada, seus lábios levemente entreabertos, e seus olhos me exploravam como se quisessem memorizar cada detalhe, cada sombra de luz refletida no meu rosto. Era como se, naquele momento, ela estivesse se permitindo me ver de verdade, sem as barreiras que sempre ergueu entre nós. E aquilo me atingiu com força. Eu podia ver sua hesitação, mas acima de tudo, via o fogo que queimava ali, o mesmo que ardia em mim.
Quando suas mãos alcançaram meu membro rígido e pulsando de desejo por ela seus olhos se fecharam e eu a ajudei com os movimentos, ora lentos, hora mais intensos e eu tinha os lábios colados aos dela, mesmo que naquele momento não nos beijássemos, quando suas mãos prosseguiram sozinhas, eu gemi contra seus lábios, observando ela apertar os olhos e morder o próprio lábio, como se estivesse se controlando para não gemer comigo. Eu fechei os olhos quando a palma de uma das mãos dela envolveu minha glande e fez alguns movimentos circulares, ali eu senti que precisava estar dentro dela o quanto antes, ou gozaria ali mesmo.
Eu segurei seus pulsos, dessa vez sem nenhuma delicadeza e a deitei no sofá, arrancando um gemido surpreso dela, meus olhos desceram para a calcinha que era da mesma cor e tecido do sutiã e meus dedos deslizaram pela renda fina de sua calcinha, pressionando contra sua intimidade quente e pulsante. O tecido já estava úmido, denunciando o efeito que eu tinha sobre ela. Um sorriso satisfeito curvou meus lábios enquanto eu a observava se contorcer sob meu toque.
— Você pretendia transar com aquele babaca, ? — minha voz saiu rouca, quase um rosnado, enquanto afastava a peça delicada para o lado. Ela arfou em resposta, os lábios entreabertos em um suspiro trêmulo.
Deslizei a ponta dos dedos contra sua entrada, traçando círculos lentos e tortuosos em seu clitóris. O corpo dela reagiu instantaneamente, um estremecimento percorrendo sua pele. Seus olhos me encaravam, brilhando de desejo e frustração, mas nenhuma palavra saía de sua boca.
— Porque essa lingerie tão bonita? — continuei, meus dedos brincando com ela, provocando-a sem piedade. Sua respiração se tornou mais pesada, e seu quadril se ergueu involuntariamente em busca de mais contato.
Apertei seu pulso contra o sofá, inclinando-me para sussurrar contra sua pele quente:
— Estava preparando algo para ele? Hum? Responda, .
Deslizei um dedo para dentro dela, sentindo-a pulsar ao meu redor. Um gemido entrecortado escapou de seus lábios, e suas unhas cravaram em meus braços, tentando agarrar algo para se segurar.
— J-… — seu tom era um misto de prazer e desespero.
Curvei os lábios em um sorriso perigoso, intensificando os movimentos.
— Você sabe que eu sou o único que pode te fazer sentir assim… então diga, . Para quem você realmente se arrumou hoje?
— Para você , só para você…
Um arrepio percorreu meu corpo ao ouvir sua confissão. Algo dentro de mim se incendiou, um desejo primitivo, possessivo. Eu queria marcá-la, queria que ela se lembrasse de cada toque, de cada palavra, queria fazê-la entender que ela sempre foi minha.
Meus dedos afundaram um pouco mais dentro dela, arrancando um gemido sôfrego de seus lábios inchados.
— É isso que eu queria ouvir… — murmurei contra sua pele, minha boca deslizando para o pescoço dela, onde deixei uma trilha de beijos e mordidas suaves.
se arqueou sob mim, suas mãos agora livres cravando-se em minhas costas, como se quisesse me puxar ainda mais para perto. Seu corpo respondia ao meu de um jeito que eu conhecia bem, entregue, vulnerável, ansiando pelo que estava por vir.
— Então me mostra… — minha voz saiu carregada de desejo. — Me mostra que é só minha.
Me afastei apenas o suficiente para arrancar de vez aquela última peça de renda que ainda cobria sua pele quente. Meus olhos vagaram por cada curva sua, gravando-a em minha mente como se fosse a primeira vez.
Ela me olhava da mesma forma, com os lábios entreabertos, os olhos brilhando de desejo e necessidade.
— … — minha garota sussurrou, e isso foi o suficiente para me fazer perder o último fio de controle que me restava.
Me inclinei sobre ela novamente, unindo nossas bocas em um beijo faminto, enquanto meu corpo se encaixava ao dela, pronto para reivindicar o que sempre foi meu.
🍀🍀🍀
’s POV:
A chuva lá fora ainda caia com intensidade, assim como as nossas respirações. Eu estava deitada sobre o peito suado de enquanto seus braços me apertavam contra ele da forma possessiva de sempre. Minha cabeça fervilhava em pensamentos e eu sabia que a dele também.
O sexo entre eu sempre era mágico, intenso e eu sempre queria mais, mesmo exausta. Mas ali, naquele momento, eu parecia querer apenas encontrar o caminho de volta para o que nós dois um dia tínhamos sido. Apesar de que nada nunca foi muito calmo entre nós dois, ali deitada sobre seu peito escutando a chuva cair, parecia que finalmente nós dois havíamos entendido algo.
Ele foi o primeiro a quebrar o silêncio:
— Eu fiquei maluco quando soube que você estava naquele bar com outro. Eu dirigi feito louco tentando chegar a tempo de impedir que você sequer pensasse em beijá-lo.
suspirou pesadamente, seus dedos traçando círculos preguiçosos em minhas costas nuas.
— Eu sempre sei, … — ele murmurou, sua voz baixa e rouca.
Levantei a cabeça apenas o suficiente para encará-lo, minhas sobrancelhas franzidas em confusão.
Ele hesitou por um momento, como se estivesse ponderando até onde deveria ir com aquela confissão. Seus olhos escuros analisaram meu rosto antes de finalmente responder:
— Eu tenho olhos por toda parte. Sei onde você está, sei o que você faz… — ele fez uma pausa, apertando a mandíbula. — E sei quem tenta se aproximar de você.
Me afastei um pouco, sentindo um arrepio percorrer minha espinha.
— Você me seguiu? — perguntei, minha voz saindo mais baixa do que eu pretendia.
soltou um riso seco, sem humor.
— Se eu não tivesse, você teria deixado aquele cara te tocar?
Mordi o lábio, desviando o olhar. Eu não sabia exatamente qual era a resposta para aquela pergunta. Parte de mim queria feri-lo como ele me feriu antes, queria provar que eu também poderia seguir em frente. Mas estar ali, nos braços dele, me fazia perceber que, no fundo, eu nunca quis realmente tentar.
— Você não tinha esse direito… — murmurei, mas minha voz soou fraca, sem convicção.
— Eu nunca tive o direito de nada quando se tratava de você, não é? — Ele passou a mão pelo cabelo molhado, frustrado. — Mas isso nunca me impediu de te querer, . Nunca me impediu de te amar.
Meus olhos se fixaram nos dele. Havia tanta intensidade ali, tanta verdade, que meu coração vacilou.
Ele me puxou de volta, seus lábios roçando os meus em um beijo lento, como se tentasse me fazer sentir tudo o que ele não conseguia colocar em palavras. E eu senti. Eu sempre sentia.
A chuva continuava caindo lá fora, mas dentro daquele escritório, presos um ao outro, parecia que o tempo havia parado.
Minha respiração travou.
As palavras de pairaram no ar como uma prece silenciosa, carregadas de emoção e desejo. Seus olhos estavam fixos nos meus, esperando—não, implorando—por uma resposta.
Voltar para ele? Voltar para a confusão, para o caos, para a intensidade sufocante que sempre fomos?
Ou seguir em frente e tentar apagar o fogo que ele sempre acendeu em mim?
Engoli em seco, sentindo minhas unhas cravarem levemente em seu peito. Ele segurou meu rosto entre as mãos, os polegares deslizando suavemente pela minha pele, como se quisesse me ancorar ali, dentro daquele momento.
— Você ainda me ama, … eu sei que ama.
Fechei os olhos por um instante, tentando encontrar dentro de mim uma resposta que fizesse sentido. Mas o que fazia sentido quando se tratava de nós dois?
— Eu…
As palavras ficaram presas na minha garganta. Eu queria dizê-las. Queria gritar que sim, que sempre seria dele. Mas ao mesmo tempo, uma parte de mim sabia que amor, por si só, nunca foi suficiente para nós.
Então, em vez de responder, apenas me inclinei e depositei um beijo demorado nos lábios dele. Um beijo que não dizia
“sim”, mas também não dizia
“não”. soltou um suspiro pesado contra minha boca e, quando nos afastamos, havia um brilho intenso em seus olhos.
— Você ainda não está pronta para responder… — ele murmurou, passando os dedos pelo meu queixo. — Mas eu vou esperar, . Pelo tempo que for.
A chuva continuava caindo lá fora, pesada e intensa, como nós sempre fomos.
E enquanto me aconchegava mais uma vez contra o peito de , percebi que essa história ainda estava longe de acabar.
Fim