Fluorescent Adolescent
Mais uma noite e lá estava ele, esperando por sua vez. , ou apenas como todos a conheciam, tinha 19 anos e um ‘trabalho’ nada convencional.
— Me esperando novamente, ? — a garota perguntou batendo no vidro do carro do rapaz que estava um pouco aberto.
Ele sorriu.
usava uma roupa nada discreta, justa e curta, suas sandálias de salto estavam em suas mãos e naquela noite não usava maquiagem alguma, linda como sempre, era tudo em que conseguia pensar enquanto saía do carro para seu programa de quase todas as noites.
— Achei que não viria me ver hoje… — A garota murmurou caminhando um pouco a frente do rapaz que a seguia.
— Acho que não me conhece direito, . — disse rindo baixo.
— Só estudamos juntos uma vez no colégio, e você mal falava comigo, difícil te conhecer. — Ela riu adentrando um prédio, um hotel.
— Claro, claro, como se seu porte incrivelmente intimidador me ajudasse em uma aproximação. — O rapaz bufou enquanto entrava no elevador seguindo .
A garota riu baixinho parecendo se divertir.
— Quer dizer que eu te intimidava, ? — questionou voltando-se para que estava às suas costas.
— Muito! — respondeu ele em tom divertido. — Não que ainda não me intimide… — Deu de ombros.
riu, e assim que o elevador parou em seu andar, ela saiu caminhando em direção à última porta do corredor.
Fazia seis meses que as noites de tinham um convidado especial. Sim, convidado, porque jamais seria exatamente um cliente.
A primeira vez que o viu fora há seis meses, no dia dos namorados. viera com uma proposta completamente inesperada para uma garota como ela, que trabalhava com o que ela trabalhava. Ele a convidara para sair, um jantar a dois num dos restaurantes mais luxuosos da cidade, E estava disposto a pagar as horas que isso lhe tomasse. “Não quero prejudicar seu trabalho, mas quero conhecê-la, então nada mais justo.”, foi o que disse naquela noite quando o tempo dos dois juntos se esgotou.
Ela nunca entenderia ao certo o que um cara como estava fazendo ali com ela. Não era o que todos os caras que a procuravam queriam, ou seja, sexo. Não, porque ao longo daqueles seis meses, sequer uma única vez pareceu interessado nisso, não exatamente. O que eles tinham ali era pouco menos que paixão e pouco mais que amizade, algum ponto entre os dois sentimentos era o que definiria a relação entre os dois. Não que algum dia fosse admitir isso a ele. Já deixava bastante claro seus sentimentos e pensamentos sobre ela.
— E então, a que devo a honra, senhor ? — sentou-se na cama encarando de modo divertido.
— Queria passar mais tempo com uma pessoa especial… — O rapaz deu de ombros desviando o olhar como se realmente não desse a mínima. sorriu discretamente ao ouvir.
— Então tá. — Ela deu de ombros também. — Tem mais perguntas para mim, ? — perguntou. Ele sempre tinha perguntas para ela, esse era o motivo para ele dar as caras quase todas as noites, mas ele nunca havia feito a única pergunta que realmente queria.
baixou o olhar um pouco constrangido, pensando se deveria ou não a questão à tona.
— Diga logo, ! Não vou ficar constrangida e nem ofendida… Não depois das milhares de perguntas indiscretas que já me fez! — Ela gargalhou com a expressão tímida do rapaz.
— Certo… … Por que esse trabalho? — finalmente disse e ouviu a garota gargalhar ainda mais.
— Ficou todo constrangido pra perguntar isso? — Riu mais um pouco vendo dar de ombros.
— Bom, eu posso ficar constrangido com a resposta? — quis saber sentando-se numa poltrona que ficava de frente para a cama.
— Talvez… — Respondeu ela séria.
ficou em silêncio um tempo, pensando se realmente queria ouvir a resposta e então encarou a garota a sua frente. Tão diferente da garota que conhecera no colégio, tão mais… Mulher. Ele daria tudo para saber mais sobre ela, sempre quis saber mais sobre ela. Suspirou.
— Certo, pode dizer. — Concluiu.
A verdade era que se divertia com , nunca se divertia como quando estava com ele. Mesmo com suas perguntas constrangedoras, como quando ele quis saber que tipo de sexo ela gostava, ou quando perguntou com quantos anos tinha perdido a virgindade. A verdade era que passar vergonha com as perguntas que ele fazia era divertido, já que era com ele.
E então ele quis saber por que ela fazia o que fazia, por que era uma garota de programa.
pensou um pouco, por quê?.
— Há quase dois anos eu estava na pior, . Andei me drogando, meus pais me expulsaram de casa e eu precisava de grana fácil… — Ela deu de ombros. — E também… — Começou questionando-se se deveria contar o resto. Os olhos de imploravam para que ela continuasse. — E também por causa de toda a emoção. O prazer, a adrenalina, a vida inconstante… — Ela fez uma pausa para encarar a face do rapaz, ele estava sério… Na verdade não demonstrava reação alguma. — Acho que é isso. — Deu de ombros.
permaneceu sério, pensando.
— Acha que sou mesmo uma vadia e que mereço ser o que sou, não é? — perguntou encarando-o.
— Na verdade… — Ele começou um pouco distraído. — Na verdade, acho que estou meio chateado. Nunca vou poder te dar tudo o que quer, o que precisa. Não dá pra competir com vários caras diferentes sendo um só… — Murmurou parecendo mesmo chateado, o que fez rir desacreditada.
— Por que se importaria em me dar o que quero? — questionou pensativa.
— Porque eu te amo. — Ela ouviu-o responder simplesmente como se tivesse dito “boa noite”. encarou-o de sobrancelha erguida.
— Como?
— Sou apaixonado por você desde o momento em que comecei a reparar melhor em você no colégio e depois comecei a pesquisar sobre você, e te amo desde que comecei a vir todas as noites falar com você. — O rapaz disse tudo isso no mesmo tom que usara para se explicar, calma e despreocupadamente.
Ele encarava a expressão atordoada de . Talvez não devesse ter dito aquilo naquele momento…
— Desculpe. — Ele começou.
— Ninguém nunca me disse isso… Quer dizer, sim, já disseram, mas sei bem o que eles amam em mim. — Fez careta. a observava. Ela parecia medir os acontecimentos.
Depois de um minuto inteiro em silêncio, ela finalmente murmurou.
— Acho que eu também te amo. — Sussurrou um pouco timidamente. — Desde que apareceu aqui pela primeira vez dizendo que queria um pouco do meu tempo e me levou para jantar.
sorriu, ele não esperava que ela dissesse aquilo, nem em um milhão de anos. Mas logo seu sorriso se apagou.
— Mas não vai deixar seu trabalho para ficar comigo… — Ele parecia infeliz. Viu os olhos de medi-lo.
se aproximou da poltrona sentando no colo de e logo selando os lábios de ambos. estaria confuso se não estivesse completamente entretido com o que estava acontecendo. Depois de um tempo beijando-o, se afastou um pouco.
— Talvez eu deixe meu trabalho para ficar com você… — Murmurou. — E você sabe todos os meus pequenos segredos, e de tudo como eu gosto. — Sussurrou no ouvido do rapaz. Ela se levantou de seu colo puxando-o pelas mãos em direção à cama com um sorriso maroto brincando em seus lábios.
podia não ter integralmente , mas ele sabia mesmo todas as coisas sobre ela, e sabia como ela gostava das coisas… Talvez o que estivesse para acontecer naquele momento e o provável futuro dele ao lado de não fossem assim tão ruim.
Certo, seria o melhor futuro de sua vida. A garota que ele amava, o garoto que ela amava. Os dois se amariam todas as noites possíveis, como naquela primeira noite juntos.
Fim
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