Fix you
Capítulo 01
Todas as vezes que ela pisava na Coreia do Sul, a sensação era a mesma: uma mistura sufocante de nostalgia e angústia. O ar era familiar, as ruas eram as mesmas, mas tudo nela parecia diferente. Era como se a Coreia fosse uma velha amiga, mas uma que carregava memórias que tentava deixar para trás. Depois de dois anos nos Estados Unidos, o país onde sua mãe havia nascido, onde as lembranças eram menos pesadas e o passado não a perseguia a cada esquina, retornar para Seul parecia uma batalha interna.
Ela se lembrava de sua última estadia aqui, de como as câmeras pareciam estar à espreita em cada esquina, prontas para captar qualquer fraqueza. O peso do sobrenome que carregava era constante, e mesmo que ela tentasse se esconder na multidão, os olhares sempre a encontravam. “A filha dele,” eles sussurravam. E então, como um ciclo vicioso, vinham as perguntas: Como é ser herdeira de uma lenda? O que você pensa sobre o vício do seu pai? Perguntas que a assombravam desde criança, e que ela não conseguia responder nem para si mesma, quanto menos para os outros.
Nos Estados Unidos, tudo era mais leve. Ela podia ser apenas . Ninguém a olhava com curiosidade mórbida ou expectativas irreais. Mas na Coreia, sua vida parecia estar sempre exposta, como um palco no qual ela nunca havia pedido para se apresentar.
Agora, voltava para enfrentar o que havia deixado para trás. A mídia continuaria curiosa sobre ela, os repórteres ávidos por qualquer novidade, mas o que realmente a incomodava era o medo de reviver as dores do passado. Cada rua de Seul lembrava um pedaço de sua infância com o pai, e cada lugar que ela visitava parecia estar impregnado pela sua ausência.
O som das rodas de sua mala no asfalto ecoava no silêncio de seus pensamentos. Sua mente insistia em revisitar aquela promessa: Eu nunca me apaixonarei por alguém famoso. A dor de sua mãe, o vício do pai, a separação… Tudo isso pesava em seu coração e moldava suas escolhas. E agora, enquanto cruzava as portas do aeroporto, sentia aquele velho medo crescendo, o medo de que a Coreia a prendesse novamente nas suas memórias, como se as últimas décadas nunca tivessem passado.
Mas desta vez, ela tentaria algo diferente. Ela respirou fundo, tentando convencer a si mesma de que estava mais forte agora, mais preparada. Dois anos fora deveriam ter sido suficientes para construir uma nova , não a garota perdida que fugia da sombra de seu pai.
No fundo, porém, uma parte dela sabia que não era assim tão simples.
Ao sair pelas portas de vidro do aeroporto, foi imediatamente atingida pelo barulho ensurdecedor de vozes, flashes e câmeras. Os repórteres já a aguardavam. Eles sempre sabiam. Ela mal havia pisado no país, e de alguma forma, a notícia de seu retorno já tinha vazado. Era inevitável, pensou, com um misto de frustração e resignação.
Seu segurança, um homem robusto e de expressão calma, se posicionou ao seu lado, tentando abrir caminho por entre os repórteres. “Por favor, dêem espaço!”, ele pediu, em um tom firme, mas controlado, como se soubesse que brigar com a mídia só pioraria a situação. No entanto, os jornalistas eram insistentes.
— , como é voltar para a Coreia depois de tanto tempo?
— Como você se sente em relação ao legado do seu pai?
— Pretende seguir os passos dele na música?
— Você esteve nos Estados Unidos por tanto tempo, houve algum projeto secreto por lá?
As perguntas vinham de todos os lados, em um ritmo tão acelerado que mal conseguia distinguir uma da outra. baixou os olhos, evitando qualquer contato visual. Não era apenas o incômodo das perguntas invasivas, era a sensação de ser vista como um objeto, como se a única coisa de valor em sua existência fosse o legado do pai. A mesma pergunta, sempre. Sempre ele. Sempre o fantasma que a seguia.
Ela sentiu a mão firme de seu segurança em seu ombro, guiando-a em meio à multidão. “Estamos quase lá”, ele murmurou, mantendo a calma. Mas estava longe de se sentir segura. As câmeras estavam a poucos centímetros do seu rosto, os flashes cegando seus olhos. O tumulto ao seu redor parecia se intensificar a cada passo que ela dava.
Seu coração disparava, e o desejo de voltar correndo para os Estados Unidos se tornava mais tentador a cada segundo. O que eu estou fazendo aqui?, ela se perguntou, lutando contra o impulso de largar tudo e desaparecer. Mas já era tarde demais para recuar. Agora, estava de volta. A única coisa que podia fazer era atravessar aquele inferno de flashes e perguntas.
Quando finalmente alcançaram o carro, o segurança abriu a porta rapidamente, bloqueando os repórteres com o corpo enquanto se encolhia no banco de trás. A porta se fechou, abafando o barulho e os flashes, e por um segundo ela sentiu uma pequena onda de alívio ao ser isolada daquele caos.
Ela recostou a cabeça no encosto do banco, tentando acalmar a respiração. O carro arrancou, e o aeroporto ficou para trás, mas a sensação de sufocamento continuava presa no peito.
Do lado de fora, a Coreia parecia a mesma. Mas para , tudo era diferente agora.
***
O carro deslizou pelas ruas de Seul, e a paisagem urbana passava por como um borrão indistinto. Ela observava as luzes da cidade sem realmente vê-las, perdida em seus próprios pensamentos. Quando o veículo finalmente parou em frente ao prédio onde ficava seu apartamento, uma sensação pesada se instalou em seu peito.
O apartamento era um dos poucos legados físicos que seu pai havia deixado. Um lugar repleto de memórias que ela não queria revisitar, mas do qual não conseguia se desvincular. Desde sua adolescência, aquele lugar era um símbolo das escolhas e dos erros do pai, mas também uma lembrança silenciosa de que ele nunca tinha sido completamente apagado de sua vida.
Ela suspirou, pegando suas malas enquanto o segurança abria a porta do prédio.
— Precisa de mais alguma coisa? — ele perguntou com um olhar preocupado.
— Não, obrigada. Pode ir, eu fico bem aqui — ela respondeu, tentando parecer firme.
Ele assentiu, embora hesitasse um pouco antes de se despedir. Quando a porta do elevador se fechou, e ela ficou sozinha com o som suave da máquina subindo pelos andares, começou a sentir a pressão real de estar de volta. O prédio era luxuoso, moderno, mas o apartamento no último andar, herança de seu pai, parecia mais uma jaula do que um lar. Ao passar o cartão de segurança e ouvir o clique da fechadura, sentiu um aperto no peito.
Ao entrar, foi como se o ar ficasse mais pesado. Tudo estava exatamente como tinha deixado, como se o tempo houvesse parado desde a última vez que estivera ali. Cada detalhe a fazia lembrar de seu pai. Os discos de vinil empilhados em um canto da sala, as guitarras antigas presas nas paredes, os quadros com fotos de shows lotados. Era impossível entrar ali sem ser bombardeada por lembranças de alguém que, apesar de toda a sua genialidade, havia se perdido para si mesmo.
largou as malas perto da porta, sentindo-se quase sufocada pelas memórias. Havia algo agridoce em estar de volta àquele espaço, um lugar que parecia conter tanto amor quanto tristeza. Ela caminhou lentamente pela sala, seus dedos roçando as costas do sofá, a mesa de centro. Tudo permanecia imaculadamente organizado, do jeito que ela gostava, mas a bagunça estava em sua cabeça.
Parou em frente à grande janela que revelava uma vista panorâmica da cidade. Seul parecia vibrante, cheia de vida, mas para , aquela cidade estava repleta de fantasmas. E ali, naquele apartamento, o maior de todos os fantasmas era o seu pai.
Suspirando, ela voltou-se para as malas. Talvez desfazê-las ajudasse a distrair sua mente. Lentamente, começou a tirar as roupas, dobrando e guardando no armário, como se cada peça fosse uma pequena tentativa de normalidade. Mas a normalidade nunca era uma opção real para ela.
Conforme tirava os pertences das malas, encontrou uma foto antiga presa entre seus cadernos. Era uma foto dela e de sua mãe, tirada antes da separação, antes de tudo desmoronar. O sorriso da mãe era brilhante, mas agora, olhando a foto, conseguia perceber as nuances de tristeza já presentes nos olhos dela. A imagem a pegou de surpresa, e ela sentiu o nó familiar se formar em sua garganta.
Eu não quero isso para mim. Não posso viver assim, pensou, guardando a foto rapidamente. Foi até o banheiro, esperando que um banho ajudasse a aliviar a tensão que se acumulava em seus ombros e mente.
Ligando o chuveiro, ela sentiu a água quente escorrer sobre seu corpo, como se pudesse lavar a bagagem emocional que ela carregava. Fechou os olhos, permitindo-se relaxar pela primeira vez desde que havia aterrissado em Seul. Mas as memórias continuavam a fluir tão livremente quanto a água: os gritos entre seus pais, as notícias constantes sobre o declínio de seu pai, as longas noites em que sua mãe chorava no quarto ao lado.
queria acreditar que era mais forte agora, que podia resistir a tudo aquilo. Mas, no fundo, sabia que as feridas ainda estavam ali, e que a cidade só as tornaria mais difíceis de ignorar. O apartamento era uma herança, sim, mas não apenas de seu pai. Era uma herança de dor, arrependimento e lembranças de um passado que ela não conseguia deixar para trás.
Terminando o banho, se secou lentamente, enrolando-se em uma toalha e caminhando até o quarto. Vestiu uma camiseta larga e se jogou na cama, sentindo o peso dos dois anos longe, mas também o fardo de estar de volta. Ela olhou para o teto, tentando afastar os pensamentos turbulentos, mas o silêncio do apartamento só parecia amplificar tudo o que ela estava tentando esquecer.
Ao menos por esta noite, ela não teria as respostas que buscava.
Enquanto estava deitada na cama, ainda tentando processar o turbilhão de sentimentos, o som de uma notificação vibrando em seu celular a trouxe de volta à realidade. Ela esticou o braço até a mesa de cabeceira, pegou o telefone e viu o nome de Jia piscando na tela.
Jia era sua assistente pessoal, mas mais do que isso, era sua melhor amiga. Elas haviam se conhecido nos Estados Unidos, e desde então Jia se tornara uma espécie de âncora para . Ela era a única pessoa que conhecia seus segredos mais profundos e entendia o fardo que carregava.
“Ei, você já chegou? Como está tudo por aí? Conseguiu sobreviver aos repórteres? 😅“ – a mensagem de Jia carregava o tom leve e carinhoso de sempre, mas sabia que, por trás das palavras, estava a preocupação genuína.
suspirou, um pequeno sorriso escapando de seus lábios. Jia sempre sabia como quebrar o gelo, mesmo quando as coisas pareciam pesadas demais. Ela digitou uma resposta rápida:
“Cheguei sim. Mas os repórteres já estavam no aeroporto me esperando, como sempre… Foi um caos, mas estou bem agora. No apartamento, desfazendo as malas e tentando me acostumar com tudo de novo.”
Ela ficou olhando para a tela por um momento, antes de adicionar:
“É estranho estar de volta. Acho que vai demorar para eu me sentir ‘em casa’ aqui de novo.”
Poucos segundos depois, o celular vibrou de novo.
“Eu imaginei que seria difícil… Sinto muito que tenha sido assim logo de cara. Mas você é forte, . Vai passar por isso como sempre fez. E se precisar de qualquer coisa, estarei aqui. Ah, e não se esqueça de descansar, ok? Amanhã o dia vai ser longo!”
soltou um pequeno riso ao ler a última parte. Jia sempre se preocupava com tudo, mas ao mesmo tempo conseguia deixar as coisas mais leves. A amizade delas tinha se fortalecido exatamente por isso – Jia nunca tratava como a “filha da lenda”, mas como alguém que tinha o direito de ser apenas… ela.
“Você tem razão… Vou tentar descansar. E obrigada por sempre estar por perto. Amanhã a gente se fala.”
Antes de desligar o celular, olhou para a tela por mais um momento, sentindo o conforto da presença de Jia, mesmo que a quilômetros de distância. Era reconfortante saber que, apesar de tudo, ela tinha alguém que entendia o que estava passando. Ela colocou o telefone de volta na mesa de cabeceira e se aconchegou nos lençóis, sentindo a tensão lentamente se dissipar.
Agora, seu foco precisava ser sobreviver ao primeiro dia de volta e ao que estava por vir. Fechou os olhos, tentando se concentrar na sensação suave dos lençóis contra sua pele e na ideia de que, pelo menos por enquanto, poderia encontrar algum alívio na companhia silenciosa da noite.
***
O sol mal havia nascido quando acordou, o corpo ainda pesado pelo cansaço da viagem e das emoções do dia anterior. Ela piscou lentamente, deixando os olhos se acostumarem com a luz suave que filtrava pelas cortinas do quarto. Por um momento, considerou ficar mais alguns minutos deitada, mas logo se lembrou do compromisso que tinha com seus agentes e com Jia. Hoje seria o dia em que ela começaria a se atualizar sobre seus investimentos e o futuro de sua carreira.
Suspirando, se sentou na cama, esfregando os olhos e tentando se livrar da sonolência. Levantou-se e caminhou até o banheiro. O rosto refletido no espelho parecia ligeiramente abatido, com olheiras discretas de uma noite mal dormida. Lavou o rosto com água fria, o choque a despertando por completo.
Após se sentir um pouco mais revigorada, abriu o armário e olhou para suas roupas, buscando algo que fosse ao mesmo tempo profissional e confortável. Hoje ela precisava parecer no controle, mesmo que por dentro ainda estivesse tentando se estabilizar. Optou por uma camisa de seda branca, um blazer bem cortado e calças de alfaiataria pretas. O visual transmitia elegância sem esforço, o que era exatamente o que ela precisava.
Ao se vestir, sua mente começou a vagar pelos encontros que teria. Ela não falava diretamente com seus agentes há meses, preferindo deixar Jia gerenciar as conversas. Durante o tempo que passou nos Estados Unidos, havia se distanciado das responsabilidades que vinham com a fama e os investimentos herdados do pai. Parte dela sabia que isso não poderia durar para sempre, e agora era hora de enfrentar a realidade.
Depois de se arrumar, pegou seu celular e enviou uma mensagem rápida para Jia:
“Já estou pronta. Nos vemos na reunião. Preciso de café antes de qualquer coisa, estou morta. 😂“
Não demorou muito para Jia responder:
“Café garantido! Nos vemos em 30 minutos. E não se preocupe, vai dar tudo certo hoje!”
sorriu levemente. Jia sempre sabia o que dizer. Mesmo com todos os desafios, ter sua melhor amiga ao seu lado tornava as coisas um pouco mais fáceis. Pronta para enfrentar o dia, colocou um par de sapatos elegantes, pegou sua bolsa e deu uma última olhada no apartamento antes de sair. A sensação familiar de desconforto estava ali, mas ela sabia que não podia se deixar abater. Tinha responsabilidades a cumprir e um legado para proteger, por mais complexo que fosse.
No elevador, ela respirou fundo, tentando se preparar mentalmente para a reunião. A realidade de ser a herdeira de uma das maiores lendas do rock sempre parecia mais pesada nesses momentos. Hoje, mais do que nunca, ela precisava provar a si mesma que estava no controle de sua própria vida.
Ao sair do elevador, encontrou seu segurança já esperando na entrada do prédio. Era o mesmo homem que a acompanhara no aeroporto no dia anterior, alto e imponente, mas discreto o suficiente para não chamar atenção em público.
— Bom dia, Srta. . Tudo pronto para hoje? — Ele perguntou com um aceno respeitoso.
— Bom dia. Sim, acho que estou. — respondeu com um sorriso educado. — Vamos tomar um café antes de ir para o escritório? Preciso de algo forte para acordar de vez.
O segurança assentiu e abriu a porta do carro para que ela entrasse. Durante o trajeto, ficou em silêncio, observando a cidade pela janela. As ruas movimentadas de Seul eram um contraste gritante com a calma suburbana que experimentara nos Estados Unidos. As memórias daquela cidade, de seu pai e de tudo o que deixara para trás, vinham à tona enquanto o carro se movia pelas avenidas. Agora, de volta ao coração do caos, sabia que teria de enfrentar tudo de frente.
Chegaram a uma pequena cafeteria discreta, uma das poucas que costumava frequentar sempre que precisava de um momento de paz. Entrando no local, sentiu o familiar cheiro de café fresco e pão assado. Havia algo reconfortante naquele lugar, e, apesar de algumas olhadas curiosas, a maioria dos clientes parecia ocupada demais com seus próprios afazeres para se importar com sua presença.
Ela pediu um café expresso duplo e uma fatia de bolo de limão, algo leve para começar o dia. Sentou-se em uma mesa ao fundo, enquanto seu segurança tomava um lugar próximo, atento a qualquer movimento suspeito.
aproveitou aquele breve momento de calmaria, sentindo o calor do café entre suas mãos e deixando o sabor forte e amargo revitalizar seus sentidos. Sua mente, no entanto, já estava focada na reunião que teria logo em seguida. Não podia mais adiar as responsabilidades que vinha evitando. Era hora de voltar ao controle de sua vida e de tudo o que envolvia o legado de seu pai.
Pouco depois, ela terminou o café, e os dois seguiram para o escritório onde seus agentes e consultores financeiros a aguardavam. O prédio era moderno, envidraçado, no centro da cidade. Subiram até o último andar, onde era esperada em uma sala de reuniões ampla, com vista panorâmica da cidade.
Ao entrar na sala, foi recebida por uma pequena equipe que incluía Jia, sempre pontual, e seus agentes, os mesmos que administravam sua carreira e o vasto patrimônio deixado por seu pai. Todos se levantaram em respeito.
— , é bom tê-la de volta — um dos consultores disse, apertando a mão dela. — Como foi o tempo nos Estados Unidos?
— Foi… revigorante. Mas agora estou aqui de vez, e quero começar a colocar minha vida em ordem… — respondeu, sorrindo, mas de forma contida.
A reunião começou formalmente com uma atualização sobre os investimentos feitos com a herança de seu pai. Eles discutiram ações, imóveis e projetos relacionados à música que o nome dele ainda financiava. ouvia tudo atentamente, sentindo o peso das decisões que precisaria tomar a partir dali. Ela sabia que não podia ficar à margem, apenas permitindo que outros controlassem seus negócios.
— Tudo isso é importante, — disse , interrompendo um dos agentes enquanto ele explicava a rentabilidade de um investimento imobiliário. — Mas quero discutir outra coisa também.
Os olhares se voltaram para ela, curiosos.
— Agora que voltei de forma definitiva, quero trabalhar. Não posso mais ficar apenas supervisionando de longe. Quero fazer algo com minha vida, algo que seja meu e não apenas uma extensão do legado do meu pai. Preciso que vocês me ajudem a encontrar um caminho… algo que eu possa construir.
Houve uma breve pausa na sala, e os agentes trocaram olhares entre si. Jia, que estava ao lado de , colocou uma mão gentil em seu braço, em um gesto de apoio.
— , — começou um dos consultores, um homem mais velho e experiente. — Entendemos que você quer traçar seu próprio caminho, e é perfeitamente compreensível. Temos várias opções para você, mas precisamos saber qual direção gostaria de seguir. Música? Negócios? Filantropia? Você tem as ferramentas e os recursos para qualquer uma dessas áreas.
ficou em silêncio por um momento, ponderando as palavras do consultor. Era verdade que tinha inúmeras opções à sua disposição, mas decidir por onde começar era o desafio.
— Eu não tenho uma resposta exata agora, — admitiu ela. — Mas sei que não quero ficar estagnada. O que vocês sugerem? Que oportunidades existem que não estejam diretamente ligadas ao nome do meu pai?
Os agentes começaram a listar possibilidades, desde investimentos em startups até patrocínios de eventos culturais e iniciativas sociais. Enquanto ouvia, percebeu que a decisão final teria que vir dela. No entanto, a ideia de finalmente se envolver de forma ativa em algo próprio acendia uma chama de entusiasmo que ela não sentia há muito tempo.
— Vamos estudar algumas dessas opções com calma, — disse ela ao final da reunião. — Mas agradeço a todos por estarem comigo nisso. Estou pronta para começar algo novo.
Com a reunião encerrada, sentiu uma leveza inesperada. Mesmo sem uma decisão definitiva, ela estava dando o primeiro passo para redefinir sua vida.
***
Após a reunião, e Jia decidiram que um almoço juntas seria a maneira perfeita de continuar as conversas de forma mais descontraída. Saíram do escritório e caminharam em direção a um restaurante que frequentavam há anos, um lugar onde podiam se sentir à vontade, longe das câmeras e olhares curiosos. O clima estava agradável, e a leve brisa de outono oferecia um conforto que não sentia há tempos.
— Eu ainda não consigo acreditar que você está de volta pra ficar! — comentou Jia, enquanto elas se acomodavam em uma mesa perto da janela. O restaurante tinha uma atmosfera tranquila, com música ambiente suave, o que ajudava a relaxar ainda mais.
— Eu também não. — respondeu com um sorriso pequeno, mas sincero. — Sabe, acho que só agora, depois de tudo o que ouvi na reunião, a ficha está caindo. Estou realmente de volta, e não tem mais como fugir.
Jia a olhou com um ar compreensivo.
— Você fez o que precisava. Tinha que se afastar um pouco para se encontrar, não há vergonha nisso.
— Eu sei, mas agora é diferente. — suspirou e mexeu no guardanapo sobre a mesa. — Eu sinto que estou prestes a começar uma nova fase da minha vida. E, pela primeira vez, é como se eu tivesse controle sobre isso.
Jia sorriu de lado.
— Isso é ótimo, . Você sempre teve controle, só não se dava conta disso. E agora está aproveitando a oportunidade.
O garçom chegou, e elas pediram seus pratos – algo leve e simples, um prato tradicional coreano que ambas adoravam. Enquanto esperavam, o papo continuou, mais íntimo e menos focado nos negócios.
— Então, o que achou das ideias que discutimos mais cedo?– Jia perguntou, tomando um gole de sua água. — Tem algo que realmente te interessou?
— Na verdade, eu gostei da ideia de patrocinar eventos culturais, — disse , pensativa. — Mas ao mesmo tempo, sinto que ainda estou sendo influenciada pelo legado do meu pai. Não é exatamente o que quero. Quero algo meu.
— Entendo. — Jia assentiu. — Mas talvez o que seja seu não precise ser algo completamente desconectado do seu pai, sabe? Ele faz parte da sua história, isso é inevitável. Talvez o segredo esteja em achar um equilíbrio.
refletiu por um momento, deixando as palavras de Jia ecoarem. Jia sempre soube como colocá-la para pensar, sem pressionar, apenas guiando suas reflexões.
— Tem razão. — disse, finalmente. — Acho que meu medo sempre foi de ser engolida pelo legado dele. Mas… talvez eu possa usar isso de forma a criar algo novo, que tenha a ver comigo.
Os pratos chegaram, interrompendo a conversa por um instante. As duas começaram a comer, apreciando o sabor familiar e confortável da comida.
— Uma coisa de cada vez, — Jia sugeriu, com um sorriso encorajador. — Você não precisa ter todas as respostas agora. O importante é que você está disposta a tentar.
sorriu, mais relaxada.
— Você sempre sabe o que dizer, Jia. Não sei o que faria sem você.
— Bom, se você não tivesse a mim, provavelmente estaria bem, — Jia brincou. — Mas com certeza ficaria mais entediada.
As duas riram, aproveitando aquele momento de leveza, que parecia tão raro na vida de . As conversas fluíram naturalmente, desde planos futuros até memórias do tempo em que viveram nos Estados Unidos. Jia contou algumas histórias engraçadas dos últimos meses, arrancando risos de , que finalmente se sentia um pouco mais à vontade.
Depois de um tempo, Jia tocou no assunto que ambas sabiam que viria eventualmente.
— E sobre… relacionamentos? Algum plano? — Jia perguntou, casualmente, mas com um olhar curioso.
parou por um segundo, mexendo em seu prato. Ela sabia que Jia estava se referindo à decisão dela de não se envolver com ninguém famoso, algo que sempre foi uma questão delicada.
— Planos? Nenhum, como sempre, — respondeu com um pequeno sorriso. — Você sabe como sou em relação a isso.
— Sei, sei. — Jia suspirou. — Mas nunca se sabe… Às vezes, as coisas acontecem quando menos esperamos.
apenas deu de ombros, tentando não se aprofundar no assunto. Ela sempre manteve uma barreira firme quando o tema era romance, especialmente depois de tudo o que presenciou com seus pais. No entanto, por mais que tentasse ignorar, algo dentro dela sabia que talvez Jia estivesse certa.
Capítulo 02
O exército havia sido decidido e unanimemente o período mais difícil até o momento da vida de todos os garotos do BTS. Os sete meninos passaram mais de dois anos divididos, cumprindo seu serviço militar obrigatório. Eles viveram experiências intensas e diferentes, longe dos holofotes, de seus fãs e uns dos outros, o que fez o reencontro ser, sem dúvida, algo aguardado por todos.
Era uma tarde quente e ensolarada, o tipo de dia em que os rostos se iluminam sem esforço. Depois de meses de espera e promessas de um encontro especial, os sete finalmente estavam reunidos novamente. Eles haviam sido liberados, e agora, a ansiedade de estarem juntos novamente tomava conta deles.
, o mais velho, estava ao volante de um carro alugado, com os outros cinco já acomodados atrás. estava os acompanhando em sua moto. Quando o carro parou na entrada de um café simples, mas agradável, foi possível ver a expressão de alívio nos rostos de todos. Era como se o tempo tivesse parado, como se a distância, o serviço militar, tudo aquilo tivesse sido apenas um sonho.
– Finalmente… todos juntos de novo! – disse, com um sorriso largo, os olhos brilhando de felicidade.
– Eu nem acredito que estamos aqui – comentou, olhando ao redor enquanto descia do carro. – Foi tão longo, não?
– Demais… – respondeu, batendo as palmas das mãos contra as pernas. – Mas valeu a pena, né? Vamos aproveitar isso.
e estavam em um ritmo constante de risadas e conversas, como se não tivesse passado um único dia desde que estavam juntos pela última vez. Mesmo com o tempo e as mudanças, havia algo imutável entre eles: a conexão, o carinho e a amizade.
O grupo entrou no café, e logo estavam acomodados em uma mesa grande, ao fundo. Os garçons que os reconheceram logo começaram a sorrir e a fazer perguntas, mas sem incomodá-los muito, respeitando seu espaço. Eles pediram uma rodada de cafés e algumas sobremesas, tentando criar uma sensação de normalidade entre as conversas e risos.
– Lembro que quando a gente estava no exército, ficávamos falando sobre como seria esse momento, né? – RM comentou, olhando para todos, como se refletisse sobre o tempo que passou. – Dizia que quando fosse a nossa vez de voltar, faríamos isso aqui, juntos.
– Foi uma promessa que cumprimos, né? – respondeu, tocando suavemente a caneca de café que acabara de receber. – Nunca pensei que o tempo fosse passar tão rápido.
– Mas foi bom, no final, né? – disse com sinceridade. – Eu senti que esse tempo afastado trouxe algo de bom, pra mim pelo menos. Mas… isso aqui, agora, é o que eu mais queria.
Houve um momento de silêncio confortável. Todos estavam cientes de que haviam mudado durante aquele período. Não apenas fisicamente, mas também mentalmente. Cada um havia vivido uma experiência única, o que os fez amadurecer de maneiras diferentes. No entanto, ao se reunirem, era impossível negar que as coisas estavam prestes a mudar novamente.
– Eu não aguento mais esperar para voltar ao palco com vocês – J-Hope disse com um sorriso travesso, os olhos brilhando com a empolgação. – E o que dizer dos fãs? Como será ver todos novamente?
– Vai ser uma explosão. Todos estão esperando por isso – disse , empolgado. – Mas, antes de voltarmos para isso, temos que aproveitar nosso tempo juntos, agora que podemos.
– É, vamos fazer isso. Não importa quanto tempo tenha passado, a gente sempre vai estar unido! – disse , com um sorriso radiante.
Eles continuaram a conversar, compartilhando histórias do tempo que passaram afastados e atualizando-se sobre a vida uns dos outros. O tempo parecia voar enquanto estavam ali, mas o sentimento de estar novamente em sintonia, de estar juntos, era mais forte do que qualquer coisa.
No final, enquanto a tarde ia se transformando em noite, os sete deixaram o café, já começando a planejar o que viriam a fazer em seguida. Estavam animados, ansiosos, e com uma sensação de renovação que só a convivência de amigos de longa data poderia trazer. Os últimos dois anos eram parte do passado, e agora o futuro, com seus novos desafios e conquistas, os esperava de braços abertos.
Era, sem dúvida, o primeiro dia de um novo capítulo.
***
Depois do café, a energia entre os sete membros do BTS estava ainda mais elevada. Todos estavam com um sorriso no rosto, mas o que vinha a seguir não poderia ser apenas uma reunião informal. A realidade de sua volta ao trabalho era iminente. Por isso, logo após o café, eles seguiram para o prédio da Hybe, onde seriam recebidos para o primeiro de muitos encontros oficiais.
Quando o grupo chegou à sede da Hybe, a familiaridade do ambiente trouxe um conforto imediato. Eles haviam passado por ali tantas vezes antes, mas agora, havia algo diferente no ar… O lugar estava silencioso, mas a expectativa pairava. Todos sabiam que a volta não seria simples; não apenas pela agenda cheia que os aguardava, mas também pelas mudanças pessoais e profissionais que teriam que administrar.
Ao entrar na sala de reuniões, uma grande mesa de vidro os aguardava. O espaço era moderno, elegante e bem iluminado, mas o que mais chamava a atenção era a presença de vários rostos familiares. Alguns dos membros da equipe da Hybe estavam ali, esperando-os para discutir as próximas etapas. Entre eles, estavam Bang PD e seus gerentes, prontos para traçar os planos do retorno da banda.
— Finalmente, o tão aguardado momento chegou — disse Bang PD com um sorriso, levantando-se de sua cadeira. Ele foi o primeiro a cumprimentar os meninos, com um aperto de mão firme para cada um deles.
— Estamos prontos para começar, é claro — RM respondeu, com sua habitual postura de líder. — Queremos ouvir o que vocês prepararam para a gente.
A reunião começou logo em seguida, com os agentes e assessores apresentando um plano de ação para o grupo. Discutiram tudo, desde os lançamentos de um possível álbum, até os projetos de publicidade e as primeiras apresentações de sua volta ao palco. Mas logo, uma questão maior se colocou à mesa: o retorno à cena da musical internacional.
— Estamos planejando lançar um novo álbum no próximo trimestre — começou um dos executivos da Hybe. — Será a nossa maior produção até agora, levando em consideração que vocês têm um tempo distante da indústria. Queremos que esse retorno seja um marco.
Os meninos ouviram atentamente, mas o que mais os preocupava era como a sua volta seria recebida pelo público e pela mídia, especialmente após todo o tempo em que ficaram afastados. Vários tópicos foram abordados: como manter o equilíbrio entre o que o público esperava e o que os membros queriam artisticamente, como garantir que suas mensagens fossem autênticas, e como gerenciar a pressão de se manter no topo depois de tanto tempo fora.
— Sabemos que temos muitas expectativas sobre nós — J-Hope comentou, sendo o primeiro a quebrar o silêncio. — E o peso disso é grande, mas estamos prontos para isso, certo?
— Sim, sabemos o que estamos fazendo — disse com confiança. — Mas precisamos garantir que as coisas estejam no ritmo certo, sem forçar a barra. Temos que ser reais com nossos fãs.
— Não queremos nos perder no caminho — acrescentou, olhando para todos ao redor. — Por mais que estejamos empolgados para voltar, também queremos garantir que estamos fazendo isso pelas razões certas.
O clima na sala de reuniões estava mais sério agora. Não era mais sobre apenas o retorno ao palco, mas também sobre como ser autêntico com os fãs, como administrar suas carreiras sem perder a essência do que o BTS representava.
O gerente de marketing levantou um ponto importante:
— Precisamos definir claramente como a nossa imagem será apresentada no próximo álbum. O que queremos refletir nas nossas músicas e em nosso visual? Temos que ser cuidadosos com o tipo de mensagem que queremos transmitir para nossos fãs internacionais e também para o público coreano.
Após um momento de reflexão, RM foi o primeiro a se pronunciar sobre isso.
— Eu acho que temos que continuar sendo nós mesmos, sem tentar agradar a todo mundo — ele disse, com seu tom de voz calmo, mas firme. — Nós temos uma base de fãs leal, e nossa música sempre foi sobre ser verdadeiro, sobre ser quem somos. Podemos inovar, claro, mas sem perder a nossa essência.
— Eu concordo com o hyung — disse, jogando um olhar determinado para os colegas. — Nosso foco sempre foi a conexão com o público, e isso não vai mudar.
O grupo, em silêncio, trocou olhares de concordância. Depois de tanto tempo separados, era visível o quanto a união deles continuava forte. Nenhuma decisão seria tomada sem a contribuição de todos. Era assim que sempre funcionou, e seria assim de novo.
— Então, estamos todos de acordo? — Bang PD perguntou, esperando uma confirmação.
— Sim — todos responderam ao mesmo tempo, com a confiança de sempre.
— Ótimo — Bang PD sorriu. — Agora, vamos dar um passo adiante. O mundo está esperando por vocês, mas lembrem-se de que vocês têm o controle de como serão vistos. Vamos fazer isso acontecer da melhor forma possível.
A reunião seguiu com mais detalhes sendo discutidos, como turnês e estratégias de marketing. Mas, no fundo, o que realmente importava era a maneira como eles iriam voltar ao palco, não apenas como artistas, mas como pessoas que, embora diferentes, continuavam a carregar a mesma paixão que os uniu desde o início.
Depois de um longo dia de decisões e planos, o BTS estava mais uma vez pronto para conquistar o mundo, agora com uma perspectiva mais madura e uma visão mais clara de quem eram e o que queriam transmitir. E, mesmo com a pressão que vinham enfrentando, estavam unidos, mais fortes do que nunca.
***
estava sentada à mesa de seu apartamento, com o laptop aberto diante de si. A luz suave do fim de tarde entrava pelas janelas, iluminando os livros e objetos que preenchiam o espaço. Ela havia passado os últimos dias adaptando-se à rotina da Coreia do Sul, mas havia algo que ainda a incomodava: a sensação de estar presa na sombra do legado de seu pai. Não queria mais viver sob os olhos da mídia, sob o peso de ser apenas “a filha de uma lenda do rock”.
Com os dedos levemente tocando as teclas, ela começou a pesquisar. Nada de assuntos musicais, nem nada que a remetesse ao mundo do entretenimento. A busca era por algo novo, algo que ela pudesse chamar de seu sem estar diretamente conectada à fama. Ela abriu uma nova aba no navegador e digitou as palavras que tanto rondavam sua mente: “áreas de atuação profissional para quem quer se manter fora dos holofotes.”
Ela não sabia exatamente o que estava procurando, mas sabia que não queria seguir os passos do pai. A ideia de estar sempre sob os olhos atentos da mídia a aterrorizava. Queria algo discreto, que lhe permitisse ter uma vida normal, algo que não fosse sobre a imagem pública ou os interesses do público. Talvez algo relacionado a causas sociais, ou até mesmo trabalhar com algo voltado para o bem-estar. “Talvez um trabalho voluntário em áreas menos visíveis?” Ela se perguntou, clicando em um link sobre oportunidades no setor de saúde mental e ONGs.
Enquanto rolava a página, seu pensamento vagou por um instante. Ela sabia que o que mais precisava era de um propósito, algo que fosse maior do que simplesmente ser reconhecida ou admirada. Buscava, de alguma forma, reparar o que seu pai deixara para trás, mas de uma forma que fosse dela mesma, sem as expectativas do mundo.
Em seguida, ela digitou: “consultoria em projetos sociais.” Algo que lhe parecesse mais neutro e, ao mesmo tempo, que pudesse utilizar suas habilidades. Ela já havia participado de diversos projetos quando morava nos Estados Unidos, mas sempre na sombra, nunca como o rosto principal. Poderia, talvez, auxiliar iniciativas que tivessem um impacto real nas comunidades, sem precisar ser reconhecida.
A pesquisa foi lenta e meticulosa, mas a cada clique, sentia que se aproximava mais de algo que poderia ser verdadeiramente seu. Sem ter que dar explicações, sem ser vista o tempo todo, mas com um impacto genuíno no mundo. “Acho que é isso. Algo simples, mas que me faça sentir que estou fazendo a diferença.” Ela murmurou para si mesma, fechando o laptop e apoiando as mãos na mesa.
se levantou, olhando pela janela enquanto o pensamento ainda girava em sua mente. Decidira que não iria mais deixar que os outros ditassem seu caminho. Ela faria algo com suas próprias mãos, mesmo que fosse um passo de cada vez. Algo que a deixasse feliz sem precisar de aplausos.
Olhou o relógio e percebeu que ainda tinha um tempo antes de sua reunião com Jia. Decidiu tomar um banho e sair para arejar a cabeça. Afinal, não estava mais vivendo apenas para os outros – agora, queria viver para si mesma.
***
No horário marcado, se encontrou com Jia na sala de estar de seu apartamento. Embora sua assistente pessoal fosse mais do que uma simples funcionária, a relação entre as duas sempre teve um toque de amizade, algo que valorizava imensamente. Jia era uma das poucas pessoas com quem ela se sentia à vontade, sem a pressão da imagem pública ou da fama. As duas estavam em sintonia, e o ambiente tranquilo do apartamento de parecia ideal para a conversa que se seguia.
Jia chegou com um sorriso no rosto e uma pasta de documentos na mão. Assim que entrou, ela fez questão de deixar tudo arrumado na mesa de café, sem cerimônias.
— Como foi o seu dia até agora? — Jia perguntou, sentando-se confortavelmente, como se já estivesse bem familiarizada com o lugar. Ela tinha o costume de fazer essas perguntas antes de qualquer coisa, como uma forma de aliviar a tensão. Mas, apesar da leveza da pergunta, sabia que havia algo mais que Jia queria discutir.
— Eu estive pensando sobre o que conversamos antes — começou, passando as mãos pelos cabelos. — Sobre a minha volta ao trabalho, sem ficar sob os holofotes, claro.
Jia assentiu, sabendo bem o que a amiga queria dizer. Ela não precisava de muitas palavras para entender as intenções de .
— Entendo. Você não quer que a sua imagem seja constantemente o centro das atenções. Mas, como sua assistente, preciso te lembrar que sua presença, de qualquer forma, chama atenção. Mesmo que você queira seguir um caminho mais discreto, você ainda carrega o peso de ser quem você é.
suspirou, sabendo que Jia tinha razão. Ela não estava mais disposta a ser apenas a “filha do rockstar”. Precisava encontrar um espaço próprio, mas sabia que as pessoas ainda a viam dessa maneira.
— Eu não quero mais ser vista apenas como a herdeira da lenda do rock. Quero algo meu, mas que seja… tranquilo. Algo que eu possa fazer sem me expor.
Jia a observou por um momento, entendendo o dilema da amiga. sempre fora uma pessoa privada, alguém que não gostava de estar no centro das atenções. Ela podia entender os receios de com a pressão que vinha de ser constantemente observada, mas também sabia que a garota precisava de um direcionamento claro.
— E você tem alguma ideia do que quer fazer? — Jia perguntou, com uma expressão pensativa.
olhou para os papéis espalhados sobre a mesa. Não queria dar uma resposta vaga, então resolveu ser mais direta.
— Eu pesquisei algumas coisas sobre consultoria em projetos sociais. E até pensei em ajudar com organizações sem fins lucrativos ou na área de saúde mental. Acho que é algo que posso fazer sem precisar ser a “imagem” do projeto, mas ainda assim causar um impacto real.
Jia parecia considerar as palavras de com atenção. Sabia o quanto a amiga precisava de uma válvula de escape, algo que a conectasse com o mundo de uma maneira mais verdadeira.
— Isso faz total sentido — Jia finalmente disse. — Mas como você planeja fazer isso? Já tem algo em mente? Talvez você possa começar com algo mais discreto, como trabalhar com pequenas organizações ou criar algo do zero, com a sua visão pessoal. E se precisar de ajuda, eu posso cuidar de toda a parte administrativa para você, como sempre.
refletiu por um instante. Ela gostava da ideia de trabalhar em algo novo e com significado, mas ainda precisava dar o primeiro passo.
— Acho que vou procurar algumas ONGs ou fundações com as quais eu me identifique. Algo que tenha a ver com a minha visão de mundo, mas sem envolver os holofotes. Eu só não quero ser a “cara” do projeto, entende?
— Totalmente. Você poderia trabalhar nos bastidores, como consultora, orientando e dando a direção para a causa. Dessa forma, pode ajudar de maneira significativa sem se expor mais do que o necessário.
sorriu, aliviada por finalmente ter uma ideia mais clara sobre como começar. Ela sabia que Jia estava certa, e agora sentia que tinha um plano.
— Obrigada, Jia. Isso realmente me faz sentir mais tranquila. Acho que agora estou pronta para dar os próximos passos.
Jia sorriu de volta, feliz por ver a amiga tão determinada.
— Sempre que precisar de ajuda, estarei ao seu lado. Vamos começar devagar e ver onde isso pode nos levar.
deu um último sorriso, sentindo-se mais aliviada. O peso da fama ainda estava lá, mas agora ela tinha uma visão clara de como queria lidar com isso. Não era sobre ser famosa. Era sobre fazer algo que fosse importante para ela, algo genuíno e sem as expectativas do mundo. Ela finalmente sentia que estava no caminho certo.
***
O sol da tarde estava baixo, e sentia o ar fresco da primavera enquanto caminhava pelas ruas de Seul. Depois da reunião com Jia, ela tinha decidido dar um tempo para si mesma, sair um pouco do ambiente fechado de seu apartamento e tomar um café em um local simples, longe das multidões que poderiam a reconhecer. Queria um pouco de paz, de anonimato. Seus pensamentos estavam voltados para o projeto de consultoria que começaria a pesquisar mais a fundo, mas ela sentia que precisava de um respiro, de algo mais relaxante, longe da pressão constante.
A pequena cafeteria, um local discreto e aconchegante, logo atraiu sua atenção. Ao entrar, ela foi recebida pelo aroma reconfortante do café recém-passado. Olhou ao redor e notou que havia poucas pessoas, o que a agradou. Sentou-se em uma mesa perto da janela, onde podia observar as ruas movimentadas, mas sem se sentir exposta.
Enquanto olhava o cardápio, uma sombra bloqueou a luz que entrava pela janela, e levantou os olhos, encontrando um homem alto, com cabelo escuro e uma postura relaxada. Ele estava com um cappuccino na mão e um sorriso discreto nos lábios. Por um momento, ele parecia uma pessoa comum, mas havia algo nele que chamava atenção.
— Posso me sentar aqui? É bem rápido, eu prometo moça! É que não tem mais mesas disponíveis e eu preciso me sentar para terminar esse cappuccino e esperar o próximo que pedi… — ele perguntou, sua voz calma e amigável. o observou por um segundo, antes de assentir com um sorriso.
— Claro, fique à vontade — ela respondeu, sem perceber que, para ele, estava sendo extremamente gentil, quase como uma anfitriã. Ela estava mais concentrada em procurar um local para seu laptop do que em notar os detalhes do homem à sua frente.
O homem se acomodou à mesa e, sem mais nem menos, começou a conversar de maneira casual.
— Você sempre vem aqui? Nunca te vi por aqui antes. — ele perguntou, tomando um gole de seu cappuccino.
olhou para ele, surpresa com a pergunta. Naquele momento, ela percebeu que ele não parecia nem um pouco impressionado por sua presença, como se estivesse tratando-a como qualquer outra pessoa.
— Não, na verdade, é minha primeira vez. Eu… queria um lugar tranquilo, longe dos olhares. — Ela deu um sorriso discreto, e ele a observou atentamente.
— Entendo… você deve ser alguém importante. — Ele parecia tentar adivinhar, mas não pegou o tom de sua voz que sugeria uma brincadeira ou uma observação sobre sua fama. Em vez disso, ela apenas riu suavemente.
— De jeito nenhum. Só uma pessoa que gosta de café bom e de ficar fora do radar. — Ela fez uma pausa, percebendo que ainda não sabia o nome dele. — E você? Parece ser local… ou turista? — ela questionou, mais curiosa sobre a situação do que realmente interessada.
Ele sorriu de maneira sincera e descontraída.
— Eu sou… digamos, alguém que passa mais tempo nos bastidores do que nas vitrines. — Ele fez uma pausa, como se ponderasse se deveria dizer mais. Mas, antes que ela pudesse perguntar mais, o garçom se aproximou e trouxe o pedido dele: um novo cappuccino.
, ainda sem saber exatamente o que ele estava insinuando, observou-o enquanto ele pegava seu celular e sorria para algo na tela. Era como se ele estivesse esperando por uma mensagem ou distraído com algo, mas ela logo voltou sua atenção para seu próprio café, sem perceber a quantidade de olhares discretos lançados em sua direção desde que o homem se sentara à sua mesa.
O tempo passou e, depois de mais algumas palavras sobre trivialidades como o clima e os tipos de cafés que preferiam, levantou-se para ir embora. O homem, por sua vez, se levantou também.
— Foi um prazer conversar — ele disse com um sorriso genuíno, como se aquele breve encontro tivesse sido mais significativo do que ela imaginava. — Se voltar aqui, não hesite em me procurar. Eu também venho bastante.
sorriu, ainda sem saber exatamente quem ele era.
— Pode deixar, quem sabe nos encontramos por aqui de novo. Até logo.
Enquanto caminhava para fora da cafeteria, ela não percebeu os olhares surpresos dos outros clientes, que haviam reconhecido do BTS. Ela estava tão absorvida na conversa que nem notara as discretas interações e os sorrisos furtivos trocados pelas pessoas ao redor, os celulares tirando fotos ou gravando-os discretamente.
, por outro lado, ficou observando-a sair, intrigado com a forma despretensiosa com que ela o tratara, completamente alheia à sua fama. Isso despertou uma curiosidade genuína nele. Quem era aquela mulher que parecia tão longe do seu mundo, mas ao mesmo tempo tão curiosa e autêntica?
Capítulo 03
O som suave do despertador encheu o quarto ainda mergulhado na penumbra. abriu os olhos devagar, piscando algumas vezes antes de desligar o alarme. O sol ainda não havia nascido completamente, mas ele já estava acostumado a acordar cedo. Para ele, as primeiras horas da manhã eram sagradas, um momento de calma antes que a rotina frenética começasse.
Levantou-se da cama, esticando o corpo, os músculos ainda relaxados pelo sono. O quarto, decorado com simplicidade e funcionalidade, refletia a sua personalidade prática, com poucos itens que pudessem ser considerados supérfluos. Ele caminhou até o banheiro, lavou o rosto e observou seu reflexo no espelho por alguns instantes.
— Mais um dia… — murmurou para si mesmo, um pequeno sorriso brincando em seus lábios.
Após um banho rápido, voltou para o quarto e vestiu um conjunto confortável, mas estiloso, algo que fosse casual, mas apresentável para o trabalho na HYBE. Escolheu uma calça jeans preta, uma camiseta básica e completou o visual com uma jaqueta oversized. Um par de tênis brancos finalizou o look.
Descendo para a cozinha, ele preparou um café preto e uma torrada com abacate, seu café da manhã habitual quando tinha pouco tempo. Enquanto comia, pegou o celular e rolou pelas mensagens que haviam chegado durante a noite. O grupo do BTS estava mais ativo do que nunca, agora que todos estavam de volta e começavam a discutir os próximos passos da carreira.
“Não esqueça, reunião às 9h na HYBE”, lembrou em uma mensagem enviada bem cedo. sorriu ao ler. Mesmo em meio à correria, era o líder meticuloso e organizado que todos podiam contar.
Depois de terminar o café da manhã, ele pegou seu boné e máscara — itens essenciais para manter a discrição — e saiu de casa. O ar fresco da manhã de primavera o envolveu, trazendo uma sensação revigorante. Entrando no carro, ajustou o espelho retrovisor e ligou o rádio, onde uma melodia tranquila preenchia o silêncio do veículo.
O caminho para a HYBE era familiar, mas, naquela manhã, parecia ter um significado especial. Era mais um passo na retomada de uma rotina que todos haviam deixado para trás durante o serviço militar. Agora, a perspectiva de novos projetos e desafios o animava.
Chegando ao prédio da HYBE, ele estacionou no subsolo e fez seu caminho até o elevador. Cumprimentou alguns funcionários que passavam por ele com uma pequena reverência e um sorriso discreto, sempre educado e gentil, mas mantendo o perfil reservado.
Assim que entrou no elevador, ele se viu pensando na mulher que havia conhecido no dia anterior na cafeteria… Algo nela havia capturado sua atenção, e ele não conseguia decidir exatamente o que era.
Mas, naquele momento, ele sacudiu os pensamentos e focou no que estava por vir.
A reunião seria longa, mas estava pronto para começar o dia com energia e disposição. Afinal, estar de volta com os membros e criar música juntos era algo que ele sempre considerou um privilégio, algo que nunca quis dar por garantido.
Quando as portas do elevador se abriram, ele respirou fundo, ajeitou o boné e caminhou pelo corredor iluminado em direção à sala de reuniões, onde sabia que o resto dos membros já o aguardavam.
***
A sala de reuniões da HYBE era ampla e moderna, com grandes janelas que deixavam a luz natural iluminar o ambiente. Os sete membros do BTS estavam sentados em torno da mesa oval, com notebooks e cadernos espalhados à frente. Apesar da atmosfera descontraída, a empolgação no ar era evidente.
iniciou a reunião com seu habitual tom de liderança:
— Bom, agora que estamos todos oficialmente de volta e prontos para começar, precisamos definir o ponto de partida para o próximo álbum. O que temos até agora?
Yoongi, sempre objetivo, inclinou-se na cadeira.
— Eu tenho três composições quase finalizadas. Algumas ideias vieram durante o serviço, e eu consegui polir melhor depois que saí. São mais voltadas para R&B, mas podemos adaptá-las.
— Isso é ótimo! — disse , anotando no notebook. — Alguém mais conseguiu compor algo?
Taehyung levantou a mão de forma brincalhona.
— Eu escrevi um pouco, mas não finalizei nada. São só ideias que precisam de lapidação.
— Mesmo assim, compartilha com a gente depois. Ideias sempre ajudam — disse com um sorriso de encorajamento.
Nesse momento, ergueu a mão discretamente, chamando a atenção de todos.
— Eu e trabalhamos em algumas coisas durante o serviço. Nada muito elaborado, mas conseguimos criar algumas melodias e letras quando tínhamos um tempo livre.
assentiu, complementando:
— A gente usava as noites no dormitório pra tentar compor. Eu lembro de uma em particular que achamos que poderia funcionar como faixa principal.
ergueu as sobrancelhas, visivelmente interessado.
— Vocês têm essas composições aqui?
pegou seu celular e começou a procurar nas pastas de gravações.
— Eu tenho algumas gravações de áudio. Posso compartilhar com o grupo pra gente avaliar.
— É impressionante como vocês conseguiram encontrar tempo pra isso, mesmo no meio do serviço militar — comentou Hoseok, com um olhar de admiração.
— Era um jeito de manter a mente criativa — disse , sorrindo. — A música sempre foi nossa válvula de escape, né?
Yoongi apoiou o cotovelo na mesa, observando .
— Se vocês acham que tem potencial, podemos começar por aí. Vamos ouvir e trabalhar em cima dessas ideias.
fez uma anotação rápida.
— Certo, então já temos um ponto de partida. Yoongi e os três R&B, e com essas ideias do serviço… alguém mais quer adicionar algo?
— Podemos pensar em relembrar a jornada, talvez? — sugeriu Taehyung. — Algo que conecte os ARMYs ao que vivemos durante esse tempo separados.
— Uma boa ideia — concordou . — Vamos amadurecer isso.
, ao ouvir as sugestões, sentiu-se inspirado. A reunião fluía com naturalidade, os sete resgatando a sinergia que sempre os caracterizou. Mesmo após a pausa forçada pelo serviço militar, o vínculo entre eles continuava forte.
Com a reunião encerrando os tópicos principais, finalizou com um tom otimista:
— Acho que temos uma boa base pra começar. Vamos trabalhar nas composições e reunir mais ideias. Nos encontramos em dois dias pra continuar.
— Combinado — disse , já se levantando.
Enquanto os membros se preparavam para deixar a sala, olhou para e sorriu.
— Parece que nossas noites no dormitório vão finalmente render algo.
riu, batendo de leve no ombro do mais novo.
— Sempre rendem, Kook. Sempre rendem.
E com isso, o grupo começou a sair, com energias renovadas e motivação para mais um capítulo na história deles.
***
ajustou a máscara de proteção no rosto antes de sair de casa. Apesar de não estar nos holofotes há algum tempo, ela sabia que seu rosto era conhecido. Usava um vestido largo que lembrava uma camiseta oversized, acompanhado de uma blusa de frio azul que a cobria até quase os joelhos. O conjunto era confortável, discreto e ideal para evitar chamar atenção.
O plano era simples: fazer algumas compras no shopping, pegar o que precisava e voltar para casa antes que alguém a reconhecesse.
No caminho até o shopping, ela sentiu um misto de alívio e tensão. Era raro sair assim, sem ter que pensar em flashes ou câmeras apontadas para o seu rosto, mas a ideia de perder a privacidade em qualquer momento ainda a incomodava.
Ao chegar ao shopping, entrou por uma das portas menos movimentadas, aproveitando o fluxo reduzido de pessoas naquela parte do prédio. Ela segurava uma pequena lista de itens no celular: algumas roupas novas, artigos de papelaria e talvez um lanche rápido para levar para casa.
Caminhando pelos corredores, ela sentiu o frescor do ar condicionado e a tranquilidade momentânea de ser apenas mais uma pessoa no meio da multidão. Parou em uma loja de roupas, onde escolheu algumas peças simples, mas elegantes, sem pedir ajuda dos atendentes.
— Isso deve servir — murmurou para si mesma, segurando uma blusa branca e uma calça jeans.
Depois de pagar, seguiu para uma livraria, onde escolheu alguns cadernos e canetas, itens que usaria em suas pesquisas e anotações sobre novas áreas de atuação.
Foi quando começou a notar algo estranho.
Dois jovens, aparentemente adolescentes, estavam sussurrando e olhando em sua direção. Ela tentou ignorar, mantendo o foco nos itens à sua frente, mas a sensação de estar sendo observada não desaparecia.
Ao sair da livraria, percebeu que os mesmos jovens estavam logo atrás, com os celulares em mãos. O coração dela disparou.
— Será que é ela? — ouviu um deles cochichar.
— Acho que sim. Olha só a blusa, é bem o estilo dela — respondeu o outro, claramente tentando tirar fotos sem ser percebido.
tentou manter a calma, acelerando os passos em direção à saída mais próxima.
“Respire, só mais um pouco e você estará fora daqui”, pensou, enquanto os sussurros atrás de si aumentavam.
Os dois adolescentes não desistiram, e logo um deles tomou coragem:
— Você é a , não é?
Ela parou por um momento, sem se virar completamente, mas o suficiente para responder com firmeza:
— Desculpe, mas você está me confundindo com outra pessoa.
— Ah, é ela, com certeza! — o outro insistiu, já apontando a câmera para ela.
Antes que a situação fugisse do controle, viu um segurança do shopping se aproximando. Ele parecia ter percebido a tensão e se dirigiu aos adolescentes.
— Vamos, gente, deixem a moça em paz.
Os dois hesitaram, mas acabaram recuando, ainda olhando para enquanto se afastavam.
Ela respirou fundo, agradecendo ao segurança com um leve aceno antes de sair pela porta mais próxima.
No estacionamento, encostou-se ao carro por um momento, tentando recuperar o fôlego.
“É sempre assim…”, pensou, sentindo um nó no peito. Não importava o quanto tentasse ser discreta, sempre haveria alguém para quebrar a barreira de sua privacidade.
Determinada a não deixar o incidente arruinar seu dia, ela entrou no carro e dirigiu de volta para casa, decidida a reforçar ainda mais suas estratégias para manter o anonimato.
***
Depois de um treino intenso na academia, sentia os músculos relaxados após o banho quente. Ele estava deitado no sofá da sala, com os cabelos ainda um pouco úmidos e vestindo uma camiseta preta larga e shorts de moletom. Com o celular em mãos, ele rolava distraidamente o feed de notícias, sem prestar muita atenção nas manchetes, até que um título específico chamou sua atenção.
“ faz rara aparição pública em shopping de Seul”, estampava a matéria da Dispatch. Abaixo, havia fotos de uma mulher de aparência discreta, vestindo um vestido oversized e uma blusa de frio azul, usando máscara de proteção enquanto caminhava rapidamente pelos corredores do shopping.
arqueou as sobrancelhas. O nome parecia familiar, mas ele não sabia exatamente de onde. Clicou na matéria por curiosidade.
O texto descrevia como a filha do lendário roqueiro dos anos 90, Logan , um ícone que revolucionou a música antes de sua trágica morte por overdose. A matéria enfatizava a vida reclusa de e mencionava que ela recentemente havia retornado à Coreia do Sul após anos vivendo nos Estados Unidos.
Intrigado, clicou no nome dela, que estava vinculado a outras matérias antigas. Uma série de artigos e fotos se abriu diante dele, mostrando em diversos momentos de sua vida: como uma adolescente tímida ao lado da mãe em eventos, como uma jovem sorridente em raras aparições públicas, e algumas fotos de paparazzi que pareciam invasivas.
— Então é ela! A garota da cafeteria… é filha de Logan … — murmurou para si mesmo, lembrando-se vagamente das histórias que já ouvira sobre o roqueiro. Logan era uma figura lendária, mesmo para aqueles que não eram fãs de rock.
Curioso, foi até o aplicativo de música em seu celular e pesquisou pelo nome de Logan . A discografia do artista apareceu rapidamente, e ele começou a tocar uma das músicas mais populares. O som era cru, emocional e poderoso, transportando-o para um mundo diferente.
Enquanto a música tocava, voltou ao navegador e leu mais sobre . Descobriu que ela havia herdado a maior parte do patrimônio do pai, mas sempre optara por uma vida fora dos holofotes. A matéria mais recente, no entanto, especulava se o retorno dela à Coreia significava que ela estava pronta para assumir um papel público.
— Interessante… — ele pensou, enquanto a música de Logan ainda ecoava pelo ambiente.
De alguma forma, sentiu uma conexão inexplicável com a história de . Ele entendia o peso de carregar o legado de algo maior, as expectativas esmagadoras que vinham com a fama e o desejo constante de ter um momento de paz.
Desligando a música, ele voltou a olhar para as fotos de no shopping. Havia algo na maneira como ela se vestia, na postura retraída, que parecia quase pedir para ser deixada em paz, mas ao mesmo tempo sugeria uma força interior que o intrigava.
Sem perceber, passou mais tempo do que imaginava pesquisando sobre ela, imerso em uma curiosidade que ele não conseguia explicar. Por fim, fechou o celular e ficou olhando para o teto da sala.
— … — disse em voz baixa, com um sorriso leve e curioso nos lábios. — Você parece ser alguém bem interessante.
Eu tô só esperando para ver como os meninos vão entrar nessa história e como a mocinha vai lidar com a paixonite que vai bater à porta logo mais IONASDOIASNDOA
Hmm, já imagino como a história dos meninos e da pp se cruzarão, mas tô aqui esperando o bom pai aparecer e agir como pai (mas talvez eu esteja esperando demais kkkk)
eu tô só de olho na suas teorias e amando
Essa última fala do JK me deixou pensando “Tá parecendo aqueles playboy que encontraram um novo alvo pra causar”. Mas nas histórias que isso acontece, O BOY SEMPRE ACABA DE QUATRO PELA MENINA. APENAS DIGO, JK.
Eu juro que nessa ele não vai ser galinha nem nada do tipo kkkkkkkk