Finding The Words
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estava sentado no sofá do camarim de um programa de televisão enquanto esperava a vez do The Maine se apresentar, isso se daria bem no final do programa, e pelo que ele havia constatado, ainda faltava muito…
Ele estava ansioso enquanto apalpava o bolso de seu casaco que havia jogado ao seu lado de qualquer jeito. Estava pensativo e completamente alheio a bagunça de seus quatro companheiros de banda.
Pensava na pergunta que sua namorada, , fizera há algumas semanas; uma pergunta que ele não seria capaz de responder com tanta clareza ou de modo que pudesse fazer algum sentido. Ela não disse e nem demonstrou, mas sabia que sua falta de resposta a havia deixado um pouco chateada.
Não gostava de pensar em sua pequena e frágil chateada por nada nesse mundo e muito menos chateada por sua culpa.
Suspirou passando as mãos pelo rosto, tentando relaxar um pouco. Da forma que estava, não seria capaz de tocar com o restante da banda. Resolveu levantar-se para esticar as pernas, havia mais de meia hora que estava sentado naquele sofá, e aquilo cansava, principalmente quando se estava ansioso como ele.
Mal havia se levantado e a ansiedade o tomou mais ainda. Segurou-se ao máximo, mas já nos últimos cinco minutos de espera ele pulava de um lado a outro tentando se livrar de tanta energia e emoção querendo controlá-lo ao mesmo tempo.
- Cara, você precisa relaxar! – deu tapinhas nas costas de , o que o fez parar quieto no lugar por alguns instantes.
Alguns minutos depois de seu companheiro lhe dizer isso, um garoto foi anunciar que era hora da banda entrar em cena.
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A garota estava sentada no meio da platéia esperando a hora de entrar no palco do programa de TV. Sentia que aquele seria um programa bastante interessante… Mas é claro que seria! Qualquer programa ficava interessante com The Maine, principalmente se seu estivesse presente também.
Depois de cerca de uma hora e alguns minutos de pura baboseira que não importava nem um pouco para , finalmente o apresentador da noite anunciou a banda. Haviam muitas fãs presentes e assim que ouviram a palavra “banda” sair da boca de Billie O’Connor, o apresentador, elas começaram a fazer bem o seu papel; gritaram, pularam, levantaram plaquinhas e imagens… Pode-se imaginar que quando os cinco colocaram os pés no palco a situação ficara ainda mais… Escandalosa.
Os cinco acenaram ao público sorrindo largamente. Apenas parecia um pouco… Nervoso, talvez? Nos anos que namoravam, nunca o viu com aquela expressão, pelo menos não em rede nacional.
Todos sentaram-se um tanto apertados no sofá de convidados do programa para conversarem um pouco com Billie. Falaram sobre – obviamente – música, carreira e algumas especulações de fãs. Todos responderam um pouco sobre cada coisa, deixando transparecer toda a empolgação que sempre tiveram em relação à banda. era o único que continuava um pouco quieto demais, sentado na ponta do sofá.
Alguns minutos a mais de conversa e logo Billie pediu para que os garotos tocassem algumas músicas – duas na verdade – para finalizar a entrevista e juntamente o programa.
Todos correram na direção de seus instrumentos no pequeno palco improvisado no canto do cenário do programa.
- Gostaríamos que todos vocês prestassem atenção ao que sentem enquanto ouvem essas duas canções, está bem? – murmurou ao microfone recebendo gritos em resposta.
achou o pedido do amigo um tanto engraçado, o que eles queriam com isso?
Apenas deu de ombros e esperou que a primeira música se iniciasse. Os primeiros acordes de soaram nos ouvidos de todos presentes no local. ergueu a sobrancelha para a escolha da música. Não era tão comum e frequente a banda escolher uma música como aquela para tocar num programa de TV. Não era comum, mas havia adorado a escolha!
Endireitou-se em sua cadeira e prestou atenção na canção.
Quando a ouvia, simplesmente sentia-se leve, tranquila… Lembrava-se de milhares de bons momentos que um dia havia vivido, muitos deles ao lado de . Sorriu bobamente pensando no namorado. Ele estava com seus amigos e companheiros de banda, agora se parecia muito mais com seu do que momentos antes, durante a entrevista.
foi finalizada e as várias fãs foram ao delírio gritando e pulando ainda mais.
Os garotos sorriram e esperaram um pouco para começarem a segunda música: .
arregalou os olhos enquanto ouvia a introdução de sua canção favorita sendo tocada.
Eles estavam mesmo tocando ?
Ao início da parte cantada, sentiu seu coração pulsar rapidamente. Aquela canção havia sido a sua favorita do álbum de longe, desde a primeira vez que a ouvira ela a adotara como sendo “dela”. Achava que aquela música tinha a letra e a melodia mais perfeitas do mundo inteiro!
Ouvindo-a sua mente e seu coração se enchiam de coisas boas, de sonhos de uma típica garota apaixonada. Cada mínima palavra lhe fazia sentir algo indescritível combinadas com a melodia. Mais uma vez pensou em e no quanto ele ficava fofo cantando ao seu modo para ela e apenas para ela. Não pôde deixar de sorrir com as lembranças que lhe vinham à mente. Ela tinha tanta sorte de tê-lo.
Ao chegarem ao fim da segunda e última música, viu um apressado e atônito pular para fora do palquinho improvisado segurando um microfone.
- E aí, pessoal? – Cumprimentou a todos da plateia, que o cumprimentou de volta, cada grupo a sua maneira. – Espero que tenham gostado das canções e… – Ele parou por um instante, um tanto pensativo. – Não, eu não vim aqui atrapalhar o final do programa para dizer isso, e como o nosso amigo Dodger está dizendo atrás das cortinas, já estamos um tanto atrasados, então vou ser direto… – Parou mais uma vez. – Ou ao menos tentar. – Riu de si mesmo, e algumas fãs o acompanharam. apenas revirou os olhos e então soltou uma risadinha divertida. – Bem… Há algumas semanas minha namorada me fez uma pergunta.
Ao ouvir dizer “minha namorada”, sentiu-se um pouco apavorada. Por que ele estava falando dela?
- Ela me perguntou: “Por que você nunca escreveu uma canção para mim?”. Não foi exatamente assim e nem com essas palavras, mas enfim…
sentiu-se enrubescer e remexeu-se na cadeira, um tanto desconfortável.
- Ela não demonstrou, mas eu sei que o fato de eu não ter dado uma resposta concreta a deixou um pouco chateada. – Ele afirmou firme e seriamente. – Bom, eu não te respondi naquele dia porque eu simplesmente não sabia como fazer isso. – Continuou. – Mas agora eu sei. – Sorriu. – Muitos escrevem músicas para as pessoas que amam para expressarem o que sentem por elas, para terem algo para se lembrarem delas depois… Bom, eu não preciso de uma canção para me lembrar de você, . Você está em tudo o que eu faço, tudo o que penso… Simplesmente tudo. – Pausou para respirar e pensar mais um pouco. – Eu estava enganado quando pensei que realmente nunca havia escrito uma canção para você. Nós dois estávamos. – Parou pensativo. – Não tem o seu nome, não faz referência direta à você, mas ainda assim… Todas as canções que eu toco ou que eu vier a tocar… São para você. Sempre. – Ele murmurou. – Porque você faz com que eu me sinta como você se sente ouvindo essas duas músicas que tocamos hoje.
sorriu largamente ouvindo todas aquelas palavras.
- Eu te amo minha pequena .
Os dois riram do apelido bobo que havia inventado para ela, já que ela tinha milhares de apelidos para ele.
- E agora eu vou deixar que encerrem o programa, antes que Dodger venha à ponta pés me enxotar daqui! – Todos riram ao verem o rapaz acenar e correr em direção a saída do cenário do programa.
levantara-se e saíra correndo para tentar encontrar com , ia em direção aos camarins quando o viu esperando-a encostado no corrimão das escadas que levavam às várias salas onde os artistas convidados descansavam.
Ao ver sua namorada surgir correndo em sua direção, o rapaz não pôde deixar de sorrir.
- ! – Ela gritou a pouco mais de um metro de distância do rapaz. Ele se endireitou, mas nada disse. – ! – Repetiu a garota, agora perto o bastante para dar um tapa leve no braço do rapaz.
- Ei, por que estou apanhando? – Perguntou fazendo bico, fingindo-se de ressentido.
A garota ignorou o comentário, e então lançou-se num abraço apertado nos braços do namorado.
- Agora está melhor…! – Ele riu da reação confusa de que o acompanhou. – Agora você sabe porque não tem uma música… – Comentou.
- Sim, eu tenho todas! – Ela murmurou encarando , seus olhos brilhavam intensamente enquanto fazia isso.
Os dois passaram alguns instantes daquela forma, abraçados e em silêncio, apenas apreciando a presença um do outro, até se afastar um pouco.
- E quanto ao “Porque você faz com que eu me sinta como você se sente ouvindo essas duas músicas que tocamos hoje”? E se eu sentisse algo ruim, ou uma lembrança não muito boa tomasse conta de mim ouvindo e uma seguida da outra? – Questionou encarando seriamente o namorado que lhe sorriu torto.
- Eu te conheço bem o suficiente para saber que você só tem sentimentos bons ouvindo essas músicas. Ou então, por que elas seriam suas favoritas? – Continuou com o sorriso torto que tanto encantava . – E sabe de uma coisa? – fez uma pausa para ver negando levemente com a cabeça. – Eu te conheço bem o suficiente para saber que você aceita ser a mais nova Senhora da família… – Murmurou ele como se tivesse comentado o tempo.
Fim
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