Everytime
Nota de autora inicial: Esta é uma songfic baseada na música: “Everytime” de Chen ft. Punch. E você pode escutar a canção e ler sua tradução aqui.
“Toda vez que eu te vejo, quando eu vejo os seus olhos, meu coração continua esvoaçante. Você é meu destino, a única pessoa que eu quero proteger até o fim do mundo.”
— Dylan!! — Amélie surgia descendo as escadas do prédio atrasada e gritando. — Corre, Dylan!
Ela puxou a mão do amigo que já estava na entrada do prédio em pé aguardando-a, sonolento.
— Amélie, não grita! Os vizinhos ainda estão dormindo!
— Problema deles! Anda, anda! Você ainda não pegou a sua bicicleta!? — a jovem reclamava terminando de limpar os óculos na camisa do rapaz, que observava a cena, todo bobo. — Lanlan!? Acorda!
— A bike está ali, sua doida! — Dylan apontou para a calçada onde estava o transporte.
Eles caminharam apressados até ela e enquanto Dylan colocava o capacete que todos os dias insistia que ela usasse, — tendo ele, inclusive, comprado aquele capacete rosa floral especialmente para a amiga — Amélie puxava sua mochila das costas, para a frente de seu corpo se preparando para a carona. Dylan prendia a fivela do capacete abaixo do queixo dela, com o mesmo olhar de sempre: apaixonado.
Adorava esmiuçar os traços do rosto da mulher ou enrolar seus dedos no cabelo dela enquanto ficavam sem fazer nada, debaixo de alguma árvore, apenas conversando, ou em silêncio, aproveitando a companhia um do outro.
Dylan e Amélie estudaram juntos na mesma escola desde a quinta série, eram vizinhos e grandes amigos, portanto, quando os dois ingressaram na mesma universidade, ninguém do grupo de amigos e familiares estranhou. “Lie & Lanlan” eram a dupla inseparável e reconhecida por quem quer que os conhecesse.
Moravam no mesmo prédio, onde o senhorio alugava pequenos apartamentos para estudantes da região, e por mais que os dois dividissem a casa, Dylan estava sempre no horário, enquanto Amélie, sempre atrasada e correndo por aí. Ele pedalava com a amiga sentada na frente de sua bicicleta, encolhida entre o corpo do amigo e o guidão, o qual ela segurava firme e reclamava:
— Dylan, você realmente vai esperar até a sua formatura para colocar um bagageiro na bicicleta!? Caramba, Lanlan! A minha bunda vai afundar, sabia?!
— Como se você tivesse isso! — Ele gargalhou zombando da amiga, que olhou pra cima dando a língua para ele.
— É sério Dylan! Já falei que te ajudo a pagar! Desse jeito vou ser obrigada a aprender a andar de bicicleta só pra comprar uma magrelinha para mim!
— Eu vou trocar, eu vou trocar… — Dylan comentou sorrindo abrangente, e absolutamente feliz.
O começo da manhã era um dos momentos favoritos dos dias para ele, porque eles sempre iam à faculdade daquele jeito: bem apertadinhos.
— Escuta! Eu não volto pra casa cedo hoje! Isabelly, Laryssa e Betiza querem se reunir no fim do expediente!
— Tudo bem, vou jantar no R.U. então! Mas se precisar que eu te busque, pode me ligar. Vai ser na cafeteria mesmo?
— Não. No barzinho do lado, o Cacofone.
— Quem levou um pé na bunda? — Dylan riu ao perguntar, pedalando com rapidez por ter visto em seu relógio que Amélie se atrasaria em cinco minutos para a sua pior aula, caso ele não aumentasse o ritmo.
— Por que alguém teria que levar um pé na bunda?
— Todo mundo sabe que a galera vai no Cacofone para cantar karaokê. E quatro amigas reunidas em um karaokê é coisa de quem vai chorar e culpar a pobre da música.
— Hm… — Amélie murmurou — Eu não tinha pensado nisso. Eita! Aposto que foi a Betiza! Ela estava de crush em um boyzinho do seu curso, aliás!
— Ah é? Quem? — Dylan virou a curva da rua como se fosse o Ayrton Senna, e Amélie deu um gritinho de “Uhul” como sempre fazia nas curvas.
— Você realmente acha que eu lembro o nome dele? — Lie gargalhou jogando a cabeça pra trás, fazendo Dylan olhar para baixo e sorrir encantado — Lanlan, eu não lembro nem do café da manhã de hoje!
— Você não tomou café da manhã.
Ele respondeu estacionando na frente do prédio de aulas dela, e Lie desceu apressada da bike em total agitação para colocar a mochila nas costas, enquanto Dylan ainda sentado em sua bike, e calmamente, retirava o capacete dela.
— Que droga! O treinador vai me matar por pular a refeição da manhã de novo!
— Não vai não. Eu preparei um bentozinho para você, está na sua mochila.
— Não brinca!? — Amélie falou risonha, surpresa, porque Dylan sempre fazia aquele tipo de coisa sem que ela pedisse. — Você é demais, Lanlan! — Ela sorriu se aproximando e pendurando no ombro dele, tascando uma bitoca carinhosa na bochecha do amigo.
— Amélieeeeeeee! — Isabelly surgiu correndo na entrada do prédio e gritando — Prova surpresa do mister capeta!!!!!
— Você não viu o grupo!? — Betiza apareceu gritando também para a amiga, correndo para dentro do prédio como se estivesse em uma maratona: — Oi Dylan! Tchau Dylan!
Mal as amigas cruzaram a porta do prédio, correndo e sacudindo suas bolsas, bem desesperadas, Amélie soltou Dylan tão rápido que empurrou o amigo na pressa. Ele quase se desequilibrou da bicicleta, mas nem brigou, ficou sorrindo bem humorado com a cena da amiga correndo aos tropeços, com seus cabelos esvoaçantes e seu cropped subindo por conta da mochila que sacudia desajeitada.
— Abaixa a blusa, Amélie! — ele gritou gargalhando ao imaginar a amiga reclamando de pagar “topinho” nos corredores — E não sacode a bolsa! Vai chacoalhar a marmita!
Não adiantaria, Lie, sem dúvida fizera do café da manhã cuidadoso de Dylan, um “mexidão” de panela.
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Dylan estava terminando sua pesquisa da faculdade, espreguiçou-se e olhou para o relógio no notebook. Já era bastante tarde e Amélie ainda não havia chegado do Cacofone. Preocupado, ele respirou fundo e fechou o computador preparando-se para buscar a amiga. Calçou os tênis e ponderou pegar sua bicicleta, mas se conhecia bem Lie e suas amigas doidas, ela não estaria em condições de voltar na bicicleta, portanto, pediu um Uber.
No bar, Laryssa cantava uma música sofrida, da Lana Del Rey, enquanto Isabelly brigava com ela pelo microfone. As duas já estavam bastante altinhas, o que fazia Betiza e Amélie rirem deliciosamente das amigas.
— Lie! E então? Voltando ao assunto… O que eu faço com essa droga de amor platônico que estou sentindo pelo Bryan?
Amélie franziu as sobrancelhas, um tanto confusa.
— Ai, Amélie! O gatinho do curso do Dylan!
— Aaaah! Tá! O da tatuagem no pescoço, não é?
— Ai nossa, que vontade de meter um chupão naquela tatuagem! — Betiza comentou manhosa fazendo a amiga rir.
— Eu não sei o que você pode fazer Tiza! Sabe que para essas coisas de relacionamento eu sou meio toupeira né…
— É mesmo! — Betiza comentou com um risinho ladino — Até hoje não entendeu que tem um cara incrível a fim de você…
— Quem?
Isabelly e Laryssa chegaram no exato momento em que a fala de Betiza era ecoada e as duas gargalharam por Amélie se fazer de boba.
— Ela adora fingir que não sabe, não é? — Isabelly comentou sentando-se cambaleante na cadeira e já com a língua bem solta: — Mas amiga, se não vai assumir o boy, ao menos libere a fila vai! Eu simplesmente amo o cheiro do Dylan! Se ele deixasse eu morava no cangote dele!
— Isabelly! Não fura o olho da Lie! — Betiza gargalhou.
— Furar o olho? Mas ela nem dá bola pro “Lanlan” dela! — Laryssa comentou zombando.
Amélie ficou um tanto surpresa com aquilo.
— Vocês estão muito loucas, né? Nunquinha que o Dylan é afim de mim! Pelo amor! Eu sou toupeira, mas nem tanto né! Eu moro com ele! Claro que eu saberia!
— Ai que inveja, Lie! — Laryssa comentou dessa vez — Você mora com o cara que te ama descaradamente e não faz nada! E eu aqui…
Então Laryssa começou a chorar de novo pelo término de três semanas de um crush embuste que estava saindo com ela.
— Chega Laryssa! Aquele traste nem merece essas lágrimas! — Betiza bateu na mesa, tentando bronquear a amiga, mas com sua voz doce e meiga, as outras amigas achavam-na extremamente fofa, e olhavam atentas para Tiza que continuou: — Você vai conhecer alguém muito melhor! E quer saber? O Dylan, super podia ajudar a gente! Amélie, você podia fazer o Dylan apresentar os caras legais como ele, pra nós!
— Os caras legais ou o Bryan, Betiza? — Lie perguntou travessa.
— Os caras legais e o Bryan. Eu tenho certeza que meu tatuadinho é legal!
— Falando no cheiroso… — Isabelly comentou apontando para a porta de entrada do Cacofone, onde a figura do Dylan despenteado com uma jaqueta preta, os óculos de grau, e calças jeans rasgadas e tênis, olhava descontraído pelo bar. — Ele veio procurar a “coleguinha de quarto” dele?
Lie olhou para trás e se surpreendeu ao vê-lo. Um tanto letárgica pelo álcool, Amélie demorou a processar a informação e levantou a mão devagar, mas Betiza já chamava com sua doce voz:
— Ei Dylan! Estamos aqui!
O garoto tirou o fone que estava em um dos ouvidos após ver Betiza acenando para ele. O gesto simples era extremamente sexy, aos olhos das amigas de Amélie. Dylan sorriu curtinho e caminhou tranquilo até a mesa delas, sendo parado vez ou outra, por pessoas bêbadas ou garçons que cruzavam seu caminho e até mesmo, por uma menina que se jogou na frente dele sorridente, fazendo o rapaz dar um giro nos calcanhares fugindo gentil ao dar de ombros e apontar atrás de si.
— UUUUUHHHH! Ele já chamou atenção de uma bonitinha, é? — Isabelly zombou quando ele parou sorridente em frente à mesa delas, e Dylan deu de ombros dizendo:
— Às vezes acontece!
— Senta, Dylan! — Betiza convidou — Chegou em boa hora!
— Estávamos falando de você! — Laryssa entregou.
O garoto arqueou a sobrancelha surpreso e olhou para Amélie que ainda o encarava com uma expressão de quem analisava alguma coisa.
— Ah… Isso é algo bom? — Ele brincou.
— Sente-se e descubra! — Isabelly reforçou.
Dylan puxou uma cadeira e olhando de Amélie para as amigas e vice-versa, justificou-se:
— Desculpem por eu chegar sem ser convidado, mas é que eu fiquei preocupado da Lie voltar sozinha a esta hora, e imaginei que… Bêbada? — Ele indagou curioso olhando para a amiga e dando um peteleco na testa dela, que demorou dois segundos para perceber então ele constatou risonho: — É… Eu estava certo.
— A Lie é muito fraca mesmo para bebida, mas extremamente forte às tentações… — Isabelly comentou fazendo piadinha.
— Ah é? — Dylan franziu o cenho e não quis aprofundar o assunto. Claramente era sobre algum garoto — Mas, o que falavam de mim?
Betiza bateu palmas e apontou para Dylan enquanto Laryssa chamava um garçom.
— Dylan, você precisa nos ajudar! — Tiza comentou — Nos apresente uns caras legais como você! Ou melhor, apresente às meninas alguns garotos legais como você e me apresenta para o Bryan! Ele é do seu curso e tem uma tatuagem no pescoço!
Dylan sorriu ladino e mordeu os lábios de um modo pensativo antes de ajeitar os óculos. Amélie ainda não tinha se dado conta do quão sexy ele ficava ao fazer aquilo.
— Bem… “Legal como eu”, não sei se conheço. É que eu sou mesmo muito legal!
— Beleza, então fica comigo. Você está disponível? — Isabelly perguntou ao pensar alto e depois arregalou os olhos surpresa ao ver que todos a escutavam e encaravam ela.
— Ela tá muito bêbada, não leva a sério! — Laryssa falou rindo sem graça e beliscando a perna da amiga por baixo da mesa.
Amélie observava a reação das amigas e do próprio Dylan, um tanto curiosa e confusa.
— Ah… Bom, eu acho que tenho alguns amigos legais sim… — Dylan desconversou — E sobre o Bryan… Olha Betiza, eu soube que ele namora…
— Mentira! — Betiza murchou um tanto inconformada — Mas que droga! Eu não acerto um!
— Vou arrumar um cara bem legal e descolado pra você também! — Dylan comentou.
— Você quer beber alguma coisa? — Lie perguntou de repente ao amigo que negou com a cabeça, e se levantando um tanto lenta e tontinha, ela proferiu: — Então vamos! Está mesmo muito tarde.
As amigas não entenderam o que deu em Amélie para ela ficar com pressa de ir embora do nada, mas parecia que ela estava tentando tirar Dylan dali.
— Ou você quer ficar mais? — Ela perguntou piscando lenta para o amigo.
Dylan encarou os olhos piscando devagar, o rosto avermelhado e levou a mão até a testa da amiga. Ela parecia muito mais quente do que o normal, e Dylan teve certeza que era uma febre. Amélie saiu de casa de cropped e estava até agora com a mesma roupa, e naquela tarde, o tempo havia virado do nada, deixando as temperaturas um pouco baixas. Amélie era ímã de resfriados sazonais.
— Não, eu vim pra te levar em segurança. E fiz bem pelo visto, já que está com febre de novo! — Ele murmurou se levantando e, tirando a própria jaqueta, a vestiu no corpo da amiga.
Amélie depois de passar os braços pelas mangas, fechou a jaqueta com o cheiro do amigo e sorriu minimamente feliz. Uma coisa era certa e ela sabia: adorava se sentir quentinha e protegida nos casacos de Dylan. Betiza, Laryssa e Isabelly observavam a cena segurando risinhos, porque estava na cara que aqueles dois se gostavam.
— Bem meninas, vocês querem que eu também peça um carro ou acompanhe vocês?
— Ah não, não! Nós vamos juntas, mesmo Dylan! A Lary e a Isa estão dormindo lá em casa. — Betiza comentou.
— Leva a nossa Amélie em segurança e cuida dela, Lanlan! — Laryssa se levantou e comentou apertando a bochecha de Lie, e a abraçando.
As amigas se abraçaram despedindo-se, e Isabelly ao abraçar Amélie deu-lhe uma cafungada na jaqueta de Dylan e sussurrou no ouvido da amiga:
— Pelo amor de Deus, para de dar bobeira, Lie!
Amélie deu a língua para Isabelly e sentiu Dylan apoiar a mão nas suas costas, em seguida passando o braço pelo ombro dela em um meio-abraço. Ele se despediu das amigas de Lie e a guiou para fora.
— Quer fazer xixi primeiro, Lie?
— Lanlan! Eu não sou uma criança!
— Mas depois fica me pedindo para fazer moitinha enquanto você faz xixi na rua! Vem, vamos ao banheiro primeiro!
Dylan guiou ela até a porta do banheiro do bar e ficou esperando do lado de fora.
— Vai lá, ou quer que eu chame uma das meninas lá na mesa?
— Dylan!
— Tá bom, tá bom! — Ele riu cruzando os braços e esperando a amiga. E quando ela voltou ele perguntou zombando: — Lavou as mãos?
— Não, abre a boca que eu vou te encher de germes de xixi! — Amélie apontou o indicador na altura da boca dele, ainda piscando lenta.
Os dois riram e saíram abraçados para fora do bar. Como ele pediu um Uber enquanto a esperava na porta do banheiro, eles precisaram andar só um pouco até o ponto de ônibus que havia perto do bar. E ficaram parados até o carro chegar, mas Amélie abraçou Dylan ainda mais, ficando de frente para ele, mais baixa do que ele pela altura, ouvindo as batidas do coração do amigo e disse do nada:
— A Isabelly quer enroscar a língua contigo.
Dylan olhou para baixo, vendo o topo da cabeça de Amélie e os olhos dela fechados, quase sonolenta em seu abraço e riu.
— Não é nada de outro mundo, afinal, quem não ia querer? — Ele zombou.
Amélie não respondeu, estava mesmo sonolenta, quase dormindo.
O carro do Uber chegou, Dylan a ajudou a entrar no banco de trás, onde foi ao lado dela com a amiga dormindo em seu colo, e ele conversando ameno com o motorista.
Quando chegaram no apartamento que dividiam, Dylan acordou Amélie. Com a ajuda dele, ela ficou um pouco mais desperta e foi logo tomar banho, enquanto ele preparava um chá de alho para ela. Sua mãe o ensinou que, quando bebesse algo alcóolico não era adequado misturar com medicações e chá de alho era um bom remédio natural para febre e gripe. Depois de bêbada, Amélie não diferenciava mais chá de alho de caipirinha, e por isso, bebeu o chá todo sem reclamar. Dylan colocou a amiga na cama dela, cobriu-a e deixou um beijo de boa noite em sua testa.
Entretanto, quando ele terminou de se preparar para dormir, Amélie apareceu abrindo a porta do quarto dele e o surpreendeu. Dylan estava vestindo a blusa do pijama quando Lie, sonolenta e como uma criança, apareceu arrastando o edredom e o próprio travesseiro debaixo do braço.
— Lie?
Ela não respondeu, se deitou na cama do amigo se ajeitando e abrindo os braços pra ele.
— Eu quero dormir com você, Lanlan! Os elfos domésticos voltaram!
— Não tem elfo nenhum no seu quarto, Lie… — Ele ria divertido falando baixinho e se direcionou à própria cama para deitar, mas a amiga apenas fez o sinal que sempre fazia quando inventava de dormir na cama dele.
Ela esperou Dylan deitar e virar de costas para ela, onde em seguida, Amélie se pendurava no corpo de Dylan como uma conchinha desajeitada e inversa. Abraçava firme ao tronco do amigo, aproveitando as costas dele para apoiar sua cabeça. Não demorou nem cinco minutos para ela pegar no sono. Dylan fechou os olhos rindo baixinho, porque uma coisa era certa: ele adorava ser o colchão de Amélie.
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— Viu só? Eu sempre te digo para não sair sem algum casaco na mochila, Amélie! — Dylan reclamou.
O sábado dos dois já começou com Amélie tossindo com a garganta arranhando e uma febre de 38,5 ºC. Dylan estava cuidando dela e aproveitou que o álcool já tinha dissipado para dar a ela o remédio que comprou de manhã.
— Eu não sei o que seria de mim sem você, Lanlan! — Ela comentou manhosa e risonha sugando a canja de galinha da colher. Além de preparar o café da manhã dos dois, comprar o remédio para ela, Dylan ainda fizera o almoço especial para uma resfriada. — A canja está muito boa! Igual o almoço de ontem!
— Você conseguiu comer? Achei que tinha virado um mexido de boteco! — Ele comentou lavando a louça.
— E virou! Mas eu jamais deixaria de comer! Afinal, você fez com todo cuidado!
— Obrigado pela consideração! — Dylan falou rindo.
Amélie parou de sugar a canja, o observando de costas para ela, lavando a louça e se lembrou das amigas e da conversa no bar da noite anterior.
— Lanlan?
— Hm?
— Por que você cuida tanto de mim?
— Oras, se eu não cuidar você não dura uma semana!
Dylan brincou gargalhando e jogando a cabeça para trás. Então ela estava certa, era só amizade mesmo… Dylan não sentia nada diferente por ela. Não é?
— As meninas ontem… — Ela ia começar a falar quando ele se virou enxugando a mão no pano de prato e a interrompendo:
— Ah é! Pera aí!
Dylan saiu até seu quarto e pegou o celular, retornou dizendo:
— Elas estão livres amanhã? Você pode perguntar?
— Posso, mas… Por quê?
— Matteo, Patrick, e Doug. Os três caras legais que eu prometi para elas. Eles ficaram interessados em conhecer suas amigas quando mencionei hoje mais cedo, e perguntaram se elas podem sair em um encontro amanhã. Vou te mandar o número deles e você envia para Betiza. Ok?
Amélie sorriu pela prontidão e atenção do amigo. No fim ele era mesmo atencioso com todo mundo.
— Eu só não tenho nenhum outro cara à sua altura, Lie. Me desculpe. — Dylan falou suspirando e sentando-se sobre o tampo da mesa velha da cozinha, olhando culposo à amiga.
— Tudo bem! Não é como se eu pudesse sair mesmo… E depois, o meu cara legal é você. Não preciso de outro.
Amélie falou sem nenhuma segunda intenção e Dylan sabia daquilo, mas foi inevitável para ele não sorrir e se deixar iludir com a ideia de que aquilo fosse um flerte.
— Bem, mas eu não estou falando desse jeito.
— Que jeito? — Amélie perguntou lambendo os próprios lábios ao terminar sua canja.
— Um namorado. É o que elas queriam com um cara legal. E bem, eu não sou o seu cara legal desse jeito.
Amélie piscou pensativa e se levantou da cadeira, aproximando-se mais do amigo que a encarava confuso.
— Lanlan… Você é o meu cara legal, mesmo não sendo meu namorado. Não quero um namorado pra isso, então não deixe de ser meu cara legal, ok?
— Lie… — Ele pegou na mão dela, suspirando, e perguntou genuinamente curioso: — Você é uma gatinha super interessante, inteligente, divertida… Por quê não namora? Sabe que tem uma fila de caras na sua cola, não sabe?
— Não tenho interesse em relacionamentos. Isso é cansativo. Não é como o que a gente tem. Eu gosto do jeito que a gente vive, Lanlan.
— O que quer dizer com isso? Se fosse uma relação como a nossa você namoraria?
Amélie assentiu simples, sem achar que houvesse mais sentido naquela conversa do que apenas um diálogo curioso sobre a solteirice dela. E assim que ela assentiu pegando o prato para levar até a pia, Dylan respirou profundamente, pegando na sua outra mão, trazendo-a entre suas pernas e a impedindo de virar-se.
— E se eu fosse seu namorado, Amélie? — tomou coragem de perguntar, apesar de ter convicção de que Amélie nunca sentiu nada diferente de amizade por ele.
— Isso seria possível? — Ela perguntou curiosa, mas com o semblante tranquilo que, só a curiosidade de quem não compreende ser amada pelo melhor amigo era capaz de demonstrar.
Dylan viu o sorriso ingênuo dela e notou que era o momento. Se não confessasse naquele instante, talvez nunca mais fizesse. E era melhor lidar com aquilo logo, fosse para ter um fora ou não.
— “Quando você olha pra mim e sorri, sinto como se o meu coração fosse parar. E quanto a você? É realmente difícil para mim aguentar. Todo dia eu penso em você.” — Ele respondeu citando o trecho da música favorita de Amélie: “Everytime”.
Ela entendeu no exato momento. Dylan realmente gostava dela! Todo aquele tempo só cuidando da amiga, demonstrando em atos pequenos de serviço diário todo seu afeto… Como ela podia ser tão tapada?
Os olhos de Dylan brilhavam diante dela, havia uma expectativa de resposta que ela não deu. Amélie se sentiu surpresa; não pela confissão, mas por seu coração batendo forte e palpitante no próprio peito. Ela se soltou dele e deixando a tigela de sopa na pia, foi apressada para o banheiro.
— Eu preciso fazer xixi!
Dylan suspirou frustrado e em seguida riu. Até pra dar um fora, Lie era uma comédia.
Amélie ficou pensando nas palavras de Dylan no banheiro. Ficou pensando nas palavras de Betiza. E até no interesse de Isabelly por seu amigo. De repente notou como a saída arredia da noite anterior era na verdade, ciúme. Sentiu ciúme de Dylan e nem sabia o motivo, mas ali, naqueles 30 minutos trancada no banheiro pensando, ela descobriu o que já era óbvio pra todo mundo: eles se gostavam.
Saiu abrupta do banheiro, e arrependida pra falar com ele e se desculpar, e também dizer o que parecia sentir. Mas encontrou um bilhetinho na porta da geladeira dizendo:
“Como você se trancou no banheiro eu imaginei que queria ficar sozinha, até porque, se fosse dor de barriga você estaria cantando para disfarçar. Então fui até o posto de conveniência dizer ao seu chefe que você não pode trabalhar na segunda, porque está resfriada de novo. Deixa comigo, sabe que eu consigo uma folga pra você quando é preciso! Eu vou trabalhar no seu lugar segunda… Já, já estou de volta.”
— Ele é mesmo o cara mais legal de todos e eu sou uma toupeira de carteirinha! — Amélie bateu na testa.
Aproveitando o momento a sós, ela telefonou em vídeo para as três amigas e contou tudo. Elas, logicamente, zombaram e festejaram por estarem certas. Isabelly ainda confessou que apenas fizera aquilo tudo na noite anterior para dar um engate na amiga, mas Laryssa implicava dizendo que ela estava era tentando a sorte mesmo. Betiza, no entanto, encorajou Amélie a olhar os próprios sentimentos.
— Eu acho que gosto dele, gente! — Amélie falou alarmada com a mão na boca, um tanto chocada.
— Mas é claro que gosta! — As três disseram juntas e riram.
— E ele está super na sua! Então, se eu fosse você recitava a outra parte da música pra ele e enroscava a língua na dele, Lie! — Laryssa comentou.
Amélie mordeu o lábio um tanto apreensiva. Nunca havia pensado naquela situação, mas só de imaginar como seria beijar Dylan, ela já ouvia as batidas das asas de revoadas de borboletas no estômago de novo.
— Obrigada amigas! Eu acho que vou falar o que descobri, para ele!
— Isso aí! E agradece ao Dylan por nos arrumar um encontro triplo amanhã! — Betiza comentou.
— Boa sorte pra vocês, tenho certeza que os caras são legais. O Lanlan não anda com babacas.
— Em breve, talvez nós quatro estaremos saindo em casal! — Laryssa comemorou.
— Viva o Dylan! Além de cheiroso, salvou nosso domingo! — Isabelly comentou risonha.
Amélie acenou para as amigas e ao ouvir o som da maçaneta da porta, desligou a chamada, rapidamente, se levantando. Ficou de pé no meio da sala, descabelada como já estava antes, afinal, ela não havia sequer penteado o cabelo naquele dia ainda.
— E aí fujona? — Dylan comentou rindo ao ver a amiga em pé no sofá.
— Lanlan…
— Olha Lie… — Ele interrompeu se aproximando cauteloso e pronto a pedir desculpas — Eu fui mesmo sincero ao dizer aquilo pra você, mas não quero que se sinta pressionada ou incomodada com…
— Lanlan! — Ela o interrompeu assertiva.
Dylan arregalou os olhos, compreendendo que ela teria algo a dizer, ele se sentou no braço do sofá e viu a amiga respirar fundo segurando a barra da blusa de moletom dele que vestia de novo, e ficou atencioso observando. Amélie depois de contar até três e soltar o ar, se aproximou mais do amigo, ficando parada ao lado dele, que ainda estava sentado no braço do sofá.
— Dylan, eu não fazia ideia até alguns minutos atrás, mas agora posso completar o trecho que você disse com… — Ela mordeu os lábios tomando coragem e recitou: — “Meu primeiro e único, eu já lhe disse que você é meu tudo? Você é meu destino, a única pessoa que eu quero proteger até o fim do mundo. Eu quero te amar. Seus olhos, seu sorriso, até mesmo o seu perfume. Se lembre, nós estaremos sempre juntos, eu te amo.”
Dylan ficou inerte, piscando devagar e surpreso. Nunca passou por sua cabeça que aquilo seria o que ela diria a ele.
— Eu sei, a música é um pouco exagerada, mas você quem começou! — Amélie falou achando que havia assustado ele, e nervosamente bagunçou os próprios cabelos.
— É sério isso? Você sente o mesmo? — Dylan perguntou esperançoso.
— Eu só notei agora. Na verdade, eu comecei a perceber ontem. A ideia da Isa trocando saliva com você mexeu comigo, mas achei que era coisa da minha cabeça, só que ficar 30 minutos trancada no banheiro me ajudou a notar que você, aos pouquinhos, se tornava o único cara legal que eu realmente precisava e queria. E sim, eu ‘tô falando que acho que não preciso de um namorado porque no meu inconsciente, era você que eu sentia que seria…
Dylan não deixou Amélie terminar. Ele puxou a amiga pela cintura e colou seus lábios em um beijo delicado, molhado e cheio de curiosidade. Queria fazer aquilo há tanto tempo, que nem sabia dizer como foi capaz de esperar tanto. Depois que os dois terminaram o primeiro beijo entre eles, Amélie arregalou os olhos e disse:
— Minha nossa! Você tem gosto de canja de galinha!
— Não Amélie, é você que não escovou os dentes sua nojenta! — Dylan zombou rindo e colocando a cabeça pra trás.
— Ai minha nossa, Lanlan! Eu esqueci mesmo! Que droga, o nosso primeiro beijo tem gosto de canja de galinha agora!
— Tudo bem, a gente pode tentar de novo se você quiser…
Dylan riu mais uma vez dando de ombros e Amélie correu no banheiro para escovar os dentes. Quando saiu, Dylan abria os braços em um convite para ela o beijar de novo, mas Amélie correu até a geladeira da cozinha procurando o chocolate que tinha deixado ali. Ela mordeu um pedaço sentindo o gosto da pasta de dente se perder e voltou até Dylan com um dedo em riste para ele:
— Promete que vai apagar a canja de galinha da memória!
— Eu não! É uma boa história quando suas amigas perguntarem como foi o nosso primeiro beijo! — Dylan provocou.
— Dylan! Promete ou então eu não te beijo mais!
— Ah, se você não quer tudo bem, a Isabelly pod-…
Mal terminou a frase, Amélie já estava enroscando a língua achocolatada, na língua de Dylan de novo. E na verdade, a pasta de dente de menta misturada com o chocolate não era um gosto tão melhor assim. Porém, uma coisa era certa: nenhum dos dois ligava para aquilo. Só queriam se beijar e foi o que fizeram dali por diante, durante muito tempo em suas vidas.
Eu e minha mente muito da criativa (confusa) fizemos uma misturança bonita aqui kkkk
Enfiei o Dylan O’Brien na história porque Dylan pra mim é só esse de referência lol e ao mesmo tempo misturei com o Chen porque a música é com ele… Aí daqui a pouco o casal principal virou Chen e Punch porque sim… enfim.
Eu amo uma história friends to lovers e ainda mais quando é o carinha que se percebe apaixonado primeiro 🥺🥰
Aqueceu o coração, não me importo se tiver continuação do casal sendo feliz para sempre e do resto das amigas também HAHAHHAHAHA
Amiga, pior que as meninas sugeriram o nome “Dylan” pra mim né, e sim, eu também só tinha o O’Brien na cabeça porque toda que vez que ouço Dylan é ele! ahahha Agora o Chen e a Punch eu nunca pensei, mas realmente fazem um casal lindo! Fico muito feliz que você gostou desse Friends to Lovers amiga, porque eu realmente amei escrever! ♥ Eles merecem mesmo uma continuação. Quem sabe eu animo!
Lanlam kkkkkkkkkkkkkkkkkk adorei
Eu já asmei os amigos da Amélie
O clássico do friends to lovers. A menina lerda q não percebe que o amigo gosta dela
Não saberia não 🫢
Pq quem ama cuida, Amélie
Mas ele queria ser seu namorado ☺️