Everybody Wanna Steal My… Boy

  O que posso dizer? Já sabia que ser namorada de um rockstar não seria nada fácil, ainda mais se tratando de um conhecido e amado por várias meninas com os hormônios à flor da pele. Meu namorado é , e se você ainda não sabe de que banda ele faz parte, eu te digo, e logo você vai entender o que quero dizer. faz parte da One Direction. É, aquela banda lá mesmo.

  Antes de continuar contando minha história, deixa eu contar para vocês como nos conhecemos. Veja bem, nunca fui fã da One Direction (e ainda não sou, não me leve a mal, amo os meninos, são uns fofos, mas o som deles não é bem my thing.), então não fazia ideia que o era O . Ele me deu uma cantada enquanto estava no bar esperando a boa vontade do barman e, apesar da cantada ser ridícula, achei ele bonitinho e resolvi dar trela, acabei indo com ele pra casa, trocamos número e ficamos bem próximos, só depois de algum tempo que fui descobrir como ele ganhava o seu sustento e, bom, já estava super na dele e deixei rolar.

  Como namorada dele, já imaginava todo o ódio que iria receber, já imaginava todas as mentiras que iriam inventar e/ou publicar usando minha imagem e meu nome e, também, já imaginava o quão difícil ia ser aguentar, pelo menos, três quartos do ano sem ver meu namorado. Mas, claro, imaginar é uma coisa e viver é outra completamente diferente.

  Entendo muito bem que esse é o trabalho dele, que não abriria mão da sua carreira por causa de uma namorada (well, nem eu o faria, então não sou hipócrita o suficiente para pedir pra ele abrir mão de qualquer coisa por mim), e essa nem é a questão, mas poxa, antes de me olhar com cara feia, tenta entender meu lado, não é nada legal sempre ser a única desacompanhada no grupo de amigos, chegar do trabalho querendo uma massagem, um jantar surpresa, qualquer coisinha, e se deparar com uma casa vazia, com a bagunça como você deixou de manhã. Mas tudo isso é fichinha se compararmos com a minha insegurança número um quando se trata de tours: que ele conheça outra garota, comece a me achar super sem graça. E aí, faço o quê?

   nunca ficou sabendo dessas minhas paranoias, claro que ele percebeu que tem alguma coisa errada, mas nunca perguntou, também nunca falei sobre isso. A única pessoa que já conversei sobre esse assunto foi , minha superamiga que está do meu lado para o que der e vier.

  Já não aguentava mais ficar pensando que o podia estar conhecendo alguma menina linda e interessante, enquanto eu estava aqui, de pijama, largada no sofá, tomando sorvete direto do pote. Foi quando decidi ligar para a para pedir uma luz, ela sempre foi muito sincera comigo, então tenho certeza que se o que eu estivesse falando tivesse fundamento, ela diria na lata.

  — Fala, vaca! — A fofa me atendeu.

  — , estava aqui pensando… E se , tipo, conhecer uma loira linda, com corpo lindo e cabelo super hidratado e pensar “poxa, por que ainda estou com a se posso estar com essa aí?”?

  — Não acho que ele pensaria isso, . — ria da minha imitação tosca, tenho certeza.

  — Será que não? Poxa, ele está sem sexo faz um tempo, amiga. E sabe, tenho medo que, sei lá, ele esteja super necessitado e pegue alguma daquelas meninas que se jogam pra cima dele.

  — , não faria isso com você, ele gosta e se importa com você, por que ele jogaria tudo isso fora por uma transa com uma groupie?

  — Sei de tudo isso, , o meu lado racional sabe de tudo isso, mas ainda assim morro de medo a cada dia que ele não me liga.

  — Ficar pensando besteira não vai te ajudar em nada, , espere seu namorado chegar em casa, então e fale com ele sobre isso!

  Ainda demorou um pouquinho, mas, eventualmente, ela conseguiu me convencer a falar com sobre meu ataquezinho.

  Mas acabou ficando por isso mesmo, só no plano, porque nunca tive essa conversa com ele, às vezes eu esquecia, às vezes amarelava ou arrumava qualquer desculpa para deixar isso pra lá, ele estava aqui comigo, não estava? Então ficava tudo bem.

   estava arrumando a mala para outra tour. Parecia que foi ontem que ele voltou e já estava indo embora, parece que nem deu para aproveitar e fazer tudo o que eu queria com ele…

  — … Ô !

  — Oi, amor. Estava me chamando? — riu da minha lerdeza.

  — Não, tava chamando a outra ali atrás.

  Dei a língua para ele.

  — Mas falando sério agora, por que você estava com aquela cara de paisagem? Estava falando com você há mó tempo.

  — Desculpa! Mas não foi nada não, só estou triste de você estar prestes a viajar. De novo.

   parou de colocar as roupas (bem de qualquer jeito, diga-se de passagem) na mala e se sentou do meu lado na cama.

  — , eu sei que é complicado, mas eu preciso ir, é o meu trabalho e-

  — É que… Algum dia desses você vai e conhece uma loira com o corpo perfeito, com o cabelo lindo e se apaixona por ela, casa, tem filhinhos lindos e eu fico aqui, sozinha, cheia de gatos… Se bem que eu nem gosto tanto assim de gato… Cheia de cachorros? É, e… Aí… — estava me olhando de um jeito que fez com que eu me calasse na hora. Era aquele olhar que deixa o coração quentinho e dá uma vontade enorme de sorrir.

  — Isso foi a coisa mais besta que eu já ouvi você falando. E olha que você fala muita coisa besta, hein! — Acertei um tapa em seu braço, o olhando chocada.

  — É um insensível mesmo, eu abro meu coração pra você e é isso que eu recebo. Onde já se viu, você é um péssimo namorado, ! E para de rir, seu idiota!

  Levantei e rumei para a cozinha, sabia que não devia ter falado nada. Droga de com sua droga de conselho.

  Alguns minutos mais tarde, estava terminando de comer um pão com geleia acompanhado de um chazinho de camomila, quando saiu do quarto com a mala, a deixou próxima à porta e veio em direção a mim.

  — Olha, , eu imagino que deve ser complicado para você quando eu estou fora em tour, porque eu sei que é complicado pra mim também.

  — Para você? Mas por quê?

  — Porque você também pode se cansar dessa vida de namorada de da One Direction, não é só maravilhas, sei que não, e você também pode conhecer um outro cara qualquer dia desses aí e perceber que com ele você não tem dor de cabeça nenhuma, não tem que se preocupar quando sai na rua, nem bloquear toda as suas redes sociais e muito menos ficar sozinha a maior parte do tempo, porque esse outro cara vai estar sempre por aqui.

  — , você sabe que eu nunca te trocaria por um outro cara qualquer, aposto que com ele não vai ter uma aventura todo dia, vai ser super tédio, estou até vendo. Ah, e tem um outro detalhe, mas assim, bem pequenininho… — Sinalizei o “pequenininho” com os dedos. — Eu te amo.

   abriu aquele sorriso largo dele, o qual eu acho lindo, diga-se de passagem, esse sorriso é um daqueles que puxa o seu junto, não tem como ficar séria quando ele dá esse sorriso.

  — Eu também te amo, muito! E é justamente por esse motivo que você não precisa se preocupar com nada enquanto estou fora, talvez só com eu morrer de saudades de você.

  Não aguentei e sentei em seu colo, aproveitando para dar um beijo nele, daqueles que você consegue passar tudo que está sentindo para a pessoa e espera que ela também sinta.

  Eu sei que ainda vou me preocupar que ele conheça alguém enquanto está em qualquer outro lugar desse mundo afora, mas seria mentira se eu falasse que não estou bem mais segura, afinal, como mesmo disse, ele se sente do mesmo jeito que eu.

  E talvez o amor seja isso mesmo: receber a pessoa do jeito que ela vem e aceitar e conviver bem com isso. Afinal, me apaixonei por ele, o namorado-amigo, o rockstar, o sonho de grande parte das adolescentes, o que faz shows em todo canto do mundo e, talvez, se ele não fosse tudo isso em um só, não seria esse que eu tanto amo e admiro.