Entre Paris e Você
Primeiro Capítulo:
Vernon ajeitou a gravata na frente do espelho e então umedeceu os lábios. Depois ele encarou o próprio reflexo e balançou a cabeça em negativa se sentindo um tanto quanto idiota… Contratar uma namorada de aluguel? Sério? Como ele havia chegado a esse ponto?
Mas a resposta era óbvia. Ele precisava impressionar os velhos ricos da diretoria, aqueles que ainda enxergavam nele um garoto inexperiente e não o CEO capaz de comandar a empresa que herdara do pai. Não importava quantos números ele apresentasse ou quantas reuniões fechasse com sucesso — para eles, experiência vinha com idade e estabilidade, e um homem solteiro aos olhos da alta sociedade era sinônimo de impulsividade.
Vernon bufou, passando a mão pelos cabelos antes de soltar um riso incrédulo. Como se fingir estar em um relacionamento fosse resolver todos os seus problemas. Mas, por mais patética que a situação parecesse, essa era a solução mais prática. Ele precisava de alguém ao seu lado, alguém convincente o bastante para desfazer a desconfiança daqueles senhores conservadores. E, por mais absurdo que fosse, pagar por esse papel parecia muito mais fácil do que se envolver em um relacionamento de verdade.
O contrato já estava assinado. Em poucas horas, ele encontraria sua suposta namorada. Uma desconhecida que, por algumas semanas, faria parte de sua vida como se fossem um casal apaixonado. Ele nem sabia direito o que esperar. Talvez uma mulher fútil e artificial, ou alguém que apenas enxergava aquilo como um negócio lucrativo. No fim das contas, pouco importava. Era apenas um teatro, e ele precisava atuar bem.
Soltando um longo suspiro, Vernon pegou o paletó e o vestiu, tentando ignorar o incômodo que aquela situação causava. Era temporário. Apenas mais um jogo corporativo que ele precisava jogar para manter seu império.
Ou, pelo menos, era o que ele achava.
🎩🎩🎩
Agora, sentado no banco de trás do carro, ele observava as luzes de Los Angeles passando pela janela enquanto o motorista seguia para o local combinado. O silêncio dentro do veículo era quase sufocante, e Vernon afundou-se no assento, sentindo o peso da situação.
Foi seu assistente pessoal quem cuidou de todo o trâmite. Ele mesmo não teve paciência para lidar com isso. Bastou uma pesquisa em um site especializado, algumas trocas de mensagens e um contrato formalizado. Vernon sequer conhecia a mulher que o acompanharia naquela noite. Apenas sabia que ela fora escolhida por sua discrição e capacidade de desempenhar o papel sem maiores problemas.
As orientações foram claras: ela deveria agir como uma namorada perfeita, responder perguntas com naturalidade e, acima de tudo, convencê-los de que o relacionamento era real. Vernon não sabia ao certo como se sentia sobre isso. Por um lado, era apenas mais uma transação, um acordo comercial. Por outro, a ideia de dividir sua vida — mesmo que de forma encenada — com uma estranha parecia estranhamente invasiva.
A poucos minutos do destino, ele fechou os olhos e respirou fundo. Não havia mais volta. O show estava prestes a começar.
Quando o carro parou de se movimentar, Vernon observou a fachada do hotel luxuoso que a tal garota estava hospedada e com um suspiro resignado ele desceu do carro, procurando por cabelos ruivos. Chan havia dito que a garota escolhida tinha lindos cabelos alaranjados — “que pareciam calêndulas de tão alaranjados”, então certamente não teria como ele confundir.
Vernon ajeitou o paletó e então adentrou a recepção esperando as grandes portas elétricas de vidro se abrirem, os olhos dele varreram rapidamente o lugar e então, sentada em uma das poltronas, lá estava ela…
Ele parou por um segundo, sentindo um estranho frio na barriga que não esperava. Seus olhos recaíram sobre a mulher e, de imediato, algo o fez prender a respiração. Talvez fosse a postura dela, relaxada, mas ao mesmo tempo impecável. Ou talvez fossem os traços delicados e a forma como seu olhar varria o ambiente, atenta, sem demonstrar nervosismo algum.
Vernon engoliu em seco. Esperava alguém que parecesse claramente estar ali pelo dinheiro, talvez uma mulher exageradamente produzida, com um ar artificial. Mas não era isso que via. Havia algo nela que parecia… real. Autêntico demais para ser apenas atuação.
Ele umedeceu os lábios e seguiu em sua direção, tentando ignorar o desconforto inesperado que se instalava em seu peito. Aquilo era só um negócio. Ele precisava lembrar disso. Mas, por algum motivo, a ideia parecia mais difícil agora que seus olhos estavam presos nela.
— Senhorita ? — ele pigarrou depois que a chamou pelo sobrenome e então seus olhos se encontraram.
— Senhor Chwe? — A ruiva se levantou estendendo a mão que estava livre.
Vernon segurou a mão dela com firmeza, mas, em vez de apenas apertá-la como esperado, levou-a até os lábios, roçando um beijo breve e cortês na pele macia. O gesto foi automático, um resquício de etiqueta herdado de tempos passados. No entanto, a eletricidade que percorreu seus dedos ao tocá-la não era algo que ele previra.
Do outro lado, a mulher piscou, levemente surpresa. Quando Vernon ergueu os olhos para encará-la, viu que havia um brilho de avaliação em sua expressão, como se ela estivesse estudando-o minuciosamente.
Ela não esperava aquilo. Nenhuma parte de sua mente havia cogitado que seu cliente daquela noite seria… jovem. E atraente. E bem-vestido. Estava acostumada a lidar com homens carrancudos, de meia-idade, barrigudos e de ternos desalinhados. Homens que queriam impressionar, mas que raramente impressionavam alguém.
Mas Hansol Vernon Chwe? Ele era um problema. Um que ela definitivamente não havia previsto.
🎩🎩🎩
— Está tudo certo para partirmos? — ele perguntou, recuperando-se rapidamente do momento de surpresa.
Ela assentiu com um pequeno sorriso profissional.
— Sim, senhor. Tudo conforme as instruções.
Vernon decidiu começar o teatro de imediato. Com um movimento elegante, ofereceu-lhe o braço.
— Ótimo. Então vamos, meu bem.
Ela piscou, ligeiramente surpresa com a naturalidade dele, mas aceitou o braço sem hesitar. O teatro havia começado, e agora não havia mais espaço para dúvidas.
Os dois caminharam lado a lado até a grande porta de vidro e Brittany sentiu o coração dar algumas piruetas com o calor que emanava do corpo dos dois tão inevitavelmente próximos. Os braços dele não eram absurdamente musculosos, mas eram definidos e marcavam o paletó, fazendo com que ela ficasse sem jeito de apertar a mão envolta do mesmo.
Quando saíram do hotel, uma brisa gelada os envolveu, e Vernon foi imediatamente atingido pelo cheiro doce e envolvente do perfume dela. Ele não conseguiu evitar fechar os olhos por um breve segundo, absorvendo aquela fragrância delicada e viciante.
Brittany também percebeu. Assim que o vento trouxe até ela o aroma amadeirado e sofisticado do perfume dele, algo dentro dela se contraiu. Não era um cheiro enjoativo ou forte demais. Era equilibrado, sutil, mas irresistivelmente masculino.
Ela não deveria notar essas coisas. Não deveria se deixar afetar. Mas, ao lado dele, sentindo o calor do corpo dele e o perfume que agora parecia envolvê-la, Brittany teve certeza de que aquele trabalho seria mais complicado do que imaginava.
Vernon abriu a porta do carro para ela, que cumprimentou o motorista com um aceno de cabeça antes de entrar e se ajeitar no banco de couro do elegante carro que ele havia usado para buscá-la. Alguns segundos depois, lá estava ele sentado ao lado dela, mas a uma distância confortável o suficiente para que eles se sentissem confortáveis.
Vernon olhou para ela que vislumbrava a paisagem pela janela fechada do carro. Pigarreando outra vez, ele chamou a atenção dela para si novamente:
— Como nós nos conhecemos mesmo? — ele coçou a nuca um pouco sem graça de ter se esquecido do que havia sido combinado com ela.
Ela sorriu sem mostrar os dentes e ajeitou o rabo de cavalo bem feito com as duas mãos. Ele não era tão diferente dos outros clientes. Eles sempre se esqueciam desses detalhes. Então, como sempre, ela improvisaria.
— — Segundo o seu assistente, nos conhecemos em um evento beneficente da sua empresa, há seis meses. Você fez um discurso brilhante sobre impacto social, e eu, uma modesta empresária do ramo da moda sustentável, fiquei encantada com a sua visão. Depois de algumas trocas de e-mails e encontros casuais, começamos a sair oficialmente há três meses.
Ela fez uma pausa e ergueu uma sobrancelha para ele.
— Foi isso que ele te disse, certo?
Vernon soltou uma risada baixa, balançando a cabeça.
— Ele definitivamente pensou em tudo.
apenas sorriu, mas por dentro já se preparava para o que estava por vir. O show apenas começara.
🎩🎩🎩
Segundo Capítulo:
Vernon olhava a paisagem passando rapidamente pela janela do lado oposto enquanto voltava a se sentir ridículo por estar se prestando aquele papel apenas para conseguir continuar num cargo que lhe era seu por direito.
Engoliu seco pensando nos olhares que ele e a acompanhante a seu lado receberiam assim que adentrassem o salão do grande evento. A alta sociedade sempre fora um jogo de aparências, mas naquele momento, mais do que nunca, ele sentia-se sufocado pela hipocrisia daquele mundo.
Enquanto isso, repassava em sua cabeça o roteiro de basicamente sempre: sorrir, acenar, cumprimentar, elogiar as esposas dos outros velhos ricos, falar sobre o “namorado”, elogiar o desempenho dele como profissional e namorado, não comer muito, não rir muito, não fumar na frente de ninguém, não exagerar na bebida e blá blá blá.
Ainda bem que aquele seria o último contrato que ela teria antes de finalmente por seus lindos pezinhos em Paris. Ela não via a hora.
— Nervosa? — A voz grave de Vernon interrompeu seus pensamentos.
virou o rosto para ele e sorriu de leve, aquele sorriso treinado que sempre usava quando precisava parecer confiante e encantadora ao mesmo tempo.
— Nem um pouco — respondeu, ajeitando o rabo de cavalo com ambas as mãos. — Eu já fiz isso tantas vezes que poderia atuar no automático.
Vernon arqueou uma sobrancelha, surpreso com a franqueza dela.
— Que profissional — murmurou, inclinando levemente a cabeça enquanto a observava.
Ela deu uma risadinha baixa, sem humor.
— Você não faz ideia — respondeu, olhando pela janela do carro e vendo as luzes da cidade refletindo em seu próprio reflexo no vidro. — Mas e você? — perguntou, virando-se novamente para ele. — Preparado para encarar essa farsa?
Ele soltou um suspiro pesado e passou a mão pelo cabelo, um claro sinal de desconforto.
— Desde que eu me tornei CEO, tudo o que eu faço é encarar farsas — admitiu. — Uma a mais, uma a menos, acho que não faz tanta diferença.
o analisou por um instante. Ele era diferente de muitos dos seus clientes. A maioria via aquele tipo de contrato como uma solução conveniente e fria. Mas Vernon parecia… frustrado. Como se, no fundo, odiasse ter que recorrer a isso.
— Se te consola, posso garantir que vamos ser um casal perfeito — brincou, piscando um olho para ele.
Ele soltou um riso breve, balançando a cabeça.
— Vou cobrar essa promessa, senhorita .
O carro desacelerou ao se aproximar do luxuoso salão do evento. endireitou a postura, respirou fundo e olhou para Vernon, esperando que ele fizesse o mesmo. Ele, por sua vez, observou-a por um segundo a mais do que deveria, notando a segurança com que ela vestia aquele papel. Como se fosse parte dela.
A porta do carro se abriu, e, como esperado, flashes começaram a disparar. Vernon desceu primeiro e, num gesto quase instintivo, estendeu a mão para ajudá-la a sair. aceitou sem hesitar, encaixando sua mão na dele e sorrindo como se fossem um casal apaixonado.
Agora sim o jogo havia começado.
🎩🎩🎩
— Finalmente temos a senhora Chwe, senhor Vernon? — um dos fotógrafos perguntou alargando o sorriso, antes de desparar mais flashes na direção deles.
— Senhorita, no caso. — Vernon corrigiu.
Os dois caminharam um pouco e então pararam mais a frente, para que os fotógrafos tivessem como fotografá-los propriamente. Vernon sentia as mãos começarem a suar, então ele piscou lentamente, absorvendo a quantidade de flashes lhe chegando os olhos.
reparou que ele parecia um tanto quanto nervoso ao encarar os fotógrafos, então se posicionou ao lado dele, colocando uma de suas mãos nas costas dele e a outra em seu peito.
Ela desviou o olhar para Vernon, que mantinha a expressão fechada, provavelmente revivendo em sua mente os próprios motivos para estar ali. Homens como ele sempre achavam que estavam no controle de tudo, mas no final das contas, sempre precisavam dela para salvar suas reputações.
— Você está muito tenso — ela comentou, virando-se levemente para ele.
Vernon piscou algumas vezes antes de encará-la, como se só agora lembrasse de verdade que ela estava ali.
— Você não estaria? — Ele suspirou, afrouxando levemente a gravata. — Eu deveria estar focado na apresentação dos resultados do trimestre e na proposta de expansão da empresa. Mas, em vez disso, estou ensaiando um teatro ridículo para impressionar um bando de velhos ultrapassados.
sorriu de canto. Ela já ouvira variações desse desabafo inúmeras vezes.
— Pelo menos você tem a chance de continuar no comando do seu império. Já eu só estou aqui para segurar sua mão e sorrir para fotos.
Ele arqueou uma sobrancelha, analisando-a por um momento.
— Você fala como se isso fosse um fardo.
— Não é um fardo — ela deu de ombros. — É só que já estou cansada de ver os mesmos rostos e ouvir os mesmos discursos. Você é só mais um homem desesperado para parecer estável.
— E qual é a sua história, então? — Ele perguntou, finalmente a abraçando pela cintura — O que leva alguém a fazer esse tipo de trabalho?
desviou o olhar para os fotógrafos, sorriu abertamente para os mesmos como se fosse a mulher mais feliz do recinto.
— Dinheiro. — ela cochichou em seu ouvido —
Simples e direto. Mas Vernon percebeu que havia algo mais ali, algo que ela não pretendia compartilhar.
ajeitou um fio solto do cabelo e olhou para Vernon, agora com um sorriso discreto e ensaiado.
— Pronto para começar o show?
Ele respirou fundo e assentiu.
— Vamos lá.
Então, com um último ajuste na expressão, e um último aceno para os fotógrafos, ambos entraram no jogo.
🎩🎩🎩
Quando adentraram o salão foram recebidos por uma mulher elegante que conferiu se o nome de ambos estava na lista e então um outro homem os levou diretamente para onde estaria a mesa da diretoria da Vertex Holdings. Vernon sentia o coração começar a acelerar dentro do peito ainda mais, agora eles encarariam os tubarões de frente e ele precisava estar mais do que preparado.
Enquanto os dois andavam de mãos dadas até a mesa, Vernon olhou de relance para , que caminhava com a postura impecável de quem pertencia àquele ambiente desde sempre.
Ela mantinha o queixo levemente erguido, os ombros relaxados e os passos perfeitamente calculados, sem pressa, sem hesitação. O vestido que usava — elegante, mas discreto — deslizava suavemente a cada movimento, e os saltos altos tocavam o chão com uma precisão quase silenciosa.
Seu rosto exibia um leve sorriso, nem aberto demais para parecer forçado, nem contido demais para parecer indiferente. Ela sabia exatamente o que estava fazendo. O jeito como lançava olhares sutis ao redor, como se absorvesse cada detalhe do ambiente, e como sua expressão transmitia segurança sem parecer arrogante, deixava claro que aquilo era apenas mais uma noite de trabalho para ela.
Por um momento, Vernon se perguntou quantos eventos como aquele já havia frequentado. Quantas vezes ela já havia entrado em salões luxuosos como aquele, segurando a mão de um homem que mal conhecia e vendendo a ilusão de um romance perfeito?
Mas o que o surpreendia não era o fato de que ela estava acostumada àquilo. O que o surpreendia era como ela fazia parecer real. Como, ao seu lado, ela não parecia uma acompanhante paga — parecia uma mulher que realmente pertencia à sua vida.
Quando o homem finalmente apontou para a direção exata da mesa da Vertex Holdings, Vernon involuntariamente apertou a mão de que estava grudada na sua. percebeu o gesto e então alargou o sorriso em direção à mesa, apertando a mão dele de volta, como se quisesse tranquilizá-lo. Vernon olhou mais uma vez para ela, que retribuiu o olhar e sussurrou:
— É só me apresentar como sua namorada, não é tão difícil assim senhor Chwe. E depois, é só dançar conforme a valsa, hum?
Vernon não soube exatamente o porque, mas ele confiou nas palavras dela como se sua vida dependesse daquilo—e de fato dependia. Ele assentiu para ela com firmeza e então eles terminaram de caminhar até a mesa da empresa.
Com passos firmes e decididos eles finalizaram o caminho e então alguns dos principais diretores e o sócio da empresa se levantaram instantaneamente, para cumprimentá-lo. Mas é claro que os olhos deles, e de suas esposas, passearam por cada centímetro de .
Aquilo não a afetou nenhum pouco, estava mais do que acostumada, especialmente porque sempre era a “namorada” ou “esposa” mais nova dos recintos que costumava acompanhar seus clientes. Os olhares de surpresa e de desaprovação faziam parte do trabalho e ela não ligava.
Já Vernon, permaneceu sério enquanto erguia uma das mãos para cumprimentar Kim Jinwoo, seu sócio e melhor amigo de seu falecido pai. Mas, diferente de , os olhares dos diretores e de suas esposas sobre ela o incomodaram profundamente.
Ele sentia cada olhar que percorria como se estivessem analisando um objeto de leilão, tentando decifrar de onde ela havia saído, como se fosse uma peça fora do lugar naquele jogo de aparências. Algumas das esposas trocavam olhares discretos, provavelmente questionando-se sobre o motivo de nunca terem ouvido falar da namorada de Vernon antes. Os diretores, por outro lado, observavam com curiosidade calculada — alguns pareciam surpresos, outros descrentes, e um ou dois demonstravam um claro ar de reprovação.
Vernon travou a mandíbula. Ele sabia que aquela seria a reação inicial, mas não esperava que o incômodo fosse tão visceral. Ele nunca se importara com a opinião daquelas pessoas sobre sua vida pessoal, então por que, agora, sentia-se tão irritado?
Talvez fosse porque não era uma qualquer. Ela não era só uma “moça bonita” ao seu lado. Ela exalava confiança, como se soubesse exatamente como se portar ali, sem um único sinal de hesitação. Vernon percebeu que, enquanto ele se incomodava com os olhares, nem sequer piscava. Mantinha a postura impecável e um sorriso discreto nos lábios, sem dar espaço para insegurança.
Kim Jinwoo, que sempre fora observador, ergueu uma sobrancelha, parecendo intrigado, mas logo estendeu a mão para .
— Senhorita… — Ele fez uma breve pausa, esperando que ela se apresentasse.
— . . — Ela respondeu, apertando a mão dele com firmeza, mas com a mesma elegância que mantinha desde o momento em que entraram no salão.
Vernon percebeu um leve franzir de cenho em Jinwoo antes do homem soltar um pequeno sorriso educado.
— Um prazer conhecê-la, senhorita . Espero que Vernon tenha se comportado bem com você. — O tom de Jinwoo era brincalhão, mas Vernon sabia que havia um quê de provocação ali, como se testasse a veracidade daquele relacionamento.
não hesitou.
— Oh, ele é um cavalheiro. — Ela respondeu, apertando um pouco mais a mão de Vernon, como se quisesse tranquilizá-lo. — Mas confesso que é desafiador acompanhá-lo, com tantos compromissos e responsabilidades. Ele é completamente dedicado à Vertex.
As palavras foram ditas com tanta naturalidade que até Vernon quase acreditou. Ele sentiu um aperto diferente no peito — não de incômodo, mas de surpresa.
Ela era boa. Boa demais.
Mas isso não mudava o fato de que os olhares sobre ela ainda o irritavam. Ele queria que parassem de analisá-la daquela maneira.
Respirando fundo, Vernon soltou a mão de por um instante e deslizou o braço em volta da cintura dela de maneira possessiva, puxando-a levemente para mais perto de si.
Se estavam duvidando de sua relação, ele faria questão de convencê-los.
Vernon manteve o braço firme ao redor da cintura de enquanto varria os rostos dos presentes com um olhar frio e calculado. Ele sabia que cada um ali estava analisando sua escolha de acompanhante, mas, ao invés de se sentir acuado, decidiu tomar o controle da situação.
— Pessoal, esta é , minha namorada. — Sua voz saiu firme e sem hesitação, deixando claro que não admitiria questionamentos.
, por sua vez, abriu um sorriso charmoso e fez um leve aceno com a cabeça.
— É um prazer conhecê-los. Vernon me fala muito sobre vocês.
A frase foi escolhida estrategicamente. Ela sabia que, ao insinuar que Vernon compartilhava detalhes de seu trabalho e círculo social com ela, reforçava a ideia de que sua presença ao lado dele era algo natural, e não um improviso de última hora.
Kim Jinwoo foi o primeiro a reagir, soltando um riso breve enquanto tomava um gole de seu whisky.
— Espero que ele tenha falado bem. — O tom era descontraído, mas ainda carregava certa curiosidade.
Antes que pudesse responder, uma das esposas presentes — uma mulher alta e elegantemente vestida, com cabelo impecavelmente preso em um coque — se adiantou.
— , querida, você trabalha com o quê?
A pergunta veio envolta em um sorriso cortês, mas Vernon percebeu a intenção por trás dela. Queriam saber se realmente “pertencia” àquele meio ou se era apenas uma acompanhante temporária.
não hesitou.
— Sou consultora de imagem. Trabalho com personal branding, especialmente para profissionais e executivos.
A resposta foi impecável. O suficiente para soar prestigiada, sem ser algo extravagante. Algo que combinava perfeitamente com o papel que ela estava desempenhando.
A mulher pareceu satisfeita e assentiu com um sorriso.
— Interessante. Imagino que o Vernon tenha sido um cliente difícil.
soltou um riso suave e lançou um olhar brincalhão para Vernon.
— Ah, ele tem um estilo muito próprio. Mas diria que estamos trabalhando nisso, não estamos, querido?
Vernon, ainda um pouco desconcertado com a naturalidade dela, se forçou a esboçar um sorriso contido e assentiu.
— Eu tento seguir as recomendações dela. — Ele disse, recebendo algumas risadas dos presentes.
A tensão inicial pareceu se dissipar levemente. As esposas começaram a interagir mais com , e os diretores voltaram a discutir entre si, satisfeitos com a apresentação.
Mas Vernon ainda sentia a irritação ressoando dentro de si. Não por — ela estava se saindo incrivelmente bem —, mas porque sabia que, independentemente do quão convincente fosse, aqueles olhares jamais a aceitariam por completo.
E, por algum motivo, ele odiava essa ideia.
Amando essa chuva de fake dating que tá surgindo HEHEHEEHHE
Descobri que é o plot que mais gosto de escrever depois de triângulo amoroso,a credita? haha