Natashia Kitamura
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Enjoy

  Ela não era minha melhor amiga, mas podia considerá-la como uma se quisesse. Afinal, ela estava sempre lá quando eu precisava. E quando não precisava.
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  Tudo o que eu não tinha ontem, tenho hoje. E tudo graças a ela.
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  Minha solidão que ontem era minha companheira, hoje já nem lembrança mais é.
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  >Flashback

  Ela entrou com os amigos naquele bar em Phoenix. Phoenix, minha cidade de origem. Eu raramente voltava pra lá. Voltava para o natal. Voltava quando a cidade estava na minha agenda de shows. Voltava quando eram férias e não tinha outro lugar mais interessante para ir.
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  Sempre que eu voltava, todos estavam lá. Todos que eu amava. Não voltava pelo fato de não gostar de lá. Não voltava porque não tinha tempo. Minha carreira não é algo que eu decida aonde quero ir todo momento e nem é algo rotineiro. Acordar, casa, trabalho, casa, dormir. Nah. Sou muito mais que isso.
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  Não lembro de tê-la visto no meio do grande grupo de amigos. Ela era mais uma naquele bar. Lembro-me de ficar encarando a todos e então um deles olhar para mim, me reconhecendo e então falando com os outros e apontando em minha direção.
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  Abro um meio sorriso e volto a beber meu drink. Sozinho. Como eu sempre fazia. Eles sorriam e eu podia ouvi-los murmurar meu nome:
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  - É o , não é? É ele sim.
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  - Claro que é o , não está óbvio?
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  - Mas e se for um cover do Ken?
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  - Deixa de besteiras Lexi, é o sim. Tá na cara.
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  - E daí que é o ? Ele não mora aqui?
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  Aquela última sentença me deixou abalado por alguns momentos. Olho de canto em direção ao grupo e a vejo me encarando como se fosse uma pessoa qualquer para ela. Não que eu fosse diferente. Mas eu era diferente. Se não fosse, não saberiam quem eu era.
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  Volto a encarar o espelho atrás das prateleiras repletas de garrafas de bebidas de todos os tamanhos e formas e me encaro na mesma. Peço mais uma dose de whisky. Rapidamente sou servido.
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  - E aí? – ouço-a dizer atrás de mim. A encaro pelo espelho e abro um pequeno sorriso, dando mais um gole na bebida. – Sabia que beber sozinho não faz bem? – sem me perguntar, se senta no banco ao meu lado de costas para o bar, apoiando os dois braços atrás no balcão e deixando o rosto virado para mim.
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  - Por quê? – continuo encarando o espelho.
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  - Oras, quem irá te segurar, quando cair?
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  - Eu não bebo até cair.
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  Ela ri.
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  - Ninguém sai sozinho para não beber até cair.
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  - Muito prazer, Ninguém. – levanto a mão para cumprimenta-la.
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  Ela fica calada e percebo que não me retrucaria. Ela me mandava um sorriso esperto, brincando com a língua nos lábios.
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  - Vem. – ela indica com a cabeça em direção à porta, onde os amigos dela não mais me encaravam, nem ao menos falavam sobre mim. Conversavam e faziam brincadeiras entre si, provavelmente esperando por ela. – Vamos dar uma volta na rua, sabe como é, só pra nos divertirmos.
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  Levanto uma sobrancelha e, sem perder o contato com seus olhos, termino o whisky, batendo o copo no balcão e tirando a carteira do bolso de trás de minha calça, jogando uma nota de 20 ao lado. Ela sorri e se levanta, me tendo logo atrás.
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  - Até que enfim, Saporta! – um deles berra e logo estávamos todos fora do bar.
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  Era engraçado como nenhum deles me viam como o cara da banda famosa. Eu era apenas mais um do grupo. Como se tivéssemos crescido juntos. Nem todos me davam atenção, mas havia sempre um falando comigo. Ela caminhava rindo das graças dos amigos e chutando pedrinhas que via soltas na rua.
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  - Fazendo o quê num bar sozinho à noite, ? – um dos caras me perguntou na liderança do grupo. Sorri.
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  - Nada demais, nunca tem bebida na casa dos pais, sabe como é.
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  Todos riem e continuam caminhando.
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  - Sabe quem faz o que você faz? – ela chega perto de mim com as mãos no bolso de sua jaqueta. A olho, lhe indicando que estava interessado em uma resposta e ela sorri: – Velhos.
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  - Velhos? – rio.
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  - Sim. Homens que já não tem mais para onde ir ou com quem ficar. Eles vão para bares para não se sentirem solitários, mas esquecem de que estão sós de qualquer maneira.
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  - Já lhe passou pela cabeça de que talvez eu queira ficar só?
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  - Se quisesse, não estaria aqui agora. – ela sorri e eu não tinha como retrucar. – De qualquer maneira, fazemos isso para nos sentir jovens. Não que sejamos velhos, mas um dia seremos, então pelo menos teremos a lembrança de que um dia em nosso passado fizemos tudo o que um jovem deveria fazer na flor de sua idade.
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  - É mesmo?
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  - É mesmo. – ela sorri.
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  Eu já não sabia mais onde estávamos. Caminhávamos sem rumo. Alguns deles agora surgiram com violões e tocavam de acordo com o humor do grupo. Nunca uma música triste. Sempre uma alegre. Recebíamos xingamentos de quem morava por onde passávamos, clamando por silêncio. Silêncio que nós não cedíamos. Pelo contrário, cantávamos mais alto para mostrarmos que estávamos vivos.
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  Depois de algumas horas com o grupo, percebi o motivo de sua diversão. Eles estavam ali para eles mesmos. Vivendo como se não houvesse amanhã, sorrindo e se divertindo como faziam poucos.
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  Desde então eu tenho saído com esse grupo todas as noites quando eu voltava à Phoenix. Diferente de antes, agora havia uma boa razão para voltar. Sorrir, me divertir, aproveitar minha juventude. Um aniversário nunca era comemorado para não se deixar a lembrança de estar ficando velho atrapalhar a nossa vida.
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  Despedidas eram extremamente desnecessárias, nós sabíamos que estaríamos juntos no dia seguinte. Era engraçado o modo de como eles levavam a vida. Sem se preocupar em cair ou tropeçar. Estávamos sempre lá para ajudar o outro. E assim como eles me convidaram para participar do grupo, convidaram também outras pessoas, que rapidamente entenderão tão bem quanto eu o motivo do grupo.
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   sempre vinha até mim conversar e então se afastava. Eu sabia que ela voltaria. Ela sempre voltava. Conversávamos sobre diversas coisas. Nos divertíamos. Nos entendíamos. Nos ajudávamos. Em tão pouco tempo, tanta consideração. São poucos os que conseguem. Nós somos mesmo one of a kind.
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  Fim do Flashback

  Ano novo. Eu já havia confirmado minha presença no apartamento de um deles. Os pais iriam viajar, o lugar ficaria por responsabilidade dele e ele convidara todos do grupo para passar junto a virada.
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  Eu estava lá.
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   estava lá.
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  Todos estavam lá.
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  Cantávamos alto, mas tão alto que era possível ouvir as reclamações dos outros condôminos do prédio sobre nós. O interfone tocava a cada vinte minutos e já não mais atendíamos. Apenas berrávamos a música com taças de vinho em mãos e ríamos de cada um que errava a letra.
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  Em um momento de cansaço, decidimos esperar pela meia-noite um pouco menos agitados, cada um se divertindo de sua maneira, mas sempre divertindo. Era possível ver alguns deles se pegando nos lugares. Claro, se pegar era uma diversão.
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  - Hey. – ouço ao meu lado quando eu estava sentado num sofá na varanda do apartamento, sozinho. Sorrio e a vejo se sentar ao meu lado. Era impossível deixar de reparar nas pernas expostas devido à falta de pano de seu vestido branco. – Olhar descaradamente para pernas e ficar apenas as saciando não faz bem à saúde, sabia?
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  - Agora eu sei. – bebo mais um gole do vinho a fazendo rir. – Mostrar descaradamente as pernas para deixar os outros as saciando não faz bem à saúde dos outros, sabia?
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  - Talvez eu não queira que os outros tenham uma boa saúde.
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  Arrisquei encará-la e a vi com um sorriso nos lábios.
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  - Você é jovem, tem muito que viver. – ela diz sabiamente.
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  Me encosto no sofá, a fazendo se virar para mim e subir suas pernas juntas para cima do móvel.
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  - Quando vai embora? – a ouço perguntar enquanto apoiava o cotovelo acima do sofá e apoiava a cabeça no braço.
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  - Não sei, daqui a uma, duas semanas, talvez.
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  Ela nada responde. A sinto dar um gole em sua taça e então encarar comigo o céu escuro, ainda não coberto pelos fogos de artifício que em minutos estariam ocupando a imensidão.
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  - Quando vai se declarar pra mim?
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  Sorrio.
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  - Como tem tanta certeza de que eu me declararei pra você?
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  - Você encarou minhas pernas.
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  - Isso não é motivo para declaração.
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  - Você me ligou no meu aniversário.
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  Bingo. Eu não podia negar o quanto Karoline era esperta. Ela sempre tinha uma resposta sensata na ponta da língua e era impossível retrucá-la. Podia ver a ansiedade em seus olhos.
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  Pela primeira vez eu me senti perdido. , dependendo de uma resposta minha para mostrar decisão era novidade. Pela primeira vez em meses que eu a conhecia, não sabia o que dizer e esperava que ela me respondesse algo.
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  Me movo desconfortável e ela então percebe meu desconcerto e suspira.
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  - Desculpe. – ela murmura. – Tenho a mania de dizer tudo o que vem à cabeça. Não era para eu dizer isso. Me desculpe mesmo.
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  Nego com a cabeça e a sinto sair do meu lado. Olho para o lado e vejo seu corpo sumir por entre as pessoas.
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  Foi aí que eu percebi o quão importante ela é para mim. Percebi que, com ela, me sentia menos solitário e que sua ausência fazia com que a solidão voltasse sorrindo.
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  Como os sábios dizem, nosso lar é onde está nosso coração. E com ela ao lado eu me sentia em casa.
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  Ela era tudo o que eu esperava de uma garota. Sempre procurando por alguém que me completasse, sempre procurando por uma pessoa que me entendesse e fizesse de mim feliz. Não é à toa que sempre dizem que a pessoa certa para nós está ao nosso lado e não enxergamos. Que quando menos esperamos, ela está ali. Ela estava ali. Estava.
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  Como eu não pude perceber que ela era tudo o que eu queria? Que era ela a pessoa que me fazia ser eu mesmo e viver algo que eu nunca tive coragem de viver. Que ela era minha força e fonte de energia. Minha motivação. Minha razão para voltar a Phoenix. Não era o grupo e a sensação de bem-estar. Era ela e suas personalidades únicas.
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  Me levanto correndo e pergunto por ela à todos, que indicava cada um, um lugar do imenso apartamento. Corro por entre todos os cômodos, até encontrá-la no último. Estava encarando o céu ou a rua com a taça de vinho em mãos. Fecho a porta, fazendo um barulho que chama sua atenção. Ela olha para trás e abre a boca, levemente surpresa com minha presença. Me aproximo no escuro e saio na varanda, ficando de frente para ela.
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  Sorrio.
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  - Desculpe. – murmuro colocando as mãos em sua cintura, a fazendo desviar os olhos para a ação e então voltar para mim. – Sou um idiota. – dou um passo à frente. – Nunca fui bom em perceber as coisas, você sabe. – ela abre um pequeno sorriso, me deixando a puxar mais para mim e colocar a mão vazia em minha cabeça, bagunçando meus cabelos. – Obrigado por abrir meus olhos.
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  - Não agradeça a mim. – ela murmura encostando nossos lábios, me deixando grudar nossos corpos. Sinto sua outra mão em meu braço e imagino o que possa ter acontecido com a taça de vinho. Provavelmente estilhaçada no chão da calçada lá em baixo.
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  Podíamos ouvir os fogos começarem a tocar e as pessoas gritarem animados pelo novo ano que se iniciaria. Eu e apenas entramos no quarto e enquanto ela trancava a porta do cômodo, eu tirava minha camisa. A fico encarando assim que ela se vira e encosta na porta, tirando as sandálias e levantando um pouco a aba de seu vestido.
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  Eles comemoravam um novo ano. Nós, uma nova vida.
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  E nessa noite não nos importamos com nada. Apenas com o doce sabor da nossa juventude, a junção de nossos corpos em um e o fato de nós termos sido os melhores.
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Fim

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