Natashia Kitamura
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Ends And Begginings

Introdução

  Dizem por aí que entrar sem perceber em um lugar com o pé direito trás sorte. Eu não costumo ser dessas pessoas que acreditam em todos os mitos que aparecem pela frente. Pelo contrário do que todos pensam ao me ver, eu não sou a menininha que pisa com o pé direito em todos os lugares por onde vou. Eu ralo, eu caio e eu me esfolo. E mesmo assim eu não aprendo. Sabe aquela história do menino e o lobo? Aquele em que ele, o menininho, mentia sempre para as pessoas de sua vila dizendo ser o lobo e quando finalmente era, ninguém acreditou? Pois bem, minha versão da história nunca foi exatamente a mentira e a falta de fidelidade das pessoas na conclusão final. Minha versão na verdade era que o moleque era teimoso. Ele era teimoso sim, assim como eu sou. E assim como ele, eu nunca tive um final feliz. Não que eu já tivesse um fim. Mas veja bem, toda pessoa tem um fim. Seja de uma fase ou de uma estória de amor. Mas tudo tem seu fim, queira você ou não.
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  Meu fim, na verdade, foi meu início.
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ONE

  Era quinze de abril. Eu já estava trabalhando naquela empresa fazia pouco mais de um ano. Morar em Los Angeles nem sempre era uma boa quando você não é rica, famosa ou dona de uma beleza exótica, quero dizer, mesmo que você não seja nada conhecida e não tenha feito nada de especial, se você é linda, mas linda de verdade – e não estamos falando de uma beleza, tipo, Gisele Bundchen, mas sim de Adriana Lima – as pessoas param para te olhar e se perguntam se você é mesmo daquela maneira ou se passou em algum salão como todas as celebridades fazem em suas manhãs. E é assim que os olheiros captam a sua mensagem, mesmo você não tendo a mínima intenção de passá-la. Então depois disso, tudo o que você tem de fazer é pegar uma caneta Mont Blanc, assinar um papel politicamente correto e reciclado, criar um rabisco fake para seus fãs e desfilar nos melhores eventos com seus vestidos Chanel e suas jóias Cartier para milhares de fotógrafos que também aparecem em seu dia-a-dia, mas escondidos de você.
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  Obviamente isso não aconteceu comigo porque se tivesse acontecido, eu não estaria aqui escrevendo em uma página do Word, e sim num salão de estética sentindo quatro ou seis mãos massageando meu corpo e me relaxanto com óleo corporal aroma camomila da Lâncome. Aconteceu com minha (ex) melhor amiga Blake, mais conhecida como a atriz Sarah Brookfield, que interpreta a linda personagem principal da série The Charming, Emma Cornor. Blake era a garota fechada com os cabelos longos e escuros, com seus olhos azuis escondidos por detrás dele. Então, quando fizemos dezoito anos, eu achei que ela estava triste por seu ex-namorado (que nunca existiu na vida de Sarah), e resolvi lhe pagar com minhas economias (que seriam usadas para comprar meu primeiro estojo de maquiagem M.A.C) um banho de salão, onde seus cabelos encurtaram e ondularam e seus olhos de repente haviam cílios enormes, suas maçãs avermelhadas e seus enormes lábios em um tom vermelho claro. Fora nós sairmos do salão e automaticamente as pessoas pararam de caminhar e um homem negro, alto e musculoso com seu cabelo black power apareceu magicamente em meu lado, olhando encantado para ela.
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  Depois disso nunca mais nos falamos e ela nunca me agradeceu de verdade. Uma bolsa Louis Vutton – coleção limitada para colecionadores não era exatamente o modo de desculpas que eu esperava dela, mas não tinha com o que reclamar. Vendi a bolsa e ela me ajudou a pagar seis meses de um aluguel de meu apartamento e me comprou um simples carro, que cuido com muito amor, carinho e pontapés nos dias difíceis.
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  Entrei então na empresa que estava trabalhando até o dia fatídico citado no início do capítulo. O dia quinze de abril. Aparentemente, quem não havia um certificado de bacharelado, não merecia o respeito da empresa, por mais que tenha se matado e dado tudo de si durante todo o ano em que esteve empregado. Recebi um ‘sinto muito, mas procuramos alguém com formação, você entende, não é?’ e eu apenas sorri concordando, mas, como sempre, minha consciência xingava até a quinta geração passada da minha (ex) chefe.
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  Eu não tinha dinheiro para pagar uma faculdade. Claro, o mais barato (Matemática, quem faz isso hoje em dia, sério?) custava 940 dólares o mês no primeiro semestre, que dirá os próximos durante os quatro anos de curso. Como a sorte sempre esteve do meu lado – veja bem minha ironia estampada – não haviam faculdades do governo em minha cidade e a mais próxima era em Vienna, na Virgínia. E nenhum lugar é perto quando não se tem dinheiro. Eu não vinha de uma família pobre, mas minha família fez de mim uma garota pobre. Nós temos uma lei que passa de geração a geração em que consiste em sairmos de casa quando completamos nossos 18 anos. Podemos fazer o que quiser, mas nossos pais não nos ajudariam financeiramente. Na verdade, eles nos dariam um cheque de cinco mil dólares (eu tenho mais um irmão e uma irmã mais velhos que eu) e nós faríamos o que bem entendessemos com ele. Meu irmão se casou com uma garota rica que o colocou para dirigir a empresa de seu pai, o que o fez se tornar rico também. Minha irmã é mochileira com alguns amigos e não gastou nada de seus cinco mil, disse que não precisava dele enquanto vivesse na estrada, por isso me emprestou metade do valor para eu terminar de pagar meu carro – dinheiro que eu ainda não devolvi.
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  No final das contas, com o dinheiro que a empresa (aka supermercado) que eu trabalhava me dera, juntei minhas coisas, vendi meu apartamento e com mais essa grana, peguei meu carro e vim para Vienna estudar Economia. Mas você sabe sobre a Lei de Darwin, não é? Só os mais fortes sobrevivem. E neste mundo capitalista, você sabe qual é a verdadeira lei dos universitários, não é? Trabalhe no primeiro lugar que lhe oferecerem bem, seja ele da sua área ou não.
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  Devido a este mero detalhe, acabei indo para um lugar onde milhares de garotas americanas com seus ídolos americanos gostariam de estar. Na equipe de produção de uma banda. Na verdade, eu não trabalhava beeeeem com a produção, né. Eu era mais a ‘quebra-galhos’. Sabe, aquela pessoa que vai buscar a água do bendito que não bebe suco ou a coitada que fica aguardando debaixo de uma tempestade a banda chegar de uma after party, ou a infeliz que recebe bordoadas da banda por acordá-los cedo a mando do chefe. Sim, sou eu. E não, não faço tudo isso. Era apenas para deixar bem claro que minha posição neste trabalho era tão inferior quanto o de uma empregada doméstica. Pois elas eram extremamente necessárias, eu não.
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TWO

  O conheci em uma reunião de como seria o primeiro videoclipe que a banda lançaria. Até aquele momento, pelo que eu entendi, eles não havia lançado um vídeo profissional, apenas caseiros e de apresentações, portanto, toda a banda estava em uma animação que só se vê em jardim primário na hora do intervalo. Eu servia água em seus copos e segurava pranchetas com as ideias e opiniões de todos os integrantes. Eles anunciaram o almoço e finalmente pude ter um momento de paz.
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  - Acabamos por hoje, , obrigado. – meu chefe disse enquanto saia conversando com o empresário da banda, acertando alguns detalhes sobre as locações que seriam em estúdio. Os vi sumirem dentro do elevador e então terminei de organizar a papelada, os deixando junto em uma pilha e me retirando da sala vazia de vidro onde a reunião acontecera.
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  - Hey. – ouvi atrás quando peguei meu casaco. Me virei, terminando de arrumar meus cabelos em cima do sobretudo preto. – , não é? – concordei. – Sou , o vocalista.
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  Músicos geralmente tem uma tendência a se acharem os melhores, porque eles são tratados melhores. Pode parecer estranho, mas não senti isso de verdade em , o vocalista com o nome esquisito. Ele me perguntou se eu estaria livre até o final do dia, pois seria legal ter uma companhia para o jogo de boliche em casais.
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  - Nada pessoal. – foi o que ele disse. – Mas estou sem par.
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  - E por quê? – coloquei minha bolsa em meu ombro e entramos em um elevador vazio.
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  - Nada demais, minha parceira me deu um bolo, só isso.
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  Depois de algum tempo tentando me convencer de que aquilo não era um encontro, e que ele não tinha a mínima intenção em me beijar no final do dia, concordei em fazer a ação da semana e acompanhá-lo no tal jogo. Admito ter sido bem mais divertido do que sair com as garotas de minha sala, cuja maneira de se divertir era comparar tabelas da bolsa de valores deste ano com o de 29, quando a crise afetou não só os Estados Unidos, como o mundo inteiro.
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  Descobri ser uma boa jogadora, quero dizer, pelo menos fiz mais pontos que o vocalista do nome esquisito. Ele ria quando seus amigos, principalmente aquele baterista cuja risada era contagiante, brincavam com sua cara, dizendo ele ser o pior jogador do mundo. Antes rir a chorar, não? Ele explicou que seus amigos nunca falavam sério quando estavam em público, por isso eu não precisava levar a sério tudo o que eles falavam. Aprendi a lidar com todos nas seis horas que passamos comendo, rindo e jogando as bolas em direção aos pinos. Alguns deles estavam acompanhados de suas namoradas, outros eram amigas coloridas.
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  - Ele deu sorte, porque a companheira dele era tão ruim quanto ele, pelo menos desta vez a diferença de pontos dele com o penúltimo lugar fora considerável. – aquele cara chamado Chris disse sorridente, ele havia vencido o jogo. – Enquanto o penúltimo estava com 340, eles estavam apenas com 65.
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  Tive de levar para casa depois disso, já que vi os casais se afastando em, hum, casais. Ele disse algo em pegar um ônibus, mas eu não estava com pressa, só disse que ele teria de colaborar com a gasolina, pois estava sem dinheiro já que gastara com o boliche e o lanche e o combustível estava para acabar. Como era de se esperar de um vocalista de uma banda consideravelmente famosa, ele me deu uma nota de cem dólares e disse que era meu prêmio por tê-lo acompanhado, aguentado a ele e seus amigos e o feito não passar um vexame com os pontos como ele sempre passava.
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  - Se for assim, pode me convidar sempre para lhe acompanhar. – comentei até ele rir e nada mais dizermos até o ‘boa noite, foi uma noite legal’ que ele me mandou quando o deixei em seu endereço. Sorri e ele se afastou, me deixando mais uma vez sozinha.
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  Pelo que eu percebi, sua música tratava sobre um casal que era feliz e de repente ela deixou o cara sozinho, deixando-o na dúvida se iria voltar ou não. Como eles eram os homens da relação, eles eram a vítima. Então diziam que não esperariam mais pela garota, pois o tempo passa e eles não podem ficar lá para sempre por elas. Era uma música bonita, gostosa de se ouvir e posso até arriscar dizer ser dançante. Uma garota linda e totalmente fotogênica – parecia até as modelos da Burberry – fazia o papel da namorada que o abandonara. E ela era ótima. Um pouco fresca na hora de se refrescar:
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  - Um chá verde morno sem açúcar e três gotas de adoçante aspartame e uma pêra amarela. – ela sempre dizia quando chegava no meio da manhã com sua saia jeans, a regata de algodão de alça branca, as botas de cowboy e um modelo de coleção passada da Gucci. E lá ia eu no mercado próximo, mas não tão próximo, do estúdio, correndo para chegar com tudo pronto antes dela terminar de ser maquiada.
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  Jonathan era o que mais se divertia com minha escravidão. No começo me pedia diversas coisas, pois sabia que eu iria correndo fazer tudo, depois de ter me avisado que ele não usava ou comia tudo o que pedia para mim, passei a ignorar seus pedidos, apenas os atendendo quando ele o fazia perto de um superior, o que não acontecia sempre, pois parecia que ele tinha um tipo de alergia contra essas pessoas.
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  Enquanto a banda gravava as cenas, eu observava fazendo o que tinha de fazer dentro do vídeo. Ele não era muito feio. Na verdade, eu estava sendo modesta. Ele não era nada feio. Há aquelas pessoas que dizem que ele tem uma cara de drogado, mas hey, a banda inteira tem cara de drogado e mesmo assim as músicas deles não deixavam de ser uma graça – 4shared for life – e eles não deixavam de ganhar dinheiro por isso. Então quem se importava de verdade com a aparência? Quero dizer, Snoop Dog e Ozzy Osbourne são horríveis e olhe só, eles são casados e felizes. Sim, comparação infeliz para uma pessoa polite como eu. O fato é que eu não sabia que ele sabia que eu o ficava observando. Na verdade, eu nem sabia que eu o estava observando, para mim eu estava prestando atenção no movimento de câmera e eu não tinha culpa alguma se toda vez que eu conseguia prestar atenção no vídeo, era uma cena em que ele estava aparecendo.
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  - Admita, você está caidinha por mim. – ele caminhava atrás de mim todo santo dia, depois que percebera que eu – sob o olhar dele – o observava sempre durante as gravações. Obviamente eu negava. Eu não me apaixono. É algo que eu não planejo fazer em minha vida, apesar de todos afirmarem que isso irá acontecer pelo menos uma vez. Se apaixonar significa se envolver, que significa dar satisfações, que significa se relacionar, que significa dividir intimidades, que significa falta de privacidade, que significa dar satisfações a uma segunda pessoa, que significa não ter vida própria. E eu tenho amor próprio, então fora a mim mesma, – e um futuro gato, quem sabe? – eu não fazia questão de me apaixonar.
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  Mas quem foi que disse que Deus criou um homem HÉTERO com um poder de sensibilidade a uma mulher? Não, infelizmente ele se esqueceu desse ingrediente quando lançou Adão na Terra. fazia questão de todo santo dia durante o mês que trabalhei com eles, de me lembrar que era eu quem o encarava:
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  - Se sou eu quem o encaro, como você pode ter tanta certeza de que eu o encarava toda hora?
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  Eu sou esperta, sempre fui. Só que minha esperteza apenas despertava sob pressão. Fora a única vez que o vi realmente sem graça e se afastar sem dizer nada. No final do dia ele voltara até mim e se desculpou por ser abusado. Disse que tudo bem, afinal, era divertido correr de alguém de vez em quando. Fora a maior besteira que eu dissera, pois a insensibilidade dele voltou a falhar e ele passou a me enxer o saco mesmo depois de as gravações terem terminado e eu estar trabalhando com outra banda.
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  Mas nosso contato não se cessou. Ele, de alguma maneira, pegara meu telefone e me ligava todas as noites dizendo precisar conversar com alguém que o ouvisse e não deixasse o telefone preso no dorso do pescoço enquanto jogava seu video-game.
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  - Você está com tudo desligado, não está? – ele me perguntava antes de começar a desabafar.
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  - Uhum. – sem querer virei uma página de um livro que estava lendo perto demais do fone e ele, com seus ouvidos biônicos, não deixou passar despercebido.
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  - Feche o livro, preciso de sua inteira atenção.
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  E era por isso que ele sempre queria minha atenção, porque eu dava.
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THREE

  Nunca chegamos a conversar sobre o assunto amoroso. Quero dizer, ele tentara algumas vezes, mas sempre desconversei, afinal. Entrar em um assunto perigoso nos faz sempre vontade de cometê-los. E eu estava longe de querer passar pelo apuro de estar apaixonada. Pode até dizer que sou uma medrosa, eu realmente sou, mas não quero ter de encarar os fatos de que estaria dependente de alguém quando a única coisa que certamente foi me ensinada, é que estou nesta vida para ser independente.
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  Era uma terça-feira quando ele me ligou perguntando se eu não teria nada para fazer no dia, já que era a data de lançamento do primeiro videoclipe oficial do Starlight. era meu único contato em Vienna, então não pude simplesmente negar seu convite por um capricho meu – e pelo meu trabalho trabalhoso de estatísticas. Ele então veio com seu carro me buscar e fomos até sua casa, no lado nobre da cidade, onde ele dividia com seus amigos de banda, que a propósito, eu já sabia os nomes de cor e o que faziam.
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  - Fala, poser! – o cara de pau de Jonathan diz beijando minha bochecha assim que adentro no apartamento. Sorrio e sigo com até o sofá, onde Chris e Scott já estavam bem acomodados. Ele me indicou um lugar e, enquanto ia buscar algo para bebermos, fiquei conversando com Scott sobre tudo e sobre nada também. Scott era a melhor pessoa para conversar, porque ele sabia ouvir. Eu adorava quando eu não fazia o papel de ouvinte e sim de falante, e ele era um ótimo ouvinte, definitivamente. Principalmente quando comentava sobre meus comentários, significando que prestava atenção no que eu dizia. Poucos minutos depois Ryan chegou, se sentando e entrando na conversa, que Jonathan parou quando berrou que o clipe estava sendo anunciado. voltou da cozinha sem nada em mãos e se jogou em meu lado, que ri e me afastei mais para perto de Scott.
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  Batucava os pés no chão de acordo com que me recordava da música e eu podia dizer que o clipe estava mesmo muito bom. A atriz contratada estava mais do que linda, e só então reparei que às vezes não olhava direto para a câmera, nas horas que os meninos eram mandados fazer isso. Abro um pequeno sorriso imaginando se era o momento que ele olhava para mim na esperança de me ver encarando-o, como ele diz, com meus olhos brilhando. Deixei isso de lado e sequer me arrisquei a olhar para o lado e tirar minha dúvida se ele havia percebido a mesma coisa que eu.
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  Terminado o clipe, batemos palmas e parabenizei os meninos. Dois segundos depois, todos eles estavam em seus celulares que começaram a tocar indicando que havia outros amigos que também assistiram à estréia na MTV. Olhei para sorridente e o vi encarar seu celular que vibrava em suas mãos. Não pareceu muito feliz.
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  - Não vai atender? – perguntei e não obtive resposta. Ele pediu um ‘com licença’ e se retirou da sala, me deixando sozinha com todos os quatro amigos que nem se lembravam que eu estava lá por gritarem animados ao celular com quem quer que fosse. Fiquei sentada naquele sofá por uma hora e quarenta e mesmo assim ele não retornara. Suspirei e fui até a cozinha, onde Scott preparava um lanche para si. Avisei que tinha de ir embora e ele se ofereceu para me levar, disse que estava tudo bem e que ele não precisava:
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  - Eu te levo mesmo assim. – disse limpando as mãos de água na calça e pegando as chaves de seu carro que estavam penduradas num móbile até que fofo para um bando de marmanjos. Sorri agradecida e acenei para Jonathan, que estava jogando seu video-game, ele gritou um ‘tchau’ sem desviar seus olhos da TV, Chris não estava na sala, pelo que Scott falou, estava no telefone com a namorada e disse que lhe mandaria meu recado para ele. Ryan ainda estava ao celular – provavelmente a namorada – e apenas acenou, voltando a dar atenção. E continuava sumido. Eu e Scott ficamos conversando boa parte do tempo enquanto íamos de volta para o outro lado da cidade, onde eu morava no subúrbio. E, de repente, ele me surge com aquele assunto:
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  - O que você acha de ?
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  - Em que sentido?
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  - No sentido de um dia poderem se relacionar.
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  - Mas nós temos um relacionamento.
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  - Eu digo amoroso.
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  - Ah. – não disse mais nada. Fiquei calada até ele parar em um sinal vermelho e me encarar, como se me dissesse que ele estava prestando atenção e aguardava por uma resposta. Pela primeira vez eu quis que ele fosse como Jonathan e se distraísse rapidamente com a primeira ação que passasse em sua frente.
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  - Se você hesitou, vou levar em conta que gosta dele.
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  - Não gosto dele! – respondi rapidamente, o vendo rir. – Somos amigos.
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  - Certo.
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  O caminho de casa agora parecia mais longo, talvez ele tivesse pego um caminho mais longo ou talvez ele estivesse dirigindo nos 60km/h de propósito para que nós pudéssemos ter essa conversa:
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  - Eu acho que ele gosta de você.
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  O olhei pasma e então ele começou a dizer sobre como mudara desde que começamos a sair juntos, e o quanto ele dispensava as festas de putaria, assim como Chris fizera no início de seu namoro e Ryan estava fazendo. Neguei ter sentido alguma mudança e então ele disse que conhecia o verdadeiro , e não era aquele que nós estávamos vendo.
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  - Ele namorou essa garota chamada Dewie, linda, linda, admitimos. Mas ela tinha um certo medo em se relacionar, porque seus pais eram separados três vezes cada um. Enrolou por anos até sumir quando entrou na faculdade, quero dizer, no primeiro ano ela ainda dizia amá-lo e tudo mais, mas você sabe, não vamos nunca entender as garotas e ela sumiu. E acho que ligou para ele hoje.
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  Nada disse. Fiquei pensando sobre o relacionamento e como eu entendia o ponto de vista de Dewie, apesar de os motivos dela não querer se relacionar serem diferentes dos meus motivos. Não comentei nada sobre isso com Scott, apesar dele ser uma ótima pessoa para guardar segredos.
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  - What About Us foi escrita para ela, não foi?
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  - Bingo. – ele sorriu e apenas correspondi também sorrindo para não deixar passar alguma emoção errada. – Seria legal, sabe, vocês dois juntos. Mas vamos entender se você não quiser, quero dizer, algumas mulheres tem essas coisas de ‘somos amigos e amigos não se pegam’.
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  Dou uma risada em como ele conhecia um lado pessoal de nós.
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  - Até que para um homem, você nos conhece bem. – comentei e ele deu uma gargalhada.
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  - Eu ouço bastante, por isso. – é, eu sabia que ele não era bom ouvinte por um capricho. Depois disso não comentamos mais nada sobre o assunto e ele me deixou em casa, dizendo que fora muito legal eu ter ido até lá para prestigiá-los. Sorri e acenei antes de entrar em casa, com a história de e sua talvez ex-namorada em minha cabeça.
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FOUR

  Ele não me ligara pelos, pelo menos, próximos três dias e eu já estava preocupada. Tentei ligar para ele algumas vezes, mas não me atendia. Me lembrei da conversa que havia tido com Scott no dia do lançamento do vídeo. E se fosse realmente a ex dele e de alguma maneira ele resolveu me deixar de lado, seja ficando com ela ou não. Talvez a fobia que eu tenho com relacionamentos tenha tomado conta dele também e por uma razão que eu não reconheço até hoje, me senti perturbada com aquele pensamento.
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  Porém tudo fora apagado quando a campainha soôu e, ao ver no olho mágico, lá estava ele com duas sacolas de supermercado em mãos. Abro a porta e ele sorri como se nada tivesse acontecido:
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  - Trouxe sua janta.
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  - Mas eu já jantei.
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  - Já? Mas são sete da noite! – ele olhou com dificuldade em seu relógio enquanto eu fechava a porta atrás dele. Levantei meus ombros e ele me obrigou a comer com ele, já que pelo visto, ele havia passado cerca de duas horas no supermercado para pensar em algo para fazermos naquele dia. Fora uma pizza bem crocante e, bom, ele era bom cozinheiro.
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  - Hey, desculpe ter te abandonado aquele dia. – eu esperava que este assunto não fosse abordado, mas parecia que tudo o que mais desejo dificilmente acontece. Balancei a cabeça como quem não se importou, mesmo tendo me importado – Foi só que a ligação que eu recebi–
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  - Scott me contou, não se preocupe.
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  - Scott? – ele pareceu surpreso e então sorriu sem graça. – Tudo bem. – ficou calado por um tempo, até continuar: – Você sabe sobre Dewie, então.
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  - Sei.
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  - Certo.
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  - Você não precisa falar sobre isso comigo. – e eu nem queria conversar sobre isso com ele, mas assim que vi sua expressão, eu sabia que teríamos uma longa conversa sobre a linda, linda Dewie.
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  - Ela é minha ex que me deixou para viver sua vida no Colorado, nos separamos faz alguns meses, mas ela me ligou naquele dia porque me viu na TV. – não tinha escolha senão me manter calada ouvindo. – Ficamos conversando sobre tudo e nossas mudanças, ela sempre gostou do Starlight e eu sempre meio que me baseêi nela para criar nossas músicas. What About Us é sobre nossa relação. – e mais uma coisa que eu já sabia. – E ela disse que sentia minha falta, mas quando ouvi isso, senti que não era exatamente aquilo que eu queria ouvir dela, na verdade, eu mais queria que ela me desse outro fora e dissesse: ‘Hey, estou ligando porque te vi na TV, legal que você me superou criando uma música sobre nosso relacionamento nunca instável’ Mas ela disse que abriu os olhos com a música.
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  Eu estava rezando todas as crenças para ter o mesmo poder de interesse de Scott em conversas ou pelo menos a cara de pau de Jonathan para lhe virar as costas, mas não, fiquei sentada o ouvindo e brincando com o guardanapo.
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  - Na verdade, é bem engraçado, porque eu pensei em você. – enfim, despertei do tédio.
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  - Em mim?
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  - Pois é.
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  - Por quê?
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  Ele não respondeu. Ótimo. Quando, em minha percepção, a conversa se torna agradável ou ao menos interessante, ele a corta, entrando em seu modo timidez e me deixando absolutamente no vácuo. Minha capa me mostrava paciente, até ele levantar seu rosto e me olhar:
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  - Eu gosto de você. Na verdade, eu te adoro. E só não digo que te amo, porque bom, é meio esquisito amar alguém em poucos meses de convivência.
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  - Não é esquisito.
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  Eu havia falado por expontâneidade, óbvio, mas bem, ele pareceu tão surpreso quanto eu. E tudo o que sei foi que minutos depois estávamos nos agarrando em meu sofá.
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FIVE

  Scott foi o primeiro a saber que nós estavamos juntos. Claro que fora quem contou, já que eu me recusava a admitir que estava num relacionamento e pior ainda, estar gostando. Comentei sobre eu não querer me relacionar e claro que deu seu jeito para me fazer mudar de ideia. Uma ida ao píer com direito a vinho e um merengue na taça maravilhoso como sobremesa, com um trecho de uma música que ele disse mais tarde ser para mim e que estaria em seu próximo CD. Uma música. Para mim!
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  Admito ter achado um charme ele escrever músicas para mim, mas pedi gentilmente que ele não fizesse isso, pois não queria nosso relacionamento exposto para todos ouvirem – e talvez se identificarem.
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  Lembro-me bem quando tivemos nossa primeira briga, quatro meses depois e quando parei de falar e ele se tocou disse, a primeira coisa que falou então fora:
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  - Por favor, não termine comigo. Eu te amo!
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  Fiquei com minha boca muito aberta sem saber o que dizer. Oras, não é porque eu tinha uma fobia em relacionamentos que quando estivesse em um, uma simples briga iria apartar o que nós tivemos até aquele momento.
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  - Você não vai dedicar What About Us para mim, , não se preocupe. – eu sempre dizia para que ele entendesse que terminar não era a minha solução de resolver uma briga.
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  Sem ao menos percebermos, aquela música, a primeira que ouvi de sua banda, mesmo não sendo a melhor música do mundo, quero dizer, com uma letra um tanto feliz para um relacionamento, se transformou em nossa música. Não nossa, mas que deu início em nosso relacionamento. E fico feliz em dizer que ele, ao invés de lembrar da ex dele ao ouví-la, ele se lembra de mim.
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  Porque garotas espertas são assim, mesmo que seu namorado não possa se desapegar de coisas que lembrem suas ex-namoradas, você dá um jeitinho para eles acabarem lembrando de você de qualquer maneira.
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Fim

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Line T.
Line T.
2 anos atrás

ADIVINHA QUEM ESTÁ SURTANDO COM ESSA MARAVILHA? EUZINHA! 

Obrigada por essa maravilha que eu li, feliz natal atrasado. Que 2017 seja mágico, ai, que lindeza. Obrigada por tudo <3<3<3

Comentário originalmente postado em 28 de Dezembro de 2016


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