Emotion
Friend
Dizem que há um amigo mais chegado que um irmão, e assim eram as três amigas da rua Burberry, número 67.
, e eram o que chamamos de inseparáveis. Irmãs de mães e pais diferentes, se tornaram amigas desde muito novas e cresceram pelos corredores dos apartamentos daquele prédio. Amigas, confidentes, cúmplices e leais, uma sempre torcia pela felicidade e realização da outra. Cada uma vivendo a sua realidade, porém sabendo que podia se apoiar na outra.
—
— Humm… — se remexeu na cama sentindo o vazio ao seu lado, ainda de olhos fechados apalpou o colchão, notando estar sozinha.
A noite que fora mais do que calorosa e cheia de malícias por parte de havia dado lugar para o amanhecer em despedidas. Logo a notícia de sua partida para servir à força naval da marinha lhe veio à mente, fazendo-a abrir os olhos e soltar um suspiro cansado.
— Dorminhoca — disse ele, num tom baixo, rindo de canto, enquanto mantinha a atenção voltada para a mala que preparava com tanta organização.
— Por que não me acordou? — sussurrou ela, se espreguiçando na cama. — Poderia ter me acordado, .
— Gosto de te ver dormindo, quero guardar bem essa imagem em minha mente. — Ele fechou a mala e se voltou para ela. — Quando eu estiver esgotado e quase desistindo, vou me lembrar do seu sorriso enquanto dorme e me sentir energizado.
— Seu bobo. — Ela ergueu o corpo e o observou se aproximar mais.
já estava sentindo saudades precoce, que lhe apertava o peito.
— Eu te amo — sussurrou ele, ao lhe beijar com toques de intensidade.
Ela retribuiu na mesma proporção e, ao afastar-se, abriu um sorriso singelo. ficou um tempo mantendo uma troca de olhares com ela, enquanto acariciava seu rosto. Sua vontade era de paralisar o tempo e poder aproveitar mais aquele momento com a mulher que amava. Porém, o dever o chamava e algumas semanas de treinamento pesado o aguardavam na base Naval de San Diego.
— Eu também te amo — disse ela, mantendo o olhar apaixonado para ele. — Já terminou de arrumar as malas?
— Sim, vou chamar o táxi, não posso me atrasar — disse ele, se afastando da cama e retirando o celular do bolso.
Ela assentiu com a cabeça e se levantou também. Então, pegando uma roupa mais fresca pelo calor do verão, trocou de roupa no banheiro. Assim que voltou para o quarto, pegou o celular e checou as mensagens no grupo das amigas no whatsapp:
:
estou triste por minha mãe…
não sei se ela vai aguentar mais.
:
amiga não fica assim,
vai dar tudo certo,
pensamento positivo
:
o estágio da doença está avançado,
o médico a mandou para casa, para ficar com a família,
está todo mundo aqui
:
estamos aqui para o que precisar
eu também tive uma briga sério com Carl
ele ainda está dormindo,
mas à tarde eu passo aí
:
Obrigada, amiga
:
bom dia, gente, acabei de ver as mensagens,
está indo para a marinha hoje,
estou arrasada,
vejo vocês depois que me despedir dele
Ela guardou o seu celular no bolso da calça e caminhou até a sala. olhava para seu relógio no pulso e assim que sentiu sua aproximação, se virou para ela e sorriu.
— Pronta? — perguntou ele.
— Para te ver partir? Nunca — disse ela, com o coração mais apertado ainda.
Quanto mais se aproximava de sua ida para a base, mais ela sentia desespero interno de estar longe dele pelos próximos seis meses. Ele pegou a alça de sua mala e a olhou novamente. tentou não ficar chorosa, mas correu para ele e o beijou. O desespero por sua partida se misturou com a intensidade e amor que sentia por ele, o que fez com que algumas lágrimas rolassem por seu rosto.
— Já estou com saudades — sussurrou ela, mantendo seu rosto próximo ao dele.
— Vai me escrever? — perguntou , sentindo seu corpo estremecer ao envolver seu braço direito na cintura da garota.
— Todos os dias — assentiu ela.
— Vou ter 365 cartas? — indagou ele, num tom brincando.
— Todas que você quiser — sussurrou ela, de volta.
— Eu te amo. — Ele fechou os olhos, a puxando para mais perto, sentindo seu coração acelerado.
— Eu também te amo — sussurrou ela de volta, se agarrando a ele.
Ambos ficaram por poucos segundos assim, até que ele se afastou e olhou para a janela. O táxi havia chegado, era a hora de partir. Ela seguiu na frente, a passos pesados e tristes. Assim que pararam na frente do táxi, o enfim beijo de despedida partiu dele, que segurou seus sentimentos o quanto pôde para transmitir a ela segurança.
—
mais uma vez havia passado por cima de suas palavras e permitido Carl passar aquela noite com ela. Mais uma ponta de desconfiança havia permanecido dentro dela. Assim que terminou de passar o café, seguiu até o quarto para acordá-lo. Era um tanto quanto estranho Carl ainda estar dormindo, já que vivia dizendo que seu emprego vinha pedindo jornadas duplas aos empregados do setor operacional.
cruzou os braços incomodada com a cena. Tinha que admitir que o namorado era praticamente um malandro que queria vida boa e odiava trabalhar. Não conseguia entender como tinha chegado naquele relacionamento que mais lhe dava dores de cabeça do que paz. Talvez o conselho de suas amigas fosse mesmo válido. Talvez fosse a hora de se libertar e voltar a vida de solteira. Afinal, ela era linda, inteligente, criativa, independente e, o principal, não precisava de um homem para sustentá-la.
— Não vai ao trabalho hoje, Carl? — perguntou ela, ao perceber que ele finalmente tinha acordado.
— Hum. — Ele se espreguiçou na cama. — Eu vou chegar mais tarde hoje, tenho hora na casa.
Sua explicação mixuruca não a convenceu muito.
— Ah… Considerando a hora que chegou aqui ontem, realmente deve ter muitas horas trabalhadas sobrando. — Ela bem que tentou, mas a ironia escorreu em suas palavras. — O café está pronto.
— Pelo cheiro, deve estar uma delícia como sempre. — Ele se levantou da cama e se aproximou dela para lhe dar um beijo.
virou o rosto para que os lábios dele pegassem apenas a sua bochecha, então se afastou.
— Vista uma camisa — disse em tom de ordem e se retirou do quarto.
Carl estranhou a reação dela, afinal sempre se mantinha carinhosa e dedicada na manhã seguinte, quando eles passavam a noite juntos. E naquele dia, ela se mostrou mais séria e fria. Assim que ele apareceu na cozinha, com seus jeans surrados e uma regata branca, ela assustou por ter trocado de roupa. Era costume Carl tomar café de pijama e ainda ficar jogado no sofá vendo alguma reprise de jogos dos Lakers para então finalmente ir trabalhar.
— Para onde vai? — perguntou ela.
— Vou passar na casa do Mike, ele me pediu para ajudá-lo a consertar a antena da avó dele — respondeu ele, atacando o prato de panquecas com geléia de morango.
— Ok — sussurrou , sentindo a ponta de desconfiança voltar.
Ela apenas pegou uma xícara de café e ficou observando ele se deliciar com o banquete que estava preparado na mesa. Assim que ele terminou, Carl deu um selinho nela e saiu para seu
“compromisso” com o dito amigo. respirou fundo e seguiu até o quarto, tinha que trocar de roupa para iniciar seus afazeres diários. Ela tinha combinado com o zelador de alugar a pequena garagem que estava desativada para montar seu salão lá e finalmente não pagar mais o aluguel abusivo que cobravam dela na loja próximo ao centro comercial.
:
Sinto que ele está mentindo.
Digitou ela ao pegar o celular do bolso e mandar para as amigas.
:
Carl?
:
ele mesmo
estava todo pomposo
e até perfume passou para ir na casa de um amigo
:
Ainda não sei o que faz com esse cara
você consegue algo melhor que ele
:
ela já tem né
o arrasta um avião por ela
e a boba fica deixando o pobre na friendzone
:
se fosse comigo
esse amigo já tinha elevado o status
kkkkkkkkkkk
:
suas bobas
eu gosto do , mas ele não toma iniciativa
sabem que gosto de homens que chegam junto
:
sei kkkkkkkkkkkk
:
é sério
?!
:
sim?
:
alguma mudança?
:
tudo na mesma,
ela está meio fraca,
mas faz questão de falar com todos.
:
nos mantenha informadas, amiga
:
sim, acabei de me despedir de
qualquer coisa, estou no andar de cima
:
Obrigada, meninas,
sei que posso contar com vocês
sorriu de leve e voltou com o celular para o bolso.
Então, saiu do seu apartamento e seguiu até a sala do zelador para pegar as chaves da garagem. Ao se aproximar, cumprimentou o senhor Justin e notificou o que havia ido buscar. Assim que pegou as chaves no quadro atrás do homem, seu olhar se voltou espontaneamente para o televisor que mostrava as câmeras de segurança do prédio. O corpo de ficou estático ao ver em um dos quadros de imagem, a cena de Carl beijando outra garota do prédio, que morava no segundo andar.
O sangue de ferveu e ela se afastou seguindo em direção ao lugar em que a câmera apontava. Seu coração se corroeu de raiva ao ver com seus próprios olhos a traição que tanto suspeitava há dias. Ela se viu um pouco desnorteada e, voltando para seu apartamento, juntou todas as roupas de Carl que estavam com ela, logo as que ele mais gostava, então as jogou dentro da banheira e, pegando o galão de cloro, começou a jogar dentro. se conhecia o suficiente para saber que se voltasse lá, mataria ambos com as próprias mãos, então descontou sua raiva nas roupas que tinha lhe dado de presente.
Após jogar todo o conteúdo do galão nas roupas, pegou-as e jogou todas pela janela, não se importando com o que acontecesse quando Carl descobrisse. Ela só desejava extravasar a raiva. Quando finalmente voltou a si e sentou no chão, não conseguia acreditar no que tinha feito.
—
estava sofrendo com o estado da mãe. Infelizmente a luta da mulher que lhe deu à luz estava perdida para o câncer. Agora só restava a família esperar pela sua partida e, neste tempo, a encher de carinho e amor. A jovem professora sabia que o relógio estava contra ela, por isso tinha tirado alguns dias de férias premium na escola onde trabalhava para aproveitar o pouco tempo que lhe restava.
— Minha pequena. — Sua mãe sorriu de leve, ao senti-la segurar sua mão. — Está tão bonita.
— Não diga nada, mamãe, apenas descanse — pediu .
— Eu preciso dizer, pelo pouco tempo que me resta, preciso dizer o quanto me orgulho de minha filha caçula. — A senhora abriu um sorriso singelo para a filha.
— Mãe… — segurou suas emoções.
— Eu vou fechar meus olhos por um momento, enquanto isso, acho que deveria ligar para o doutor Dominos — aconselhou sua mãe. — Após todos esses anos lutando conosco e cuidando de mim, deveria aceitar o convite dele para sair este final de semana.
— Mãe, eu lá estou com cabeça para isso? — tentou repreendê-la.
— Se não ligar, eu ligo e aceito por você, não a quero sozinha depois que eu me for e ele é um bom homem, está na cara que se apaixonou pela minha menina. — A senhora fechou os olhos, sua respiração começou a ficar mais lenta.
— Não fale assim, mãe, me corta o coração quando brinca com essas coisas. — Ela olhou sério para a mãe.
— Pare de me dar broncas e vá logo ligar para o doutor. — A senhora tossiu de leve e puxou o ar com mais força.
se levantou e se afastou da cama para pegar o celular e fazer a tal ligação. A casa estava cheia pelas circunstâncias atuais, então ela seguiu para seu quarto, a fim de ter um pouco de privacidade. O doutor Dominos poderia ser classificado com facilidade o homem mais simpático e educado que já conheceu, além de bonito, possuía um charme especial quando sorria para ela. Com todas as preocupações com a doença da mãe, ao longo desses anos a jovem nunca imaginou em dar uma chance a ele, afinal, sua atenção sempre estivera voltada em dar o máximo de conforto e tranquilidade a sua mãe.
Não precisou de dois toques para que o doutor Dominos atendesse a ligação.
—
, está tudo bem? — perguntou , de imediato.
— Até agora sim, está tudo na mesma de quando saiu daqui há quatro horas — respondeu ela.
—
Que bom. — Ele respirou aliviado do outro lado da linha. —
Estou curioso agora para saber o motivo da ligação. — Bem… É que eu te devia uma resposta — disse sentindo certa timidez.
—
Devo ficar esperançoso? — perguntou ele.
— Acho que estarei livre sábado à tarde, podemos ir ao cinema — disse ela.
—
Passei a semana ansioso por sábado — confessou ele.
— Agradeça a minha mãe por isso — disse ela, segurando o riso ao recordar o olhar cruzado de sua mãe uma vez no hospital.
Não era novidade que a senhora Mary era mais do que um cupido entre os dois. O que ela mais queria era garantir que sua filha seria feliz com alguém no futuro, e não iria se fechar para o mundo após a sua morte.
—
A casa ainda está cheia? — perguntou ele.
— Sim, chegaram mais alguns amigos para se despedir dela — respondeu , sentindo a voz falhar um pouco.
Imaginar que até o final do dia ela poderia estar sem a sua mãe a deixava ainda mais angustiada. Ela segurou um pouco suas emoções, tinha que continuar sendo forte.
—
Queria poder estar aí, mas vida de médico… — Ele parecia ainda mais frustrado do outro lado. —
Me desculpe. realmente queria estar ao lado da garota que mexeu com seu coração em um curto espaço de tempo. Ele havia se tornado médico da senhora Mary por uma coincidência, e logo à primeira vista ficou encantado com o sorriso de e sua firmeza em lutar pela saúde da mãe.
— Você tem um compromisso com o hospital e possui outras vidas que dependem dos seus cuidados — disse compreensiva com o ocorrido. — Eu que agradeço por ter vindo, minha mãe ficou muito feliz por sua visita.
—
Me ligue mais tarde, por favor? — pediu ele.
— Ligo sim — assentiu ela.
Ambos trocaram mais algumas palavras até que precisou desligar. Sua mãe parecia estar chamando-a no quarto. Assim que chegou, a senhora, rodeada por todos que a amavam, perguntou à filha se havia feito o que pedira. A resposta de assentindo que sim, foi o que ela precisava para finalmente fechar os olhos e descansar em paz. A garota segurou seus impulsos e deu um beijo na testa de sua mãe, saindo do quarto depois.
Ela pegou o celular novamente e olhou a conversa das amigas:
:
Você precisa se acalmar, ,
já fez muita loucura por um dia só
kkkkkk
mas se bem que, se fosse eu,
teria estapeado ele
:
eu duvido que faria isso
:
faria sim
mas feliz por não precisar
:
meninas
:
Fala, amiga
:
ela se foi
minha mãe se foi
:
nos encontre no corredor
colocou o celular no bolso da calça e seguiu lentamente para a porta. Saindo do apartamento, ao ver suas amigas vindo pelo corredor, foi que a ficha caiu e ela sentiu a perda de sua mãe. O abraço de suas amigas era o que mais precisava naquele momento.
A única coisa que poderia amenizar a dor de perder alguém especial.
Agora que eu preciso de você
Lágrimas em meu travesseiro
Onde quer que vá
Eu vou chorar um rio
Que me leve ao seu oceano
Você nunca me verá desmoronar.
– Emotion / Destiny’s Child
“Amizade: O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade.” [Provérbios 17:17] – by: Pâms
Eu acho que essa turma muito merece uma long pra dizer o que aconteceu com os casais? HEHEHEH
Eu sou todinha do Dimitri :B
E quanto ao Carl, me vejo fazendo algo ao estilo Lily Allen em “Smile” ou Kelly Clarkson em “Since U Been Gone”, talvez uma mistura dos dois. Carl ia se arrepender de ter mexido com a pessoa errada HEISNISAHIOASHASOI
Por favor, dizer que meu Dimitrinho vai viver e ficar bem (mentalmente) <3
E o Simon parece uma fofura, quero também OIASHDOADOASDNO